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Técnicas de avaliação:

Observação,
entrevista de
avaliação diagnóstica
de enfermagem
(exame físico, exame do estado mental,
anamnese)
OBSERVAÇÃO
COMO
INSTRUMENTO
TERAPÊUTICO

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•“o essencial é invisível
aos olhos”
Saint Exupéry

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OBSERVAÇÃO COMO
INSTRUMENTO TERAPÊUTICO
• Processo deliberado de atenção e concentração sobre o sujeito/situação que se
pretende observar, pesquisar e analisar.
• Permite salientar e extrair determinadas variáveis, monitorizando-as ativa e
objetivamente, sem julgamento ou intensão de as alterar.
• Fornece os dados empíricos necessários a uma análise crítica posterior.
• Dá início ao processo de registo da história clínica, das perspetivas de
tratamento e de resolução dos problemas, no âmbito da intervenção.
(Phaneuf, 2007)

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OBSERVAÇÃO COMO INSTRUMENTO
TERAPÊUTICO
Objetivos

➢ Compreender a situação do doente;


➢ Identificar os sinais e sintomas clínicos;
➢ Tentar a identificação dos precipitantes e contribuintes da
situação;
➢ Reconhecer a expressão de sofrimento do doente;
➢ Desenvolver um plano terapêutico;
➢ Acompanhar a resposta do doente ao tratamento;
➢ Monitorizar a aplicação do plano e a participação e
evolução do doente.

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Características da observação
• Objetividade (Falar dos fatos como eles são, sem os deturpar; O que o se observa no doente
tem mais valor do que o que os outros contam dele; As informações fornecidas por familiares
tem valor científico quando fornecidas espontaneamente e indiretamente, a propósito de
outras perguntas).
• Exatidão (Têm em conta todos os elementos, recolhendo o máximo da informação possível).
• Precisão (As informações devem ser acompanhadas de dados verificáveis).
• Sistematização (É feita segundo um sistema definido previamente, sobretudo no que respeita
à sua frequência e periodicidade).
• Continuidade (Deve enquadrar o observado ao longo da situação ou atividade observada).
• Registo (Dada a falibilidade da memória, são registados todos os dados disponíveis).
• Controlo (Identificadas as variáveis envolvidas na situação, no quadro clínico/comportamental,
é também realizada a observação de forma isolada/circunscrita)
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Técnicas de exploração da observação
Técnica Vantagens Desvantagens
Muitos indivíduos. Material superficial.
Questionário
Comparações precisas. Padronização de perguntas e respostas.
Generalização de resultados. Respostas de pensamento e não da ação.
Informação diversa e abrangente. Depende da qualidade, quantidade e
Análise documental
representatividade das fontes.
Informação em quantidade enorme e dispersa.
Aprofundamento da perceção. Menos útil na generalização.
Entrevista
Flexível com explicitação de Implica interações diretas condicionadas pela
perguntas e respostas. própria entrevista.
Observação Informação rica e profunda. Utilizada só em pequenos grupos ou
participante comunidades.
Flexibilidade na escolha e condução
da estratégia. Dificuldades na generalização.
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Peculiaridades da observação,
enquanto instrumento terapêutico

• Não há comportamentos ou sintomas observados – a observação destina-se


a responder à questão: porquê esta alteração?

• Os dados observados devem ser registados de forma neutra para obterem o


seu valor real clínico científico.
• As expressões parece que... Ou tenho impressão que... só tem valor quando confirmadas.
Acresce ainda que bom ou pouco consistem em opiniões do observador potencialmente
carregadas de margem de erro, dai apenas se registar exclusivamente o que se perceciona
e não o que se pensa sobre o que se perceciona.

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O quê e quando observar?
Todas as expressões significativas merecem ser observadas,
nomeadamente as expressões corporais, destacando-se a mímica do
rosto, o olhar, os gestos, a conduta, a linguagem, a expressão do
pensamento, e a expressão dos afetos.

O momento de observação são todos aqueles em que o Enfermeiro


está em interação com o doente, mesmo quando este é autónomo
na satisfação de algumas das necessidades fundamentais, incluindo
também os momentos de interação múltipla (com outros doentes,
participantes, técnicos, com os objetos,…).
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ENTREVISTA

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ENTREVISTA de enfermagem
• Momento de interação entre o doente e o
enfermeiro e pode ter diversos objetivos, tais
como: colheita de dados, apoio psicológico e/ou
resolução de problemas, com vista a assistir o
doente perante uma situação que lhe é difícil.
• Durante a sua preparação deve ser valorizada a
finalidade da mesma, tipo de doente a quem se
dirige e recursos disponíveis para a sua
concretização.

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ENTREVISTA de enfermagem
De Preparação: levantamento prévio dos dados do doente
existentes no seu processo e estabelecem-se os objetivos
acordo da entrevista;
com
Phaneuf Orientação: criação de uma relação empática e já na fase
de exploração procede-se à colheita dos dados em falta e
(2005), a faz-se o levantamento dos diagnósticos de enfermagem;
entrevista
divide-se Exploração: durante esta fase que preconiza-se o
em trabalhar a relação de ajuda e a resolução dos problemas;
quatro
etapas: Conclusão: é valorizado um breve resumo do que foi
examinado e definem-se os objetivos a trabalhar.

