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002
Gestão dos recursos escolares: pequenos detalhes, grandes desafios
Resumo
A maneira de aprendizado e de ensino nos dias atuais é indispensável para a construção de
uma sociedade melhor e estruturada, assim a gestão escolar ocasiona grande responsabilidade
sobre o gestor, sendo necessário esmiuçar os recursos e informações assegurando a eficiência
e eficácia em sua gestão, já que alguns fatores são capazes de fomentar o enfraquecimento na
qualidade do ensino. Com esta óptica, o presente trabalho tem como objetivo expor os
aspectos positivos e negativos que enternecem na gestão aplicada pelos municípios,
apresentando coeficientes que possam auxiliar através da busca do entendimento quanto
a alguns dos principais traços ou estruturas da gestão predominantes nas escolas municipais
um ensino e ambiente de qualidade, adicionalmente é apresentado um dos principais recursos
de âmbito federal de repasse ao sistema de ensino e sua administração.
003
1 Introdução
004
Ele foi criado em 1995 pela União e repassa os recursos federais com o objetivo
principal: prestar assistência financeira, às escolas públicas da educação básica das redes
estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial,
mantidas por entidades sem fins lucrativos e registradas no Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS).
Sendo o gestor escolar o responsável na promoção do trabalho em conjunto dos
valores, qualidade e concepções de todos os implicados nas ações que compõe o universo
escolar, para o alcance das metas, que não devem ir de encontro a educação.
Ainda que o gestor escolar seja responsável pela organização e administração de tudo
que diz respeito ao contexto escolar, este depende, para um bom desempenho de suas funções,
de políticas públicas favoráveis e de recursos disponibilizados pela Administração Pública
Municipal e pelo Ministério da Educação através do PDDE (Programa Dinheiro Direto na
Escola) sendo este o único recurso que vem direto para a escola, utilizado para manutenção,
custeio e capital, além de mencionar o quão importante é o reconhecimento e compreensão
das imprescindibilidades quanto ao universo em que a comunidade e a escola estão
entremeadas.
Assim, o objetivo do presente artigo é avaliar e conhecer as peculiaridades e práticas
estruturais da gestão predominantes nas escolas municipais públicas. Desenvolvendo o
conceito de uma gestão de qualidade, além de suas obrigações junto ao objetivo e aplicação
dos recursos escolares, tal como a identificação das práticas estruturais mais presentes nas
escolas municipais públicas.
Para analisar os fatos do ponto de vista empírico explorando os objetivos a alcançar,
com a finalidade de confrontar a visão teórica com os dados da realidade, torna-se necessário
traçar um modelo conceitual e operativo da pesquisa. Desenvolvendo o tema através de uma
pesquisa bibliográfica.
O desenvolvimento se refere ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais
ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação das
informações.
005
2 Referencial Teórico
006
Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento
direto e gratuito ao público.
As Escolas são unidades administrativa que se podem pertencer a estrutura
diferenciadas de acordo com a forma de governo ao qual está vinculada em especial quanto a
gestão de recursos financeiros, é importante que o gestor realize a gestão financeira numa
atitude consciente e comprometido com a realidade escolar, e perceba a gestão financeira com
uma de suas competências. A escola pública é parte integrante do sistema de administração
pública da educação e tem o dever de atender todas as obrigações legais, funcionais,
operacionais e de ordem hierárquica que cabem a ela.
3 Gestão Escolar
007
No âmbito da autonomia, o conhecimento específico sobre a condução das questões
financeiras na escola vai além do domínio de cálculos ou operações simples de verbas. Para
que haja eficiência na gestão dos recursos públicos destinados à educação. Os envolvidos, no
trato deles, deverão ter a compreensão macro do financiamento da educação,com recursos
como o PDDE e FNDE.
A Gestão do Sistema Municipal de Ensino, fundamentada no Plano Municipal de
Educação, compõe-se como um processo de articulação na construção e desenvolvimento da
Proposta Pedagógica das escolas de sua jurisdição.
A especificidade da organização educacional é encontrar/observar os aspectos
diferentes das demais organizações, determinadas pelos fatores que a caracterizam e tornam a
singular, diferentes das demais organizações, que são estes: a sua finalidade, estrutura
pedagógica, relações internas e externas que surgem dessa estrutura; e sua produção, que se
diferencia da produção em série, trabalhando a equidade social.
Um processo educacional e ação escolar, significa definir um projeto de cidadania e
atribuir uma finalidade à escola que seja congruente com aquele projeto.
De acordo com BUAS e PERRENOUD (2008. p161 apud, 2000.p103):
008
Os recursos financeiros podem ser utilizados para as seguintes finalidades: aquisição de
material permanente; manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar;
aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola; capacitação e
aperfeiçoamento de profissionais da educação; avaliação de aprendizagem; implementação de
projeto pedagógico; e desenvolvimento de atividades educacionais. O valor transferido a cada
escola é determinado com base no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou
na educação especial estabelecido no censo escolar do ano anterior ao do atendimento.
009
entidades privadas e provenientes da promoção de campanhas escolares, bem como
fomentar atividades pedagógicas da escola. (BRASIL, 1997b, p. 11).
Para que este repasse seja feito, faz-se necessário que a escola esteja em atividade,
possua o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Física) para que se constituam em órgãos
deliberativos com poderes de compra, tomada de preços e prestação de contas de acordo com
a situação, além disso, devem possuir conta bancária, dispor de unidade executora (UEx) e a
matrícula de todos os alunos devem estar efetivados na escola, de acordo com o código do
aluno no INEP – (Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa).
O referido programa ocupa papel estratégico nas escolas, redirecionando espaços de
participação como os conselhos de escola ou unidades executoras (UEx).
Esses repasses de recursos públicos federais são feitos através do governo federal às
escolas de acordo com o cálculo do número de alunos matriculados e informados no Censo
Escolar, tendo como data base o mês de Maio do ano anterior ao repasse do recurso
financeiro. E destinam-se a beneficiar as escolas na aquisição de material permanente; na
realização de pequenos reparos voltados à manutenção, conservação e melhoria do prédio da
unidade escolar; na aquisição de material de consumo; na avaliação da aprendizagem; na
implementação de projeto pedagógico e no desenvolvimento de atividades educacionais.
(FNDE, 2011).
O presidente do conselho deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) com o propósito de sistematizar, disciplinar e padronizar os procedimentos
administrativos no processo de aplicação dos recursos financeiros resolve:
010
Para a aquisição de materiais e bens e/ou contratações de serviços efetuados com o
repasse do PDDE as escolas estaduais do município adotam a pesquisa de preço e abrangem o
maior número de fornecedores e prestadores de serviço do ramo do bem a ser adquirido ou
contratado.
A pesquisa de preço tem por escopo a competitividade que evita exigências por parte
dos prestadores de serviços, no entanto, ela é realizada através das Unidades Executoras
(UEx) que em reunião com os membros e/ou representantes do colegiado escolar selecionam
os materiais e bens a serem adquiridos e/ou contratados para suprir as necessidades primárias
da escola de acordo com a finalidade do programa, e registram em ata todos os produtos e/ou
serviços escolhidos, sendo obrigatório a avaliação de no mínimo 03 (três orçamentos) para
evitar favorecimentos.
O repasse de recursos para administração direta das escolas é prática que vem sendo
paulatinamente implantada. É necessário ressalvar que a maior fatia dos gastos em educação
corresponde a pagamento de pessoal, sendo este realizado diretamente pelas mantenedoras.
Há também uma série de despesas que são realizadas diretamente pelas mantenedoras, tais
como aquelas com construção de escolas, manutenção de órgãos centrais da administração ou
serviços de transporte escolar. Ou seja, quando as escolas recebem repasses de recursos
públicos, em geral estes representam uma parte relativamente pequena dos custos da rede
escolar.
O PDE surgiu com várias intenções, uma delas foi a inclusão das metas de qualidade
para a educação básica, fazendo parte destas, no sentido de contribuir para que escolas e
secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos e consequentemente criem
uma base sobre a qual as famílias possam se apoiar para exigir uma educação de maior
qualidade.
Já o FNDE é repassado uma vez por ano e seu valor é calculado com base no número
de alunos matriculados na escola segundo o Censo Escolar do ano anterior. O dinheiro
destina-se à aquisição de material permanente; manutenção, conservação e pequenos reparos
da unidade escolar; aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola;
avaliação de aprendizagem; implementação de projeto pedagógico; e desenvolvimento de
atividades educacionais.
Todas as escolas públicas rurais de educação básica recebem também uma parcela
suplementar, de 50% do valor do repasse. As escolas urbanas de ensino fundamental que
011
cumpriram as metas intermediárias do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
estipuladas para 2007 também recebem essa parcela suplementar. De acordo com a pesquisa
feita em sites da internet e estudos em documentos pesquisados na prefeitura, os recursos
financeiros que a escola recebe são oriundos do repasse anual do PDDE é gerenciado pelo
conselho da escola.
012
responsabilidade junto a ela, que estão envolvidos e que trabalham para definir, de forma
consensual os valores, os objetivos, as prioridades delas e as ideias sobre como deve/pode ser.
