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002
Gestão dos recursos escolares: pequenos detalhes, grandes desafios

Resumo
A maneira de aprendizado e de ensino nos dias atuais é indispensável para a construção de
uma sociedade melhor e estruturada, assim a gestão escolar ocasiona grande responsabilidade
sobre o gestor, sendo necessário esmiuçar os recursos e informações assegurando a eficiência
e eficácia em sua gestão, já que alguns fatores são capazes de fomentar o enfraquecimento na
qualidade do ensino. Com esta óptica, o presente trabalho tem como objetivo expor os
aspectos positivos e negativos que enternecem na gestão aplicada pelos municípios,
apresentando coeficientes que possam auxiliar através da busca do entendimento quanto
a alguns dos principais traços ou estruturas da gestão predominantes nas escolas municipais
um ensino e ambiente de qualidade, adicionalmente é apresentado um dos principais recursos
de âmbito federal de repasse ao sistema de ensino e sua administração.

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1 Introdução

A expressão “gestão” é aplicada na educação com maior assiduidade a partir da


década de 90, e tem como foco o alcance de resultados esmerando metodologias, priorizando e
acurando a melhoria de ensino dentro da instituição, conquanto a Gestão escolar não se
aplica apenas a qualidade de ensino, é essencial compreender as deficiências das esferas que
partem do plano pedagógico ao financeiro.
Quanto a gestão escolar municipal, deve-se pensar na gestão empregada por meio da
Secretária de Educação, visto que, é ela que ampara o desenvolvimento anual das escolas. A
problemática que compreende esta pesquisa está inserida em fatores relevantes para soluções
dos problemas da educação pública brasileira e fatores estes essenciais que compreende a
estrutura, como: Gestão Escolar Pedagógica, Gestão Administrativa, Gestão Financeira,
Gestão da Comunicação, Gestão de Tempo e Eficiência dos Processos.
O Brasil e quase toda a América Latina desde o final dos anos 80 passou por
significativas mudanças na educação. Por conta disso, no Brasil, houve uma mudança nos
padrões de financiamento e/ou gestão financeira da educação e, é neste contexto que o PDDE,
veio concretizar antigas discussões em defesa da escola como um espaço de políticas
educativas.
De acordo com o processo de descentralização que passou a ser uma alternativa para os
problemas de gestão do sistema de ensino, delegou-se responsabilidade sobre esses
problemas às próprias escolas e municípios.

De acordo com MESSEMBERG (1999) o PDDE:

É um programa que privilegia a ponta, privilegia a escola, a administração da


escola, no sentido de garantir a certa hora recursos mínimos, não só para fazer frente
a necessidade imediata, mas permitir que cada escola possa construir um paralelo e
dentro da sua linha pedagógica, dar alternativa e complementar essa atividade
educacional propriamente dita.

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Ele foi criado em 1995 pela União e repassa os recursos federais com o objetivo
principal: prestar assistência financeira, às escolas públicas da educação básica das redes
estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial,
mantidas por entidades sem fins lucrativos e registradas no Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS).
Sendo o gestor escolar o responsável na promoção do trabalho em conjunto dos
valores, qualidade e concepções de todos os implicados nas ações que compõe o universo
escolar, para o alcance das metas, que não devem ir de encontro a educação.
Ainda que o gestor escolar seja responsável pela organização e administração de tudo
que diz respeito ao contexto escolar, este depende, para um bom desempenho de suas funções,
de políticas públicas favoráveis e de recursos disponibilizados pela Administração Pública
Municipal e pelo Ministério da Educação através do PDDE (Programa Dinheiro Direto na
Escola) sendo este o único recurso que vem direto para a escola, utilizado para manutenção,
custeio e capital, além de mencionar o quão importante é o reconhecimento e compreensão
das imprescindibilidades quanto ao universo em que a comunidade e a escola estão
entremeadas.
Assim, o objetivo do presente artigo é avaliar e conhecer as peculiaridades e práticas
estruturais da gestão predominantes nas escolas municipais públicas. Desenvolvendo o
conceito de uma gestão de qualidade, além de suas obrigações junto ao objetivo e aplicação
dos recursos escolares, tal como a identificação das práticas estruturais mais presentes nas
escolas municipais públicas.
Para analisar os fatos do ponto de vista empírico explorando os objetivos a alcançar,
com a finalidade de confrontar a visão teórica com os dados da realidade, torna-se necessário
traçar um modelo conceitual e operativo da pesquisa. Desenvolvendo o tema através de uma
pesquisa bibliográfica.
O desenvolvimento se refere ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais
ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação das
informações.

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2 Referencial Teórico

Na atualidade, muito se comenta a respeito da Gestão Escolar, porque é através dela


que todos os segmentos da escola convergem. Ela tem a função de unir, direcionar e tornar
coerente as ações da escola. Pensar a Gestão Escolar é lutar contra mecanismos neoliberais
que permeiam os meios de comunicação social para superar o individualismo e formar no
interior da escola uma cultura de participação.
Ao passar dos tempos a administração geral influenciou a gestão escolar, com
imenso vínculo no sistema de produção capitalista, neste ponto o gestor encontrara-se
limitado no comando e controle, de forma que nela interfere distanciando dos almejos e
sentimentos exteriores, focando na conservação de sua autoridade, direcionada na sua imagem
de diretor.
A partir da década de 60, houve diversas indagações ao modelo de organização.
Para Anísio Teixeira (1961, p. 2) o modelo de gestão se baseava em:

Sem administração, a vida não se processaria. Mas há dois tipos de administração: e


daí é que parte a dificuldade toda. Há uma administração que seria, digamos,
mecânica, em que planejo muito bem o produto que desejo obter, analiso tudo que é
necessário para elaborá-lo, divido as parcelas de trabalho envolvidas nessa
elaboração e dispondo de boa mão de obra e boa organização, entro em produção. É
a administração da fábrica. É a administração, por conseguinte, em que a função de
planejar é suprema e a função de executar, mínima. E há outra administração - à
qual pertence o caso da Administração Escolar - muito mais difícil.

A gestão do sistema municipal de educação requer um enfoque que implique


trabalhar decisões a respeito do rumo do futuro e se fundamenta na finalidade da escola e nos
limites e possibilidades da situação presente. Para isso, trabalha na dimensão de cenários,
presentes e futuros, das forças, valores, surpresas e incertezas e da ação dos atores sociais
nesses cenários. Assim, a gestão da educação trabalha com atores sociais e suas relações com
o ambiente, enquanto sujeitos da construção da história humana, gerando participação,
corresponsabilidade e compromisso.
Em 1995 foi desenvolvido o PDDE que tem por finalidade prestar assistência
financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes
estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial
mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência

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Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento
direto e gratuito ao público.
As Escolas são unidades administrativa que se podem pertencer a estrutura
diferenciadas de acordo com a forma de governo ao qual está vinculada em especial quanto a
gestão de recursos financeiros, é importante que o gestor realize a gestão financeira numa
atitude consciente e comprometido com a realidade escolar, e perceba a gestão financeira com
uma de suas competências. A escola pública é parte integrante do sistema de administração
pública da educação e tem o dever de atender todas as obrigações legais, funcionais,
operacionais e de ordem hierárquica que cabem a ela.

3 Gestão Escolar

É imprescindível a compreensão dos conceitos junto as concepções de Gestão


Escolar e de participação como forma de incluir os sujeitos participantes, apontando os
desafios da escola diante do exercício da gestão e da participação, efetivar um processo
participativo escolar.
Os gestores escolares têm o desafio de democratizar os saberes e as práticas dentro
da escola, procurando envolver todos os sujeitos a fim de que cada um assume seu papel em
prol de uma escola mais participativa.
A gestão escolar, é gerenciar a Proposta Educacional, baseada no paradigma de
homem e sociedade em que utilizamos, proposta está, presente no Plano Municipal de
Educação como no Plano da Escola que estabelece a finalidade do sistema e o caracteriza
através da especificidade da organização escolar.
Essa especificidade precisa ser reconstruída a partir da leitura das demandas da nova
sociedade do conhecimento e dos espaços abertos na nova legislação, concebida com
flexibilidade para a construção de propostas pedagógicas adequadas às necessidades e
circunstâncias locais e regionais, que busca, como meta, a inclusão da população de diferentes
faixas etárias no processo educativo, incorporando a diversidade cultural contemporâneo.
Administrar o trabalho pedagógico em uma escola de esfera requer conhecimento e
autonomia por parte do profissional, requer uma formação de boa qualidade além de exigir do
gestor um trabalho coletivo na construção do projeto político-pedagógico.

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No âmbito da autonomia, o conhecimento específico sobre a condução das questões
financeiras na escola vai além do domínio de cálculos ou operações simples de verbas. Para
que haja eficiência na gestão dos recursos públicos destinados à educação. Os envolvidos, no
trato deles, deverão ter a compreensão macro do financiamento da educação,com recursos
como o PDDE e FNDE.
A Gestão do Sistema Municipal de Ensino, fundamentada no Plano Municipal de
Educação, compõe-se como um processo de articulação na construção e desenvolvimento da
Proposta Pedagógica das escolas de sua jurisdição.
A especificidade da organização educacional é encontrar/observar os aspectos
diferentes das demais organizações, determinadas pelos fatores que a caracterizam e tornam a
singular, diferentes das demais organizações, que são estes: a sua finalidade, estrutura
pedagógica, relações internas e externas que surgem dessa estrutura; e sua produção, que se
diferencia da produção em série, trabalhando a equidade social.
Um processo educacional e ação escolar, significa definir um projeto de cidadania e
atribuir uma finalidade à escola que seja congruente com aquele projeto.
De acordo com BUAS e PERRENOUD (2008. p161 apud, 2000.p103):

Administrar os recursos de uma escola é fazer escolhas, ou seja, é tomar decisões


coletivamente. Na ausência de projeto comum, uma coletividade utiliza os recursos
que tem, esforçando-se, sobretudo, para preservar uma certa equidade na repartição
dos recursos. Por essa razão, se não for posta a serviço de um projeto que proponha
prioridade, a administração descentralizada dos recursos pode, sem benefício visível,
criar tensões difíceis de vivenciar, com sentimento de arbitrariedade ou injustiça
pouco propício à cooperação.

Os recursos recebidos devem ser cuidadosamente aplicados, com planejamento feito


coletivamente com o conselho escolar. Para que esse processo tenha êxito é fundamental a
participação, compromisso, seriedade e responsabilidade. Nesse processo, o diretor da escola,
como líder do processo de gestão democrática, vai necessitar de competências que o ajudem a
conduzir o processo junto com a comunidade escolar.

De acordo com ARAÚJO (2003):

Entre essas competências está a de garantir a participação de todos no processo, até


porque um elemento fundamental no processo participativo está relacionado com a
motivação dos atores envolvidos, que perpassa os objetivos comuns dos indivíduos e
se amplia a partir dos interesses coletivos.

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Os recursos financeiros podem ser utilizados para as seguintes finalidades: aquisição de
material permanente; manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar;
aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; capacitação e
aperfeiçoamento de profissionais da educação; avaliação de aprendizagem; implementação de
projeto pedagógico; e desenvolvimento de atividades educacionais. O valor transferido a cada
escola é determinado com base no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou
na educação especial estabelecido no censo escolar do ano anterior ao do atendimento.

3.1 REPASSE DE RECURSOS FINACEIROS

O PDDE um programa federal implantado sob a responsabilidade do Fundo Nacional


de Desenvolvimento da Educação (FNDE), constituindo-se num dos programas de
financiamento mais importantes. O PDDE presta assistência financeira, às escolas públicas da
educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de
educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS).
De acordo com Peroni e Adrião (2006):

O recebimento do PDDE pelas escolas apresenta dois aspectos favoráveis, sendo o


primeiro que o dinheiro é repassado diretamente à escola, o que dá aos gestores
liberdade para priorizar e definir seu plano de aplicação destes recursos. O segundo
aspecto é concerne à melhoria das condições de manutenção, dos equipamentos e de
funcionamento das escolas.

O PDDE consiste na transferência de recurso financeiro anual, via FNDE (Fundo


Nacional de Desenvolvimento da Educação) o qual disponibiliza os recursos financeiros
diretamente a estas escolas, sendo feito em uma única parcela com o objetivo de contribuir
para melhoria e manutenção da infraestrutura pedagógica e física dos estabelecimentos de
ensino. Conforme o art. 70 da Resolução 03/97:

Os recursos serão liberados diretamente às unidades executoras. De acordo com o


manual de orientação a Unidade Executora tem como função administrar recursos
transferidos por órgãos federais, estaduais, municipais, advindos da comunidade, de

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entidades privadas e provenientes da promoção de campanhas escolares, bem como
fomentar atividades pedagógicas da escola. (BRASIL, 1997b, p. 11).

Para que este repasse seja feito, faz-se necessário que a escola esteja em atividade,
possua o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Física) para que se constituam em órgãos
deliberativos com poderes de compra, tomada de preços e prestação de contas de acordo com
a situação, além disso, devem possuir conta bancária, dispor de unidade executora (UEx) e a
matrícula de todos os alunos devem estar efetivados na escola, de acordo com o código do
aluno no INEP – (Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa).
O referido programa ocupa papel estratégico nas escolas, redirecionando espaços de
participação como os conselhos de escola ou unidades executoras (UEx).
Esses repasses de recursos públicos federais são feitos através do governo federal às
escolas de acordo com o cálculo do número de alunos matriculados e informados no Censo
Escolar, tendo como data base o mês de Maio do ano anterior ao repasse do recurso
financeiro. E destinam-se a beneficiar as escolas na aquisição de material permanente; na
realização de pequenos reparos voltados à manutenção, conservação e melhoria do prédio da
unidade escolar; na aquisição de material de consumo; na avaliação da aprendizagem; na
implementação de projeto pedagógico e no desenvolvimento de atividades educacionais.
(FNDE, 2011).
O presidente do conselho deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) com o propósito de sistematizar, disciplinar e padronizar os procedimentos
administrativos no processo de aplicação dos recursos financeiros resolve:

Estabelecer os procedimentos a serem adotados para aquisição de materiais e bens e


contratação de serviços, com os repasses efetuados à custa do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE), pelas Unidades Executoras Próprias (UEx) e entidades
qualificadas como beneficentes de assistência social ou de atendimento direto e
gratuito ao público que ministram educação especial, denominadas de Entidades
Mantenedoras (EM), de que trata o inciso I, § 2º, do art. 22 da Lei nº 11.947, de 16
de junho de 2009. (FNDE, 2011).

As escolas públicas com mais de 99 estudantes matriculados devem criar suas


unidades executoras para serem beneficiadas com recursos do PDDE. Apenas as escolas com
mais de vinte e menos de cem alunos sem unidades executoras próprias podem receber
indiretamente o recurso. Nesse caso, o FNDE transfere o dinheiro para as secretarias estaduais
de Educação e as prefeituras.

