Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila Psicopedagogia Clínica 4
Apostila Psicopedagogia Clínica 4
1
Sumário
O profissional Psicopedagogo.................................................................... 20
Atendimento Psicopedagógico ............................................................... 21
1
NOSSA HISTÓRIA
2
Psicopedagogia clínica
3
Observa-se que a Psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo,
inicialmente, um caráter médico-pedagógico já que a equipe de trabalho era composta
por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e reeducadores de
psicomotricidade e da escrita.
Ao final dos anos 60, na Argentina, o trabalho entre os psicopedagogos e a escola e
sua relação com os psicólogos e os pedagogos influenciaram significativamente os
profissionais argentinos na sua atuação psicopedagógica.
4
Já em 1956, a Psicopedagogia constitui-se como curso de graduação de três
anos, para formar professores com capacitação em psicologia escolar, na confluência
da psicologia e pedagogia.
5
Jorge Visca é considerado pela literatura dos profissionais da área, como “pai
da psicopedagogia”. A psicopedagogia nasceu na Argentina a partir dos seus estudos
acerca da epistemologia da psicopedagogia, no que se chamou de epistemologia
convergente.
6
A graduação em psicopedagogia surgiu há mais de 30 anos na Argentina, na
Universidade de Buenos Aires (UBA). Entretanto, o curso passou por três instâncias
em relação ao plano de estudo: nos anos de 1956, 1958 e 1961 a ênfase esteve na
formação biológica e psicologica; evidenciava-se a formação instrumental do
psicopedagogo nos anos de 1963, 1964 e 1969; Assim, com a criação da licenciatura,
o enfoque passou a ser clínico e para a obtenção do título de psicopedagogo, a
carreira de graduação passou de quatro para cinco anos de duração em 1978, tal
como hoje em dia.
7
Em 1983 foi criada a Asociación de Psicopedagogos de Capital Federal -
PSP2. Mas foi no ano de 1986 que PSP passou a reconhecida juridicamente. È uma
instituição que vem trabalhando para o auxílio do psicopedagogo universitário, dos
formados em nível de pós-graduação, defendendo o campo profissional, a ética
profissional, preservando e enriquecendo o conceito humano de nossa profissão.
8
No Brasil, por volta dos anos 70, alguns profissionais preocupados com os altos
índices de evasão escolar e repetência, engajados no estudo das causas e
intervenções dos problemas educacionais relacionados ao fracasso escolar
trouxeram da França para a Argentina os aportes teóricos sobre a Psicopedagogia.
Mais recentemente, isto é, desde 1980 até hoje, passamos a conceber o fracasso
escolar também como “problemas de ensinagem”, e não somente de aprendizagem.
9
No relato que prossegue, Mônica Hoehne Mendes7 (apud Carvalho, 2005)
comenta:
Além disso, estes vinte anos da ABPp, vêm possibilitando aos psicopedagogos
estruturarem um espaço de discussão sobre o corpo teórico de conhecimentos
psicopedagógicos, através do seu vasto acervo de trabalhos científicos publicados,
dissertações de mestrado e teses de doutorado.
10
Consideramos importante, mencionar que a literatura francesa nos mostra
autores como Janine Mery, Pichón-Rivière, Jacques Lacan, dentre outros, cujos
pensamentos influenciaram a Psicopedagogia na Argentina, que vem se destacando
como forte, na práxis psicopedagógica brasileira.
11
está a sua volta, o que lhe impede de aprender, para que juntos, possam modificar
uma história de não aprendizagem.
Diante do que foi exposto temos que foi na Argentina que os primeiros
psicopedagogos brasileiros foram a procura de conhecimentos acerca da formação e
12
atuação psicopedagógica para fundamentarem a Psicopedagogia no Brasil. Ainda
hoje, as obras publicadas por Jorge Visca, Alicia Fernàndez , Sara Pain e Marina
Müller fazem parte do nosso acervo bibliográfico.
Artigo 1º
Parágrafo Único
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem
do conhecimento relaciona do com o processo de
aprendizagem.
13
Artigo 2º
Artigo 3º
Artigo 4º
Estarão em condições de exercício da
Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau,
portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de
Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino
oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos,
sendo indispensável submeter-se à supervisão e
aconselhável trabalho de formação pessoal.
Artigo 5º
14
respeito em relação às diferentes visões de mundo.
c) Assumir somente as responsabilidades para as quais
esteja preparado dentro dos limites da competência
psicopedagógica.
d) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia.
e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas
agremiações de classe sempre que possível.
f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas, fornecendo ao
cliente uma definição clara do seu diagnóstico.
g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do
cliente nos relatos e . discussões feitos a título de exemplos
e estudos de casos.
h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes
i) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas
sem ser conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com
o ato ilícito ou calúnia. O respeito e a dignidade na relação
profissional são deveres fundamentais do psicopedagogo
para a harmonia da classe e a manutenção do conceito
público.