A participação dos gestores escolares e dos secretários municipais de educação
manifestam e garantem uma compreensão de grande importância singular para de como se
articular as ações na unidade escolar com as provenientes da rede, em relação a
responsabilidade com a construção de uma educação com qualidade.
Nos desafios fomentadores de ações voltadas a melhoria dos processos e
aprendizagem, ao que se refere à gestão educacional, os gestores escolares dos municípios,
alvo desse estudo, enfatizaram como desafios a melhora do IDEB, junto a necessidade de
aproximar a escola e família, quanto a valorização dos profissionais, desta maneira auxiliando
para que desempenhem melhor as suas funções e realizem um trabalho com qualidade
oferecendo atendimento aos alunos com dificuldades.
Contudo, existem desafios à formação inicial e continuada dos professores
ressaltando a ausência de conhecimento perante os professores para trabalharem as
dificuldades no aprendizado dos alunos e necessidade de ampliação de especialistas na escola.
Importante destacar como desafio a manutenção do grupo de educadores atualizados
na área da educação e realizando encontros para planejamentos, avaliações das ações e
brainstorn para a melhoria do aprendizado.
Para construir uma escola é, essencial, desenvolver e colocar em prática tanto uma
concepção política, quanto uma concepção pedagógica que se realimentam e que se concretize
em sua Proposta Pedagógica. A concepção política se deve por motivos estabelecidos dela ser
a promovedora da ação transformadora da sociedade e concepção pedagógica, visto que, é ela
a essência da função escolar, a estrutura e os demais meios são definidos e
agrupados/administrados em função desse projeto.
Assim as diversas propriedades da gestão têm objetivo privilegiado, determinando a
sua finalidade pedagógica dispostas em meios que possibilitem sua. O parecer político do
Proposta Pedagógica Escolar, necessita de relações internas interpessoais sejam coerentes
com a filosofia de educação, que localiza o ser humano em um processo de emancipação.
Sendo assim, as relações interpessoais no processo educativo podem desenvolver-se
no eixo da horizontalidade, assim ultrapassando as relações de verticalidades criadas pela
hierarquia autoritária, podem estabelecer relações de reconhecimento dos iguais na condição
humana, com diferentes responsabilidades sociais e profissionais, respeitada a vocação
013
pessoal. As relações externas, de outro lado, procuram pela coerência da finalidade da escola
no ambiente em que trabalham, assim assegurando a dimensão pública da prática social na
educação.
As novas práticas a serem estabelecidas na rede de ensino municipal, pode se afirmar
que é mais do que necessário para assegurar a participação de todos, preparando a
comunidade para que seus membros se interessem e possuam conhecimento para exercer a
participação de maneira plena.
A educação brasileira avançou no sistema público de ensino através de investimentos e
financiamentos nos programas de incentivo à Educação, minimizando os problemas
educacionais e melhorando seu desempenho.
E, um desses programas de incentivo à Educação diz respeito ao PDDE, objeto da
pesquisa e, tem por objetivo, prestar assistência financeira, às escolas públicas de educação
básica, contribuindo para a garantia de seu funcionamento e melhoria na infraestrutura. Dessa
forma, as Escolas, ao final de cada ano, reúnem seus conselhos de escola para definir as metas
e elaborar o plano de aplicação da verba para o ano seguinte.
014
possa avançar em qualidade, igualdade e oportunidade, uma vez que as dimensões do Brasil.
Suas diferenças socioeconômico culturais exigem uma definição de um padrão mínimo de
qualidade para garantir a todos as condições igualdade na oferta de ensino.
Ao analisar a gestão da educação, seja ela desenvolvida no processo escolar ou no
sistema municipal de ensino, implica refletir sobre as políticas de educação, pois, há uma
ligação forte, na medida em que a gestão transforma metas e objetivos educacionais em ações,
dando forma e resultado nas direções estabelecidas pelas políticas, sendo importante a
presença do gestor como agente estimulador do trabalho em equipe, é importante que eles
adquirem a consciência da implantação da gestão democrática participativa com captação de
esforços e paciência, mas que é um dos fatores fundamentais na organização escolar e na
qualidade do ensino aprendizagem, possibilitando melhorias no universo escolar
consequentemente na educação.
Enfim a análise dos dados da pesquisa nos permite indicar novos estudos acerca de quais
são as reais necessidades das escolas públicas nos estados e municípios; de que forma os entes
federativos podem elevar os investimentos e financiamento da educação básica e como pode
ser feito o repasse de mais recursos financeiros pelo FNDE para suprir as necessidades das
escolas públicas.
Desta maneira, a partir da reflexão traçado ao longo do trabalho, é importante ressaltar
que apesar de o presente texto ter a gestão dos sistemas municipais de ensino e da escola
como foco privilegiado, políticas de educação surgem naturalmente como suporte às reflexões
apresentadas, como meios essenciais na busca de uma boa gestão resultando na qualidade de
ensino.
5 Referências
015
ARAÚJO, Alexandre Viana. Política Educacional e Participação Popular: um estudo sobre
esta relação no município de Camaragibe-PE. Recife: Universidade Federal de Pernambuco,
Programa de Pós-Graduação em Educação, 2003 (Dissertação de Mestrado).
FLORES, Maria Luiza R.; TOLEDO, Leslie (orgs). Da escola cidadã à cidade educadora: a
experiência de Porto Alegre. Porto Alegre. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Secretaria
Municipal de Educação. Páginas 11-17.
016
GADOTTI, M. Escola cidadã, cidade educadora: projetos e práticas em processo. In:
CONZATTI, Marli;
GIL; CARLOS, Antônio; 1946. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. © 1987 por
EDITORA ATLAS SA, São Paulo, v. 2002, n. 4 jul. 2002.
Natália Juliani De Carvalho; MARIOTINI, Sérgio Donizeti. Revista Unifafibe online, [SL],
mai. 2017. Disponível em: <
http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/cadernodeeducacao/sumario/
50/02062017210352.pdf >. Acesso em: 08 nov. 2018.
017
RESUMO
O
trabalho consistiu na busca
de informações sobre
programas do governo
estadual e federal que contemplam
GESTÃO DE
instituições com recursos financeiros e
RECURSOS FINANCEIROS o gerenciamento desses recursos, em
NA ESCOLA PÚBLICA E uma escola pública na cidade de
Estrela/RS. O principal objetivo foi
DESEMPENHO ESCOLAR
comparar a relação entre os
investimentos feitos pela escola pública
e o desempenho escolar dos alunos do
terceiro ano do ensino médio, usando
como parâmetro de avaliação a nota
geral da instituição obtida no Enem.
Analisou-se o montante de recursos
financeiros recebidos, o destino dado a
eles, suas aplicações, processos de
prestação de contas e os
procedimentos participativos que
envolveram sua gestão. A metodologia
utilizada foi a pesquisa bibliográfica,
com a análise de documentos e das
prestações de contas. Conforme dados
comparativos, concluiu-se que os
investimentos realizados com recursos
públicos, tiveram pouca significância
nos resultados dos estudantes, ou seja,
o montante aplicado não foi suficiente
para a melhoria das notas.
Palavras chave: Recursos financeiros.
Desempenho. Gestão.
018
INTRODUÇÃO
019
Segundo Paulo Nunes, Economista, Professor e Consultor de Empresas, sobre
gestão financeira no setor empresarial:
A gestão financeira é uma das tradicionais áreas funcionais da gestão
encontradas em qualquer organização e à qual cabem as análises,
decisões e atuações relacionadas com os meios financeiros
necessários à atividade da organização. Desta forma, a função
financeira integra todas as tarefas ligadas à obtenção, utilização e
controle de recursos financeiro. (NUNES, 2011)
A aplicação eficiente dos recursos públicos é um dos grandes desafios
para os gestores das escolas. Cabe a eles aplicar os mesmos de forma
responsável, com foco nos resultados positivos e na transparência, e também
buscar inovações das práticas escolares que estão correlacionadas a maiores
elevações no aprendizado dos alunos. Cada vez mais se observa a
necessidade de realização de estudos sobre a aplicação de recursos públicos,
para verificar onde estão os melhores resultados e a melhor utilização dos
mesmos. Acredita-se que avaliar a relação entre os gastos em educação e o
desempenho dos estudantes é uma forma de verificar se a aplicação de
recursos públicos está sendo eficaz, eficiente e efetiva.
Não se discute que existem diversos fatores que exercem influência nos
resultados do desempenho escolar, mas especificamente nessa análise
documentada, não está se levando em consideração outros fatores. O foco do
trabalho foi o levantamento da realidade da gestão financeira escolar,
buscando conhecer quais são os programas estaduais e federais que
transferem dinheiro ou materiais a escola, no que ela aplica o recurso, e se
esse investimento interferiu na nota de desempenho do aluno que prestou o
exame do Enem. Essa análise pretende esclarecer se os alunos desse
educandário que prestaram o Enem obtiveram resultados mais satisfatórios do
que seus colegas em anos anteriores. O período analisado para as
comparações compreende o ano de 2010 a 2015.