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Para a aquisição de materiais e bens e/ou contratações de serviços efetuados com o
repasse do PDDE as escolas estaduais do município adotam a pesquisa de preço e abrangem o
maior número de fornecedores e prestadores de serviço do ramo do bem a ser adquirido ou
contratado.
A pesquisa de preço tem por escopo a competitividade que evita exigências por parte
dos prestadores de serviços, no entanto, ela é realizada através das Unidades Executoras
(UEx) que em reunião com os membros e/ou representantes do colegiado escolar selecionam
os materiais e bens a serem adquiridos e/ou contratados para suprir as necessidades primárias
da escola de acordo com a finalidade do programa, e registram em ata todos os produtos e/ou
serviços escolhidos, sendo obrigatório a avaliação de no mínimo 03 (três orçamentos) para
evitar favorecimentos.
O repasse de recursos para administração direta das escolas é prática que vem sendo
paulatinamente implantada. É necessário ressalvar que a maior fatia dos gastos em educação
corresponde a pagamento de pessoal, sendo este realizado diretamente pelas mantenedoras.
Há também uma série de despesas que são realizadas diretamente pelas mantenedoras, tais
como aquelas com construção de escolas, manutenção de órgãos centrais da administração ou
serviços de transporte escolar. Ou seja, quando as escolas recebem repasses de recursos
públicos, em geral estes representam uma parte relativamente pequena dos custos da rede
escolar.
O PDE surgiu com várias intenções, uma delas foi a inclusão das metas de qualidade
para a educação básica, fazendo parte destas, no sentido de contribuir para que escolas e
secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos e consequentemente criem
uma base sobre a qual as famílias possam se apoiar para exigir uma educação de maior
qualidade.
Já o FNDE é repassado uma vez por ano e seu valor é calculado com base no número
de alunos matriculados na escola segundo o Censo Escolar do ano anterior. O dinheiro
destina-se à aquisição de material permanente; manutenção, conservação e pequenos reparos
da unidade escolar; aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola;
avaliação de aprendizagem; implementação de projeto pedagógico; e desenvolvimento de
atividades educacionais.
Todas as escolas públicas rurais de educação básica recebem também uma parcela
suplementar, de 50% do valor do repasse. As escolas urbanas de ensino fundamental que

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cumpriram as metas intermediárias do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
estipuladas para 2007 também recebem essa parcela suplementar. De acordo com a pesquisa
feita em sites da internet e estudos em documentos pesquisados na prefeitura, os recursos
financeiros que a escola recebe são oriundos do repasse anual do PDDE é gerenciado pelo
conselho da escola.

 Após o recebimento do recurso, o gestor escolar combinado aos demais seguimentos


decide no que será gasto, e quais a necessidade prioritária. Em seguida devem fazer a
prestação de contas, com tudo em que foi gasto a verba e encaminhar para a secretaria de
Educação do município.

Compete a prefeitura ficar responsável pela documentação e analisar e fazer a


prestação de contas e ainda deve ser feito um parecer, com o prazo para entrega até o mês de
fevereiro, para que a escola receba o repasse do ano seguinte.

3.2 QUALIDADE ESCOLAR E SEUS DESAFIOS

A construção da qualidade de ensino da escola pública no Brasil, relaciona-se à


construção de uma gestão democrática, com o foco na escola como local de formação de
cidadão e a sua construção da cidadania.
Problematizar essas questões é um meio importante a se desenhar no nascimento da
qualidade da educação. Os indicadores de qualidade da educação no Brasil, provenientes das
políticas públicas de avaliação, têm se centrado nos resultados dos exames nacionais.
A Prova Brasil, é uma forma de realizar a aferição do desempenho escolar e é
composta de um exame nacional desconsiderando as particularidades locais, compreendendo-
se que na rotina escolar não possa ser ignorada e que existe a necessidade de ser
acompanhada, observada e avaliado na perspectiva de se definir as alterações que resultem em
melhorias.
Estratégias de avaliações internas junto aos resultados das avaliações externas pode
ser composta de elementos indispensáveis na gestão escolar deslumbramento da construção de
uma qualidade na educação. É debate entre indivíduos e grupos que têm um interesse em
relação à rede educativa a qualidade a ser alcançada, que preocupasse admitindo

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responsabilidade junto a ela, que estão envolvidos e que trabalham para definir, de forma
consensual os valores, os objetivos, as prioridades delas e as ideias sobre como deve/pode ser.
A participação dos gestores escolares e dos secretários municipais de educação
manifestam e garantem uma compreensão de grande importância singular para de como se
articular as ações na unidade escolar com as provenientes da rede, em relação a
responsabilidade com a construção de uma educação com qualidade.
Nos desafios fomentadores de ações voltadas a melhoria dos processos e
aprendizagem, ao que se refere à gestão educacional, os gestores escolares dos municípios,
alvo desse estudo, enfatizaram como desafios a melhora do IDEB, junto a necessidade de
aproximar a escola e família, quanto a valorização dos profissionais, desta maneira auxiliando
para que desempenhem melhor as suas funções e realizem um trabalho com qualidade
oferecendo atendimento aos alunos com dificuldades.
Contudo, existem desafios à formação inicial e continuada dos professores
ressaltando a ausência de conhecimento perante os professores para trabalharem as
dificuldades no aprendizado dos alunos e necessidade de ampliação de especialistas na escola.
Importante destacar como desafio a manutenção do grupo de educadores atualizados
na área da educação e realizando encontros para planejamentos, avaliações das ações e
brainstorn para a melhoria do aprendizado.
Para construir uma escola é, essencial, desenvolver e colocar em prática tanto uma
concepção política, quanto uma concepção pedagógica que se realimentam e que se concretize
em sua Proposta Pedagógica. A concepção política se deve por motivos estabelecidos dela ser
a promovedora da ação transformadora da sociedade e concepção pedagógica, visto que, é ela
a essência da função escolar, a estrutura e os demais meios são definidos e
agrupados/administrados em função desse projeto.
Assim as diversas propriedades da gestão têm objetivo privilegiado, determinando a
sua finalidade pedagógica dispostas em meios que possibilitem sua. O parecer político do
Proposta Pedagógica Escolar, necessita de relações internas interpessoais sejam coerentes
com a filosofia de educação, que localiza o ser humano em um processo de emancipação.
Sendo assim, as relações interpessoais no processo educativo podem desenvolver-se
no eixo da horizontalidade, assim ultrapassando as relações de verticalidades criadas pela
hierarquia autoritária, podem estabelecer relações de reconhecimento dos iguais na condição
humana, com diferentes responsabilidades sociais e profissionais, respeitada a vocação

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pessoal. As relações externas, de outro lado, procuram pela coerência da finalidade da escola
no ambiente em que trabalham, assim assegurando a dimensão pública da prática social na
educação.
As novas práticas a serem estabelecidas na rede de ensino municipal, pode se afirmar
que é mais do que necessário para assegurar a participação de todos, preparando a
comunidade para que seus membros se interessem e possuam conhecimento para exercer a
participação de maneira plena.
A educação brasileira avançou no sistema público de ensino através de investimentos e
financiamentos nos programas de incentivo à Educação, minimizando os problemas
educacionais e melhorando seu desempenho.
E, um desses programas de incentivo à Educação diz respeito ao PDDE, objeto da
pesquisa e, tem por objetivo, prestar assistência financeira, às escolas públicas de educação
básica, contribuindo para a garantia de seu funcionamento e melhoria na infraestrutura. Dessa
forma, as Escolas, ao final de cada ano, reúnem seus conselhos de escola para definir as metas
e elaborar o plano de aplicação da verba para o ano seguinte.

4 Conclusão ou considerações finais

A Gestão Escolar tem a finalidade de integração os setores escolares na comunidade


como um todo, assim como uma gestão e aplicação dos recursos de forma eficiente, na busca
por melhoria no processo de ensino e de aprendizado.
Administrar a educação fundamenta-se em fazer o coletivo, com processo permanente,
que é a mudança contínua/continuada, baseando-se na concepção de qualidade na educação na
escola, é importante na solução dos problemas escolares a identificação, reconhecimento e
aceitação dos responsáveis por ações que visam superá-los, é o processo de construção das
estratégias e as ações concretas que produzem as transformações/evoluções necessárias à
resolução dos problemas, assim, é preciso que a escola tenha competência técnica e
compromisso político, coletivos, necessita de mudanças de paradigmas que fortalecem na
construção de um Proposta Educacional e no desenvolvimento de uma gestão atual diferente.
Pode-se concluir, com base na pesquisa que, é necessário avançar no debate acerca do
custo aluno e na redistribuição de recursos governamentais para que a Educação no Brasil

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possa avançar em qualidade, igualdade e oportunidade, uma vez que as dimensões do Brasil.
Suas diferenças socioeconômico culturais exigem uma definição de um padrão mínimo de
qualidade para garantir a todos as condições igualdade na oferta de ensino.
Ao analisar a gestão da educação, seja ela desenvolvida no processo escolar ou no
sistema municipal de ensino, implica refletir sobre as políticas de educação, pois, há uma
ligação forte, na medida em que a gestão transforma metas e objetivos educacionais em ações,
dando forma e resultado nas direções estabelecidas pelas políticas, sendo importante a
presença do gestor como agente estimulador do trabalho em equipe, é importante que eles
adquirem a consciência da implantação da gestão democrática participativa com captação de
esforços e paciência, mas que é um dos fatores fundamentais na organização escolar e na
qualidade do ensino aprendizagem, possibilitando melhorias no universo escolar
consequentemente na educação.
Enfim a análise dos dados da pesquisa nos permite indicar novos estudos acerca de quais
são as reais necessidades das escolas públicas nos estados e municípios; de que forma os entes
federativos podem elevar os investimentos e financiamento da educação básica e como pode
ser feito o repasse de mais recursos financeiros pelo FNDE para suprir as necessidades das
escolas públicas.
Desta maneira, a partir da reflexão traçado ao longo do trabalho, é importante ressaltar
que apesar de o presente texto ter a gestão dos sistemas municipais de ensino e da escola
como foco privilegiado, políticas de educação surgem naturalmente como suporte às reflexões
apresentadas, como meios essenciais na busca de uma boa gestão resultando na qualidade de
ensino.

5 Referências

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Papirus, 2002.

015
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017
RESUMO

O
trabalho consistiu na busca
de informações sobre
programas do governo
estadual e federal que contemplam
GESTÃO DE
instituições com recursos financeiros e
RECURSOS FINANCEIROS o gerenciamento desses recursos, em
NA ESCOLA PÚBLICA E uma escola pública na cidade de
Estrela/RS. O principal objetivo foi
DESEMPENHO ESCOLAR
comparar a relação entre os
investimentos feitos pela escola pública
e o desempenho escolar dos alunos do
terceiro ano do ensino médio, usando
como parâmetro de avaliação a nota
geral da instituição obtida no Enem.
Analisou-se o montante de recursos
financeiros recebidos, o destino dado a
eles, suas aplicações, processos de
prestação de contas e os
procedimentos participativos que
envolveram sua gestão. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica,
com a análise de documentos e das
prestações de contas. Conforme dados
comparativos, concluiu-se que os
investimentos realizados com recursos
públicos, tiveram pouca significância
nos resultados dos estudantes, ou seja,
o montante aplicado não foi suficiente
para a melhoria das notas.
Palavras chave: Recursos financeiros.
Desempenho. Gestão.

018
INTRODUÇÃO

A educação é o principal pilar do desenvolvimento econômico e social,


sendo importante para a transformação social. Esta transformação se dá a
partir da abertura de espaços para os alunos refletirem e analisarem sobre os
acontecimentos do mundo e suas implicações, afim de que possam se
posicionar de forma política. Dessa forma, haverá o desenvolvimento do
educando através da sociologia.
A aprendizagem é uma causa fundamental do comportamento
humano, pois afeta poderosamente não somente a maneira pela qual
as pessoas pensam, sentem e agem, mas também suas crenças
valores e objetivos. (CHIAVENATTO, 1980, p.78)

A gestão democrática na instituição escolar começou a ter força a partir


dos anos de 1980, na luta pela redemocratização e a descentralização do
poder, visando novos modelos de gestão educacional. A Constituição de 1988
procurou introduzir inovações e novos compromissos sociais ao poder público.
Na educação com a implantação do processo da descentralização, transferiu-
se para a escola a responsabilidade de importantes decisões, delegando à
comunidade escolar a responsabilidade de conduzir, em conjunto com o
Governo e com outros setores da sociedade, os destinos da educação. A partir
de então, criou-se o repasse de recursos financeiros para administração direta
das escolas.
As experiências de descentralização bem-sucedidas caracterizam-se
não somente por uma delegação administrativa de poderes do governo central
para governos e comunidades locais, mas também por uma elevação do grau
de autonomia e flexibilidade na gestão escolar. Dessa forma, a
descentralização pode se refletir em uma mudança dos incentivos dentro da
escola e em uma melhoria do desempenho escolar. No entanto, a
descentralização pode ter consequências adversas sobre a qualidade da
educação quando o governo ou gestor local não tem capacitação técnica ou
recursos adequados. É nesse momento que entra a gestão escolar capacitada.

019
Segundo Paulo Nunes, Economista, Professor e Consultor de Empresas, sobre
gestão financeira no setor empresarial:
A gestão financeira é uma das tradicionais áreas funcionais da gestão
encontradas em qualquer organização e à qual cabem as análises,
decisões e atuações relacionadas com os meios financeiros
necessários à atividade da organização. Desta forma, a função
financeira integra todas as tarefas ligadas à obtenção, utilização e
controle de recursos financeiro. (NUNES, 2011)
A aplicação eficiente dos recursos públicos é um dos grandes desafios
para os gestores das escolas. Cabe a eles aplicar os mesmos de forma
responsável, com foco nos resultados positivos e na transparência, e também
buscar inovações das práticas escolares que estão correlacionadas a maiores
elevações no aprendizado dos alunos. Cada vez mais se observa a
necessidade de realização de estudos sobre a aplicação de recursos públicos,
para verificar onde estão os melhores resultados e a melhor utilização dos
mesmos. Acredita-se que avaliar a relação entre os gastos em educação e o
desempenho dos estudantes é uma forma de verificar se a aplicação de
recursos públicos está sendo eficaz, eficiente e efetiva.
Não se discute que existem diversos fatores que exercem influência nos
resultados do desempenho escolar, mas especificamente nessa análise
documentada, não está se levando em consideração outros fatores. O foco do
trabalho foi o levantamento da realidade da gestão financeira escolar,
buscando conhecer quais são os programas estaduais e federais que
transferem dinheiro ou materiais a escola, no que ela aplica o recurso, e se
esse investimento interferiu na nota de desempenho do aluno que prestou o
exame do Enem. Essa análise pretende esclarecer se os alunos desse
educandário que prestaram o Enem obtiveram resultados mais satisfatórios do
que seus colegas em anos anteriores. O período analisado para as
comparações compreende o ano de 2010 a 2015.
O referido trabalho terá a seguinte estrutura: iniciado pela introdução, no
desenvolvimento do estudo será abordado o sistema de avaliação, os
programas que destinam recursos financeiros e a gestão dos mesmos pela
comunidade escolar. Na sequência, o resultado da pesquisa e o método pelo
qual foi possível alcançar o resultado obtido no trabalho. Por último, a análise
dos dados e as considerações finais a partir da metodologia aplicada.

