Pronunciamento da Excelentíssima Senhora Ministra Rosa Weber por
ocasião da sessão em comemoração aos 34 anos da Constituição Federal –
05/10/2022 Nossa Constituição completa, neste 05 de outubro de 2022, trinta e quatro anos desde a sua promulgação em 1988. Podemos celebrá- la sob vários prismas, como bem evidenciam as manifestações dos Ministros dessa Casa, de ontem e de hoje, colhidas para essa comemoração, com destaque para a relevância do compromisso com as conquistas democráticas na construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a maior estabilidade institucional e a participação popular, exaltada sua força normativa, em especial na efetividade e na exigibilidade dos direitos fundamentais e sociais, por ela ampliados. Dentre as inúmeras facetas da nossa recente história constitucional, merece realce o processo participativo e plural que, dando ensejo à obra constituinte, e como prenúncio alvissareiro de uma nova era de liberdades e justiça social, hoje se fortalece no exercício diário da cidadania e da democracia. Tudo sem esquecer que esta Suprema Corte reverencia cotidianamente a Constituição Cidadã no desempenho de sua atividade precípua de prestar a jurisdição constitucional, incumbida que é de guardála por expresso mandamento nela contido. Como disse, Paulo Bonavides, o problema constituinte no Brasil não era tanto “o de fazer uma Constituição (...), mas o de fazer uma Constituição legítima e popular, condensando as aspirações profundas e renovadoras da sociedade brasileira”, vale dizer, uma Constituição como “o instrumento consagrador da transformação, da modernização e da reforma democrática”, que expressasse o “sentimento de revalorização da liberdade”, que àquela altura se expandia “no seio da opinião nacional” e que haveria “de refletir-se, em futuro imediato, sobre as instituições, fazendo-as mais democráticas, mais republicanas, mais federativas”1. À época, vigorava o lema: “Constituinte sem povo não cria nada de novo”, num ambiente que, aos poucos, retomava a possibilidade do debate franco de ideias. Entre março de 1986 e julho de 1987, cinco milhões de formulários