O referido trabalho terá a seguinte estrutura: iniciado pela introdução, no
desenvolvimento do estudo será abordado o sistema de avaliação, os
programas que destinam recursos financeiros e a gestão dos mesmos pela
comunidade escolar. Na sequência, o resultado da pesquisa e o método pelo
qual foi possível alcançar o resultado obtido no trabalho. Por último, a análise
dos dados e as considerações finais a partir da metodologia aplicada.
020
DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
021
O acompanhamento e o controle comprovam os resultados do trabalho
e evidenciam os erros, as dificuldades, os êxitos e os fracassos relativos ao
que foi planejado, implicando assim em uma análise profunda sobre o
planejamento futuro, concentrando-se sempre em uma margem de erro cada
vez menor.
O objetivo do trabalho não é sugerir qual o melhor meio de avaliação,
nem o modo mais satisfatório, considera-se que esse assunto tem vários
enfoques, visões e divergências, pois, trata-se de um assunto complexo. Aqui
queremos apenas comparar se com os investimentos financeiros feitos, houve
um melhor desempenho de alunos desse educandário no decorrer do período.
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o
objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica, ele
também é utilizado pelo governo para definir políticas públicas educacionais,
buscando contribuir para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade.
O foco principal da avaliação é verificar as competências e habilidades que o
aluno domina. O aluno deve demonstrar capacidade para interpretar gráficos,
textos, mapas e informações em diversas linguagens. O exame também
verifica se ao aluno é capaz de argumentar, solucionar problemas cotidianos e
práticos, elaborar propostas de intervenção na realidade e apresentar ideias
bem estruturadas.
A educação escolar brasileira conta atualmente com avaliações
nacionais nos três graus de ensino: O Saeb no ensino fundamental, o
Enem, no ensino médio, e o Provão, no ensino superior. (LIBÂNEO,
2009 p.203)
022
escola é inquestionável, seu funcionamento depende muito desses valores. A
exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e habilidades
impõe novas concepções de ensino, e com isso o aumento dos gastos nas
instituições. A maior parte das escolas recebe uma contribuição financeira em
forma de repasse do Poder Público Estadual. Esse recurso financeiro tem
como finalidade ajudar na manutenção das despesas que a escolas tem, para
manter o atendimento dos alunos durante o ano letivo.
Os recursos financeiros da educação no Brasil foram definidos
legalmente a partir da Constituição de 1934 (Art. 156), que trazia como
incumbência da União e dos municípios o dever de aplicar nunca menos de
dez por cento, e dos Estados e do Distrito Federal nunca menos de vinte por
cento da renda resultante dos impostos na manutenção e no desenvolvimento
do sistema educativo. A atual Constituição Federal de 1988 reiterou em seu
texto as vinculações dos recursos financeiros para educação (Art.212),
afirmando a obrigação da União em aplicar, anualmente, nunca menos de
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino
público.
“A União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências na manutenção e desenvolvimento de
ensino público.” (CF Art. 212 e LDB Art. 69).
023
recursos destinados a ela pelo poder público sejam gastos respondendo às
necessidades enfrentadas em cada instituição escolar.
Programas
024
estaduais. O termo “autonomia” significa capacidade do indivíduo de analisar e
avaliar determinada situação, tomando decisões próprias a seu respeito.
Através do NFG (Nota Fiscal Gaúcha), as instituições públicas de
assistência social, saúde e educação tem a oportunidade para se cadastrarem
no site com o intuito de receber recursos financeiros. Essas instituições são
contempladas com esses recursos de acordo com a pontuação obtida pelas
indicações dos cidadãos participantes do programa, quando estes fazem suas
compras e inserem o CPF nos cupons fiscais.
Desde 1998 o Estado do Rio Grande do Sul instituiu através da Lei nº
11.179, que a população define diretamente parte dos investimentos e serviços
que constarão no orçamento do Estado. Esse processo foi denominado de
Consulta Popular, anualmente o Governo fixa o valor submetido à deliberação
da população, sendo esse valor distribuído entre as 28 Regiões do Estado, de
acordo critérios como a população de cada região e o IDESE (Índice de
Desenvolvimento Socioeconômico). Definidos os valores para cada região, o
governo e os COREDES (Conselhos Regionais de Desenvolvimento)
organizam o processo de discussão em Audiências Públicas Regionais,
Assembleias Municipais e Fóruns Regionais. Nestes encontros, é construída
uma cédula de votação regional, a qual é submetida aos eleitores gaúchos
para votação. A escola participa desse processo e mobiliza a comunidade para
votar, sendo que os eleitores escolhem até quatro prioridades na cédula que
beneficiam a sua região.
Os recursos financeiros recebidos pelo FNDE/MEC (PDDE e PROEMI)
tem como unidade executora o CPM (Círculo de Pais e Mestres) e é o
presidente do mesmo e o diretor que assinam a prestação de contas. Os
recursos financeiros recebidos pelo Estado do Rio Grande do Sul são
assinados pelo diretor da escola e integrantes do CE (Conselho Escolar).
Uma das funções destinadas ao Conselho Escolar é a de fiscalização
das atividades pedagógicas, administrativas e financeiras da instituição. Ele é
composto por todos os segmentos que compõem a comunidade escolar, ou
seja, pais de alunos, professores, alunos, funcionários e direção.
025
O conselho de escola tem atribuições consultivas deliberativas e
fiscais em questões definidas na legislação estadual ou municipal e
no regime escolar. Essas questões, geralmente, envolvem aspectos
pedagógicos, administrativos e financeiros. (LIBÂNEO, 2009, p.340)
Gestão
026
A direção de uma escola deve ser exercida, tendo em conta, de um
lado o planejamento, a organização a orientação e o controle de suas
atividades internas, conforme suas características particulares, e sua
realidade. (LIBÂNEO, 2004, p. 33).
027
(...) a administração a ser exercida pelo gestor deve zelar pela
correta aplicação e pelo eficiente gerenciamento dos recursos
públicos, na forma da lei, sendo imperioso, ainda observar a
supremacia do interesse público e os princípios aplicáveis a
Administração pública. (CASTILHO, 2011, p 23)
Metodologia
028
escolar, os programas que destinam essa verba, os montantes recebidos, o
destino e a aplicação dos recursos que a escola lhe designou, além dos
processos de participação e decisão envolvidos em sua execução financeira,
usando a análise de documentos da prestação de contas e das Notas Fiscais.
Para se obter as informações referentes aos alunos, buscaram-se as notas do
exame do Enem, através do site do MEC-ENEM.
A maioria dos registros de arquivo é produzida para uma finalidade
específica e para um público específico que não a da investigação do
estudo de caso, essas condições devem ser avaliadas na
interpretação da utilidade e da exatidão desses registros. (YIN, 2010
p.132)
029
Análise de dados
Resultado da pesquisa
030
Tabela 1. Recursos recebidos do programa FNDE/PDDE
PDDE por ano Valor recebido Valor recebido
manutenção permanente
2010 R$ 4.604,70 R$ 4.604,70
2011 R$ 3.686,95 R$ 3.686,95
2012 R$ 3.291,47 R$ 3.291,47
2013 R$ 7.800,00 R$ 7.800,00
2014 R$ 5.680,00 R$ 1.420,00
2015 R$ 5.680,00 R$ 1.420,00
Fonte: CRE (Coordenadoria Regional de Educação)
031
Autonomia financeira é a verba que a Secretaria do Estado do Rio
Grande do Sul, destina mensalmente para a manutenção das escolas
estaduais. O valor recebido por mês dessa instituição em estudo é de R$
5.306,43, destes recursos, destinado para manutenção R$ 3.714,50 e para
investimento R$ 1.591,93 O material de manutenção é essencial para o bom
andamento do ambiente escolar, não sendo possível deixar de adquiri-lo ou
substituí-lo.
O NFG, PDDE e a Autonomia financeira os recursos desses programas
são utilizados em sua maioria para a conservação e manutenção da instituição
e do prédio.
Tabela 4. Recursos financeiro do Programa Nota Fiscal gaúcha
Nota Fiscal Gaúcha Valor
2010 R$ 12.422,85 (ginásio)
2011 R$ 10.582,19 (ginásio)
2012 R$ 7.296,28 (ginásio)
2013 R$ 5.022,59
2014 R$ 6.477,15
2015 R$ 2.840,54
Fonte: Site Nota Fiscal Gaúcha
032
No programa Consulta Popular, a instituição em questão foi beneficiada
no ano de 2012 com R$ 90.000,00 para a conclusão do Ginásio esportivo.
Todo o projeto, licitação e obra foram planejados e executados pela CRO
(Coordenadoria de Obras), a escola não interferiu nesse processo. Esse
recurso beneficiou todos os alunos da instituição com um local apropriado para
as aulas de Educação física e para os eventos festivos promovidos pelo
educandário. Em 2013 a escola foi beneficiada com 30 aparelhos de
computador para montagem do laboratório de Informática, tendo os mesmos
vindos diretamente do governo estadual. Em 2014 a escola então recebeu a
quantia de R$ 10.000,00, que foi investido em mobiliários para a biblioteca. Em
2015 a escola recebeu vários equipamentos.
