Você está na página 1de 110

LEGISLAÇÃO

PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Sumário
Apresentação..................................................................................................................3
Interceptação Telefônica..................................................................................................4
Fundamento Constitucional.............................................................................................4
Interceptação Telefônica e Acesso aos Dados Telefônicos...............................................5
Ilicitude da Prova. ............................................................................................................5
Comunicações Telemáticas..............................................................................................8
Conceito de Interceptação Telefônica.. ........................................................................... 13
Conceito de Escuta Telefônica....................................................................................... 14
Conceito de Gravação Telefônica................................................................................... 14
Legitimados para o Pedido de Interceptação Telefônica. . ............................................... 16
Comissão Parlamentar de Inquérito...............................................................................17
Sujeito Passivo da Interceptação.................................................................................. 20
Necessidade de Instauração de Inquérito Policial......................................................... 20
Requisitos para Interceptação Telefônica.. ..................................................................... 21
Requisitos..................................................................................................................... 27
Prazo de Duração da Interceptação Telefônica..............................................................36
Crimes Previstos na Lei n. 9296/1996.......................................................................... 41
Resumo.........................................................................................................................44
Questões de Concurso................................................................................................... 47
Gabarito........................................................................................................................67
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 68
Referências................................................................................................................. 107

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Apresentação

Olá, meu (minha) caro(a) aluno(a)! Eu sou Sérgio Bautzer, professor de Legislação Penal
Especial do Gran Cursos Online. Com mais de 15 anos de experiência na elaboração de livros,
apostilas e materiais para concursos públicos, eu uma aula voltada para os concursos das
carreiras que exigem nível superior em Direito. Pelo histórico das provas analisadas quando
o assunto é a Lei de Interceptação Telefônica, as bancas examinadoras formulam questões
com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores e com base na letra da lei (lógico, quan-
do a questão é fácil). Como a Lei n. 9296/96 é “pequena”, você pode estuda-la uma vez a
cada quinze dias. Tenha especial atenção com a nova redação do art. 10, que prevê a conduta
criminal daquele que pratica a interceptação telefônica de maneira ilegal. Tal alteração foi
promovida pela Nova Lei de Abuso de Autoridade. Também peço especial atenção para as
disposições sobre a medida de investigação conhecida como Interceptação Ambiental, que
pasmem, foi introduzida pelo Pacote Anticrime na Lei n. 9296/96. Na verdade tal medida de-
veria estar prevista e disciplinada na Lei n. 12.850/13, que traz regras de combate ao Crime
Organizado. Quero que você fique antenado em possíveis decisões do STF sobre a questão do
acesso às conversas desenvolvidas por meio de aplicativos, como o WPP. O STJ já se pronun-
ciou sobre o assunto dizendo ser necessária a autorização judicial para o acesso. Ah, e quan-
do você estudar o material procure sempre distinguir interceptação telefônica de “quebra de
sigilo telefônico, apesar de alguns operadores do direito não distinguirem.
Em caso de dúvida, você poderá participar da aula por meio do fórum de dúvidas do Gran
Cursos Online, o  maior, melhor e mais completo curso preparatório virtual para concursos
públicos do país.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

Fundamento Constitucional

Quando eu era concurseiro, lia, todos os dias, por uma hora a Constituição Federal

(seca e sem comentários). Recomendo que você faça o mesmo, se possível na primeira

hora de estudos.
A Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta a parte final do art. 5º, XII, da CF, que,
por sua vez, dispõe:

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei n. 9.296,
de 1996)

O sigilo da comunicação telefônica:

[...] não é um direito absoluto, devendo ceder diante do interesse público, do interesse
social e do interesse da Justiça, sempre com observância do procedimento estabelecido
em lei. (TRF 4, HC n. 200004010024669, Ellen Gracie, 1ª Turma, un., 15/3/2000).

A inviolabilidade do sigilo da correspondência também não é um direito absoluto, poden-


do ser flexibilizado de acordo com o caso concreto.
Na jurisprudência, porém, predomina o entendimento no sentido da existência de sigilo
sobre tais dados – o chamado sigilo telefônico – e da necessidade de prévia manifestação ju-
dicial, sob pena de ilicitude da prova produzida sem tal providência (STJ, REsp. n. 204.080/CE,
Fernando Gonçalves, 6ª Turma, DJ de 1º/10/2001). De acordo com a orientação jurispruden-
cial dominante, é cabível o acesso a tais informações quando, existentes indícios concretos
de prática criminosa, a medida seja necessária (STJ, HC n. 20.087/SP, Gilson Dipp, 5ª Turma,
un., DJ de 29/9/2003) e eficaz para a investigação ou, em outras palavras, quando existente
causa provável (STF, MS n. 23.452/RJ, Celso de Mello, Pl., un., DJ de 12/5/2000).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Interceptação Telefônica e Acesso aos Dados Telefônicos

Tanto a interceptação telefônica como a “quebra” de sigilo telefônico são medidas cautelares.
Você não se pode confundir interceptação telefônica com “quebra” de sigilo telefônico,
esta é o acesso aos dados telefônicos. Porém, ambas necessitam de autorização judicial.
Sustento que não é necessária a presença dos requisitos da interceptação telefônica para
se deferir o acesso aos dados telefônicos. Quando se acessa os dados telefônicos, que é a
“quebra”, o Delegado de Polícia verifica para quem o investigado ligou, quem ligou para ele,
qual foi a duração das chamadas, mensagens de texto enviadas e recebidas etc.
As Comissões Parlamentares de Inquérito não necessitam de autorização judicial para a
quebra do sigilo telefônico, por conta do que dispõe o §3º do art. 58 da CF. Agora, a CPI não
pode determinar a interceptação telefônica de investigados, por conta da cláusula de reserva
de jurisdição. Ainda tratarei com você sobre este assunto.

Ilicitude da Prova

O STF considerava ilícita a prova obtida por interceptação telefônica, mesmo autorizada
pelo juiz, antes da edição da Lei n. 9.296/1996. Para o Guardião da Constituição, a intercep-
tação somente veio a ser possível com a publicação da Lei n. 9.296/1996, que regulamentou
o inciso XII do art. 5º da Constituição de 1988, não sendo possível tal diligência com base em
legislação anterior (Código Brasileiro de Telecomunicações).
Luiz Flávio Gomes, em obra de coautoria de Raúl Cervini, assevera que:

De modo algum, no entanto, a lei nova possui força para convalidar (ou legitimar) inter-
ceptações telefônicas “autorizadas” antes da lei. Ainda que a interceptação tenha sido
realizada depois dela. Se “autorizada” antes, não vale nada. Tudo por causa do princí-
pio tempus regit actum, é dizer, o ato deve ser regido pela lei do seu tempo. Autorização
dada de 25/7/1996 é válida, se observada a Lei n. 9.296/1996. Autorização concedida
“antes” da edição desse diploma legal não está regida por lei alguma (seja porque o
Código Brasileiro de Telecomunicações não fora recepcionado, seja porque ainda não

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

havia sido regulamentado o inc. XII). Logo, é  irreversivelmente nula (a rigor, inadmis-
sível), por não atender ao princípio da legalidade. Não pode, portanto produzir efeitos.
Para nós, toda prova colhida por força de interceptação telefônica autorizada antes da
lei é ilícita, consoante o correto e reiterado entendimento do Colendo Supremo Tribunal
Federal, e de nada vale, para efeito de sua admissibilidade, a lei nova. [...] Em suma, prova
colhida com violação às normas constitucionais que tutelam o direito à intimidade (inc.
X), assim como o direito ao sigilo das comunicações telefônicas (inc. XII), configura, ine-
quivocamente prova “ilícita” e, por isso mesmo inadmissível (inc. LVI). E prova ilícita não
resulta legitimada por lei posterior. (GOMES; CERVINI, 2001)

Assim também decidiu o STJ:

Constitucional e processual civil. Mandado de segurança. Escuta telefônica. Gravação


feita por marido traído. Desentranhamento da prova requerido pela esposa: viabilidade,
uma vez que se trata de prova ilegalmente obtida, com violação da intimidade indivi-
dual. Recurso ordinário provido. I  – A impetrante/recorrente tinha marido, duas filhas
menores e um amante médico. Quando o esposo viajava, para facilitar seu relaciona-
mento espúrio, ela ministrava “Lexotan” às meninas. O marido, já suspeitoso, gravou a
conversa telefônica entre sua mulher e o amante. A esposa foi penalmente denunciada
(tóxico). Ajuizou, então, ação de mandado de segurança, instando no desentranhamento
da decodificação da fita magnética. II  – Embora esta Turma já se tenha manifestado
pela relatividade do inciso XII (última parte) do art. 5º da CF/1988 (HC n. 3.982/RJ, Rel.
Min. Adhemar Maciel, DJU de 26/2/1996), no caso concreto o marido não poderia ter
gravado a conversa a arrepio de seu cônjuge. Ainda que impulsionado por motivo rele-
vante, acabou por violar a intimidade individual de sua esposa, direito garantido consti-
tucionalmente (art. 5º, X). Ademais, o STF tem considerado ilegal a gravação telefônica,
mesmo com autorização judicial (o que não foi o caso), por falta de lei ordinária regula-
mentadora (RE n. 85.439/RJ, 2ª Turma, Min. Xavier de Albuquerque e HC n. 69.912/RS,
Pleno, Min. Pertence). (STJ, ROMS n. 199500032465/GO, Luiz Vicente Cernicchiaro, 6ª
Turma, m., 27/5/1996)

A interceptação de comunicações telefônicas é admitida para prova em instrução proces-


sual penal e inquérito policial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

As provas produzidas em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas am-


bientais judicialmente autorizadas para produção de prova em inquérito policial podem ser
usados, em procedimento administrativo disciplinar, contra servidores cujos supostos ilícitos
tenham despontado à colheita dessa prova.
A 1ª Turma do STF entendeu que:

A cláusula final do inciso XII do art. 5º da Constituição Federal – “[...] na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” – não é
óbice à consideração de fato surgido mediante a escuta telefônica para efeito diverso,
como é exemplo o processo administrativo‑disciplinar. (RMS n. 24.956/DF, Marco Auré-
lio, 9/8/2005, 1ª Turma, un.).

No mesmo sentido, o Inq‑QO‑QO n. 2.424/RJ, Plenário:

Ementa: Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autori-


zação judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos come-
tidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em
procedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilí-
citos administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Res-
posta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º
da Lei federal n. 9.296/1996. Precedente. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação
de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para
produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem
ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas
pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supos-
tos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova.

O STJ também relativizou a limitação do uso do referido meio de prova ao decidir que:

Sendo a interceptação telefônica requerida nos exatos termos da Lei n. 9.296/1996, uma
vez que o impetrante também responde a processo criminal, não há que se falar em
nulidade do processo administrativo disciplinar. (MS n. 9.212, Gilson Dipp, 3ª Seção, un.,
11/5/2005)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Também no RMS n. 16.429/SC, 6ª Turma:

Recurso ordinário. Mandado de segurança. Administrativo. Servidor público. Intercep-


tação telefônica autorizada por juiz criminal. Prova emprestada. Sindicância e processo
administrativo disciplinar. Necessidade de autorização do juízo criminal. Não ocorrência
no caso. Nulidade.
1. É cabível o uso excepcional de interceptação telefônica em processo disciplinar, desde
que seja também observado no âmbito administrativo o devido processo legal, respei-
tados os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa, bem como haja
expressa autorização do Juízo Criminal, responsável pela preservação do sigilo de tal
prova, de sua remessa e utilização pela Administração.
2. São nulos o desenvolvimento de sindicância e a instauração de processo adminis-
trativo disciplinar com base exclusivamente em fita cassete e degravação oriundas de
interceptação telefônica, se o envio e a utilização das referidas provas não forem auto-
rizados pelo Juízo Criminal.
3. Recurso ordinário provido. Segurança concedida.

Contudo, não é possível interceptação telefônica para produção de prova em processo


civil, pois assim dispõe o art.1º da Lei n. 9.296/1996:
A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em inves-
tigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá
de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.

Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica‑se à interceptação do fluxo de comunicações em sis-
temas de informática e telemática.1

Comunicações Telemáticas

O nobre Juiz Federal Paulo Baltazar preleciona:

Em nossa posição, a  proteção abrange as comunicações telefônicas ou telemáticas,


assim, entendidas aquelas feitas por outro meio tecnológico que não a telefonia em sentido estrito,
1
BRASIL. Lei n. 9.296, de 25 de julho de 1996. Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

por exemplo, aquela transmitida por fibra ótica ou por meios de informática, que vem,
a cada dia, ganhando espaço sobre a telefonia tradicional. O STJ, igualmente, decidiu
que o parágrafo único do artigo 1º da Lei n. 9.296/1996 autoriza, em sede de persecu-
ção criminal e mediante autorização judicial a interceptação do fluxo de comunicações
em sistema de informática e telemática (HC n. 15.026, 6ª T., un., 4/11/2002). (BALTAZAR
JÚNIOR, 2007).

Interessante você saber que as conversas desenvolvidas por meio de aplicativos se inse-
rem dentro das comunicações em sistemas de informática, protegidas pelo sigilo.
O STJ entendeu em dois julgados pela ilicitude da prova se obtida a partir de acesso a
conversas em aplicativos, sem autorização judicial:

“PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS


CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. NULIDADE DA PROVA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL PARA A PERÍCIA NO CELULAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
1. Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidas direta-
mente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia autorização judicial.
2. Recurso ordinário em habeas corpus provido, para declarar a nulidade das provas
obtidas no celular do paciente sem autorização judicial, cujo produto deve ser desentra-
nhado dos autos.
(STJ, 6ª Turma, RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016)”.
“PROCESSO PENAL, RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE
DROGAS. NULIDADE DAS PROVAS PRODUZIDAS NA FASE INQUISITORIAL. PRISÃO
EM FLAGRANTE. CRIME PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE BUSCA
E APREENSÃO. PROVAS EXTRAÍDAS DO APARELHO DE TELEFONIA MÓVEL. AUSÊNCIA
DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VIOLAÇÃO DO SIGILO TELEFÔNICO. INÉPCIA DA DENÚN-
CIA E CARÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA PERSECUÇÃO PENAL NÃO EVIDENCIADAS.
NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO FÁTICO-COMPROBATÓRIO. ATIPICIDADE MATE-
RIAL DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NÃO APLICÁVEL. LEI PENAL EM
BRANCO HETERÓLOGA. SUBSTÂNCIA PSICOTRÓPICA ELENCADA NA PORTARIA 344/98
DA ANVISA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

1. O entendimento perfilhado pela Corte a quo está em harmonia com a jurisprudência


pacífica deste Tribunal, segundo a qual, sendo o crime de tráfico de drogas, nas modali-
dades guardar e ter em depósito, de natureza permanente, assim compreendido aquele
cuja a consumação se protrai no tempo, não se exige a apresentação de mandado de
busca e apreensão para o ingresso dos policiais na residência do acusado, quando se
tem por objetivo fazer cessar a atividade criminosa, dada a situação de flagrância, con-
forme ressalva o art. 5º, XI, da Constituição Federal. Ainda, a prisão em flagrante é pos-
sível enquanto não cessar a permanência, independentemente de prévia autorização
judicial. Precedentes.
2. Embora seja despicienda ordem judicial para a apreensão dos celulares, pois os réus
encontravam-se em situação de flagrância, as mensagens armazenadas no aparelho estão
protegidas pelo sigilo telefônico, que deve abranger igualmente a transmissão, recepção ou
emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer
natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, através de sistemas de informática
e telemática. Em verdade, deveria a autoridade policial, após a apreensão do telefone, ter
requerido judicialmente a quebra do sigilo dos dados nele armazenados, de modo a proteger
tanto o direito individual à intimidade quanto o direito difuso à segurança pública.
Precedente.
3. O  art.  5º da Constituição Federal garante a inviolabilidade do sigilo telefônico, da
correspondência, das comunicações telegráficas e telemáticas e de dados bancários e
fiscais, devendo a mitigação de tal preceito, para fins de investigação ou instrução cri-
minal, ser precedida de autorização judicial, em decisão motivada e emanada por juízo
competente (Teoria do Juízo Aparente), sob pena de nulidade. Além disso, somente é
admitida a quebra do sigilo quando houve indício razoável da autoria ou participação
em infração penal; se a prova não puder ser obtida por outro meio disponível, em aten-
dimento ao princípio da proibição de excesso; e se o fato investigado constituir infração
penal punida com pena de reclusão.
(...)
9. Recurso parcialmente provido, tão somente para reconhecer a ilegalidade das provas
obtidas no celular do recorrente e determinar o seu desentranhamento dos autos. (STJ,
5ª Turma, RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

A captação da conversa entre cliente e advogado durante o curso da interceptação tele-


fônica não é motivo para tornar ilícita a prova produzida na diligência. Podemos corroborar
tal assertiva de acordo com o que decidiu a Quinta Turma do STJ, no RHC 26704, conforme
notícia extraída do sítio do Superior Tribunal de Justiça em 01/03/2012:
Escuta telefônica não é invalidada por eventual captação de diálogo entre cliente e seu
advogado
O sigilo profissional da relação entre advogado e cliente não invalida a integralidade das
interceptações telefônicas autorizadas judicialmente contra o cliente se, eventualmente, são
gravados alguns diálogos entre eles. A decisão, unânime, é da Quinta Turma do Superior Tri-
bunal de Justiça (STJ), que julgou um recurso em habeas corpus contra decisão do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região (TRF2). O recurso objetivava retirar do processo todas as escu-
tas determinadas pelo juiz e executadas pela polícia.
Dois acusados de tráfico de drogas tinham suas ligações telefônicas monitoradas por
ordem judicial. Um deles teve conversa com um terceiro gravada; posteriormente, este foi
identificado como seu advogado. O réu recorreu à Justiça, afirmando que a denúncia seria
nula pela violação do sigilo da comunicação entre advogado e cliente. Entretanto, o  TRF2
entendeu que o fato de a polícia ter gravado a conversa com o advogado não invalidava as
interceptações.
O TRF2 afirmou que em nenhum momento o alvo da quebra de sigilo telefônico foi o advo-
gado – menos ainda um advogado no exercício legítimo de sua profissão –, sendo a captação
fortuita e incidental. Também não foi intenção dos investigadores chegar ao advogado a par-
tir de seu cliente. Não se aplica, portanto, a proteção do artigo 7º, inciso II, da Lei n. 8.906/94
(Estatuto da Advocacia). Concluiu destacando que não cabe aos agentes policiais “selecio-
nar” ou “escolher” os trechos da interceptação que devem ser gravados.
O TRF2, porém, determinou que os diálogos entre o advogado e o seu cliente e entre este
e o outro investigado que citassem o profissional de direito fossem retirados dos autos. Tam-
bém determinou que todas as referências a esses diálogos fossem riscadas das peças pro-
cessuais e que esses trechos das gravações fossem apagados, preservando o sigilo.
Insistindo na tese da nulidade da denúncia, por ter se baseado em interceptações telefô-
nicas supostamente ilícitas, a defesa recorreu ao STJ, afirmando que houve violação do sigilo

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

cliente/advogado. Pediu que toda a prova apontada como ilícita, ou seja, a  totalidade das
interceptações telefônicas, fosse desentranhada (removida) dos autos e, consequentemente,
que a denúncia e o decreto de prisão preventiva do cliente fossem considerados nulos.
Decisão adequada
O relator do recurso, ministro Marco Aurélio Bellizze, entendeu que a interceptação dos
diálogos envolvendo o advogado não é causa de nulidade do processo. Ele disse que o TRF2
agiu de forma adequada ao determinar a exclusão dos trechos de gravações e documentos
que citam o advogado e também concordou com o tribunal regional quanto à questão dos
limites da atividade policial.
“Não compete à autoridade policial filtrar os diálogos a serem gravados, mas sim executar
ordem judicial”, afirmou, acrescentando que a colheita de provas não deve ficar ao arbítrio da
polícia.
Segundo o relator, não há razão para o desentranhamento de todas as conversas cap-
tadas e degravadas, como sustenta a defesa, “pois as provas não passaram a ser ilícitas, já
que autorizadas por autoridade judicial competente e em observância às exigências legais”.
Ao  menos, destacou o ministro, não houve contestação da defesa quanto à legalidade da
quebra do sigilo telefônico.
Além disso, Marco Aurélio Bellizze observou que os trechos suprimidos, relativos aos di-
álogos envolvendo o advogado, são ínfimos em relação a todo o conteúdo da denúncia – que
tem 120 folhas e está amparada em inúmeros outros diálogos, captados em nove meses de
interceptações telefônicas e telemáticas, bem como em outros elementos de prova.
O ministro informou que, após a interposição do recurso em habeas corpus no STJ, sobre-
veio sentença que condenou o réu a 26 anos e 20 dias de reclusão, em regime inicial fechado.
A decisão negou ao condenado a possibilidade de recorrer em liberdade, com base em funda-
mentos que não fazem referência aos trechos gravados irregularmente.
Também posso citar outro julgado da 5ª Turma do STJ sobre o assunto em voga:

“DIREITO PROCESSUAL PENAL. UTILIZAÇÃO DA INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO


TELEFÔNICA EM DESFAVOR DE INTERLOCUTOR NÃO INVESTIGADO.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser uti-


lizadas para formação de prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja
advogado do investigado. A interceptação telefônica, por óbvio, abrange a participação
de quaisquer dos interlocutores. Ilógico e irracional seria admitir que a prova colhida
contra o interlocutor que recebeu ou originou chamadas para a linha legalmente inter-
ceptada é ilegal. No mais, não é porque o advogado defendia o investigado que sua
comunicação com ele foi interceptada, mas tão somente porque era um dos interlocuto-
res. Precedente citado: HC 115.401/RJ, Quinta Turma, DJe 1º/2/2011. RMS 33.677-SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014.”

Conceito de Interceptação Telefônica


É a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores, por um terceiro desconhecido,
com a necessária autorização judicial do juiz competente para a causa principal.
Interceptação telefônica, segundo Guilherme de Souza Nucci (2009, p. 758):

Interceptação: em sentido estrito, interceptar algo significa interromper, cortar ou impedir. Logo, in-
terceptação de comunicações telefônicas fornece a impressão equívoca de constituir a interrupção
da conversa mantida entre duas ou mais pessoas. Na realidade, o que se quer dizer com o referido
termo, em sentido amplo, é imiscuir‑se ou intrometer em comunicação alheia. Portanto, a intercep-
tação tem o significado de interferência, com o fito de colheita de informes. A interceptação pode
dar‑se das seguintes formas: a) interceptação telefônica: alguém invade, por aparelhos próprios,
a conversação mantida, via telefone, entre duas ou mais pessoas, captando dados que podem ser
gravados ou simplesmente ouvidos; b) interceptação ambiental: alguém capta a conversa mantida
entre duas ou mais pessoas, fora do telefone, em qualquer recinto, privado ou público. A primeira
delas é regulada por esta Lei e pode configurar crime, se não observada a forma legal para ser re-
alizada. A segunda não encontra previsão legal, portanto, delito não é.

