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A Comissão Técnica de Pecuária de Leite da FAEMG vem acompanhando com muita apreensão
o comportamento do mercado de leite e seus reflexos nas últimas semanas, em especial junto
aos produtores e aos consumidores, únicos elementos tomadores de preços da cadeia
produtiva do leite.
Ficou claro e evidente a todos que apenas os formadores de preços da cadeia produtiva do
leite, indústria (incluindo cooperativas) e varejo, souberam se aproveitar do mercado altista
que aconteceu no primeiro semestre do ano, pela baixa oferta dos produtores e alta demanda
do leite pelos consumidores, impondo preços excessivos a estes últimos e obtendo, assim,
elevadíssimas margens de lucro.
Era de se esperar que estes preços excessivos ao varejo e ao consumidor não seriam
sustentáveis! Tanto a indústria quanto o varejo certamente erraram na dose de precificação e,
agora, todos amargam o retrocesso do mercado.
Isto foi claramente exposto com a grande redução do preço do leite Spot - leite comercializado
entre as indústrias, tendo Minas Gerais peso irrisório na cesta de produtos lácteos fabricados e
vendidos por elas.
O que não podemos aceitar é que esta “conta” da redução dos valores ao varejo e ao
consumidor, além da “conta” dos elevados estoques nas indústrias seja novamente imposta
para ser paga somente pelos produtores de leite!
Os produtores de leite vêm sofrendo prejuízos operacionais desde agosto de 2021, pelas
inúmeras razões por todos já conhecidas. E neste último trimestre, quando mal começaram a
encontrar um reequilíbrio das contas, voltaram a ser remunerados com elevadíssimas reduções
no valor do litro do leite e, consequentemente, a trabalhar com prejuízos!
Diante do cenário de mercado apresentado nas últimas semanas, os produtores mineiros estão
plenamente cientes:
2. De que esta situação resultou em considerável redução dos preços aos consumidores nas
gôndolas dos supermercados;
3. De que a indústria também promoveu uma baixa substancial no valor de venda ao varejo,
além da redução do montante vendido, resultando em elevados estoques de até 3 ou 4
semanas.
Em nome dos produtores de leite de Minas Gerais, os quais esta Comissão Técnica de Pecuária
de Leite se propõe a defender e lutar, manifestamos que:
1. Este lastimável quadro foi consequência de desmedida busca do lucro, que notadamente não
era sustentável;
3. Como consequência, a curto e médio prazos, a captação de leite não será restabelecida como
deveria já estar acontecendo. Neste sentido, é de se esperar que, em breve, nova crise de oferta
de leite se restabeleça, quadro indesejável para toda cadeia produtiva, especialmente para o
consumidor. É importante lembrar que tudo isso ainda está acontecendo em um contexto de
elevação das importações de leite pelas indústrias em detrimento dos produtores mineiros e
brasileiros;