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Lei N 9 296 1996 Interceptacao Telefonica
Lei N 9 296 1996 Interceptacao Telefonica
PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Sumário
Apresentação..................................................................................................................3
Interceptação Telefônica..................................................................................................4
Fundamento Constitucional.............................................................................................4
Interceptação Telefônica e Acesso aos Dados Telefônicos...............................................5
Ilicitude da Prova. ............................................................................................................5
Comunicações Telemáticas..............................................................................................8
Conceito de Interceptação Telefônica.. ........................................................................... 13
Conceito de Escuta Telefônica....................................................................................... 14
Conceito de Gravação Telefônica................................................................................... 14
Legitimados para o Pedido de Interceptação Telefônica. . ............................................... 16
Comissão Parlamentar de Inquérito...............................................................................17
Sujeito Passivo da Interceptação.................................................................................. 20
Necessidade de Instauração de Inquérito Policial......................................................... 20
Requisitos para Interceptação Telefônica.. ..................................................................... 21
Requisitos..................................................................................................................... 27
Prazo de Duração da Interceptação Telefônica..............................................................36
Crimes Previstos na Lei n. 9296/1996.......................................................................... 41
Resumo.........................................................................................................................44
Questões de Concurso................................................................................................... 47
Gabarito........................................................................................................................67
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 68
Referências................................................................................................................. 107
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Apresentação
Olá, meu (minha) caro(a) aluno(a)! Eu sou Sérgio Bautzer, professor de Legislação Penal
Especial do Gran Cursos Online. Com mais de 15 anos de experiência na elaboração de livros,
apostilas e materiais para concursos públicos, eu uma aula voltada para os concursos das
carreiras que exigem nível superior em Direito. Pelo histórico das provas analisadas quando
o assunto é a Lei de Interceptação Telefônica, as bancas examinadoras formulam questões
com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores e com base na letra da lei (lógico, quan-
do a questão é fácil). Como a Lei n. 9296/96 é “pequena”, você pode estuda-la uma vez a
cada quinze dias. Tenha especial atenção com a nova redação do art. 10, que prevê a conduta
criminal daquele que pratica a interceptação telefônica de maneira ilegal. Tal alteração foi
promovida pela Nova Lei de Abuso de Autoridade. Também peço especial atenção para as
disposições sobre a medida de investigação conhecida como Interceptação Ambiental, que
pasmem, foi introduzida pelo Pacote Anticrime na Lei n. 9296/96. Na verdade tal medida de-
veria estar prevista e disciplinada na Lei n. 12.850/13, que traz regras de combate ao Crime
Organizado. Quero que você fique antenado em possíveis decisões do STF sobre a questão do
acesso às conversas desenvolvidas por meio de aplicativos, como o WPP. O STJ já se pronun-
ciou sobre o assunto dizendo ser necessária a autorização judicial para o acesso. Ah, e quan-
do você estudar o material procure sempre distinguir interceptação telefônica de “quebra de
sigilo telefônico, apesar de alguns operadores do direito não distinguirem.
Em caso de dúvida, você poderá participar da aula por meio do fórum de dúvidas do Gran
Cursos Online, o maior, melhor e mais completo curso preparatório virtual para concursos
públicos do país.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Fundamento Constitucional
Quando eu era concurseiro, lia, todos os dias, por uma hora a Constituição Federal
(seca e sem comentários). Recomendo que você faça o mesmo, se possível na primeira
hora de estudos.
A Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta a parte final do art. 5º, XII, da CF, que,
por sua vez, dispõe:
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei n. 9.296,
de 1996)
[...] não é um direito absoluto, devendo ceder diante do interesse público, do interesse
social e do interesse da Justiça, sempre com observância do procedimento estabelecido
em lei. (TRF 4, HC n. 200004010024669, Ellen Gracie, 1ª Turma, un., 15/3/2000).
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Tanto a interceptação telefônica como a “quebra” de sigilo telefônico são medidas cautelares.
Você não se pode confundir interceptação telefônica com “quebra” de sigilo telefônico,
esta é o acesso aos dados telefônicos. Porém, ambas necessitam de autorização judicial.
Sustento que não é necessária a presença dos requisitos da interceptação telefônica para
se deferir o acesso aos dados telefônicos. Quando se acessa os dados telefônicos, que é a
“quebra”, o Delegado de Polícia verifica para quem o investigado ligou, quem ligou para ele,
qual foi a duração das chamadas, mensagens de texto enviadas e recebidas etc.
As Comissões Parlamentares de Inquérito não necessitam de autorização judicial para a
quebra do sigilo telefônico, por conta do que dispõe o §3º do art. 58 da CF. Agora, a CPI não
pode determinar a interceptação telefônica de investigados, por conta da cláusula de reserva
de jurisdição. Ainda tratarei com você sobre este assunto.
Ilicitude da Prova
O STF considerava ilícita a prova obtida por interceptação telefônica, mesmo autorizada
pelo juiz, antes da edição da Lei n. 9.296/1996. Para o Guardião da Constituição, a intercep-
tação somente veio a ser possível com a publicação da Lei n. 9.296/1996, que regulamentou
o inciso XII do art. 5º da Constituição de 1988, não sendo possível tal diligência com base em
legislação anterior (Código Brasileiro de Telecomunicações).
Luiz Flávio Gomes, em obra de coautoria de Raúl Cervini, assevera que:
De modo algum, no entanto, a lei nova possui força para convalidar (ou legitimar) inter-
ceptações telefônicas “autorizadas” antes da lei. Ainda que a interceptação tenha sido
realizada depois dela. Se “autorizada” antes, não vale nada. Tudo por causa do princí-
pio tempus regit actum, é dizer, o ato deve ser regido pela lei do seu tempo. Autorização
dada de 25/7/1996 é válida, se observada a Lei n. 9.296/1996. Autorização concedida
“antes” da edição desse diploma legal não está regida por lei alguma (seja porque o
Código Brasileiro de Telecomunicações não fora recepcionado, seja porque ainda não
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Interceptação Telefônica
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havia sido regulamentado o inc. XII). Logo, é irreversivelmente nula (a rigor, inadmis-
sível), por não atender ao princípio da legalidade. Não pode, portanto produzir efeitos.
Para nós, toda prova colhida por força de interceptação telefônica autorizada antes da
lei é ilícita, consoante o correto e reiterado entendimento do Colendo Supremo Tribunal
Federal, e de nada vale, para efeito de sua admissibilidade, a lei nova. [...] Em suma, prova
colhida com violação às normas constitucionais que tutelam o direito à intimidade (inc.
X), assim como o direito ao sigilo das comunicações telefônicas (inc. XII), configura, ine-
quivocamente prova “ilícita” e, por isso mesmo inadmissível (inc. LVI). E prova ilícita não
resulta legitimada por lei posterior. (GOMES; CERVINI, 2001)
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Interceptação Telefônica
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A cláusula final do inciso XII do art. 5º da Constituição Federal – “[...] na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” – não é
óbice à consideração de fato surgido mediante a escuta telefônica para efeito diverso,
como é exemplo o processo administrativo‑disciplinar. (RMS n. 24.956/DF, Marco Auré-
lio, 9/8/2005, 1ª Turma, un.).
Sendo a interceptação telefônica requerida nos exatos termos da Lei n. 9.296/1996, uma
vez que o impetrante também responde a processo criminal, não há que se falar em
nulidade do processo administrativo disciplinar. (MS n. 9.212, Gilson Dipp, 3ª Seção, un.,
11/5/2005)
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Interceptação Telefônica
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Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica‑se à interceptação do fluxo de comunicações em sis-
temas de informática e telemática.1
Comunicações Telemáticas
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Interceptação Telefônica
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por exemplo, aquela transmitida por fibra ótica ou por meios de informática, que vem,
a cada dia, ganhando espaço sobre a telefonia tradicional. O STJ, igualmente, decidiu
que o parágrafo único do artigo 1º da Lei n. 9.296/1996 autoriza, em sede de persecu-
ção criminal e mediante autorização judicial a interceptação do fluxo de comunicações
em sistema de informática e telemática (HC n. 15.026, 6ª T., un., 4/11/2002). (BALTAZAR
JÚNIOR, 2007).
Interessante você saber que as conversas desenvolvidas por meio de aplicativos se inse-
rem dentro das comunicações em sistemas de informática, protegidas pelo sigilo.
O STJ entendeu em dois julgados pela ilicitude da prova se obtida a partir de acesso a
conversas em aplicativos, sem autorização judicial:
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Interceptação Telefônica
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cliente/advogado. Pediu que toda a prova apontada como ilícita, ou seja, a totalidade das
interceptações telefônicas, fosse desentranhada (removida) dos autos e, consequentemente,
que a denúncia e o decreto de prisão preventiva do cliente fossem considerados nulos.