Capítulo IV – Do sigilo
Artigo 8º
Parágrafo Único
Não se entende como quebra de sigilo informar sobre
o cliente a especialistas comprometidos com o atendimento.
Artigo 9º
15
O Psicopedagogo não revelará, como testemunha,
fatos de que tenha conhecimento no exercício de seu
trabalho, a menos que seja intimado a depor perante
autoridade competente.
Artigo 10º
Artigo 11º
Os prontuários psicopedagógicos são documentos
sigilosos e não será franquiado o acesso a pessoas
estranhas ao caso.
Artigo 12º
Artigo 13º
16
Artigo 14º
Artigo 15º
Artigo 18º
Artigo 19º
17
O presente código poderá ser alterado por proposta
do Conselho da ABPp e aprovado em Assembléia Geral;
Definição da Psicopedagogia
18
aprendizagem, por meio do entrelaçamento e da manifestação dos processos
cognitivos, afetivo-emocionais, sociais, culturais, orgânicos, psíquicos e pedagógicos,
concebendo o sujeito como individual e coletivo.
19
na escola, a diminuição da incidência dos problemas de aprendizagem. Analisa e age
em relação às questões da didática e da metodologia, através da intervenção: na
formação permanente e na assessoria junto aos professores; no atendimento familiar;
no diagnóstico de sujeitos; no relacionamento entre alunos e professores; nas
relações afetivas envolvidas nos processos de aprender; no significado que os alunos
e professores dão à aprendizagem; na elaboração de currículos e ações pedagógicas
que tenham efetivo desempenho junto ao processo de aprendizagem.
O profissional Psicopedagogo
20
Atendimento Psicopedagógico
O processo diagnóstico
caracteriza-se como os primeiros
encontros nos quais se interage de
forma mais direta com o sujeito encaminhado e com sua família, procurando conhecer
mais detalhes de sua história. Porém, não é um momento fechado, que tenha como
objetivo atribuir um rótulo ao sujeito. Há diagnósticos como transtorno de
hiperatividade e déficit de atenção, autismo, entre outros, que não podem ser dados
por um especialista em Psicopedagogia, que pode sugerir para a família procurar um
profissional como um psiquiatra ou um neurologista para avaliar e realizar tal
diagnóstico. O especialista em Psicopedagogia deve sempre realizar os
encaminhamentos que julgar necessários, mencionando que há outras questões que
também atrapalham a aprendizagem do sujeito e que só podem ser avaliadas por
outro profissional habilitado. Por isso, fala-se tanto das parcerias nos atendimentos
psicopedagógicos e de um trabalho interdisciplinar.
21
aprender. Nessa ocasião, já se inicia também o tratamento. Quando se analisa a
situação do sujeito, precisa-se propor desafios de superação, para que novas
hipóteses possam ser levantadas e questões já possam ser superadas. Logo, não há
uma separação rígida entre o período do diagnóstico e o do tratamento. Ao iniciar o
diagnóstico, já se está começando o tratamento.
22
questões relativas ao pensamento lógicomatemático. Várias vezes, recebe-se dos
educadores a avaliação de que o sujeito domina as questões relacionadas ao
conhecimento matemático, mas o que ele consegue fazer são cálculos mecanizados,
sem compreensão. A construção do pensamento lógico-matemático é estruturante da
construção da leitura e da escrita, ou seja, são a base para a aprendizagem da leitura
e da escrita. A testagem do nível de leitura e escrita precisa ser realizada juntamente
com a observação, pois é importante observar as estratégias que o sujeito utiliza para
ler e escrever sua própria produção.
O diagnóstico é uma das peças chaves para uma intervenção eficiente. Não
basta ao psicopedagogo conhecer técnicas e provas, pois cada caso é singular e
exige do profissional, além da competência teórica, um olhar sensível e particular.
Cada paciente que chega à clínica traz junto sua história, suas individualidades e suas
relações de coletividade, para o psicopedagogo é sempre um novo e complexo
começo, que evoca seguidamente um novo olhar. “O sucesso de um diagnóstico não
reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e
sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em
cada situação”. (WEISS, 2000, p.30). Weiss (2000, p.31), comenta que:
23
Para Weiss (2004), o diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico
identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito
que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social,
possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os encaminhamentos
necessários. Podemos defini-lo como um processo de investigação referente ao que
não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada.
24
A autora se refere a mecanismos transferenciais, pois nesse mecanismo é o
paciente que traz seus sentimentos, atitudes e condutas inconscientes para com o
terapeuta.
