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Dificuldades Do Processo
Dificuldades Do Processo
“Afogamento seco”
O conceito de "afogamento a seco" foi recentemente reconsiderado e sugere-se
que sua incidência real seja inferior à estimada anteriormente, atingindo apenas 2%.
(Lunetta et al., 2004) Eles também estimam que corpos humanos encontrados na água
com pulmões aparentemente normais poderiam encobrir mais casos de mortes naturais
na água do que os comumente reconhecidos.(Romero Palanco, 2007)
A hipótese do laringoespasmo é baseada na inervação complexa e nos reflexos
das vias aéreas superiores sob vários estímulos. No entanto, não há evidências em
humanos que demonstrem a existência de tal laringoespasmo prolongado ou persistente
até o momento da morte, a fim de evitar a entrada de água no trato respiratório. Pelo
contrário, em estudos experimentais em animais, verificou-se que o laringoespasmo
cessa nos dois minutos que se seguem ao início da submersão.(Craig, 1961)(Lougheed
et al., 1939)
Parece não haver dúvida de que as mortes conhecidas como inibição vagal ou
hidrocução poderiam fazer parte do grupo que acabamos de considerar. Trata-se de um
grupo de óbitos que ocorrem repentinamente na água, cujo mecanismo é atribuído a
uma inibição cardíaca reflexa por estimulação das terminações vagas e que também
levaria a um quadro de "submersão sem aspiração".(Romero Palanco, 2007)
O reflexo inibitório poderia ter como ponto de partida, como já indicado, a
mucosa nasal, nasofaríngea ou laríngea quando a água entra repentinamente em contato
com eles. Nesse sentido, tem sido postulado que uma grande diferença de temperatura
entre o líquido de submersão e a temperatura corporal poderia contribuir ou desencadear
essa condição por si só, quando a água entra em contato com a superfície corporal da
vítima. Em outros casos, a zona reflexogênica a partir da qual o reflexo inibitório seria
desencadeado poderia situar-se no plexo solar, em quedas de altura na região gástrica e
até mesmo ao nível do escroto. O aparecimento destes tipos de morte pode ser
favorecido quando a vítima está sob o efeito de álcool ou outras substâncias tóxicas e,
em qualquer caso, quando a temperatura da água é muito baixa.(Gardner, 1942)
Alguns autores indicam que a hipotermia costuma estar associada à asfixia por
submersão, principalmente em crianças.(Salomez and Vincent, 2004) Quando a
temperatura corporal cai, o tremor aumenta o consumo de oxigênio e a atividade
metabólica, na tentativa de aumentar a produção de calor. Abaixo de 30o C, o tremor
para, a frequência cardíaca diminui, a pressão arterial cai e o consumo de oxigênio e a
taxa metabólica também caem. Os pacientes estão, portanto, em risco de bradicardia
extrema, assistolia ou fibrilação ventricular. (Steinman, 1986) Paradoxalmente, a
submersão em água fria está associada, nos casos de sobrevivência, a um melhor
prognóstico do que em água quente, principalmente em crianças.(Wollenek et al., 2002)
O choque térmico produzido pela diferença de temperatura entre a água e o
corpo da vítima também pode facilitar o desencadeamento de crises de fibrilação
ventricular.(Keatinge and Hayward, 1981)
Ackerman et al(M. J. Ackerman et al., 1999)(Michael J. Ackerman et al., 1999)
levantaram a hipótese de que alguns casos de morte na água, ocorrendo em excelentes
nadadores, poderiam ter uma base genética, relacionada à síndrome do QT longo. Essa
circunstância também foi apontada por Lunetta et al(Lunetta et al., 2003), que, após
revisar 165 cadáveres encontrados na água, encontraram uma mutação do gene LQT2
(responsável pela fase 2 da repolarização), em uma mulher de 44 anos, cujo óbito foi
inicialmente estabelecido de etiologia suicida; Esses autores destacam o valor da análise
genética da síndrome do QT longo em casos de submersão, a fim de esclarecer algumas
mortes sem causa aparente em nadadores experientes e sóbrios. Choi e cols. Chegam a
conclusões semelhantes, após estudar 388 pacientes por meio do teste genético para a
síndrome do QT longo.(Choi et al., 2004)
Não há dúvida de que a pesquisa molecular deve ser incorporada à prática
médica forense para esclarecer muitas causas de morte que, ainda hoje, permanecem
ocultas e, em particular, nos casos de corpos recuperados de água cujos achados de
autópsia não coincidem com o quadro de asfixia por submersão. (NOVAS COISAS)
(Romero Palanco, 2007)