020
DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

A revisão teórica aborda temas relevantes do curso. Nesta etapa


será desenvolvido o entendimento dos tópicos referentes à escola, programas
que beneficiam a instituição, avaliação do ensino médio, recursos financeiros e
gestão de recursos financeiros, que são fundamentais para o alcance do
objetivo proposto neste trabalho.
A escola, enquanto instituição social é convocada a atender de modo
satisfatório as exigências da modernidade. O principal objetivo da escola é
promover a educação e isso é fortalecido pela gestão democrática, capaz de
viabilizar a aquisição do saber, através do desenvolvimento de aptidões nos
alunos que os possibilitem tornarem-se indivíduos críticos, formadores de
opinião e capazes de buscar alternativas para os problemas no âmbito escolar
e social. Por isso a importância da formação de um sujeito pensante e ativo,
para que possa, quando necessário, intervir rompendo com a forma de
administração autoritária e propondo uma melhoria nas ações e decisões
coletivas desenvolvidas na comunidade escolar.
A formação para a cidadania crítica e participativa diz respeito a
cidadãos-trabalhadores capazes de interferir criticamente na
realidade para transformá-la, e não apenas integrar o mercado de
trabalho. (LIBÂNEO, 2009. p. 119)

A avaliação faz parte do processo educativo, o aluno passa a ser


objeto de avaliação, cujo principal interesse é o seu desempenho. Ela é função
primordial do sistema de organização e de gestão, e permite por em evidência
as dificuldades surgidas na prática diária, mediante confrontação entre
planejamento e o funcionamento real do trabalho. Visa o melhoramento do
trabalho escolar, pois conhecendo a tempo as dificuldades, podem-se analisar
suas causas e encontrar meios de superá-las.
A avaliação é algo inerente à própria prática humana, na atividade
educativa ela ganha relevância especial, porque é aí que se
consubstanciam as potencialidades de atualização histórico-cultural
do ser humano, pela qual se forjam as personalidades dos indivíduos,
dando condições para sua atuação cada vez mais efetiva como
sujeitos. (PARO, 2001, p.38)

021
O acompanhamento e o controle comprovam os resultados do trabalho
e evidenciam os erros, as dificuldades, os êxitos e os fracassos relativos ao
que foi planejado, implicando assim em uma análise profunda sobre o
planejamento futuro, concentrando-se sempre em uma margem de erro cada
vez menor.
O objetivo do trabalho não é sugerir qual o melhor meio de avaliação,
nem o modo mais satisfatório, considera-se que esse assunto tem vários
enfoques, visões e divergências, pois, trata-se de um assunto complexo. Aqui
queremos apenas comparar se com os investimentos financeiros feitos, houve
um melhor desempenho de alunos desse educandário no decorrer do período.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o
objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, ele
também é utilizado pelo governo para definir políticas públicas educacionais,
buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade.
O foco principal da avaliação é verificar as competências e habilidades que o
aluno domina. O aluno deve demonstrar capacidade para interpretar gráficos,
textos, mapas e informações em diversas linguagens. O exame também
verifica se ao aluno é capaz de argumentar, solucionar problemas cotidianos e
práticos, elaborar propostas de intervenção na realidade e apresentar ideias
bem estruturadas.
A educação escolar brasileira conta atualmente com avaliações
nacionais nos três graus de ensino: O Saeb no ensino fundamental, o
Enem, no ensino médio, e o Provão, no ensino superior. (LIBÂNEO,
2009 p.203)

Em 2009, o MEC apresentou uma reformulação do exame, que passou


também a servir como meio de seleção unificada para entrar no ensino
superior. O estilo da prova mudou, houve um aumento no número de questões
e um novo método de avaliação, no qual é possível comparar as provas de um
ano para o outro.
Recursos

O investimento na educação deve ser considerado como medida


prioritária no desenvolvimento do país. A importância desses recursos para a

022
escola é inquestionável, seu funcionamento depende muito desses valores. A
exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e habilidades
impõe novas concepções de ensino, e com isso o aumento dos gastos nas
instituições. A maior parte das escolas recebe uma contribuição financeira em
forma de repasse do Poder Público Estadual. Esse recurso financeiro tem
como finalidade ajudar na manutenção das despesas que a escolas tem, para
manter o atendimento dos alunos durante o ano letivo.
Os recursos financeiros da educação no Brasil foram definidos
legalmente a partir da Constituição de 1934 (Art. 156), que trazia como
incumbência da União e dos municípios o dever de aplicar nunca menos de
dez por cento, e dos Estados e do Distrito Federal nunca menos de vinte por
cento da renda resultante dos impostos na manutenção e no desenvolvimento
do sistema educativo. A atual Constituição Federal de 1988 reiterou em seu
texto as vinculações dos recursos financeiros para educação (Art.212),
afirmando a obrigação da União em aplicar, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
público.
“A União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências na manutenção e desenvolvimento de
ensino público.” (CF Art. 212 e LDB Art. 69).

Quando as escolas recebem repasses de recursos públicos, em geral


estes representam uma parte relativamente pequena dos custos da rede
escolar. De acordo com Silva et al. (2012), é necessário avaliar a alocação, a
distribuição e a aplicação dos recursos públicos para desenvolver políticas que
permitam a ampliação dos serviços ofertados pelo Estado à sociedade.
A escola pública é parte integrante do sistema de administração pública
da educação e tem o dever de atender todas as obrigações legais, funcionais,
operacionais e de ordem hierárquica que cabem a ela. O papel da escola
pública não é de gerir recursos, mas de nomear prioridades para que os

023
recursos destinados a ela pelo poder público sejam gastos respondendo às
necessidades enfrentadas em cada instituição escolar.

Programas

A origem dos recursos financeiros que contemplaram a instituição no


período de análise é proveniente do FNDE (Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação) /MEC (Ministério da Educação) e Governo do
Estado do Rio Grande do Sul. A LDB nº 9. 394/96, em seu Art. 15, estabelece
que:
Os sistemas de ensino assegurarão ás unidades escolares públicas
de educação básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira
observada às normas gerais de direito financeiro público. (BRASIL,
2010 p.26)

O PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) consiste na assistência


financeira às escolas públicas da educação básica das redes estaduais,
municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial
mantida por entidades sem fins lucrativos. O objetivo desses recursos é a
melhoria da infraestrutura física e pedagógica, o reforço da autogestão escolar
e a elevação dos índices de desempenho da educação básica. Os recursos do
programa são transferidos de acordo com o número de alunos, de acordo com
o censo escolar do ano anterior ao do repasse.
O PROEMI (Programa Ensino Médio Inovador), instituído pela Portaria
nº 971, de 09 de outubro de 2009, integra as ações do PDE (Plano de
Desenvolvimento da Educação), como estratégia do Governo Federal para
induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio. O objetivo do PROEMI
é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras
nas escolas de ensino médio, ampliando o tempo dos estudantes na escola e
buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornem
o currículo mais dinâmico, atendendo também as expectativas dos estudantes
e às demandas da sociedade contemporânea.
Autonomia financeira é o repasse que a Secretaria do Estado do Rio
Grande do Sul, destina mensalmente para a manutenção das escolas

024
estaduais. O termo “autonomia” significa capacidade do indivíduo de analisar e
avaliar determinada situação, tomando decisões próprias a seu respeito.
Através do NFG (Nota Fiscal Gaúcha), as instituições públicas de
assistência social, saúde e educação tem a oportunidade para se cadastrarem
no site com o intuito de receber recursos financeiros. Essas instituições são
contempladas com esses recursos de acordo com a pontuação obtida pelas
indicações dos cidadãos participantes do programa, quando estes fazem suas
compras e inserem o CPF nos cupons fiscais.
Desde 1998 o Estado do Rio Grande do Sul instituiu através da Lei nº
11.179, que a população define diretamente parte dos investimentos e serviços
que constarão no orçamento do Estado. Esse processo foi denominado de
Consulta Popular, anualmente o Governo fixa o valor submetido à deliberação
da população, sendo esse valor distribuído entre as 28 Regiões do Estado, de
acordo critérios como a população de cada região e o IDESE (Índice de
Desenvolvimento Socioeconômico). Definidos os valores para cada região, o
governo e os COREDES (Conselhos Regionais de Desenvolvimento)
organizam o processo de discussão em Audiências Públicas Regionais,
Assembleias Municipais e Fóruns Regionais. Nestes encontros, é construída
uma cédula de votação regional, a qual é submetida aos eleitores gaúchos
para votação. A escola participa desse processo e mobiliza a comunidade para
votar, sendo que os eleitores escolhem até quatro prioridades na cédula que
beneficiam a sua região.
Os recursos financeiros recebidos pelo FNDE/MEC (PDDE e PROEMI)
tem como unidade executora o CPM (Círculo de Pais e Mestres) e é o
presidente do mesmo e o diretor que assinam a prestação de contas. Os
recursos financeiros recebidos pelo Estado do Rio Grande do Sul são
assinados pelo diretor da escola e integrantes do CE (Conselho Escolar).
Uma das funções destinadas ao Conselho Escolar é a de fiscalização
das atividades pedagógicas, administrativas e financeiras da instituição. Ele é
composto por todos os segmentos que compõem a comunidade escolar, ou
seja, pais de alunos, professores, alunos, funcionários e direção.

025
O conselho de escola tem atribuições consultivas deliberativas e
fiscais em questões definidas na legislação estadual ou municipal e
no regime escolar. Essas questões, geralmente, envolvem aspectos
pedagógicos, administrativos e financeiros. (LIBÂNEO, 2009, p.340)

Para que o responsável possa adquirir os recursos materiais e contratar


os serviços ele deve conhecer os procedimentos gerais fixados na legislação
que institui as normas para licitações e contratos de administração pública. É
através do processo licitatório que há o reconhecimento da legalidade na
aquisição dos bens materiais. Tudo que se for comprar em uma instituição
pública deve passar por esse processo, desde a compra de um lápis a
construção de uma obra.
Todos os recursos financeiros que beneficiam a instituição têm como
exigência um plano de aplicação da direção e que deve ser amplamente
discutido em reuniões com os integrantes dos conselhos. Essas reuniões
devem ter atas documentadas e assinadas por todos os integrantes presentes
nesses encontros. Somente após a aprovação do plano de aplicação é que a
instituição aplica o recurso. Na conclusão do processo convocam-se
novamente os conselheiros, e após aprovação, colhem-se as assinaturas de
todos e envia-se a prestação de contas ao órgão responsável.

Gestão

A capacidade de gestão é pré-requisito para fortalecimento da escola e o


exercício de sua autonomia. Dirigir e coordenar significa assumir a
responsabilidade por fazer a escola funcionar mediante o trabalho em conjunto.
A gestão refere-se a todas as atividades de coordenação e de
acompanhamento do trabalho das pessoas, envolvendo o
cumprimento das atribuições de cada membro da equipe, a
realização do trabalho em equipe, a manutenção do clima de trabalho
em equipe, a avaliação de desempenho. (LIBÂNEO, 2009, p.348)

A escola é um todo, com a participação responsável do conjunto nas


tomadas de decisões e na efetivação mediante um compromisso coletivo que
se consegue resultados educacionais cada vez mais significativos.
Complementando essa fundamentação teórica será utilizada a obra de José
Carlos Libâneo, que afirma entre outras questões:

026
A direção de uma escola deve ser exercida, tendo em conta, de um
lado o planejamento, a organização a orientação e o controle de suas
atividades internas, conforme suas características particulares, e sua
realidade. (LIBÂNEO, 2004, p. 33).

O gestor enfrenta muitas adversidades dentro do ambiente escolar.


Seu papel dentro da instituição é proporcionar um ambiente agradável e
harmonioso, onde consiga envolver todos com os objetivos a serem
alcançados. A falta de unidade de ação educativa escolar pode resultar em
efeitos prejudiciais aos objetivos de aprendizagem.
A gestão democrático-participativa valoriza a participação da
comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe a
docência como trabalho interativo e aposta na construção coletiva
dos objetivos e do funcionamento da escola, por meio de dinâmica
intersubjetiva, do diálogo, do consenso. (LIBÂNEO, 2009, p. 344)

A gestão democrática dos recursos da escola pode vir a favorecer o


envolvimento e a participação da comunidade, o que promove o exercício de
participação política, essencial para a cidadania e o convívio em sociedade,
além de criar um vínculo entre a escola e a comunidade que reflete também
nas ações pedagógicas e de seus sujeitos.
No âmbito da autonomia, o conhecimento específico sobre a condução
das questões financeiras na escola vai além do domínio de cálculos ou
operações simples de recursos. O gestor tem conhecimento das necessidades
básicas da escola e junto com a comunidade escolar, planeja, organiza e
executa ações de melhorias na instituição, conforme os recursos financeiros
recebidos e as normas vigentes dos programas. Para tanto, é preciso um
planejamento adequado, com a participação ativa da comunidade escolar,
através do Conselho Escolar, do Círculo de Pais e Mestres em conjunto com o
Gestor.
Planejar é um processo onde se define o que fazer e como fazer,
visando à utilização racional dos recursos disponíveis, para que, com
eficiência, eficácia, efetividade e humanidade os objetivos
pretendidos possam ser atingidos. (POLO, 2001, p 144)

Uma boa gestão envolve, de um lado, assegurar que os atores


envolvidos no processo educacional, como pais, diretores, professores e
funcionários, tenham os recursos e o conhecimento necessários para melhorar
o desempenho dos alunos.

027
(...) a administração a ser exercida pelo gestor deve zelar pela
correta aplicação e pelo eficiente gerenciamento dos recursos
públicos, na forma da lei, sendo imperioso, ainda observar a
supremacia do interesse público e os princípios aplicáveis a
Administração pública. (CASTILHO, 2011, p 23)

A escola precisa de tempo para consolidar sua proposta de trabalho,


identificar falhas e aprender com elas, promovendo ajustes. Desse modo,
avaliar a relação entre os gastos em educação e o desempenho dos
estudantes é uma maneira de verificar se a aplicação de recursos públicos está
sendo eficaz e eficiente.

Metodologia

A pesquisa bibliográfica é a busca de uma problematização de um


projeto de pesquisa a partir de referências publicadas. Ela constitui uma
excelente técnica para fornecer ao pesquisador a bagagem teórica do
conhecimento, e o treinamento científico que habilitam a produção de trabalhos
originais e pertinentes. A pesquisa é definida como:
(...) Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas ao problema que são propostos. A pesquisa
desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde
formação do problema até a apresentação e discussão dos
resultados. (GIL, 2008, p 17)

A pesquisa bibliográfica qualitativa não se apresenta como uma


proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade
levem os analisadores a propor que explorem novos enfoques com uma fonte
natural de informações e auxilia com dados importantes no estudo de alguns
temas. A escolha dos documentos não é um processo aleatório, mas se dá em
função de alguns propósitos, ideias ou hipóteses.
A pesquisa bibliográfica costuma ser desenvolvida como parte de
uma pesquisa mais ampla, visando identificar o conhecimento
disponível sobre o assunto, a melhor formulação do problema ou a
construção de hipóteses. (GIL, 2008, p.88)

Essa pesquisa consiste na aplicação de instrumentos metodológicos


para levantamento de dados junto à escola e ao site do MEC. Buscou-se desta
forma compreender a origem dos recursos financeiros que chegam à instituição

028
escolar, os programas que destinam essa verba, os montantes recebidos, o
destino e a aplicação dos recursos que a escola lhe designou, além dos
processos de participação e decisão envolvidos em sua execução financeira,
usando a análise de documentos da prestação de contas e das Notas Fiscais.
Para se obter as informações referentes aos alunos, buscaram-se as notas do
exame do Enem, através do site do MEC-ENEM.
A maioria dos registros de arquivo é produzida para uma finalidade
específica e para um público específico que não a da investigação do
estudo de caso, essas condições devem ser avaliadas na
interpretação da utilidade e da exatidão desses registros. (YIN, 2010
p.132)

Para o desenvolvimento da pesquisa referente aos recursos financeiros,


foram analisados documentos arquivados na instituição, bem como a prestação
de contas de cada programa no período compreendido entre os anos de 2010
a 2015. Através da pesquisa dos dados referente ao resultado dos alunos
compreendido entre os anos de 2010 a 2015 das notas do exame do Enem,
obteve-se a nota geral, a qual foi usada como parâmetro de avaliação. Após os
dados coletados, montaram-se os quadros para as devidas comparações e
análises.
Devido ao seu valor global, os documentos desempenham um papel
explícito em qualquer coleta de dados na realização dos estudos de
caso. As buscas sistemáticas de documentos relevantes são
importantes em qualquer plano de coleta de dados. (YIN, 2010,
p.130)

De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.62) na pesquisa


documental é realizada uma investigação, por meio de documentos, com o
objetivo de descrever e comparar os costumes, comportamentos, diferenças e
outras características, tanto da realidade presente, como do passado.
Esse artigo foi planejado como forma de contribuir por meio da análise
documental na definição do melhor destino para futuros investimentos
financeiros na instituição e para que os alunos obtivessem um bom
desempenho na avaliação do Exame Ensino Médio. Projeta-se que a escola
continuará recebendo recursos financeiros, melhorando a qualidade dos
investimentos realizados.