Paralelamente, nesses três anos as notas dos alunos no exame do
Enem sofreram um declínio, o que se faz acreditar que não tem importância o
investimento que a escola faça, pois não se traduz em melhor desempenho
escolar.
Tabela 6. Resultado do Exame do Enem por ano.
Ano Média total das notas por ano
2010 558,96
2011 524,17
2012 537,00
2013 529,87
2014 514,35
2015 534,28
Fonte: MEC/ENEM
033
Tabela 7. Total de valores recebidos
Ano Valor para Valor para Total dos Média total
manutenção permanente recursos
2010 R$ 49.178,70 R$ 23.710,86 R$ 72.889,56 558,96
2011 R$ 58.760,95 R$ 27.290,11 R$ 86.051,06 524,17
2012 R$ 47.865,47 R$ 22.394,63 R$ 70.260,10 537,00
2013 R$ 57.396,59 R$ 26.903,16 R$ 84.299,75 529,87
2014 R$ 67.231,15 R$ 35.023,16 R$ 102.254,31 514,35
2015 R$ 51.094,54 R$ 25.523,16 R$ 73.617,70 534,28
Fonte: autora
1 Papel A4, tesoura, clips, grampos, fita adesiva, calculadora, cola quente, apagador, canetão
para quadro branco, pincel atômico, perfurador, toner, cartuchos, telefone,etc.
2 Desinfetante, limpa classe, papel higiênico, papel toalha, copos descartáveis, alvejante,
álcool, sabão, sabonete líquido, vassouras, baldes, rodos, guardanapos, cera, lixeiras, pás.
3 Cimento, areia, pregos, tábuas, tijolo, parafuso, telhas, tinta, vidros, lâmpadas, reatores,
materiais esportivos.
4 Luvas, toucas, sapatos, botas de borracha.
5 Pedreiro, eletricista, marceneiro, encanador, pintor, técnico em informática, eletrônico.
6 Máquinas, equipamentos, móveis.
034
estadual com as notas obtidas pelos alunos. A responsabilidade do Ensino
médio é do poder público estadual, e com base na tabela podemos verificar
que não houve reajustes dos valores durante os anos. Pode-se afirmar que se
não houvesse os recursos financeiros vindos de outros programas, a instituição
permaneceria somente mantendo o básico para o funcionamento da mesma,
não seria possível fazer maiores investimentos, pois o valor repassado pelo
estado não teve alterações, não levando em conta nem a inflação do período.
Diante de todas as inovações tecnológicas a escola pouco pode investir em
equipamentos, também deixou a desejar na formação dos docentes que
necessitariam de aperfeiçoamento para o domínio das mídias.
A partir desses dados coletados trabalha-se com a hipótese de que,
além desses fatores mencionados existem outros que exercem influência no
desempenho do aluno. Em relação aos recursos financeiros, em uma primeira
hipótese pode-se considerar que insumos escolares têm pouca ou nenhuma
influência sobre o desempenho educacional. Também se pode considerar a
hipótese de que os recursos que efetivamente chegam às escolas possam ser
menores que os gastos previstos, em função do desvio de finalidade, com
alocação para usos diferentes dos que foram destinados.
Como segunda hipótese pode-se imaginar que o valor investido seja tão
pouco que não faz muita diferença, haja vista a necessidade de melhorias
estruturais e tecnológicas que se fazem necessárias. Além disso, não foi
abordado nesse trabalho a qualificação e o desempenho dos docentes para
melhoria da educação.
Pode-se trabalhar com a terceira hipótese de que o parâmetro de
avaliação dos alunos, através do Enem, não seja o modo mais correto de
avaliar, pois esse método é realizado em nível nacional e não consegue
contemplar as peculiaridades de cada região, devido à diversificação cultural.
Com o término dessa análise, a sugestão deste trabalho é propor ao
poder público uma reflexão mais ampla em torno da situação referente ao
repasse dos recursos financeiros, para que os gestores tenham como oferecer
um ensino de qualidade e a todos os envolvidos com a educação.
035
CONSIDERAÇÕES FINAIS
036
não faz investimentos na área e também não aumenta o valor do repasse para
que a escola possa fazer.
Muitos parâmetros ainda carecem de estudo e análise. Nesse trabalho
não foram abordado temas como desempenho e qualificação do professor, ou
motivação e condições sociais do aluno. O trabalho descrito aqui apenas
comparou investimentos com desempenho escolar. O objetivo do mesmo é de
ser uma ferramenta auxiliar para a comunidade escolar futuramente aplicar o
recurso financeiro, visto que a administração financeira não é um caso isolado
dos demais processos que compõem a escola, pois não basta elaborar um
orçamento correto se não conseguir avaliar os dados nele contidos. Segundo
Gitman (2012) destaca que a administração financeira é orientada por
objetivos, sendo que cada organização possui os seus. Em essência, melhorar
a educação é um processo de aprendizado baseado em um diagnóstico dos
problemas e na avaliação contínua dos resultados.
037
REFERÊNCIAS
038
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas.
2008.
NETO, Alexandre Assaf, Mercado financeiro. 11. ed.. São Paulo: Atlas. 2012.
039
POLO, José Carlos. Autonomia de Gestão Financeira da Escola. In.
RODRIGUES, Maristela Marques, GIÁGIO, Mônica (orgs.) PRASEM III – Guia
de Consulta. Brasília, FUNDESCOLA MEC. 2001, p.279-293
040
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA NA PERSPECTIVA
DO PROFESSOR PDE
041
RESUMO
042
escolar, visando às transformações positivas tanto no campo pedagógico como
no campo administrativo.
INTRODUÇÃO3
043
ambiente das reuniões em datas específicas ou dos sites institucionais, mas
vinculado a outros momentos do cotidiano escolar.
O recorte do estudo, ora apresentado, enfocou a origem e a destinação
do Fundo Rotativo, criado pela Lei Estadual nº 10.050, de 16 de julho de 1992,
verba repassada pelo governo do Estado e pelo Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE), programa criado e mantido pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), em 1995, para a melhoria da
infraestrutura física e pedagógica das escolas com vistas a reforçar o processo
de autogestão escolar nos âmbitos: financeiro, administrativo e didático. Esse
último programa busca a elevação dos índices de desempenho na esfera da
educação básica.
A importância desse estudo é refletir sobre a gestão democrática da
escola pública e também sobre a forma de acesso às informações financeiras,
incentivando a maior participação da comunidade escolar nas Instituições
Colegiadas, no que tange ao acesso às informações sobre os recursos
financeiros e sua aplicação pela escola. A expectativa em relação à abordagem
desse tema é de que contribua para despertar o interesse e a criticidade dos
participantes em relação à relevância de se conhecer e debater a gestão
financeira da escola da qual fazemos parte.
Isso porque, na visão atual, a escola se constitui não apenas como um
espaço de transmissão do conhecimento, mas como um local de interação
durante o processo de ensino e aprendizagem, unindo não somente o corpo
docente e alunos, como também todos os demais envolvidos, direta ou
indiretamente nesse processo.
Além de uma atuação conjunta entre os vários segmentos que compõem
a instituição de ensino, cabe também destacar que os avanços no campo
tecnológico são outro fator importante para a conquista de melhorias na
qualidade da educação hoje ofertada.
Contudo, esse aspecto tecnológico ainda não está bem implementado e,
até mesmo, bem conhecido por parte de todos os profissionais atuantes na
educação. Há ainda vários desafios a serem superados em termos de
acessibilidade e proficiência na utilização dos recursos tecnológicos, conforme
aqui reforçamos, por parte de todos os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem.
044
Assim sendo, a postura de um gestor engajado e responsável é a
daquele que sempre está disposto a aprender e a repartir esse aprendizado
com todos aqueles que estão a sua volta. O gestor de escola, no contexto
moderno, deve atuar como um multiplicador de ideias e ações que diminuam
as distâncias entre o conhecimento ofertado e aqueles que ainda não o detêm.
Outro desafio é gerir a escola de forma a atender as novas
necessidades que a atual ordenação social traz para a escola: desestruturação
familiar, violência, sexualidade, preocupação ambiental, respeito às
diversidades, inclusão social, cidadania e formação para o mundo do trabalho.
Diante desse contexto, esse projeto é primordial para que o gestor
escolar possa balizar suas ações e, ao mesmo tempo, discutir com sua
comunidade a origem dos problemas vivenciados dentro do âmbito da escola,
assim como, tomar em conjunto com a instituição as possíveis medidas
solucionadoras desses mesmos problemas.