Consoante o entendimento de Ada Pellegrini Grinover, Antônio Magalhães Gomes Filho e


Antônio Scarance Fernandes:

Entende‑se por “interceptação” a captação da conversa por um “terceiro” sem o conhecimento


dos interlocutores ou com o conhecimento de um só deles. Se o meio utilizado for o “grampea-
mento” do telefone, tem‑se a “interceptação telefônica”; se se tratar de captação de conversa por
um gravador, colocado por terceiro, tem‑se a “interceptação entre presentes”, também chamada
de “interceptação ambiental”. Mas se um dos interlocutores grava a sua própria conversa, telefô-
nica ou não, com o outro, sem o conhecimento deste, fala‑se apenas em “gravação clandestina”.
Vê‑se daí que existem várias modalidades de captação eletrônica da prova: a) a “interceptação” da

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

conversa telefônica, sem o conhecimento dos dois interlocutores; b) a “interceptação” da conver-


sa telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos interlocutores; c) a “interceptação” da
conversa entre presentes, por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores; d)
a “interceptação” da conversa entre presentes por terceiro, com o conhecimento de um ou alguns
dos interlocutores; e) a “gravação clandestina” da conversa telefônica por um dos sujeitos, sem o
conhecimento do outro; f) a “gravação clandestina” da conversa pessoal e direta, entre presentes,
por um dos interlocutores, sem o conhecimento do(s) outro(s). O  que importa salientar, dado o
diverso tratamento jurídico conferido às “interceptações” (telefônicas ou ambientais), é que a con-
figuração destas exige sempre a intervenção de um terceiro (a terzeità dos italianos), ocorrendo a
escuta e/ou a gravação enquanto a conversa se desenvolve: até porque, etimologicamente (de inter
capio), interceptar quer dizer colher durante a passagem a conversa de outros. [...] Aplica‑se a lei,
a teor de seu art. 1º, a “interceptação de comunicações telefônicas de qualquer natureza”. Por mais
amplitude que se pretenda atribuir ao conceito, permanece ele limitado à escuta e eventual grava-
ção de conversa telefônica, quando praticada por terceira pessoa, diversa dos interlocutores (com
ou sem conhecimento de um deles). Ficam excluídas do regime legislativo as gravações clandes-
tinas de telefonemas próprios, assim como as gravações entre presentes. (GRINOVER; SCARANCE
FERNANDES, GOMES FILHO, 2001).

Conceito de Escuta Telefônica

É a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores, feita por um terceiro, com o
consentimento de um deles. É necessária a autorização judicial do juiz competente. Não con-
fundir com escuta ambiental.

Conceito de Gravação Telefônica

É a captação da conversa por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro. A pro-


va oriunda da gravação telefônica é válida, mesmo sem autorização judicial, desde que o
interlocutor esteja em legítima defesa. Decidiu o STF que

[...] é lícita a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores ou com sua
autorização, sem ciência do outro, quando há investida criminosa deste último. É incon-
sistente e fere o senso comum falar‑se em violação do direito à privacidade quando
interlocutor grava diálogo com sequestradores, estelionatários ou qualquer tipo de
chantagista. (STF, HC n. 75.338-8/RJ, 2ª T., Nelson Jobim, DJ de 25/9/1998).
No julgamento do RE n.  402.717/PR, Rel. Min. Cezar Peluso, julg. em 2/12/2008, 2ª
Turma, o STF decidiu que:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Ementa: Prova. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina, feita por um dos
interlocutores, sem conhecimento do outro. Juntada da transcrição em inquérito poli-
cial, onde o interlocutor requerente era investigado ou tido por suspeito. Admissibili-
dade. Fonte lícita de prova. Inexistência de interceptação, objeto de vedação constitu-
cional. Ausência de causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. Meio, ademais,
de prova da alegada inocência de quem a gravou. Improvimento ao recurso. Inexistência
de ofensa ao art. 5º, incs. X, XII e LVI, da CF. Precedentes. Como gravação meramente
clandestina, que se não confunde com interceptação, objeto de vedação constitucional,
é  lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa telefônica realizada por
um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de
sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo quando se predestine a fazer prova, em
juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou.

Vale a pena citar recente decisão do STJ sobre o assunto:

“DIREITO PROCESSUAL PENAL. UTILIZAÇÃO DE GRAVAÇÃO TELEFÔNICA COMO PROVA


DE CRIME CONTRA A LIBERDADE SEXUAL.
Em processo que apure a suposta prática de crime sexual contra adolescente abso-
lutamente incapaz, é admissível a utilização de prova extraída de gravação telefônica
efetivada a pedido da genitora da vítima, em seu terminal telefônico, mesmo que soli-
citado auxílio técnico de detetive particular para a captação das conversas. Consoante
dispõe o art. 3º, I, do CC, são absolutamente incapazes os menores de dezesseis anos,
não podendo praticar ato algum por si, de modo que são representados por seus pais.
Assim, é  válido o consentimento do genitor para gravar as conversas do filho menor.
De fato, a gravação da conversa, em situações como a ora em análise, não configura
prova ilícita, visto que não ocorre, a rigor, uma interceptação da comunicação por ter-
ceiro, mas mera gravação, com auxílio técnico de terceiro, pelo proprietário do terminal
telefônico, objetivando a proteção da liberdade sexual de absolutamente incapaz, seu
filho, na perspectiva do poder familiar, vale dizer, do poder-dever de que são investidos
os pais em relação aos filhos menores, de proteção e vigilância. A presente hipótese se
assemelha, em verdade, à gravação de conversa telefônica feita com a autorização de
um dos interlocutores, sem ciência do outro, quando há cometimento de crime por este

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

último, situação já reconhecida como válida pelo STF (HC 75.338, Tribunal Pleno, DJ
25/9/1998). Destaque-se que a proteção integral à criança, em especial no que se refere
às agressões sexuais, é preocupação constante de nosso Estado, constitucionalmente
garantida em caráter prioritário (art. 227, caput, c/c o § 4º, da CF), e de instrumentos
internacionais. Com efeito, preceitua o art. 34, “b”, da Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança, aprovada pela Resolução 44/25 da ONU, em 20/11/1989, e interna-
lizada no ordenamento jurídico nacional mediante o DL 28/1990, verbis: “Os Estados-
-partes se comprometem a proteger a criança contra todas as formas de exploração e
abuso sexual. Nesse sentido, os Estados-parte tomarão, em especial, todas as medidas
de caráter nacional, bilateral e multilateral que sejam necessárias para impedir: (...) b)
a exploração da criança na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais; (...)”. Assim,
é inviável inquinar de ilicitude a prova assim obtida, prestigiando o direito à intimidade e
privacidade do acusado em detrimento da própria liberdade sexual da vítima absoluta-
mente incapaz e em face de toda uma política estatal de proteção à criança e ao adoles-
cente, enquanto ser em desenvolvimento. REsp 1.026.605-ES, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 13/5/2014”.

Legitimados para o Pedido de Interceptação Telefônica

Reza o art. 3º da Lei da Escuta Telefônica:


A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento:

I – da autoridade policial, na investigação criminal;


II – do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução proces-
sual penal.2

Na ADI n. 3.450-DF, proposta pelo Procurador Geral da República, foi questionada a in-
constitucionalidade da possibilidade de o juiz decretar de ofício a interceptação telefônica
A ação de inconstitucionalidade em referência foi proposta pelo Procurador‑Geral da Re-
pública, Dr. Cláudio Lemos Fonteles. Alegou-se, em síntese, que o art. 3º da Lei n. 9.296/1996

2
BRASIL. Lei n. 9.296, de 25 de julho de 1996. Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

possui entendimento conflitante com os arts. 5º, inciso LIV, 129, incisos I e VIII, e § 2º, e 144,
§ 1º, incisos I e IV, e § 4º, da Carta Política. Dentre as razões apresentadas, o Requerente as-
severa que a iniciativa da interceptação pelo juiz, na fase que antecede a instrução processual
penal, ofende de forma inconteste o devido processo legal, pois compromete a imparcialidade
do magistrado, o que, segundo o Requerente, vai de encontro ao sistema acusatório, porque
usurpa a atribuição investigatória do Ministério Público e das Polícias Civis e Federal, permi-
tindo ao julgador a assunção desse mister.
Por conseguinte, o requerente colacionou lições doutrinárias dos autores: Paulo Rangel,
Marcellus Polastri Lima e Luiz Flávio Gomes, bem como afirmações realizadas em pronuncia-
mento na ADI n. 1.570, (Pleno), pelo Ministro Sepúlveda Pertence, com a finalidade de corro-
borar seu entendimento.
Por fim, requereu que Pretório Excelso julgasse procedente o pedido, para declarar a in-
constitucionalidade parcial, sem redução de texto, do art. 3º da Lei n. 9.296/1996, como meio
para conferir‑lhe interpretação conforme a Constituição.
O Pacote Anticrime alterou a redação dos dispositivos do Código de Processo Penal que
previam a possibilidade da decretação de ofício de medidas cautelares e prisão preventiva
pelo Juiz durante a persecução penal. Atualmente, não pode o juiz decretar de ofício a prisão
preventiva nem as cautelares previstas no art. 319 do CPP. Vale ressaltar que em 2019, a Lei de
Drogas foi alterada a partir do art. 60 e seguintes. Não pode o juiz decretar de ofício medidas
assecuratórias, e busca e apreensão de bens, veículos, embarcações e aeronaves de narcotra-
ficantes.
Diante do panorama atual do sistema processual penal, creio que o juiz não possa deter-
minar de ofício a interceptação telefônica, apesar de a norma não ter sido alterada.

Comissão Parlamentar de Inquérito


As CPIs não podem determinar a interceptação telefônica de seus investigados, uma vez
que a medida cautelar apenas poderá ser decretada por juiz de direito. Assim professa Remil-
son Soares Candeia (2009, p. 133):

Em que pese a natureza político‑administrativa da apuração levada a termo por CPI, não
há perquirir a possibilidade de que desse procedimento possa decorrer ação criminal ou

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

civil promovida pelo Ministério Público, como se extrai do art. 58, § 3º, da Constituição
Federal. Poder‑se‑ia, então, questionar se a quebra do sigilo das comunicações telefôni-
cas por um procedimento político‑administrativo desenvolvido por comissão parlamen-
tar de inquérito violaria ou não o art.  5º, XII, da Constituição Federal. Esse dispositivo
constitucional consagra o princípio da reserva de jurisdição, em que compete exclusi-
vamente ao Juiz deliberar sobre esse assunto, da mesma forma como ocorre o direito a
inviolabilidade da casa, que somente poderá decorrer de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; o direito ao sigilo das
comunicações telefônicas, que somente poderá ser violado por ordem judicial e para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal; o direito a não ser preso em fla-
grante delito ou por ordem por escrito e fundamentada de autoridade judiciária compe-
tente. É nesse sentido que comissão parlamentar de inquérito não detém competência
para, por moto próprio, determinar a interceptação telefônica de pessoas envolvidas nas
apurações por ela desenvolvidas. Não se está a falar na impossibilidade de se determinar
a interceptação telefônica de envolvidos em comissão parlamentar de inquérito. O que se
assevera é a incompetência da comissão parlamentar de inquérito para assim deliberar.
(Grifo nosso).

Porém a Comissão Parlamentar de Inquérito pode decretar a quebra de sigilo das co-
municações telefônicas por força da Constituição Federal, mais precisamente por conta do
art. 58, § 3º:

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das au-
toridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante re-
querimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Por meio do MS n. 23.652/DF (Pleno), o Supremo Tribunal Federal reiterou o entendimento:

Ementa: Comissão Parlamentar de Inquérito. Quebra de sigilo adequadamente fun-


damentada. Ato praticado em substituição a anterior quebra de sigilo que havia sido
decretada sem qualquer fundamentação. Possibilidade. Existência simultânea de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

procedimentos penais em curso, instaurados contra o impetrante. Circunstância que


não impede a instauração da pertinente investigação parlamentar sobre fatos conexos
aos eventos delituosos. Referência à suposta atuação de organizações criminosas no
estado do acre, que seriam responsáveis pela prática de atos caracterizadores de uma
temível macrodelinquência (tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro, fraude, cor-
rupção, eliminação física de pessoas, roubo de automóveis, caminhões e cargas). Alega-
ção do impetrante de que inexistiria conexão entre os ilícitos penais e o objeto principal
da investigação parlamentar. Afirmação desprovida de liquidez. Mandado de segurança
indeferido. A quebra fundamentada do sigilo inclui‑se na esfera de competência investi-
gatória das comissões parlamentares de inquérito. A quebra do sigilo fiscal, bancário e
telefônico de qualquer pessoa sujeita a investigação legislativa pode ser legitimamente
decretada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, desde que esse órgão estatal o faça
mediante deliberação adequadamente fundamentada e na qual indique, com apoio em
base empírica idônea, a necessidade objetiva da adoção dessa medida extraordinária.
Precedente: MS n. 23.452-RJ, Rel. Min. Celso de Mello (pleno). Princípio constitucional
da reserva de jurisdição e quebra de sigilo por determinação da CPI. O princípio constitu-
cional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de busca domiciliar (CF,
art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de decretação da prisão, ressal-
vada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) – não se estende ao tema da quebra
de sigilo, pois, em tal matéria, e  por efeito de expressa autorização dada pela própria
Constituição da República (CF, art. 58, § 3º), assiste competência à Comissão Parlamen-
tar de Inquérito, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional
ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas. Autonomia da Investigação Parla-
mentar. O inquérito parlamentar, realizado por qualquer CPI, qualifica‑se como proce-
dimento jurídico‑constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade própria,
circunstância esta que permite à Comissão legislativa – sempre respeitados os limites
inerentes à competência material do Poder Legislativo e observados os fatos determina-
dos que ditaram a sua constituição – promover a pertinente investigação, ainda que os
atos investigatórios possam incidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acon-
tecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a processos judiciais que guardem cone-
xão com o evento principal objeto da apuração congressual. Doutrina. Precedente: MS
n. 23.639-DF, Rel. Min. Celso de Mello (Pleno). O processo mandamental não comporta

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

dilação probatória. O processo de mandado de segurança qualifica‑se como processo


documental, em cujo âmbito não se admite dilação probatória, pois a liquidez dos fatos,
para evidenciar‑se de maneira incontestável, exige prova pré‑constituída, circunstância
essa que afasta a discussão de matéria fática fundada em simples conjecturas ou em
meras suposições ou inferências.