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Exame Mental
e
Semiologia

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AVALIAÇÃO DO ESTADO
MENTAL

A avaliação do estado mental não é isolada


do exame físico e deve ser objetiva, com
terminologia não preconceituosa ou
crítica, no sentido moral ou ético

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Normas na realização
da história da pessoa com doença mental

• Entrevista de enfermagem
• O doente deve ser sempre abordado em termos de
relação terapêutica;
• Reunir a informação necessária à compreensão da
doença;
• É uma conversa com um propósito deliberado, em que
um dos participantes (Enfº) é responsável pelo
conteúdo e fluxo da interacção, sendo o utente/família
o centro da entrevista.

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Dados de identificação do doente

• Nome
• Idade
• Sexo
• Étnia
• Naturalidade
• Residência
• Profissão
• Estado Civil
• Religião

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Queixa principal / Motivo ou circunstâncias do
internamento/ consulta / Procura de ajuda
• Em que dia?
• Vem acompanhado?
• Porque veio à consulta ou para o internamento?
• Veio de livre vontade ou não?
• Quais as queixas que apresenta e /
ou a(s) maior(es) preocupação(s)?
• …(deve ser registado pelas próprias palavras do doente)
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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• História da doença atual/psiquiátrica - Descrever história
psiquiátrica passada, de forma a compreender o episódio
atual e fazer um prognóstico
o Início (quando e em que situação)?
o Sintomas (que sintomas e evolução temporal)?
o Evolução (agravamento, remissão, …)?
o Internamento (quando, quantos e onde)?
o Identificar existência de doenças significativas, alergias,
efeitos colaterais presentes ou passados da medicação;
o Avaliar o risco de quedas;
o Registar a necessidade de uso de órtoteses, próteses
História social
Mecanismos de adaptação/estratégias de coping

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
História de ingestão de álcool e/ou de substâncias (drogas, nicotina,
cafeína)

História clínica:
• Identificar existência de doenças significativas, alergias, efeitos
colaterais presentes ou passados da medicação;
• No caso das mulheres, deve-se efetuar a história ginecológica;
• Avaliar o risco de quedas;
• Registar a necessidade de uso de órtoteses, próteses

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Antecedentes pessoais
• Nascimento
• Data e local, gravidez, parto, amamentação
• Desenvolvimento na primeira infância
• Idade em começou a falar, andar, controlar os
esfíncteres
• Sintomas neuróticos da infância
• Pesadelos, sonambulismo, tartamudez (gaguez),
birras, estados de medo, maneirismos,
estereotipias (ação repetitiva ou ritualística),
criança modelo….
• Saúde durante a infância
• Infeções, convulsões, traumatismos, …
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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Antecedentes pessoais
• História escolar
• Idade de início e fim, capacidades, interesses
extraescolares, relações de amizade, alcunhas
• Vida profissional
• Satisfação ou frustração, situação económica,
idade do primeiro emprego, ordem cronológica
dos vários empregos e motivos de mudança
• História menstrual no sexo feminino
• Menarca, ciclos, dismenorreia e outros
sintomas, climatério (transição do período fértil
para o não reprodutivo),…

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• História pessoal
• Inclinações e práticas sexuais
• Informação sexual, pudor, masturbação, fantasias
sexuais, homossexualidade, experiências
heterossexuais, relações extraconjugais, culpabilidade
ou não em relação ao sexo
• História conjugal
• Namoros, noivados, primeiros contatos, idade,
ocupação e personalidade do cônjuge, modo e
frequência das relações sexuais, satisfação ou
frustração sexual, medidas contracetivas
• Filhos
• Lista cronológica e personalidade
• História médica
• Doenças, acidentes, cirurgias

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Personalidade prévia
• Relações sociais
• Família, amigos, grupos, associações, clubes
• Atividades intelectuais
• Interesses, hobbies, livros, jogos, filmes
• Humor
• Triste/alegre, calmo/excitável, otimista/pessimista,
satisfeito, insatisfeito, estável, instável (depende
das ocasiões)
• Caráter
• Atitude perante o trabalho (responsabilidade,
facilidade de tomar decisões, organização,
método), flexibilidade, impulsivo/cauteloso,
perseverante

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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Personalidade prévia
• Relações interpessoais
• Tímido sensível, crítico, desconfiado, confiante,
ciumento,
irritável, muito pouco falador, tolerante, adaptado
• Padrões morais, religiosos, sociais, saúde
• Egoísmo, importância dada à saúde
• Energia e iniciativa
• Enérgico, rendimento regular ou com flutuações
• Vida fantasiosa
• Frequência e conteúdo dos “sonhos acordados”
• Hábitos de vida
• Alimentares, álcool, tabaco, automedicação, sono,
eliminação
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Avaliação psiquiátrica
- Subjetiva -
• Antecedentes familiares
• Pais (ocupação, saúde, idade, personalidade,
…)
• Consanguinidade entre os pais?
• Irmãos (idade, vida marital, saúde, ocupação,
personalidade, …)
• Doenças familiares (alcoolismo, epilepsia,
personalidade anormal, doenças mentais, …)
• Posição social da família / Sistema familiar
• Atmosfera do lar e sua influência

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Avaliação psiquiátrica
- Objetiva -
• Exame físico
• Exame neurológico
• Análises hematológicas
• Análise dos sistemas
•…

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1. Observação geral

MÉTODOS DA 2. Diálogo
AVALIAÇÃO
DO ESTADO
3. Observação sistemática
MENTAL
4. Quantificação psicopatológica

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1. Observação psicopatológica geral

Tipo constitucional, aspecto físico,


MÉTODOS DA postura geral
AVALIAÇÃO
Estado de consciência e da vigilidade
DO ESTADO
MENTAL Actividade psicomotora e expressão
afectiva imediata

