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2. Caso análogo é o que existe entre atéia (feminino de ateu) e ateia (do verbo
"atear"). Também aqui não é facultado o emprego do acento? E, em caso
negativo, como se há de fazer para preservar a diferente pronúncia - não lhe
parece que a tendência, ao longo do tempo, será a de que ambas as palavras
passem a ser pronunciadas da mesma maneira? Como preservar a oralidade de
uma língua, quando a gramática parece se lhe opor?
RESPOSTA. Não, não é facultativo tal emprego. Pelo novo Acordo, em todos
os países lusófonos há de escrever-se ateia, Judeia, assembleia, etc. – Quanto à
possibilidade de com o tempo passar-se a pronunciar igualmente estas palavras
em todos os países lusófonos, há-a, ainda que remota. Mas duas coisas. A
primeira é que mesmo no Brasil pronunciamos diferentemente certas palavras:
assim, em algumas regiões se diz poça com a tônica aberta e em outras com a
tônica fechada – e isso apesar de em todo o país a palavra escrever-se
igualmente. A segunda é que, se não fosse a escrita, a língua portuguesa num
país tão vasto como o Brasil já se teria transformado em várias línguas e
dialetos. Evidentemente, é a escrita o dique que impede de algum modo a
corrupção e a deriva linguística. – Por fim, lembre-se de que a Gramática é a
arte da escrita, que, como dito, é o que sustenta a língua falada; e de que o que
há já quase um século normatiza a ortografia não é a propriamente a Gramática,
mas um conjunto de gramáticos escolhidos pelos governos.