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QUALIDADE DA INFRAESTRUTURA DAS ESCOLAS PUBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL indicadores com dados publicos e Li caTe(elTe[eL Xe (PAU) RPO eX AL Publicado em 2019 pela Organizacao das Nagdes Unidas para a Educagdo, a Ciéncia e @ Cultura, 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 5, Franca, e Representac3o da UNESCO no Brasil em patceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ccooperagae do Ministerio da Educagao, (UNESCO 2019 Esta publicag3o estd disponivel em acesso live a0 abrigo da licenca Atibuigdo-Partiha 3.01GO (CC-BY-SA 3.00160) (httpd creativecommons. org/icenses/by-sa/30/igo). Ao utilizar o conteddo da presente publicagSo, os usustios aceitam os termos de uso do Repositétio UNESCO de acesso lve (http//unesca.org/open-accessjtetms-use-ccbysa-en). As indicagées de nomes e a apresentac3o do material ao longo deste livro nao implicam a manifestagso de qualquer ‘opinido por parte da UNESCO a respeito da condicao juridica de qualquer pals teritério, cidade, reqiso ou de suas autoridaces, tampouco da delimitacao de suas fronteias ou limites, As ideias e opinides expressas nesta publicacdo s8o as dos autores e ndo refletem obrigatorlamente as da UNESCO nem, comprometem a Organizacio. Coordenagao técnica da Representacdo da UNESCO no Brasil Marlova Jovchelovitch Noleto, Diretora e Representante Maria Rebeca Otero Gomes, (Coardenadora do Setar de Educacao Mariana Alcalay, Oficial de Projetos Revisdo técnica: Setor de Educacao da Representa¢ao da UNESCO no Brasil e Equipe de Pesquisa do Nucleo de Pesquisa ‘em Desigualdades Escolares (Nupede) da Faculdade de Educacao da UFMG Revisbes gramatical, ortogrdtica,bibliogrdfca, editorial: Unidace de ComunicagSo, Informago Publica e Publicacdes da Representagio da UNESCO no Brasil Projeto gréfice: Unidade de Comunicaco, Informacao Publica ¢ Publicacdes da Representagao da UNESCO no Brasil Ilustragéc/Foto de capa Fotos: @ UNESCO/Edson Fogaga (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil, ~ Brasilia: UNESCO, 2019. 122p. ISBN: 978-85-7652.238-6 |.nstalagées e recursos educacionais 2. Equipamentos educacionals 3. Edificio escolar 4. Escolas 5. Eficiéncia educacional 6. Educagao priméria 7. Educacao basica 8, Educacao publica 9. Educacao universal 10, Igualdade de oportunidades 11. Estatistica educacional 12. Brasil, UNESCO oD 37162 £sclarecimento: a UNESCO mantém, no cere de suas prioridades, a promocao da igualdade de género, em todas as suas atividades e aces. Devido a especificidade da lingua portuguesa, adotam-se, nesta publicacdo, 0s termos no género ‘masculino, para faciltaraleitura, considerando as indmeras mencdes ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejam escritos no masculino, eles referem-se iqualmente ao género feminino, QUALIDADE DA INFRA ESTRUTURA DAS ESCOLAS PUBLICAS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL —— indicadores com dados publicos e tendéncias de 2013, 2015 e 2017 CREDITOS DA PESQUISA Ce Me Cee Gera tree Tessa de Giéncias Aplicadas a Educacao da fete tase ete eRe nr Federal de Minas Gerais. Deeg Drea Meh een) (eeker erey a reneeee os teeter) Faculdade de Educacao da Universidade Perec a uetescos Cee a eae) Bacharel em Géncias Sociais e Mestre ern eee ne Pete et ceed Programa de Pés-Graduagio. Conhecimento Pitete eee eure tec Veneer Cars fecal oe ea ened ‘Mestranda em Educagio pelo Programa de emer een eae) Social em Educagao, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Dales celtirae Ben Deere tle Barbara Poiana Rodrigues Torres Versieux Estudantes de graduagao (Pedagogia) OO iemcce ceca eteace Sumario RESUMO+7 1 Introdugao+ 11 2 Pardmetros conceituais sobre infraestrutura escolar + 15 2.1 Infraestrutura escolar: marcos legais + 16 22 Reviséo da literatura «21 22.1 Procedimentos+21 222. Infraestrutura escolar: definicoes e mensuragdo +21 23 Sintese para um modelo conceitual + 26 3 Abordagem metodolégica + 29 3.1 Fontes de dados « 29 3.2 Preparagio das bases de dados e selecao das variaveis «31 33 Metodologia para a construcao dos indicadores «32 4 Resultados «37 4.1 Correlacao entre os indicadores - 38 42 Distribuigdo dos indicadores por variveis discriminantes + 39 42.1 Dependéncia administrativa «39 422 localizagao-41 423 Regides ¢ unidades da federacéio +43 424 Etapas-44 425. Tipode oferta +46 426 Tamanho da escola +47 427 Complexidade das escolas +48 428 Nivel socioecondmico das escolas +50 42.9 Indice de Desenvolvimento da Educacio Basica - Ideb +51 42.10 Propargao de alunas na escola + 54 43 Interpretagio da escala de infraestrutura geral + 55 44 Validacao dos indicadores de infraestrutura escolar + 61 45 Modelo de relatério para monitoramento - 63 5 Consideracdes finais - 67 Referéncias bibliograficas + 71 Apéndice A ~ Metodologia para revisio da literatura + 77 Apéndice B — DimensGes, indicadores e varidveis de qualidade da infraestrutura das escolas 93 Apéndice C - Descrigao dos indicadores de qualidade da infraestrutura das escolas + 95, Apéndice D - Descri¢ao das médias dos indicadores por Unidade da Federacao+ 111 Apéndice E — Distribuigo das varidveis discriminantes por dependéncia administrativa « 113, Apéndice F Escala dos itens do indicador de infraestrutura geral « 117 Apéndice G - Niveis do indicador de infraestrutura geral por variaveis discriminantes «119 Anexo 1+ 121 Lista de siglas e abreviaturas rc puny fo ro} cl faz.) cr a rang ferry ECEA a7 iT py irr) ocd fon) og ry Nz irr ier) i iN ee nese on ene toed Cer een Cs reer Coren aee rene] er tereecet ay een eer ned eer Eo) een eae) ‘Bvaluacion dela Condiciones Besicas para la Fee een ae eS ed ete ee ee Tenors eer ree eee ea eect Profisionas da EducacSo ee a eames do Ensino Fundamental e de Valoriza¢ao Canc) Cn ered eee ete a) Cee ea eal Cae ero Indice de Condigies de Uso das Dependéncias Indice de Conservagdo do Prédio Ceres eee ce) reneged ences estes) Sq aa i) a its Cate 3} co id cag Oy ael] a ay aN Tcy usP iste} epee seco) fence et nec Levantamento da Situaco Escolar eestor ere ert tey peers ioe Ce pea eee ey eared Ceased ‘Anélize de Componentes Principais Plano de Desenvalvimento da Fducago erecta nett Geese teres Sistema de Avaliagdo da Educagio Basica peer get oto Sistemas de Ensino EO e coe ee tee ey Berens ee eee acca) eee ree a ere) Ce ere nea eee Coe a Tiibunal de Contas da Unio Terceiro Fstudo Regional Comparative Sere poe Eo Cierra ny Universidade Federal de Minas Gerais iene ely Ce ec Educacéo, a Céndaea Cultura = Resumo Qualidade da infraestrutura das escolas brasileiras de ensino fundamental! Apresentamos um conjunto de indicadores para avaliar a infraestrutura das escolas brasiliras de ensino fundamental, com énfase nos estabelecimentos de ensino puiblicos. Os indicadores visam a descrever contextualizar as condig6es da oferta educativa no pais e segundo recortes territorais, sociais, dentre outros. Para isso, utilizamos os dados do Censo da Educagao Basica e do Sistema de Avaliagao da Educagao Basica (Gaeb), de 2013, 2015 e 2017, produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos ¢ Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep). ‘Ainfraestrutura escolar é uma prioridade na area educacional no Brasil, haja vista as metas e estratégias do Plano Nacional da Educaso (PNE) 2014-2024. pais signatario da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentavel, aprovada no Forum Mundial de Educagao, que enfatiza a importancia de os governos se comprometerem a construire melhorar as instalacoes fisicas das escolas, apropriadas para criangas e sensiveis as deficiéncias e a0 género, para promover ambientes de aprendizagem seguros e inclusivos para todos, A partirdesses principios e da revisdo da literatura sobre o tema, propusemos um modelo analitico constituido por cinco dimensdes com vistas @ captar a complexidade da infraestruture escolar. A dimenséo rea retine varidveis discriminantes que visam a caracterizar importantes enclaves da educacao brasileira tals como a localizagso da escola em area urbana ou rural, nas regides do pais e unidades da Federagao. A dimensao atendimento 6 também um discriminante € mensura as diferentes etapas modalidades de ensino, A dimensio condigoes do estabelecimento de ensino consiste na qualidade da edificagio e dos espagos onde a escola funciona, incluindo os indicadores de acesso a servicos pllblicos, instalagdes do prédio, prevencao de danos, conservac3o do prédio, conforto das instalagées € ambiente prazeroso.A dimensao condigées para o ensino e aprendizado contempla os espacos pedagagicos, equipamentos para apoio administrativo € apoio pedagégico. Indicadores ‘que mensuram 0 acesso e 0 ambiente de aprendizado das pessoas com deficiéncia estao reunidos na dimensio. condigées para a equidade. Apresentarnos também um indicador geral da infraestrutura que sintetiza todos os itens empregados nos indicadores miltiplos e tem a finalidade de descrever tipologias de escolas ‘A analise dos indicadores de infraestrutura segundo varidveis discriminantes corroborara com os padres conhecidos da literatura educacional, As escolas feder € particulares apresentam médias mais altas do que a estaduais e municipais. Porém, de 2013 para 2017, houve evolucao dos indicadores em todas as redes, sobretudo nas escolas municipais, exatamente as que mals precisam melhorar. Tendo como foco somente os estabelecimentos de ensino pablicos estaduais e municipais, observamos que as escolas localizadas em drea urbana tém médias superiores as das dreas rutais, Porém, mesmo entre as escolas urbanas, merece atengio o baixo valor do indicador Atendimento Educacional Especializado (AEE), que mensura a existéncia de recursos para incluso. 1 Esta pesquisa fei acompanhoda pelas ofcais de projetos do setor de educacSo da Representacdo da UNESCO no Brasil Durante o planejamento e primeira etapa, Carla Nascimento foi nossa interiocutora. Nas etapas seguintes, Mariana Alcalay assum esse papel ‘Agradecemos as duzs por suas leturas aentas © sugestdes preciosas pata o aprimoramento deste trabalho, Agradecemos também 8 Maria Rebaca Otero Gomes, coordenadora,e a Thals Pires, assistente progremstica do setor educacional, por viabilizarem e organizarern ‘ encontro com expecalsta que discutram a versio preliminar da pesquisa Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil AAs anélises por regides e unidades da federag3o sequem © padrio das desiqualdades espaciais muito conhecidas no pais. Nas regides Sul e Sudeste estdo as escolas com médias mais altas para todos os indicadores em comparacdo 3s escolas do Norte e Nordeste. Mas, 0 Nordeste avancou mais que as outras regides, com destaque para os resultados do Ceard, © Centro-Oeste aparece quase sempre em situagéo intermedisria, exceto © Distrito Federal que tem varios indicadores destacados. Asescolas ptiblicas que ofertam o ensino fundamental e médio tém médias mais altas para todos os indicadores, No extremo oposto, esto escolas com ensino fundamental e a educacdo infantil A evidéncia é que as escolas que ofertam as etapas mais avancadas possuem instalagdes € recursos que foram avaliados neste estudo, mas que nao estao presentes quando a escola atende somente 0 ensino fundamental. Quando olhamos sormente para esse nivel de ensino, as escolas que oferecem apenas 05 anos iniciais tém infraestrutura plot. ( tamanho das escolas também faz diferenca. Escolas pequenas (com até 50 alunos) tém médias mais baixas que as grandes com mais de 400alunos, Mas maioria dos alunos estuda em escolas menores, onde as condigges de infraestrutura sio piores. Verificamos a relagao dos indicadores de infraestrutura com alguns indicadores