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ESTRANGEIRISMO1

É o emprego de vocábulos, expressões e construções alheias ao idioma que chegam a ele por
empréstimos tomados de outra língua. Os estrangeirismos léxicos que entram no idioma por
um processo natural de assimilação de cultura ou de contiguidade geográfica, assumem
aspecto de sentimento político-patriótico que, aos olhos dos puristas extremados, trazem o
selo da subserviência e da degradação do país. Esquecem-se de que a língua, como produto
social, registra, em tais estrangeirismos, os contatos de povos. Este tipo de patriotismo
lingüístico (Leo Spitzer lhe dava pejorativamente o nome de patriotite) é antigo e revela
reflexos de antigas dissensões históricas. [...]. Entre nós o repúdio ao francesismo ou
galicismo nasceu da repulsa, aliás, justa, dos portugueses aos excessos dos soldados de Junot
quando Napoleão ordenou a invasão de Portugal. O que se deve combater é o excesso de
importação de línguas estrangeiras, mormente aquela desnecessária por se encontrarem no
vernáculo vocábulos e giros equivalentes. A introdução de uma palavra estrangeira para
substituir uma vernácula em geral se explica pela debilidade funcional da palavra ameaçada
de substituição.

[...]

De modo geral, os estrangeirismos léxicos se repartem em dois grupos: os que se assimilam


de tal maneira à língua que os recebe, que só são identificados como empréstimos pelas
pessoas que lhes conhecem a história (guerra, detalhe, etc. [...]); mas há os que facilmente
mostram não ser prata da casa, e se apresentam na vestimenta estrangeira (maillot, ballet,
feedbach, footing etc.) ou se mascaram de vernáculos, como maiô, abajur, tíquete etc. [...].

Os empréstimos lexicais durante muito tempo sofreram as críticas dos puristas, mas hoje vão
sendo aceitos com mais facilidade, exceto aqueles comprovadamente desnecessários e sem
muita repercussão em outros idiomas de cultura do mundo.

1
Cf. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006, p. 599-600.

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