Sujeito Passivo da Interceptação


O sujeito passivo da interceptação é o interlocutor, e não o titular da linha telefônica. As-
sim, pode o magistrado competente determinar a interceptação de telefone público ou parti-
cular. Outro não é o posicionamento do STF:

A garantia que a Constituição dá, até que a lei o defina, não distingue o telefone público
do particular, ainda que instalado em interior de presídio, pois o bem jurídico protegido
é a privacidade das pessoas, prerrogativa dogmática de todos os cidadãos. (STF, HC
n. 72.588/PB, Maurício Corrêa, Pl., m., 4/8/2000).

Necessidade de Instauração de Inquérito Policial

O STJ decidiu que não há necessidade da instauração prévia e formal de inquérito policial,
bastando investigação criminal em curso para que haja a interceptação telefônica:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Não se pode condicionar a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático à


instauração prévia do procedimento investigatório, devendo‑se exigir, apenas, que a
necessidade de sua realização para a apuração da infração penal seja demonstrada, em
consonância com os indícios de autoria ou participação no ilícito e desde que a prova
não possa ser feita por outros meios disponíveis. A legislação fala em “investigação cri-
minal”, não prevendo, para a interceptação telefônica, a instalação prévia de inquérito
policial. (STJ, HC n. 20.087/SP, Gilson Dipp, 5ª. T., un., 19/8/2003).

Você deve memorizar que o STJ entende que é possível a determinação de interceptações
telefônicas com base em denúncia anônima, desde que corroborada por outros elementos
que confirmem a necessidade da medida excepcional.

Requisitos para Interceptação Telefônica

Conforme dispõe o art. 1º da Lei n. 9.296/1996, a interceptação dependerá de decisão do


juiz competente para ação principal. Decidiu o STF que “Juiz competente é o da ação penal,
que ficará prevento, nos termos do parágrafo único do artigo 75 do CPP” (STF, HC n. 82.009/
RJ, Nelson Jobim, 2ª T., un., 12/11/2002).
Você deverá memorizar que o STJ entende de maneira pacífica que a alteração da compe-
tência não torna inválida a decisão acerca da interceptação telefônica determinada por juízo
inicialmente competente para o processamento do feito.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Vale mencionar julgado da 5ª Turma do STJ sobre o assunto:

Processual penal. Habeas corpus. Tráfico de substâncias entorpecentes. Interceptações


telefônicas. Excesso de prazo. Decretação por juiz incompetente. Ausência de funda-
mentação. Nulidades não verificadas. Ausência de atuação do Ministério Público Fede-
ral como fiscal das interceptações telefônicas. Preclusão. I – Não se verifica a nuli-
dade de interceptações telefônicas decretadas por Juízo Estadual, que posteriormente
declinou a competência para o Juízo Federal, se, no início das investigações não havia
elementos suficientes que permitissem concluir pela internacionalidade do tráfico de
substâncias entorpecentes (precedentes). II – Não se verifica, in casu, a deficiência da
fundamentação da decisão que decretou as interceptações telefônicas, pois esta aten-
deu à fundamentação da representação da autoridade policial, que expôs de forma
suficiente a necessidade da medida cautelar. III – “A jurisprudência do Supremo Tribu-
nal Federal consolidou o entendimento segundo o qual as interceptações telefônicas
podem ser prorrogadas desde que devidamente fundamentadas pelo juízo competente
quanto à necessidade para o prosseguimento das investigações” (STF, RHC n. 88371/
SP, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 2/2/2007). IV – Encontra-se preclusa a
questão referente à ausência de fiscalização pelo Ministério Público Federal das inter-
ceptações telefônicas, tendo em vista que a tese não foi suscitada em momento opor-
tuno. Writ parcialmente conhecido e, nesta parte, denegado. (HC n. 129064/RJ, Relator
Felix Fischer, 5ª Turma, julg. em 21/5/2009) (Grifei).

Em 2014, a 5ª Turma do STJ decidiu:

“DIREITO PROCESSUAL PENAL. LEGALIDADE DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA DEFE-


RIDA POR JUÍZO DIVERSO DAQUELE COMPETENTE PARA JULGAR A AÇÃO PRINCIPAL.
A sentença de pronúncia pode ser fundamentada em indícios de autoria surgidos, de
forma fortuita, durante a investigação de outros crimes no decorrer de interceptação
telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento da ação
principal. Nessa situação, não há que se falar em incompetência do Juízo que autorizou
a interceptação telefônica, tendo em vista que se trata de hipótese de encontro fortuito

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

de provas. Além disso, a regra prevista no art. 1º da Lei n. 9.296/1996, de acordo com a
qual a interceptação telefônica dependerá de ordem do juiz competente da ação princi-
pal, deve ser interpretada com ponderação, não havendo ilegalidade no deferimento da
medida por Juízo diverso daquele que vier a julgar a ação principal, sobretudo quando
autorizada ainda no curso da investigação criminal. Precedente citado: RHC 32.525-AP,
Sexta Turma, DJe 4/9/2013. REsp 1.355.432-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acór-
dão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/8/2014”.

Vale a pena citar julgado da 2ª Turma do STF acerca do assunto, em que se menciona a
Teoria do Juízo Aparente:

“Interceptações telefônicas e teoria do juízo aparente - 1


Ao admitir a ratificação de provas — interceptações telefônicas — colhidas por juízo
aparentemente competente à época dos fatos, a 2ª Turma, por maioria, denegou habeas
corpus impetrado em favor de vereador que supostamente teria atuado em conluio com
terceiros para obtenção de vantagem indevida mediante a manipulação de procedimen-
tos de concessão de benefícios previdenciários, principalmente de auxílio- doença. Na
espécie, a denúncia fora recebida por juiz federal de piso que decretara as prisões e as
quebras de sigilo. Em seguida, declinara da competência para o TRF da 2ª Região, con-
siderado o art. 161, IV, d-3, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, bem como o
julgamento do RE 464935/RJ (DJe de 27.6.2008), pelo qual se reconhecera que os vere-
adores fluminenses deveriam ser julgados pela segunda instância, em razão de prerro-
gativa de função. Por sua vez, o TRF da 2ª Região entendera que a competência para
processar e julgar vereadores seria da primeira instância, ao fundamento de que a justiça
federal seria subordinada à Constituição Federal (art. 109) e não às constituições esta-
duais. Alegava-se que o magistrado federal não teria competência para as investiga-
ções e para julgamento da ação penal, uma vez que vereadores figurariam no inquérito.
(...)
Asseverou-se que o precedente mencionado não se aplicaria à espécie, porquanto
aquela ação penal tramitara na justiça estadual e não na federal. Destacou-se que,
à época dos fatos, o tema relativo à prerrogativa de foro dos vereadores do Município

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

do Rio de Janeiro seria bastante controvertido, mormente porque, em 28.5.2007, o Tri-


bunal de Justiça local havia declarado a inconstitucionalidade do art.  161, IV, d-3, da
Constituição estadual. Observou-se que, embora essa decisão não tivesse eficácia erga
omnes, seria paradigma para seus membros e juízes de primeira instância. Nesse con-
texto, obtemperou-se não ser razoável a anulação de provas determinadas pelo juízo
federal de primeira instância. Aduziu-se que, quanto à celeuma acerca da determina-
ção da quebra de sigilo pelo juízo federal posteriormente declarado incompetente — em
razão de se identificar a atuação de organização criminosa, a ensejar a remessa do feito
à vara especializada —, aplicar-se-ia a teoria do juízo aparente. Vencido o Min. Celso de
Mello, que concedia a ordem. Ressaltava que, embora a jurisprudência do STF acolhesse
a mencionada teoria, essa apenas seria invocável se, no momento em que tivessem sido
decretadas as medidas de caráter probatório, a autoridade judiciária não tivesse condi-
ções de saber que a investigação fora instaurada em relação a alguém investido de prer-
rogativa de foro. Pontuava que o juízo federal, ao deferir as interceptações, deixara claro
conhecer o envolvimento, naquela investigação penal, de três vereadores, dois dos quais
do Rio de Janeiro, cuja Constituição outorgava a prerrogativa de foro perante o Tribunal
de Justiça. Frisava que a decisão que decretara a medida de índole probatória fora ema-
nada por autoridade incompetente. Após, cassou-se a liminar anteriormente deferida.
HC 110496/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 9.4.2013. (HC-110496)”

O N. Juiz Federal Paulo Baltazar (2007, p. 5) diz que:

A verificação posterior de incompetência não vicia a prova determinada pelo juiz que,
conforme os dados conhecidos no momento da decisão, seria competente, conforme
decidido pelo STF, nos seguintes termos: “IV. Interceptação telefônica: exigência de auto-
rização do ‘juiz competente da ação principal’ (L. n. 9.296/1996, art. 1º): inteligência. 1.
Se se cuida de obter a autorização para a interceptação telefônica no curso de processo
penal, não suscita dúvidas a regra de competência do art.  1º da L. n.  9.296/1996: só
ao juiz da ação penal condenatória – e que dirige toda a instrução –, caberá deferir a
medida cautelar incidente. 2. Quando, no entanto, a interceptação telefônica constituir
medida cautelar preventiva, ainda no curso das investigações criminais, a mesma norma

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

de competência há de ser entendida e aplicada com temperamentos, para não resultar


em absurdos patentes: aí, o  ponto de partida à determinação da competência para a
ordem judicial de interceptação – não podendo ser o fato imputado, que só a denúncia,
eventual e futura, precisará –, haverá de ser o fato suspeitado, objeto dos procedimen-
tos investigatórios em curso. 3. Não induz à ilicitude da prova resultante da intercep-
tação telefônica que a autorização provenha de Juiz Federal – aparentemente compe-
tente, à vista do objeto das investigações policiais em curso, ao tempo da decisão – que,
posteriormente, se haja declarado incompetente, à vista do andamento delas. (STF, HC
n. 81.260/ES, Sepúlveda Pertence, Pl., un., 19/4/2002)

Assim, a interceptação telefônica será deferida pelo juiz quando houver indícios razoáveis
da autoria ou participação em crime punido com reclusão, cuja prova não possa ser feita por
outros meios disponíveis que não a medida em estudo.
Quando a prova não puder ser feita por outro meio dando cumprimento ao requisito da
necessidade na aplicação do preceito da proporcionalidade, a lei determina, no inciso II do
art. 2º, a vedação da interceptação quando: “a prova puder ser feita por outros meios dispo-
níveis”. Com efeito, sendo técnica de investigação violadora do direito fundamental ao sigilo
das comunicações, não deve ser banalizada, mas sim resguardada aos casos em que a prova
não seja possível por outra via.
Você deve memorizar que a interceptação telefônica só será deferida quando não houver
outros meios de prova disponíveis à época na qual a medida invasiva foi requerida, sendo
ônus da defesa demonstrar violação ao disposto no art. 2º, inciso II, da Lei n. 9. 296/1996.
É possível interceptação em crimes punidos com pena de detenção?
Não é possível a interceptação telefônica em crime punido com pena privativa de liberda-
de de detenção, salvo se tal delito for conexo com outro punido com reclusão. Ainda assim,
a  interceptação será deferida pelo magistrado com base na necessidade demonstrada em
evidências de delito punido com reclusão, sendo a investigação de eventual delito punido com
detenção mero desdobramento (serendipidade).
Guilherme de Souza Nucci (2009, p. 6) nos ensina:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Não se permite a interceptação telefônica quando o crime for apenado com detenção. A doutrina
brasileira, em várias situações, critica tal cercea­mento, inclusive apontando um dos delitos em
que a utilização do telefone é bastante comum, sendo apenado com detenção, que é ameaça.
A jurisprudência, no entanto, tem procurado amenizar tal postura legal, afirmando que as infrações
penais apenadas com detenção comportam interceptação, desde que sejam conexas aos crimes
cuja pena seja de reclusão.