produzidos pelo Inep: indice de complexidade das escolas; indice do nivel socioeconémico (Inse) da escola; €o Indice de Desenvolvimento da Educagao Basica (Ideb). indice de complexidade das escolas sintetiza as modalidades e etapas,o tipo de oferta entimero de matriculas por escola, A maioria das escolas tem niveis baixos de complexidade, porém, quanto mais complexa é a escola, mais altas s0 as médias dos indicadores. O Inse da escola refere-se 8 média do nivel socioeconémico dos seus alunos. Observamos que a relagao entre ese indice ¢ os indicadores de infiaestrutura segue um padréo conhecido na literatura educacional, Mesmo entre escolas publicas, quanto mais alto o INSE mais elevados s30 0s valores dos indicadores de infraestrutura, com excesao do indicadior Atendimento Educacional Especializado (AEE), O Ideb sintetiza dois resultados educacionais: o desempenho médio dos alunos mensurados pela Prova Brasil (avaliagdo em larga escala) & a média das taxas de aprovac3o na etapa escolar, Verficamos que os valores mais altos dos indicadores de infraestrutura esto mais concentrados em escolas que apresentam melhores resultados do deb, Para ainterpretagio do construto infraestrutura escolar, a escala do indicador de infraestrutura geral foi dividida em sete niveis. As escolas no nivel | tém condicdes muito precérias, n3o possuern nem mesmo um banhelro dentro do prédio. Tipicamente, so escolas municipais, pequenas, que ofertam somente o ensino fundamental ou 0 fundamental junto & educacao infantil, estao localizadas na zona rural e regido Norte. No nivel Ilas escolas estdo apenas um pouco melhores, tém gua de pogo, energia elétrica e banhelro dentro do prédio, por exemplo. No nivel Ila escola tem mais acesso a servigos puiblicos, existern instalacdes para fins administrativos e pedagdgicos. A escola tipica deste nivel ¢ municipal € esta na zona rural da regio Nordeste. [As escolas do nivel IV tém condigées melhores para 0 ensino € aprendizagem. Tipicamente, sdo escolas urbanas das regides Nordeste ou Centro-Oeste e pertencentes a rede estadual. No nivel V encontramos escolas com condigées bem melhores, mas ainda precisam melhorar em relagao a acessibilidade. A escola tipica deste nivel esta na regiao Centro-Oeste, no Sudeste ou Sul, na drea urbana e pertence 8 rede estadual ou particular ou municipal. A pattir do nivel Vos estabelecimentos de ensino esto bem mais adequados em relagao aos itens mensurados, inclusive para as pessoas com deficiéncia. O perfil tipico da escola neste nivel é semelhante ao anterior quanto 2 localizago, mas se difere na dependéncia administrativa, (pertence a rede federal, particular ou estadual), € no nimero de matriculas, pois tipicamente é uma escola grande. O que distingue o nivel VIdo seguinte & que as escolas do nivel Vil tem nao s6 acessibilidade, mas também os recursos pedagdgicos adequados para o ensino e aprendizagem de pessoas com deficiéncia em salas de aulas inclusivas. Neste nivel estdo, tipicamente, grandes escolas urbanas, das regides Sul e Sudeste. De 2013 para 2017, houve methora dos niveis do indicador de infraestrutura geral, com aredugao do percentual de escolas nos niveis mais baixos (120 Ill) € 0 aumento de escolas a partir do nivel 1V, Mas 0s resultados indicam ficuldade de aumentar as escolas no que ha el Vl, que gatantem melhores condicdes de inclusio. 0 Censo Escolar © as avaliagdes educacionais ainda nao incorporaram a tematica do géneto em seus levantamentos. Nao obstante a auséncia de dados especificos, comparamos as condicoes de infraestrutura das escolas com maior e menor proporgao de alunas. Nas escolas com mais meninas, as médias dos indicadores sao ligeitamente inferiores 4s observadas nas escolas com mais meninos e houve uma ligeira ampliagao dessa diferenga no petiodo avaliado, mensurada pelo indicador geral de infraestrutura. Merece registro que, entre as escolas rurais, aquelas que tém maior proporcao de alunas tém piores condicdes de infraestrutura do que aquelas onde ha mais meninos. Comparamos os indicadores de infraestrutura escolar com referenciais externos para sua validacdo e os resultados so convergentes nao obstante diferengas nas concepgdes dos trabalhos. Quando comparado aos estudos internacionais,verficamos que os dados brasileitos contam com informagdes menos detalhadas sobre ‘co. ambiente escolar, o que sugere instrumentos que especifiquem esses aspectos ou estudas in loco. Para © monitoramento da qualidade da infraestrutura escolar, apresentamos exemplos de relatérios por municipio € escola, nos quais os indicadores so descritos individualmente € comparados a contextos semelhantes.A partir deles 0 gestor pode observara situagio média do seu sistema em relagao aos outros, mas também verifcar os indicadores em cada uma de suas escolas visando a identificar quais dimens6es precisa de atenc3o. Belo Horizonte, 28 de novembro de 2017 Equipe de pesquisa Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 1 Introducgao? Este relatério apresenta os resultados de uma pesquisa que produziu indicadores para avaliar a infraestrutura das escolas piiblicas brasileiras de ensino fundamental com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos «Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep). A pesquisa se justifica pela importancia da infraestrutura para a qualidade da educagao, ainda que, evidentemente, ndo seja o Unico fator determinante. A oferta de escolas com ambientes adequados, acessivels e recursos escolares que incluam a diversidade e atendam a todos 05 estudantes indistintamente € reconhecida como uma condigéo basica para o trabalho educacional, com qualidade e equidade, tanto nas politics publicas nacionals, quanto no debate global Amelhoria d: aprovada em 2015, durante o Férum Mundial de Educacao, que aconteceu na cidade de Incheon, Coreia do fraestrutura das escolas é uma das metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentavel, Sul. Lidetes mundiais, representantes de mais de uma centena de paises, inclusive o Brasil, ¢ de organismos multilaterats ¢ bilaterais assumiram, nesse encontro, o compromisso com os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentével e 169 metas que estimulardo a a¢do para os prdximos anos em dreas como: a erradicag3o da pobreza e da fome, a garantia da satide, da educacao e do trabalho, a iqualdade de género, o desenvolvimento sustentavel, entre outros (UNESCO, 2015), © Objetivo 4 da Agenda 2030 se refere 3 educagio € expressa o acordo entre 0s paises signatérios de“assegurar a educacio inclusiva ¢ equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos" (UNESCO, 2015, p.23). A meta 4.a, associada ao objetivo da educagao, recomenda aos governos que secomprometam a: 4a. construire melhorar instalagdes fisicas para educa s esensiveis apropriadas para criang 2s deficiéncias e ao género, e que proporcionem ambientes de aprendizagem sequros e nao violentos,inclusivos eeficazes para todos (UNESCO, 2015, p23). No Brasil, esse objetive da Agenda esté em consonancia como Plano Nacional de Educagao (PNE), aprovado em 2014.com prazo de execucao até 2024 (BRASIL, 2014). A melhoria da infraestrutura das escolas estd prevista em varias estratégias do PNE para assegurar as condigdes de ensino e aprendizagem e de incluso dos estudantes com necessidades especiais Tanto a Agenda quanto a Lei do PNE 2014 preveem a coleta de dads para acompanhar os progressos de seus bjetivos e metas, No caso do PNE, fol recomendado o desenvolvimento de indicadores de avaliago institucional para acompanhar ¢ contextualizar as metas ¢ estratégias do plano (BRASIL, 2014, ar. 11, pardgrafo 19, inciso IP 2 Esta pesquisa fol acompanhada plas ofciais de projetos para a rea educacional da Representacia da UNESCO ne Brasil Durante Co planejamento e primeira etapa, Caria Nascimento foi nossa interiocutora. Nas etapas sequintes, Mariana Alcaay assumiu esse papel Agradecemos as duas por suas leituras atentas e sugestées preciosas para o aprimoramento deste trabalho. Agradecemas tambérn {3 Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora, e 6 Tha Versiani Vendio Pires, asistente programsitica do setor edu viabilzare seas que dscutiram a versio preliminar da pesquisa cacional, por rganizarem 0 encontto com exper 3.0 Inep divulga alguns indicadores que atendem aos objetivos do PNE, tais come: mécia de alunos por turma; média de horas aula dra; tras de distorgao idade-série; percentual de dacentes com curso superior adequacao da formagao docent; reqularidade do corpo dacente; esforgo docente; complexidade de gestdo da escola e Indicador de Nivel Socioeconémico da Escolas (NSB, A cexplicacéo sobre esses indicadores esto dsponiveis no site do INEP,em:httpd//portalinep.gowb/indicadares-educacionais(consultado em To de junto de 2017, (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil W 12 Este trabalho visa a contribuir para esse esforco. Especificamente, apresentamos um conjunto de indicadores de infraestrutura que permite descrever e contextualizaras condic6es da oferta educativa no ensino fundamental no pals e sequndo recortes territorais, socials @ outros. Para isso, utilizamos os dados do Censo da Educagao Basica de 2013, 2015 € 2017, bem como os questionarios contextuais do Sistema de Avaliagao da Educagao Basica (Saeb) referentes aos anos de 2013 © 2015. No incluimos no estudo as outras etapas da educagio basica ou modalidades de ensino (educagao infantil, ensino médio, educagao de jovens e adultos ou educacdo especial) porque elas possuer especificidades no que diz respeito & infraestrutura e & relagdo desta com o trabalho pedagégico, que seria arbitrdrio tratar todas as, ‘etapas no mesmo escopo teético e empiricot, Ponderamos também que o ensino fundamental é a etapa mais longa, com o maior nimero de estabelecimentos de ensino e de estudantes na educagao bisica (71,5% 56, 3%, em 2017), de forma que os indicadores de infraestrutura para esse nivel contemplam caracteristicas gerais que perpassam todas as etapas da educago basica, Nao obstante, ndo excluimos das andlises aquelas escolas que, além do ensino fundamental, também atendem as outras etapas da educacao basica, seja a educagao infantil, ‘co ensino médio ou ambos. Os indicadores foram planejados para dar urna visio das muliplas dimensGes da infraestrutura, Cada um deles destaca um aspecto do ambiente escolar, tals como:acesso a servicos publicos, espacos educactonals, recursos pedagégicos, condigées para a inclusdo, entre outros. Esses indicadores so mais sensiveis & localizacéo das escolas(urbanaourural),regidodo pais, ao estado oumunicipio, eaosespagos disponiveis nosestabelecimentos de ensino, sto é, eles podem ressaltar diferengas entre as escolas que, provavelmente, nao seriam observadas se produzissemos uma medida tinica para avalarainfraestrutura, Consideramos que essa abordagem miitipla 6 de especial interesse para as politicas puiblicas, que podem ser mais efetivas se direcionadas para aspectos especificos da infraestrutura escolar levando também em conta a capacidade de investimento dos sistemas de ensino € respeitando as prioridades locals, Além disso, produzimos um indicador de infraestrutura geral que sintetiza todos os itens utlizados nos indicadores miltiplos. Este tem a finalidade de identificar 0 peso relativo dos itens, o que no poder ser feito com eles separados em virios indicadores. Por meio da relagao entre a escala do indicador geral com os seus itens, pudemos descrever tipologias de escolas. Esse indicador geral também é titil como variavel de controle nos estudos sobre eficcia escolar e para identificar escolas para estudos de caso, Este trabalho esté organizado em cinco segdes, Apés esta introdugio, apresentamos @ revisdo da literatura, constituida por documentos legals, relatérios € pesquisas académicas, que serviu de base para a proposigio de um modelo conceitual para avaliar a infraestrutura escolar. Na metodologia, descrevemos os dados utilzados, © tratamento das varidveis € os procedimentos estatisticos para a estimacdo dos indicadores. Na segdo de resultados apresentarnos as andlises descritivas, a interpretagdo da escala e uma comparagao dos resultados com ‘outros estudos para validagdo externa. Também apresentamos uma proposta de relatério para monitoramento contextualizado da infraestrutura escolar por municipio e escolas. Nas consideracées finais, apontamos algumas cconsequéncias do trabalho e seu potencial de uso para monitoramento dos sistemas de ensino. O trabalho inclui um conjunto de apéndices que detalham as etapas da pesquisa e os procedimentos metodolagicos. 