Marcha, modo como se desloca, como se


senta, como nos cumprimenta

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MÉTODOS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO
MENTAL
• Aparência geral: idade aparente igual, superior ou inferior à idade real,
fisionomia, estado geral de nutrição (obeso, emagrecido),
vestuário(limpo, rebuscado, negligente, pitoresco, excêntrico) adornos,
postura, marcha, como se senta, como cumprimenta, como se apresenta,
expressões faciais, contacto visual…;

• Comportamento/Atividade: nível de atividade, gestos, maneirismos,


colaborante, não colaborante, desconfiado, hostil, retraído, manipulador,
resistente, sedutor, regressivo, clivagem atividade psicomotora, sintomas
como: ecopraxia (repetição involuntária ou a imitação dos movimentos
de outras pessoas), catatonia (rigidez e imobilidade)…

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Apresentação
• Vestuário
• Adequação à estação do ano
• Extravagância – aumento exagerado de
determinadas características
• Maneirismo – exagero cerimonial de aspetos
inautênticos (falsos, incorretos)
• Excentricidade – desajustado e fora do contexto
• Bizarria – postura ou apresentação
incompreensíveis
• Arranjo pessoal
• Arranjo de acordo com a condição social
• Higiene
• Idade aparente

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Apresentação
• Defeitos físicos ou traumáticos
• Morfologia (biótipo)
• Atlético (mesomórfico)
• Pícnico (endomórfico)
• Leptossómico
(ectomórfico)
• Dismórfico ou displásico
(preocupações exageradas
com a aparência –
alteração aparência)
• Marcha

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Postura
Expansiva ou retraída

Tensa ou flácida

Defensiva

Defeito neurológico

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Motricidade

• Estado psicomotor
• Inquieto
• Agitado
• Hiperativo
• Lento
• Apático
• Estático
• Estuporoso (perda de atividade espontânea englobando simultaneamente a fala,
a mímica, os gestos, a marcha, …)
• Livre

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Expressão facial/mímica
• Olhos
• Movimentos
• Dilatação pupilar
• Abertura das pálpebras
• Lubrificação ocular
• Boca e voz
• Movimentos
• Sons (tom de voz, murmúrios, vocalizações)
• Ritmo respiratório
• Mãos
• Movimentos
• Posição

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Expressão facial/mímica

▪ Expressiva ou inexpressiva
▪ Hipermímia (manifestações faciais
exageradas) ou hipomímia (falta de
expressão facial)
▪ Alegre ou triste
▪ Aterrorizada ou perplexa
▪ Risos imotivados

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Contacto
Relação que se estabelece entre enfermeiro e doente que envolve
pelo menos duas coisas: Comunicação e compreensibilidade
• Superficial(psicopatia e histeria)
• Difícil (depressão grave)
• Indiferente (psicopatia)
• Negativista (esquizofrenia)
• Impossível (depressão, autismo)
• Exuberante (mania, psicose)

Contacto visual

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Movimentos dirigidos
Apraxia – perda da capacidade para executar movimentos e gestos precisos que
conduziriam a um dado objetivo (o movimento não é adequado à intenção)

Tiques – conflito entre impulso e vontade. Ocorrem geralmente com sintomas


obsessivos. Movimentos ou vocalizações involuntárias quase sempre uniformes

Maneirismos – gestos e movimentos dirigidos ou manutenção de posturas adaptativas


de uma forma reiterada e pouco usual

Estereotipias motoras - repetições automáticas e uniformes de determinado


movimento sem objetivo

Flexibilidade cérea – adoção e manutenção de posturas

Catalepsia – Imobilidade total, envolvendo os próprios movimentos passivos

Síndrome catatónico –flexibilidade cérea (estático) + catalepsia (rigidez)

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Movimentos dirigidos
Ecopraxia – imitação dos movimentos do interlocutor

Ambitendência – correspondente motor da ambivalência afetiva.


Hesitação e abrupta e tendência contraditória de executar ou não algo

Cataplexia – perda súbita e involuntária do tónus muscular em uma


parte ou todo o corpo

Negativismo – oposição firme de executar movimentos solicitados

• Passiva – recusa
• Ativa – realizar o oposto do solicitado

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MÉTODOS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL
2. Observação durante a fase de diálogo
Como se relaciona (que tipo de contacto estabelece, ex:
cooperante, aborrecido, zangado, confiante, distante, indiferente,
hostil, exuberante, sedutor…).
Como comunica (espontaneamente ou só quando solicitado)
Como articula as palavras
Atenção (captável? fixável?)
Concentração no diálogo
Raciocínio e forma de expressão do pensamento (O pensamento é
ordenado e coerente?; Há erros lógicos? O pensamento abstrato é
adequado?; Tem boa compreensão conceptual?
Comunicação dos afetos (as suas reações afetivas são adequadas ou
perturbadas, facilidade ou dificuldade em expressar emoções)

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Discurso / Linguagem

• Velocidade do discurso
(débito das palavras)
• Qualidade do discurso
• Ritmo do discurso

• Volume do som
• Características

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Discurso / Linguagem
Velocidade do discurso (débito das palavras)

• Lentificação do discurso
• Loquacidade do discurso – discurso acelerado
mas que se consegue acompanhar
• Pressão do discurso – linguagem acelerada

• Mutismo – não verbaliza qualquer palavra


• Verborreia / logorreia – falar profusamente de
modo contínuo sem parar

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Discurso / Linguagem - Qualidade do discurso -
Tartamudez – “gaguez”

