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ARISTOTELES, HORACIO, LONGINO ROBERTO DE a Faculdade de Fi Humanas da Univ CP—Beasil, Catalogagiona Fonte (Cimara Brasileira do Liveo, SP Tradugdo direta do grego ¢ do letim JAIME BRUNA doutor de Latim da Faculdade Humanss Paulo) Aristtles, 908-399 A. tsp. A poses clea / Artec, Horiso, Longin; introdugto 7 ee ‘ed. por Roberto de Olveia Brando; tadugio dies do goes ele rofemen atant doutcr te La Wain por Jee Bona ota eae tel de eed de Fs Letas, © Cite 1, Podtica 1. Horisio, 65-8 A.C. IL Longino, 2197-273, TH, Brandfo, Roberto de Oliveira, 1934 — IV. Bruna, Jaime, 1910 V. Titulo. 81-0649 cDp-£08.1 ee Taalices pars eatilogosstemitico: 1. Arte poética: Retérica: Literatura 800.1 2 Podtica: Rtériea: Literatura 808.1 EDITORA CULTRIX Sao Paulo Se a@ pensamentos sublimados” e “a yeemente e inspig rada”. Sao 0s fatores psiqu igdes inatas, que constituem @ representagao. As trés tiltimas fontes, “as figuras”, “a noe eza da expresso” e “ ”, so de natureza ica, €, pond tanto, produtos duz 0 di proposta ‘natura/ars’ a a atividade matéria dal 1s fontes epresentam uma espécie 0 0 este rege peito deve-se lembrar qi astarey lo simples ¢ comum de falar”. 18 Compreende-se, desse modo, que para 0 Anénimo a estrutura da “agem nido era apenas © meio, mas a condicio, 0 fator erlating staura o sublime: seca Se hipétbato, figura pela qual a ordensgio das_palavrar § Pensamentos 6 tirada da seqiéncia regular; @ per ecie ae © mais verdadeiro cunho de uma emogao viclenta> (c. MXIT ai Em tltima instincia, a complementaridade existente entre sent. Tele & gxpressao reflete um dos fundamentos da realidade artstieg, ‘sto é, a intima fusio entre a natureza e a arte: raised ety 6 etbeda quando com esta [a natureza) se parece, por sua vez, a natureza é bem sucedida quande dicauls 4 arte em seu seio.” (e. XXII, 1) ROBERTO DE OLIVEIRA BRANDAO 19. Quint, op. eit, 9, 5, 5 Bibtiograia Pobtica, de Aristoteles, nas seguintes edigdes Seriptorum Classicorum Clarendon, editio alt The Loeb Classical Libra Fete atsial Library, with an English translation by W. Hamilton Soc, d'Bdition “Les Belles Lettres Baten Lettres". texte Stabli et traduit par J. Hardy Bibliotheca Oxoniens _Diblictheca Oxoniensis, recognovit 1. Bywater, ia bem como a comé ditiramby mai 9 flauteiro ¢ a do citare jas ve fser, de modo geral, imitagdes. Diferem entre si em tres pontos {mitam ou por meios diferentes, ou objetos diferentes, ou de manei diferente e nfo a mesma. Assim como alguns imitam muitas coisas figurando-as por meio de cores tragos (uns gracas & arte; outros, & prética Je outros o fazem por meio da voz, assim também ocorre naquelas mencionadas artes: fodas elas efetuam a imitagio pelo ritmo, pela palavra e pela melodia, quer separados, quer combinados. Valem-se, por exemplo, apenas da thelodia e ritmo a arte de tocar flauta e a da cftara, mais outras que porventura tenham a mesma propriedade, tal como a das fistulas; * ia arte da danga recorre apenas ao ritmo, sem a melodia; sim, por- que 0s bailarinos, por meio de gestos ritmados, imitam caracteres, emogbes, aries. A arte que se utiliza apenas de palavras, sem ritmo ou metrifi cadas, estas seja com variedade de metros combinados, seja usando uma 6 espécie de metro, até hoje ndo recebeu um nome. * Nao dis pomos de nome que dar aos mimos * de Séfron ¢ Xenared ao mesmo fempo que aos didlogos socriticos e as obras de quem realiza a 1. Hino coral em louvor de Dioniso (Baco) 2, Flauta de pastor 5, Dizee hoje Literatura, muito se discutindo sobre 0 conceto +. Pequena farsa em prosa, de assunto ordinariamente familiar. tagio por meio de trimetros, disticos el u melhanteg Nada impede que pessoas, ligando & metrificacio a poesia, deers Poetas © nome de elegiacos, a outros o de épicos, denomainen nio segundo a imitasio que fazem, mas indiscrimined the © metro que usam Costuma-se dar esse nome mesmo a quem publica matéria me dica ou cientifca em versos, mas, além da métrica, nada hd de come entre Homero e Empédocles; por isso, 0 primeiro e, a0 segundo, antes naturalis acio comb mente, quem i psd artes me refiro quando meios de imitagéo. 0 Como aqueles que imitam imitam pessoas em ago, estas sf0 ne. Gfsserlamente ou boas ou més (pois os caracteres quase sempre se re quzem apenas a estes, baseandose no vicio out na virlude a distingee de cardter), isto é, ou melhores do que somos, ou piores, ou enti fa ¢ auais, como fazem os pintores; Polignoto, por exemplo, melhores Gs originals; Pausio 0s.piorava; Dionfsio pintava-os como tram, Een Gentemente, cada uma das_ditas imitagées admitiré essasdistingdes ¢ diferiréo entre si por imitarem assim objetos diferentes Essas diversidades podem ocorrer igualmente na arte da da na de flauta ou da cftara; bem assim no que tange 2 prose e poesia no musicada. Homero, por exemplo, imitava, pessoas superio Fediag fants, igusis; Hegemon de Tasos, o primeito a compor pes redias,¢ Nicécares, o autor da Ditiada, ® inferiores: © mesmo se dhea quanto aos ditirambos ¢ nomos; podem-se criar caracteres como oe Ciclopes de Timéteo e de Filéxeno intico a0 som de harpa, em louvor de Apolo, Heda lembra Miada, mas celebra poltries em ver de herds. a0 © nome. © poema, als, desconhecide ia ¢ a comédia; esta os nga dvergem a. raged © 0 comédia: UL n como representam cada wm pelos mes muds E a re ee com 0 do nome dra presen ; também reivind n os dé Hos ho tem ie sua democracia, e os da Sicilia, por ser Pi Fr cnc Mops = gy sas se io nome de comal sos arabes, on aeniene, © de ieos: Cs ned ntes tirariam o nome, nao do verbo Mi pets fas de vaguare pelos atabaies, tocador, om despre Bas fe ae sades adem, agit no se disleto,€ dra, 20 Pave fore da cidade, ademas, ¥ Quanto, pois, diferencas de representacao, s¢ tureza, basta o que dissemos. fem agli. Pot iss Iv a fas causas, art 3, de modo gers, darem origem & poesia. duas causes, ams $, Imitar é natural ao homem desde a infan 7, Autor do tragédias. 