Dessa forma, este artigo discute a origem e a destinação dos recursos
financeiros no contexto escolar, tendo em vista que a comunidade escolar deva
ter mais conhecimentos acerca dos recursos repassados pelos governos,
federal e estadual para contribuir no processo de execução dos mesmos pela
perspectiva de uma gestão democrática.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
045
Por isso no que tange à transparência da gestão escolar, as ferramentas
tecnológicas podem servir como instrumento necessário à ampliação do
conhecimento de todos e da melhoria nos resultados do processo de ensino e
aprendizagem. Sobretudo, no aspecto financeiro, tornar assim acessíveis as
informações sobre a origem e a destinação de recursos é um meio prático,
democrático e rápido para que a comunidade escolar acompanhe e fiscalize
essa dinâmica. Para tanto, poderá ser proposto, por exemplo, a criação de um
site direcionado à comunidade escolar, o qual se destinaria à disponibilização
de acesso a tais informações.
É fundamental importância a orientação dos parâmetros que nortearão a
construção, a efetivação e a avaliação das ações colocadas em prática, pois
esta apontará a linha de trabalho a ser seguida, bem como, os princípios
éticos, filosóficos, legais e constitucionais que regulamentam e normatizam o
andamento de todo o processo.
Segundo Cunha (2005), o termo democracia, no Brasil, é algo que está
mais circunscrito ao campo das ideias do que propriamente ao das realizações.
Essa visão justifica-se no aspecto histórico da implantação do regime
democrático no país, em que cronologicamente, em todos os períodos,
parcelas da população eram impedidas de exercer sua cidadania
democraticamente, dentre as quais se destacavam escravos, mulheres e
analfabetos.
No entanto, uma nova mentalidade no país começa a ser criada e a por
em prática novas ações, as quais deram início à desconstrução de concepções
já ultrapassadas. Nessa nova perspectiva, Luck et al (1998, p. 13) destacam o
aparecimento de uma mudança no campo educacional “em favor da
descentralização e da democratização da gestão das escolas públicas iniciado
no princípio da década de 1980”.
De acordo com esse movimento, além da democratização, também se
visa o aprimoramento da qualidade do ensino. Suas bases sustentam-se em
três princípios básicos: participação da comunidade escolar na eleição dos
gestores da escola; criação de instâncias colegiadas e de um conselho escolar
com poderes deliberativos e decisórios; repasse de recursos financeiros
diretamente às escolas e, consequentemente, o aumento de sua autonomia.
046
No que concerne aos recursos financeiros, sua origem, destinação e
efetiva aplicação, é fundamental ter em mente que a principal fonte de
arrecadação da receita pública provém dos tributos pagos pela população para
satisfazer as suas necessidades básicas nas áreas: educacional, de saúde,
transportes, trabalho e emprego, ambiental, cultural, seguranças e demais
áreas de prestação de serviços à coletividade. (MADZA; BASSI, 2009).
Portanto, a população pode e deve acompanhar o que determina a
legislação sobre os mecanismos de oferta e financiamento, para realmente ter
acesso a uma educação de qualidade, baseada em uma efetiva gestão
democrática.
Com relação a essas condições de financiamento da educação pública,
assim afirma Marques:
047
A autonomia escolar se dá pela atuação co-participativa do gestor
escolar e das Instâncias Colegiadas quanto à administração dos recursos
recebidos do Governo Federal e Estadual. Da mesma forma co-participativa e
sob gerência administrativa do gestor, também, a escola possui autonomia
quanto à aplicação desses recursos destinados à preservação, manutenção e
aquisição de materiais, conforme as necessidades da escola.
Segundo PARO (1998), a autonomia administrativa precisa ser vista
atentamente para não haver confusão entre descentralização de poder com
“desconcentração” de tarefas, e da mesma forma, não tomar o sentido de
autonomia como abandono e privatização.
A descentralização do poder se dá na medida em que se
possibilita cada vez mais aos destinatários do serviço público
sua participação efetiva, por si ou por seus representantes, nas
tomadas de decisão. Para que isso aconteça, no caso de
ensino público, não basta a concentração das atividades e
procedimentos de cunho meramente executivo, como vem
acontecendo. É necessário que a escola seja detentora de um
mínimo de poder de decisão que possa ser compartilhado com
seus usuários com a finalidade de servi-los de maneira mais
efetiva. (PARO, 1998, p. 77).
048
perto o andamento de cada setor para poder solucionar obstáculos ou
deficiências existentes. Para isso, também é fundamental que o gestor haja de
acordo com a responsabilidade que lhe é atribuída e mantenha sempre
atualizados os dados do Sistema Estadual de registro escolar (SERE) e Censo
escolar, pois eles refletem os dados que possibilitam à SEED e aos demais
órgãos competentes definir ainda o porte da escola e a quantidade de
profissionais necessários, a abertura ou fechamento de turmas, assim como o
montante de recursos destinados à escola.
Um gestor e uma comunidade escolar omissa ou displicente somente
farão agravar, ainda, mais os índices de insucesso no processo de
aprendizagem, contribuindo para o aumento das taxas de abandono e
repetência.
Uma crítica, porém, faz-se necessária ao sistema administrativo ao qual
a escola está subordinada junto à Secretária de Estado da Educação: a
lentidão nas avaliações de processos para reformas ou ampliações dos prédios
escolares.
Contudo, gerir uma instituição de ensino é mais do que supervisionar, é
também importante que o gestor faça um trabalho constante de
conscientização junto à comunidade escolar sobre a boa utilização dos bens
públicos, tanto os de consumo quanto os permanentes. Isso reduzirá os custos
e incidirá em futuras aquisições.
A parceria entre o gestor e a comunidade escolar é fundamental para
que muitos projetos se tornem realidade, contrastando com a lentidão dos
processos burocráticos que tramitam por variados setores até que se obtenha
uma resposta final, a qual muitas vezes não corresponde às expectativas da
comunidade escolar. E também em decorrência dessa parceria, que tem como
princípio uma gestão democrática, tem-se a melhoria das condições de ensino
ofertado na escola, assim como no maior interesse e satisfação de todos os
envolvidos nesse processo.
049
O referido trabalho fundamentou-se na elaboração de uma unidade
didática com encaminhamentos ao professor e às instâncias colegiadas, na
qual foram discutidas informações pertinentes à gestão dos recursos
financeiros, bem como mecanismos de ampliação da divulgação destas,
esperando despertar a maior participação da comunidade escolar. Ao todo
foram ministradas 32 aulas, divididas em quatro etapas a seguir descritas.
A aplicação da unidade didática foi destinada aos diversos segmentos
institucionais, e dessa forma, foi possível divulgar tais informações a um
número expressivo de pessoas. Para a realização do projeto, houve o
envolvimento direto e indireto de diversos profissionais da escola: professores,
alunos, equipe pedagógica, direção, funcionários administrativos, bibliotecários,
atendentes de pátio e pais. Vale ressaltar que, algumas vezes, foi necessário
ocupar outros espaços da escola, e não somente a sala de aula. Além disso,
diversos recursos materiais foram utilizados: computadores, data show,
máquina fotográfica e aparelho de som.
A 1ª etapa, com carga-horária de 2 horas aulas, foi dirigida às instâncias
colegiadas, em formato de miniaudiências, nas quais se buscou explicar o que
seria o projeto, as motivações que lhe deram origem, sua pertinência e como
este seria desenvolvido. Para facilitar sua implementação, o projeto foi dividido
entre segmentos de representantes das instâncias colegiadas (professor,
alunos do ensino médio, agente educacional e comunidade de pais e
familiares). Porém, depois, houve novos encontros coletivos. Além disso,
paralelamente a partir da 4º etapa, houve a implantação do site 4da escola para
a execução do projeto, no qual, no mínimo um representante de cada
segmento foi convidado a participar de um Fórum de discussão e enquetes.
Essas leituras foram necessárias, no sentido de melhor conhecer a linha de
estudo, o que pensam os estudiosos sobre o assunto e como se dá a
distribuição e aplicação dos recursos financeiros da educação pública.
Na segunda etapa, deu-se início ao trabalho individualizado com as
Instâncias Colegiadas: Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, APMF e também,
com os Professores, Funcionários e Equipe Pedagógica. Para tanto, o aporte
teórico foi a leitura e a análise dos capítulos: 1 A origem dos recursos da
educação: a tributação desigual e injusta da renda e da riqueza; e 2 A
050
legislação relativa à educação e ao seu financiamento, do livro Bicho de Sete
Cabeças (Mazda; Bassi, 2009), o qual discute sobre o financiamento da
educação brasileira e o tema proposto neste projeto, bem como, o
envolvimento responsável de todos. As leituras das teorias que serviram de
base para o desenvolvimento do projeto aconteceram em etapas.
Tal estudo foi realizado pelos participantes de modo presencial e
também à distância, pela divisão dos capítulos do Livro Bicho de Sete Cabeças
para leitura, com a qual se objetivou levar ao conhecimento dos envolvidos a
origem dos recursos que financiam a educação pública.
Inicialmente, buscamos a compreensão da leitura individualizada, na
sequência, procedemos a leitura no grande grupo. Todos realizaram as
leituras solicitadas, no sentido de se embasar com criticidade as discussões. O
tempo destinado a essa etapa de leituras foi de 10 horas, subdivididas entre as
instâncias colegiadas.