029
Análise de dados

A partir dos dados colhidos pelos instrumentos metodológicos,


levantou-se o histórico do montante de recursos financeiros recebidos
disponibilizados através dos programas Federais e Estaduais.
Analisaram-se os procedimentos sobre a movimentação de cada um
deles, e sua aplicação, sendo que estes dados foram usados para comparar
com os resultados obtidos nos exames prestados pelo alunado no período
estipulado para a devida comparação. Para a realização desse estudo,
comparou-se o investimento feito com a nota obtida no exame do Enem do
respectivo ano.
Análise de demonstrações financeiras visa essencialmente estudar o
desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado
período, no sentido de diagnosticar sua posição atual e projetá-la
para o futuro. (ASSAF, 2012, p.210)

Essa análise se divide na primeira parte em trazer quais os valores


recebidos dos programas mencionados, na segunda parte nas notas obtidas no
exame do Enem, e por último se comparam os investimentos com o
desempenho escolar de cada ano.
Os programas PROEMI e Autonomia Financeira exigem que o total de
recursos seja dividido em rubricas: setenta por cento materiais de manutenção
e trinta por cento em materiais permanentes, são gastos com rubricas
diferentes. Nesses programas não é possível usar os recursos de um para
cobrir outro.

Resultado da pesquisa

No PDDE a escola define anteriormente, se o valor que vai receber


será utilizado em uma só rubrica, em duas ou se quer dividir em porcentagens.

030
Tabela 1. Recursos recebidos do programa FNDE/PDDE
PDDE por ano Valor recebido Valor recebido
manutenção permanente
2010 R$ 4.604,70 R$ 4.604,70
2011 R$ 3.686,95 R$ 3.686,95
2012 R$ 3.291,47 R$ 3.291,47
2013 R$ 7.800,00 R$ 7.800,00
2014 R$ 5.680,00 R$ 1.420,00
2015 R$ 5.680,00 R$ 1.420,00
Fonte: CRE (Coordenadoria Regional de Educação)

Tabela 2. Recursos recebidos do Programa PROEMI


Recurso por ano Valor manutenção Valor permanente
2010
2011 R$ 10.500,00 R$ 4.500,00
2012
2013
2014 R$ 10.500,00 R$ 4.500,00
2015
Fonte: autora

No PROEMI os itens indicados e depois adquiridos sofreram reajuste


porque houve um lapso temporal até a liberação dos recursos financeiros.
Com isso não foi possível adquirir todos os produtos, sendo necessário
readequar a quantidade dos mesmos. Observou-se que com o PROEMI a
instituição pode proporcionar formação aos discentes, viagens de estudos aos
alunos com acompanhamento de professores, adquiriu livros e equipamentos,
além de material pedagógico. A escola foi beneficiada com recursos desse
programa nos anos de 2011 e 2014. Analisando a tabela do exame do Enem,
percebe-se que foram os anos em que as notas são as mais baixas no
desempenho dos alunos.
Tabela 3. Recursos financeiros recebidos do Programa Autonomia
Financeira.
Recurso por ano Valor manutenção Valor permanente
2010 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
2011 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
2012 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
2013 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
2014 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
2015 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16
Fonte: autora

031
Autonomia financeira é a verba que a Secretaria do Estado do Rio
Grande do Sul, destina mensalmente para a manutenção das escolas
estaduais. O valor recebido por mês dessa instituição em estudo é de R$
5.306,43, destes recursos, destinado para manutenção R$ 3.714,50 e para
investimento R$ 1.591,93 O material de manutenção é essencial para o bom
andamento do ambiente escolar, não sendo possível deixar de adquiri-lo ou
substituí-lo.
O NFG, PDDE e a Autonomia financeira os recursos desses programas
são utilizados em sua maioria para a conservação e manutenção da instituição
e do prédio.
Tabela 4. Recursos financeiro do Programa Nota Fiscal gaúcha
Nota Fiscal Gaúcha Valor
2010 R$ 12.422,85 (ginásio)
2011 R$ 10.582,19 (ginásio)
2012 R$ 7.296,28 (ginásio)
2013 R$ 5.022,59
2014 R$ 6.477,15
2015 R$ 2.840,54
Fonte: Site Nota Fiscal Gaúcha

O programa Nota Fiscal Gaúcha surgiu em meados de 2004. Desde o


início do repasse dos recursos financeiros até o ano de 2012, a escola investiu
todo o montante recebido na construção do ginásio de esportes. Em 2013,
2014 e 2015 os recursos foram investidos em manutenção e conservação e na
aquisição de um ar Split. O programa Nota Fiscal Gaúcha não faz restrições
quanto às rubricas, tendo a instituição autonomia para definir no que quer
gastar.
Tabela 5. Recurso financeiro do Programa Consulta Popular
Recursos por ano Valor
2010 Não foi contemplada
2011 Não foi contemplada
2012 R$ 90.000,00 (ginásio)
2013 R$ 30.000,00 (computadores)
2014 R$ 10.000,00 (espécie)
2015 R$ 10.952,92 (equipamentos)
Fonte: Site Consulta Popular

032
No programa Consulta Popular, a instituição em questão foi beneficiada
no ano de 2012 com R$ 90.000,00 para a conclusão do Ginásio esportivo.
Todo o projeto, licitação e obra foram planejados e executados pela CRO
(Coordenadoria de Obras), a escola não interferiu nesse processo. Esse
recurso beneficiou todos os alunos da instituição com um local apropriado para
as aulas de Educação física e para os eventos festivos promovidos pelo
educandário. Em 2013 a escola foi beneficiada com 30 aparelhos de
computador para montagem do laboratório de Informática, tendo os mesmos
vindos diretamente do governo estadual. Em 2014 a escola então recebeu a
quantia de R$ 10.000,00, que foi investido em mobiliários para a biblioteca. Em
2015 a escola recebeu vários equipamentos.
Paralelamente, nesses três anos as notas dos alunos no exame do
Enem sofreram um declínio, o que se faz acreditar que não tem importância o
investimento que a escola faça, pois não se traduz em melhor desempenho
escolar.
Tabela 6. Resultado do Exame do Enem por ano.
Ano Média total das notas por ano
2010 558,96
2011 524,17
2012 537,00
2013 529,87
2014 514,35
2015 534,28
Fonte: MEC/ENEM

Supõe-se que a qualidade da estrutura física da escola como salas


arejadas e aparelhadas, laboratório de informática, equipamentos conservados,
viagem de estudos, livros novos, e o restante do material adquirido, tivessem
certa influência para que o aluno obtivesse resultado melhor em comparação
há anos anteriores. A média dos alunos manteve-se em 533,10. Observando-
se a tabela, pode-se verificar que no ano se obteve menos recursos as notas
foram maiores. Nos anos seguintes a média teve oscilações, mas não causou
maior significância. Os gastos com viagens de estudos e aquisição de livros,
ofertados pelo PROEMI, não alavancaram aumento nas notas do exame do
Enem daquele ano.

033
Tabela 7. Total de valores recebidos
Ano Valor para Valor para Total dos Média total
manutenção permanente recursos
2010 R$ 49.178,70 R$ 23.710,86 R$ 72.889,56 558,96
2011 R$ 58.760,95 R$ 27.290,11 R$ 86.051,06 524,17
2012 R$ 47.865,47 R$ 22.394,63 R$ 70.260,10 537,00
2013 R$ 57.396,59 R$ 26.903,16 R$ 84.299,75 529,87
2014 R$ 67.231,15 R$ 35.023,16 R$ 102.254,31 514,35
2015 R$ 51.094,54 R$ 25.523,16 R$ 73.617,70 534,28
Fonte: autora

A manutenção engloba tudo o que se refere a material de consumo1,


material de expediente2, material de limpeza3, material de conservação4,
material de EPI’s5, mão de obra. Vai de um alfinete até a telha. O material
permanente engloba tudo que é patrimônio6. O que se constata nessa análise é
que a maior parte do recurso transferido à escola é usado para sua
manutenção, conservação e reparos. A escola investiu em gastos
consideráveis no material permanente, todo esse material comprado beneficia
diretamente o aluno.
Tabela. 8 Valor manutenção e valor investimento X notas Enem
Ano Valor Manutenção Valor Notas Enem
Investimento
2010 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 558,96
2011 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 524,17
2012 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 537,00
2013 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 529,87
2014 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 514,35
2015 R$ 44.574,00 R$ 19.103,16 534,28
Fonte: autora

Esse trabalho em sua consideração final e após análise das tabelas


chegou à conclusão que é irrelevante a relação dos investimentos financeiros
com o desempenho escolar. Na tabela 8 comparou-se o valor do repasse

1 Papel A4, tesoura, clips, grampos, fita adesiva, calculadora, cola quente, apagador, canetão
para quadro branco, pincel atômico, perfurador, toner, cartuchos, telefone,etc.
2 Desinfetante, limpa classe, papel higiênico, papel toalha, copos descartáveis, alvejante,

álcool, sabão, sabonete líquido, vassouras, baldes, rodos, guardanapos, cera, lixeiras, pás.
3 Cimento, areia, pregos, tábuas, tijolo, parafuso, telhas, tinta, vidros, lâmpadas, reatores,

materiais esportivos.
4 Luvas, toucas, sapatos, botas de borracha.
5 Pedreiro, eletricista, marceneiro, encanador, pintor, técnico em informática, eletrônico.
6 Máquinas, equipamentos, móveis.

034
estadual com as notas obtidas pelos alunos. A responsabilidade do Ensino
médio é do poder público estadual, e com base na tabela podemos verificar
que não houve reajustes dos valores durante os anos. Pode-se afirmar que se
não houvesse os recursos financeiros vindos de outros programas, a instituição
permaneceria somente mantendo o básico para o funcionamento da mesma,
não seria possível fazer maiores investimentos, pois o valor repassado pelo
estado não teve alterações, não levando em conta nem a inflação do período.
Diante de todas as inovações tecnológicas a escola pouco pode investir em
equipamentos, também deixou a desejar na formação dos docentes que
necessitariam de aperfeiçoamento para o domínio das mídias.
A partir desses dados coletados trabalha-se com a hipótese de que,
além desses fatores mencionados existem outros que exercem influência no
desempenho do aluno. Em relação aos recursos financeiros, em uma primeira
hipótese pode-se considerar que insumos escolares têm pouca ou nenhuma
influência sobre o desempenho educacional. Também se pode considerar a
hipótese de que os recursos que efetivamente chegam às escolas possam ser
menores que os gastos previstos, em função do desvio de finalidade, com
alocação para usos diferentes dos que foram destinados.
Como segunda hipótese pode-se imaginar que o valor investido seja tão
pouco que não faz muita diferença, haja vista a necessidade de melhorias
estruturais e tecnológicas que se fazem necessárias. Além disso, não foi
abordado nesse trabalho a qualificação e o desempenho dos docentes para
melhoria da educação.
Pode-se trabalhar com a terceira hipótese de que o parâmetro de
avaliação dos alunos, através do Enem, não seja o modo mais correto de
avaliar, pois esse método é realizado em nível nacional e não consegue
contemplar as peculiaridades de cada região, devido à diversificação cultural.
Com o término dessa análise, a sugestão deste trabalho é propor ao
poder público uma reflexão mais ampla em torno da situação referente ao
repasse dos recursos financeiros, para que os gestores tenham como oferecer
um ensino de qualidade e a todos os envolvidos com a educação.

035
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho se propôs a analisar e comparar a ligação entre


investimentos de recursos financeiros em uma escola pública e notas do
exame do Enem. Nas considerações finais, acredita-se que não é possível
afirmar que houve influência desses investimentos nas notas obtidas pelos
alunos no exame. Para se chegar a tal afirmação analisaram-se as tabelas, os
documentos e as prestações de contas.
No desenvolvimento desse trabalho se procurou verificar o montante
de recursos financeiros que beneficiam as escolas públicas, os programas que
contemplam as instituições com repasses e a alocação desses recursos por
parte das escolas que se beneficiam com os mesmos. A instituição é
beneficiada com recursos financeiros de alguns programas mencionados no
decorrer do trabalho. Pode-se observar que a escola em parceria com CPM e
CE, planeja, organiza e executa ação de melhorias, conforme os recursos
financeiros recebidos e as normas vigentes dos programas. A comunidade
escolar trabalha unida para que o destino dado aos recursos financeiros tenha
efeito positivo e que isso retorne com reflexo no aumento do desempenho
escolar.
Levantaram-se hipóteses de que os recursos financeiros não seriam
suficientes para impactar num resultado positivo mais satisfatório nas notas
obtidas pelos alunos no Exame do Enem. Afirmam-se na conclusão que se não
fossem os recursos financeiros que a instituição recebe dos demais programas,
a escola não teria como fazer maiores investimentos, pois o valor da autonomia
financeira que é o repasse para a manutenção das escolas estaduais não
sofreu reajustes em todo o período analisado. Leva-se em consideração que a
escola esta situada em um prédio antigo e carece de muitos reparos, sendo
que a rubrica da manutenção não consegue suprir todas as necessidades de
gastos, pois esse recurso é absorvido em sua totalidade para a compra de
materiais de uso diário, ficando a parte física em segundo plano. Na análise da
tabela oito, comparativa aos investimentos estaduais versus notas do exame
do Enem, percebe-se que o Estado, o maior responsável pelo Ensino Médio,

036
não faz investimentos na área e também não aumenta o valor do repasse para
que a escola possa fazer.
Muitos parâmetros ainda carecem de estudo e análise. Nesse trabalho
não foram abordado temas como desempenho e qualificação do professor, ou
motivação e condições sociais do aluno. O trabalho descrito aqui apenas
comparou investimentos com desempenho escolar. O objetivo do mesmo é de
ser uma ferramenta auxiliar para a comunidade escolar futuramente aplicar o
recurso financeiro, visto que a administração financeira não é um caso isolado
dos demais processos que compõem a escola, pois não basta elaborar um
orçamento correto se não conseguir avaliar os dados nele contidos. Segundo
Gitman (2012) destaca que a administração financeira é orientada por
objetivos, sendo que cada organização possui os seus. Em essência, melhorar
a educação é um processo de aprendizado baseado em um diagnóstico dos
problemas e na avaliação contínua dos resultados.

