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Digitalizado com CamScanner elke: Clem yee Vv rng logo apareceu, Janca: mento em que o di ; contro o metro Fre, numa conversac, proeritmos colonuisrimetros jambicos © poucos Hexamelros, © estes, s6 i sa. wuando abandonamos o clima de conversa, Fear L Quanto ao niimero de epis6dios e demais ornamentos c estudados; seria ue se acrescentam as partes, demo-los por a ie trabalhoso discorrer em detalhes sobre cada um. v 22( A comédia,] como dissemos, é imitagio de gentes inferiores; mas TA0 em relagio a todo tipo de vicio e sim quanto ‘em que 0 cémico € grotesco. O grotesco um defeito, horrenda e desconforme, mas sem expressio de dor. 23, Se as transformagdes por que passou a tragédia, assim como os seus autores, nos s4o conhecidas, os da comédia ainda nao 0 so, porque no principio ela nao era estimada. Apenas tardiamente o arconte' permitiu 9 coro da comédia; antes disso, ele era composto por voluntérios. A comédia ja tinha adquirido al émicos passaram a ser lem- brados. Assim, no se sabe quem introduziu méscaras, prélo- 'g0s, mtimero de atores e demais particularidades. A construgo dos argumentos nasceu na Sicilia, com Epicarmo e Férmis. Em ‘Atenas, Crates foi o primeiro a abandonar a poesia jambica, ‘compondo dislogos e enredos de temas genéricos. 24. A poesia épica e a tragédia somente concordam por ser, ambas, imitagio em versos de homens superiores; a dife- renga esté em que a epopéia tem metro uniforme e forma narrativa. Também na extensio existe diferenca; a tragédia, tanto quanto possfvel, procura caber dentro de uma revolugao do sol ou ultrapassé-la um pouco; na epopéia, a duracio ndo tem limi nnisso ambas diferem. No entanto, no comes0, ‘0 tempo de tragédia era ilimitado, como sucedia também nas epopéias. 1 Magistrado da Grési antiga que, antes de Sélon, detinha o poder de legisla. anisroreuss tt _§_— 25. Das partes componentes, algumas so as mesmas tanto na tragédia quanto na comédia; outras sao atributos somente da tragédia. Por isso, aquele que sabe julgar as qualidades e 0s defeitos da tragédia saber fazé-lo, igualmente, em relacao } epopéla, uma vez que as partes todas da epopéia encontram- se também na tragédia, embora nem todas as desta ultima se achem naquela, VI 26. Trataremos depois da arte de imitar em hexmetros ¢ da comédia. Falemos da poesia tragica, dando-lhe como defi- nigo tudo aquilo que antes dissemos. 27. A tragédia é a representacdo de uma acdo elevada, de Iguma extensio e completa, em linguagem adornada, distri juldos os adornos por todas as partes, com atores atuando e Indo narrando; e que, despertando a piedade e temor, tem por sultado a catarse dessas emogdes. 28. Considero linguagem adornada a que tem ritmo, har- monia e canto; e o distribuir-se os adornos por todas as partes significa que algumas sio dotadas apenas de verso, enquanto outras servem-se também do canto. 29. A imitacio, sendo feita por atores, torna necessaria- mente o aspecto cénico parte primeira da tragedy em seguida, ‘vémo canto e as falas, porque sao esses os elementos com que os personagens efetuam a imitacio. Por falas entendo 0 con- junto dos versos; por canto, aquilo cuja sentido é claro a todos. 30. Como a tragédia é a imitacdo de uma agio, realizada pela atuagio dos personagens, os quais se diferenciam pelo carater e pelas idéias (porque qualificamos as agdes com base nas diferencas de cardter e idéias), segue-se que Sio duas as causas_naturail ‘des: idéias e cariter. E dessas ages se origina a boa as, A Tabula é imitacao origina a boa ou _mé fortuna das pess¢ Ga agto, Chamo Tabula a reunlio das agdes; por cardterentendo auilo-que nos Teva a-dizeF que as personagens possuem tais ou_tais_qualidades; por idéias, retiro-me a tudo o ques os Personagens dizem para manifestar seu pensamento. 31. Assim, sio seis os elementos que constituem, necessa- riamente, a qualidade da tragédia, a saber: fabula, caracteres, Digitalizado com CamScanner fre tictnte LS falas, idéias, espetdculo e canto. Quanto aos meios da imitagio, sio dois; 0 modo como se imita é apenas um, 05 objetos imitados sio trés; e além dessas partes nao hé outras. De todos esses elementos, podemos dizer, muitos poetas se valeram, pois toda tragédia envolve espeticulo, caracteres, fabula, falas, canto e idéias. 