8. Autor de comédias. sxima do Istmo de 9, Duas cidades se chamavam Mégara; uma, pré ee cortejo, cantando ¢ dangando. To. Personer of ruse difere dos outros anim os primei prazer em imitar. ¢m ser o mais capaz de imitar ¢ de adquitiy cimentos por meio da imitagéo — e todos’ tém Prova disso € 0 que acontece na realidade: das coisas cuja visio € Penosa temos prazer em contemplar a imagem quanto mis Pex feiigs Por exemplo, as formas dos bichos mais despreaivels ¢ Hep cadavere: Outra razdo filésofos a a poesi A poesia diver nio dos autores; uns, mais graves, rePresentavam as agGes nobres ¢ as de pessoas nobres; eutrot munis vulgares, as do vulgo, compondo inicialmente vitupérios, cong © outros compunham hinos e encémios De nenhum autor anterior a Homero desse género, embora seja provivel que tenhe havido muiten ode. Cutros part de Homero, mencionar, por exemplo o seu Marghes c Beng melhantes, nos quais, em harmonia com o género, vee tam bém 0 metro jfmbico ™ —sinda hoje se denomine poste tent, cee Benero — Porque nesse metro se trocavam doestos, Howe, pois, 808 herdicos, !® quanto de jdm Podemos citar uma obra Fomero, assim como foi autor de poemas nobres — pois s6 ele Sones obras, que, sobre serem excelentes, sio representagio de AsSes — assim também foi o primeiro a mostrar o eshoro da comédia, 11, 0 jambo € um pé de duas sflabas, 0 Primeira, breve © a segunds, Tonga. Usava-se nas invectivas a Taalietro, Verso teoricamente composto de seis décilos, pésformados de uma sflabo longa seguida de" duas Sree 22 o Margites est pois 0 Margi Fe ier coro sséia para as tragédias ‘ag lias como a I para 8s © dia e a comédia, os autores, segundo a inclinago Surgidas a tragédia e a comé agus; une tomaramse, em lug de sy otros, em lugar de. €picos, trégicos, po natural, pendi 7 jambicos, com ferem est 5 superiores Aqueles e mais ¢ ou ou néo a ro ¢ atril papel do cor AAdguirindo extensio com en : ente adquitlu majestade passou a jambico; a principi am 0 tetrimetro trocaico por saimos do tom de conversa, ose F i édios ¢ ornamentos em geral ¢¢ ee i O ker ae ce ios ce, demoron por estudedos, pois d Jonge tabotho dlscorrer sobre cada um ente hexmetros, jambicos e raramente he Vv le pessoas inferiores; néo, 1a, como dissemos, é imitago de pes: rs, nto, sorte im por ser o ebm cosa relapS0‘a todo vio, mas Sim et itro_ metros, cade um de dois pes. Jere, SS Gompbsse de. una sibs longs seguida. Guna. brev emer Se x atores vestidos como } I idio curt e jocoso, interpretado por os at" O'some ‘nada tern com ode astra, que € especie do feio. A comicidade, com efeito, ¢ um de sem_dor nem destruicdo; um exemplo.dhvio é so de dor. maGOss Por qUe Passou a tragédia, bem como os seug Por nae a eombecidos; os da coméiia, porém,” sto. dessonhecides ram ge( cla gozado de estima desde o comeso. Com efeito, #6 tn diamente 0 arconte ¥ forneceu o coro de comediantes voluntérios. Ela jd tinha adquixid lembrar © nome’ dos ch; feito © uma feiting a mascara cémica, feig antes, eram ‘a forma, quando se passou a mi rativa, Também ig npenha-se, quanto. possivel > delimitada e nisso difete I m assim tanto nas trag nfo passar duma revolueio do 2 epopéia ante, primitiva como nas epopéias umas so a5 mesr sabe discernir et mente, procedian Das partes componentes, mas; outras, peculia “ re a boa tragédia ¢ 4 epopéia, pois o que a epopéia tem esti mas nem tudo que tes & tragédia. Por isso, quem ruim sabe-o também quanto presente na tragédia, haquela, Possui se encontra VI Da atte de imitar em hexametros ¢ te. Falemos da tragédia, tomando que dissemos. E a tragédia da comédia trataremos adian. sua definigéo em decorréncia do 7 @ representagéo duma ago grave, alguma extensio e completa, em linguagem exornads, cde Parte com fnspirande oest*#d, com atores agindo, nfo. narrando, #° qual Cauitando pena e temor, opera a catarse propria dessas ‘emacs Ghamo linguagem exomada a que tem ritmo, melodia Ceatgo:en adequado, 0 serem umas partes executadas cor © as outras, cantadas, atavio 7m simples metrificagao 15. Magistrado executive em Atenas. 24 Coma uma parte da tragédia em primeiro lug nat ‘i ealiza a imitagao. ntendo 0 simples conjunt 1808; por canto ntido inteiramente clan Ja imitagéo duma_acdo 8 tingu lo cara if ant ne n efeito, dois elemer a ia nancira; th jeto; além desses nao h ; “hacim dizer, todos et valem, pois todo drama A mais importante devas partes €« disposi das ages; ae gédi a é imitagao, no de pessoas, mas de uma acdo, da vida, da cidade, da desventura; a felicidade ¢ a der finde € uma gio nfo una qualidade, Seg Tibule constucm « finelidade da tragédia e, em F “ et em agSo nao poderia haver tradi sem caracte m, Ae agedies da maiora’ dos autores es ict Ss a ontliog poetas sucede, de modo geral, © Hun ene os pitres, em confonto som Polgnte, exe, com Zein ecole piior de caraceres, enquanto enh el Ge carder hana pintara de Zs oe Outros, mesmo quando se alnhem fla reladoras de ar er, bem constraidas em matria de linguager «ia, no 6 ella th 0b 6 de tragédia; muito mais se obteré com uma ned : Trae sees panes mos provide duma fabula e do arronjo da felizes ou 0 deficiente ne Ses. Além disso s importantes portantes de fascinacdo das tragé, isto é, as peripécias e os reconhecimentos Mais uma prova é que o sac Ma, ve € que oF gue empreendem posta cg en ayes, como quase todos os autores primitives N° Sanio dag A fabula é, pois, o princtpic ie dia, vindo em segundo lugar os pa pintura; se alguém lambusass Hé idéias quando © quarto compo ain, ate some fc & 2 Tala; entendo, como f @ interpretago por meio de ue tanta vale para versos como para rosa se pelnre, © coe