Disartria – dificuldade em articular as palavras

Afasia – dificuldade de comunicação


• Motora (área de broca)
• Compreensiva (área de Wernike - parte do córtex cerebral que está ligada à fala)

Afonia – dificuldade ou impossibilidade em emitir sons

Disfonia – alteração da intensidade do som


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Discurso / Linguagem - Qualidade do discurso

Pedolália – organização e articulação infantil do discurso

Coprolália – uso torrencial de palavrões chocantes

Perseveração – repetição da mesma frase

Ecolália – repetição das últimas palavras do interlocutor

Palilália – repetição das últimas palavras do utente

Logoclonia – repetição de sílabas ou partes de palavras

Parafasia – trocas sistemáticas de palavras ou sílabas


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Discurso / Linguagem- Qualidade do discurso
Perifrasia/circunlóquio – incapacidade de nomear um objeto, usando outras
palavras
Verbigeração – débito acelerado de palavras impercetíveis e mal organizadas, em
geral sussurradas em tom monocórdico

Discurso incoerente – discurso sem lógica

Neologismos – palavras novas ou palavras vulgares com novo sentido

Estereotipias verbais – repetir e empregar uma palavra no meio das frases

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Discurso / Linguagem
- Ritmo do discurso -

• Aumento da latência de
resposta
• Aumento da pausa entre
palavras ou frases

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MÉTODOS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL
3. Observação Psicopatológica Sistemática

Atenção e
Consciência Orientação
concentração

Pensamento
Memória Perceção (curso, conteúdo e
forma)

Emoções e
Afetos ou Vivência do Eu
Humor
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COGNIÇÃO

• Cognição - É a capacidade de pensar, usar a inteligência, o conhecimento a


memória, o raciocínio, e todas as funções corticais superiores. A cognição
permite aos humanos, apreciar o seu mundo exterior e interior, interagir
com outros, e vencer as dificuldades da vida quotidiana.

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INSIGHT E JUÍZO CRÍTICO

Insight - Capacidade de compreender a verdadeira causa e


significado de uma situação (por exemplo a sua doença). Requer
capacidade de abstração, comunicação, funções cognitivas intactas,
ausência de perturbações do pensamento e do humor. O indivíduo
com insight está ciente de si, i.e., tem consciência dos seus
sentimentos, ideias, motivações e consequência dos seus atos.
Consegue distanciar-se o suficiente para elaborar uma decisão.

Juízo crítico - Capacidade para avaliar, discernir e escolher entre


diferentes escolhas. Crítica para a doença.

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ALTERAÇÕES DA CONSCIENCIA
Quantitativas Qualitativas

Vígil Turvação ou dissolução - perda contínua ou intermitente da acuidade


Obnubilado na apreensão do universo interno e/ou externo
Sonolento Estreitamento - diminuição seletiva dos estímulos que são aprendidos,
Estupor com polarização sobre os eventos de determinada experiência
Coma (Escala de vivenciada internamente ou externamente
Glasgow) Expansão - aumento qualitativo e quantitativo dos estímulos
apreendidos do universo interno/externo
Estado Crepuscular - a consciência está restrita a algumas Ideias,
Delírios ou Alucinações
Fuga - é um estado divagante acompanhado de Amnésia em algum
grau.

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https://walberjp.wixsite.com/aulas/single-post/2017/03/15/Nova-Escala-de-Coma-de-Glasgow-2015

• Interpretação - Pontuação total: de 3 a 15


• 3 - 4 = Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo) /
• 5- 7 = Coma intermediário; / 11 = Coma superficial; / 15 = Normalidade.
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ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
Orientação – é a capacidade de se posicionar correctamente em relação a: tempo, espaço,
situação e pessoa
Desorientação Temporal
-incapacidade de posicionamento em relação às referências temporais
(mês, dia da semana, hora)
-incapacidade de organizar cronologicamente os acontecimentos pessoais

Desorientação Espacial
-incapacidade de posicionamento em relação às referências geográficas do local
Desorientação Alopsíquica
-incapacidade da compreensão do contexto situacional presente
Desorientação Autopsíquica
-o doente deixa de saber os dados da sua biografia pessoal
Estado Confusional
-doente que apresenta simultaneamente Desorientação Temporal e Espacial
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ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
Atenção
-é uma função psicológica que consiste em focar a actividade. Consciente num
determinado estímulo ou experiência
Concentração
- é a capacidade de manter um esforço de atenção ao longo do tempo
Distrabilidade Fácil
-é uma perturbação a nível da capacidade de seleção e valorização dos estímulos

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ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA
MEMÓRIA - capacidade de reter, fixar e evocar as experiências da pessoa
- Função pela qual a informação é armazenada no cérebro e mais tarde relembrada

Perturbações da Fixação
- incapacidade ou dificuldade na retenção imediata de novas perceções
Recente – da semana passada ou dos últimos dias
Imediata – recente (5 a 30 minutos)
Perturbações da Evocação
- Incapacidade ou dificuldade de recordar perceções e conhecimentos adquiridos há mais de 10 min.
Engloba:
-Hipomnésias (diminuições do número de lembranças evocáveis)
-Amnésias – psicogéneas
- orgânicas – Retrógradas
- Anterógradas
Perturbações da Evocação limitadas no conteúdo e/ou duração
Remota (ou tardia) – de um passado distante (mais de alguns meses)
Passado recente – dias a alguns meses
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ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA (cont.)
MEMÓRIA