No julgamento do HC n. 83.515/RS, Rel. Min. Nelson Jobim, julg. em 16/9/2004, Tribunal


Pleno, decidiu o STF:

Habeas corpus. Interceptação telefônica. Prazo de validade. Alegação de existência de


outro meio de investigação. Falta de transcrição de conversas interceptadas nos relató-
rios apresentados ao juiz. Ausência de ciência do Ministério Público acerca dos pedidos
de prorrogação. Apuração de crime punido com pena de detenção. 1. É possível a prorro-
gação do prazo de autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessivas,
especialmente quando o fato é complexo a exigir investigação diferenciada e contínua.
Não configuração de desrespeito ao art. 5º, caput, da L. n. 9.296/1996. 2. A intercepta-
ção telefônica foi decretada após longa e minuciosa apuração dos fatos por CPI esta-
dual, na qual houve coleta de documentos, oitiva de testemunhas e audiências, além
do procedimento investigatório normal da polícia. Ademais, a  interceptação telefônica
é perfeitamente viável sempre que somente por meio dela se puder investigar determi-
nados fatos ou circunstâncias que envolverem os denunciados. 3. Para fundamentar o
pedido de interceptação, a  lei apenas exige relatório circunstanciado da polícia com a
explicação das conversas e da necessidade da continuação das investigações. Não é
exigida a transcrição total dessas conversas o que, em alguns casos, poderia prejudi-
car a celeridade da investigação e a obtenção das provas necessárias (art. 6º, § 2º, da L.
n. 9.296/1996). 4. Na linha do art. 6º, caput, da L. n. 9.296/1996, a obrigação de cientificar
o Ministério Público das diligências efetuadas é prioritariamente da polícia. O argumento
da falta de ciência do MP é superado pelo fato de que a denúncia não sugere surpresa,
novidade ou desconhecimento do procurador, mas sim envolvimento próximo com as
investigações e conhecimento pleno das providências tomadas. 5. Uma vez realizada
a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as  informações e
provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis
com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos penais que justificaram
a interceptação. Do contrário, a interpretação do art. 2º, III, da L. n. 9.296/1996 levaria
ao absurdo de concluir pela impossibilidade de interceptação para investigar crimes

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes punidos com detenção.
Habeas corpus indeferido. (Grifei)

A 5ª Turma do STJ decidiu:

XII – Se, no curso da escuta telefônica – deferida para a apuração de delitos punidos
exclusivamente com reclusão – são descobertos outros crimes conexos com aqueles,
punidos com detenção, não há porque excluí‑los da denúncia, diante da possibilidade
de existirem outras provas hábeis a embasar eventual condenação. XIII. Não se pode
aceitar a precipitada exclusão desses crimes, pois cabe ao Juiz da causa, ao prolatar a
sentença, avaliar a existência dessas provas e decidir sobre condenação, se for o caso,
sob pena de configurar‑se uma absolvição sumária do acusado, sem motivação para
tanto. (STJ, RHC n. 13.274/RS, Gilson Dipp, 5ª T., un., 19/8/2003)

A título de exemplo, se durante a investigação de tráfico de drogas (crime punido com


reclusão), ocorrer a captação da conversa telefônica entre um traficante e um usuário, e o
primeiro, por conta de “dívidas” contraídas pelo segundo, acabar ameaçando‑o de morte
(ameaça – crime punido com detenção), a prova produzida a partir da interceptação telefô-
nica poderá ser utilizada no processo penal, uma vez que os delitos são conexos.
Deve ser descrita com clareza a situação objeto de investigação, inclusive com a quali-
ficação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, justificada.
Por fim, você deverá memorizar que o STJ entende que é legítima a prova obtida por
meio de interceptação telefônica para apuração de delito punido com detenção, se conexo
com outro crime apenado com reclusão.

Requisitos

No que tange aos requisitos para a concessão da interceptação, assim dispõe o Juiz
Federal Paulo Baltazar (2007, p. 5):

Além da limitação, a  investigação criminal ou instrução processual penal que limita


o objeto da interceptação, com alguma relativização, como se verá abaixo, estão

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

descritos no art. 2º os requisitos da interceptação, de modo que o requerimento deverá


conter:
a) descrição da situação objeto da investigação (art. 2º, parágrafo único);
b) a qualificação do investigado, salvo impossibilidade justificada (art. 2º, parágrafo
único);
c) a demonstração de que a interceptação é necessária à apuração da infração penal
e de que não há outros meios disponíveis (art. 4º, caput, primeira parte, c/c art. 2º, II);
d) indicação dos meios a serem empregados na interceptação (art. 4º, caput, segunda
parte), da forma de execução (art.  5º) e, se for o caso, serão requisitados serviços
públicos (art. 7º) e serão feitas a gravação e a transcrição da comunicação telefônica
(art. 6º, § 1º).

A Quinta Turma do STJ no julgamento do HC n. 131.836 decidiu que a interceptação


telefônica pode ficar a cargo de órgão que não seja da polícia, senão vejamos notícia
extraída do sítio do STJ:

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou legais escutas


telefônicas realizadas, com ordem judicial, pela Coordenadoria de Inteligência do
Sistema Penitenciário (Cispen), órgão da Secretaria de Administração Penitenciária
do Estado do Rio de Janeiro. Em consequência, a Turma negou habeas corpus em
favor de um contador réu da Operação Propina S/A, a  qual investigou um grande
esquema de crimes tributários naquele estado.
O contador e mais 45 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por
crimes contra a ordem tributária, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro.
O escândalo veio à tona em 2007, ao final de investigações baseadas em escutas
telefônicas. Segundo a acusação, uma quadrilha de fiscais, empresários, contado-
res e outras pessoas teria lesado a fazenda pública do Rio em cerca de R$ 1 bilhão.
Os fiscais receberiam propina para acobertar irregularidades fiscais cometidas por
várias empresas.
No STJ, o pedido de habeas corpus sustentou que a Cispen não teria atribuição para
fazer as escutas telefônicas. Segundo a defesa do contador, a lei que regulamenta

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

essas interceptações exige que o procedimento seja conduzido pela polícia judici-
ária, o que tornaria ilegal a escuta feita por qualquer outro órgão da administração
pública.
Em seu art. 6º, a Lei n. 9.296/1996 diz que, após a concessão da ordem judicial para
a escuta,
a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência
ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
Para o ministro Jorge Mussi, relator do habeas corpus, esse dispositivo da lei não
pode ser interpretado de forma muito restritiva, sob pena de se inviabilizarem inves-
tigações criminais que dependam de interceptações telefônicas. “O legislador não
teria como antever, diante das diferentes realidades encontradas nas unidades da
federação, quais órgãos ou unidades administrativas teriam a estrutura necessária,
ou mesmo as maiores e melhores condições para proceder à medida”, disse o rela-
tor.
O ministro lembrou que o art. 7º da lei permite à autoridade policial requisitar ser-
viços e técnicos especializados das concessionárias de telefonia para realizar a
interceptação, portanto não haveria razão para que esse auxílio não pudesse ser
prestado por órgãos da própria administração pública. Ele comentou ainda que, no
caso, embora a Cispen tenha centralizado as operações de escuta, houve participa-
ção de delegado de polícia nas diligências.
Com o habeas corpus, o  contador pretendia retirar do processo as informações
obtidas a partir das escutas telefônicas e também de operações de busca e apreen-
são realizadas por policiais militares, pois seriam provas ilícitas. O resultado seria
a cassação do despacho judicial que recebeu a denúncia criminal contra ele. No
entanto, a  Quinta Turma, seguindo por maioria o voto do relator, negou o habeas
corpus.
Quanto às apreensões feitas na residência do contador, a defesa alegou que a polí-
cia militar não teria competência para isso. O relator, porém, lembrou que a jurispru-
dência do Supremo Tribunal Federal (STF) considera legais as buscas e apreensões
efetivadas por policiais militares.

No HC 96986/MG, a 2ª Turma do STF, decidiu que a polícia militar pode conduzir os
procedimentos de interceptação telefônica, em situações excepcionais, como no caso
concreto, em que policiais civis estavam envolvidos em ilícitos penais:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

“Polícia militar e execução de interceptação telefônica - 1


A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava nulidade de intercepta-
ção telefônica realizada pela polícia militar em suposta ofensa ao art. 6º da Lei n.
9.296/96 (“Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de
interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
realização”). Na espécie, diante de ofício da polícia militar, dando conta de suposta
prática dos crimes de rufianismo, manutenção de casa de prostituição e submis-
são de menor à exploração sexual, a  promotoria de justiça requerera autorização
para interceptação telefônica e filmagens da área externa do estabelecimento da
paciente, o que fora deferida pelo juízo.
(...)
Asseverou-se que o texto constitucional autorizaria interceptação telefônica para fins
de investigação criminal ou de instrução processual penal, por ordem judicial, nas hipó-
teses e na forma da lei (CF, art. 5º, XII). Sublinhou-se que seria típica reserva legal qua-
lificada, na qual a autorização para intervenção legal estaria submetida à condição de
destinar-se à investigação criminal ou à instrução processual penal. Reconheceu-se a
possibilidade excepcional de a polícia militar, mediante autorização judicial, sob super-
visão do parquet, efetuar a mera execução das interceptações, na circunstância de haver
singularidades que justificassem esse deslocamento, especialmente quando, como no
caso, houvesse suspeita de envolvimento de autoridades policias da delegacia local.
Consignou-se não haver ilicitude, já que a execução da medida não seria exclusiva de
autoridade policial, pois a própria lei autorizaria o uso de serviços e técnicos das con-
cessionárias (Lei n. 9.296/96, art. 7º) e que, além de sujeitar-se a ao controle judicial
durante a execução, tratar-se-ia apenas de meio de obtenção da prova (instrumento),
com ela não se confundindo. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15.5.2012. (HC-
96986)”.

Ouso discordar do entendimento exposto, uma vez que não é atribuição da Polícia Militar
a investigação de crimes de competência das Justiças Estadual ou Federal, mesmo quando
existirem indícios de participação de policiais civis ou federais em infrações penais. Caberá
à Corregedoria de Polícia de cada instituição a investigação de ilícitos cometidos por seus
membros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Mas você deverá memorizar tal julgado, uma vez que ele já foi cobrado em provas de con-
cursos públicos.
Aliás, você vai memorizar que o STJ entende que o art. 6º da Lei n. 9.296/1996 não res-
tringe à polícia civil a atribuição para a execução de interceptação telefônica ordenada judi-
cialmente.
Para os procedimentos de interceptação telefônica, a autoridade policial poderá requisitar
serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço público.
A Lei de Interceptação Telefônica, em seu art.  6º, §  1º, diz que no caso de a diligência
possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determinada a sua transcrição.
Cumpre ressaltar que não é necessário transcrever o conteúdo das conversas captadas a
cada pedido de renovação de interceptação telefônica.
Cumprida a diligência, a  autoridade policial encaminhará o resultado da intercep-
tação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das
operações realizadas.
O STJ manifestou-se acerca da possibilidade de acesso da defesa aos arquivos de
áudio, vejamos:

ESCUTA TELEFÔNICA. ACESSO.