im 6 cobs, ssstntes componente & 0 canto o maior d © spetiulo, emborafacianie, €'0 menos attics mee tae lado, 0 efeito da tragédia subsiste ainda sem rerecre ae s; doutro, na encenagao, tem do contraregra do que a’ dos poctay ” ™” ™#ls Importincia a ave vu Denis o5 co es, pois esse Tato primeiio © mals inpeeeen Assentamos que a te do arranjo das : ja tage 1 agédia € a imitasdo a inteira, de alguma extensio, pois pode loos ee ee gre Se per si, nao se segue necessariamente a outra colee mae tee © qué, por natureza, exist dur eaten nie coisa, mas apds eae iste ou se produz outra coi: < Gaulle goede ne, oY SE Produ outa cols; fim, pel eon za, vem apés outta coisa, 26 mas apés 0 qué ndo hé nada a, quer ordi aig; meio o que de si vem apés outra coisa © apé coisa vem. gbulas bem constitufdas nfo devem comesar num ponto 20 caso, nem ecabat num ponto ao acaso, mas utilizarse das f6rmulas referidas, Outrossim, m qualquer quer num animal, qu que da platéia nao é matéria da arte; se houvessem de concorrer fé&lo-iam sob a clepsidra, como, dizem, peonteceu. Quanto ao limite conforme a natureza mesma da fempre quanto mais longa a fabula até onde o consinta a clareza do & amplidéo; contudo, para dar uma de jeve permitir aos fatos sucederse, dentro todo, tanto mais bela finigio simples, a duragao da verossimilhanca ou da necessidade, passando. do infortiinio fura, ou da ventura ao infortiinio: esse o limite de extensdo con: VII alguns, em ter m conta, pessoa pra Nao consiste a unidade da fabula, como créem uum 36 herdi, pois a um mesmo homem acontecem fatos sem deles resultar nenhuma unid: fica muitas ages, que no compéem nenhuma ago tnica. Dai pa rado todos os autores de Heracleidas e Teseidas * € poc- feneres, supondo que, por ser Heracles um s6, a fabula ge hatia também’ unidade. multiples 16. Poemas sobre Heracles (Hércules) © Teseu, herdis de facanhas independentes umas das outras 21 Homero, assim como € s e mo € super em tudo mais, parece ter muito bem também isso, seja cj Odi, nio nerou tudo aur ao herdi, por exemplo, o ferimento n wnaso, i isto seja pela ar a simulagao de e a trope, 18 fatos dos quais @ ocon rretava a nevessidade ou probabilidade do cviny seu genio; escrevendo a nsiste em contar o que aconteceu, mas sim podiagl acontecer, possiveis no ponto de vis rerosimilnange cow lg narra acontecimentos € 0 outro, fatos qui i cer. Por isso visa a Poesia, ainda quando ay “Relate. fa Particulares € contar 0 que Alcibiades ™ fez re “ b © pos: iio seria menos uma ou 0 que fizeram a ele, eee iescrigdo que se lé no canto XIX a partir do verso 395, 7 18. Em Aulis, « fim de nio embarcar para cslouguccido, mas Palamedes 0 desmascarou. | Sw=*"% Olsseu fingiu ter 19, Alcibiades € aqui como se dissesse Fulano, 28 isso_aesta altura jé se tornou evi: o as verossimilhancas.e-dep. nfo_como os poet ‘determinadas, so ols a fibula € composta sex P ‘dio nomes quaisquer as persona} agédias, os autores Se apsiam ent nomes de pessoas que axistiram: * ara possivel, mas o que aconteceu rntemente sont iador mais das fébulas se 6 poeia por imitar e imita apbes eu tema sejam fatos reais, nem por i ada impede que tos reais sejam veros tambem ob bons por ater fébula além = eres por serem 0 que sio, poetas mediocres por serem 0 que sio, e ta 5 Go 20s stores; compondo para concurs and Go que ela suporta, si0 amide forgados a contrafazer @ natural © objeto de imitasfo,porém, nio 6 apenas uma ago comples as casos de inspirar temor e pena, e estas emogdes sfo tanto mais fortes quando, decorrendo uns dos’ outros, sio, ndo obstante, fatos inesperados, pois assim terdo mais aspecto de maravilha do que se brotassem do.acaso e da sorte; com efeito, mesmo dentre os fortuitos, despertam maior admirago os que aparentam ocorrer, por assim dizer, de propésito; por exemplo, a estétua de Mitis em Argos matou © culpado da morte de Mitis, tombando sobre ele, quando assistia @ e mncias semelhantes nao se afiguram casuais; segues tm festejo, cot : Mlecwatfamente que es fabuls dessa natureza so mas Blas a aco completa, 20. Segunda a tradigbo. Umas fébulas sio simples, outras complexas; & que as agbep imitadas por elas so obviamente tais. Chamo simples a agio quandg gcorrendo ela, como ficou definido, de maneira coerente ¢ une, se dp mudanga de fortuna Verificarem peripécias e reconh tos; complexa, quando dela resulta mudanca de f Peripécia é um sentido contrério, coma ‘ou dito; re i nilhanea ou necessi dade; como, no Edipo, quem veio com o propésito de dar alegria ¢ Edipo ¢ libertélo do temor com relagdo & mie," ao revelar quem cle era, fez 0 contrério; igualmente, no Linceu; este & levado para morrer ¢ Danao vai empés para o matar, mas, em conseqiiéncia. dos fatos, acabou morrendo Danao e salvando-se Linceu © reconhecimento, como a palavra mesma indica, € a mudanga do desconhecimento a0 conhecimento, ou & amizade, ou ao dio, dia essoas marcadas para a ventura ou desdita. O mais belo reconhect mento € 0 que se dé ao mesmo tempo que uma peripécia, como acon teceu no Edipo. Existem outras formas de reconhecimento, pois, com respeito a coisas inanimadas e triviais, sucede por vezes 0 que acabanos de dizer e se pode reconhecer se alguém praticou ou néo uma acto Forém o mais proprio da fébula e mais proprio da ago é 0 que fol exposto acima. Com efeito, um reconhecimento dessa espécie, com Peripécia, acarretard pena ou temor; de agées com tais efeitos € que se entende ser a tragédia uma imitagio. Outrossim, a m4 ou boa sorte dependeré de semelhantes aces 24, @berore. suposta mie: © que Edipo temia esteva acontecendo com a verdadeis, Jocasta, 30 Como 0 revonhecimento s. —_ nhece outra, sma personagem que hi davida sol n reconhecer; por jenidade de uma delas; ds vezes amb mm reconheer Po tremplo, Ifizeis fo reconhecida