Decisão adequada
O relator do recurso, ministro Marco Aurélio Bellizze, entendeu que a interceptação dos
diálogos envolvendo o advogado não é causa de nulidade do processo. Ele disse que o TRF2
agiu de forma adequada ao determinar a exclusão dos trechos de gravações e documentos
que citam o advogado e também concordou com o tribunal regional quanto à questão dos
limites da atividade policial.
“Não compete à autoridade policial filtrar os diálogos a serem gravados, mas sim executar
ordem judicial”, afirmou, acrescentando que a colheita de provas não deve ficar ao arbítrio da
polícia.
Segundo o relator, não há razão para o desentranhamento de todas as conversas cap-
tadas e degravadas, como sustenta a defesa, “pois as provas não passaram a ser ilícitas, já
que autorizadas por autoridade judicial competente e em observância às exigências legais”.
Ao menos, destacou o ministro, não houve contestação da defesa quanto à legalidade da
quebra do sigilo telefônico.
Além disso, Marco Aurélio Bellizze observou que os trechos suprimidos, relativos aos di-
álogos envolvendo o advogado, são ínfimos em relação a todo o conteúdo da denúncia – que
tem 120 folhas e está amparada em inúmeros outros diálogos, captados em nove meses de
interceptações telefônicas e telemáticas, bem como em outros elementos de prova.
O ministro informou que, após a interposição do recurso em habeas corpus no STJ, sobre-
veio sentença que condenou o réu a 26 anos e 20 dias de reclusão, em regime inicial fechado.
A decisão negou ao condenado a possibilidade de recorrer em liberdade, com base em funda-
mentos que não fazem referência aos trechos gravados irregularmente.
Também posso citar outro julgado da 5ª Turma do STJ sobre o assunto em voga:
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Interceptação Telefônica
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Interceptação: em sentido estrito, interceptar algo significa interromper, cortar ou impedir. Logo, in-
terceptação de comunicações telefônicas fornece a impressão equívoca de constituir a interrupção
da conversa mantida entre duas ou mais pessoas. Na realidade, o que se quer dizer com o referido
termo, em sentido amplo, é imiscuir‑se ou intrometer em comunicação alheia. Portanto, a intercep-
tação tem o significado de interferência, com o fito de colheita de informes. A interceptação pode
dar‑se das seguintes formas: a) interceptação telefônica: alguém invade, por aparelhos próprios,
a conversação mantida, via telefone, entre duas ou mais pessoas, captando dados que podem ser
gravados ou simplesmente ouvidos; b) interceptação ambiental: alguém capta a conversa mantida
entre duas ou mais pessoas, fora do telefone, em qualquer recinto, privado ou público. A primeira
delas é regulada por esta Lei e pode configurar crime, se não observada a forma legal para ser re-
alizada. A segunda não encontra previsão legal, portanto, delito não é.
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Interceptação Telefônica
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É a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores, feita por um terceiro, com o
consentimento de um deles. É necessária a autorização judicial do juiz competente. Não con-
fundir com escuta ambiental.
[...] é lícita a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores ou com sua
autorização, sem ciência do outro, quando há investida criminosa deste último. É incon-
sistente e fere o senso comum falar‑se em violação do direito à privacidade quando
interlocutor grava diálogo com sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de
chantagista. (STF, HC n. 75.338-8/RJ, 2ª T., Nelson Jobim, DJ de 25/9/1998).
No julgamento do RE n. 402.717/PR, Rel. Min. Cezar Peluso, julg. em 2/12/2008, 2ª
Turma, o STF decidiu que:
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Interceptação Telefônica
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Ementa: Prova. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina, feita por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro. Juntada da transcrição em inquérito poli-
cial, onde o interlocutor requerente era investigado ou tido por suspeito. Admissibili-
dade. Fonte lícita de prova. Inexistência de interceptação, objeto de vedação constitu-
cional. Ausência de causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. Meio, ademais,
de prova da alegada inocência de quem a gravou. Improvimento ao recurso. Inexistência
de ofensa ao art. 5º, incs. X, XII e LVI, da CF. Precedentes. Como gravação meramente
clandestina, que se não confunde com interceptação, objeto de vedação constitucional,
é lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa telefônica realizada por
um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de
sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo quando se predestine a fazer prova, em
juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou.
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último, situação já reconhecida como válida pelo STF (HC 75.338, Tribunal Pleno, DJ
25/9/1998). Destaque-se que a proteção integral à criança, em especial no que se refere
às agressões sexuais, é preocupação constante de nosso Estado, constitucionalmente
garantida em caráter prioritário (art. 227, caput, c/c o § 4º, da CF), e de instrumentos
internacionais. Com efeito, preceitua o art. 34, “b”, da Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança, aprovada pela Resolução 44/25 da ONU, em 20/11/1989, e interna-
lizada no ordenamento jurídico nacional mediante o DL 28/1990, verbis: “Os Estados-
-partes se comprometem a proteger a criança contra todas as formas de exploração e
abuso sexual. Nesse sentido, os Estados-parte tomarão, em especial, todas as medidas
de caráter nacional, bilateral e multilateral que sejam necessárias para impedir: (...) b)
a exploração da criança na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais; (...)”. Assim,
é inviável inquinar de ilicitude a prova assim obtida, prestigiando o direito à intimidade e
privacidade do acusado em detrimento da própria liberdade sexual da vítima absoluta-
mente incapaz e em face de toda uma política estatal de proteção à criança e ao adoles-
cente, enquanto ser em desenvolvimento. REsp 1.026.605-ES, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 13/5/2014”.
Na ADI n. 3.450-DF, proposta pelo Procurador Geral da República, foi questionada a in-
constitucionalidade da possibilidade de o juiz decretar de ofício a interceptação telefônica
A ação de inconstitucionalidade em referência foi proposta pelo Procurador‑Geral da Re-
pública, Dr. Cláudio Lemos Fonteles. Alegou-se, em síntese, que o art. 3º da Lei n. 9.296/1996
2
BRASIL. Lei n. 9.296, de 25 de julho de 1996. Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal.
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possui entendimento conflitante com os arts. 5º, inciso LIV, 129, incisos I e VIII, e § 2º, e 144,
§ 1º, incisos I e IV, e § 4º, da Carta Política. Dentre as razões apresentadas, o Requerente as-
severa que a iniciativa da interceptação pelo juiz, na fase que antecede a instrução processual
penal, ofende de forma inconteste o devido processo legal, pois compromete a imparcialidade
do magistrado, o que, segundo o Requerente, vai de encontro ao sistema acusatório, porque
usurpa a atribuição investigatória do Ministério Público e das Polícias Civis e Federal, permi-
tindo ao julgador a assunção desse mister.
Por conseguinte, o requerente colacionou lições doutrinárias dos autores: Paulo Rangel,
Marcellus Polastri Lima e Luiz Flávio Gomes, bem como afirmações realizadas em pronuncia-
mento na ADI n. 1.570, (Pleno), pelo Ministro Sepúlveda Pertence, com a finalidade de corro-
borar seu entendimento.
Por fim, requereu que Pretório Excelso julgasse procedente o pedido, para declarar a in-
constitucionalidade parcial, sem redução de texto, do art. 3º da Lei n. 9.296/1996, como meio
para conferir‑lhe interpretação conforme a Constituição.
O Pacote Anticrime alterou a redação dos dispositivos do Código de Processo Penal que
previam a possibilidade da decretação de ofício de medidas cautelares e prisão preventiva
pelo Juiz durante a persecução penal. Atualmente, não pode o juiz decretar de ofício a prisão
preventiva nem as cautelares previstas no art. 319 do CPP. Vale ressaltar que em 2019, a Lei de
Drogas foi alterada a partir do art. 60 e seguintes. Não pode o juiz decretar de ofício medidas
assecuratórias, e busca e apreensão de bens, veículos, embarcações e aeronaves de narcotra-
ficantes.
Diante do panorama atual do sistema processual penal, creio que o juiz não possa deter-
minar de ofício a interceptação telefônica, apesar de a norma não ter sido alterada.