Trata-se de habeas corpus impetrado pela defesa da paciente para ter acesso aos
arquivos de áudio, com fornecimento de senhas, a fim de que possa fazer o cotejo
analítico do que fora transcrito nos autos e o conteúdo das escutas telefônicas rea-
lizadas pela autoridade policial. No caso dos autos, a paciente e mais sete pessoas
foram denunciadas pelo MP como incursas nas sanções do arts.  33, caput, e  35,
ambos da Lei n. 11.343/2006, na forma do art. 69, caput, do CP. Para o Min. Rela-
tor, apresenta-se ilegal o ato que, por fim, indeferiu o requerimento da defesa de ter
acesso ao inteiro teor das escritas telefônicas, até porque, segundo o art. 9º da Lei
n.  9.296/1996, a  gravação que não interessa à prova será inutilizada por decisão
judicial. Observa, ainda, que, assim como se impõe a juntada de parte da degrava-
ção (§ 2º do art. 6º da citada lei), deveria impor-se a degravação de todo o conteúdo.
Expõe que, na espécie, a defesa viu-se tolhida diante do indeferimento do acesso às

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

escutas telefônicas, o que se equipara à violação do princípio da ampla defesa, pois


não se pode esquecer a inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas é a
regra (inciso XII do art. 5º da CF/1988) e a violabilidade, a exceção. Assim, ao inte-
ressado assiste o direito líquido e certo de amplo conhecimento do inteiro teor da
interceptação telefônica. Com esse entendimento, a Turma concedeu a ordem para
assegurar à defesa da paciente o acesso à escuta/quebra do sigilo telefônico, anu-
lando o processo e, por outro lado, garantiu a liberdade provisória mediante termo
de comparecimento aos atos do processo. Precedentes citados: HC n. 92.397-SP, 6ª
Turma, DJ 18/12/2007; APn 464-RS, C. Esp., DJ 15/10/2007. HC n. 150.892-RS, Rel.
Min. Nilson Naves, 6ª Turma, julgado em 2/3/2010.

O STF no AI n. 685.878 AgR/RJ Rel.Min. Ricardo Lewandowski, Julg. em 5/5/2009, 1ª Tur-


ma, decidiu:

Ementa: Processual penal. Agravo de instrumento. Cerceamento de defesa. Indeferi-


mento de diligência probatória. Ofensa reflexa. Interceptações telefônicas judicialmente
autorizadas. Degravação integral. Desnecessidade. Agravo improvido. I – Este Tribunal
tem decidido no sentido de que o indeferimento de diligência probatória, tida por desne-
cessária pelo juízo a quo, não viola os princípios do contraditório e da ampla defesa. Pre-
cedentes. II – No julgamento do HC n. 91.207-MC/RJ, Rel. para o acórdão Min. Cármen
Lúcia, esta Corte assentou ser desnecessária a juntada do conteúdo integral das degra-
vações das escutas telefônicas, sendo bastante que se tenham degravados os excertos
necessários ao embasamento da denúncia oferecida. III – Impossibilidade de reexame
do conjunto fático probatório. Súmula n. 279 do STF. IV – Agravo regimental improvido.

Sobre o assunto, o Plenário do STF se manifestou no ano de 2014:

“Interceptação telefônica e transcrição integral - 1


Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possi-
bilitado ao investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como dis-
ponibilizada a totalidade do material que, direta e indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

do poder do magistrado em determinar a transcrição da integralidade ou de partes do


áudio. Essa a conclusão do Plenário que, por maioria, rejeitou preliminar de cerceamento
de defesa pela ausência de transcrição integral das interceptações telefônicas realiza-
das. O Tribunal reafirmou que a concessão de acesso às gravações afastaria a referida
alegação, porquanto, na espécie, os dados essenciais à defesa teriam sido fornecidos.
Ademais, destacou que se estaria em fase de inquérito, no qual a denúncia poderia ser
recebida com base em prova indiciária. O  Ministro Ricardo Lewandowski salientou a
necessidade de o STF estabelecer diretrizes em relação à quebra de sigilo telefônico e
de dados. Observou, ainda, que nem sempre seria viável, do ponto de vista pragmático,
colocar, desde logo, à disposição da defesa todos os dados colhidos e ainda sigilosos.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello, que acolhiam a preliminar para
que o julgamento fosse convertido em diligência, a fim de que ocorresse a degravação
da íntegra dos diálogos. O Ministro Marco Aurélio realçava a utilização de dados que,
de início, somente serviriam a uma das partes do processo, a saber, o Estado-acusador.
Além disso, consignava que a Lei n. 9.296/1996 preconiza a degravação das conversas
e a realização de audiência pública para eliminar o que não diria respeito ao objeto da
investigação. O Ministro Celso de Mello, em acréscimo, mencionou o postulado da comu-
nhão da prova, a qual não pertenceria a qualquer dos sujeitos processuais, mas se incor-
poraria ao processo. Afirmava, também, a imprescindibilidade de acesso ao conteúdo
integral dos diálogos, para que fosse efetivado o direito à prova. A Corte repeliu, outros-
sim, a assertiva de inexistência de autorização judicial para a quebra de sigilo. Aduziu
não haver demonstração de que a interceptação tivesse sido efetuada de modo irregular.
(...)
No mérito, por votação majoritária, o Colegiado julgou improcedente a acusação formu-
lada em desfavor de deputado federal pela suposta prática do crime de corrupção eleito-
ral ativa (Código Eleitoral: “Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou
para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para
conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”). A acusação sus-
tentava que o parlamentar teria solicitado a representantes estaduais da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente - Sema e da Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama a aprovação indevida de planos
de manejo ambiental de terceiros com o objetivo de angariar votos na eleição de 2010,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

quando concorria ao cargo de deputado federal. O Plenário reputou que a conduta impu-
tada ao denunciado não se enquadraria ao tipo penal em questão, o qual exigiria dolo
específico, consistente na obtenção de voto ou na promessa de abstenção. Asseverou
que dos diálogos contidos na denúncia não se depreenderia a entrega, o oferecimento ou
a promessa de vantagem para a obtenção de votos. A Corte ressaltou que o delito de cor-
rupção eleitoral ativa se consumaria com a promessa, doação ou oferecimento de bem,
dinheiro ou qualquer outra vantagem a eleitores com o propósito de obter voto ou de con-
seguir abstenção. Entendeu, por outro lado, que a eventual intermediação do parlamentar
estaria mais ligada à obtenção de apoio político, visando o êxito de sua candidatura. Ven-
cidos os Ministros Roberto Barroso e Marco Aurélio, que recebiam a denúncia. O Ministro
Roberto Barroso assentava que o especial fim de agir de obtenção da promessa de voto
fora descrito e haveria amparo em elementos de informação, os quais deveriam ser afe-
ridos somente após a instrução processual. Considerava ter havido a descrição de ofe-
recimento de vantagem para a obtenção de voto, mesmo ausente referência na denúncia
à abordagem direta a eleitor, haja vista que os beneficiários dessa vantagem oferecida
seriam os eleitores identificados nos processos administrativos. O Ministro Marco Auré-
lio vislumbrava a ocorrência de indícios de prática enquadrável penalmente, quer consi-
derado o art. 321 do CP (advocacia administrativa), quer o art. 299 do Código Eleitoral.
Inq 3693/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.4.2014. (Inq-3693)”.

Sugiro que você leia e releia o julgado acima uma vez que ele foi cobrado na primeira fase
da prova de Promotor de Justiça do Estado de Goiás.
Interessante ressaltar que no ano de 2013, num feito de Competência Originária, o STF
determinou o acesso integral às degravações das interceptações feitas3:

“Degravação requerida por defesa de deputado deve ser integral, decide STF


O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, por maioria de votos, a decisão do minis-
tro Marco Aurélio que garantiu ao deputado federal Sebastião Bala Rocha (PDT-AP) o
direito à degravação integral das interceptações telefônicas feitas no âmbito da Ação
Penal (AP) 508, a que responde pela suposta prática de crimes de corrupção e formação

3
Conforme site www.stf.jus.br, acesso em em 07 de fevereiro de 2013,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

de quadrilha. O processo tem origem na investigação de obras de construção e reforma


do Hospital Especialidades, em Macapá (AP), e do Terminal Rodoviário de Laranjal do
Jari (AP).
A maioria dos ministros da Corte acompanhou o voto do ministro Marco Aurélio, que
negou provimento a agravo regimental apresentado pelo Ministério Público Federal
(MPF), que questionou a decisão que determinou que fosse feita a degravação integral.
Segundo o ministro, a formalidade é essencial à validação da interceptação telefônica
como prova, e a Lei n. 9.296/96, que regulamenta a interceptação telefônica, determina
que sempre em que houver a gravação da comunicação, será determinada sua transcri-
ção.
No caso concreto, observou o ministro Marco Aurélio em seu voto, a formalidade não
foi observada, constando em parte do processo apenas trechos de diálogos, obtidos em
dias e horários diversos, não havendo a transcrição integral de nenhum debate ou con-
versa envolvendo o réu e os demais envolvidos.
Operação Furacão
O ministro Marco Aurélio sustentou que o precedente do STF em relação à Operação
Furacão, o  Inquérito (Inq) 2424, em que não foi concedida a transcrição integral das
interceptações, mas concedido o acesso apenas a versão em áudio, foi uma exceção.
“Lembro que no precedente da Operação Furacão não se observou o prazo referente
à interceptação e foram obtidos mais de 40 mil horas de gravação. O Tribunal, diante
dessa peculiaridade, determinou a entrega da mídia. Mas penso que esse não é caso
concreto”, esclareceu.
A posição do ministro Marco Aurélio foi acompanhada pelos ministros Cármen Lúcia,
Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa (presidente).
Divergência
Abriu divergência no caso o ministro Teori Zavascki, com base em jurisprudência do
Plenário. Segundo o ministro, a  degravação deve alcançar as partes que interessam
ao processo, sem a necessidade de degravar aquilo que não interessa, sem prejuízo
de acesso das partes à versão em áudio das interceptações. “Nada impede que se dê
acesso amplo, aos interessados, da totalidade da mídia”, afirmou. Seguiram a mesma
posição os ministros Rosa Weber, Luiz Fux e Gilmar Mendes”.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Você deve memorizar que o STJ entende que é desnecessária a realização de perícia para
a identificação de voz captada nas interceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida
plausível que justifique a medida.
Dispõe o artigo 8º da Lei n. 9296/96:

Art. 8º A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apar-


tados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo
das diligências, gravações e transcrições respectivas.

A juntada das transcrições somente poderá ser realizada imediatamente antes do relató-
rio da autoridade, quando se tratar de inquérito policial ou na conclusão do processo ao juiz.
Você deve memorizar que o STJ entende que não há necessidade de degravação dos diá-
logos objeto de interceptação telefônica, em sua integralidade, visto que a Lei n. 9.296/1996
não faz qualquer exigência nesse sentido.
Você deve memorizar também que o STJ entende que em razão da ausência de previsão
na Lei n. 9.296/1996, é desnecessário que as degravações das escutas sejam feitas por pe-
ritos oficiais.

Prazo de Duração da Interceptação Telefônica


O artigo 5º da Lei em estudo preconiza:

Art. 5º A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execu-
ção da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Segundo o STF, conforme o julgamento do RHC n. 88.371/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar
Mendes, são admitidas prorrogações contínuas da interceptação telefônica quando o fato for
complexo, senão vejamos:

Ementa: Recurso Ordinário em Habeas Corpus. 1. Crimes previstos nos arts. 12, caput,
c/c o 18, II, da Lei n. 6.368/1976. 2. Alegações: a) ilegalidade no deferimento da auto-
rização da interceptação por 30 dias consecutivos; e b) nulidade das provas, conta-
minadas pela escuta deferida por 30 dias consecutivos. 3. No caso concreto, a  inter-
ceptação telefônica foi autorizada pela autoridade judiciária, com observância das

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

exigências de fundamentação previstas no art. 5º da Lei n. 9.296/1996. Ocorre, porém,


que o prazo determinado pela autoridade judicial foi superior ao estabelecido nesse
dispositivo, a saber: 15 (quinze) dias. 4. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
consolidou o entendimento segundo o qual as interceptações telefônicas podem ser
prorrogadas desde que devidamente fundamentadas pelo juízo competente quanto à
necessidade para o prosseguimento das investigações. Precedentes: HC n. 83.515/RS,
Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ de 4/3/2005; e HC n. 84.301/SP, Rel. Min. Joa-
quim Barbosa, 2ª Turma, unanimidade, DJ de 24/3/2006. 5. Ainda que fosse reconhecida
a ilicitude das provas, os elementos colhidos nas primeiras interceptações telefônicas
realizadas foram válidos e, em conjunto com os demais dados colhidos dos autos, foram
suficientes para lastrear a persecução penal. Na origem, apontaram‑se outros elemen-
tos que não somente a interceptação telefônica havida no período indicado que respal-
daram a denúncia, a saber: a materialidade delitiva foi associada ao fato da apreensão
da substância entorpecente; e a apreensão das substâncias e a prisão em flagrante dos
acusados foram devidamente acompanhadas por testemunhas. 6. Recurso desprovido.