Amnésia Psicogénea
-as recordações de determinado período de tempo ou a identidade são
conscientemente reprimidas
ORGÂNICAS
Amnésia Retrógrada – recua a partir dum marco temporal,
a montante do dito marco
Amnésia Anterógrada – avança a partir dum marco temporal, a jusante
do dito marco
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ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA (cont.)
• Dejá vu ou falso reconhecimento – uma situação nova é tomada como
familiar e habitual
• Jamais vu – uma situação familiar é vivida como se fosse nova
• Criptomnésia – ocorrência de uma ideia memorizada como inteiramente
original
• Confabulações (síndrome de Korssakof) – memórias inventadas que
parecem autênticas, com as quais o doente preenche as suas lacunas
mnésicas
• Recordação delirante – atribuição de um significado delirante a uma
recordação exata

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ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO
PERCEPÇÃO
Erros Preceptivos
-ocorre na presença de um estímulo preceptivo real, cuja representação é
deformada sem que esta deformação se deva a lesões nos órgãos sensoriais

Distorção
-é uma deformação de um estímulo preceptivo real no sentido de uma alteração no
seu tamanho e/ou intensidade
-Distorções Visuais: Macrópsia; Micrópsia
-Distorções Auditivas: hiperacúsia; hipoacúsia
- Distorção da Imagem Corporal: duplicação de membros
- Distorções sensação (intensidade): Hiperestesias; Hipostesias; Anestesia
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ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO (cont.)
PERCEPÇÃO
Ilusão
-é a deformação de um estímulo preceptivo real, no sentido de lhe ser
atribuído um significado ou interpretação

Pareidolias – ilusões não patológicas (salvo se muito frequentes) que


consistem em perceções que se transformam conscientemente em
representações mentais prazerosas, de forma controlada pelo indivíduo.
Frequente em estados de relaxamento

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ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO (cont.)
PERCEPÇÃO

Pseudo Alucinações ou Alucinações Endo-Psíquicas


-fenómenos sem carácter sensorial, experimentados pelo doente como provindo do interior ou
ouvidos dentro da capacidade crítica mantida
Alucinações
Experiência preceptiva tomada por real na ausência de estimulo exterior
correspondente com diminuição ou sem crítica
Auditivas, elementares ou acuasmas (musica, assobios...)
Acústico verbais (vozes, fonemas...)
Visuais (zoopsias...)
Olfactivas
Gustativas
Corporais (táteis, cenestésicas, cinestésicas, vestibulares, ex. - sensação de voar...)
Funcionais (ouvir a voz de Deus no tique-taque de um relógio)
...
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Auditivas
• Comentadoras (de atividade) comentam o que o
doente faz
• Terceira pessoa - pessoas falam sobre o utente
• Amigáveis - dizem coisas ´boas
• Eco do pensamento - repetem o que o doente
Perceção pensa
• Depreciativas – insultos, críticas e ameaças
Alucinações • De comando – o utente recebe ordens
Visuais
• Zoópsias (alcoolismo)
• Liliputianas (alcoolismo)
• Alucinações visuais cénicas (epilepsia,
esquizofrenia)

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Perceção
Alucinações
• Táteis (ou somáticas)
• Cinestésicas – corpo ou parte está a mexer-se
ou sente-se mexer
• Alucinações vestibulares – sentir o corpo
em desequilíbrio, voar
• Cenestésicas – alucinações a nível de
determinado órgão (cobras no cérebro, falta de
órgãos, chip…)

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Gustativas

• Surgem numa percentagem diminuta


na esquizofrenia e podem confundir-
se com explicações delirantes
Perceção
Alucinações Olfativas

• Comuns nos síndromes cerebrais


orgânicos e na epilepsia (cheiro a
podre ou a borracha queimada)
• Geralmente de cheiros desagradáveis

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Perceção
Alucinações
• Extracampinas – fora do campo visual do utente

• Funcionais – uma determinada perceção provoca


uma alucinação no mesmo órgão sensorial ex.
ver comida faz ver veneno

• Reflexas – uma determinada perceção provoca


uma alucinação num órgão sensorial diferente
ex. ver comida faz sentir o sabor do veneno

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Pensamento
• Pode avaliar-se em termos de:
• Curso do pensamento
• Relacionado com a quantidade de discurso que o
indivíduo debita num espaço de tempo determinado
• Forma do pensamento
• Forma como o indivíduo orienta o seu pensamento
até chegar ao objetivo inicial
• Posse do pensamento
• Sensação de possuir ou ser dono de determinado
pensamento bem como o seu controlo
• Conteúdo do pensamento
• Juízo do indivíduo, da capacidade de fazer uma análise
crítica a si próprio, ao seu meio e às situações
envolventes

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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO
ALTERAÇÕES DO CURSO DO PENSAMENTO - Alterações da velocidade de progressão, inflexões de
direcção com/sem perda da finalidade ou meta inicial
PENSAMENTO:
•Inibido (lento, hesitante e irregular)
•Bradipsiquia ou Lentificado - latência de respostas e lentidão do discurso.
•Acelarado ou Taquipsiquia – pensamento muito rápido
•Circunstanciado - falar “à volta” de um tema. Discurso digressivo e excessivamente
pormenorizado. Regressa ao tema de origem ou tem uma conclusão final.
•Empobrecido - redução dos conteúdos ideativos por diminuição dos polos de interesse (volta
sempre ao mesmo tema).
•Bloqueado ou interrompido ou interceptado...
Fuga de Ideias
Perturbação na associação de ideias que passam a ser rápida, superficial e fortuita originando um
discurso que muda permanentemente de direcção.
Por vezes ideias fragmentadas. Estados de mania com grande pressão de discurso.
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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO (cont.)
ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO
Ideias e Crenças Irracionais
Acessíveis à compreensão do observador, reconhecidas como mórbidas pelo doente.