Em que pese a natureza político‑administrativa da apuração levada a termo por CPI, não
há perquirir a possibilidade de que desse procedimento possa decorrer ação criminal ou
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civil promovida pelo Ministério Público, como se extrai do art. 58, § 3º, da Constituição
Federal. Poder‑se‑ia, então, questionar se a quebra do sigilo das comunicações telefôni-
cas por um procedimento político‑administrativo desenvolvido por comissão parlamen-
tar de inquérito violaria ou não o art. 5º, XII, da Constituição Federal. Esse dispositivo
constitucional consagra o princípio da reserva de jurisdição, em que compete exclusi-
vamente ao Juiz deliberar sobre esse assunto, da mesma forma como ocorre o direito a
inviolabilidade da casa, que somente poderá decorrer de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; o direito ao sigilo das
comunicações telefônicas, que somente poderá ser violado por ordem judicial e para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal; o direito a não ser preso em fla-
grante delito ou por ordem por escrito e fundamentada de autoridade judiciária compe-
tente. É nesse sentido que comissão parlamentar de inquérito não detém competência
para, por moto próprio, determinar a interceptação telefônica de pessoas envolvidas nas
apurações por ela desenvolvidas. Não se está a falar na impossibilidade de se determinar
a interceptação telefônica de envolvidos em comissão parlamentar de inquérito. O que se
assevera é a incompetência da comissão parlamentar de inquérito para assim deliberar.
(Grifo nosso).
Porém a Comissão Parlamentar de Inquérito pode decretar a quebra de sigilo das co-
municações telefônicas por força da Constituição Federal, mais precisamente por conta do
art. 58, § 3º:
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das au-
toridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante re-
querimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
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A garantia que a Constituição dá, até que a lei o defina, não distingue o telefone público
do particular, ainda que instalado em interior de presídio, pois o bem jurídico protegido
é a privacidade das pessoas, prerrogativa dogmática de todos os cidadãos. (STF, HC
n. 72.588/PB, Maurício Corrêa, Pl., m., 4/8/2000).
O STJ decidiu que não há necessidade da instauração prévia e formal de inquérito policial,
bastando investigação criminal em curso para que haja a interceptação telefônica:
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Você deve memorizar que o STJ entende que é possível a determinação de interceptações
telefônicas com base em denúncia anônima, desde que corroborada por outros elementos
que confirmem a necessidade da medida excepcional.
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de provas. Além disso, a regra prevista no art. 1º da Lei n. 9.296/1996, de acordo com a
qual a interceptação telefônica dependerá de ordem do juiz competente da ação princi-
pal, deve ser interpretada com ponderação, não havendo ilegalidade no deferimento da
medida por Juízo diverso daquele que vier a julgar a ação principal, sobretudo quando
autorizada ainda no curso da investigação criminal. Precedente citado: RHC 32.525-AP,
Sexta Turma, DJe 4/9/2013. REsp 1.355.432-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acór-
dão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/8/2014”.
Vale a pena citar julgado da 2ª Turma do STF acerca do assunto, em que se menciona a
Teoria do Juízo Aparente:
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A verificação posterior de incompetência não vicia a prova determinada pelo juiz que,
conforme os dados conhecidos no momento da decisão, seria competente, conforme
decidido pelo STF, nos seguintes termos: “IV. Interceptação telefônica: exigência de auto-
rização do ‘juiz competente da ação principal’ (L. n. 9.296/1996, art. 1º): inteligência. 1.
Se se cuida de obter a autorização para a interceptação telefônica no curso de processo
penal, não suscita dúvidas a regra de competência do art. 1º da L. n. 9.296/1996: só
ao juiz da ação penal condenatória – e que dirige toda a instrução –, caberá deferir a
medida cautelar incidente. 2. Quando, no entanto, a interceptação telefônica constituir
medida cautelar preventiva, ainda no curso das investigações criminais, a mesma norma
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Assim, a interceptação telefônica será deferida pelo juiz quando houver indícios razoáveis
da autoria ou participação em crime punido com reclusão, cuja prova não possa ser feita por
outros meios disponíveis que não a medida em estudo.
Quando a prova não puder ser feita por outro meio dando cumprimento ao requisito da
necessidade na aplicação do preceito da proporcionalidade, a lei determina, no inciso II do
art. 2º, a vedação da interceptação quando: “a prova puder ser feita por outros meios dispo-
níveis”. Com efeito, sendo técnica de investigação violadora do direito fundamental ao sigilo
das comunicações, não deve ser banalizada, mas sim resguardada aos casos em que a prova
não seja possível por outra via.
Você deve memorizar que a interceptação telefônica só será deferida quando não houver
outros meios de prova disponíveis à época na qual a medida invasiva foi requerida, sendo
ônus da defesa demonstrar violação ao disposto no art. 2º, inciso II, da Lei n. 9. 296/1996.
É possível interceptação em crimes punidos com pena de detenção?
Não é possível a interceptação telefônica em crime punido com pena privativa de liberda-
de de detenção, salvo se tal delito for conexo com outro punido com reclusão. Ainda assim,
a interceptação será deferida pelo magistrado com base na necessidade demonstrada em
evidências de delito punido com reclusão, sendo a investigação de eventual delito punido com
detenção mero desdobramento (serendipidade).
Guilherme de Souza Nucci (2009, p. 6) nos ensina:
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Não se permite a interceptação telefônica quando o crime for apenado com detenção. A doutrina
brasileira, em várias situações, critica tal cerceamento, inclusive apontando um dos delitos em
que a utilização do telefone é bastante comum, sendo apenado com detenção, que é ameaça.
A jurisprudência, no entanto, tem procurado amenizar tal postura legal, afirmando que as infrações
penais apenadas com detenção comportam interceptação, desde que sejam conexas aos crimes
cuja pena seja de reclusão.
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apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes punidos com detenção.
Habeas corpus indeferido. (Grifei)
XII – Se, no curso da escuta telefônica – deferida para a apuração de delitos punidos
exclusivamente com reclusão – são descobertos outros crimes conexos com aqueles,
punidos com detenção, não há porque excluí‑los da denúncia, diante da possibilidade
de existirem outras provas hábeis a embasar eventual condenação. XIII. Não se pode
aceitar a precipitada exclusão desses crimes, pois cabe ao Juiz da causa, ao prolatar a
sentença, avaliar a existência dessas provas e decidir sobre condenação, se for o caso,
sob pena de configurar‑se uma absolvição sumária do acusado, sem motivação para
tanto. (STJ, RHC n. 13.274/RS, Gilson Dipp, 5ª T., un., 19/8/2003)
Requisitos
No que tange aos requisitos para a concessão da interceptação, assim dispõe o Juiz
Federal Paulo Baltazar (2007, p. 5):
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essas interceptações exige que o procedimento seja conduzido pela polícia judici-
ária, o que tornaria ilegal a escuta feita por qualquer outro órgão da administração
pública.
Em seu art. 6º, a Lei n. 9.296/1996 diz que, após a concessão da ordem judicial para
a escuta,
a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência
ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
Para o ministro Jorge Mussi, relator do habeas corpus, esse dispositivo da lei não
pode ser interpretado de forma muito restritiva, sob pena de se inviabilizarem inves-
tigações criminais que dependam de interceptações telefônicas. “O legislador não
teria como antever, diante das diferentes realidades encontradas nas unidades da
federação, quais órgãos ou unidades administrativas teriam a estrutura necessária,
ou mesmo as maiores e melhores condições para proceder à medida”, disse o rela-
tor.
O ministro lembrou que o art. 7º da lei permite à autoridade policial requisitar ser-
viços e técnicos especializados das concessionárias de telefonia para realizar a
interceptação, portanto não haveria razão para que esse auxílio não pudesse ser
prestado por órgãos da própria administração pública. Ele comentou ainda que, no
caso, embora a Cispen tenha centralizado as operações de escuta, houve participa-
ção de delegado de polícia nas diligências.
Com o habeas corpus, o contador pretendia retirar do processo as informações
obtidas a partir das escutas telefônicas e também de operações de busca e apreen-
são realizadas por policiais militares, pois seriam provas ilícitas. O resultado seria
a cassação do despacho judicial que recebeu a denúncia criminal contra ele. No
entanto, a Quinta Turma, seguindo por maioria o voto do relator, negou o habeas
corpus.
Quanto às apreensões feitas na residência do contador, a defesa alegou que a polí-
cia militar não teria competência para isso. O relator, porém, lembrou que a jurispru-
dência do Supremo Tribunal Federal (STF) considera legais as buscas e apreensões
efetivadas por policiais militares.
No HC 96986/MG, a 2ª Turma do STF, decidiu que a polícia militar pode conduzir os
procedimentos de interceptação telefônica, em situações excepcionais, como no caso
concreto, em que policiais civis estavam envolvidos em ilícitos penais:
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Ouso discordar do entendimento exposto, uma vez que não é atribuição da Polícia Militar
a investigação de crimes de competência das Justiças Estadual ou Federal, mesmo quando
existirem indícios de participação de policiais civis ou federais em infrações penais. Caberá
à Corregedoria de Polícia de cada instituição a investigação de ilícitos cometidos por seus
membros.
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Mas você deverá memorizar tal julgado, uma vez que ele já foi cobrado em provas de con-
cursos públicos.
Aliás, você vai memorizar que o STJ entende que o art. 6º da Lei n. 9.296/1996 não res-
tringe à polícia civil a atribuição para a execução de interceptação telefônica ordenada judi-
cialmente.