E também no julgamento do RHC n.  85.575/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julg. em
28/3/2006, 2ª Turma,

Ementa: recurso em habeas corpus. Interceptação telefônica. Prazo de validade. Pror-


rogação. Possibilidade. Persistindo os pressupostos que conduziram à decretação da
interceptação telefônica, não há obstáculos para sucessivas prorrogações, desde que
devidamente fundamentadas, nem ficam maculadas como ilícitas as provas derivadas
da interceptação. Precedente. Recurso a que se nega provimento.

O nobre Professor Paulo Baltazar (2007, p. 5) leciona:

No mesmo sentido o STJ, afirmando que: “A interceptação telefônica deve perdurar pelo
tempo necessário à completa investigação dos fatos delituosos. O prazo de duração da
interceptação deve ser avaliado pelo Juiz da causa, considerando os relatórios apresen-
tados pela Polícia.” (STJ, RHC n. 13.274/RS, Gilson Dipp, 5ª T., un., 19/8/2003).

Você deve memorizar que é admissível a utilização da técnica de fundamentação per rela-
tionem para a prorrogação de interceptação telefônica quando mantidos os pressupostos que
autorizaram a decretação da medida originária.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Entende-se per relationem a técnica de fundamentação por meio da qual se faz remissão


ou referência às alegações de uma das partes, a precedente ou a decisão anterior nos autos
do mesmo processo.
O STJ decidiu que é ilícita a prova obtida em interceptação telefônica que durar 2 anos,
conforme foi noticiado no Informativo n. 367 do STJ:

Trata‑se de habeas corpus em que se pugna pela nulidade ab initio do processo penal,
visto que sua instauração deu‑se com base em provas ilícitas, ou seja, decorrentes de
interceptação telefônica cuja autorização foi sucessivamente renovada e os investiga-
dos, ora pacientes, foram assim monitorados por um prazo superior a dois anos. A Turma
entendeu que, no caso, houve sim violação do princípio da razoabilidade, uma vez que
a Lei n. 9.296/1996, no seu art. 5º, prevê o prazo de 15 dias para a interceptação tele-
fônica, renovável por mais 15, caso seja comprovada a indispensabilidade desse meio
de prova. Assim, mesmo que fosse o caso de não haver explícita ou implícita violação
desse dispositivo legal, não é razoável que a referida interceptação seja prorrogada por
tanto tempo, isto é, por mais de dois anos. Ressaltou‑se que, no caso da referida lei,
embora não esteja clara a hipótese de ilimitadas prorrogações, cabe ao juiz interpretar
tal possibilidade. Contudo, dada a natureza da norma que alude à restrição da liberdade,
o que está ali previsto é uma exceção à regra. Se o texto legal parece estar indetermi-
nado ou dúbio, cabe a esta Corte dar à norma interpretação estrita, face a sua natureza
limitadora do direito à intimidade, de modo a atender ao verdadeiro espírito da lei. Com
isso, concedeu‑se a ordem de habeas corpus a fim de reputar ilícita a prova resultante
de tantos dias de interceptações telefônicas e, consequentemente, declarar nulos os
atos processuais pertinentes e retornar os autos ao juiz originário para determinações
de direito. HC n. 76.686-PR, Rel Min. Nilson Naves, 6ª Turma, julg. em 9/9/2008.

De outra parte, no HC n. 50.193/ES, 6ª Turma, o STJ havia decidido:

[...] 1. O prazo de 15 (quinze) dias estabelecido pelo art. 5º da Lei n. 9.296/1996 é rela-
tivo, podendo a interceptação telefônica ser prorrogada tantas vezes quantas forem
necessárias, mediante decisão devidamente fundamentada que demonstre a inequívoca
indispensabilidade da prova.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

2. No caso, é lícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica, realizada durante
6 (seis) meses, pois era providência necessária e foi devidamente autorizada.
3. Habeas corpus conhecido em parte, mas denegado. (Grifo nosso)

O STJ decidiu:

Interceptação Telefônica. Fundamentação. O habeas corpus buscava desentranhar dos


autos de inquérito gravações interceptadas do telefone pertencente ao paciente. Nesse
contexto, apesar de ainda não haver ação penal instaurada em seu desfavor, o que afas-
taria a suposta ameaça à sua liberdade de locomoção, a Turma, por maioria, entendeu
conhecer do writ e, por unanimidade, conceder a ordem, determinando o desentranha-
mento requerido. Isso porque o STJ entende que a eventual declinação de competên-
cia não tem o condão de invalidar a prova até então colhida. Assim, o fato de os autos
serem encaminhados ao STF em razão da prerrogativa de foro de alguns dos denun-
ciados não retira a competência do juiz de decretar a quebra do sigilo telefônico do
paciente, que não detinha tal prerrogativa. É certo que a competência jurisdicional, em
regra, deve ser firmada no local dos fatos tidos por delituosos (art. 69, I, do CPP), con-
tudo essa regra cai por terra diante da fixação da competência mediante prevenção, tal
como na hipótese (art. 83 do mesmo código). Já quanto à garantia de sigilo prevista no
art. 5º, XII, da CF/1988, seu afastamento deve pressupor o cumprimento cumulativo das
seguintes exigências: existirem indícios razoáveis da autoria ou participação na infra-
ção penal (art. 2º, I, da Lei n. 9.296/1996), haver decisão judicial fundamentada (art. 5º
da mesma legislação), renovável pelo prazo de quinze dias, e infração não punida com
detenção, além de não ser possível realizar a prova por outros meios. O fato de a inves-
tigação ser sigilosa em nada interfere na necessidade de a autoridade policial ter que
demonstrar ao juiz a existência dos referidos indícios. Assim, por violar os princípios
da razoabilidade, proporcionalidade e dignidade da pessoa humana, é inadmissível, no
caso, manter a prova colhida na interceptação, porque oriunda de injustificada quebra do
sigilo telefônico, que sequer qualificou o agente ou mesmo trouxe indícios razoáveis de
que seria o autor ou teria participado da infração penal (art. 2º, parágrafo único, da Lei
n. 9.296/1996), afora o constatado período excessivo durante o qual perdurou a quebra
(660 dias). Precedentes citados do STF: HC n. 81.260-ES, Pleno, DJ 19/4/2002; do STJ:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

HC n. 56.222-SP, 5ª Turma, DJ 7/2/2008, e RHC n. 19.789-RS, 5ª Turma, DJ 5/2/2007. HC


n. 88.825-GO, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, julgado em 15/10/2009.

No mesmo sentido:

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. DURAÇÃO.


Nos autos, devido à complexidade da organização criminosa, com muitos agentes
envolvidos, demonstra-se, em princípio, a necessidade dos diversos pedidos para pror-
rogação das interceptações telefônicas. Tal fato, segundo o Min. Relator, não caracteriza
nulidade, uma vez que não consta da Lei n. 9.296/1996 que a autorização para intercep-
tação telefônica possa ser prorrogada uma única vez; o que exige a lei é a demonstração
da sua necessidade. De igual modo, assevera que a duração da interceptação telefônica
deve ser proporcional à investigação efetuada. No caso dos autos, o prolongamento das
escutas ficou inteiramente justificado porquanto necessário à investigação. Com esse
entendimento, a Turma ao prosseguir o julgamento, denegou a ordem, pois não há o ale-
gado constrangimento ilegal descrito na inicial. Precedentes citados: HC n.13. 274-RJ,
5ª Turma, DJ 4/9/2000, e HC n. 110.644-RJ, 5ª Turma, DJe 18/5/2009. HC n. 133.037-
GO, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), 6ª Turma, julgado
em 2/3/2010.

Vale a pena mencionar recente decisão da 6ª Turma do STJ:

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. TERMO INICIAL.


A Lei n. 9.296/1996, que regula a quebra de sigilo das comunicações telefônicas, esta-
belece em 15 dias o prazo para duração da interceptação, porém não estipula termo
inicial para cumprimento da ordem judicial. No caso, a captação das comunicações via
telefone iniciou-se pouco mais de três meses após o deferimento, pois houve greve da
Polícia Federal no período, o que interrompeu as investigações. A Turma entendeu que
não pode haver delonga injustificada para o começo da efetiva interceptação e deve-se
atentar sempre para o princípio da proporcionalidade, mas, na hipótese, sendo a greve
evento que foge ao controle direto dos órgãos estatais, não houve violação do mencio-
nado princípio. Assim, a alegação de ilegalidade das provas produzidas, por terem sido

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

obtidas após o prazo de 15 dias, não tem fundamento, uma vez que o prazo é contado a
partir do dia em que se iniciou a escuta, e não da data da decisão judicial que a autori-
zou. Precedente citado: HC 135.771-PE, DJe 24/8/2011. HC 113.477-DF, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 20/3/2012.

Incidente de Inutilização da Prova


A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o in-
quérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Públi-
co ou da parte interessada.
O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a presen-
ça do acusado ou de seu representante legal.
A interceptação de conversa telefônica do suspeito com o seu advogado é proibida e se
vier a acontecer em razão de chamada de um ao outro, o caminho será a inutilização da prova,
aplicando‑se por analogia o art. 9º da Lei n. 9.296/1996.” (TRF 4, HC n. 200204010077786/
RS, Vladimir Freitas, 7ª. T., un., 4/6/2002). Porém o exercício da advocacia não constitui um
impedimento para utilização da prova produzida em interceptação telefônica, quando o advo-
gado concorrer para a prática da infração penal.
Você deve memorizar que o STJ entende que a garantia do sigilo das comunicações entre
advogado e cliente não confere imunidade para a prática de crimes no exercício da advocacia,
sendo lícita a colheita de provas em interceptação telefônica devidamente autorizada e moti-
vada pela autoridade judicial.

Crimes Previstos na Lei n. 9296/1996

O Pacote anticrime incluiu na Lei n. 9296/96 a chama interceptação ambiental.


Do mesmo modo que a interceptação telefônica, a ambiental é gênero da qual são espé-
cies interceptação ambiental em sentido estrito, escuta ambiental e gravação ambiental.
Originalmente, a interceptação ambiental estava prevista na revogada Lei n. 9034/95.
Posteriormente, Lei n. 12.850/13 revogou a antiga Lei de Combate ao Crime Organizado,
mas manteve como meio de investigação a interceptação ambiental.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Porém não havia dispositivo que regulamentasse o assunto.


O Pacote Anticrime acabou por disciplinar tal medida de investigação, que é um bom tema
para peça prática dos Concursos de Delegado de Polícia Civil e Federal.
Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento
da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagné-
ticos, ópticos ou acústicos, quando:
• a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
• houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações crimi-
nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais
conexas.