25
Paín (1985) afirma que no motivo da consulta é importante observar porque e
por quem o paciente chegou até o terapeuta, se foi pela escola, pela professora, por
um médico ou pela família. Isso é importante, pois dessa forma o psicopedagogo
consegue entender que tipo de vínculo o paciente irá estabelecer, revelando dessa
forma o grau de independência com que o paciente assume seu problema.
Segundo Paín (1985), este primeiro momento com a família, é uma ocasião
para estabelecer hipóteses sobre alguns aspectos importantes para o diagnóstico dos
problemas de aprendizagem, como significação do sintoma na família ou, com maior
precisão, a articulação funcional do problema de aprendizagem; significação do
sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao
assumir a presença do problema; fantasias de enfermidade e cura e expectativas
acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; modalidades de
comunicação do casal e função do terceiro, entre outros.
Este espaço de escuta oferecido para a família permite que a mesma elenque
livremente, os motivos pelos quais busca a ajuda psicopedagógica e, também, quais
os fatores que acredita causarem a não aprendizagem do paciente. Deve-se sugerir
que os mesmos comentem sobre o motivo que os trouxe à clínica e que falem
livremente sem que façamos perguntas particularizadas. (FERNÁNDEZ, 1991).
26
Conforme Paín (1985), no caso de um paciente que consulta por problemas de
aprendizagem, serão as seguintes as áreas de indagação predominantes:
antecedentes natais na fase pré-natal que abrange as condições de gestação e
expectativas do casal e da família, onde as doenças durante a gestação, dados
genéticos e hereditários, serão solicitados somente se o caso justificar; fase peri-natal
que envolve as circunstâncias do parto, sofrimento fetal, cianose ou lesão, entre
outros danos que costumam ser causas de destruição de células nervosas que não
se produzem e também de posteriores transtornos e fase neonatal que inclui a
adaptação do recém-nascido, choro, alimentação, capacidade de adaptação da
família do bebê através do respeito ao ritmo individual do bebê entendendo suas
demandas.
27
psicopedagogo conta com uma caixa que contém diversos materiais, sucatas e
elementos não figurativos de vários tipos.
Existem três tipos de diagnósticos mais comuns dentro das provas projetivas:
desenho da figura humana, relatos e desiderativo. Segundo Paín (1985), o desenho
da figura humana permite avaliar os recursos simbólicos do sujeito para referir a
diferenças como criança/adulto; feminino/masculino; fada/bruxa, etc., o que revela o
nível de sua adequação semiótica, cuja relação com a aprendizagem se teve
oportunidade de enfatizar na ocasião em que se analisou a hora do jogo.
Nas provas de relatos, Paín (1985) comenta que elas têm como instrução criar
uma história ou antecipar seu final. São oferecidos ao sujeito estímulos gráficos ou
verbais que sugerem certas relações ou transformações viáveis. O sujeito percorre
um dos caminhos insinuados trazendo elementos mais ou menos originais. As
lâminas e contos não são neutros, pelo contrário, apontam temas classicamente
conflitivos, provocando defesas mais ou menos apropriadas.
28
Em relação ao diagnóstico desiderativo, Paín (1985), afirma que as
dificuldades, as falhas e os rodeios que os sujeitos com problemas de aprendizagem
apresentam na prova denominada de desiderativo indicam sua dificuldade para
recuperar intelectualmente objetos perdidos e reprimidos.
29
Ainda, conforme a autora pode-se resumir os objetivos do tratamento em três
fundamentais: em primeiro lugar, conseguir uma aprendizagem que seja uma
realização para o sujeito; em segundo lugar, conseguir uma aprendizagem
independente por parte do sujeito e por último, propiciar uma correta autovalorização.
30
REFERÊNCIAS
CABRAL, Álvaro. NICK, Eva. Dicionário Técnico de Psicologia. 11ª. Ed. São
Paulo, Ed. Cultrix, 2001.
31
ESCOTT, Clarice Monteiro. ARGENTI, Patrícia Wolffenbüttel. A formação em
Psicopedagogia nas abordagens clínica e institucional: uma construção teórico
prática. Novo Hamburgo: Feevale, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
GRIZ, Maria das Graças Sobral. Ética. In: BOMBONATTO, Q & MALUF, M. I.
(orgs.). História da Psicopedagogia e da ABPp no Brasil: fatos, protagonistas e
conquistas. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2007, p.75-80.
32
MASINI, Elcie F. Salzano. Formação Profissional em psicopedagogia: embates
e desafios. In: Revista da Psicopedagogia 2006; 23(72): 248-59.
Argentina, 2007.
OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2007.
33
PERES, Maria Regina. Psicopedagogia: aspectos históricos e desafios atuais.
In: Revista de educação. PUC-Campinas, v.3, n. 5, p. 41-45, novembro 1998.
34