4 Para a educacao infant a Secretaria da Educacio Bésica (SEB) do Ministério da Educacéo (MEC) publicou um documento que define raestrutura das escolas dessa nvel de ensino e destaca as especticidades dos ambientes dessas escolas @RASIL: MEC: SEB, 2006) (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 13 2 Parametros conceituais sobre infraestrutura escolar A preocupago em dotar as escolas piiblicas com infraestrutura adequada € antiga © esta presente nas legislagoes do pais a0 longo da histéria (FARIA FILHO; VIDAL, 2000). Do periodo colonial & Republica, as pedagogias legitimadas em cada época afetavain ndo apenas a concepgso arguitetdnica dos prédios, mas também os equipamentos, as praticas,o curriculo, os processos de ensino e aprendizagem ¢ a formagao dos professores para que utlizern 0s recursos disponivels (SALES, 2000). Nesse sentido, a infraestrutura escolar se confunde com o proprio servico escolar e com o direito a educagao. ‘Arnogio do direlto 8 educagdo compreende a garantia da qualidade como um dos principios segundo 0 qual se estruturaré 0 ensino (CURY, 2008). Porém, a qualidade da educagao tem um sentido polissémico (OLIVEIRA; ARAUJO, 2005; GUSMAO, 2013). A partir de uma analise histérica, Oliveira e Aradjo (2005) mostram que, 20 longo do século XX, a expansao da educagdo basica, em especial do ensino fundamental, ampliou o significado de qualidade da educagao. Os autores apontam trés significados: 0 primeiro, relacionado & oferta de vagas; 0 segundo, & progressdo no sistema de ensino; ¢,0 terceiro, ao desempenho mensurado por testes padronizados nas avaliagées em larga escala. A questao da infraestrutura escolar esté subentendida nesse debate ‘A primeira definigéo de qualidade da educagdo € a mais antiga, remonta 4 década de 1940, quando o crescimento da populagdo elevou a demanda pela escolarizagao das criangas e ovens. A relagio entre qualidade da educagao ¢ infraestrutura escolar era evidente, concretizada mediante a construcdo de prédios escolares € compra de materials para 0 trabalho escolar ‘A segunda definigao emerge com ocrescimento do niimero de escolas ea ampliagao das vagas. Se por um lado, isso resultouno desejado aumento das matriculas por outro, revelou um problema até entao ignorado:a baba progressio dos alunos dentro do sistema escolar. No inicio da década de 1980, mais de 50% das criangas eram reprovadas no primero ano de escolarizagao formal, sso acartetava a superlotagao das turmas incials € © esvaziamento das salas no final do antigo primeiro grau, que corresponde hoje ao ensino fundamental (RIBEIRO, 1991). ‘As politicas para melhorara eficacia do sistema educacional, por meio daadogao de ciclos ¢ progressao automatica, reduziram os percentuals de matriculas nas séries inicials & aumentaram nas séries finals do ensino fundamental (OLIVEIRA; ARAUJO, 2005). Essas mudangas afetavam a organizagao do espaco escolar € a distribuigao dos alunos entre as escolas. Era preciso ampliar © adequar a infiaestrutura das salas de aulas para alunos dos anos finals & planejar as novas demandas por recursos ¢ equipamentos que ndo eram as mesmas das séries iniciais, ‘Aterceita definigdo de qualidade da educagao, vinculada aos resultados das avaliagoes em larga scala, passou a ser discutida no Brasil em meados da década de 1990, na mesma linha de experiéncias consolidadas erm outros paises, pat= ticularmente nos Estados Unidos. Essasavaliagdes vém sendo utlizadas também para estudos sobre fatores associados aos resultados educacionais e para subsidiar politicas de accountability (BROOKE; CUNHA, 2011; UNESCO, 2017). ‘A luz do debate contemporaneo sobre qualidade e equidade, Gusmao (2013) inclui a diversidade coro mais uma dimensdo do direito & educago. A autora destaca a proposta de transformagao da cultura escolar para a diversidade, que compreende o direitos identidades, a pluralidade cultural ede valores e o espeito de diferencas. Reconhece, entretanto, que esse € um campo em disputa, pois as relagGes entre equidade © qualidade sio (Qualidade da infraestnutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 15 16 polémicas. A autora recupera 0 argumento da UNESCO (2007 apud GUSMAQ, 2013}, segundo o qual a equidade 6 um principio ordenador de diversidades em torno de uma igualdade fundamental, que deve ser buscada em {és dimens6es: 1) equidade de acesso; 2) equidade nos recursos e na qualidade dos processos educacionais; & 3) equiclade nos resultados de aprendizagem. A segunda dimensio esta diretamente vinculada a infraestrutura escolar para a equidade, por meio do respeito a diversidade de condicao fisica, qénero, cor/raca entre outras. Os resultados desses estudos deram muito destaque & infraestrutura escolar como um fator importante para 0 processo de ensino e aprendizagem. No Brasil, os recursos escolares, equipamentos, conservacso do prédio escolar © outros itens de infiaestrutura, ainda que nao sejam os tinicos, s8o fatores necessérios para 0 desempenho dos alunos (ALVES; FRANCO, 2008). A infraestrutura pode ser analisada tanto como um dos componentes da oferta educativa (insumo) ~ juntamente com professores, livos didéticos, alimentacao, transporte etc. — quanto um fator mediadar para 0 ensino e aprendizagem (processo). Para planejar a forma de mensurara qualidade da infraestrutura das escolas brasileras de ensino fundamental, fizemos uma revisio das legislagGes federais, que abordam direta ou indiretamente esse tema, € da literatura académica e técnica, nacional e internacional, publicada a partir do ano de 2000, que apresenta medidas ‘empiricas de infiaestrutura escolar. A partir dessa sintese, elaboramos um modelo conceitual para avaliar a infraestrutura, constituido de dimens6es e de indicadores 2.1 Infraestrutura escolar: marcos legais A Constituig3o Federal de 1988 (CF), a Lei de Diretrizes e Bases da Educagio Bésica (LDB) de 1996 e os planos decenais, em especial, o atual Plano Nacional de Educacao (PNE) de 2014 retinem as ditetrizes mais importantes sobre infraestrutura escolar do pais (BRASIL, 1988; 1996a; 2014) ACF estabelece, em seu artigo 206, os principios orientadores da oferta educativa vigente no Brasil. Para fins deste trabalho, destacamos os principios da igualdade de condig6es para o acesso e permanéncia na escola’ e da ‘garantia de padrao de qualidade" (BRASIL, 1988, art. 206, ncisos le VI). O artigo 60 da CF, que passou por alteragies posteriores 4 1988, previti a criagao do Fundo de Manutengso @ Desenvolvimento da EducacSo Bésica e de Valorizagao dos Profissionais da Educagio (Fundeb), que visa a “melhoria da qualidade de ensino, de forma a garantir padrao minimo definido nacionalmente' (idem, art. 60, inciso Xl, pardgrafo 19), Para isso, a CF estabelece os recursos minimos que a Unio € os entes federados, em regime de colaboragao, dever aplicar na educagao bésica (idem, art. 212), para a“garantia de padrao de qualidade e equidade, nos termas do plano nacional de educacao" (BRASIL, 2009, paréqrafo 3°). Registrem que as palavras qualidade" “equidade' foram introduzidas por Emenda Constituctonal em 2009, visto que, na versto original, o texto fazia referéncia apenas ao plano nacional da educago. Quase 10 anos apés @ promulgagao da CF, a LOB reafirmou os mesmos principios estabelecidos no texto constitucional sobre o dever do Estado de garantir‘padrdes minimos de qualidade de ensino, definidos como 2 variedade e quantidade minimas, por aluno, de insumos indispensaveis a0 desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagern" (BRASIL, 1996a, Art. 49, inciso IX). ALDB definiu quea Unido, em colaborago com os entes federados, devetia estabelecer ‘padrdo minimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, 5 UNESCO. Educagao de qualidade para todos: um assunto de diets humanos. Bras, 2007, 138 p. (Gtado por GUSMAO, 2013) 6A Emenda Constitucional ne 59, lém da alteracio desse parSarafo, ampliou a fala etira da escolaridade obrigatoia para 4a 17 anos, «© outras medidas para fnanciar a educacSo bisa pablica baseado no célculo do custo minimo por aluno, capaz de assequrar ensino de qualidade” (art. 74), e previu uma aco supletiva e redistributiva da Unido e dos estados para “corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrdo minimo de qualidade de ensino' (art. 75). Este ultimo item foi o que mais avangou nas iiltimas duas décadas, Quatro dias apés a aprovagao da LOB, foi ctiado 0 Fundo de Manutengio € Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizagao do Magistério (undef), Esse fundo visava a garantir os recursos para 0 padrdo de qualidade do ensino fundamental definido nacionalmente (BRASIL, 1996by. Fundef vigorou por dez anos e foi substituido, em 2007, pelo Fundeb, com o objetivo de assequrar 0 financiamento da educagao basica, incluindo deste modo, a educagao infantil ¢ © ensino médio, visando a “melhoria da qualidade do ensino, de forma a garantir padrio minimo de qualidade defi (BRASIL, 2007a, artigo 38). O Fundeb utiliza a nogao de"padrao minimo’, presente também na LDB, e inovou ao lo nacionalmente” assegurara participagio popular e da comunidad educacional no processo de definigao do padrao nacional de qualidade referide no caput deste artigo’ (idem, pardgrafo Unico). Conforme a LDB, 05 recursos financeiros do Fundeb so destinados, majoritariamente (no minimo 60%), a0 pagamento da remunerago dos profissionais do magistério da educacdo basica em efetivo exercicio na rede piiblica, 0 Fundeb pode também ser aplicado na infraestrutura das escolas por meio da aquisicao, manutencao, Cconstrugio e conservagio de instalagdes e equipamentos necessarios ao ensino (BRASIL, 1996a, artigo 70, inciso II), Mas no esto clatos, nos documentos legais, quais so os critérios balizadores para os gestores definirem prioridades no uso desses recursos com vistas a garantir padres suficientes de qualidade da escola Os planos decenais so um dos instrumentos mais importantes para o planejamento da educagao brasileira. Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educacao (PNE 2001) que elencou os padres minimos de infraestrutura para 0 ensino fundamental, compreendendo: (a) espago fisicos,ihuminacao, insolagao, ventilagao, Sgua potivel rede elétrica, seguranca e temperatura ambiente; (b) instalagbes sanitérias e para higiene; (©) espagos para esporte, recreacao, biblioteca e servico de merenda escolar; (d) adaptagao dos edifcios escolares para 0 atendimento dos alunos com deficiéncias;(e) atualizagdo e ampliagao do acervo das bibliotecas;(f} mobilisrio, equipamentos € materiais pedagégicos; (g) telefone € servigo de reprodugdo de textos; € (h) informatica equipamento multimidia para o ensino, de forma compativel ao tamanho dos estabelecimentos eas realidades regionals (BRASIL, 2001). © PNE 2001 estabeleceu 0 prazo de um ano para a especificagao desses padres minimos e um prazo intermedisrio (até 2003) para a adequagio parcial das escolas em funcionamento aos padrées minimos © prazo final para a implantacio total dos padrées minimos nas escolas em funcionamento ou que viessem a ser construldas seria até 2006, 0 que sabemos nao aconteceu conforme o planejado. 