Para os procedimentos de interceptação telefônica, a autoridade policial poderá requisitar
serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
A Lei de Interceptação Telefônica, em seu art. 6º, § 1º, diz que no caso de a diligência
possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição.
Cumpre ressaltar que não é necessário transcrever o conteúdo das conversas captadas a
cada pedido de renovação de interceptação telefônica.
Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da intercep-
tação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das
operações realizadas.
O STJ manifestou-se acerca da possibilidade de acesso da defesa aos arquivos de
áudio, vejamos:
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quando concorria ao cargo de deputado federal. O Plenário reputou que a conduta impu-
tada ao denunciado não se enquadraria ao tipo penal em questão, o qual exigiria dolo
específico, consistente na obtenção de voto ou na promessa de abstenção. Asseverou
que dos diálogos contidos na denúncia não se depreenderia a entrega, o oferecimento ou
a promessa de vantagem para a obtenção de votos. A Corte ressaltou que o delito de cor-
rupção eleitoral ativa se consumaria com a promessa, doação ou oferecimento de bem,
dinheiro ou qualquer outra vantagem a eleitores com o propósito de obter voto ou de con-
seguir abstenção. Entendeu, por outro lado, que a eventual intermediação do parlamentar
estaria mais ligada à obtenção de apoio político, visando o êxito de sua candidatura. Ven-
cidos os Ministros Roberto Barroso e Marco Aurélio, que recebiam a denúncia. O Ministro
Roberto Barroso assentava que o especial fim de agir de obtenção da promessa de voto
fora descrito e haveria amparo em elementos de informação, os quais deveriam ser afe-
ridos somente após a instrução processual. Considerava ter havido a descrição de ofe-
recimento de vantagem para a obtenção de voto, mesmo ausente referência na denúncia
à abordagem direta a eleitor, haja vista que os beneficiários dessa vantagem oferecida
seriam os eleitores identificados nos processos administrativos. O Ministro Marco Auré-
lio vislumbrava a ocorrência de indícios de prática enquadrável penalmente, quer consi-
derado o art. 321 do CP (advocacia administrativa), quer o art. 299 do Código Eleitoral.
Inq 3693/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.4.2014. (Inq-3693)”.
Sugiro que você leia e releia o julgado acima uma vez que ele foi cobrado na primeira fase
da prova de Promotor de Justiça do Estado de Goiás.
Interessante ressaltar que no ano de 2013, num feito de Competência Originária, o STF
determinou o acesso integral às degravações das interceptações feitas3:
3
Conforme site www.stf.jus.br, acesso em em 07 de fevereiro de 2013,
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Você deve memorizar que o STJ entende que é desnecessária a realização de perícia para
a identificação de voz captada nas interceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida
plausível que justifique a medida.
Dispõe o artigo 8º da Lei n. 9296/96:
A juntada das transcrições somente poderá ser realizada imediatamente antes do relató-
rio da autoridade, quando se tratar de inquérito policial ou na conclusão do processo ao juiz.
Você deve memorizar que o STJ entende que não há necessidade de degravação dos diá-
logos objeto de interceptação telefônica, em sua integralidade, visto que a Lei n. 9.296/1996
não faz qualquer exigência nesse sentido.
Você deve memorizar também que o STJ entende que em razão da ausência de previsão
na Lei n. 9.296/1996, é desnecessário que as degravações das escutas sejam feitas por pe-
ritos oficiais.
Art. 5º A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execu-
ção da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
Segundo o STF, conforme o julgamento do RHC n. 88.371/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar
Mendes, são admitidas prorrogações contínuas da interceptação telefônica quando o fato for
complexo, senão vejamos:
Ementa: Recurso Ordinário em Habeas Corpus. 1. Crimes previstos nos arts. 12, caput,
c/c o 18, II, da Lei n. 6.368/1976. 2. Alegações: a) ilegalidade no deferimento da auto-
rização da interceptação por 30 dias consecutivos; e b) nulidade das provas, conta-
minadas pela escuta deferida por 30 dias consecutivos. 3. No caso concreto, a inter-
ceptação telefônica foi autorizada pela autoridade judiciária, com observância das
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E também no julgamento do RHC n. 85.575/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julg. em
28/3/2006, 2ª Turma,
No mesmo sentido o STJ, afirmando que: “A interceptação telefônica deve perdurar pelo
tempo necessário à completa investigação dos fatos delituosos. O prazo de duração da
interceptação deve ser avaliado pelo Juiz da causa, considerando os relatórios apresen-
tados pela Polícia.” (STJ, RHC n. 13.274/RS, Gilson Dipp, 5ª T., un., 19/8/2003).
Você deve memorizar que é admissível a utilização da técnica de fundamentação per rela-
tionem para a prorrogação de interceptação telefônica quando mantidos os pressupostos que
autorizaram a decretação da medida originária.
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Trata‑se de habeas corpus em que se pugna pela nulidade ab initio do processo penal,
visto que sua instauração deu‑se com base em provas ilícitas, ou seja, decorrentes de
interceptação telefônica cuja autorização foi sucessivamente renovada e os investiga-
dos, ora pacientes, foram assim monitorados por um prazo superior a dois anos. A Turma
entendeu que, no caso, houve sim violação do princípio da razoabilidade, uma vez que
a Lei n. 9.296/1996, no seu art. 5º, prevê o prazo de 15 dias para a interceptação tele-
fônica, renovável por mais 15, caso seja comprovada a indispensabilidade desse meio
de prova. Assim, mesmo que fosse o caso de não haver explícita ou implícita violação
desse dispositivo legal, não é razoável que a referida interceptação seja prorrogada por
tanto tempo, isto é, por mais de dois anos. Ressaltou‑se que, no caso da referida lei,
embora não esteja clara a hipótese de ilimitadas prorrogações, cabe ao juiz interpretar
tal possibilidade. Contudo, dada a natureza da norma que alude à restrição da liberdade,
o que está ali previsto é uma exceção à regra. Se o texto legal parece estar indetermi-
nado ou dúbio, cabe a esta Corte dar à norma interpretação estrita, face a sua natureza
limitadora do direito à intimidade, de modo a atender ao verdadeiro espírito da lei. Com
isso, concedeu‑se a ordem de habeas corpus a fim de reputar ilícita a prova resultante
de tantos dias de interceptações telefônicas e, consequentemente, declarar nulos os
atos processuais pertinentes e retornar os autos ao juiz originário para determinações
de direito. HC n. 76.686-PR, Rel Min. Nilson Naves, 6ª Turma, julg. em 9/9/2008.
[...] 1. O prazo de 15 (quinze) dias estabelecido pelo art. 5º da Lei n. 9.296/1996 é rela-
tivo, podendo a interceptação telefônica ser prorrogada tantas vezes quantas forem
necessárias, mediante decisão devidamente fundamentada que demonstre a inequívoca
indispensabilidade da prova.
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2. No caso, é lícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica, realizada durante
6 (seis) meses, pois era providência necessária e foi devidamente autorizada.
3. Habeas corpus conhecido em parte, mas denegado. (Grifo nosso)
O STJ decidiu:
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No mesmo sentido:
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obtidas após o prazo de 15 dias, não tem fundamento, uma vez que o prazo é contado a
partir do dia em que se iniciou a escuta, e não da data da decisão judicial que a autori-
zou. Precedente citado: HC 135.771-PE, DJe 24/8/2011. HC 113.477-DF, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 20/3/2012.
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Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para in-
vestigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
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O Pacote Anticrime diz que não há crime se a captação é realizada por um dos interlocuto-
res, no caso a gravação ambiental. O mesmo pode se inferir a respeito da gravação telefônica.
Interessante que no caso da prática do crime previsto no art. 10-A da Lei n. 9296/96,
a pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo
das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações
enquanto mantido o sigilo judicial.
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RESUMO
Fundamento constitucional: Art. 5º XII, parte final, CF.
Interceptação Telefônica sem sentido amplo. Podemos falar em gênero, da qual são
espécies...
Interceptação telefônica em sentido estrito: é a captação da conversa entre dois ou mais
interlocutores, por um terceiro desconhecido, com a necessária autorização judicial do juiz
competente para a causa principal.
Há necessidade de autorização judicial.
A CF é de 88 e a lei que regula a interceptação telefônica é de 96. Neste período, a PF re-
alizou uma interceptação telefônica com base na Lei de Telecomunicações. Como não havia
a regulamentação no tempo da interceptação, o STF entendeu que a prova produzida a partir
de tal medida era ilícita e que as provas colhidas a partir dela, eram ilícitas por derivação, em
razão da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Assim, o STF considerou ilícita a prova pro-
duzida em interceptação telefônica, mesmo com autorização judicial, porém antes de 1996.