Na 3ª etapa, após o término das leituras dos capítulos 1 e 2 do livro de
referência e, ainda, em instâncias separadas, demos início ao trabalho de
exposição e análise crítica do livro fazendo uma relação entre a teoria e a
prática vivenciada na escola. Os integrantes de cada grupo realizaram a
exposição da leitura de cada capítulo. Em seguida, sob nossa mediação, foram
orientados a estabelecer uma relação entre o conteúdo lido e a prática
vivenciada. Na sequência, os mesmos foram questionados se houve mudança
na sua concepção em relação ao financiamento educacional. O tempo
destinado à realização dessa etapa foi um total de 15 horas, divididas entre os
grupos participantes.
Na 4ª etapa, iniciamos o trabalho com a exposição do site, no qual
objetivou publicar, de modo acessível, a consulta aos valores recebidos pela
verba do Fundo Rotativo e a quantidade de parcelas destinadas à escola,
durante o ano. Com isso, demos continuidade ao que foi proposto no projeto de
Intervenção Pedagógica. Portanto, foi fundamental, a realização de cinco
encontros, que totalizaram cinco horas, para prestar esclarecimentos sobre
como acessar as informações referentes à escola disponíveis nesta página
eletrônica.
Na 5ª etapa, ocorreu a execução da página eletrônica. Cada grupo, a
sua maneira, deveria participar das discussões propostas pelo professor PDE,
051
apresentando suas opiniões, interagindo com os demais participantes e
propondo sugestões. Ao final deste processo, o professor fez as intervenções
necessárias, o que totalizou uma carga horária de 10 horas.
Na 6ª etapa, realizamos um encontro coletivo e presencial, com a
participação de alguns alunos do 3º ano e a professora de Literatura, no qual
foi feita a abordagem do assunto pelo viés literário, por meio da leitura e
análise do livro “Relatório” do escritor modernista Graciliano Ramos. Nesse
momento, propomos uma representação teatral envolvendo o tema: Gestão de
Recursos Financeiros. A duração dessa etapa foi de 3 horas. As atividades
para produção do roteiro e ensaio da peça teatral foram desenvolvidas em
contraturno, em um total de 14 horas. A peça foi apresentada a toda
comunidade escolar, como forma de divulgação do projeto.
Na 7ª etapa, com o propósito de socializar e enriquecer o conhecimento,
realizamos uma audiência coletiva, na qual discutimos com o grande grupo
todas as questões relativas à gestão democrática e ao acesso às informações
sobre o financiamento educacional brasileiro. Levamos sempre em
consideração a construção de uma consciência crítica sobre de que forma
essas questões nos dizem respeito. O tempo de duração desta etapa foi de 3
horas.
Na 8ª etapa, realizamos o encerramento do projeto e a apresentação de
uma peça de teatro com alunos do Ensino Médio sobre o tema estudado. O
evento teve 2 horas de duração.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
052
noturno e foram organizadas por série e turno. Pelo que pudemos avaliar, os
pais demonstraram-se bastante interessados, sempre participando com
perguntas e proposições. Quanto à escola, recebemos todo o apoio necessário
em todos os segmentos.
A socialização do projeto atingiu quase a totalidade das cerca de 3000
mil pessoas que cotidianamente participam, direta ou indiretamente, de nossa
vivência escolar, mesmo que nem todas consigam compreender na íntegra a
essência deste projeto, pois cada pessoa é singular e subjetivo em suas
interpretações.
Conforme era esperado, de fato, esse tema contribuiu para despertar o maior
interesse e a criticidade dos participantes em relação à relevância de se
conhecer e debater a gestão financeira da escola da qual fazem parte. Outro
ponto importante desenvolvido neste trabalho foi o fornecimento de
ferramentas, tais como, reuniões sistemáticas em formato de mini audiências e
incentivo à comunidade escolar a consultar o site, para que esta possa
participar ativamente e debater a questão da gestão financeira da escola
pública. Além disso, os mecanismos empregados durante todo o processo
foram bastante satisfatórios no sentido de democratizar a disponibilização de
acesso à prestação de contas da escola e ao nome dos membros da APMF e
do Conselho Escolar.
Com este projeto podemos reafirmar nossa crença de que é possível
incentivar a maior participação da comunidade escolar nas Instituições
Colegiadas e no interesse pelo acesso às informações sobre a origem dos
recursos financeiros e sua aplicação pela escola, ainda que se encontrem
muitas resistências ou comodismos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
053
gestão democrática. Isso ocorre, não só porque alguns gestores não divulgam
as informações para a comunidade, mas também porque algumas pessoas não
querem se envolver, por não julgarem esse tipo de informação importante ou
por confiarem plenamente em seus gestores.
A escola pública que se almeja é uma escola aberta à participação
coletiva no seu processo de gestão. É, portanto, fundamental abrir suas portas
para que as instâncias colegiadas possam dispor de meios para que os
participantes possam de fato exercer a gestão democrática, participando
criticamente das decisões da escola, em especial da gestão dos recursos
financeiros.
REFERÊNCIAS
054
Autoridade e autonomia na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1999.
055
ADMINISTRAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS NO CONTEXTO DA
GESTÃO DEMOCRÁTICA
Resumo
056
Introdução
Uma parte considerável dos brasileiros não se interessa pelas finanças públicas,
consideram-nas complexas e difíceis de entender, entretanto, nota-se o aumento de
exigências da participação social com relação ao controle e transparência na gestão
pública, bem como ao acompanhamento e fiscalização de gastos neste setor.
Essa ideia também é válida ao financiamento da educação pública. É recorrente o
julgamento de que os recursos direcionados à educação não são utilizados de maneira
coerente faltando fiscalização e controle que viabilize a sociedade uma clara visão da
origem e destino desses recursos. Não obstante, tanto a sociedade quanto os próprios
profissionais de educação muitas vezes desconhecem o seu papel nesse processo de
acompanhamento dos gastos públicos bem como a origem dos recursos, os instrumentos de
controle, as leis que os regulam e os deveres federais, estaduais e municipais.
A sociedade está em constante transformação, demandando no campo da educação
e em especial da gestão escolar, foco desse estudo, políticas e práticas cada vez mais
autônomas para a construção de uma escola que transita de um modelo estático para um
arquétipo dinâmico e participativo.
Segundo Souza (2009), muitos são os trabalhos, estudos e análises realizados no
campo da gestão escolar a fim de direcionar uma política educacional capaz de atuar direta
e eficazmente na divisão do poder e no fortalecimento de ações democráticas.
As políticas educacionais expressas no marco legislatório brasileiro sinalizam para
a gestão democrática. A Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases, as Diretrizes
Curriculares Gerais para a Educação Básica, dentre outras, elegem a gestão democrática
como princípio e fundamento da direção dos processos escolares, mediante órgãos
colegiados e representações que viabilizem a gestão compartilhada e participativa.
Nesse cenário, em especial a partir da década de 1990, a descentralização dos
recursos financeiros passa a ser incluída como uma alternativa viabilizadora para uma
gestão democrática, bem como, para desencadear processos de autonomia e participação da
comunidade escolar no planejamento, na aplicação e no acompanhamento da gestão
financeira da educação.
A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 prevê em seu artigo 15 que “Os sistemas de
ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram
057
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público”. Ou seja, a autonomia na
administração dos recursos financeiros é contemplada na legislação como meio para
ampliação da gestão democrática.
Será que essas orientações têm impactado às escolas promovendo um alargamento
da gestão democrática? Os gestores têm sentido abertura de espaços autônomos para
planejar e aplicar os recursos financeiros?
A partir desses questionamentos a presente pesquisa estabelece como objetivos
investigar o processo de gestão dos recursos financeiros na Escola Pública e avaliar o
impacto da autonomia na administração dos recursos financeiros para uma Gestão
Democrática.
Escolheu-se como abordagem a pesquisa qualitativa, na modalidade de um estudo
exploratório descritivo, envolvendo pesquisa bibliográfica sobre o tema e pesquisa de
campo em escolas públicas municipais de um distrito da Zona Sul de São Paulo. A coleta
de dados se deu por meio de questionário semiestruturado com questões abertas, aplicado a
onze diretores das escolas públicas de um distrito da Zona Sul do Município de São Paulo,
escolhidos segundo critério de acessibilidade.
058
A União aplicará anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da
receita resultante de impostos, compreendida e proveniente de
transferências na manutenção e desenvolvimento do ensino (CF Art. 212
e LDB Art. 69).
059
Valorização do Magistério) é substituído pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
Com o objetivo de garantir a universalização do ensino, o FUNDEF foi criado e
introduzido em todo Brasil a partir de 1998, por intermédio desse recurso, Estados e
Municípios começaram a aplicar 60% dos 25% da receita resultante de impostos no Ensino
Fundamental, baseando-se pelo número de alunos matriculados em cada rede de ensino
público. A contribuição significativa do FUNDEF na ampliação deste nível de escolaridade
mostrou a importância da discussão de subvinculação de recursos em outras etapas da
Educação Básica, de modo particular o Ensino Médio e a Educação Infantil (Vieira, 2009).