7 Otero origina do artigo da previa actiaga do fund para aeducagia Porémadefnigiodeseefurddose deucoma Emanda Cnsttucinal 11d 1996, que deunva redacio aessearigo.aa insur Fund de Marutencioe Desenvehimento dofnsino FurdamentaledeValoizacio do Magistéro undef) A Emenda Constitucional r?53,de 2006 altrounovarnente 0 arigo com a ciao do Funded 8 importante registrar que a Unido apoia técnica e financeiramente a educagao publica por meio de programas vinculados 20 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educagio (FNDE), uma autarquia federal criada no final da década de 1960, mas que ganhou importancia apés a LDB. O FNDE é responsével pela execuggo de diversas poltcas educacionais do Ministerio da Educagdo (MEC) {que contribuem para mathoria das condigSes da oferta educativa pablica. Ha muitos programas do FNDE diretamente relacionados 3 infraestrutura das escola, mas eles nio setdo diretamente discutidos neste trabalho, uma vez que eles se baseiam nas definigbes ptesentes na CF, LDB e planos educacionals sobre “padrbes minimos’ em suas respectivasjustficativas.Faremos uma exceqdo a0 Plano cde Agbes Anticuladas (PAR), ue, em uma de suas etapas, se refere ao diagnéstico da infaesrutura escolar dos municipios Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 7 18 O primeiro cronograma, no entanto, foi cumnprido. Em 2002, em consonancia com 0 PNE 2001, 0 Fundescola publicou os "Padres minimos de funcionamento da escola do ensino fundamental ~ ambiente fisico escolar: guia de consulta’ (MEC/FUNDESCOLA 2002)’, Dirigido aos gestores da educagio, o documento contém uma descrigdo detalhada dos padrées minimos para funcionamento das escolas, 05 espagos € recursos educacionais necessétios para 0 trabalho pedagdgico. Contudo, o documento faz consideragdes sobre os desafios para a viabillzagao dos padres minimos em todas as escolas de ensino fundamental no prazo estabelecido pelo PNE 2001. Esse diagnéstico tinha como base o Censo da Educac3o Bésica, que revelava a diversidade das condigSes de funcionamento, a existéncia de muitas escolas pequenas que tém limites estruturais para ampliagao dos seus espacos, e as escolas sem requisitos minimos em funcionamento que nao poderiam ser simplesmente descartadas. Em 2006, prazo final para adequagao de todas as escolas aos padres minimos, uma edigao resumida desse documento foi publicada com orientag6es para a sua implantagao (MEC/FUNDESCOLA, 2006)". Uma das etapas desse proceso envolvia o Levantamento da Situagio Escolar (LSE) para conhecer a situagio fisica (prédio e salas de aula) e material (didatico, equipamentos e mobiliio) das escolas de ensino fundamental da tede piblica Originalmente, o LSE deveria ser preenchido pelos técnicos das secretarias de educacao, preferencialmente acompanhados por engenheiros ou arquitetos, Porém, o LSE ndo atingiu os seus objetivos originais! Posteriormente, o LSE foi transformado em uma etapa do Plano de Desenvolvimento da Educagio (PDE) instituido por decreto presidencial no “Plano de Metas Compromisso Todos pela Educagao" (BRASIL, 2007b). Uma das diretrizes desse plano de metas prevé 0 compromisso entre a Unido, entes federados e a sociedade civil"visando & melhoria da infraestrutura da escola [.1" (idem, Artigo 2°, inciso XVID, Para ter acesso ao apoio do PDE, os municipios, estados e o Distrito Federal deveriam elaborar um Plano de ‘AgBes Articuladas (PAR), contendo um diagnéstico das respectivas redes de ensino e escolas por meio da versio informatizada do LSE. Esse instrumento tha © objetivo de identificar 0 nivel de cumprimento dos Padrées Minimos de Funcionamento da Escola estabelecidos pelo PNE e as prioridades de atendimento para melhoria da oferta dos servigos educacionais (MEC, 2010). A partir de 2013, as propostas do PAR passaram a ser enviadas pelo Sistema Integrado de Monitoramento Execugo e Controle do Ministério da Educacao (Simec), um portal operacional e de gestio online para o envio de propostas na érea da educacdo. No Médulo PAR do Simec, os municipios devem insetir uma avaliacio diagnéstica das suas escolas em relagdo 8s dimensoes prioritarias do plano, que inclui diversos itens da infraestrutura escolar, Para a avaliagao, as equipes gestoras locais, coletivamente, atribuem notas de 1 a4 pontos (MEC/FNDE/PDE, 2013). 9.0 Fundo de Fortalecimento da Escola Fundescala)é um prosama do FNDE em parera com a Secretaria de EducagSo sca (SEB) do Ministério da Educago IMEC) fnanciado com recursos do Gover Federal ede emréstimos da Banco Muna @M, implernentado em zonas de atencémento prirtrio, ode ext os municipios das microragides mais populosas de cal estado das Regios Norte, Nordeste@ Centio- (Qsste do pis De 1998 2 2010 os municipice receberam servgos produto asstncia técnica nancera para garantircondigdes minimas de ‘uncionamento da escola ea implantacio de priicaspedaadgicasinovadoras ede gestia Ver: acesso en I°dez 2016, 10. Em 2006, 0 MEC também publicou o documento “Parametios Basicos de Infraestrutura para Insttuiges de Educagao, Infantil’; resultado de uma parceria de varias instituigoes governamentas € da sociedade civil (MEC, 2006). 17 Nao analisamos as resolucées, atas @ demais documentos que explicam a implantagzo das poltcas educacionais e a sua descontinuidade e abandono, que s30 muito frequentes, sobretudo entre governos. Cavalcanti (2016) analsa as tensées federativas ‘erwolvidas nas politias educacionaise as descontinuidades dos programas que enwolvem transferBncias de recursos da Unido. Em 2014, apés um longo debate, fo! aprovado o Plano Nacional de Educagao (PNE), com prazo até 2024, composto por 10 ditettizes, 20 metas e 254 estratégias (BRASIL, 2014). Este plano estabelece a melhoria da infraestrutura das escolas como estratégia para se atingir as metas de avangos educacionais na atual década. Em linhas gerais,o atual PNE mantém os mesmos desafios do plano decenal anterior. Ou seja, apesar de todas as politicas para melhoria da infraestrutura das escolas de educagdo basica, muitas escolas ainda funcionam sem condiges de oferta adequada conforme as pesquisas feitas nos ultimos anos (CERQUEIRA; SAWER, 2007; ‘SATYRO; SOARES, 2007; SOARES NETO et al, 2013a;2013b; TCU, 2015). No PNE de 2014, a melhoria da infraestrutura escolar est contemplada como uma das estratégias da Meta 7, a quel se refere 8 qualidade da educacao basica em todas as etapas e modalidades e prevé a*methoria do fluxo escolar e da aprendizagem [J 0 indicador para acompanhé-la € o Indice de Desenvolvimento da Educagio Basica (Ideb), instituido como parte do “Plano de Metas Compromisso Todos pela Educacao' (BRASIL, 2007b; FERNANDES, 2007). A estratégia 7.18 da Meta 7 sintetiza os itens de infraestrutura a serem observados nas escolas publicas de educagio basica, nos seguintes termos: 7.18, assequrar a todas as escolas piblicas de educagao bisica 0 acesso 2 energia eltrica, abastecimento de agua tratada, esgotamento sanitatio € manejo dos residuos solids, {garantiro acesso dos alunos a espacos para a prética esportiva, a bens cuituras ¢artstcos e a equipamentos ¢ laboratorios de ciéncias e, em cada edifcio escola, garantir a acessiblidade 8s pessoas com deficigncia (BRASIL, 2014) ‘A Meta 4 do PNE 2014 estabelece garantia da educagio das pessoas de 4a 17 anos com deficié globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotacao. Para isso, varias estratégias visarn a garantir a acessibilidade nas instituigées educactonals, salas multifuncionais, material didatico proprio e recursos de tecnologia assistida e adogio do sistema de Braile (BRASIL, 2014, estratégias 43, 44, 464.7) {transtornos Os recursos necessérios para o financiamento da melhoria dos insumos esto previstos n a Meta 20 do PNE 2014, que prevé, na estratégia 20.6, a implantacao do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e, na estratégia 20.7, © Custo Aluno-Qualidade pleno (CAQ).O primeito especifica os padres minimos para a educacdo e, 0 segundo, (05 parametros para 0s gastos com investimentos em itens tals como, “aquisicao, manutengdo, construgao & conservacSo de instalagées ¢ equipamentos necessérios ao ensino” OCAQe 0 CAQI sao indicadores normatives utilizados para o célculo dos insumos necessérios para o processo de ensino e aprendizagem, por aluno anualmente, em cada etapa da educagio basica, de acordo com uma matriz de padiGes minimos de qualidade a luz do que determina a CF (PINTO, 2006)". 0 CAQi ganhou maior visibilidade quando a Camara de Educacao Bésica (CEB) do Conselho Nacional de Educagio (CNE) 0 normatizou para aplicagéo dos padres minimos de qualidade definidos pela LDB (CNE, 2010) como referéni Opparecer do CNE define o CAQi como"uma estratégia de politica publica para a educagio brasileira, no sentido de vencer as hist6ricas desigualdades de ofertas educacionais em nosso pais’ (idem, p. 16). 0 documento do 12.0 CAQi e 0 CAO foram desenvolvidos no ambito da "Campanha Nacional pelo Direito & EducacSo* por D (n3 época, cootdenadora da campanha) e José Marcelino Rezende Pinta (professor da Universidade de S30 Paulo ~ USP de Ribetrdo Preto). 'A metodologia para o cilculo desses indicadores resutou dos trabalhos de especialstas,liderangas da sociedade civ, membros de ‘comunidades escolates eautoridades govemamentals das esferas municipal, estaduale federal que participaram de oficinas entre 2002 ©2005 (CARREIRA; PINTO 2007). (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 19 20 CCNE reproduz as especificagGes do CAQi para os padres minimos em relacdo aos espacos fiscos e recursos escolares ~ itens de infraestrutura ~ para todas as etapas da educagao bésica (CNE, 2010, p. 20-26). Uma vez que 0 CAQi fol incluido na Meta 20 do PNE 2014, essas especificagSes so reconhecidas como referéncias para 2 andlise da infraestrutura das escolas, No Anexo 1 deste trabalho reproduzimos essas especificagées para as escolas que atendem aos anos iniclais e finais do ensino fundamental. Para colocar em pratica a Meta 20 do PNE 2014, o MEC institulu, em maio de 2015, um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar estudos sobre a execugdo das estratégias que tratam do CAQ e do CAQi. 0 GT publicou, em outubro do mesmo ano, um relatério com ‘deias preliminares a respeito de Pardmettos Nacionais de Qualidade para a Oferta da Educacao Basica, sequndo seis dimensdes: 1) acesso; 2) jornada escolar; 3) profissionais, 4) instalagdes e recursos escolares; 5) democracia; e 6) redes de relagSes (GT CAO, 2015, p. 44). ‘Adimensao 4 —Instalaces e recursos escolares — descreve principios gerais sobre ainfiaestrutura, nos sequintes termos Principios: creche ou escola deve dispor de instalagbes que abriguem adequadamen atividades previstas pare a jomada escolar e oferecam condicGes de trabalho aos profissionais as {que nela atuam, com acesso aos equipamentos ¢ aos recursos educacionais necessérios atualizados, disponiveis para 0 uso coletivo e individual com a frequéncia recomendada pela melhor técnica pedagdaica, Estes recursos nao precisarn obrigatoriamente estar no prédio escolar, podendo tambeim ser garantidos em outros equipamentos no terrtéio. Referenciais: nesta dimensao da qualidade encontram-se sob exame as instalagdes da escola salas de aula, refetério, cazinha, banheitos, biblioteca, sala de professores luz, dgua, coleta