Obs.: constitui crime previsto no Art. 10 da lei 9296/96 a interceptação ilegal do fluxo de
comunicações telefônicas. (Mesmo violando direitos fundamentais, não se tatá de
crime hediondo) Fundamento: Não está no rol taxativo de crime previstos no art. 1º
da Lei dos Crimes Hediondos.
Escuta telefônica: é a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores, feita por
um terceiro, com o consentimento de um deles. É necessária a autorização judicial do juiz
competente. Não confundir com escuta ambiental.
Gravação Telefônica: é a captação da conversa por um dos interlocutores sem o conhe-
cimento do outro. A prova oriunda da gravação telefônica é válida, mesmo sem autorização
judicial, desde que o interlocutor esteja em legítima defesa. O STF entende que a prova produ-
zida na gravação telefônica é licita
Você não pode confundir interceptação telefônica com “quebra de sigilo telefônico”.
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Requisitos:
• o Juiz que decretar a interceptação telefônica deve ser competente para julgar a ação
principal;
• a posterior declinação competência não torna ilícita a prova produzida na intercepta-
ção;
• crimes punidos com pena de detenção. É possível utilizar a prova produzida em inter-
ceptação telefônica para fundamentar denuncia por crime punido com pena detenção,
desde que conexo com crime punido com reclusão;
• quando não existirem outros meios de prova disponíveis;
• indícios de autoria ou participação na infração penal (suspeita).
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Prazos de duração da interceptação: prazo previsto em Lei: 15 dias prorrogáveis por igual
período.
STF: É possível a prorrogação do prazo da interceptação telefônica de maneira sucessiva,
desde que o fato investigado seja complexo.
STJ: Considerou ilícita a prova produzida em interceptação telefônica que durou mais de
2 anos, por constituir uma devassa à intimidade da pessoa.
Termo inicial: contagem do prazo de duração da interceptação telefônica começa do dia
em que se inicia o procedimento de captação da conversa e não do dia em que o juiz autoriza.
Momento de destruição da gravação telefônica que não interessar a prova. Há necessida-
de de autorização judicial, mediante o requerimento das partes interessadas ou do MP.
Pode haver a destruição durante o inquérito policial, durante a instrução criminal ou após
a instrução criminal. Atenção: Não há necessidade do trânsito julgado da sentença.
Interceptação Ambiental: não confundir com interceptação telefônica.
Interceptação ambiental: é a captação dos sinais óticos, acústicos e eletromagnéticos da
conversa entre interlocutores, sem o conhecimento deles, por um terceiro que está no mesmo
ambiente em que se desenvolve o diálogo, ou não.
Gravação Ambiental é a captação dos sinais óticos, acústicos e eletromagnéticos da con-
versa entre interlocutores por um deles sem o conhecimento do outro.
Escuta Ambiental é a captação dos sinais óticos acústicos e eletromagnéticos da conver-
sa entre interlocutores por um terceiro que é conhecido de um deles.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)
Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte contra Márcia, crime esse
cometido em Manaus. A autoridade policial realizou interceptação telefônica e tomou conhe-
cimento de que Hugo havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no que dispõe a legislação
de regência
Por se tratar de crime de lesão corporal seguida de morte, não se admite o emprego de inter-
ceptação telefônica nas investigações.
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Interceptação Telefônica
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telefônico, assinale a opção correta, tendo como referência a Lei n. 9.296/1996 e o entendi-
mento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores.
a) A prova obtida por força de interceptação telefônica judicialmente autorizada poderá, a tí-
tulo de prova emprestada, subsidiar denúncia em outro feito que investigue crime apenado
com detenção.
b) A quebra do sigilo de dados telefônicos pertinentes aos dados cadastrais de assinan-
te e aos números das linhas chamadas e recebidas submete-se à disciplina da referida
legislação.
c) A referida lei de regência condiciona a possibilidade de imposição da medida de intercep-
tação telefônica na fase de investigação criminal à instauração do inquérito policial compe-
tente.
d) Para a determinação da interceptação telefônica, é necessário juízo de certeza a respeito
do envolvimento da pessoa a ser investigada na prática do delito em apuração.
e) Gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro
e sem autorização judicial caracteriza meio ilícito de prova por violar o direito à intimidade
constitucionalmente protegido.
Questão 5 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO)
1. Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acu-
sados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias en-
torpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comu-
nicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi
executada pela polícia militar.
No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações
telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das
Forças Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio
da substância entorpecente para o exterior.
O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período
de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção
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Interceptação Telefônica
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No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a interceptação tele-
fônica dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo pericial juntada em apen-
so aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Encaminhado o procedimento policial ao
Poder Judiciário, o juiz permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos dados da intercepta-
ção e a sua divulgação, sob o fundamento de interesse público à informação. Nessa situação
hipotética, independentemente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da
interceptação telefônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma
vez que o procedimento em questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso,
por expressa regra constitucional.
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ao Superior Tribunal de Justiça. Nessa situação, de acordo com o sistema processual bra-
sileiro, a incompetência absoluta enseja a nulidade de todos os atos judiciais praticados,
repercutindo a nulidade na prova até então produzida.
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b) Em qualquer hipótese, a interceptação telefônica não será admitida quando não for possí-
vel a indicação e qualificação dos investigados.
c) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz a pedido da autoridade policial
ou do Ministério Público, não podendo ser determinada de ofício.
d) O pedido de interceptação telefônica poderá ser formulado verbalmente e após reduzido a
termo, devendo o juiz sobre ele decidir no prazo de 24 horas.
e) O crime de constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal), executado por uma só pes-
soa e sem emprego de arma de fogo, mas mediante grave ameaça, admite a quebra do sigilo
telefônico.
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prisão dos criminosos, intercepta as conversas telefônicas de quatro suspeitos. Com relação
a essa conduta, é correto afirmar que a Autoridade Policial
a) agiu corretamente, considerando que uma vez presentes fortes indícios de autoria e ma-
terialidade de delito punido com pena de reclusão, pode a Autoridade Policial determinar a
interceptação das conversas telefônicas com base na Lei n. 9.296/96.
b) incorreu no crime previsto no artigo 10 da Lei n. 9.296/96.
c) agiu corretamente, considerando que a interceptação de comunicações telefônicas se e
dispensa sobrepõe outros meios de provas.
d) não agiu corretamente, porque, segundo a lei, somente se autoriza interceptação de comu-
nicação telefônica no curso da instrução processual e não no curso das investigações.
e) não agiu corretamente, porque deveria ter submetido a análise da necessidade dessa prova
ao Ministério Público, buscando autorização com o órgão ministerial.
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Interceptação Telefônica
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para causarem dano. Também é considerado crime o funcionário público modificar ou alterar
sistema de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. O Código
Penal ainda penaliza a conduta daquele que divulgar informações sigilosas ou reservadas,
sem justa causa, devendo necessariamente estar essas informações contidas nos sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública
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GABARITO
1. E 18. C 35. Anulada
2. E 19. E 36. E
3. c 20. C 37. d
4. a 21. E 38. a
5. E 22. C 39. c
6. E 23. e 40. Anulada
7. E 24. c 41. C
8. E 25. a 42. a
9. C 26. c 43. c
10. E 27. c 44. b
11. b 28. b 45. b
12. E 29. c 46. b
13. C 30. b 47. a
14. c 31. E 48. c
15. c 32. c 49. e
16. d 33. b 50. e
17. b 34. c
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)
Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte contra Márcia, crime esse
cometido em Manaus. A autoridade policial realizou interceptação telefônica e tomou conhe-
cimento de que Hugo havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no que dispõe a legislação
de regência
Por se tratar de crime de lesão corporal seguida de morte, não se admite o emprego de inter-
ceptação telefônica nas investigações.
Errado.
Comentários: O crime em questão é punido com reclusão e admite a interceptação telefônica,
até porque a confissão do indiciado no inquérito policial não serva para embasar de maneira
isolada a sentença penal condenatória.
Errado.
A jurisprudência do STF e do STJ é pacífica no sentido de que a posterior declinação de com-
petência do Juízo não torna ilícita a prova produzida na interceptação telefônica.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Letra c.
Comentários: De acordo com a Lei n. 9296/96, não será admitida se a prova puder ser obtida
por outros meios disponíveis. Se puder ser produzida prova testemunhal ou pericial, não será
deferida a interceptação telefônica pelo Juiz Competente.
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Interceptação Telefônica
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Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ. A letra B diz que
a “quebra de dados telefônicos” segue a regra da Lei n. 9296/96, quando na verdade segue o
art. 5º inciso XII da CF. A letra C está equivocada, pois há antigo julgado do STJ que diz que
não há necessidade da formal instauração de inquérito policial. A letra D está equivocada,
pois um dos requisitos da interceptação telefônica é o indício de autoria. Quando se souber
quem é o suspeito, a Lei n. 9296/96 flexibiliza tal requisito, por exemplo roubo com emprego
de arma de fogo em que o roubador usou máscara. A letra E está equivocada uma vez que a
prova produzida em gravação telefônica é lícita segundo o STF.