Fenómenos Delirantes
Inacessíveis à compreensão do observador, não reconhecidas como mórbidas pelo doente.

Ideias Obsessivas
Ideias persistentes sentidas como penosas, dado o seu carater forçado, repetido, incoercível.

Ideia Sobrevalorizada
Ideia que toma a primazia em relação às demais.

Fobias
Medo irracional, incoercível, recorrente e exagerado face a um ser, objecto ou situação
determinada.

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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO (cont.)
ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO
Hipocondria
Atenção exagerada nas sensações e funções corporais que passam a
ser examinadas com uma preocupação angustiante e sobrevalorizada
Ideia Delirante
Erro de apreciação da realidade, de origem mórbida, que surge como
uma evidência à priori mesmo quando está em contradição com a realidade,
crenças e opiniões coletivas
✓ Ideias delirantes de grandeza ou megalómanas - O sujeito acredita convictamente que é o
eleito, o dono do mundo, o enviado de Deus, um profeta que veio salvar o Mundo… Um ser
prodigioso dotado de poderes sobrenaturais...)
✓ Ideias delirantes de negação do mundo, de cataclismo cósmico, de indignidade moral, de
culpabilidade, de ruína, de envenenamento - há aqui uma retracção delirante do eu; São
potencialmente perigosos para o próprio – risco de suicídio
✓ Ideias delirantes ciúme (o ind. Tende a ser agressivo) Ex.: psicoses alcoólicas
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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO(cont.)
ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO
Ideias de Possessão
Estar convicto de que se está possuído pelo demónio ou espíritos
Ideias de perseguição ou de persecutório
Estar convicto de que se é perseguido pelo estado, pelos vizinhos, por extra-terrestres (o ind. sente-
se sempre ameaçado). “Os meus filhos querem matar-me”
Ideias delirantes de influenciamento - Estar convicto de que os seus actos e o seu pensamento são
comandados à distância, por pessoas, pela rádio, pela TV, por satélites... difusão do pensamento -
“As outras pessoas ouvem os meus pensamentos”; inserção de pensamentos “A CIA colocou-me na
cabeça um chip que me manda fazer coisas”; roubo de pensamentos “O Governo roubou-me as
ideias”.
Ideias delirantes estão intimamente relacionadas com o nível social e cultural do ind. Ex.: ideias
delirantes de culpa (mais frequentes nos países industrializados); ideias delirantes de possessão
demoníaca (mais frequentes em países do 3º mundo e algumas religiões)
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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO (cont.)
ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO DO PENSAMENTO
Delírio
Para muitos autores pressupõe falar da alienação do eu, no sentido da existência de uma
modificação radical das relações do indivíduo (do seu Eu) com a realidade. É constituído por um
conjunto de crenças inabaláveis e irrefutáveis pela crítica e pela lógica. É constituído por ideias
delirantes.
Manifestações Clínicas de Delírio: Comportamentos estranhos; Relação diferente com os outros.
Delírio = Delirium
No delirium há sempre uma perturbação do estado de consciência
(confusão) Ex.: sindromas cerebrais orgânicos: Sindroma febril; Delirium tremens

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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO (cont.)
• DELIRIOS (Outros temas):
• Somáticos -“tenho cobras no coração”; “os medicamentos apodrecem-me os
intestinos” Hipocondríacos - “tenho uma doença no fígado”
• Niilista - “enterrem-me porque estou morto” “nada existe, a sociedade não
existe” (negação)
• Negação delirante “Sim, sim, a minha filha está viva...”
• Bizarro - “Eu nasci em Marte, e fui trazido numa nave espacial à 10 MA onde
fiquei enterrado. Agora acordei”
• Místico - “Eu sou um mensageiro do Senhor ...” “Tenho o demónio no corpo...”
• Erotomania - “Eu sou o marido da Madonna! Ela está loucamente apaixonada
por mim e temos 3 filhos”
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• DELIRIOS (Outros temas):

• Erotomania (sexual ou síndrome de


Clérambault) – geralmente em mulheres.
Sentem-se amadas por alguém de estatuto
ALTERAÇÕES DO elevado, ou amam alguém que não conhecem.
Mantém-se distantes.
PENSAMENTO • “Eu sou o marido da Madonna! Ela está
loucamente apaixonada por mim e temos 3
(cont.) filhos”
• De Cotard – o utente refere que não existe, que
está morto e apodrecido
• Autoreferência – sentem-se observados, sendo o
centro dos olhares e conversas alheias
• Roubo – estão a ser alvo de roubo

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• Delírio ocupacional – atuação como se estivesse noutro
tempo e lugar, ocupando-se de adereços que não existem
• Delírio de sósias - uma pessoa é tomada como o próprio
ALTERAÇÕES utente ou outra pessoa
• Síndrome de Capgras – uma pessoa estranha e
DO desconhecida se disfarçou com a identidade de
alguém conhecido (e que está presente)
PENSAMENTO • olham para alguém conhecido e não dizem
nada porque é um estranho disfarçado
(cont.) • Síndrome de Fregoli – uma pessoa conhecida
disfarça-se com a identidade de um estranho para
- Delírios - o evitar
• dizem que um desconhecido é alguém que
conhecem
• Delírio de sósia próprio – uma pessoa disfarça-se
do próprio utente

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ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO (cont.)