de lino-2 05 equipamentos disponiveis~ computadores, projetores, mobilrio, bra Sptica,antenas. ~e 05 recursos educacionais- livros didaticos, biblioteca, recursos digitals (CNE, 2010, p.48), CO relatério do GT reconhece quea presenca de todas esses itens é condicionada, em grande medida, pela rea disponivel para as atividades durante a jornada escolar. Mesmo com essa ressalva,o relatorio apresenta algumas combinagGes de componentes para 0 exame da qualidade das instalagGes e recursos escolares, a saber: (a) pontvel € com acessibilidade para as atividades de ensino, cultura e esportes;(b) area disponivel para a gestdo e as atividades de apoio; (c) acesso a livros e outros recursos didaticos; (d) acesso a internet, frequencia e area velocidade de conexao; (e) atuag30 com outros atores para a obtengo de espagos e materials complementares paraa realizagio do Projeto Pedagogico (CNE, 2010, p. 49) Segundo orelatériodo GT, 0s Pardmetros Nacionaisde Qualidade paraa Oferta de Educagio Basica, vinculadosao Sistema Nacional de AvaliagSo (SNA), deveriam estar estabelecidos até 30 de maio de 2016. Caberia 8 Secretaria da Educacao Bisica (SEB) do MEC definir os pardmetros ¢ a0 FNDE 0 calculo dos custos de infraestrutura & manutencao (GT CAQ, 2015, p. 90). Porém, nao encontramos nenhuma indicago de que essa recomendagao tenha avancado apés a publicacdo desse relatério. Portanto, os padiées minimos de qualidade de ensino para a educagao bisica do CAQi sao tiltimas referéncias € as mais especticas sobre a infraestrutura das escolas nos documentos oficiais. Ndo obstante, para os objetivos deste trabalho, adotar 0 CAQi como padrao esbarra em uma dificuldade operacional porque nem todos os itens de infraestrutura descritos nos documentos (ver no Anexo 1) podem ser mensurados com os dados piiblicos 13. GT, instituido pela Portaria GM n° 459, de 12 de maio de 2015, foi composto por representantes dos rgaos que se posicionaram ao longo da tramitacao do Parecer CNE/CEB 08/2010, isto &: a Secretaria de Educacio Bésica (SEB), o FNDE, OINEP @a Secretaria de Articulagao com os Sistemas de Ensino (Sase), esta iltimna tesponsével pela coordenagao do GI produzidos pelo Inep. Somente uma pesquisa in oco permitiria analisaras condigdes da oferta educativa conforme esse padrdo. O que podemos fazer é uma aproximagao, tendo em vista o limite dos dados que dispornos. Com essa discussie normativa em tela, izerios um levantamento da literatura académica e técnica, que pudesse nos orientar nas decisGes metodologicas para lidar com os dados empiticos disponiveis. 2.2 Revisao da literatura 2.2.1 Procedimentos O levantamento da literatura sobre infraestrutura escolar foi orientado pelas sequintes questdes: 1) como a infraestrutura escolar tem sido definida e mensurada nas pesquisas quantitativas nacionais e internacionals’ 2) quais dimensGes, indicadores e itens sdo considerados (recursos pedagégicos, conservagio do prédio, entomo, instalagBes etc.) na literatura académica e técnica; 3) qual a relagao entre infraestrutura e resultados escolates? A metodologia pata o levantamento da literatura esta detalhada no Apendice A. Os quadros Ma A6 desse apéndice resumem os trabalhos revisados ‘A partir dessa revisdo, observamos que ndo hi uma definigao univoca de infraestruture, isto é, urn consenso sobte quais os aspectos devem ser observados pata a avaliagdo desse construto. De uma forma geral, as definigées esto mais vinculadas & empitia, ou seja, aos dados ~ em geral secundatios — utilizados nos estudos. Notamos também que duas grandes tendéncias de mensura¢3o da infraestrutura:trabalhos que produzem um indicador sintético; ¢ aqueles que descrevem a infraestrutura por meio de variaveis. Dentre os trabalhos que produziram indicadoressintéticos, encontramos alguns que utiliza metodologias mats simples (somatério de itens, com ousem ponderagao por julgamento) ou técnicas estatisticas multivariadas, tais como a anilise fatorial, modelos da Teoria da Resposta ao Item (TRI) e Grade of Membership (GoM). As técnicas rmultivariadas reduzem conjuntos de itens ou variéveisa fatores ou varidvelslatentes com pesos empiricamente calculados. Os algoritmos empregados tém pressupostos teéricos distintos, mas quando os procedimentos si0. aplicados a conjunto de dados em larga escala e sem muitas informacées faltantes, os resultados costurnam ser muito comelacionados (BARTHOLOMEW et al, 2002). {As diferentes técnicas de mensuragdo da infraestrutura escolar esto sumarizadas nos quadros A4 e AS, do [Apéndice A, na coluna ‘métodos/procedimentos” Nesta segdo, enfatizamos alguns desses procedimentos, aquelas que tém mais aplicabilidade aos dados nacionais ou que podem serinteressantes para a discusso dos resultados. Inclulmos também alguns relatérios que sistematizam indicadores para avaliacao da infraestrutura «escolar coma finalidade de diagnosticar ou monitoraras metas. Ess literatura, produzida ou encomendade por 6rgos governamentais, fornece pardmetros conceituals € é itl para identificar qual o esforco necessério para a coleta de dados. 2.2.2 Infraestrutura escolar: definic6es e mensuracao As definic6es sobre infraestrutura escolar estao bastante atreladas as informagées disponiveis sobre as escolas em pesquiisas ofciais. No Brasil, Censo da Educagao Basica (daqui em diante Censo Escolar) é amais importante delas, mas pesquisas de avaliagio educacional também contém informagées sobre o tema. O.Censo Escolar é uma pesquisa anual realizada pelo Inep sobre as condigées da oferta educativa nas escolas Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 21 22 de educagao bésica, cujas informagdes sao fornecidas pela prépria escola. Os itens do questionério da escola mensuramaexisténciade servigos piblicos gua esgoto,energia edestinag’o dolixo), banhettos,localadequado para preparar alimentos, espacos administrativos e pedagogicos (salas de professores, biblioteca, laboratérios, informatica, quadras etc), recursos administrativos ¢ educacionais, além de condigées de acessibilidade € recursos para educagao especializada. O questiondrio sobre a turma fornece algumas inforagdes adicionats que permitem inferir sobre recursos pedagégicos disponiveis no estabelecimento de ensino. Dentre os trabalhos que utilizaram 0 Censo Escolar (CAVALCANTI, 2016; CERQUEIRA; SAWER, 2007;GOMES; DUARTE, 2017; MATOS; RODRIGUES, 2016; PIERI; SANTOS, 2014; SATYRO; SOARES, 2007; SOARES NETO et al,, 2013a; 201 3b), destacamos o trabalho de Soares Neto e colaboradores (2013a) que desenvolveram uma escala de infraestrutura das escolas de educagio bisica e que serviu de base para estudos posteriores (SOARES NETO et al, 2013b; TCU, 2015). Os autores reduziram 24 itens dicotémicos do questionario da escola por meio de um modelo logistico de dois pardmetros da TRI a uma escala que foi, posteriormente, convertida para o intervalo de 0 a 100 pontos. A interpretagao descritiva dos itens originais nos intervalos dessa escala levou ao estabelecimento de quatro categorias de escolas: elementar, basica, adequada e avangada. Na primeira delas, estao escolas que apresentam somente aspectos elementares para o funcionamento, como sanitérfo, energia, esgoto e cozinha. Na segunda, as escolas, além dos itens da categoria anterior, ja possuem itens tipicos de um estabelecimento de ensino, como sala de diretoria, equipamentos de TV e DVD, computadores e impressora. Na terceira categoria, as escolas contam com um ambiente mals propicio pata o ensino e aprendizagem. Além dos itens anteriores, elas tém espacos como sala de professores, biblioteca, laboratério de informatica e sanitario para educag3o infantil, quadra esportiva, parque infantil e equipamentos complementares como copiadora e contam com .acess0 a internet, Na categoria mais alta, além de todos os itens anteriores, tipicamente, as escolas dispdem de laboratério de ciéncias e dependéncias adequadas para atender estudantes com necessidades espectais {As avaliagdes em larga escala, em particular, os dados do Saeb também petmiter caracterizar a infraestrutura escolar por meio de seus questionarios contextuals. Varios itens sobre infiaestrutura ¢ recursos escolares esses questiondrios coincidem com os do Censo Escolar. A diferenca é que, além de observar a presenca do item (laborat6rios, quadras, biblioteca, por exemple), o questionétio avalia as condigdes de uso ou estado de conservagio do recurso. Esse julgamento é feito pelo responsivel externa pela aplicagao do teste. Entretanto, a cobertura do Saeb é bem menor do que a do Censo Escolar'* No inicio da década de 2000, Barbosa ¢ Fernandes (2001) e Soares, César e Mambrini (2001), foram pioneiros fem destacar a associagao entre a infraestrutura e a qualidade da educacio mensurada pelo Saeb. Esses resultados foram muito significativos, porque revelaram um padr3o bem diferente do que era revelado na literatura internacional, Nos paises desenvolvidos, onde em geral os estabelecimentos de ensino funcionam em condi¢des mais satisfatérias, a infraestrutura escolar nao fazia muita diferenca (BROOKE; SOARES, 2008). Esses autores constataram que, a0 contrario do que sugeria a literatura sobre a eficacia escolar intemacional, no Brasil a infraestrutura é relevante. Barbosa ¢ Fernandes (2001), empregando a técnica de anélise fatorial aos dados do Saeb, produziram quatro indicadores de infraestrutura: conservacao do prédio; condig6es de funcionamento dos espagos laboratorials e de apoio; mobilidtio ¢ equipamentos;e instalagdes das areas externas e de recreacao. Com 0 mesmo conjunto 114.0 Saeb € composto por trés avaliagdes: a Avaliagd0 Nacional do Rendimento Escolar (Antesc), mais conhecida como Prova Bras a Avaliagdo Nacional Educagao Basia (Aneb) ea Avaliacao Nacional da Aabetizacéo (Ana). Maisinformacées sobre essas avalages esto disponiveis em , consutado em 3 de marco de 2017. de dados, Soares, César @ Mambrini (2001) desenvolveram trés indicadores de infraestrutura: condigdes das instalagées fisicas bisicas; condig6es das instalagbes fisicas espectficas; e condigGes dos equipamentos pedagégicos. Esses autores empregaram um modelo da TR! adequado pata tens com respostas ordinals Com dados mais recentes do Sacb, Soares ¢ colaboradores (2012) e Alves e Xavier (2016a) desenvolveram indicadores da qualidade da biblioteca, equipamentos e instalagdes, também com uso da TRI. Gomes ¢ Regis (2012) produziram um indicador de conservagio das escolas, com itens do questionario da Prova Brasil (uma das avaliagdes que compoe o Saeb), ¢ um indicador de infraestrutura com Itens do questionério da escola no Censo Escolar, ambos com analise fatoral Além dos trabalhos realizados com base em dados em larga escala, destacamos trés trabalhos nacionals que avaliaram as condigées de uso e conforto dos estabelecimentos de ensino em pesquisa in loco ou na percepcao dos usuarios. O primeito apresenta os resultados de uma pesquisa coordenada pelo professor Robert Verhine com a parceria de universidades pilblicas federais e estaduais. A pesquisa, encomendada pelo Inep, se baseou ‘em uma amostra de 95 escolas puiblicas ¢ 0 seu objetivo foi determinar o Custo-Aluno-Qualidade em Educagio Basica com © objetivo de subsidiar politicas relativas ao Fundef/Fundeb (VERHINE, 2006). No aspecto da infraestrutura, © levantamento verificou, além das dependéncias existentes nos prédios escolares utilizadas prioritariamente pelos alunos (sem contar as salas de aula, cuja presenca foi considerada Gbvia em uma unidade escolar) as condigdes de uso dessas dependéncias e a conservagao do prédio. A pesquisa desenvolveu dois indices sintéticos: o Indice de Condicées de Uso das Dependéncias (Indpred) e o Indice de Conservacso