Questão 5 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO)
1. Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acu-
sados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias en-
torpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comu-
nicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi
executada pela polícia militar.
No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações
telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças
Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da substância
entorpecente para o exterior.
O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período
de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção
foram reproduzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas
aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do procedi-
mento relativo às interceptações telefônicas, julgue o item.
Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefônicas conduzi-
das pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio constitucional do devido
processo legal.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Errado.
É firme a jurisprudência no STF e no STJ que a posterior declinação de competência do Juízo
não torna ilícita a prova produzida na interceptação telefônica.
Errado.
Pela leitura da assertiva, eu verifico que há dois crimes contra a Administração Pública, tanto
a corrupção ativa como a passiva, que são puníveis com pena de reclusão. Ademais, é firme a
jurisprudência no STF e no STJ que o Membro do Ministério Público pode usa prova produzida
em interceptação telefônica para embasar denúncia por crime punido com detenção, desde
que tal delito seja conexo ao punido com reclusão.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
A gravação decorrente de interceptação telefônica que não interessar ao processo deverá ser
inutilizada por decisão judicial posterior, necessariamente, à conclusão da instrução processu-
al.
Errado.
A gravação que não interessar à prova, poderá ser inutilizada pelo Juiz a requerimento das
partes, durante o inquérito, durante a instrução criminal ou depois da instrução criminal, sem
que que haja necessidade do trânsito em julgado da sentença.
Errado.
Apesar de o procedimento de interceptação telefônica ser sigiloso, não há expressa previsão
constitucional proibindo a divulgação do conteúdo do que fora produzido na investigação.
Porém você deve memorizar que é crime divulgar gravação ou trecho de gravação sem rela-
ção com à prova, segundo o art. 28 da Nova Lei de Abuso de Autoridade:
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda pro-
duzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou
acusado:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Certo.
Comentários: A assertiva foi cobrada quase que de maneira idêntica na prova da AGU em
2012, concurso realizado pelo Cespe. O STF entende que a prova produzida na gravação tele-
fônica, que é uma das espécies de interceptação telefônica em sentido amplo, é lícita.
Errado.
A assertiva está equivocada uma vez eu um dos requisitos para se requerer a interceptação
das comunicações telefônicas é que o crime seja punido com reclusão. O Delegado de Polícia
não pode decretar de ofício, apenas o Magistrado é quem pode autorizar a interceptação tele-
fônica.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Letra b.
A alternativa a está errada, pois um dos requisitos para a decretação da interceptação telefô-
nica é o de que não haja outros meios de prova disponíveis.
A alternativa b é a correta, pois está de acordo com o art. 5º da Lei n. 9.296/1996.
A alternativa c está errada, pois não é admissível a decretação de interceptação telefônica
em inquéritos ou processos que versem sobre crime punido com detenção, salvo se houver
conexão com delito punido com pena de reclusão.
A alternativa d está errada, pois a autoridade policial deve cientificar o Órgão Ministerial acer-
ca dos procedimentos de interceptação telefônica.
Errado.
A assertiva contraria a jurisprudência do STJ acerca do tema, senão vejamos o que fora deci-
dido no HC 112993/ES, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma:
Ementa
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E RESPECTIVA ASSO-
CIAÇÃO. (1) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. (a) AUSÊNCIA DE DISPONIBILIZAÇÃO DAS
MÍDIAS. NÃO OCORRÊNCIA. (b) TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DOS DIÁLOGOS. APRESENTAÇÃO
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Questão 13 (DELEGADO FEDERAL/1997) De acordo com a Lei n. 9.296/1996, que regula-
mentou o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal recebida a denúncia e ins-
taurado o processo por crime de ação penal pública, somente o Ministério Público tem legiti-
midade para requerer a interceptação das comunicações ao juiz, o qual, por sua vez também
poderá determinar tal medida de ofício.
Certo.
A assertiva está correta, pois durante o processo-crime apenas o Órgão do Ministério Público
pode requerer a interceptação das comunicações telefônicas ao Juiz, que por sua vez tam-
bém poderá determiná-las de ofício (sem provocação). A Autoridade Policial pode representar
pela interceptação apenas durante o inquérito policial.
Letra c.
A alternativa a está equivocada, pois a interceptação telefônica poderá ocorrer durante o in-
quérito policial, durante as investigações criminais.
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Interceptação Telefônica
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Letra c.
A alternativa a está errada uma vez que a Autoridade Policial pode requerer a interceptação
telefônica apenas no inquérito policial.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
A alternativa b está errada, pois a Lei n. 9.296 diz que excepcionalmente é admissível o pedido
verbal de interceptação telefônica. Vejamos o que dispõe o § 1º do art. 4º da Lei em estudo:
§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.
A alternativa c está correta, pois está de acordo com o que rege o art. 2º da Lei n. 9.296/1996:
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. (Grifo
nosso).
A alternativa d está errada, pois não é necessário que se aguarde o trânsito em julgado da
sentença, para se poder inutilizar a gravação telefônica que não interesse à prova. Dispõe o
art. 9º da Lei n. 9.296/1996:
A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquéri-
to, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou
da parte interessada.
A alternativa e está errada, pois contraria o disposto no § 1º do art. 6º da Lei n. 9.296/1996:
No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determi-
nada a sua transcrição.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
Letra d.
Não é cabível a interceptação telefônica no crime de ameaça, uma vez que tal delito é punido
com pena de detenção.
Letra b.
A alternativa b está incorreta, pois cabe à polícia judiciária, seja Civil ou Federal, a condução
dos procedimentos de interceptação telefônica. A Quinta Turma do STJ recentemente no jul-
gamento do HC 131836 decidiu que a interceptação telefônica pode ficar a cargo de órgão que
não seja da polícia, senão vejamos notícia extraída do site www.stj.gov.br:
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou legais escutas tele-
fônicas realizadas, com ordem judicial, pela Coordenadoria de Inteligência do Sistema
Penitenciário (Cispen), órgão da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do
Rio de Janeiro. Em consequência, a Turma negou habeas corpus em favor de um con-
tador réu da Operação Propina S/A, a qual investigou um grande esquema de crimes
tributários naquele estado.
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Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer
O contador e mais 45 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por crimes
contra a ordem tributária, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro. O escân-
dalo veio à tona em 2007, ao final de investigações baseadas em escutas telefônicas.
Segundo a acusação, uma quadrilha de fiscais, empresários, contadores e outras pes-
soas teriam lesado a fazenda pública do Rio em cerca de R$ 1 bilhão. Os fiscais recebe-
riam propina para acobertar irregularidades fiscais cometidas por várias empresas.
No STJ, o pedido de habeas corpus sustentou que a Cispen não teria atribuição para
fazer as escutas telefônicas. Segundo a defesa do contador, a lei que regulamenta essas
interceptações exige que o procedimento seja conduzido pela polícia judiciária, o que
tornaria ilegal a escuta feita por qualquer outro órgão da Administração Pública.
Em seu art. 6º, a Lei n. 9.296/1996 diz que, após a concessão da ordem judicial para a
escuta, “a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciên-
cia ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização”.
Para o ministro Jorge Mussi, relator do habeas corpus, esse dispositivo da lei não pode
ser interpretado de forma muito restritiva, sob pena de se inviabilizarem investigações
criminais que dependam de interceptações telefônicas. “O legislador não teria como
antever, diante das diferentes realidades encontradas nas unidades da federação, quais
órgãos ou unidades administrativas teriam a estrutura necessária, ou mesmo as maio-
res e melhores condições para proceder à medida”, disse o relator.
O ministro lembrou que o art. 7º da lei permite à autoridade policial requisitar serviços e
técnicos especializados das concessionárias de telefonia para realizar a interceptação,
portanto não haveria razão para que esse auxílio não pudesse ser prestado por órgãos da
própria Administração Pública. Ele comentou ainda que, no caso, embora a Cispen tenha
centralizado as operações de escuta, houve participação de delegado de polícia nas dili-
gências.
Com o habeas corpus, o contador pretendia retirar do processo as informações obtidas
a partir das escutas telefônicas e também de operações de busca e apreensão reali-
zadas por policiais militares, pois seriam provas ilícitas. O resultado seria a cassação
do despacho judicial que recebeu a denúncia criminal contra ele. No entanto, a Quinta
Turma, seguindo por maioria o voto do relator, negou o habeas corpus.
Quanto às apreensões feitas na residência do contador, a defesa alegou que a polícia
militar não teria competência para isso. O relator, porém, lembrou que a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal (STF) considera legais as buscas e apreensões efetivadas
por policiais militares.