32. O mais importante é a maneira como se dispéem as [ ages, uma vez que a tragédia nao é imitagio de pessoas e sim | de agves, da vida, da felicidade, da desventura; mas felicidade e desventura estilo presentes na agio, e a finalidade da vida é uma acdo, nJo uma qualidade. Os homens possuem diferentes qualidades, de acordo com o cardter, mas sio felizes ou infe- lizes de acordo com as acdes que praticam. Assim, segue-se que as personagens, na tragédia, nao agem para imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres para realizar as ages. Desse modo, as agdes e a narrativa constituem a finalidade da tragédia e, de tudo, a finalidade é 0 que mais importa. 33. Nao poderia haver tragédia sem ago; mas, sem ca- racteres, sim. As tragédias da maior parte dos autores moder- nos ndo tém caracteres. A muitos poetas ocorre 0 mesmo que a Zéuxis entre os pintores, comparado a Polignoto. Este é um excelente pintor de caracteres, enquanto nao ha carter algum na pintura de Zéuxis. 34. Quando se alinham falas pelas quais se revelam ca- racteres, mesmo que bem construidas em relagio a linguagem € idéias, nem por isso ter-se-A realizado obra tragica; muito mais o conseguiré a tragédia que melhor se servir desses meios, mas também provida de narrativa e de trama. Ademais, os principais meios pelos quais a tragédia fascina as platéias fazem parte da fabula, ou seja, as peripécias e os reconheci- mentos. Também se mostra a superioridade do enredo no fato de que se conseguem melhores efeitos na fala e nos caracteres, mais do que na ordenagio das agées. E 0 que se percebe em quase todos os autores primitivos. 35. A fabula 6, pois, o principio e, por assim dizer, a alma da tragédia; em segundo lugar vém os caracteres. Sucede algo Parecido na pintura; se alguém misturasse na tela as mais belas cores, sem ordenamento, nao nos agradaria como se tivesse esbocado uma figura em branco e preto. A tragédia é, portanto, | mr a imitagio de uma acio, € acima de tudo, em vista dela, é a de pessoas agindo. a8 = Pe cicer sae na poesia tragica, vém as idéias, i -apacidade de dizer, sobre deter- que nada mais sio do que a cap: Oe minado assunto, aquilo que lhe é inerente e convenie : tam as idéias, na eloqiiéncia, a politica e a oratdria. Na obra dos poetas antigos, os personagens falavam como cidadaos; na dos modernos, como oradores. Cardter € aquilo que revela determinada deliberagio; ou, em situagdes diibias, a escolha que se faz ou que se evita. Por esse motivo, falta cardter 4s falas da personagem quando esta nao revela a finalidade que se quer obter ou recusar. Idéias s40 aquilo em que se demons- tra que alguma coisa é ou nio é, ou que expressa algo genérico. 37. O quarto elemento literdrio é a fala. Como ficou dito, entendo por fala a expressio das idéias por meio de palavras, (© que pode ser feito em verso ou em prosa. 38. Dos elementos que restam, temos 0 canto como 0 principal dos adornos. 39. A parte cénica, embora emocionante, é a menos artis- tica e a menos afeita a poesia. O efeito da tragédia se manifesta mesmo sem representacao e sem atores; ademais, para a ence- nacido de um espeticulo agradavel, contribui mais o cendgrafo do que o poeta, vil 40. Uma vez definidos os componentes, vejamos agora como deve ser jo-dos-at6S) pois, na tragédia, esse € 0 elemento mais importante. 41, Estabelemos que a tragédia € a imitagdo de uma agdo fem sua totalidade, cuja extensio é de certa medida, porque Pode uma coisa ser inteira sem ter extensio. 42, Inteiro € 0 que tem comego, meio e fim. Comeco 6 aquilo que, em si, ndo se segue necessariamente a outra coisa, ‘mas depois do qué existe outra coisa, & qual, necessariamente, ele estaré unido. Fim, ao contrario, é 0 que, por natureza, acontece depois de alguma coisa, quer de modo necessirio, quer porque assim é na maior parte das vezes, mas, depois os Digitalizado com CamScanner

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