ALTERAÇÕES FORMAIS DO PENSAMENTO - São um conjunto de alterações


em que existe compromisso das funções de conceptualização e abstracção

Neologismos
Atribuição pelo doente de significados diferentes a palavras correntes ou
criação de novas palavras

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ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E AFECTOS
EMOÇÕES E AFECTOS
Emoção
Estado interno que corresponde à vivência agradável ou desagradável dos acontecimentos e
estímulos
Humor
Estado emocional duradouro durante o qual a globalidade da vida psíquica (percepção, cognição...)
é influenciada pela emoção prevalecente
Indiferença emocional
O doente perde a capacidade de reagir emocionalmente aos estímulos (frio de sentimentos)

Labilidade Emocional ou Labilidade Afectiva


Oscilações frequentes, rápidas e de curta duração dos estados emocionais

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Humor

▪ Eutímico do grego eu = normal + timo


= humor tranquilidade de espírito

▪ Irritável
▪ Depressivo
▪ Delirante
▪ Apático

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ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E AFECTOS (cont.)
EMOÇÕES E AFECTOS

Humor Ansioso
Medo difuso sem objecto concreto, sentimento de expectativa inquieta sem causa objectivável,
estado de alerta desproporcionado em relação à situação

Humor Eufórico ou Elação do Humor


Sentimento excessivo de bem-estar, de prazer, de alegria, de auto-confiança ou de exaltação dos
afectos vitais

Humor Disfórico ou Disforia


Sentimento de irritabilidade, tensão interior, susceptibilidade exagerada e agressividade

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Emoções
• Reação emocional com ativação neurofisiológica
relacionada mais com as situações do que com as
interações entre as pessoas
• Manifestação externa e dinâmica do estado afetivo
interno do indivíduo, e por isso observáveis por
todas as pessoas
• Avalia-se em relação a:
• Congruência
• Intensidade
• Mobilidade
• Amplitude
• Reatividade

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Emoções
• Reações emocionais
• Luto, depressivas, de reajustamento,
preocupação, susto
• Alexitimia – incapacidade de reconhecer as próprias
emoções
• Ansiedade –ocorre a três níveis, geralmente
associados:
• Cognitiva (pensamentos)
• Motora (movimentos de inquietude)
• Vegetativa (alterações fisiológicas)

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Afetos
• Tom emocional visível do utente
• “coisa permanente que vem de fora para
dentro”
• Pode ser descrito em termos de:
• Amplitude
• Duração
• Intensidade
• Adequação

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Afetos
• Sintónicos - Ajustado às oscilações da mesma ou determinada
frequência.
• Anedonia – total incapacidade de sentir prazer, alegria, de
apreciar
• Labilidade afetiva / emocional – alternância de afetos
contraditórios
• Ambivalência afetiva – sobreposição de afetos contraditórios
• Rigidez afetiva – determinado afeto persiste em todas as
circunstâncias e em clara inadequação
• Embotamento afetivo – ausência de afeto
• Restrito ou superficial – esboço do afeto
• Paratimia – Afetos inadequado
• Indiferente

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ALTERAÇÃO DA VIVÊNCIA DO EU
ALTERAÇÃO DA VIVÊNCIA DO EU
São perturbações que traduzem transtornos da unidade e identidade
do Eu ou das fronteiras que permitem delimitar o Eu do Mundo Externo
Desrealização - Sentimento de estranheza perante o mundo exterior que parece alterado com
uma característica de não familiaridade
Despersonalização - Sentimento de já não ser o mesmo, existe uma sensação de transformação
ou metamorfose
Transitivismo - O doente projecta no exterior aquilo que ocorre nele. Ex: ao ver uma
sombra emite um grito de terror e espanta-se que a sombra tenha gritado.

Apropriação - O doente introjeta aquilo que sucede em seu redor, Ex: vê baterem num tapete e
queixa-se de que bateram nele.
Síndrome de Influenciamento - O doente sente que uma entidade externa exerce uma acção
controladora sobre os seus sentimentos, palavras, gestos, vontade

Difusão do Pensamento - O doente queixa-se da falta de privacidade dos seus pensamentos

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Dissociação – perda de identificação temporal
de si próprio. Personalidades múltiplas
ALTERAÇÃO DA Auto negação – o doente afirma que já não
VIVÊNCIA DO existe

EU Alterações da imagem corporal


Perceção
Membro fantasma

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Instinto de conservação
• Ideação suicida
• Automutilação
Funções • Ideias de morte
Fome / sede
biológicas • Anorexia

vitais • Hiperfagia
• Polidipsia
• Aberrações alimentares
• Coprofagia (ingestão de fezes)
• Geofagia (comer substâncias terrestres)
•…
Líbido
• Aumento da líbido (satiríase e ninfomania)
• Diminuição da líbido
• Alterações sexuais
• Pedofilia

Funções • Zoofilia
• Fetichismo
• Voyeurismo
biológicas • Sadomasoquismo

Sono
vitais • Insónia
• Inicial
• Intermédia
• Tardia
• Hipersónia
• Jet-lag, Turnos (alterações do ritmo circadiano)
• Fase adiantada do sono
• Fase atrasada do sono
MÉTODOS DA AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL
4. Quantificação psicológica e psicopatológica

Escalas de
Testes Testes
avaliação de
psicométricos neuropsicológicos
sintomas

inteligência,
atenção, ansiedade,
personalidade,
memória, etc. depressão, etc.
etc.