por Orestes pelo envio de cata oe para ele set reconhecido por ela era p 0 eo. ere etificam duas part peripécia arte da tragéia que ant ° Spied, tod a parte da tragédia situada ent : Sir ae bxodo, fod a parte da tragédia aps 2 qual nf 1 Do canto ‘© parodo € todo o primeiro pro- less, como, um lamento conjunto do coro e dos atore dia que cumpre utilizar tra- Dos elementos constitutivos da tragédia q pre iia ta forais comple yém canto do coro. Do canto coral ‘A extensiio e a divisao em secede tamos atrés; quanto 2 extensio ¢ a d cessas as partes. XII ymposicho das ¢ importa evitar na cot (© que é preciso visar, 0 que impor' mesic das oe tick ha Imtaga tos inspiradores de Como a estrutura la tm tere pene carctevstin propia de tl imiagio nia em Téaride. se 3 Avapeaoy s56 pos formados. de duss stabas, breves seidas Fotésimo € conto’ coral ie separa dois episédios (hist € claro que nfo cabe mostrar homens honesos hago); nem os refeces, do infortiinio & menos trégico; faltalhe todo o patia humana, nem pena, verso em extremo tombando da felicidade no. inforttiniey ca ria pena, nem temor clagao a0 inforttinio semelhante a nés; nfortiinio; o temor Necessariamente, pois, fabula bem sucedida nfo, como pretendem alguns nio a felicidade, mas, ao contrério, da felictdade ‘a iro cnaat : © contririo, da felicidade a infortinio resulte, no de maldade, mas dum grave erro de herbi como ce mun Dio a prética; a prinefpio, aes 8 Poetas narravam as fébulas sem las tragédias se compa gédias se. compdem em torno dunn as de Alcmedo, Edipo, Orestes, Meléagro, 0s outros vieram a sofrer ou causar desgra- nais bela rage, portant, & trutura, - » ate Yor proseder ain nis tages ¢ por tmfarem mune Ga ie bury Infor. Es, come vinos, a mania cores Une pean Hoo mais trios, quando bem diigidos¢ Barger te, oe panhamn a preferénl 8 preceitos da arte, tem igédia que alguns qualificam como primeira, a que como a Odisséia, e tem desfechos igens melhores e para as piores, Qualificam-na iderando os gostos da platéia; os autores acom: ia dos espectadores. Mas es é 6 ectadores. Mas esse ndo & o prazer pro 32 assando de elicidade (iso € o que hide nem temor); tampouco o individuo, pap ate seniio 0 da comédia, pois nesta os ferrenhos po da tree or fim, conciliados, ‘nos mitos, como Orestes ¢ Egisto, saem, joimigos nos mit Orest vem que ninguém mate e ninguém morra © prazer advindo da pena ¢ s devem ser criadas nos incidentes. quais eventos parecem temerosos © quais confran- pela imita gedores. ‘Aedes dessa natureza ocorrem necessariamente entre pessoas ou ‘ou inimigas, ou indiferentes. No caso dum inimigo atentar tético em si mesmo, nada hé que cause pena, quer fique apenas no propésito; tampouco © evento patético acontece amigas, contra outro, tirante 0 quer chegue’& execuczo, ; no caso de indiferentes, Quando, porém, 0 ev joo conte entre pessoas que se querem bem, por exemplo, um irmio mata ou festéa ponto de matar outro, ou 0 filho a0 pai, a mac ao filho, o filho & mie, ou se comete alguma outra monstruosidade semelhante, af temos 0 que buscar. ; Nio se deve romper com as fébulas conservadas pela tradicao: refiro-me, por exemplo, a morte de Clitemnestra as mfos de Orestes ea de Brifila as de Alemedo: * o poeta deve criar, servindose atina- damente do legado tradicional. Expliquemos com maior clareza 0 que entendemos por atinadamente. ‘A agio pode ser praticada, como a concebiam os poe trora, por personagens cientes e conscientes, como também Euripides 24. Dols exemplos de matricidi. figurou a Medéia matando os que 0 autor tenha conscié a reconhee! ilhos; pode também ser praticada sem ia da monstruosidade, mas venha depoig Parentesco, como o Edipo de Séfocles. Nesse caso, g) acontecimento se deu fora do drama, mas exemplo de agdo levada g efeito na tragédia mesma € 0 Alcmedo de Astidamante, ou o Tele, gono do Ulisses Ferido, Além dessas hé uma terceira figurago: a de quem vai Por ignoréncia, um ato irrepardvel, mas, an nhec ima, Além dessas no ha ou so da execuca: € quando a perso gem Pratica a aco sem conhecimen A melhor figuragdo é a Gltima; refirome, por exemplo, & do Cresjonte, quando Mérope, a ponto de matat o filho, néo'0 mate sim reconhece; igual conjuntura, na Ifigénia, entre a irm& e 0 inmfo, © na Hele, quando, a ponto de entregar a mée, o filho a reconhess Por esse motivo, como atrés dissemos, as tragédias giram em torno dumas poucas familias, Em suas pesquisas, os poctas descobr} fam, mio por sua arte, mas por acaso, como deparar tals situacoes nas fabulas; so, pois, forgados a recorrer aquelas casas em que acon teceram tais desgragas, Do arranjo das agGes e da natureza que devem ter as fébulas ficou dito o bastante. xv ianto aos caracteres, hé quatro aly meiro deles € que sejam bons. Apes as patavras ou ay for boa, 05 a que visar. Um e o pric a terd cardter, se, como dissemos, goes evidenciam uma escolha; ele sera bom, se esta Tsso aplicase a cada género de personagem; mesmo uma 25. Nesta tragédia de Séfocles, Hémon ameaga a Creonte, seu pal 34 1 um e idem mulher sscravo, de todo em todo insignificante. " alvo é que ym adequados. O cardt © seBTproprado so de mulher set vill of te figurar um cardter bom e adeq ee tar é a constancia; mesmo quan- do 0 modelo representa aro, deve decorrer alta; A intervengao divin bul ¢ndo, como ne Med quando se discute 0 za rm homem no possa do drama, quer anteriores, que uw para fatos fora d Edipo de Séfocles. eee resumen com ogi rmaspntamaa mal bl, As boa cepa; por exemplo, o Aquiles de Agatéo ¢ o de Homero. Eases slo as normas de observare além desas as relatives 2s sensagses que. ecompanham necessariamente 0 poética; com efeito, hoeante digio; © contrtio seria 26, Entendase semelhanga com 2 tradi rio a cnn 27, Medéia, apés matar of fihos, evadese no apareho venice : ena intervém pare imped sua aetsindo do guerra de Tro. Mad, Il, 166 92 fos aqueus de embarcar de 35 fem muitos enganos. Mas del nente nos esti icados. XVI Dissemos atrés em que consiste 0 reconhecin de reconhecimento, a primeira € a menos artistica ¢ # cla Ihores os que vém duma peripécia, come i Vem em segundo lugar os reconhecim: s pelo poeta e por ido Orestes revela mnhecida mas ele proprio diz deere ports deseia, ndo o que a fabula requer. Por isso, avicinhacte te egctido defeto, pois bem podia trazer ele alguns sinais. Memeions também a “vor da langadeira” no Tereu, % de Sdfoclee A ‘terecira espécie ¢ a do reconhecimento devido a uma lem nea, quando a vista de algum objeto causa sofrimento, como nce Gioros, de Dicesgenes, onde, ao ver 0 quadro, a personagem chore, igualmente no Conto de Alcinoo,* onde, ouvindo 0 citateds, a iat sordasGes provocam légrimas; gragas a essas emocces € que, form reconhecidos, i880 no artisticos, por exemplo 2 geits evotiricas, isto, publicadas para circular fora do Liceu Hektagtrieas se destinavam & uio' iniemo, ‘come’ « prevente aie’ Pesce forte de apostle expliceda em classe pelo. mectrs 3 Silo os Espartas, nascidos dos dentes do dragto semeados por Cadmo. 31. Odisséia, XIX. 392: descobrimento gracas A. ceaia, 32. Odiseéia, XXI. 207: © proprio Odisseudeclara quem € 33. Odisséia. XIX. 391 © ops it, Filomela, cuja lingua Tereu cortare, revela a Procne, encia sofrida, tecendo o recad. 376, 35. Odisséia, VIN, 521 ¢ sp. Thum tapete, Vejase Ovidio, Metamorfoses, wari 4 que utiliza um silogismo, como nas Coéjoras: en to usado por Poliido, a irma, mas 0 mesmo os, sinais e colares. Em segundo lugar, os surgidos XVI Quando se est construindo e enformando a fébula com o texto, rls iets cons © mas pore! dante dow cle: vendo, aim, goes com # méxima clareza, como se assatise ao seu desenrolar, ports pode Jessi o geen, pasando desprebio 0 menor vin eile, nlp pevebia eee pormenor; = Talha deegradoy B plata © Causou 0 malogro da pecs, to possvel, reforgar 0 efeito por meio E precio tember, quanto. posse, reforar 0 eto poe das atcudes, Com feito, por tefem a mesma natureza, que nds, 36. De Esquilo, © silogismo & de ecire Tragtdia desconhecida, inspirada sem vida no canto XX1_ da Outi, ne 38. Béipo investiga o asmssinio de Lai, seu pai, © acaba descob ser cle propio. astsin. sen ue ele entest ao dest Tigénia confin a Pilades ume cart, Orestes, ap ssente, declarando a sua identidade, muito convin: 4s pessoas tomadas de emogio; com a maior ve. racidade tempestua quem estd temps zado; por isso, a arte poética pertence 0 ta fo Primeiro caso esti os que facilmente se amoldam; no segunde: ge fora de si As fabulas, quer tradicionais, quer inventadas, cabe ac mesmo esbocé-las em linhas gerais e depois dividi-lag desenvolvélas. E que se pode ter uma visio das I por exemplo, da Ifigé: erta donze dar nomes as per e dividir o: descuidar de que estes sejam apropriados, como, en 4 low cura, causa de ser preso, ¢0 salvamento pelo expediente Ja purificasce cagbisédios séo breves nos dramas, mas por meio deles € que oe longa a epopéia. A fabula da Odisséia no'é longa: umm homes Bassa longos anos no exterior, impedido por Posidio de voller eee £6 ademais, a situago em sua casa & tal que pretendentes "The car sarem_ tiguezas e ameacam a vida do filho; ele chega maltracty das intempéries, revela a alguns quem €, ataca, salvace toy inimigos. Ai esté o essencial; 0 mais séo episédion XVII Toda tragédia tem um entedo e um desfecho; fatos passados fora de eva © alguns ocorridos dentro constituem de ordindrie tracts soaeilante € 0 desfecho. Entendo por enredo o que vai do inicio ace aauela porte que € a ditima antes da mudanga para 4 ve Salta. €or desfecho o que vai do comeso da mudanga oi fet sim, no Linceu de Teodectes, enredo séo os fatos anterlotes male G 40, Roubar e levar para Atenas a imagem da 41. Pretendentes & mo de Penélope, teposte vine oe fo de assassinio da crianga pio d a de pos de tragédias: a com abran eat ei ecebem todo o desenvolvimento iano tavest we Tareoa abam muito aquém da con- sivelnet pre aie Ee emer gi © ws so i mini ohh, tn Tal desfecho €verorsimil, no dizer de’ Agatio, pole € verossimilq O cov em dv ect Spo ume des pr pides, mas a de Sofocles. Na maioria dos poetas, 4s pares cantante fio pertencem & fabula: mais do que « uma outra tragédias ps =, o cove canta inerilos, alas par de Agatios Oa, que de io as almes dos mortos 42. Luger pera onde io as a renga vai de cantar interlddios a transporter duma out nga fala ou um episédio inteiro poss ae fee XIX components jé tratamos; 0s fplar da Lingua Deixemos aos tratack por ses mi ete etm manifestass 8 8 pal 7 Cialis dessa matéra, por exemplo, 0 que € uma ondem, umn ped un rlato, ume meas, una perguna, uma resposta @Uejandos vio Cit’ base no conhesimento ou na ignoréncia dese diferengas ode alge ate posica nenhuns pacha que se lome em co forss, de dar wi ordem querendo pedi, quando din: “Canta, eu oer Dizer que faga ou nao faga alguma coisa, alega ele, & dar uma ordem. Por iso, fique de lado, como objeto. douts arte que nfo a poética, ™ XX Compdem o todo da linguage c : ‘odo da linguagem as seguintes partes: letra, sflaba, conetivo, articulaggo, nome, verbo, flexo, frase. pouco que ver com a arte poética. “an 40 Divide-se @ letra em vogal, semiv quela que, sem obstéculo, “ tem som audivel € aquela que, com obstéculo, tem som audivel, por exemplo, o Se o Rs muda Giuela que, além de ter obstéculo, por si mesma néo tem som algum, tne acompanhada de alguma das que tém som, se torna audive por exemplo, o Geo D stituigio duma nil letra I nao quedra situar-se indep juma frase, por exemplo pév 611 tol Bé, ou capaz de formar, de varias vozes cada qual com um sentido, uma voz ificativa, por exemplo: éugi, Articulaglo € um som sem significado que assinala 0 i 0 fim, ou a diviséo duma sentenga, cuja posigao natural € tanto nos extremos como no meio. Nome € um som composto significative, sem referéncia a tempo. do qual nenhuma parte é de si significativa, pois nas composigdes de dois elementos no os empregamos como tendo cada um o seu senti do; por exemplo, -doro, em Teodoro, nada significa. Verbo & um som composto, com significado, com referéncia de tempo, do qual nenhuma parte tem sentido préprio, como no caso dos nomes; com el ‘ou branco, nao dao idéia de quando, ‘mas anda, ou andou, trazem de acréscimo, um a idéia do tempo pre- sente, © outro, a do’passado, Flexdo € acidente do nome ou do verbo, que ou significa de ou a e que tais, ou dé a idéia de um ou muitos, por exemplo, homens ou homem, ou, com a inflexio do ator, uma pergunta, ou 44. © ermo grego nfo significa exatamente obstéculo, mas parece signficar os movimentos da lingua ¢ dos labios na articulagio ‘de semivogeis etonsoantes, com obsirucao total ou parcial da pessagem do ar na fonagio 4 uma ordem; com efeito, as vozes ca dum verbo segundo esses aspectos. Frase é uma composigao de sons significativa, algum qual significam de per si alguma coisa (pois nem toda fra: verbos c emplo a defini frases sem vei empre terao alguma por exempl em Cledo can De duas maneiras a una ou um conjunto de os simples (chamo simples le significado, por exe edem dum elemento que, embora tenha entido, no o tem no composto, unido a outro que nao tem sentido utros Pi iio de elementos com significado. Pode have também nomes quadruplos e até miltiplos, como tantos dentre os nomes longitroantes: Hermacaicoxantos. ..*8 Todo nome ou é corrente, ou raro, ou metaférico, ou ornamen tal, ou forjado, ou alongado, ou encurtado, ou modificado, Por corrente entendo o empregado por todos; raro, 0 usado por alguns; assim, € claro, o mesmo nome pode ser corrente ou raro, néo, porém, para as mesmas pessoas; por exemplo, atyuvoy € correnie em Chipre e raro entre ns. Metéfora é a transferéncia dum nome alheio do género para a espécie, da espécie para o género, duma espécie para outra, ou por Via de analogia. Do género para’ a espécie significa, por exemplo, “Meu barco esté parado ali”, porque fundear é uma espécie de parar; da espécie para o género: “Pelavral Odisseu praticou milhares de belas acées!", porque mithares equivale a muitas e aqui foi empre- gado em lugar de muitas; duma espécie para outra, pot exemplo: Extraiu a vida com 0 bronze” e “talhou com o incansével bronze”: nesses exemplos extrair esté por talhar e talhar pot extrair, pois am bos querem dizer tira. Digo que ha metéfora por analogia quando 0 segundo termo esta para o primeiro como o quarto para 0 terceiro; 0 poeta empregaré o 45. Palavra fticia, formada dos nomes de trés ries. 42 arto em lugar do segundo, ou o segundo em lugar do quarto; as vyezes se acrescenta ao termo substituto aquele com que se O substitufdo. Refiro-me a analogias como a seguinte: o que a taga para Dioniso o escudo € para Ares; assim, 0 poeta dird da taga que é ido iso ¢, do escudo, que é'a tara me ainda al beta mesmo da curso; parece esse 0 s por cornos € oficiante por sacerdot nome € alongado ou encurtado; alongado, quando useda mais Jonga do que normalmente uma vogal, ou quando enxertada uma silaba; encurtado, se the for tirada alguma coisa. Exemplo de slongado: nékmos em lugar de néhews ¢ Tin)mdbew em lugar de TinhelBou; de encurtado xpi ¢ 86 e pia viveco duporépuy ob. (© nome € modificado quando, da forma corrente, parte se deixa ficar e parte se inventa como Befurepsy xaté watsy em ver. de Bekéy. Dos nomes em si mesmos, uns so masculinos, outros femininos outros neutros. Masculinos sfo todos os terminados em N, Re S ¢ ‘ons compostas deste (so dois: psi e csi); femininos, os que termi finn plas vogats sempre longus, come etz © Omega, 8 pel Yoga alfa alongada. Assim, é igual o niimero de terminagdes masculinas 20 de femininas, porque psi e csi em aS. Nenhum nom termina em mudas, nem em vogal breve, Em iota, s6 trés: uh. Em Y, cinco: os neutros terminam nessas letras ¢ tam: XXII A exceléneia da linguagem consiste em ser clara sem ser chi. A mais clara é @ regida em termos correntes, mas é cha; por exemplo, 1 poesia de Cleofonte e a de Esténelo. Nobre e distinta do vulgar € preendentes. Entendo por surpreendentes 4 metifora, o alongamento e tudo que foge ao trivia a toda a composicao se faz em termos ta ulta_um enigma, ou um barbarismo; a lingua metéforas dé em enigma; a de termos raros, em barbarismo; a esséncia do enigma con falar de coisas reais associando tern s;_ isso no 6 possivel com a con 10 de palavras préprias, mas € admis, sivel com @ metéfora; por exemplo, “vi um homem colando brome num outro por meio do fogo” *® ¢ outras adivinhas que tals. Dos te mos raros resulta >, Portanto, como que fundit squinha contrib; uma linguagem clara ¢ usual depararé clareza. Assim ssiste razio| naneira de set do estilo e metem a riso, em Buclides, 0 A lizendo ser fécil versejar tirizou 0 procedi uideny elev Mapabiovéede Badltoven oim dv y'tpdiuevos tov exeivev ELMBopov Ora, ¢ ridiculo, sim, dar na vista pelo uso dessa facilidade, mas frocefasto se espera em todos os aspectos da linguagem; quem ueawe fora de propésito, metéforas, termos raros ¢ demais adomes One © mesmo efeito que se 0 fizesse visando ao comico Suug diferenca faz nas epopéias o seu uso adequado, verifique-se {ntroduzindo no verso os termos ordinérios. Substituindo os lence raros, as metéforas ete. pelas palavr. ee, erdade. Esquilo ¢ Euripides compuseram o mesino veo jiee Pico, com a mudanga apenas duime palavra de use corrente por Oy Lars FepeTs0, de um parecesnos belo © o do outro, vulgar’ Discors fom feito, Esquilo no Filoctetes: “‘ileera que