do Prédio (IndPred).Eles foram calculados pela soma das avaliagdes das dependéncias © o estado de conservagao de aspectos do prédio numa escala de 1 3, sendo que 0 valor obtido foi ponderado pelo ntimero de espacos ‘ou aspectos avaliacos disponiveis em cada escola segundo é um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da Unido (TCU) para avaliagao da inflaestrutura de cescolas puiblicas estaduais e municipais de ensino fundamental com vistas a auditar o uso de recursos pulblicos federais (TCU, 2015). Os auditores avaliaram, infoco,a partirde uma amostra de 678 escolas em todasas unidades da Federagio, a existéncia de espacos ¢ equipamentos escolares, conservacao, limpeza e funcionalidade de banheitos, bebedouros, quadras de esporte, laboratérios de ciéncia e de informatica, reas de preparacao de alimentos salas de aula e de atividades didaticas, biblioteca, seguranga, luminagéo, sistemas de comunicagio, redes elétrcas, de agua e esgoto etc. As avaliacdes atribuidas a cada um dos itens foram somadas, sendo que estes foram ponderados de acordo com a relevancia para o ambiente escolar Para a classficagio das unidades escolares, foram criados quatro conceitos que buscam refletir © padrao de qualidade da infraestrutura das escolas:a saber: precaria;ruim; aceitavel;€ boa. O terceita é 0 artigo de Oliveira e Pereira Jr. (2016), que utilizaram dados de um survey com trabalhadores do educagio para avaliar a peicepgao desses sujeitos sobre as salas de aula © as escolas onde trabalham, considerando ventilagao, iluina¢ao, limpeza de paredes, nivel de ruido € condigdes de uso € conservagio de espagos © equipamentos escolares. Porém, os resultados divulgados no artigo ngo avaliam esses itens por escola, mas a distribuigao dessas caracteristicas por tipo de escola (rede, localizacao, regido etc), uma vez que 5 objetivos do estudo eram as condicbes de trabalho docente As avaliagdes educacionais internacionais das quais Brasil participa também produzem medidas empiricas de infraestrutura escolar. A Oficina Regional de Educacién para América Latina y el Caribe (UNESCO-OREALC) realizou trés estudos regionais comparativos de desempenho escolar, cujo questionario contextual sobre a escola, respondido pelo ditetor,incluiitens sobre infraestrutura semelhantes aos do Censo Escolar e do Saeb. (Qualidade da infraestnutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 23 24 No Sequndo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce), realizado em 2006, osindicadores de infiaestrutura ede acesso aos servigos paiblicos foram calculados pela soma dos itens do questionério. Para o indicador de inraestrutura, 2a escala varia de 0 (nenhum item) a 15 (presenga de todos os itens). Para 0 acesso aos servigas publicas, a escala varia de (nenhum servigo publico) a cinco (todos). Além disso, o estudo considera, separadamente, o numero de livros na biblioteca eo nimero de computadores pare os estudantes da série avalada (VALDES et al, 2008). Com 0s dados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), a UNESCO-OREALC publicou uma pesquisa sobre a suficléncia, a equidade e a eficécla da infiaestrutura escolar entre os palses da América Latina participantes (DUARTE; JAUREGUIBERRY; RACIMO, 2017). A suficiéncia é definida como os componentes basicos do ambiente fisico para fornecer os recursos necessarios para o processo de ensino e aprendizagem, Para mensurar a suficiéncia ou insuficiéncia, os itens do questionario respondido pelo diretor foram organizados ‘em seis categoria. A primeira categoria é chamada de “égua e saneamento bisico’ e contempla os itens: agua potivel, esgoto, banheiros em boas condigées coleta de lixo. A segunda € 0 “acesso aos servigos publicos’ eletricidade, telefonia e intemet. A tercelra, “espagos educactonais’ inclui sala de arte/miisica, laboratério de cléncias ¢ informatica € biblioteca. A quarta categoria rene os “espagos administrativos’: sala do ditetor, salas administrativas, sala de reuniao dos professores e enfermaria. A quinta, 0s Yespagos multiusos, inclui gindsio, auditério € quadras de esportes. Finalmente, a sexta categoria se refere aos “equipamentos da sala de aula’ quadro branco ou de giz, mesa e cadeira pata o professor, mesas e cadeiras para todos 0s alunos. Em seguida, os autores desse estudo avaliaram a disponibilidade dos itens em cada uma dessas categorias, Para ser considerada suficiente, a escola deveria ter: 1) todos os itens da primeira categoria; 2) eletricidade & telefonia (na segunda categoria); 3) pelo menos a biblioteca dentie os itens da terceira categoria; 4) pelo menos dois dentre os quatro itens da quarta categoria; 5) pelo menos um dentre os trés itens da quinta categoria; e 6) todos os itens da sexta categoria que se referem & sala de aula (idem, p.14-15). Os resultados descrevem o percentual de escolas com grau suficiente nas seis categorias, em cinco, quatro, trés, dois, uma ou nenhumma categoria sequndo paises e outras varidvels discriminantes. Outro estudo empirico intemacional que apresenta uma avaliago da infraestrutura das escolas brasileiras € 0 Programa Internacional de Avaliagio de Aluno (Pisa, sigla em inglés)", Nas escolas da amostra Pisa, o diretor responde a respeito da escassez ou inadequagao dos sequintes itens de infraestrutura: 1) estrutura fisica da escola; 2) sistemas elétricos e de aquecimento/tesfriamento; e 3) espaco nas salas de aula. Sobre os recursos escolares, 0 diretor avalia a escassez ou inadequagao de: 1) laboratério de ciéncia; 2) materiais didaticos; 3) computadores; 4) internet; e 5) softwares educacionais. Esses dois blocos de questées so transformados em um indicador de infraestrutura e um indicador de recursos escolares (OCDE, 2013). Notamos que, na literatura internacional, esta mais presente a anilise de itens tais como: ventilagao, qualidade do ar, conforto térmico, iluminagao, actstica, qualidade da constiucao, acessibilidade, sequranga, preocupago com o bem-estar das pessoas, estética, bom gosto da decoragao etc. que sdo menos descritos nos estudos nacionais (SCHNEIDER, 2002; YOUNG et al, 2002). Outro tema menos presente na literatura nacional sao os direitos humanos. Por exemplo, na Africa do Sul, o Sipis (School infrastructure Performance Indicator System) & um sistema para avaliagao in loco das escolas em relago a itens bsicos (acessos a servigos piiblicos, espacos e recursos escolares), também a aspectos da infraestrutura que asseguram os direitos humanos, a inclusdo € o respeito as diferencas 150 Pisa uma avalacdo educacional comparative entre pases que ocerrea cada résanos, com aaplcaciode testes cognitvase questonatios extuaksIforracBes sobre a partcipagae do Bras no Pisa em: (Consutad em 28 de outubro de 2017). entre os sujeitos escolares (GIBBERD, 2007; GIBBERD; MPHUTLANE, 2007; SEBAKE; MPHUTLANE; GIBBERD, 2007). Sipisavalia as condig6es de acesso para as pessoas com necessidades especias, flexbilidade e adaptabilidade do prédio, adequacao do espaco, existéncia de méveis modulares, servicos e estratégias estruturais e outros. A coleta de dados incuientrevistas com ditetores liderangaslocais, gestores educacionais, observacao doestabelecimento de ensino e desenhos produzidos pelos alunos sobre a escola. Contudo, os autores apresentam a pesquisa como um piloto que necessita de mais estudos (SEBAKE; MPHUTLANE; GIBBERD, 2007). Outro exemplo muito interessante vem do México, onde o Instituto Nacional para la Evaluacién de la Educactén (INE®) introduziua Avaliagao das Condiges Basicas para 0 Ensino e a Aprendizagem (Evaluacién de las Condiciones Bésicas para la Ensenanza y el Aprendizaje ~ ECEA) das escolas primrias (NEE, 2016). A ECEA é especialmente completa na avaliaga do contexto educacional. O instrumento apresenta iniimeros itens organizados em dimens6es, a saber: 1) infisestrutura para o bem estar € 0 aptendizado dos estudantes; 2) mobilidrio basico para © ensino € aprendizado; 3) material de apoio educativo; 4) gestdo da aprendizagem; € 5) organizagio escolar. AAs tiés primeiras dimensoes contemplam os itens de infraestrutura: condigdes basicas dos estabelecimentos de eensino (gua, energia € esgoto), espagos educativos usuais, banheitos separados, mobilirio, recursos escolares adequados ao ensino € aprendizagem, ambientes iluminados, ventilados € com temperatura adequada, acessibilidade, prevengio de riscos de acidentes e outros. Além disso, na dimens3o da organizacao escolar, 0 instrumento destaca o respelto aos direitos humanos,a igualdade no tratamento segundo género, origem social, etna, idioma, religio e pessoas com deficiéncia, o que repercute no tipo de ambiente e de recursos pedagégicos das escolas.O relatério do estudo piloto (amostra de escolas primérias) apresentou a caracterizagSo das escolas segundo localiza¢o urbana e rural, tipo de escola e grau de marginalizacao da localizac30. Por fim, incluimos nesta revisio alguns relatorios que apresentam critérios, pardmetros ou padrdes minimos para os ambientes fisicos das escolas ¢ recursos educacionais, Destacamios aqui dois trabalhos, um internacional © outro nacional. Além destes, mais relat6rios podem ser consultados nos quadros Ad e AS do apéndice. Oprimeiro sig osindicadores do Objetive 4 —Educagao de Qualidade —da Agenda 2030 parao Desenvolvimento Sustentavel, especificamente a jé citada meta 4a, sobre a infraestrutura das escolas. Os indicadores propastos pela UNESCO para acompanhar 0 cumprimento dessa meta so: 30, Porcentager de escolas com acesso a: () gua potivel; (i) instalagGes sanitérias bisicas separadas por sexo; (i instalacdes basicas paraalavagern das maos, 31. Porcentagem de escolas com acesso a: (i eletricidade; (i internet para fins pedagégicos; e {i computadores para fins pedagégicos. 32. Porcentagem de escolas com infiaestrutura e materiais adaptados para alunos com deficiéncia (UNESCO, 2016, traducdo propria). (Osindicadiores da meta da Agenda 2030 sio para oacompanhamento dos paises, nao das escolasindividualmente. Porém, nao se atinge @ meta nacional, sem que a maioria das escolas possuam os itens dos indicadores. segundo trabalho se refere aos jé citados padrées minimos CAQi, uma vez que essa referéncia esté na Lel do PNE 2014 e fol referendada pelo CNE, Segundo o CAQi, uma escola de ensino fundamental com os 5 anos iniciais € 480 alunos (24 por turma) deve ter: 10salas de aula, 2 salas para ditegSo e equipe, 1 sala para professor, 1 sala de leitura/biblioteca, 1 laboratério de ciéncias, | laboratério de informatica, 1 refeitétio, | copa/cozinha, 1 quadra coberta, 1 parque infantil 4 banheitos, 3 espacos para depésitos, 1 sala de TW/DVD ¢ | sala de reprografia Odocumento especifica o tamanho, em metros quadrados, de cada um desses ambientes, o que significa que Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 25 26 uma escola dos anos iniciais do ensino fundamental deve ter, pelo menos, 1.150 metros quadrados entre drea construida € espagos livres. As especificagoes de equipamentos e materiais permanentes incluem varios itens para esportes e brincadeiras,itens de cozinha, varios tipos de colecGes e materials bibliogrsficos, equipamentos para audio, video e fotos, equipamentos de informatica, mobilétios e aparelhos em geral (ver Anexo 1). Em uma escola dos anos finals do ensino fundamental, considerando 600 alunos (30 por turma),oCAQi recomenda ‘05 mestnos espagos, mas substituindo o parque infantil por uma sala de grémio escolar. Porém, as salas de aula so maiores, sendo que a érea total atinge 1.650 metros quadrados. Os equipamentos e matetiais permanentes estdo discriminados nos mesmos grupos, porém com especificagSes mais adequadas & faixa etéria (ver Anexo 1), 