037
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YIN, Roberto K, Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2010

040
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA NA PERSPECTIVA
DO PROFESSOR PDE

041
RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de um estudo, cujo embasamento teórico


se pauta pelos pressupostos de Madza e Bassi (2009), que discute com a
comunidade escolar origem e a destinação dos recursos financeiros
repassados às escolas públicas dos Estados. Deste estudo resultou também
a elaboração de um site institucional, no qual a escola disponibiliza suas
informações a toda a comunidade. O estudo parte da observação do fato de
que ainda hoje há um grande número de professores, funcionários e, até
mesmo, a maior parte dos integrantes do Conselho Escolar que não tem
conhecimento dos recursos recebidos pela escola. Isso porque, muitos
gestores não divulgam para a comunidade e, algumas vezes, porque as
pessoas não têm interesse em saber ou não querem se envolver. Tendo em
vista que a comunidade escolar deva estar sempre informada dos recursos
repassados pelos governos, federal e estadual para que possa participar
ativamente das decisões sobre a sua execução, nosso propósito despertar o
interesse, a participação e futuras contribuições de alunos, professores,
funcionários e pais, possibilitando-lhes entender como funciona a gestão dos
recursos financeiros e sua aplicação pela escola. Portanto, a concepção
administrativa de uma instituição de ensino, proposta neste estudo, prima pela
boa qualidade e por procurar pautar-se nos princípios da Gestão Democrática,
a qual estimule o interesse pela participação do coletivo da comunidade

042
escolar, visando às transformações positivas tanto no campo pedagógico como
no campo administrativo.

INTRODUÇÃO3

A escola se constitui não apenas como um espaço de transmissão


do conhecimento, mas também como um local de interação durante o processo
de ensino e aprendizagem, unindo não somente o corpo docente e alunos,
como também todos os demais envolvidos, direta ou indiretamente nesse
processo. Entretanto, ainda hoje, há um grande número de professores,
funcionários e, até mesmo, a maior parte dos integrantes do Conselho Escolar
e Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF), que não têm
conhecimento dos recursos recebidos pela escola. Isso porque, muitos
gestores não divulgam para a comunidade e, algumas vezes, porque as
pessoas não têm interesse em saber ou não querem se envolver.
Nesse sentido, a concepção administrativa de uma instituição de ensino
que prima pela sua boa qualidade deve procurar pautar-se pelos princípios da
Gestão Democrática, a qual estimule o interesse pela participação do coletivo
da comunidade escolar, visando às transformações positivas tanto no campo
pedagógico como no campo administrativo.
A partir disso, intentamos por meio da linha de pesquisa e Mazda e
Bassi (2009) propor como mecanismo de intervenção e de superação desse
obscurantismo informacional, criar um espaço interativo de debates
e sugestões, no qual todos possam informar-se e contribuir com a gestão
escolar por meio de críticas construtivas. Este espaço não somente
restrito ao

043
ambiente das reuniões em datas específicas ou dos sites institucionais, mas
vinculado a outros momentos do cotidiano escolar.
O recorte do estudo, ora apresentado, enfocou a origem e a destinação
do Fundo Rotativo, criado pela Lei Estadual nº 10.050, de 16 de julho de 1992,
verba repassada pelo governo do Estado e pelo Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE), programa criado e mantido pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), em 1995, para a melhoria da
infraestrutura física e pedagógica das escolas com vistas a reforçar o processo
de autogestão escolar nos âmbitos: financeiro, administrativo e didático. Esse
último programa busca a elevação dos índices de desempenho na esfera da
educação básica.
A importância desse estudo é refletir sobre a gestão democrática da
escola pública e também sobre a forma de acesso às informações financeiras,
incentivando a maior participação da comunidade escolar nas Instituições
Colegiadas, no que tange ao acesso às informações sobre os recursos
financeiros e sua aplicação pela escola. A expectativa em relação à abordagem
desse tema é de que contribua para despertar o interesse e a criticidade dos
participantes em relação à relevância de se conhecer e debater a gestão
financeira da escola da qual fazemos parte.
Isso porque, na visão atual, a escola se constitui não apenas como um
espaço de transmissão do conhecimento, mas como um local de interação
durante o processo de ensino e aprendizagem, unindo não somente o corpo
docente e alunos, como também todos os demais envolvidos, direta ou
indiretamente nesse processo.
Além de uma atuação conjunta entre os vários segmentos que compõem
a instituição de ensino, cabe também destacar que os avanços no campo
tecnológico são outro fator importante para a conquista de melhorias na
qualidade da educação hoje ofertada.
Contudo, esse aspecto tecnológico ainda não está bem implementado e,
até mesmo, bem conhecido por parte de todos os profissionais atuantes na
educação. Há ainda vários desafios a serem superados em termos de
acessibilidade e proficiência na utilização dos recursos tecnológicos, conforme
aqui reforçamos, por parte de todos os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem.

044
Assim sendo, a postura de um gestor engajado e responsável é a
daquele que sempre está disposto a aprender e a repartir esse aprendizado
com todos aqueles que estão a sua volta. O gestor de escola, no contexto
moderno, deve atuar como um multiplicador de ideias e ações que diminuam
as distâncias entre o conhecimento ofertado e aqueles que ainda não o detêm.
Outro desafio é gerir a escola de forma a atender as novas
necessidades que a atual ordenação social traz para a escola: desestruturação
familiar, violência, sexualidade, preocupação ambiental, respeito às
diversidades, inclusão social, cidadania e formação para o mundo do trabalho.
Diante desse contexto, esse projeto é primordial para que o gestor
escolar possa balizar suas ações e, ao mesmo tempo, discutir com sua
comunidade a origem dos problemas vivenciados dentro do âmbito da escola,
assim como, tomar em conjunto com a instituição as possíveis medidas
solucionadoras desses mesmos problemas.
Dessa forma, este artigo discute a origem e a destinação dos recursos
financeiros no contexto escolar, tendo em vista que a comunidade escolar deva
ter mais conhecimentos acerca dos recursos repassados pelos governos,
federal e estadual para contribuir no processo de execução dos mesmos pela
perspectiva de uma gestão democrática.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nada se constrói de modo efetivo e eficaz se não há espaço para o


diálogo coerente, aberto e extensivo a todos aqueles que fazem parte do
processo educativo. Para atingir um ensino de qualidade é necessário saber
compartilhar as responsabilidades assumidas e, constantemente, avaliar os
resultados alcançados. Da mesma forma, também é necessário compartilhar
com a comunidade escolar o momento de avaliar aquilo que se pretende
alcançar, pois é nisso que consiste uma gestão democrática.
Faz-se necessário, ainda nesse processo, o compromisso ético-político
do gestor com a transformação da realidade social da sua comunidade escolar
e com o trabalho voltado para a construção de um espaço público autônomo,
ajustado com a função de educar para o exercício da cidadania e para o mundo
do trabalho.

045
Por isso no que tange à transparência da gestão escolar, as ferramentas
tecnológicas podem servir como instrumento necessário à ampliação do
conhecimento de todos e da melhoria nos resultados do processo de ensino e
aprendizagem. Sobretudo, no aspecto financeiro, tornar assim acessíveis as
informações sobre a origem e a destinação de recursos é um meio prático,
democrático e rápido para que a comunidade escolar acompanhe e fiscalize
essa dinâmica. Para tanto, poderá ser proposto, por exemplo, a criação de um
site direcionado à comunidade escolar, o qual se destinaria à disponibilização
de acesso a tais informações.
É fundamental importância a orientação dos parâmetros que nortearão a
construção, a efetivação e a avaliação das ações colocadas em prática, pois
esta apontará a linha de trabalho a ser seguida, bem como, os princípios
éticos, filosóficos, legais e constitucionais que regulamentam e normatizam o
andamento de todo o processo.
Segundo Cunha (2005), o termo democracia, no Brasil, é algo que está
mais circunscrito ao campo das ideias do que propriamente ao das realizações.
Essa visão justifica-se no aspecto histórico da implantação do regime
democrático no país, em que cronologicamente, em todos os períodos,
parcelas da população eram impedidas de exercer sua cidadania
democraticamente, dentre as quais se destacavam escravos, mulheres e
analfabetos.
No entanto, uma nova mentalidade no país começa a ser criada e a por
em prática novas ações, as quais deram início à desconstrução de concepções
já ultrapassadas. Nessa nova perspectiva, Luck et al (1998, p. 13) destacam o
aparecimento de uma mudança no campo educacional “em favor da
descentralização e da democratização da gestão das escolas públicas iniciado
no princípio da década de 1980”.
De acordo com esse movimento, além da democratização, também se
visa o aprimoramento da qualidade do ensino. Suas bases sustentam-se em
três princípios básicos: participação da comunidade escolar na eleição dos
gestores da escola; criação de instâncias colegiadas e de um conselho escolar
com poderes deliberativos e decisórios; repasse de recursos financeiros
diretamente às escolas e, consequentemente, o aumento de sua autonomia.

046
No que concerne aos recursos financeiros, sua origem, destinação e
efetiva aplicação, é fundamental ter em mente que a principal fonte de
arrecadação da receita pública provém dos tributos pagos pela população para
satisfazer as suas necessidades básicas nas áreas: educacional, de saúde,
transportes, trabalho e emprego, ambiental, cultural, seguranças e demais
áreas de prestação de serviços à coletividade. (MADZA; BASSI, 2009).
Portanto, a população pode e deve acompanhar o que determina a
legislação sobre os mecanismos de oferta e financiamento, para realmente ter
acesso a uma educação de qualidade, baseada em uma efetiva gestão
democrática.
Com relação a essas condições de financiamento da educação pública,
assim afirma Marques:

O financiamento da educação pública deve, portanto, criar condições


para a efetivação do princípio da qualidade do ensino, definido no
artigo 4º, inciso IX da LDB como a variedade e a quantidade mínimas
por aluno de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do
processo de ensino-aprendizagem. É necessário, pois, que o
financiamento se baseie no quanto é preciso gastar para a garantia
da qualidade do ensino, e não na distribuição do montante de
recursos disponíveis para a educação. (MARQUES, 2007, p.82).

Nesses termos, assim compreendidos o financiamento e a gestão da


educação básica com qualidade de ensino para todos, carecem de um sistema
articulado entre as políticas públicas de forma autônoma, os quais possam ser
constatados na efetiva prática do gestor escolar.
Para Passos (1999), o significado de autonomia não está dissociado do
princípio de liberdade, pois ambos fazem parte da natureza do ato pedagógico.
Por isso ela defende a necessidade do reconhecimento dessas ações por parte
daqueles sujeitos envolvidos na ação educativa. A autora também ressalta a
importância da identificação de todos os projetos nascidos externamente com a
realidade da escola e com o seu projeto pedagógico.
A escola é, portanto, um desses espaços de vivência democrática que
precisa ser construído e reconstruído diariamente, por meio da ação coletiva,
do empenho de toda a comunidade e, para que todos possam ser favorecidos
com os resultados desse trabalho em equipe.

2.1 ASPECTOS ADMINISTRATIVOS E FINANCEIROS

047
A autonomia escolar se dá pela atuação co-participativa do gestor
escolar e das Instâncias Colegiadas quanto à administração dos recursos
recebidos do Governo Federal e Estadual. Da mesma forma co-participativa e
sob gerência administrativa do gestor, também, a escola possui autonomia
quanto à aplicação desses recursos destinados à preservação, manutenção e
aquisição de materiais, conforme as necessidades da escola.
Segundo PARO (1998), a autonomia administrativa precisa ser vista
atentamente para não haver confusão entre descentralização de poder com
“desconcentração” de tarefas, e da mesma forma, não tomar o sentido de
autonomia como abandono e privatização.
A descentralização do poder se dá na medida em que se
possibilita cada vez mais aos destinatários do serviço público
sua participação efetiva, por si ou por seus representantes, nas
tomadas de decisão. Para que isso aconteça, no caso de
ensino público, não basta a concentração das atividades e
procedimentos de cunho meramente executivo, como vem
acontecendo. É necessário que a escola seja detentora de um
mínimo de poder de decisão que possa ser compartilhado com
seus usuários com a finalidade de servi-los de maneira mais
efetiva. (PARO, 1998, p. 77).

Entretanto, essa autonomia está baseada no respeito aos princípios


legais, que regulam e normatizam a destinação e aplicação dos recursos. As
verbas que constituem os recursos financeiros, recebidos pela escola são
advindas de segmentos diversificados, a saber: Programa Fundo Rotativo,
Verbas Federais, Programas do Governo Federal - PDDE, PDE/ESCOLA,
Escola Aberta, Mais Educação.
Ao gestor é de fundamental importância acompanhar de perto o
funcionamento destes suportes financeiros para que cada um seja aplicado de
modo eficiente, pois a correta destinação desses incidirá nos resultados da
qualidade do processo de ensino/aprendizagem e refletirão na sua melhoria.
Aluno que não falta às aulas, que está bem alimentado, que é acolhido em uma
escola com bom acervo de materiais e suprimentos necessários ao
desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem tem mais chances de
obter êxito na sua caminhada.
Todos esses programas requerem do gestor e da comunidade escolar
atitude consciente e participativa. É necessário conhecer bem, acompanhar de

048
perto o andamento de cada setor para poder solucionar obstáculos ou
deficiências existentes. Para isso, também é fundamental que o gestor haja de
acordo com a responsabilidade que lhe é atribuída e mantenha sempre
atualizados os dados do Sistema Estadual de registro escolar (SERE) e Censo
escolar, pois eles refletem os dados que possibilitam à SEED e aos demais
órgãos competentes definir ainda o porte da escola e a quantidade de
profissionais necessários, a abertura ou fechamento de turmas, assim como o
montante de recursos destinados à escola.
Um gestor e uma comunidade escolar omissa ou displicente somente
farão agravar, ainda, mais os índices de insucesso no processo de
aprendizagem, contribuindo para o aumento das taxas de abandono e
repetência.
Uma crítica, porém, faz-se necessária ao sistema administrativo ao qual
a escola está subordinada junto à Secretária de Estado da Educação: a
lentidão nas avaliações de processos para reformas ou ampliações dos prédios
escolares.
Contudo, gerir uma instituição de ensino é mais do que supervisionar, é
também importante que o gestor faça um trabalho constante de
conscientização junto à comunidade escolar sobre a boa utilização dos bens
públicos, tanto os de consumo quanto os permanentes. Isso reduzirá os custos
e incidirá em futuras aquisições.
A parceria entre o gestor e a comunidade escolar é fundamental para
que muitos projetos se tornem realidade, contrastando com a lentidão dos
processos burocráticos que tramitam por variados setores até que se obtenha
uma resposta final, a qual muitas vezes não corresponde às expectativas da
comunidade escolar. E também em decorrência dessa parceria, que tem como
princípio uma gestão democrática, tem-se a melhoria das condições de ensino
ofertado na escola, assim como no maior interesse e satisfação de todos os
envolvidos nesse processo.