come a cares i ‘meu pé". Euripides usow repastarse em lugar de comer. Tarnbera 46. Solusdo da adivinhe: splicasio duma ventoss 47. Uiberdade poétice, comparével 3 sistole « dfstole Be ce tormoa tiv 1almente, “pon- E n os termos triviais, “um pequeno, frac , lataliente: bot {pike um banco humilde e uma mesa acanhada’ #* ¢ “pondo. esa pequena”. Assim também “bramam as inco ordinério e uma mesa p fal ‘gritam as falésias Arifrades, em cena, metia & bulha o ws e ninguém empregeria na conver , de dd 5 eébulos, os dupl sis apropriados aos bos; of rarcs, oemas herdicos; cempregados nos nos jambicos. de tudo, os termos apropriados so os que termos correntes, met todos esses pode nitam a fala ant usariam na conversagao, a saber pia respeto das tragllas © image de ate, bala 0 que tems dit. XXII ds a. compor as fabulas, tal como nas beet as, for a ee eee eres ago de tempo, contando tudo quanto nele ocorrew 8 0m Odisséia, IX, 513, Odisia, XX, 259. Miada, XVU, 265. Definigio da epopéia. nab cleo comum, an toe bee a ‘are tempos, um fato vem apés outro, sem que deles ocorra nent fey P leles ocorra nenhum fim ‘or isso também sob esse aspecto Homero em confronto outros, como jf dissemos, de ne aspect om os arece inspirado; ele nfo tentou ma, uma tinica tr Outrossim, a Epop dia: simples, complexe, peripécias, reconhecimentos edesgragas, ademas, os ponsanenes lnvegepreciam sr exelent. De fodos ese componaies tol Homero pela primeira vez e cabalmenteReslmente, dos dois Posmas ompes simples e pattica, a Ilada: complexa, toda de woah menios e de caréter, a Odisséia mentor © de ot disséia. Além disso, superou a todos na line espécies que a trag ‘Seus componentes, A epopéia dif metro, Da ext nso bastard o limite jé referido; é precis ane ve pa ama visio global do comeco ¢ do fim. | a que spose dum lado, fossem mais curt: de outro 2. dO 52. Parte do canto 1 de Hliade udi¢ao. Para alongamento da extenso, a epopéia goza duma enquanto na tragédia niio cabe representar muitas fries como realizadas ao mesmo tempo, seno apenas a parte em cena, que OS sto desempenhando, na epopéia, por se tratar Gama narrativa, € possivel representar muitas partes como simul indo pertinentes essas partes, engrossa-se 0 volume do poen tribui para a opuléncia; bem assim, a variedade ¢ a dive 8 epissdios, pois a n ra plat vantagem ¢ ada Outrossim, mais descabido seria. misty m compo nges m emp hersico, mas, como dissemos, a natureza 1 Homero, merecedor de louvores por tantos itulos, 6, ainda fo tinico poeta que nao ignora o que deve fazer em seu préprio nome. deve falar em seu nome o menos possivel, pois ndo é ness sentido que € um imitador. Os outros representam um papel pessoal de extremo a extremo, imitando pouco ¢ poucas vezes, enquanto e! fapés breve preémbulo, introduz logo um homem, uma mulher ou aiguma outra figura, nenhuma despersonalizada, todas com o seu caréter. Nas tragédias se deve, por certo, criar o maravilhoso, mas o irra cional, fonte principal do maravilhoso, tem mais cabida na epopéia, porque nao estamos vendo o ator; haja vista a perseguicio de Heitor; fm cena, daria em eémico, com os gregos parados, sem ir no encalgo, ~ Aquiles a acenar que no; na epopéia isso passa despercebido. O maravilhoso agrada; prova esté que todos 0 acrescentam as suas nar rativas com o fito de agradar. Foi sobretudo Homero quem ensinou aos outros poetas a ma- neira certa de iludir, isto é, de induzir a0 paralogismo. Quando, ha- vendo isto, ha também aquiio, ou, acontecendo uma coisa, outra acon- tece também, as pessoas imaginem que, existindo a segunda, a pri meira também existe ou acontece, mas é engano. Por isso, se um pri brodusirse nessaramente, cabe acrescenar exe, porque, sabendog fc, iludida, deduz que o primeiro também o é Exem disso € a passagem do Banho. — Quando plausivel, © impossivel se deve preferir a um poss que no convensa, As'fébulas no se devem compor de reree ie tanto quanto possivel, no deve haver nelas nada de absurdg ou ent que se situe fora do enredo, como o ignorat Edipo as ¢ cunstincias da morte de Laio, e no na a¢do, como empl, nna Electra, as personagens que descrevem os i Misios, aque 1 por exempla fticos, ou, nos de Tégea & Misia e nada diz. Assim, ridk lo & aleg # df aleg se d a fébula, poi > esta ha fee autor de sin 8s Pasegens sem apo, que importa esmerar a linguagem, pois um estilo demasiado brilhante ofusca os caracter amentos. sare’ xxv Quanto as objecdes e sua solugdo, ao nui spécies, podem esclarecer-nos as seguintes consideragdes. Imitador, mente imita sempre por uma de trés maneiras: ou reproduz os origi- vestido; sabe como estava vestido, e SO héspede, pore, 48 ‘em algum ramo das ciéneias, como a medicina ou alguma outra, ou Sfiow algo Impossvel, o erro no € de arte £, pois, mister ter isso em vista quando se rs eumna encerta impossives, hoUve erro; mas isso passa, se aleanga 0 Pocmnrprio da poesia (o fim, com efeito, j6 fol explicado) e assim Exemplo disso € a Perseguicao de Heitor. Se, t ethor ov to bem 8 se responde as censuras poema: objeti outro disso, se a censura é quais $40, quicé os tenham figurado quais viam ser e Euripides, como eram. Essa a solugdo; se, porén como sao, nem como deviam ser, a solugéo € que “assim por exemplo, no que toca aos deuses. Talvez no os fagam melhores, rein come sfo ne reldade, mas como ocormeu « Xenéfanes:“€ como dizem”. As vezes, quigé no tenha havido melhora ¢ sim represen tou-se como costumava ser; por exemplo, no caso das armas, “lancas ‘a prumo, conto fincado no cho”, por esse era 0 costume do tempo, como ainda hoje na Iti. Para examinar se alguma personagem disse.ou fez alguma coisa bem ou nio, devemos ndo s6 considerar se € nobre ou vil em si o ato ou palavra, mas também levar em conta a personagem que age ‘ou fala, a quem o