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TERMOS COMUNS NA
CLASSIFICAÇÃO PSIQUIÁTRICA
• NEUROSES
Segundo P. Janet são doenças da personalidade
caracterizadas por conflitos intrapsíquicos que inibem
ou interferem com as condutas sociais
São mais comuns, muitas vezes menos graves
Os sintomas podem ser entendidos como um exagero
da resposta normal do stress
A manifestação clínica comum a todas as neuroses é
a angustia
❖ São os mecanismos de defesa inconscientes contra a angustia,
que falham, dão origem aos sintomas
❖ As manifestações neuróticas aparecem geralmente na
adolescência

86 olga.valentim@ipleiria.pt
TERMOS COMUNS NA
CLASSIFICAÇÃO PSIQUIÁTRICA
PSICOSE

• Comportamento perturbado, sem ter consciência exacta


da alteração da sua conduta
• Perturbação grave, sintomas fora da experiência normal
como, por ex. delírios e alucinações
• Perda de discernimento, experiência subjetiva
confundida com a realidade externa

PSICOPATA / ANTI-SOCIAL

• não encaixa nem numa nem noutra categoria. Aparenta


uma conduta patológica principalmente na área social,
faz parte dos distúrbios da personalidade
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
NEURORE E PSICOSE
NEUROSE PSICOSE
CORTE COM A REALIDADE Não há Há perda dos limites do eu
CONSCIÊNCIA DE DOENÇA Há Não há
INSIGHT/CAPACID. Geralmente Geralmente diminuída
DESCERNIMENTO mantida
CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO Geralmente Geralmente
LÓGICA mantida diminuída
ACTIVIDADE DELIRANTE Não há Há
ACTIVIDADE ALUCINATÓRIA Não há Há
TURVAÇÃO DA CONSCIÊNCIA Geralmente Rara psicoses funcionais; freq.
não há psicoses orgânicas
DISCURSO coerente incoerente

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• ”Estou aqui porque a minha mãe me
mandou. Ela trouxe-me de carro. O carro
era um Mercedes. A Mercedes é uma
colega minha do Liceu Pedro Nunes. Não
EXERCICIO - gosto de matemática, porque obriga a
pensar. Pouca gente gosta de mim, só o
Pensamento meu cão gosta. Os cães sofrem muito
porque alguns donos os abandonam e
amarram. Os presos também são
amarrados. Será que posso ser preso,
porque não paguei o bilhete de Metro? “

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EXERCICIO - solução

• Fuga de ideias – presença de muitas associações tangenciais, com mudanças de


assunto muito rápidas. Por vezes ideias fragmentadas. Estados de mania com
grande pressão de discurso.

• ”Estou aqui porque a minha mãe me mandou. Ela trouxe-me de carro. O


carro era um Mercedes. A Mercedes é uma colega minha do Liceu Pedro
Nunes. Não gosto de matemática, porque obriga a pensar. Pouca gente
gosta de mim, só o meu cão gosta. Os cães sofrem muito porque alguns
donos os abandonam e amarram. Os presos também são amarrados. Será
que posso ser preso, porque não paguei o bilhete de Metro? “

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• ”Estou aqui porque a minha mãe me
mandou. Ela trouxe-me de carro. O carro
EXERCICIO - era um (...). A Mercedes é uma colega
minha do Liceu Pedro Nunes. Não gosto
Pensamento de matemática porque obriga a pensar.
(...) Os cães sofrem muito (....). Será que
posso ser preso, porque não paguei o
bilhete de Metro? “

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EXERCICIO -solução

• Bloqueio do pensamento – relacionado com o afrouxamento das


associações. Ocorre uma pausa inesperada entre frases porque um dado
pensamento se perdeu.

• ”Estou aqui porque a minha mãe me mandou. Ela trouxe-me de


carro. O carro era um (...). A Mercedes é uma colega minha do Liceu
Pedro Nunes. Não gosto de matemática porque obriga a pensar.
(...) Os cães sofrem muito (....). Será que posso ser preso, porque
não paguei o bilhete de Metro? “

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Referências Bibliográficas
• Abreu, J. (2008). Introdução à Psicopatologia Compreensiva. 6.ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

• Damas MJ & De Ketele J-M (1985) Observar para avaliar. Livraria Almedina, Coimbra.

• David, M. (2005). Léxico de termos e expressões usados em Psiquiatria. 2.ª Edição. Lisboa: Sandoz.

• Gameiro A (1989) Manual de Saúde Mental e Psicopatologia. 4ª Ed., Edições Salesianas, Porto.

• Phaneuf M (2007) Psychiatric Observation: A Skill Worth Developing, consultado em 09/09/2019, disponível em
https://pdfs.semanticscholar.org/9d46/edb813d08a07d1f18dc38e594930db2069d3.pdf

• PHANEUF, M. (2005).Comunicação, entrevista, relação de ajuda e validação. Loures: Lusociência, 2005. 633 p..

• Scharfetter, C. (2005). Introdução à Psicopatologia geral. 3.ª Edição. (Leitão, O., Trad.). Lisboa: Climepsi Editores.

• Stuart, G., Laraia, M. (2001). Enfermagem psiquiátrica: princípios e prática. 6.ª edição. Lisboa: Artmed Editora.

• Trzepacz, P., Baker, R. (2001). Exame Psiquiátrico do Estado mental. 1.ª Edição. Lisboa: Climepsi Editores.

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