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Interceptação Telefônica
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Certo.
O crime que Hugo praticou está previsto no art. 10 da Lei n. 9.296/1996 e realmente ape-
sar de violar direitos fundamentais, não é crime hediondo, pois não está previsto na Lei
n. 9.296/1996.
A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue os itens a seguir, com
base no entendimento do STF.
Errado.
A assertiva contraria o entendimento do Guardião da Constituição. O STF entendeu que:
A cláusula final do inciso XII do art. 5º da Constituição Federal – “[...] na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” –
não é óbice à consideração de fato surgido mediante a escuta telefônica para efeito
diverso, como é exemplo o processo administrativo-disciplinar. (RMS n. 24.956/DF,
Marco Aurélio, 9/8/2005, 1ª Turma, un.).
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Interceptação Telefônica
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Certo.
Segundo o STF, conforme o julgamento do RHC n. 88.371/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Men-
des, são admitidas prorrogações contínuas da interceptação telefônica quando o fato for
complexo, senão vejamos:
Ementa: Recurso Ordinário em Habeas Corpus. 1. Crimes previstos nos arts. 12, caput,
c/c o 18, II, da Lei n. 6.368/1976. 2. Alegações: a) ilegalidade no deferimento da autori-
zação da interceptação por 30 dias consecutivos; e b) nulidade das provas, contamina-
das pela escuta deferida por 30 dias consecutivos. 3. No caso concreto, a interceptação
telefônica foi autorizada pela autoridade judiciária, com observância das exigências de
fundamentação previstas no artigo 5º da Lei n. 9.296/1996. Ocorre, porém, que o prazo
determinado pela autoridade judicial foi superior ao estabelecido nesse dispositivo,
a saber: 15 (quinze) dias. 4. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou o
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Interceptação Telefônica
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E também no julgamento do RHC n. 85.575/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julg.
28/3/2006, 2ª Turma,
STJ decidiu que é ilícita a prova obtida em interceptação telefônica que durar 2 anos, confor-
me foi noticiado no Informativo n. 367 do STJ:
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Interceptação Telefônica
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Trata-se de habeas corpus em que se pugna pela nulidade ab initio do processo penal,
visto que sua instauração deu-se com base em provas ilícitas, ou seja, decorrentes de
interceptação telefônica cuja autorização foi sucessivamente renovada e os investiga-
dos, ora pacientes, foram assim monitorados por um prazo superior a dois anos. A Turma
entendeu que, no caso, houve sim violação do princípio da razoabilidade, uma vez que
a Lei n. 9.296/1996, no seu art. 5º, prevê o prazo de 15 dias para a interceptação tele-
fônica, renovável por mais 15, caso seja comprovada a indispensabilidade desse meio
de prova. Assim, mesmo que fosse o caso de não haver explícita ou implícita violação
desse dispositivo legal, não é razoável que a referida interceptação seja prorrogada por
tanto tempo, isto é, por mais de dois anos. Ressaltou-se que, no caso da referida lei,
embora não esteja clara a hipótese de ilimitadas prorrogações, cabe ao juiz interpretar
tal possibilidade. Contudo, dada a natureza da norma que alude à restrição da liberdade,
o que está ali previsto é uma exceção à regra. Se o texto legal parece estar indetermi-
nado ou dúbio, cabe a esta Corte dar à norma interpretação estrita, face a sua natureza
limitadora do direito à intimidade, de modo a atender ao verdadeiro espírito da lei. Com
isso, concedeu-se a ordem de habeas corpus a fim de reputar ilícita a prova resultante
de tantos dias de interceptações telefônicas e, consequentemente, declarar nulos os
atos processuais pertinentes e retornar os autos ao juiz originário para determinações
de direito. HC n. 76.686-PR, Rel. Min. Nilson Naves, julg. em 9/9/2008.
[...] 1. O prazo de 15 (quinze) dias estabelecido pelo art. 5º da Lei n. 9.296/1996 é rela-
tivo, podendo a interceptação telefônica ser prorrogada tantas vezes quantas forem
necessárias, mediante decisão devidamente fundamentada que demonstre a inequívoca
indispensabilidade da prova.
2. No caso, é lícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica, realizada durante
6 (seis) meses, pois era providência necessária e foi devidamente autorizada.
3. Habeas corpus conhecido em parte, mas denegado. (Grifo nosso)
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autorizada pelo juízo de primeira instância e regulamente cumprida pela autoridade policial,
a participação de agente político com foro por prerrogativa de função junto ao Superior Tribu-
nal de Justiça. Nessa situação, de acordo com o sistema processual brasileiro, a incompetên-
cia absoluta enseja a nulidade de todos os atos judiciais praticados, repercutindo a nulidade
na prova até então produzida.
Errado.
A assertiva está falsa, pois contraria a jurisprudência do STF no tocante ao assunto, senão
vejamos:
A verificação posterior de incompetência não vicia a prova determinada pelo juiz que,
conforme os dados conhecidos no momento da decisão, seria competente, conforme
decidido pelo STF, nos seguintes termos: “IV. Interceptação telefônica: exigência de
autorização do ‘juiz competente da ação principal’ (Lei n. 9.296/1996, art. 1º): inteligên-
cia. 1. Se cuida de obter a autorização para a interceptação telefônica no curso de pro-
cesso penal, não suscita dúvidas a regra de competência do art. 1º da Lei n. 9.296/1996:
só ao juiz da ação penal condenatória – e que dirige toda a instrução –, caberá deferir a
medida cautelar incidente. 2. Quando, no entanto, a interceptação telefônica constituir
medida cautelar preventiva, ainda no curso das investigações criminais, a mesma norma
de competência há de ser entendida e aplicada com temperamentos, para não resultar
em absurdos patentes: aí, o ponto de partida à determinação da competência para a
ordem judicial de interceptação – não podendo ser o fato imputado, que só a denúncia,
eventual e futura, precisará –, haverá de ser o fato suspeitado, objeto dos procedimen-
tos investigatórios em curso. 3. Não induz à ilicitude da prova resultante da intercep-
tação telefônica que a autorização provenha de Juiz Federal – aparentemente compe-
tente, à vista do objeto das investigações policiais em curso, ao tempo da decisão – que,
posteriormente, se haja declarado incompetente, à vista do andamento delas. (STF, HC
n. 81.260/ES, Sepúlveda Pertence, Pl., un., 19/4/2002).
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diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção,
desde que estes sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação.
Certo.
No julgamento do HC n. 83.515/RS Rel. Min. Nelson Jobim, Julg. em 16/9/2004, Tribunal
Pleno, decidiu o STF:
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Interceptação Telefônica
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Letra e.
A letra A está equivocada uma vez que não se pode aplicar a lei 9099/95 aos crimes pratica-
dos em situação de violência doméstica. A letra B está errada pois o juiz pode até conceder o
perdão ao membro do crime organizado que colaborar com as autoridades públicas. A letra C
está errada, pois o juiz pode fixar outras condições, que não estão previstas em Lei. A letra D
está equivocada, uma vez que a Lei de Lavagem de Capitais não prevê procedimento próprio
de julgamento para os crimes ali previstos. A letra E é a correta, uma vez que é cabível a inter-
ceptação telefônica em crimes punidos com reclusão.
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a) A interceptação telefônica será admitida mesmo que a prova possa ser feita por outros
meios disponíveis.
b) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo representante do Ministério Públi-
co, de ofício, mediante idônea fundamentação durante a instrução criminal.
c) O juiz deverá decidir, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o pedido de in-
terceptação.
d) Somente será admitido o pedido de interceptação telefônica feito por escrito.
e) Não é necessária a presença de indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal para que seja determinada a interceptação telefônica.
Letra c.
A letra C está de acordo com o § 2º do art. 4º da Lei n. 9296/96, aliás de difícil incidência em
provas:
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Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com o que rege o inciso II do art. 2º da Lei em estudo:
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.(Grifei)
Letra c.
A alternativa está de acordo com o inciso I do art. 2º da Lei n. 9296/96:
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Interceptação Telefônica
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Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
Ocorre que o examinador não se atentou ao que dispõe o parágrafo único do mesmo dispositivo:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.
Quando não for conhecida a identidade do autor, ainda assim, com base em tal dispositivo,
é possível se realizar o pedido de interceptação telefônica.
Letra c.
A alternativa está de acordo com o inciso I do art. 2º da Lei n. 9296/96:
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
Ocorre que o examinador não se atentou ao que dispõe o parágrafo único do mesmo dispositivo:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.
Quando não for conhecida a identidade do autor, ainda assim, com base em tal dispositivo,
é possível se realizar o pedido de interceptação telefônica.
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Interceptação Telefônica
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Letra b.