2.3 Sintese para um modelo conceitual Arevisio da literatura mostrou que a nogio de infraestrutura escolar esté muito associada a idela de qualidade da educagio. Porém, ndo ha uma defini¢o univoca do conceito, a qual deriva quase sempre da empitia, isto é, dos dados disponiveis para a sua mensuracao. As excecdes sdo alguns documentos normativos que propdem padrées sequndo critérios minimos, basicos ou ideai Nao obstante, propusemos uma sintese. De uma forma geral ficou subjacente a ideia de que a distingdo entre 2 melhor © @ pior infiaestrutura decorre da existencia dos itens basicos (ou suficiéncia) para o funcionamento do prédio escolar (acesso a servigos publicas, banheitos e cozinha), os espagos educacionais (biblioteca, salas de professores e laboratérios) ¢ de apoio (salas administrativas, espaco para preparo de alimentos € para fazer refeicdes), a existéncia de recursos pedagégicos (computadores, livros, TVs, materiais de apoio) etc. ‘Alem disso, uma infaestrutura adequada deve respeita os direitos humanos, no minimo, por meio de acessibilidade e banheirosadaptados Também muitoimportante, emboracom menos dacdos empiticos s80 as questdes relacionadas a0 ambientes favoraveis para o ensino ¢ aprendizagem, como o conforto térmico ¢ actistico, a seguranga, 0 respeito as diferencas de género, por exemplo por meio de banheiros separados e com portas e condigdes de hglene (gua, ‘sabao ¢ lixeiras), € a existéncia de materiais para Atendimento Educacional Especializado (AEE). Passar do conceito para a mensuragao constitul um grande desafio para a pesquisa social. Muitos conceitos apresentam definices com nuances sutis e é dificil precisar exatamente os seus limites. Ao tentar operacionaliza-los, normal que haja uma perda da riqueza de detalhes imaginada pelo pesquisador. Na auséncia de um acordo claro sobre como medir um determinado concelto, uma recomendagao € medio de formas diferentes , se ele tiver varias dimensoes, tentar medias todas (BABBIE, 2010). Esse foi o caminho proposto nesta pesquisa. A partir dos parémetros gerais de qualidade educacional presentes em documentos que definem as politicas educacionais nacionais ¢ da organizacao da literatura (quadros do Apéndice A) propusemos um conjunto de consttutos te6ricos relacionados & infraestrutura, © Quadro A6 do Apéndice A, sumariza os vinculos de cada construto proposto aos referenciais teéricos Ressaltamos que nem sempre esses construtos foram ditetamente citados nos trabalhos ou esto presentes de forma conjunta em algum deles. As sinteses contidas nos quados do Apéndice A refletern anossa interpretagio ddessas leituras. Com isso, pudemos avaliar os consensos sobre o tema, bem come os aspectos da infraestrutura escolar que necessitam de mais esforco para coleta de dados. £m seguida, buscarnosorganizaressesconstrutosem um modelo tesrico preliminar constituidoporseisdimensoes, a saber: () rea; (i) condigbes de atendimento; (il) condigdes bésicas; (W) condigdes pedagégicas, v) condigées para o bem-estar;¢ (vi) condig6es para a equidade. A Figura 1 resume essa concepgao teética preliminar. Ao propor essas dimensdes, consideramos que uma escola de ensino fundamental tem uma érea delimitada © seu prédio pode ter eondigées de atendimento muito variadas, dependendo da sua localizago, tendo em vista 0 tamanho do territério brasileiro, as especificidades dos inumeros sistemas de ensino e as diferentes ‘tapas € modalidades de ensino compreendidas no estabelecimento. Como o prédio escolar oferece um servic, esse espaco precisa ter condigées basicas de funcionamento, algo que se espera de qualquer espaco que pessoas frequentem, sejam elas alunos, professores, demais profissionais da escola, além dos pais, gestores e a comunidade em geral. Contudo, esse servico é a educagao, que exige condigdes pedagégicas, propriamente escolares, essenciais para o trabalho pedagégico (por exemplo, salas de aul, biblioteca, laboratérios de ciéncia e de informatica). Sintese do modelo conceitual para avaliar a infraestrutura das escolas: dimensées e indicadores. {_tecalizagéo da escola urbona/nralcapiteVinteror) _) Area } Toca de funcionamento (seem prédio. galpso etc) 4 egies do pals, estadas e municipios Candas ‘Atendimento de modalidades eetapas ‘Atendimento Tamanho da escola/turma’ Figura 1 f Acesso a servigos piblicos Condicdes basicas Instalacées minimas (banheiro,cozinha etc) 4 Prevengio de danos 20 patriménio ¢ 8s pessoas Instalagées tipicamente escolares eae Recursos pedagogicos Conforto e bem-estar fisico Conservagao e cuidado (limpeza) ‘Ambiente prazeroso (estética, ea verde) Condicées para (Género/etnia/cultura et. Pessoa com deficén ‘A demanda pela melhoria do desempenho da educagio publica inclui a necessidade de um ambiente agradavel, prazeroso, limpo e conservado que ofereca condigées de bem-estar aos alunos e professores para © bom andamento do trabalho escolar, sem negligenciar outros aspectos. E, por fim, espera-se que a oferta de uma educago de qualidade tenha como principio a inclusao, os direitos humanos €a iqualdade de género, o que requer condigdes para a equidade, isto ¢, que.a qualidade seja para todos os alunos, independentemente do génera, da cor/raca, da condigao de deficiéncla etc. Para traduziras dimens6es eos consinutos te6ricos em indicadores empiticos de infraestrutura escolar, utilizamos 0 dados piiblicos brasileiros. Na préxima seco, apresentaremos como os dados do Censo Escolar e do Saeb foram empregados para testar esse modelo conceitual (Qualidade da infraestnutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 27 3 Abordagem metodoldgica Esta seco apresenta as fases empiricas da pesquisa, descrevendo as fontes de dados e os procedimentos de selecdo dos itens dos questionarios, de compatibilizagao das bases de estimacao dos indicadores ‘A Figura 2 resume as fases que serdo apresentadas nas subsegdes a seguir: Figura2 _ Fases empiricas da pesquisa + Selegao das edicdes do Censo Escolar e do Saeb que seriam utilizadas no estudo; + Verificacio de quais as itens dos questionérios das pesquisas poderiam exprimir a infraestrutura das escolas, + Analise descritiva dos itens; + Distribuigao dos itens em dimensdes e indicadores conforme modelo conceitual pretiminar, decortente da reviséo dos marcos legais e da literatura nacional e internacional ~ Compatibilizagio das bases de dados das edigdes de 2013 e 2015, tomando decisbes sobre as escalas das variaveis; + Andlise explorat6ria: Andlise de Componentes Principals (PCA) e matrizes de cotrelacio policérica; + Reformulagao do esquema empirico: nova disposigao dos itens entres indicadores, exclusio & -combinagao de itens, + Analse das matrizes de corelagao policorica dos tens que permaneceram apos a andlise exploratora, + Andlise das curvas de informacao dos ftens e das curvas caracteristicas dos itens « Estimago de onze indicadores por meio da TA transformacao da escala para Oa 10 pontos; + Estimacao de um indicador geral por meio da TR! € transformacao da escala para 0a 10 pontos. ~ Descrigao dos indicadores, + Interpretacao da escala do indicador geral; Fase empiticad | « Distribuicao dos indicadores por variavels discriminantes; + Proposi¢ao de um madelo de interpretagao de resultados por escola e municipio, Fonte:elaboragao propia, 3.1 Fontes de dados Os dados utilizados sao provenientes do Censo Escolar e do Saeb, ambos dos anos de 2013, 2015 e 2017". Embora ‘0. Censo Escolar seja anual, a escolha dessas edigdes se justifica porque compatibilizamos, sempre que possivel, os dados desse levantamento com os dados do Saeb que sdo bianuals. Acreditamos que a descrigo das escolas com dados de anos alternados no seré menos fidedigna do que a que seria produzida com dados de todos os anos. Utlizamos os questionérios das escolas e turmas do Censo Escolar, a partir dos quats obtivemos as informagdes sobre a localzacao da escola, condigdes de funcionamento, caracterizagao do parédio escolar, recursos pedagdgicos, acessibildade, dentte outras Porém, essasinformages no mensuram as condigées ou qualidade do uso desses tens. Por essa razao, com o objetivo de caracterizar outros aspectos da infraestrutura escolar, tals como, a qualidade ¢ as condides de uso, incluimos os dados do Saeb (Prova Brasil e Aneb).Do Saeb, utlzamos as informagées dos uestionstios referentes as escolas e daqueles preenchidos pelos diretores. 16Em uma etapa preliminar da pesquisa os dados de 201 1 seriam utilizados, Contudo, a decisio final, apd diversas andlises explorat6rias, foi por nao manté-1os porque houve mudancas nao triviais no questionario do Saeb em relagao aos anos de 2013, 2015 e 2017, 0 que resultou em uma dificuldade de compatibilizagao dos itens e, consequentemente, para multas situagbes, foi gerado um ntimero expressivo de casos ausentes, Embora 0 método para célculo dos indicadores, a TRI, trate naturalmente os casos ausentes, o volume destes casos resultou na falta de consisténcia temporal dos indicacores. (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 29 30 Embora nosso objetivo central seja produzirindicadores para monitorara infraestrutura das escolas piiblicas de ensino fundamental, incluimos, na etapa de estimagao dos indicadores, as escolas privadas para diversfcar os perfis dos estabelecimentos de ensino, Assim, tanto no Censo quanto no Saeb,a rede privada foi mantida nas bases de dads. Especificamente no caso do Saeb, hé um conjunto de escolas cujo cédigo” nao permite a identificago. Ou sea, cessas escolas recebem um cédigo mascara, no sendo posstvel localizé-las na base do Censo Escolar ou mesmo entre edigdes do Saeb. Todas as escolas privadas,sejam aquelas que fazem parte da amostra do Saeb ou as que participaram por adesio da avaliagao, recebem um cédigo mascara. Algumas escolas publicas que fizeram solicitago para nao divulgago dos resultados ou que a taxa de participagao fol inferior a 50% dos estudantes também recebem esse cédigo. ‘As escolas com cédigo mascara foram mantidas nas bases de dados para a estimago dos indicadores, pois caso fossem excluidas nao seria possivel produzir um retrato mais fidedigno do cantexto das estabelecimentos de ensino 1 pais principalmente para aqueles indicadores que sintetiza as condiges de uso dos recursos eda conservagao dda escola, uma vez que eles derivam dos itens presentes nos questionarios do Saeb. Isso seré detalhado mais adiante Inicialmente, destacamosdlos questionariostedasasvaridvelsque poderiam nosajudaracaracterizarainfraestrutura das escolas.Este esforcofoidirecionado pelo modelo conceitual preliminar resultado da revisao de literatura, Desse modo, classficamos 158 variéveis que mensuravam,direta ou indletamente, os construtos tebricos relacionados 8 infraestrutura, além de outras 24 varléveis que seriam utilzadas posteriormente apenas como discriminantes (por exemplo, localizagio da escola, etapas etc). Entretanto, a partir de diversas fases de andlise com vistas a traduzir (8 construtos em indicadores empiricos, algumas variéveis foram excluidas. so ocorteu porque parte delas no actescentava informagao ao indicador, Multas eram variéveis do Saeb, cuja inforrnagio para um conjunto mais completo de escolas jd era captada pelo Censo Escolar. Outras porque estavam cortelacionadas negativamente ‘com outros itens que compunham o indicador.Es5as analises e decisbes serio desctitas na seco 3.2 ATabela 1 resume os dados utilizados com os respectivos ntimeros de casos. No total, estdo sendo analisadas 143.170 escolas, puiblicas e privadas, que ofertam 0 ensino fundamental, exclusivarnente ou ndo, Como o foco desta pesquisa € a infraestrutura das escolas de ensino fundamental regular, excluimos os estabelecimentos que ofertam exclusivamente ensino infantil, médio ou a modalidade de Educagio de Jovens e Adultos (EIA). Para selecionar os estabelecimentos de ensino com a oferta do ensino fundamental regular, consideramos as variaveis modalidade e etapa, presentes nos bancos de dados de Turmas e Matriculas, no Censo Escolar 2013, eno banco de dados de Escolas e Matriculas do Censo Escolar de 2015 e 2017". Em todos os casos, incluimos apenas as escolas com registro de matriculas no ensino fundamental regular”. 