3 METODOLOGIA – DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO

049
O referido trabalho fundamentou-se na elaboração de uma unidade
didática com encaminhamentos ao professor e às instâncias colegiadas, na
qual foram discutidas informações pertinentes à gestão dos recursos
financeiros, bem como mecanismos de ampliação da divulgação destas,
esperando despertar a maior participação da comunidade escolar. Ao todo
foram ministradas 32 aulas, divididas em quatro etapas a seguir descritas.
A aplicação da unidade didática foi destinada aos diversos segmentos
institucionais, e dessa forma, foi possível divulgar tais informações a um
número expressivo de pessoas. Para a realização do projeto, houve o
envolvimento direto e indireto de diversos profissionais da escola: professores,
alunos, equipe pedagógica, direção, funcionários administrativos, bibliotecários,
atendentes de pátio e pais. Vale ressaltar que, algumas vezes, foi necessário
ocupar outros espaços da escola, e não somente a sala de aula. Além disso,
diversos recursos materiais foram utilizados: computadores, data show,
máquina fotográfica e aparelho de som.
A 1ª etapa, com carga-horária de 2 horas aulas, foi dirigida às instâncias
colegiadas, em formato de miniaudiências, nas quais se buscou explicar o que
seria o projeto, as motivações que lhe deram origem, sua pertinência e como
este seria desenvolvido. Para facilitar sua implementação, o projeto foi dividido
entre segmentos de representantes das instâncias colegiadas (professor,
alunos do ensino médio, agente educacional e comunidade de pais e
familiares). Porém, depois, houve novos encontros coletivos. Além disso,
paralelamente a partir da 4º etapa, houve a implantação do site 4da escola para
a execução do projeto, no qual, no mínimo um representante de cada
segmento foi convidado a participar de um Fórum de discussão e enquetes.
Essas leituras foram necessárias, no sentido de melhor conhecer a linha de
estudo, o que pensam os estudiosos sobre o assunto e como se dá a
distribuição e aplicação dos recursos financeiros da educação pública.
Na segunda etapa, deu-se início ao trabalho individualizado com as
Instâncias Colegiadas: Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, APMF e também,
com os Professores, Funcionários e Equipe Pedagógica. Para tanto, o aporte
teórico foi a leitura e a análise dos capítulos: 1 A origem dos recursos da
educação: a tributação desigual e injusta da renda e da riqueza; e 2 A

050
legislação relativa à educação e ao seu financiamento, do livro Bicho de Sete
Cabeças (Mazda; Bassi, 2009), o qual discute sobre o financiamento da
educação brasileira e o tema proposto neste projeto, bem como, o
envolvimento responsável de todos. As leituras das teorias que serviram de
base para o desenvolvimento do projeto aconteceram em etapas.
Tal estudo foi realizado pelos participantes de modo presencial e
também à distância, pela divisão dos capítulos do Livro Bicho de Sete Cabeças
para leitura, com a qual se objetivou levar ao conhecimento dos envolvidos a
origem dos recursos que financiam a educação pública.
Inicialmente, buscamos a compreensão da leitura individualizada, na
sequência, procedemos a leitura no grande grupo. Todos realizaram as
leituras solicitadas, no sentido de se embasar com criticidade as discussões. O
tempo destinado a essa etapa de leituras foi de 10 horas, subdivididas entre as
instâncias colegiadas.
Na 3ª etapa, após o término das leituras dos capítulos 1 e 2 do livro de
referência e, ainda, em instâncias separadas, demos início ao trabalho de
exposição e análise crítica do livro fazendo uma relação entre a teoria e a
prática vivenciada na escola. Os integrantes de cada grupo realizaram a
exposição da leitura de cada capítulo. Em seguida, sob nossa mediação, foram
orientados a estabelecer uma relação entre o conteúdo lido e a prática
vivenciada. Na sequência, os mesmos foram questionados se houve mudança
na sua concepção em relação ao financiamento educacional. O tempo
destinado à realização dessa etapa foi um total de 15 horas, divididas entre os
grupos participantes.
Na 4ª etapa, iniciamos o trabalho com a exposição do site, no qual
objetivou publicar, de modo acessível, a consulta aos valores recebidos pela
verba do Fundo Rotativo e a quantidade de parcelas destinadas à escola,
durante o ano. Com isso, demos continuidade ao que foi proposto no projeto de
Intervenção Pedagógica. Portanto, foi fundamental, a realização de cinco
encontros, que totalizaram cinco horas, para prestar esclarecimentos sobre
como acessar as informações referentes à escola disponíveis nesta página
eletrônica.
Na 5ª etapa, ocorreu a execução da página eletrônica. Cada grupo, a
sua maneira, deveria participar das discussões propostas pelo professor PDE,

051
apresentando suas opiniões, interagindo com os demais participantes e
propondo sugestões. Ao final deste processo, o professor fez as intervenções
necessárias, o que totalizou uma carga horária de 10 horas.
Na 6ª etapa, realizamos um encontro coletivo e presencial, com a
participação de alguns alunos do 3º ano e a professora de Literatura, no qual
foi feita a abordagem do assunto pelo viés literário, por meio da leitura e
análise do livro “Relatório” do escritor modernista Graciliano Ramos. Nesse
momento, propomos uma representação teatral envolvendo o tema: Gestão de
Recursos Financeiros. A duração dessa etapa foi de 3 horas. As atividades
para produção do roteiro e ensaio da peça teatral foram desenvolvidas em
contraturno, em um total de 14 horas. A peça foi apresentada a toda
comunidade escolar, como forma de divulgação do projeto.
Na 7ª etapa, com o propósito de socializar e enriquecer o conhecimento,
realizamos uma audiência coletiva, na qual discutimos com o grande grupo
todas as questões relativas à gestão democrática e ao acesso às informações
sobre o financiamento educacional brasileiro. Levamos sempre em
consideração a construção de uma consciência crítica sobre de que forma
essas questões nos dizem respeito. O tempo de duração desta etapa foi de 3
horas.
Na 8ª etapa, realizamos o encerramento do projeto e a apresentação de
uma peça de teatro com alunos do Ensino Médio sobre o tema estudado. O
evento teve 2 horas de duração.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No terceiro período do PDE, ocorreu a implementação do projeto, que foi


previamente apresentado, em linhas gerais, durante a Semana Pedagógica, na
escola local, ao Conselho Escolar, Professores, APMF, Grêmio Estudantil, os
quais o receberam muito bem, ressaltando a importância da realização do
projeto para escola.
Num segundo momento, o projeto foi apresentando aos pais. Como me
encontrava também na direção do colégio (com 40 horas), procuramos conciliar
a aplicação do projeto pela realização de miniaudiências, tal como acontece
nas reuniões de pais, no início de ano. As mesmas ocorreram no período

052
noturno e foram organizadas por série e turno. Pelo que pudemos avaliar, os
pais demonstraram-se bastante interessados, sempre participando com
perguntas e proposições. Quanto à escola, recebemos todo o apoio necessário
em todos os segmentos.
A socialização do projeto atingiu quase a totalidade das cerca de 3000
mil pessoas que cotidianamente participam, direta ou indiretamente, de nossa
vivência escolar, mesmo que nem todas consigam compreender na íntegra a
essência deste projeto, pois cada pessoa é singular e subjetivo em suas
interpretações.
Conforme era esperado, de fato, esse tema contribuiu para despertar o maior
interesse e a criticidade dos participantes em relação à relevância de se
conhecer e debater a gestão financeira da escola da qual fazem parte. Outro
ponto importante desenvolvido neste trabalho foi o fornecimento de
ferramentas, tais como, reuniões sistemáticas em formato de mini audiências e
incentivo à comunidade escolar a consultar o site, para que esta possa
participar ativamente e debater a questão da gestão financeira da escola
pública. Além disso, os mecanismos empregados durante todo o processo
foram bastante satisfatórios no sentido de democratizar a disponibilização de
acesso à prestação de contas da escola e ao nome dos membros da APMF e
do Conselho Escolar.
Com este projeto podemos reafirmar nossa crença de que é possível
incentivar a maior participação da comunidade escolar nas Instituições
Colegiadas e no interesse pelo acesso às informações sobre a origem dos
recursos financeiros e sua aplicação pela escola, ainda que se encontrem
muitas resistências ou comodismos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluirmos, cabe destacar que é de suma importância que toda a


comunidade escolar tenha conhecimento sobre os recursos que são
repassados pelos governos, federal e estadual, tendo em vista que há um
número expressivo de participantes diretos da educação pública que não
conhecem e não têm possibilidade de discutir a gestão financeira de seus
estabelecimentos de ensino, além da discussão da sua execução por meio de

053
gestão democrática. Isso ocorre, não só porque alguns gestores não divulgam
as informações para a comunidade, mas também porque algumas pessoas não
querem se envolver, por não julgarem esse tipo de informação importante ou
por confiarem plenamente em seus gestores.
A escola pública que se almeja é uma escola aberta à participação
coletiva no seu processo de gestão. É, portanto, fundamental abrir suas portas
para que as instâncias colegiadas possam dispor de meios para que os
participantes possam de fato exercer a gestão democrática, participando
criticamente das decisões da escola, em especial da gestão dos recursos
financeiros.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. Texto integral da


Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional. Atualizada em 8/5/2013, 8ª edição. Disponível em
http://www2.camara.leg.br/documentos-e-
pesquisa/publicacoes/edicoes/paginas-individuais-dos-livros/ldb-2013-lei-de-
diretrizes-e-bases-da-educacao-nacional - Biblioteca Digital da Câmara dos
Deputados, acesso em 19/04/14.

CUNHA, Luiz Antônio. Educação, Estado e Democracia no Brasil. 5. ed. São


Paulo: Cortez; Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense;
Brasília, DF: FLACSO do Brasil, 2005.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa. 31ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LÜCK, Heloísa (et al). A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 2.


ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.

MADZA, Ednir e BASSI, Marcos. Bicho de sete cabeças: para entender o


financiamento da educação brasileira. São Paulo. Ed. Petrópolis: Ação
Educativa, 2009.

PARO, Vitor Henrique. O princípio da gestão escolar democrática no contexto


da LDB. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. Porto
Alegre, v. 14, n. 2, p. 243-251, jul./dez. 1998.

PASSOS, Laurizete Ferragut. O sentido dos desafios no cotidiano escolar: da


autonomia decretada à autonomia construída. In AQUINO, Julio Groppa (org.).

054
Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1999.

MARQUES, Luciana Rosa. Financiamento e Gestão Democrática da


Educação. In.: BOTLER, Alice Happ (org.). Organização Financiamento e
Gestão Escolar: subsídios para a formação do professor. Ed. Universitária
UFPE, Recife, 2007, p. 87-98.

055
ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS NO CONTEXTO DA
GESTÃO DEMOCRÁTICA

Resumo

O estudo, de abordagem qualitativa, objetiva avaliar o impacto da autonomia na administração dos


recursos financeiros para uma Gestão Democrática. Os dados foram obtidos mediante questionário
aberto aplicado aos gestores escolares. A análise seguiu os procedimentos propostos por Ludke e
André (2013). Os resultados demonstram que apesar da autonomia na gestão dos recursos ser
contemplada na legislação, a falta de flexibilização imposta à aplicação tem gerado baixa
autonomia das escolas no gerenciamento financeiro, impactando como um obstáculo para a
consolidação da gestão democrática.

Palavras-chave: Gestão democrática. Recursos financeiros. Autonomia.

056
Introdução

Uma parte considerável dos brasileiros não se interessa pelas finanças públicas,
consideram-nas complexas e difíceis de entender, entretanto, nota-se o aumento de
exigências da participação social com relação ao controle e transparência na gestão
pública, bem como ao acompanhamento e fiscalização de gastos neste setor.
Essa ideia também é válida ao financiamento da educação pública. É recorrente o
julgamento de que os recursos direcionados à educação não são utilizados de maneira
coerente faltando fiscalização e controle que viabilize a sociedade uma clara visão da
origem e destino desses recursos. Não obstante, tanto a sociedade quanto os próprios
profissionais de educação muitas vezes desconhecem o seu papel nesse processo de
acompanhamento dos gastos públicos bem como a origem dos recursos, os instrumentos de
controle, as leis que os regulam e os deveres federais, estaduais e municipais.
A sociedade está em constante transformação, demandando no campo da educação
e em especial da gestão escolar, foco desse estudo, políticas e práticas cada vez mais
autônomas para a construção de uma escola que transita de um modelo estático para um
arquétipo dinâmico e participativo.
Segundo Souza (2009), muitos são os trabalhos, estudos e análises realizados no
campo da gestão escolar a fim de direcionar uma política educacional capaz de atuar direta
e eficazmente na divisão do poder e no fortalecimento de ações democráticas.
As políticas educacionais expressas no marco legislatório brasileiro sinalizam para
a gestão democrática. A Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases, as Diretrizes
Curriculares Gerais para a Educação Básica, dentre outras, elegem a gestão democrática
como princípio e fundamento da direção dos processos escolares, mediante órgãos
colegiados e representações que viabilizem a gestão compartilhada e participativa.
Nesse cenário, em especial a partir da década de 1990, a descentralização dos
recursos financeiros passa a ser incluída como uma alternativa viabilizadora para uma
gestão democrática, bem como, para desencadear processos de autonomia e participação da
comunidade escolar no planejamento, na aplicação e no acompanhamento da gestão
financeira da educação.
A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 prevê em seu artigo 15 que “Os sistemas de
ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram

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057
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público”. Ou seja, a autonomia na
administração dos recursos financeiros é contemplada na legislação como meio para
ampliação da gestão democrática.
Será que essas orientações têm impactado às escolas promovendo um alargamento
da gestão democrática? Os gestores têm sentido abertura de espaços autônomos para
planejar e aplicar os recursos financeiros?
A partir desses questionamentos a presente pesquisa estabelece como objetivos
investigar o processo de gestão dos recursos financeiros na Escola Pública e avaliar o
impacto da autonomia na administração dos recursos financeiros para uma Gestão
Democrática.
Escolheu-se como abordagem a pesquisa qualitativa, na modalidade de um estudo
exploratório descritivo, envolvendo pesquisa bibliográfica sobre o tema e pesquisa de
campo em escolas públicas municipais de um distrito da Zona Sul de São Paulo. A coleta
de dados se deu por meio de questionário semiestruturado com questões abertas, aplicado a
onze diretores das escolas públicas de um distrito da Zona Sul do Município de São Paulo,
escolhidos segundo critério de acessibilidade.

O financiamento da educação no Brasil

O financiamento da escola pública deve ser visto como um importante elemento de


relação com as políticas públicas de educação. É um dos componentes primordiais para o
aparelhamento da política e da gestão da educação. As vias ordinárias desse processo
contam com fontes orçamentárias previstas em lei; o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(FUNDEB); o Salário-Educação; e os programas federais de financiamentos à educação.
A educação pública recolhe recursos oriundos dos diferentes órgãos da
administração direta e indireta nos âmbitos, federal, estadual e municipal, tendo suas fontes
primordiais nas três esferas governamentais: a União, o Distrito Federal e os Estados e
Municípios. Os recursos destinados à educação estão presumidos na Constituição Federal e
na LDB, como se observa:

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058
A União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de
transferências na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF Art. 212
e LDB Art. 69).