faz, quando, por quem ou para que; por exemplo, fim de deparar um’beneficio maior, ou prevenit maior maleficio Algumas objegSes se tm de rebater de olhos no texto, como por exemplo, pelo termo raro em oipfjas ukv xedtov, onde talvez 0 poeta nfo se refira as alimérias, mas aos guardas, e quando diz de Dolio & 9 # tot elBos uv Env xaxés, nfo por ter corpo mal propor cionado, mas por ter feigdes feias, porque quando os cretenses dizem 0:0, referem-se beleza do’ rosto. Também em Copécezov BE xépaue nfio quer dizer que sirva vinho “nao temperado”, como para res, mas sim “mais depressa” 55. V. cap. XXIV Noutro luger se empregou metéfora; por exemplo, o poeta diz todos os deuses ¢ homens dormiram a noite toda” tempo, “quando observa 0 campo troiano, gaitas de Pa”. B que diz todos em lugar de muitos por metéfora, pols fodos € uma espécie de muitos. E também metéfora “so ela nao ticipa”, pois 0 que é 0 mais conhecido € tinico, Também se resolvem dificuldades pela entonacio, como Hipias de Tasos explicava as passagens SiBouev BE of 78 bv ob xara. a éy6p, Algumas, por uma pausa, como Empédocles: "Sem demora se tornaram mortais as coisas antes imortais, ¢ as pois que mAéw 6 te mbiguc bi hamam vinkd ilu ia vinho a Zeus, quando os também a0 jue trabalham ‘onzistas; dai ter dit poeta “greva mplo, px podia igual Quan pr /olver uma contradigio em seus termos, ¢ mister averiguar quantos sentidos ela pode ter no texto por exemplo, em “a langa de bronze foi detida por esta”, cumpre ificar dé quantas maneiras ¢ admissivel que a lanca fosse detida Por aquela chapa. E essa a melhor maneira de interpretar, ao inverso do método de alguns criticos que, como diz Glaucao, partindo ina. cionalmente dum juizo formado, raciocinam depois de sentenciar ¢ Condenam o autor por ter dito o que imaginam eles, se for de encon to & presungio deles. E 0 que se deu com relacdo a Iedrio. ® Pre. sumem-no lacedeménio e estranham noo tenha encontrado Tel maco quando foi & Lacedeménia. Mas talvez estejam certos os cefalk nios, a0 dizerem que Odisseu casou em sua terra ¢ no se trata de Teério, mas de Icédio. Essa objecdo talvez se deva a um erro. De modo geral, © impossivel se deve reportar a0 efeito poético, & melhoria, ou 8 opiniao comum. Do angulo da poesia, um impossivel convincente é preferivel a um possivel que ndo convenca. A existén- cia de homens quais pintava Zéuxis talvez seja impossivel, mas seria melhor, pois o modelo deve sobrexceler. As absurdezas devemse re. portar & tradi¢ao; assim, também se dird, por vezes, que nao so trata 36. Mada, X, 1, 2 © 11, 13, 57. Mada, 1X, 272 58. Sogro de Odisseu wim absurdo, pois € verossimil que algo acontega contra a veros similhanca Devemse examinar as contradigdes como nas refutagds tices: s@ © poeta, tratando do mesmo objeto, nas mesmas relagSes ¢ no mesmo sentido, contradiz as suas préprias palavras, ou aquilo que ‘uma pessoa inteligente supde. usta a critica a um absurdo ou maldade e ele usa io absurdo, como Euripides v maldade, se des ancham em gesticulaclo; por exemplo, os eee ae o corifew quando tocam a Cila cuidam que Tal 6, portant, a tragédia, quis julgavam os atores de antenho aos que os sucederam. Como Calipides * se excedia, Minisco ® cha: mavalhe macaco e opinido semelhante se fazia de Pindar. A mes- ma relacGo existente entre os atores se verifica entre toda sua arte ea epopéia. Esta, de fato, alegam, destina-se a espectadores distintos, rincia de este mesma da "gil, saree aside ‘ar “Atenas” Mea gue fogs de Corn, sind’s duinabertamene bsieia de erser de Monte rote, por the merprete de Sfoces © qusador involuniro de wa mone, 62, Inérprete de Exgil se we 65, Ato dezonhecide, que nfo deve ser confunido com o edebre poet somone Euripides em Orestes, exagerou deme que dispensam a representacdo, enquanto a tragédia é para uma ply téia somenos. E se é ordinéria, evidentemente sera inferior. Em primeiro luger, a censura nao atinge a arte do poeta, senig a dos atores; despropdsitos nos gestos sao possiveis nao 86 na » dum rapsodo, qual é Sosistrato, como também num concurso d 10 fazia Mnasiteo de Opunte. Depois, nem toda condendvel, se tampouco o € a dana, mas sim a dos atores mediaeres, a censura se fazia a Calipides e agora a outros, a heres de condicéo inferior indispensdvel qu E todos os méritos a (pois pode valer-se também do mais @ mé speticulo, partes de néo mesquinha importancia, por meio das quais 0 prazer se efetua com muita viveza. Ademais, tem vivess quer quando lida, quer quando encenada Tem, ainda, o mérito de atingir o fim da imitaggo numa exten wo menor, pois maior condensacao agrada mais do que longa dilui $0; quero dizer, por exemplo, se o Edipo de Sofocles fosse pasado Para tantos versos quantos conta a Iliada. Também € menos una a imitago das epopéias (uma prova: de qualquer delas se extraem va tas tragédias), de sorte que, se os autores a compéem sobre uma s6 fabula, esta se afigura, numa narrativa curta, mirrada; estirada para atingir extensio, aguada. Digo, por exemplo, se for composia de varias ages, como a Mliada, que tem muitas partes assim, tal qual a Odisséia, partes que, por sua vez, tém extensdo; no obstante, esses pocmas esto compostes com a maior perfei¢do e sio, tanto quanto possivel imitagdes duma agio nica, Se, pois, ela sobreleva por todos esses méritos ¢ ainda pela cficiénela téenica — pois the incumbe produzir, néo um prazer qual. quer, mas o atrés mencionado — esté claro que, atingindo melhor o seu fim, € superior & epopéia. A respeito, pois, da tragédia e da epopéia em si mesmas, de stias espécies ¢ elementos, de quantos sao estes e em que diferem, das cau sas de seu bom ou mau éxito, das criticas e suas solugSes, basta 0 que dissemos, ARTE POETICA Epistula ad Pisones

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