17 Todas as excolas racebem um cédigo de dentificagao de oito digtos gerado pelo Inap, Cada escola possui o mesmo cédigo nas bases do Censa Escolar e da Sab, o que permite unifcar essas bases para as informagéas dos astabelacimentos de ensina. A sxcacio se refere 8s escolas que recebern um cédigo mascara, 18 Em 2015 @ 2017, o banco de dados de Escolas incl varies sobre as modalidades e etapas de ensino em cada escola, Em 2013, «ssa nformagao no existia do banco de dados de Escola. Para selecionar as escoas elegives para a pesquisa ol necessiorecorrer 20 bbanco de dads de Matriculas, 19 No Censo Escolar 2013, encontramos inconsisténcias entre as informagbes de turmas e matrculas, No banco de dados de Turmas, 1.869 escolasinformaram a oferta do ensino fundamental regular, mas no banco de dados de Matriculas, todos os alunos dessasescolas esto matrculados em turmas de ensino especiaizado (no regula). Para nao subestimar indicadores de AEE com informages de mmuitas escolas exclusvas, sendo 80% delas privadas, optamos por nio as inclut. Em 2015, no encontramos inconsisténcia , ern 2017, encontramos duas escolas partculares que, no banco de dados de Escola, seam elegives para este estudo, mas elas no tm ‘matiiculas no ensino fundamental segundo 0 banco de dados de Maticulas @ por isso no as consideramos. Tabela1 Bases de dados e respectivos niimeros de escolas por edi oda pesquisa 2013 2015 2017 Censo™ v3.70 | 135939 | 131604 Saeb™ 57079 55.601 57.197 nt: elaboracSoprdpriaa partir dos microdados do Censo Escolar e do Saeb 2013, 2015 @ 2017 Notas:‘O ner de escola nasa sempre comesponder ao total de escola do Censo Escola pos as escola stares no Saeb também eo presetes no Ceneo Escola, onvero nfo é verdad; "0 Sacb reine na mesma base de dados. a roi Bel exaes pics) Ane ~ a subamastra de escoles na elagives para aProva Bras representa ds xcolasprvadas eds pica cam menos de 20 alunos Analisamos todas as escolas que ofertam o ensino fundamental (exclusivameente ou no), sendo que estas representavam, em 2017, 71,596 dos estabelecimentos de ensino no Censo Escolar”, 3.2 Preparacao das bases de dados e selecao das variaveis [As varidveis do questionério das turmas do Censo Escolar foram agregadas para obtermos uma medida tinica por escola, Por exemplo, a partir da variavel IN_BRAILLE, que identifica se a turma apresenta ensino do sisterna Braille fo feita uma contagem das ocorréncias de quantas turmas possuem esse sistema de ensino. Em sequida, as variéveis de contagem foram adicionadas ao banco das escolas do Censo Escolar. Esse procedimento foi realizado para todos 0s anos na pesquisa, utilzando como chave de identificagao entre os bancos de turmas e escolas, 0 cédigo de identificagao da escola (CO_ENTIDADE) Na base do Censo Escolar, as varidveis cujo nivel de mensuragao era intervalar foram recodificadas como ordinais. Nesse caso, esto incluidas: 1) todas as varidveis provenientes das bases das turmas, que so intervalares, pois so produto da contagem de um item dentro de cada escola ¢; 2) todas as varidveis originais das bases das escolas que infarmam o numero de um determinado item na escola (por exemplo, NU_EQUIP_TV). Do Saeb foram utiizadas as informagdes dos questionarios das escolas e diretores. Todas as bases sao identificadas pelas variéveis‘ano da pesquisa’ (ANO) e*cédigo da escola" (CO_ENTIDADE). Do banco de dados dos diretores, apenas uma varidvel foi utilizada na etapa de estimacao dos indicadores. Iso Cocorreu porque as outa variaveis ndo convergiram na andlise exploratoria em nenhum dos indicadores testados, ou estavam correlacionadas negativamente com os outros itens desses indicadores Por exemplo, foram excluidas 2s variéveis que mensuram se o funcionamento da escola fo dficultado por falta de recursos pedagogicos, se ha espaco fisico para cozinhar, dentre outras. Inicialmente, também foram selecionadas variéveis provenientes dos questionétios respondidos. pelos professores em que eles relacionam itens de infraestrutura 4 sua praca pedagégica ou a auséncia desses itens 205 problemas de aprendizagem dos estudantes". Entretanto, essas variaveis néo foram mantidas no processo de estimagao dos indicadores, porque na etapa de andlise exploratoria elas no convergiram em nenhum 20 Sequndo a Sinopse Estatstica da Educacéo Basica de 2015 existem 186441 escolas de educacio bisica (considerando o ensino infantil fundamental, médio, profsional E16 e especial) e 48.795 512 matriculas em todas as etapas/modalidado= 21 Este & 0 caso das questdes nas quais 0 professor avala que possives problemas de aprendizagem dos alunos das séies avaliadas sBo decorrentes do ambiente de inseguranca fica da escola se ele considera que a caréncia de ifraestruturafisica é um dos possiveis problemas de aprendizagem dos alunos das séries avaiadas se ele utiliza programas/aplicativos de computador para fins pedagéaicos ¢ ~ Total Fonte: elaboracSo prépria com dados do Canso Escolar e Sac, ‘Tendo em vista que o foco deste trabalho sao as escolas puiblicas de ensino fundamental, os estabelecimentos da rede privada foram excluidos das andlises que se seguem. Também nao faréo parte da anilise os da rede federal, uma vez que hé apenas 47 estabelecimentos que equivalem @ menos 0,1% do total de escolas. 4.2.2 Localizacéo As diferengas da infraestrutura entre escolas urbanas € rurais sto destacadas tanto na literatura nacional (CERQUEIRA; SAWYER; 2007; GOMES; DUARTE; 2017; SATYRO, SOARES, 2007; SOARES NETO et al, 2013a; 201 3b), quanto também na internacional (DUARTE; JAUREGUIBERRY; RACIMO, 2017; SEBAKE; MPHUTLANE; GIBBERD, 2007; GLICKA et al, 2011; VALDES et al. 2008). ATabela 4 apresenta a média total dos indicadores das escolas estaduals e municipais de ensino fundamental e amédia dessas por localizaco rural ¢ urbana. As médias na area urbana sao mais elevadas do que as das escolas rurais, que corrobora com a literatura revisada, Para a maioria dos indicadores na zona urbana, as tendénclas observadas entre 2013 € 2017 sdo.de melhoria ou estabilidade, exceto para os indicadores de equipamentos para apoio administrativo e equipamentos para apoio pedagdgico. Nas escolas rurals, além desses dois, merece destaque a piora no indicador de espacos pedagégicos. Por outro lado, tanto na drea urbana, quando na area rural, o indicador de acessibilidade melhorou, bem como © de AEE, ainda que 0s valores desse tiltimo sejam muito baixos, mesmo nas escolas urbanas. (Qualidade da infraestrutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 41 Distribuicao das médias dos indicadores por total de escolas estaduais e Tabela4 : : municipais de ensino fundamental, localizacao da escola e edicao da pesquisa 23 | 2is | 207 | ams | 2015 | an | 2013 | 20s | 2017 Servigesbiticos 65 67~—SCo | 6 SS?Ssags« |S |nstalagies co precio so ol os | 43s a? | 77980 Prevensio de danos 6A 6 oa | 48 s1 | 67 68 68 |consarvagso ee confor or 67 69 | 56 57 60 | 7 69 72 | Ambiente prazeroso 23335 | sae | at Espacos padagécicos 2 |] 2k sf | aESEa 3234 a5 | 13) ew | sa 552 Equip 9 apoio pedag 34g os] 19 555756 | acessbiidede 36a ats] 250 | 560 Ambiente pata AEE oo) 2 | 2 ss | Da |Infraestutura geval so s2_ 55 | 37 4043 | 65 56 ante: elaborago propria com di ‘nso Escolar e Sack Grafico 2 mostra a evolucao do indicador geral de infraestrutura segundo localizagio e a média total para o conjunto das escolas municipais ¢ estaduais de ensino fundamental como referéncia. Destacamos a relativa estabilidade nas escol Urbanas e um crescimento nas escolas rurals Isso no significa existéncla de equidade entre elas, pois se considerarmos constante o ritmo de crescimento do indicador geral nas escolas rurais de 2015 para 2017, estas apenas apresentariam uma média préxima ao indicador geral de 2017 nas escolas urbanas em 2015. Evolucéo do indicador geral de infraestrutura escolar por localizagao Gréfico 2 administrativa, total e ano, escolas estaduais e municipais 10 9 2013 2015, 2017 + Rural —a— Urbana - -% - Total 4.2.3 RegiGes e unidades da federacao /Tabela 5 mostra a distibuigo dos indicadores por regiées do pais, Nao incluimos a coluna das médias totais porque os valores so os mesmos da tabela apresenta na subsecao anterior. Distribuicdo das médias dos indicadores Tabela 5 i , por regido e ano, escolas estaduais e municipais Janna | 201s | 2or7 J 2ora | 201s | 2or7 | 2013 | 2ons [zor | 2013 | 201s | 20r7 | 20r3 | 2015 | 2017 Senin bhaeee 42 43 44| 58 60 62] 86 88 89] 80 81 82] 75 76 77 Jintlagdesdopréaio | 4345 47 | so sa 55/76 78 go | 73 75 76 | 6a 71 72'| Preenciodedanos | 52 4 54] 53 36 55 |72 73 72|73 74 74/668 66 66 |conseragso |'60 61 ¢0|so 61 61 | 72 70 71 | 6s 67 69/64 63. 62 | Conforto 7 57 s7|s7 s7 se|77 77 79|74 75 78| 68 64 66 Jambiensprarso | 1a 17 19) 1z 2327 4x 4s 47 | sos se | as 420 47)| Espacospedagigios | 14 ia 13] 18 18 i7|41 42 39/47 47 44] 42 41 40 |fminprepooadnin | 17 19 20/20 23 26| 49 51 ae so si 52] so so 51 | Equip p/apoiopedag | 18 21 20/27 32 33/51 Sa sa | sa 5a 57 | 50 53 5) Jacensbiede | 293233] a1 3¢ 38 [43 47 5347 se sof sa so. ai | AmbientepaeAE | 05 07 08 | GA o6 07/11 15 17| 17 20 19] 17 21 23 | [festa get | 36 aa at | aa ays [ez ea es [ees 6s [igo er 6s | 3s resultados mostrar um padréio de desiqualdades regionais conhecido. As escolas municipais e estaduais localizadas nas regides Sudeste e Sul sistematicamente tém médias mais elevadas do que as escolas nos estados do Norte ¢ Nordeste. O Centro-Oeste aparece com situagao intermedia. A tabela com os resultados por estados, por ser muito extensa, esta no Apéndice D. Destacamios alguns resultados: no Centro-Oeste, o Distrito Federal possui varios indicadores mais altos; no Nordeste, o Ceara apresenta a média mais alta no indicador geral na regiao e também médias mais elevadas para varios indicadores; € na regio Norte, os estacios de Rond6nia © Tocantins, apresentam as médias mais altas no indicador geral e em varios outros. Merece destaque que os indicacores das escolas do Norte ¢ Nordeste esto melhores em 2017 em comparag3o 0s observados em 2013, mas as distancias entre as médias dos indicadores do Norte (valores médios mais baixos) em relagao ao Sul (mais altos), permanece bem elevadas Esses padrées de desiqualdades sao semelhantes ao que registramos na literatura educacional (GOMES; DUARTE, 2017; CERQUEIRA; SAYWER, 2007; SOARES NETO et al, 2013a; 2013b). A Unica divergéncia foi observada no trabalho de Cerqueira © Saywer (2007), que encontraram inversio entre as escolas do Sul ¢ do Centro-oeste, estas melhores do que aquelas. Mas isso pode ter relagdo com alteracdes posteriores, visto que os autores utilizaram dados mais antigos. Gréfico 3 apresenta a evolucdo do indicador geral de infraestrutura de 2013 a 2017. Notamos melhora das médias em todas as regides. Nas regides Sul, Sudeste © Centro-Oeste, que partem de uma situagSo melhor, as escolas tiveram uma evolugao ligeira © bem semelhantes. © Nordeste foi a regio que mais evoluiu, com um crescimento de 0,6 ponto na média do indicador geral do inicio ao fim da série. (Qualidade da infraestnutura das escolas piblicas do ensino fundamental no Brasil 4B

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