É importante salientar que os recursos que resultam de impostos podem custear


todas as esferas e modalidades de educação escolar, abarcando a Educação Básica
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e a Educação Superior. Contudo,
a Constituição delimita setores com maior prioridade para atuação das três esferas do
Poder Público. Como competência dos municípios cabe atuar com primazia no Ensino
Fundamental e na Educação Infantil, permitindo a oferta de outros níveis somente quando
o dever municipal estiver integralmente cumprido, é o que assegura a LDB em seu artigo
11, inciso V:

Oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade,


o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua
área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
ensino.

Ainda assegura a LDB como responsabilidade dos Estados e incumbências da


União: “Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os
diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em
relação às demais instâncias educacionais” (LDB, artigo 8º).
Segundo Vieira (2009), o Ensino Fundamental, que é de oferta obrigatória, direito
público garantido pela Constituição, foi a única etapa da Educação Básica que entre os
anos de 1998 e 2006 pôde contar com fundos assegurados em lei, através do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(FUNDEF), que foi estabelecido pela Emenda Constitucional Nº 14/96, regulamentado
pela lei Nº 9.424/96 com validade em todo país a partir de 1998.
A Emenda Constitucional Nº 53/2006, regulamentada no final do ano de 2006,
incorpora mudanças relevantes no financiamento da Educação Básica, alargando duas
importantes fontes anteriormente específicas do Ensino Fundamental (o FUNDEF e o
Salário-Educação) para as outras fases deste mesmo nível da educação escolar. Em 2007 o
FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

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Valorização do Magistério) é substituído pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
Com o objetivo de garantir a universalização do ensino, o FUNDEF foi criado e
introduzido em todo Brasil a partir de 1998, por intermédio desse recurso, Estados e
Municípios começaram a aplicar 60% dos 25% da receita resultante de impostos no Ensino
Fundamental, baseando-se pelo número de alunos matriculados em cada rede de ensino
público. A contribuição significativa do FUNDEF na ampliação deste nível de escolaridade
mostrou a importância da discussão de subvinculação de recursos em outras etapas da
Educação Básica, de modo particular o Ensino Médio e a Educação Infantil (Vieira, 2009).
Em 19 de dezembro de 2006 foi aprovado pelo Congresso Nacional o FUNDEB,
através da Emenda Constitucional Nº 53, regulamentado pela Medida Provisória Nº 339,
de 28 de dezembro do ano supracitado e sancionado pela Lei Nº 11.494, de 20 de junho de
2007. A vigência do fundo é de 14 anos (até 2021), sua inserção foi gradativa de modo a
atingir todos os estudantes da Educação Básica pública presencial (creches, pré-escola,
ensino fundamental, ensino médio, educação especial e educação de jovens e adultos).
Outro recurso importante ampliado com a Emenda citada acima foi o Salário-Educação,
como podemos ver por meio do Artigo 212 da carta Magna:

§5º. A educação básica pública terá como fonte adicional de


financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas
empresas na forma da lei.
§6º. As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição
social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao
número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes
públicas de ensino.

O Salário-Educação subsidia os grandes programas federais no âmbito da educação


– Merenda Escolar, Livro Didático, Bibliotecas nas Escolas, Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE), Ações Complementares do FNDE. Para Estados e Municípios mais
abastados esse recurso pode não significar muito, mas é de grande importância para as
unidades da federação que precisam do apoio financeiro da União.

Gestão dos recursos financeiros e reflexos para a gestão democrática

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060
A legislação brasileira reafirma a necessidade de uma escola autônoma, que
ressalte a importância dos profissionais de educação e da comunidade escolar na
participação em Conselhos Escolares ou equivalentes, estimulando a autonomia da escola.
Para garantir maior autonomia e melhor atuação dos gestores foram criadas duas
importantes fontes de recursos: o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), repassado
pelo Governo Federal e o PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros),
este repassado pelo Município, destinado às escolas municipais de Ensino Básico, que
constam do Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais, Anísio Teixeira (INEP/MEC), a partir de cálculos do ano imediatamente
anterior ao do atendimento.
O PDDE tem como objetivo repassar os recursos financeiros às escolas públicas da
educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas
de educação especial, mantidas por entidades sem fins lucrativos, visando a melhoria e
conservação da infraestrutura física e pedagógica das escolas e o reforço da autogestão
escolar nos planos financeiro, administrativo e didático, colaborando para elevação dos
índices de desempenho da educação básica.
A distribuição de recursos do PDDE é anual e destina-se a solver despesas de
manutenção, custeio e pequenos investimentos, sendo utilizados quando necessário em: a)
obtenção de materiais permanentes; b) manutenção, conservação e pequenos reparos da
escola; c) compra de materiais de consumo necessários ao funcionamento da unidade
escolar; d) avaliação de aprendizagem; e) execução de projetos pedagógicos; f) enriquecer
as atividades educacionais; g) andamento das escolas nos finais de semana; h)
implementação do Projeto de melhoria da Escola (Vieira, 2009).
O PTRF foi instituído através da Lei nº 13.991, de 10 de junho de 2005, pela
Secretaria Municipal de Educação – SME do Município de São Paulo, com a finalidade de
assegurar maior autonomia às Unidades Educacionais, por intermédio da transferência de
recursos consignados no orçamento municipal, às Associações de Pais e Mestres (APMs).
Os recursos transferidos às Unidades Educacionais devem ser aplicados na aquisição de
material de consumo e permanente, na manutenção das instalações físicas, na contratação
de serviços, no desenvolvimento das atividades educacionais e na implementação do
Projeto Pedagógico, objetivando a melhoria das Instituições de Ensino.
Desde 2008 está em vigor a Portaria SME nº 1505, de 13/03/08, que define a base
de cálculo, periodicidade e orientações para execução do Programa. A cada repasse serão

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23

destinados 80% (oitenta por cento) para despesas de custeio e 20% (vinte por cento) para
capital (Manual do PTRF, p. 12).
Segundo o § 1º do artigo 12 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964,
consideram-se como despesas de custeio os recursos para a manutenção de serviços
anteriormente criados e o atendimento a obras de preservação de bens imóveis. Pela
Portaria 146/06, amparada pala Portaria Federal nº448/02, são definidos como materiais de
consumo aqueles que em decorrência do seu uso normalmente perdem sua identidade física
e/ou tem sua utilização restrita a dois anos (Manual do PTRF, p. 19).
A despesa de capital é aquela que assegura o aumento do patrimônio do órgão ou
entidade, possibilitando a obtenção de bens permanentes. De acordo com a Portaria Federal
nº 448/02, ratificada pela Portaria da Secretaria de Finanças do Município de São Paulo nº
146/06, define como bem permanente aquele que, em decorrência de seu uso, não perde a
identidade física, e/ou é durável por um tempo superior a dois anos (Manual do PTRF, p.
19).
A gestão escolar democrática deve ser compreendida como um processo político,
onde as pessoas atuantes na escola possam identificar os problemas, discutir, planejar,
deliberar, controlar e avaliar melhores soluções e ações para o desenvolvimento da escola.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394/96), em seu Artigo 14,
regulamenta:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do


ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades
e conforme os seguintes princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares
ou equivalentes.

Ainda no Artigo 15 da LDB:

Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de


educação básica que os integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas
gerais de direito financeiro público.

Segundo Cury (2007), Gestão, termo que provém do latim tem em seu significado:
carregar, levar sobre si, exercer, gerar. Refere-se à gestação, ação de trazer algo novo

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062
dentro de si. É antes de tudo a busca de novos caminhos que dialoguem com as
necessidades reais da escola e estejam em consonância com a sua democratização.
Com a mesma importância, Lima (2000), trata a gestão democrática como um
acontecimento político, de governo, diretamente estruturado com práticas e ações
democráticas. Refere-se a mecanismos voltados à educação política, criando e recriando
ações e alternativas mais democráticas no cotidiano escolar. Sem a participação das
pessoas na gestão da coisa pública, não há democracia.
Vale a pena examinar o tratamento dispensado pela Resolução Nº4, de 13 de julho
de 2010, Capítulo III, Artigo. 54:

§2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público e prevista, em


geral, para todas as instituições de ensino, o que implica decisões
coletivas que pressupõe a participação da comunidade escolar na gestão
da escola e a observância dos princípios e finalidades da educação.

A autonomia gerencial dos recursos empregados nas escolas favorece ao diretor um


trabalho descentralizado e a escola o controle dos fundos a ela destinados, podendo assim
empregá-los onde haja maior necessidade, assegura o PNE (Plano Nacional de Educação)
– Lei Nº 10.172/01).
A descentralização do poder, o trabalho coletivo e o modelo de gestão democrática,
beneficiam as instituições escolares em vários fatores que são essenciais para o bom
funcionamento da escola. As escolas em que funcionam os colegiados escolares
deliberativos, onde todos os segmentos os representam, conseguem por sua vez gerenciar
melhor as ações educacionais e os gastos, atuando com maior autonomia no uso dos
recursos financeiros recebidos por parte das escolas.
É importante falar sobre o bom uso desses recursos, a gestão escolar articulada aos
outros segmentos do processo educativo precisa estar ciente e convicta que a administração
correta dos gastos deve ser motivada não somente pelo temor das diligências movidas pelo
TCU (Tribunal de Contas da União), órgão que fiscaliza os recursos públicos, mas pelo
estímulo e zelo das ações que interferem diretamente na vida de milhares de pessoas. Esses
repasses financeiros têm importante relevância para as escolas, eles representam grande
suporte no orçamento escolar, principalmente a partir de 1997, onde as instituições
escolares tiveram maior autonomia com relação aos gastos (Adrião & Peroni, 2007).

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063
Análise dos dados: a voz dos gestores

Examinam-se dados de uma pesquisa realizada em Escolas Públicas Municipais da


Zona Sul do Estado de São Paulo, onde o foco é o emprego dos Recursos Públicos
Financeiros e a autonomia dos Gestores na administração desses recursos. A coleta de dados
constituiu-se de um questionário aberto aplicado a 11 diretores escolhidos pelo critério de
acessibilidade.
Para análise dos dados seguiu-se os procedimentos propostos por Ludke e André
(2013), coerentemente com a abordagem qualitativa de pesquisa. Após sucessivas leituras
estabeleceram-se as categorias de análise arroladas a seguir: percepção dos gestores sobre
autonomia na administração dos recursos financeiros; conhecimento dos gestores sobre os
recursos financeiros na educação pública; sugestões para uma maior autonomia na
administração dos recursos financeiros. Na sequência apresenta-se a discussão dos dados
integrando as falas dos entrevistados em diálogo com o referencial teórico.

Percepção dos gestores sobre autonomia na administração dos recursos financeiros.

Quando indagados se consideravam que os diretores têm autonomia na gestão dos


recursos financeiros, três dos entrevistados foram categóricos em afirmar que não há
autonomia. E, contraditoriamente aos princípios exarados na legislação prevendo a autonomia
na administração dos recursos financeiros, citam a própria legislação como responsável pela
limitação da autonomia, como pode ser observado nas falas a seguir:

[...] os gestores só podem gastar os recursos financeiros de acordo com o que


a legislação pertinente permite, para cada verba, uma forma de gasto. (E7)

[...] apesar de ser os colegiados das unidades escolares (APM e CE) que
aprovam as prioridades dos recursos do repasse do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE) e Programa de Transferência de Recursos
Financeiros (PTRF), esses são regulamentados por leis específicas que
determinam em que cada repasse de verbas pode ser aplicado [...]. (E8)

De acordo com Portaria Federal n° 448/2002 e Manual do Programa de Transferência


dos Recursos Financeiros é permitido com os recursos do PTRF a aquisição de Bens
Permanentes como: máquinas, utensílios e equipamentos como furadeira, escada, bebedouro,

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064
scanner, datashow, móveis que estão fora do padrão da SME (armários e mesas),
microscópio, cortinas, caixa de som, fax, filmadoras, ar condicionado, microondas. Também
é permitida a aquisição de material para manutenção do prédio escolar como materiais de
elétrica e hidráulica, alvenaria, pintura, para manutenção de quadras, pátio, reparos no
mobiliário, nos equipamentos, aquisição de material de papelaria e para o desenvolvimento
das atividades educativas de uso coletivo, material de copa e cozinha. É vetada a utilização
dos recursos do PTRF na contratação de serviços de funcionários públicos, aquisição de
uniformes, pagamento de palestrantes, oficineiros, ONG’s, comemorações, pagamento de
passagens, aquisição de material de uso individual, compras via internet, entre outros.
Um grupo maior constituído, por seis entrevistados, reconhece uma autonomia
relativa, limitada e também citam as restrições estabelecidas na Legislação para uso dos
recursos:

[...] existem os limites estabelecidos pela legislação vigente e as


exigências burocráticas [...]. (E3)

Temos uma autonomia relativa, pois mesmo o Conselho de Escola podendo


definir o direcionamento das verbas recebidas (PDDE, PTRF, etc.) elas têm
restrições como bens de consumo, bens de capital, etc. (E5)

[...] os recursos advindos de verbas públicas têm uma legislação específica e


o cumprimento desta legislação acaba interferindo na autonomia da gestão
[...]. (E6)

Existe uma autonomia relativa, baseada em limites legais “legislação” sobre


utilização e destinação dos recursos financeiros, repassados a U.E e a
decisão sobre a priorização para o uso dos recursos é coletiva, pela APM e
Conselho de Escola [...]. (E9)

Um dos entrevistados coloca que a autonomia é relativa em razão dos princípios da


Gestão Democrática:

[...] na gestão democrática não é o gestor que estabelece isoladamente as


prioridades da escola, ele tem o papel de gerenciar as discussões e indicar as
reais necessidades da U.E (Unidade Escolar), as prioridades serão elencadas
em reuniões destinadas a esse fim, onde toda comunidade educativa será
ouvida: professores, familiares, alunos e demais funcionários da escola. (E3)

Um dos dirigentes sentiu uma mudança, percebendo uma abertura de caminhos para
uma democratização da gestão financeira:

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[...] A SME (Secretaria Municipal de Educação) tem a função de
descentralizar e repassar as verbas para as unidades, mas ainda decidem no
que as escolas podem gastar e no que eles não permitem que a escola gaste.
Esse aspecto ainda deixa a escola vulnerável, mas comparando com o
passado das escolas, estamos no caminho certo para autonomia. (E2)

Conhecimento dos gestores sobre os recursos financeiros na educação pública.