Em 19 de dezembro de 2006 foi aprovado pelo Congresso Nacional o FUNDEB,
através da Emenda Constitucional Nº 53, regulamentado pela Medida Provisória Nº 339,
de 28 de dezembro do ano supracitado e sancionado pela Lei Nº 11.494, de 20 de junho de
2007. A vigência do fundo é de 14 anos (até 2021), sua inserção foi gradativa de modo a
atingir todos os estudantes da Educação Básica pública presencial (creches, pré-escola,
ensino fundamental, ensino médio, educação especial e educação de jovens e adultos).
Outro recurso importante ampliado com a Emenda citada acima foi o Salário-Educação,
como podemos ver por meio do Artigo 212 da carta Magna:
060
A legislação brasileira reafirma a necessidade de uma escola autônoma, que
ressalte a importância dos profissionais de educação e da comunidade escolar na
participação em Conselhos Escolares ou equivalentes, estimulando a autonomia da escola.
Para garantir maior autonomia e melhor atuação dos gestores foram criadas duas
importantes fontes de recursos: o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), repassado
pelo Governo Federal e o PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros),
este repassado pelo Município, destinado às escolas municipais de Ensino Básico, que
constam do Censo Escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais, Anísio Teixeira (INEP/MEC), a partir de cálculos do ano imediatamente
anterior ao do atendimento.
O PDDE tem como objetivo repassar os recursos financeiros às escolas públicas da
educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas
de educação especial, mantidas por entidades sem fins lucrativos, visando a melhoria e
conservação da infraestrutura física e pedagógica das escolas e o reforço da autogestão
escolar nos planos financeiro, administrativo e didático, colaborando para elevação dos
índices de desempenho da educação básica.
A distribuição de recursos do PDDE é anual e destina-se a solver despesas de
manutenção, custeio e pequenos investimentos, sendo utilizados quando necessário em: a)
obtenção de materiais permanentes; b) manutenção, conservação e pequenos reparos da
escola; c) compra de materiais de consumo necessários ao funcionamento da unidade
escolar; d) avaliação de aprendizagem; e) execução de projetos pedagógicos; f) enriquecer
as atividades educacionais; g) andamento das escolas nos finais de semana; h)
implementação do Projeto de melhoria da Escola (Vieira, 2009).
O PTRF foi instituído através da Lei nº 13.991, de 10 de junho de 2005, pela
Secretaria Municipal de Educação – SME do Município de São Paulo, com a finalidade de
assegurar maior autonomia às Unidades Educacionais, por intermédio da transferência de
recursos consignados no orçamento municipal, às Associações de Pais e Mestres (APMs).
Os recursos transferidos às Unidades Educacionais devem ser aplicados na aquisição de
material de consumo e permanente, na manutenção das instalações físicas, na contratação
de serviços, no desenvolvimento das atividades educacionais e na implementação do
Projeto Pedagógico, objetivando a melhoria das Instituições de Ensino.
Desde 2008 está em vigor a Portaria SME nº 1505, de 13/03/08, que define a base
de cálculo, periodicidade e orientações para execução do Programa. A cada repasse serão
061
23
destinados 80% (oitenta por cento) para despesas de custeio e 20% (vinte por cento) para
capital (Manual do PTRF, p. 12).
Segundo o § 1º do artigo 12 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964,
consideram-se como despesas de custeio os recursos para a manutenção de serviços
anteriormente criados e o atendimento a obras de preservação de bens imóveis. Pela
Portaria 146/06, amparada pala Portaria Federal nº448/02, são definidos como materiais de
consumo aqueles que em decorrência do seu uso normalmente perdem sua identidade física
e/ou tem sua utilização restrita a dois anos (Manual do PTRF, p. 19).
A despesa de capital é aquela que assegura o aumento do patrimônio do órgão ou
entidade, possibilitando a obtenção de bens permanentes. De acordo com a Portaria Federal
nº 448/02, ratificada pela Portaria da Secretaria de Finanças do Município de São Paulo nº
146/06, define como bem permanente aquele que, em decorrência de seu uso, não perde a
identidade física, e/ou é durável por um tempo superior a dois anos (Manual do PTRF, p.
19).
A gestão escolar democrática deve ser compreendida como um processo político,
onde as pessoas atuantes na escola possam identificar os problemas, discutir, planejar,
deliberar, controlar e avaliar melhores soluções e ações para o desenvolvimento da escola.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394/96), em seu Artigo 14,
regulamenta:
Segundo Cury (2007), Gestão, termo que provém do latim tem em seu significado:
carregar, levar sobre si, exercer, gerar. Refere-se à gestação, ação de trazer algo novo
062
dentro de si. É antes de tudo a busca de novos caminhos que dialoguem com as
necessidades reais da escola e estejam em consonância com a sua democratização.
Com a mesma importância, Lima (2000), trata a gestão democrática como um
acontecimento político, de governo, diretamente estruturado com práticas e ações
democráticas. Refere-se a mecanismos voltados à educação política, criando e recriando
ações e alternativas mais democráticas no cotidiano escolar. Sem a participação das
pessoas na gestão da coisa pública, não há democracia.
Vale a pena examinar o tratamento dispensado pela Resolução Nº4, de 13 de julho
de 2010, Capítulo III, Artigo. 54:
063
Análise dos dados: a voz dos gestores
[...] apesar de ser os colegiados das unidades escolares (APM e CE) que
aprovam as prioridades dos recursos do repasse do Programa Dinheiro
Direto na Escola (PDDE) e Programa de Transferência de Recursos
Financeiros (PTRF), esses são regulamentados por leis específicas que
determinam em que cada repasse de verbas pode ser aplicado [...]. (E8)
064
scanner, datashow, móveis que estão fora do padrão da SME (armários e mesas),
microscópio, cortinas, caixa de som, fax, filmadoras, ar condicionado, microondas. Também
é permitida a aquisição de material para manutenção do prédio escolar como materiais de
elétrica e hidráulica, alvenaria, pintura, para manutenção de quadras, pátio, reparos no
mobiliário, nos equipamentos, aquisição de material de papelaria e para o desenvolvimento
das atividades educativas de uso coletivo, material de copa e cozinha. É vetada a utilização
dos recursos do PTRF na contratação de serviços de funcionários públicos, aquisição de
uniformes, pagamento de palestrantes, oficineiros, ONG’s, comemorações, pagamento de
passagens, aquisição de material de uso individual, compras via internet, entre outros.
Um grupo maior constituído, por seis entrevistados, reconhece uma autonomia
relativa, limitada e também citam as restrições estabelecidas na Legislação para uso dos
recursos:
Um dos dirigentes sentiu uma mudança, percebendo uma abertura de caminhos para
uma democratização da gestão financeira:
065
[...] A SME (Secretaria Municipal de Educação) tem a função de
descentralizar e repassar as verbas para as unidades, mas ainda decidem no
que as escolas podem gastar e no que eles não permitem que a escola gaste.
Esse aspecto ainda deixa a escola vulnerável, mas comparando com o
passado das escolas, estamos no caminho certo para autonomia. (E2)
Para uma educação de qualidade que garanta o acesso e permanência dos indivíduos
na escola faz-se necessária à gestão consciente e responsável dos recursos financeiros da
educação pública. Qual o conhecimento que os gestores têm do financiamento público da
educação?
Nesta temática os respondentes apresentaram um padrão semelhante de respostas.
Estão mais voltadas à administração dos recursos financeiros no âmbito da escola, não
abordando com profundidade fontes de onde provêm os recursos, formas de distribuição,
aspectos legais, o controle e o acompanhamento da aplicação dos gastos públicos e as
políticas sobre o financiamento da educação.
Ao referirem-se a gestão dos recursos financeiros na esfera escolar os diretores
demonstraram ter consciência do caráter participativo do planejamento e do uso dos recursos
financeiros. Foi recorrente a menção a órgãos colegiados como APM (Associação de Pais e
Mestres) e Conselho de Escola:
066
No início do ano o colegiado de pais, mestres e funcionários da escola
sentam junto com a gestão e em conjunto fazem um plano de ação com a
projeção de verbas que a Unidade irá receber. Este plano contempla a
aquisição de bens patrimoniais, manutenção predial, uso pedagógico,
impostos e outras tributações previstas em lei [...]. (E11)
Nesse ponto percebe-se uma convergência com a legislação. De acordo com a Cartilha
Conselho de Escola do Governo do Estado de São Paulo (2014), os Conselhos Escolares são
formados por representação, com a participação de docentes, especialistas de educação,
funcionários, pais e alunos e deve obedecer a seguinte proporção: 40% de docentes; 5% de
especialistas de educação (exceto diretor da escola); 5% de funcionários; 25% pais de alunos;
25% alunos.
O Conselho Escolar não atua como complementação na estrutura de poder da escola
nem possui caráter jurídico independente, ele se fundamenta na organização política da
comunidade escolar e local desempenhando o importante papel de decidir sobre a
organização política e pedagógica da escola em conformidade com a legislação brasileira em
vigor.