Trata-se de cláusula reserva jurisdicional, ou seja, apenas o Juiz pode deferir a interceptação
telefônica.
Letra c.
A alternativa está correta, pois está de acordo com o p. único do art. 2º da Lei de Intercepta-
ção Telefônica:
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Interceptação Telefônica
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Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada. (Grifei)
Letra b.
Quem defere a interceptação das comunicações telefônicas é o juiz, pelo prazo de 15 dias.
Errado.
A Lei n. 9296/96 prevê dois crimes apenas: a interceptação telefônica ilegal e a interceptação
ambiental ilegal. O crime que aparece na assertiva está previsto no Código Penal:
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Interceptação Telefônica
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Letra c.
A letra A está errada, pois a interceptação telefônica só é admitida quando não houver outros
meios de provas disponíveis. As letras B e D estão equivocadas uma vez que o Delegado de
Polícia não pode determinar a interceptação telefônica. A letra E está errada, uma vez que o
crime de ameaça é punida com detenção. O que poderia ser admitida, no caso concreto, é a
gravação telefônica, em que a vítima grava o interlocutor.
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Letra b.
Comentários: A letra B está de acordo com o art. 5º, inc. XII, da CF:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
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Interceptação Telefônica
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d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização judicial configura
crime;
e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, necessariamente,
integralmente transcrito.
Letra c.
A letra C é a correta, pois não se admite a decretação de interceptação telefônica em crimes
punidos com pena de reclusão. A questão é do ano de 2016, e você deve ficar atento à nova
redação do crime previsto no art. 302 do CTB, pois em uma de suas formas qualificadas prevê
pena de reclusão:
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Interceptação Telefônica
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Anulada.
Pela leitura atenta de todas alternativas, verifica-se que não há incorreta.
Errado.
A assertiva está equivocada, pois a infração penal deve ser punida “ao menos” com reclusão.
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Interceptação Telefônica
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b) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser autorizada durante as in-
vestigações, sob pena de violação do sistema acusatório;
c) o crime de associação para o tráfico, diante da sanção penal prevista, não admite intercep-
tação das comunicações telefônicas;
d) o prazo fixado pelo magistrado na decisão que autorizou a interceptação das comunica-
ções telefônicas não é válido;
e) a decisão que determinou a interceptação das comunicações telefônicas foi válida, diante
do crime investigado, da representação da autoridade policial e do prazo fixado.
Letra d.
O cabeçalho possui um erro que é a questão de o Delegado representar pela interceptação
telefônica. Na verdade, segundo a Lei n. 9296/96, o Delegado elabora requerimento dirigido
ao Juiz. A questão D é a correta, uma vez que o prazo de duração da interceptação telefônica
é de 15 dias prorrogáveis por igual período, respeitados os julgados do STJ e do STF sobre o
assunto.
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Letra a.
A CPI pode acessar dados telefônicos sem autorização judicial, por conta do art. 58, §3º, da
CF, em razão dos poderes instrutórios lá previstos. Agora, a CPI não pode determinar a in-
terceptação das comunicações telefônicas, por conta da cláusula de reserva de jurisdição.
Portanto, a prova obtida com o acesso aos dados telefônicos é lícita, enquanto a prova obtida
a partir da interceptação é ilícita.
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Letra c.
A alternativa C está equivocada, uma vez que em tanto na interceptação como na escuta te-
lefônicas há necessidade de autorização judicial. A única modalidade que prescinde de auto-
rização do Juízo é a gravação telefônica.
Anulada.
A questão foi anulada, pois apresenta duas alternativas corretas. A letra d está de acordo com
a letra da lei. Na letra E, é cabível a quebra de sigilo telefônico no crime em comento, uma vez
que tal medida não se confunde com a interceptação telefônica.
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Interceptação Telefônica
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Certo.
Antes do Pacote Anticrime e da edição da Nova Lei de Abuso de Autoridade, o crime do art. 10
da mencionada Lei já previa a pena de reclusão. Agora há dois crimes na Lei em estudo:
Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com o §1º do art. 4º da Lei n. 9296/96:
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Letra c.
Como já exaustivamente exposto na aula, durante a investigação criminal tanto o MP como
a Autoridade Policial poderão elaborar requerimento ao Juiz para que defira a interceptação
telefônica.
Letra b.
Como já expusemos em nossa aula, inclusive com o mapa mental. É admitida a interceptação
telefônica quando existirem indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal,
o crime investigado for punível com reclusão e a prova não puder ser feita por outros meios.
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Letra b.
O STJ admite a interceptação telefônica sem que haja a necessidade de instauração de in-
quérito policial. Basta eu lembrar para você que o Membro do Ministério Público pode reque-
rer tal medida durante a tramitação do PIC -procedimento investigatório criminal.
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e) não agiu corretamente, porque deveria ter submetido a análise da necessidade dessa prova
ao Ministério Público, buscando autorização com o órgão ministerial.
Letra b.
O Delegado de Polícia ao interceptar sem autorização judicial as conversas desenvolvidas pe-
los telefones de quatro associados ao tráfico de drogas incorreu no crime previsto no art. 10
da Lei n. 9296/96.
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sem justa causa, devendo necessariamente estar essas informações contidas nos sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública
Letra a.
Uma das questões mais difíceis que eu resolvi no momento de analisar a alternativa. Con-
sidero a questão difícil do concurso público. A alternativa A é incorreta uma vez que é crime
previsto no Código de Defesa do Consumidor a conduta de impedir ou dificultar o acesso do
consumidor às suas informações constantes em cadastros, banco de dados, fichas e regis-
tros.
Letra c.
Na letra A, em tese, o examinador tratou do acesso aos dados de informática e telemática e não
interceptação de dados de informática e telemática. Não é admitida a chamada ‘interceptação de
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prospecção’, ou seja, realizada por meras conjecturas para descobrir se uma pessoa qualquer está
envolvida em algum crime. Na letra C. que é a correta parte do julgado em referência diz:
(...) 1. O Supremo Tribunal Federal afasta a necessidade de transcrição integral dos diá-
logos gravados durante quebra de sigilo telefônico, rejeitando alegação de cerceamento
de defesa pela não transcrição de partes da interceptação irrelevantes para o embasa-
mento da denúncia (...).
A letra D foi dada como incorreta, mas eu ouso a discordar do gabarito uma vez que em cri-
mes de ação penal privada principalmente na modalidade subsidiária da pública seria admi-
tida a interceptação.
Letra e.
Comentários: A alternativa E está de acordo como o art. 5º da Lei n. 9296/96:
Art. 5º A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execu-
ção da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. (Grifei).
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a) São inadmissíveis, no processo penal, as provas ilícitas, que devem ser desentranhadas dos
autos, sendo, entretanto, admissíveis em qualquer situação as provas derivadas das ilícitas.
b) Nos juízos coletivos, poderão servir no mesmo processo os juízes que forem parentes, em
linha colateral, de segundo grau.
c) No CPP, é prevista, conforme redação dada pela Lei n. 11.719/2008, a intimação por hora
certa, mas não a citação por hora certa, de modo que esta somente é cabível no processo civil,
e não no processo penal.
d) É possível a autorização judicial de interceptação de comunicações telefônicas, mesmo
quando possível a comprovação, por outros meios, dos fatos a elas relacionados.
e) Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido de interceptação das comunicações
telefônicas, uma vez presentes os pressupostos que o autorizem, seja formulado verbalmen-
te, situação em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.
Letra e.
A letra A está errada pois não são admitidas no ordenamento jurídico as provas derivadas
das ilícitas. A letra B está equivocada pois está em desacordo com o art. 253 do CPP. A letra
C está equivocada, pois é cabível a citação por hora certa. Na letra D, há erro, pois se houver
outros meios de prova a interceptação não será admitida. Resta a letra E, que está de acordo
com a letra da lei.
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REFERÊNCIAS
BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Dez anos da lei da interceptação telefônica (Lei n. 9.296, de
24 de julho de 1996). Interpretação jurisprudencial e anteprojeto de mudança. Revista Ajufer-
gs, Porto Alegre, n. 3, 2007.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 3. ed. São Pau-
lo: Revista dos Tribunais, 2008. _____. _____. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008. _____._____. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
_____._____. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
GOMES, Luiz Flávio; CERVINI, Raúl. Enfoques criminológico, jurídico (Lei n. 9.034/1995) e
político-criminal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. _____;_____._____. 2. ed. rev., atu-
al. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. _____;_____. Interceptação telefônica: Lei
n. 9.296, de 24/7/1996. 2. ed. São Paulo: RT, 2001.
Sérgio Bautzer
Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. Bacharel em Direito, Professor de Legislação Especial e
Direito Processual Penal, Professor de cursos preparatórios, graduação e pós-graduação.
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