Para uma educação de qualidade que garanta o acesso e permanência dos indivíduos
na escola faz-se necessária à gestão consciente e responsável dos recursos financeiros da
educação pública. Qual o conhecimento que os gestores têm do financiamento público da
educação?
Nesta temática os respondentes apresentaram um padrão semelhante de respostas.
Estão mais voltadas à administração dos recursos financeiros no âmbito da escola, não
abordando com profundidade fontes de onde provêm os recursos, formas de distribuição,
aspectos legais, o controle e o acompanhamento da aplicação dos gastos públicos e as
políticas sobre o financiamento da educação.
Ao referirem-se a gestão dos recursos financeiros na esfera escolar os diretores
demonstraram ter consciência do caráter participativo do planejamento e do uso dos recursos
financeiros. Foi recorrente a menção a órgãos colegiados como APM (Associação de Pais e
Mestres) e Conselho de Escola:

Primeiro é realizado um plano de atividades para gastos dos recursos, plano


este elaborado e discutido com o conselho de escola e APM (associação de
pais e mestres), ao entrar os recursos em conta bancária, reúne-se novamente
com os membros do Conselho de Escola e Associação de pais e mestres para
levantamento das prioridades e gastos [...]. (E1)

Através das decisões dos colegiados. APM e Conselho de escola. (E4)

Toda verba recebida é totalmente revertida para as prioridades elencadas


pelo Conselho de Escola que é formado por professores, gestores, pais,
alunos e funcionários. (E5)

As verbas que chegam às escolas municipais são as de Programa de


Transferência de Recursos Financeiros PTRF e do Programa Dinheiro Direto
na Escola PDDE. Essas verbas são administradas pela APM da escola que no
início do ano letivo deve reunir-se para deliberar quanto à previsão de gastos
[...]. Os gastos relativos aos repasses dos recursos desses programas devem
ser aprovados pelo Conselho Deliberativo e pelo Conselho Fiscal da
Associação de Pais e Mestres – APM – das unidades educacionais. (E8)

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No início do ano o colegiado de pais, mestres e funcionários da escola
sentam junto com a gestão e em conjunto fazem um plano de ação com a
projeção de verbas que a Unidade irá receber. Este plano contempla a
aquisição de bens patrimoniais, manutenção predial, uso pedagógico,
impostos e outras tributações previstas em lei [...]. (E11)

Nas Unidades de Educação da Secretaria de Educação do Município de São


Paulo, prevalece a gestão democrática participativa, ou seja, anualmente é
elaborado em plano de aplicação de recursos que é aprovado pelo Conselho
de Escola e Associação de Pais e Mestres das Unidades Escolares [...]. (E3)

Verificou-se que E11 e E9 fazem menção a composição dos órgãos colegiados:

Iniciamos o ano letivo elegendo o Conselho de Escola e a APM, que são


formados por Diretor de Escola e representantes eleitos dos docentes e
equipes técnicas e de apoio à educação, alunos e pais, respeitando a
proporcionalidade. Reunimos esses dois colegiados e decidimos em conjunto
e priorização de gastos para recursos financeiros que a escola receberá . (E9)

[...] Este colegiado é a Associação de Pais e Mestres, a conhecida APM que


é formada obedecendo a seguinte proporção: 50% alunos ou responsáveis,
25% professores, 25% administrativo e apoio. Os membros são eleitos por
seus pares. (E11)

Nesse ponto percebe-se uma convergência com a legislação. De acordo com a Cartilha
Conselho de Escola do Governo do Estado de São Paulo (2014), os Conselhos Escolares são
formados por representação, com a participação de docentes, especialistas de educação,
funcionários, pais e alunos e deve obedecer a seguinte proporção: 40% de docentes; 5% de
especialistas de educação (exceto diretor da escola); 5% de funcionários; 25% pais de alunos;
25% alunos.
O Conselho Escolar não atua como complementação na estrutura de poder da escola
nem possui caráter jurídico independente, ele se fundamenta na organização política da
comunidade escolar e local desempenhando o importante papel de decidir sobre a
organização política e pedagógica da escola em conformidade com a legislação brasileira em
vigor.
No plano das fontes dos recursos financeiros foi mencionado pelos respondentes o
PTRF e o PDDE:

Basicamente as escolas recebem uma vez por ano o PDDE - Programa


Dinheiro Direto na Escola que é do MEC, a porcentagem é calculada por
número de alunos, esse dinheiro vem com especificação de gasto, Consumo

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e Capital, sendo consumo com material pedagógico preferencialmente para
desenvolver os projetos pedagógicos ligados ao PPP e pode-se ainda realizar
alguma manutenção estrutural no prédio ou mobiliário, e o capital com
material permanente voltado ao PPP ou à parte administrativa da entidade,
ex: comprar uma impressora. Temos ainda o PTRF - Programa de
Transferência de Recursos Financeiros, nos mesmos moldes do anterior,
cada escola recebe pela porcentagem entre consumo e capital, entre os 100%
da verba, o consumo é para parte pedagógica e manutenção e o capital para
adquirir bens duráveis. Ainda contamos com pequenas reformas pela DRE
(Diretoria Regional de Ensino) e grandes reformas pela PMSP (Prefeitura
Municipal de São Paulo) [...] (E2)

[...] Nesse contexto, o diretor de escola utilizará os recursos financeiros


como o PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros) que
vem do governo municipal e a verba PDDE (Programa Dinheiro Direto na
Escola) que é repassado pelo governo federal de acordo com o plano
previamente estabelecido. (E3)

[...] No município a principal verba é oriunda do PTRF (Programa de


Transferência de Recursos Financeiros) que é recebida da prefeitura.
Também existe a possibilidade de arrecadação de sócios, que são as festas a
campanhas realizadas na escola. Todo gasto realizado tem obrigatoriamente
a prestação de contas feita para a APM e setor financeiro da Diretoria de
Educação, com aprovação feita e publicada em Diário Oficial. (E11)

As verbas que chegam às escolas municipais são as de Programa de


Transferência de Recursos Financeiros PTRF e do Programa Dinheiro Direto
na Escola PDDE [...].
[...] As verbas são aplicadas em despesas de custeio e capital cuja proporção
é determinada pela escola de acordo com suas necessidades [...]. (E8)

Percebe-se que nas falas houve uma menção às verbas, deixando uma lacuna quanto à
origem desses recursos.
Na educação pública, as principais fontes de recursos têm origem nas três esferas
governamentais: a União, que tem por responsabilidade aplicar anualmente no mínimo 18%,
o Distrito federal e os Estados e os Municípios que aplicam 25%, todas essas arrecadações
são provenientes da receita resultante de impostos.
Entre os anos de 1998 e 2006 o Ensino Fundamental foi a única etapa da Educação
Básica que contou com o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério) instaurado pela Emenda Constitucional N°
14/96, regulamentado pela Lei N° 9.424/96. A referida Emenda incorpora importantes
mudanças no financiamento da Educação Básica no final do ano de 2006 alargando fontes
antes exclusivas do Ensino Fundamental para toda Educação Básica.
A partir de 2007 o FUNDEF foi substituído pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e

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desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que
terá vigência até 2021, sua distribuição de recursos é feita com base nas matrículas das redes
e abrange toda Educação Básica (creches, pré-escola, ensino fundamental, ensino médio,
educação especial e educação de jovens e adultos).
Desde 1995 foi criado pelo Ministério da Educação o Programa Dinheiro Direto na
Escola – PDDE, que “consiste na transferência pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) de recursos financeiros, consignados em seu orçamento, em favor das
escolas públicas do ensino fundamental das redes estadual, do Distrito Federal e Municipal,
destinados à cobertura de despesas de custeio, manutenção e de pequenos investimentos, de
forma a contribuir, supletivamente, para a melhoria física e pedagógica dos estabelecimentos
de ensino beneficiários” (art. 1°, resolução/CD/FNDE n° 003, de 27/02/2003) e
especialmente para garantir uma gestão mais democrática dos recursos financeiros.
O PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros) foi criado no
município de São Paulo por meio da Lei n° 13.991, de 10/06/2005, regulamentado
recentemente pela Portaria 1505/08, com o objetivo de ampliar o processo de autonomia dos
gestores e fortalecer a participação da comunidade escolar nas unidades de ensino. Segundo a
legislação os recursos do PTRF destinam-se às despesas de Custeio (para a aquisição de
material de consumo, contratação de serviços e pagamentos de tarifas bancárias, manutenção
de equipamentos e conservação das instalações físicas) e de Capital (para a aquisição de bens
permanentes e pequenos investimentos que contribuem para o bom funcionamento da
Unidade Escolar).
O planejamento por parte das escolas é imprescindível, os programas já citados, PTRF
e PDDE passaram a garantir que as escolas atuem mesmo que muitas vezes de maneira
insatisfatória com mais autonomia na resolução de problemas imediatos que não eram
resolvidos pelo poder público, além de favorecer maior intervenção das escolas em tarefas
cotidianas. Essas ações oportunizam a escola uma gestão mais democrática dos recursos
financeiros, maior participação da comunidade escolar na tomada de decisão e a utilização
desses recursos nas prioridades das unidades escolares.
Uma das entrevistadas apresentou o detalhamento e gerenciamento do PDDE da
seguinte forma:

Elaboramos nosso Plano Anual de Atividades, envolvendo as 4 verbas, que


são: PTRF, PDDE Básico, PDDE Educação Integral, PDDE Estrutura

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(Escola Acessível). Pesquisamos 3 orçamentos para cada tipo de gasto,
estabelecido em ata e fazemos a aquisição do que tiver menor preço. Em
reunião apresentamos a prestação de contas a todos os membros do Conselho
de Escola e APM, que avaliam e confirmam a exatidão dos documentos
julgando-os em ordem e em condições de serem aprovados ou não e em
seguida tudo é enviado ao setor de contabilidade/ financeiro da Diretoria
Regional de Educação e depois de conferido é enviado para conferência pelo
TCM (Tribunal de Contas do Município) e publicado em DOM (Diário
Oficial do Município). (E9)

Sugestões para uma maior autonomia na administração dos recursos financeiros

Menções significativas direcionaram-se para a superação da limitação da autonomia


na aplicação das verbas. Os diretores gostariam de utilizar os recursos de acordo com as reais
necessidades da escola nem sempre contemplados pela legislação.

[...] verificada a necessidade de aplicação dos recursos em custeio ou capital,


não previstos no Manual de Orientações de cada programa, o gestor deveria
ter autonomia para gastar essa verba com a necessidade da escola. Isso em
comum acordo com a Supervisão e Diretoria Regional. (E8)

Acreditamos que se a escola comprovasse e fundamentasse a necessidade,


algumas aquisições poderiam ser consideradas e permitidas para garantir que
todas as necessidades da escola fossem contempladas com os recursos
financeiros disponíveis. No mais, entendemos que há necessidade de
estabelecer parâmetros, legislações e critérios para uso dos recursos
públicos. (E9)

Tornar mais flexível a utilização, não limitando o valor que pode ser gasto a
um único item. (E10)

O principal é a flexibilização da aplicação, a restrição de itens a serem


adquiridos é alta e nem sempre contemplam nossos projetos pedagógicos.
Também a alteração de forma de pagamento poderia agilizar e até
economizar gastos, seria a aceitação de cartão de débito para compras, pois
como só podemos utilizar cheques ficamos reféns de algumas lojas que
aceitam este tipo de pagamento não podendo usufruir de ampla concorrência.
(E11)

As falas apontam que apesar das verbas pretenderem conceder autonomia na gestão
elas ainda carecem de flexibilização, limitando a sua utilização há um rol de itens pré-
definidos.
Foram consideradas também pelos entrevistados sugestões relativas ao valor das
verbas, percebidas por estes como necessitando de uma ampliação:

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A escola municipal paulistana pode dizer que tem garantida sua autonomia
financeira dentro do que recebe, eu acredito que o valor por número de aluno
é que é inadequado pois os prédios são antigos e grandes e o recurso é
insuficiente para todas as demandas. Ainda não conseguimos garantir a plena
realização dos nossos objetivos que foram expressos no nosso projeto
pedagógico, com o valor a nós destinado. Os percentuais mínimos
destinados às escolas deveriam ser repensados pelas autoridades que o
distribuem. É necessário um volume maior de dinheiro nos repasses para que
as escolas consigam concretizar a melhoria da qualidade de ensino tão
desejado no Projeto Político Pedagógico das unidades. (E2)

A burocracia deveria ser reduzida e os recursos deveriam ser aumentados


para facilitar a administração dos mesmos. (E3)

O problema maior dos recursos financeiros não é a falta de autonomia da


verba que chega à escola, mas sim, os valores dos repasses diretos à escola.
Depois que discutimos os percentuais dos valores repassados às escolas
podemos medir o grau de autonomia dos recursos financeiros da educação
pública. No portal da PMSP, há os valores... Receita educação PMSP – 17
bilhões
Repasse às Escolas – 170 milhões. Eu poderia afirmar que a
autonomia atual é 1%. (E6)

Uma das entrevistadas demonstrou estar satisfeita apresentando como sugestão a


liberação da verba para compra de material de informática.

Acredito que da forma que é feita é satisfatória. Seria interessante e


necessário a liberação de compra de material de informática. (E4)

Relevante e até certo ponto surpreendente foi à menção de um gestor sugerindo uma
verba destinada às necessidades do trabalho docente que nem sempre costumam ser
lembradas:
Talvez uma verba destinada somente às necessidades urgentes ao trabalho
do professor. (E5)

Considerações finais

A Gestão dos recursos financeiros destinados às escolas é de fundamental


importância para a educação, faz-se necessária uma prática autônoma e democrática que
influencie uma boa administração e consequentemente a empregabilidade consciente do
dinheiro que chega às unidades escolares.
Nesse contexto, na década de 90, no marco legal foram criadas importantes
iniciativas enfatizando o comprometimento dos gestores e de toda comunidade escolar no

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emprego dos recursos financeiros, daí a importância de compreender essas legislações e o
funcionamento do financiamento que são itens relevantes para formação de um gestor
comprometido com a educação pública de qualidade.
Não obstante os avanços no marco legislatório com a definição de políticas para uma
gestão mais democrática dos recursos financeiros, os dados levantados a partir da opinião dos
gestores revelam que há ainda há muito a avançar na prática no tocante a gestão participativa
das verbas destinadas à educação.
As falas dos gestores apontam que apesar das iniciativas da lei pretenderem conceder
autonomia na gestão elas ainda carecem de flexibilização, reduzindo a sua utilização há um
rol de itens pré-definidos, limitando o poder decisório da unidade escolar e comprometendo o
destino dos recursos para suas reais prioridades devido ao engessamento legal que
regulamenta a aplicação de tais verbas.
Ao mesmo tempo que os dados apontam o desejo de maior autonomia, revelam
também que os diretores não apresentaram informações aprofundadas sobre as fontes de onde
provêm os recursos, formas de distribuição, aspectos legais, controle e acompanhamento da
aplicação dos gastos públicos e das políticas sobre o financiamento da educação. Ao serem
convidados para falar sobre o financiamento da educação, os gestores ficaram mais restritos à
administração dos recursos financeiros no âmbito da escola. Este aspecto demanda atenção,
pois, pode constituir-se em um obstáculo para uma participação mais ampla no debate sobre a
problemática da aplicação dos recursos e a participação na aplicação, controle e
acompanhamento das receitas públicas, bem como, na redefinição de políticas e ações mais
democráticas do financiamento da educação.
A pesquisa revelou como positivo, a ênfase que os gestores deram aos órgãos
colegiados como APM (Associação de Pais e Mestres) e Conselho de Escola ao referirem-se
a gestão dos recursos financeiros na esfera escolar, demonstrando possuir consciência do
caráter participativo do planejamento e do uso dos recursos financeiros.
Em suma, os dados demonstram que apesar dos avanços na legislação por uma
orientação a favor da gestão democrática e da compreensão da autonomia das escolas no
gerenciamento dos recursos financeiros como um item necessário para consolidar a gestão
democrática, na prática, no dia a dia das escolas a baixa autonomia dos diretores e
comunidade escolar no planejamento e gerenciamento das finanças tem impactado como um
fator obstaculizador para a consolidação da gestão democrática.

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Referências

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Revista de Administração Educacional, Recife, V. 1 . Nº 2 . 2016 jul./dez 2016 p.17-35

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