No plano das fontes dos recursos financeiros foi mencionado pelos respondentes o
PTRF e o PDDE:
067
e Capital, sendo consumo com material pedagógico preferencialmente para
desenvolver os projetos pedagógicos ligados ao PPP e pode-se ainda realizar
alguma manutenção estrutural no prédio ou mobiliário, e o capital com
material permanente voltado ao PPP ou à parte administrativa da entidade,
ex: comprar uma impressora. Temos ainda o PTRF - Programa de
Transferência de Recursos Financeiros, nos mesmos moldes do anterior,
cada escola recebe pela porcentagem entre consumo e capital, entre os 100%
da verba, o consumo é para parte pedagógica e manutenção e o capital para
adquirir bens duráveis. Ainda contamos com pequenas reformas pela DRE
(Diretoria Regional de Ensino) e grandes reformas pela PMSP (Prefeitura
Municipal de São Paulo) [...] (E2)
Percebe-se que nas falas houve uma menção às verbas, deixando uma lacuna quanto à
origem desses recursos.
Na educação pública, as principais fontes de recursos têm origem nas três esferas
governamentais: a União, que tem por responsabilidade aplicar anualmente no mínimo 18%,
o Distrito federal e os Estados e os Municípios que aplicam 25%, todas essas arrecadações
são provenientes da receita resultante de impostos.
Entre os anos de 1998 e 2006 o Ensino Fundamental foi a única etapa da Educação
Básica que contou com o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério) instaurado pela Emenda Constitucional N°
14/96, regulamentado pela Lei N° 9.424/96. A referida Emenda incorpora importantes
mudanças no financiamento da Educação Básica no final do ano de 2006 alargando fontes
antes exclusivas do Ensino Fundamental para toda Educação Básica.
A partir de 2007 o FUNDEF foi substituído pelo FUNDEB (Fundo de Manutenção e
068
desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que
terá vigência até 2021, sua distribuição de recursos é feita com base nas matrículas das redes
e abrange toda Educação Básica (creches, pré-escola, ensino fundamental, ensino médio,
educação especial e educação de jovens e adultos).
Desde 1995 foi criado pelo Ministério da Educação o Programa Dinheiro Direto na
Escola – PDDE, que “consiste na transferência pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) de recursos financeiros, consignados em seu orçamento, em favor das
escolas públicas do ensino fundamental das redes estadual, do Distrito Federal e Municipal,
destinados à cobertura de despesas de custeio, manutenção e de pequenos investimentos, de
forma a contribuir, supletivamente, para a melhoria física e pedagógica dos estabelecimentos
de ensino beneficiários” (art. 1°, resolução/CD/FNDE n° 003, de 27/02/2003) e
especialmente para garantir uma gestão mais democrática dos recursos financeiros.
O PTRF (Programa de Transferência de Recursos Financeiros) foi criado no
município de São Paulo por meio da Lei n° 13.991, de 10/06/2005, regulamentado
recentemente pela Portaria 1505/08, com o objetivo de ampliar o processo de autonomia dos
gestores e fortalecer a participação da comunidade escolar nas unidades de ensino. Segundo a
legislação os recursos do PTRF destinam-se às despesas de Custeio (para a aquisição de
material de consumo, contratação de serviços e pagamentos de tarifas bancárias, manutenção
de equipamentos e conservação das instalações físicas) e de Capital (para a aquisição de bens
permanentes e pequenos investimentos que contribuem para o bom funcionamento da
Unidade Escolar).
O planejamento por parte das escolas é imprescindível, os programas já citados, PTRF
e PDDE passaram a garantir que as escolas atuem mesmo que muitas vezes de maneira
insatisfatória com mais autonomia na resolução de problemas imediatos que não eram
resolvidos pelo poder público, além de favorecer maior intervenção das escolas em tarefas
cotidianas. Essas ações oportunizam a escola uma gestão mais democrática dos recursos
financeiros, maior participação da comunidade escolar na tomada de decisão e a utilização
desses recursos nas prioridades das unidades escolares.
Uma das entrevistadas apresentou o detalhamento e gerenciamento do PDDE da
seguinte forma:
069
(Escola Acessível). Pesquisamos 3 orçamentos para cada tipo de gasto,
estabelecido em ata e fazemos a aquisição do que tiver menor preço. Em
reunião apresentamos a prestação de contas a todos os membros do Conselho
de Escola e APM, que avaliam e confirmam a exatidão dos documentos
julgando-os em ordem e em condições de serem aprovados ou não e em
seguida tudo é enviado ao setor de contabilidade/ financeiro da Diretoria
Regional de Educação e depois de conferido é enviado para conferência pelo
TCM (Tribunal de Contas do Município) e publicado em DOM (Diário
Oficial do Município). (E9)
Tornar mais flexível a utilização, não limitando o valor que pode ser gasto a
um único item. (E10)
As falas apontam que apesar das verbas pretenderem conceder autonomia na gestão
elas ainda carecem de flexibilização, limitando a sua utilização há um rol de itens pré-
definidos.
Foram consideradas também pelos entrevistados sugestões relativas ao valor das
verbas, percebidas por estes como necessitando de uma ampliação:
070
A escola municipal paulistana pode dizer que tem garantida sua autonomia
financeira dentro do que recebe, eu acredito que o valor por número de aluno
é que é inadequado pois os prédios são antigos e grandes e o recurso é
insuficiente para todas as demandas. Ainda não conseguimos garantir a plena
realização dos nossos objetivos que foram expressos no nosso projeto
pedagógico, com o valor a nós destinado. Os percentuais mínimos
destinados às escolas deveriam ser repensados pelas autoridades que o
distribuem. É necessário um volume maior de dinheiro nos repasses para que
as escolas consigam concretizar a melhoria da qualidade de ensino tão
desejado no Projeto Político Pedagógico das unidades. (E2)
Relevante e até certo ponto surpreendente foi à menção de um gestor sugerindo uma
verba destinada às necessidades do trabalho docente que nem sempre costumam ser
lembradas:
Talvez uma verba destinada somente às necessidades urgentes ao trabalho
do professor. (E5)
Considerações finais
071
emprego dos recursos financeiros, daí a importância de compreender essas legislações e o
funcionamento do financiamento que são itens relevantes para formação de um gestor
comprometido com a educação pública de qualidade.
Não obstante os avanços no marco legislatório com a definição de políticas para uma
gestão mais democrática dos recursos financeiros, os dados levantados a partir da opinião dos
gestores revelam que há ainda há muito a avançar na prática no tocante a gestão participativa
das verbas destinadas à educação.
As falas dos gestores apontam que apesar das iniciativas da lei pretenderem conceder
autonomia na gestão elas ainda carecem de flexibilização, reduzindo a sua utilização há um
rol de itens pré-definidos, limitando o poder decisório da unidade escolar e comprometendo o
destino dos recursos para suas reais prioridades devido ao engessamento legal que
regulamenta a aplicação de tais verbas.
Ao mesmo tempo que os dados apontam o desejo de maior autonomia, revelam
também que os diretores não apresentaram informações aprofundadas sobre as fontes de onde
provêm os recursos, formas de distribuição, aspectos legais, controle e acompanhamento da
aplicação dos gastos públicos e das políticas sobre o financiamento da educação. Ao serem
convidados para falar sobre o financiamento da educação, os gestores ficaram mais restritos à
administração dos recursos financeiros no âmbito da escola. Este aspecto demanda atenção,
pois, pode constituir-se em um obstáculo para uma participação mais ampla no debate sobre a
problemática da aplicação dos recursos e a participação na aplicação, controle e
acompanhamento das receitas públicas, bem como, na redefinição de políticas e ações mais
democráticas do financiamento da educação.
A pesquisa revelou como positivo, a ênfase que os gestores deram aos órgãos
colegiados como APM (Associação de Pais e Mestres) e Conselho de Escola ao referirem-se
a gestão dos recursos financeiros na esfera escolar, demonstrando possuir consciência do
caráter participativo do planejamento e do uso dos recursos financeiros.
Em suma, os dados demonstram que apesar dos avanços na legislação por uma
orientação a favor da gestão democrática e da compreensão da autonomia das escolas no
gerenciamento dos recursos financeiros como um item necessário para consolidar a gestão
democrática, na prática, no dia a dia das escolas a baixa autonomia dos diretores e
comunidade escolar no planejamento e gerenciamento das finanças tem impactado como um
fator obstaculizador para a consolidação da gestão democrática.
072
Referências
073
BRASIL. Ministério da Fazenda. Portaria Nº 448, de 13 de setembro de 2002. DOU de
17. 09. 2002. Divulga detalhamento das naturezas de despesas 339030, 339036, 339039 e
449052.
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2013.
SÃO PAULO (estado). Cartilha Conselho de escola. São Paulo: FDE, 2014.
SÃO PAULO. Prefeitura da cidade de São Paulo. Procedimentos para aplicação dos
repasses referentes ao Programa de Transferência de Recurso Financeiro – PTRF;
Lei nº 13.991, de 10 de junho de 2005. São Paulo: SME, 2005.
VIEIRA, Sofia Lerche. Financiamento da Educação. In. VIEIRA, Sofia Lerche. Educação
Básica: política e gestão da escola. Brasília: Liber Livro; 2009.
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