O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local e a forma de instalação do


dispositivo de captação ambiental.
A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 (quinze) dias, renovável por de-
cisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio de prova e
quando presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras previstas na legislação es-
pecífica para a interceptação telefônica e telemática.
A Nova Lei de Abuso de Autoridade alterou a redação do art. 10 da Lei n. 9296/96.
Configura crime punido com pena de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e  multa a
realização de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, pro-
moção de escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com
objetivos não autorizados em lei
Incorre na mesma pena a o Juiz que determina a execução de conduta de tais medidas
com objetivo não autorizado em lei.
Ocorre que o Pacote Anticrime inseriu a letra A no art. 10 da Lei em estudo, dispondo sobre
o mesmo assunto:

Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para in-
vestigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

O Pacote Anticrime diz que não há crime se a captação é realizada por um dos interlocuto-
res, no caso a gravação ambiental. O mesmo pode se inferir a respeito da gravação telefônica.
Interessante que no caso da prática do crime previsto no art.  10-A da Lei n. 9296/96,
a pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo
das investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações
enquanto mantido o sigilo judicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

RESUMO
Fundamento constitucional: Art. 5º XII, parte final, CF.
Interceptação Telefônica sem sentido amplo. Podemos falar em gênero, da qual são
espécies...
Interceptação telefônica em sentido estrito: é a captação da conversa entre dois ou mais
interlocutores, por um terceiro desconhecido, com a necessária autorização judicial do juiz
competente para a causa principal.
Há necessidade de autorização judicial.
A CF é de 88 e a lei que regula a interceptação telefônica é de 96. Neste período, a PF re-
alizou uma interceptação telefônica com base na Lei de Telecomunicações. Como não havia
a regulamentação no tempo da interceptação, o STF entendeu que a prova produzida a partir
de tal medida era ilícita e que as provas colhidas a partir dela, eram ilícitas por derivação, em
razão da Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada. Assim, o STF considerou ilícita a prova pro-
duzida em interceptação telefônica, mesmo com autorização judicial, porém antes de 1996.

 Obs.: constitui crime previsto no Art. 10 da lei 9296/96 a interceptação ilegal do fluxo de
comunicações telefônicas. (Mesmo violando direitos fundamentais, não se tatá de
crime hediondo) Fundamento: Não está no rol taxativo de crime previstos no art. 1º
da Lei dos Crimes Hediondos.

Escuta telefônica: é a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores, feita por
um terceiro, com o consentimento de um deles. É necessária a autorização judicial do juiz
competente. Não confundir com escuta ambiental.
Gravação Telefônica: é a captação da conversa por um dos interlocutores sem o conhe-
cimento do outro. A prova oriunda da gravação telefônica é válida, mesmo sem autorização
judicial, desde que o interlocutor esteja em legítima defesa. O STF entende que a prova produ-
zida na gravação telefônica é licita

Você não pode confundir interceptação telefônica com “quebra de sigilo telefônico”.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Atenção: é possível a interceptação do fluxo de comunicação de informática e telemática.


O STF declarou constitucional o parágrafo único do Art. 1º da lei 9296/96.
Legitimados:
• Autoridade Policial pode durante o inquérito;
• Ministério Público pode tanto durante o inquérito quanto durante o processo;
• Juiz pode decretar de ofício interceptação telefônica (Cuidado pois as alterações legis-
lativas homenagearam os Princípios da Inércia da Jurisdição e da Imparcialidade do
Juiz e extirparam do sistema processual penal a decretação de ofício das cautelares
pelo Juiz).

Requisitos:
• o Juiz que decretar a interceptação telefônica deve ser competente para julgar a ação
principal;
• a posterior declinação competência não torna ilícita a prova produzida na intercepta-
ção;
• crimes punidos com pena de detenção. É possível utilizar a prova produzida em inter-
ceptação telefônica para fundamentar denuncia por crime punido com pena detenção,
desde que conexo com crime punido com reclusão;
• quando não existirem outros meios de prova disponíveis;
• indícios de autoria ou participação na infração penal (suspeita).

Excepcionalmente, é admitido o pedido verbal de interceptação telefônica, que será redu-


zido a termo no caso de deferimento.
Uma vez deferido o pedido de interceptação telefônica, a polícia conduzirá o procedimen-
to de captação.
STF: é legitima a condução na interceptação telefônica pela PM, de maneira excepcional.
Obs. Quem requereu a interceptação telefônica foi o MP e a PM conduziu o procedimento,
pois policiais civis da cidade estavam envolvidos nos crimes investigados.
No pedido de interceptação telefônica devem estar demonstrados os meios de realização
da diligência.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Prazos de duração da interceptação: prazo previsto em Lei: 15 dias prorrogáveis por igual
período.
STF: É possível a prorrogação do prazo da interceptação telefônica de maneira sucessiva,
desde que o fato investigado seja complexo.
STJ: Considerou ilícita a prova produzida em interceptação telefônica que durou mais de
2 anos, por constituir uma devassa à intimidade da pessoa.
Termo inicial: contagem do prazo de duração da interceptação telefônica começa do dia
em que se inicia o procedimento de captação da conversa e não do dia em que o juiz autoriza.
Momento de destruição da gravação telefônica que não interessar a prova. Há necessida-
de de autorização judicial, mediante o requerimento das partes interessadas ou do MP.
Pode haver a destruição durante o inquérito policial, durante a instrução criminal ou após
a instrução criminal. Atenção: Não há necessidade do trânsito julgado da sentença.
Interceptação Ambiental: não confundir com interceptação telefônica.
Interceptação ambiental: é a captação dos sinais óticos, acústicos e eletromagnéticos da
conversa entre interlocutores, sem o conhecimento deles, por um terceiro que está no mesmo
ambiente em que se desenvolve o diálogo, ou não.
Gravação Ambiental é a captação dos sinais óticos, acústicos e eletromagnéticos da con-
versa entre interlocutores por um deles sem o conhecimento do outro.
Escuta Ambiental é a captação dos sinais óticos acústicos e eletromagnéticos da conver-
sa entre interlocutores por um terceiro que é conhecido de um deles.

Interceptação Ambiental Autorização Judicial


Gravação ambiental Não necessita de autorização judicial
Escuta Ambiental Autorização Judicial

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)
Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte contra Márcia, crime esse
cometido em Manaus. A autoridade policial realizou interceptação telefônica e tomou conhe-
cimento de que Hugo havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no que dispõe a legislação
de regência
Por se tratar de crime de lesão corporal seguida de morte, não se admite o emprego de inter-
ceptação telefônica nas investigações.

Questão 2 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)


Julgue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade, interceptação telefônica e pra-
zos processuais.
Não havendo autorização do juízo competente, a interceptação de comunicações telefônicas
será prova ilícita.

Questão 3 (CESPE/2019/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/ÁREA DE CORREI-


ÇÃO) De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas
a) poderá ser determinada de ofício por delegado.
b) não será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios disponíveis.
c) será admitida somente nos casos de crimes em que a pena mínima for igual ou superior a
dois anos de detenção.
d) será conduzida por membro do Ministério Público, com vistas ao delegado, que poderá
acompanhar os procedimentos.
e) poderá ser prorrogada a cada trinta dias, desde que respeitado o prazo máximo legal de
trezentos e sessenta dias.

Questão 4 (CESPE/2019/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/


PROVIMENTO) Em relação à prova obtida por meio de interceptação telefônica e ao sigilo

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

telefônico, assinale a opção correta, tendo como referência a Lei n. 9.296/1996 e o entendi-
mento doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores.
a) A prova obtida por força de interceptação telefônica judicialmente autorizada poderá, a tí-
tulo de prova emprestada, subsidiar denúncia em outro feito que investigue crime apenado
com detenção.
b) A quebra do sigilo de dados telefônicos pertinentes aos dados cadastrais de assinan-
te e aos números das linhas chamadas e recebidas submete-se à disciplina da referida
legislação.
c) A referida lei de regência condiciona a possibilidade de imposição da medida de intercep-
tação telefônica na fase de investigação criminal à instauração do inquérito policial compe-
tente.
d) Para a determinação da interceptação telefônica, é necessário juízo de certeza a respeito
do envolvimento da pessoa a ser investigada na prática do delito em apuração.
e) Gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro
e sem autorização judicial caracteriza meio ilícito de prova por violar o direito à intimidade
constitucionalmente protegido.

Questão 5 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO)
1. Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acu-
sados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias en-
torpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comu-
nicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi
executada pela polícia militar.
No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações
telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das
Forças Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio
da substância entorpecente para o exterior.
O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período
de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

foram reproduzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas


aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do proce-
dimento relativo às interceptações telefônicas,
julgue o item.
Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefônicas conduzi-
das pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio constitucional do devido
processo legal.

Questão 6 (ABIN/2018/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA DIREITO/LÍNGUA IN-


GLESA/CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS UNB/CESPE) Valdemar, empre-
sário do setor de frigoríficos, emprega estratégias, como a utilização de produtos químicos,
para disfarçar o estado de putrefação de carnes que vende fora do prazo de validade. Ele
garante uma mesada a Odair, empregado de agência reguladora do setor e encarregado de
elaborar os registros de fiscalização, em troca de ser avisado de qualquer ação não progra-
mada do órgão. De posse desse tipo de informação, Valdemar toma providências para que os
fiscais não encontrem a carne de má qualidade. Durante a investigação de um caso referente
a uma pessoa que sofrera prejuízo à saúde em razão do consumo de carne estragada, escuta
telefônica autorizada gera as provas da existência do esquema. A respeito da situação hipo-
tética apresentada, julgue o item a seguir.
A interceptação telefônica foi ilegal, uma vez que os crimes cometidos por Valdemar e Odair
são punidos com detenção.

Questão 7 (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIA-


DOR FEDERAL) A respeito de prova criminal, de medidas cautelares e de prisão processual,
julgue o item que se segue.
A gravação decorrente de interceptação telefônica que não interessar ao processo de-
verá ser inutilizada por decisão judicial posterior, necessariamente, à conclusão da ins-
trução processual.

Questão 8 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) É apresentada uma situação hipotética, seguida


de uma assertiva a ser julgada em relação ao inquérito policial e suas peculiaridades, às atri-
buições da Polícia Federal e ao sistema probatório no processo penal brasileiro.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a interceptação tele-
fônica dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo pericial juntada em apen-
so aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Encaminhado o procedimento policial ao
Poder Judiciário, o juiz permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos dados da intercepta-
ção e a sua divulgação, sob o fundamento de interesse público à informação. Nessa situação
hipotética, independentemente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da
interceptação telefônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma
vez que o procedimento em questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso,
por expressa regra constitucional.

Questão 9 (CESPE/2013/POLÍCIA FEDERAL/PERITO CRIMINAL FEDERAL/CARGO  1) Com


relação às condutas típicas previstas no Código Penal brasileiro e em leis específicas, e
ainda, no que se refere às disposições gerais sobre a prova (CPP, Cap. I, Tít. VII), julgue o item
seguinte.
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é lícita a gravação de conversa
telefônica feita por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.

Questão 10 (CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Com refe-


rência à interceptação de comunicação telefônica, ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes,
ao crime de lavagem de capitais e a crimes cibernéticos, julgue o seguinte item.
A interceptação da comunicação telefônica poderá ser realizada de ofício pela autoridade
policial desde que o IP tenha como objetivo investigar crime hediondo, organização criminosa
ou tráfico ilícito de entorpecentes.

Questão 11 (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL-MG/2008) Sobre a Lei n. 9.296/1996, que dispõe


sobre a interceptação de comunicações telefônicas, é correto afirmar:
a) que poderá ser decretada a quebra do sigilo telefônico quando a prova da autoria ou mate-
rialidade do delito puder ser feita por outro meio de prova.
b) que a interceptação telefônica não poderá ser decretada por período superior a 15 dias,
admitida a prorrogação do prazo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

c) que o delito investigado deve ser punido com pena de detenção.


d) que, decretada a interceptação telefônica, a autoridade policial não necessita dar ciência
dos procedimentos realizados ao Ministério Público.
Julgue os itens a seguir.

Questão 12 (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/2010) As interceptações telefônicas, confor-


me entendimento firmado na jurisprudência dos tribunais superiores, são autorizadas me-
diante demonstração da necessidade da medida e do esgotamento dos meios ordinários para
obtenção da prova que se pretende alcançar, impondo-se a observância de diversas formali-
dades para a colheita e a apresentação da prova em sede judicial, entre elas, o direito expres-
so do investigado de ver transcrito todo o teor das conversas interceptadas, por perito judicial,
assegurando-se o direito de indicar assistente técnico.

Questão 13 (DELEGADO FEDERAL/1997/QUESTÃO 24/ASSERTIVA III) De acordo com a Lei


n. 9.296/1996, que regulamentou o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal
recebida a denúncia e instaurado o processo por crime de ação penal pública, somente o
Ministério Público tem legitimidade para requerer a interceptação das comunicações ao juiz,
o qual, por sua vez também poderá determinar tal medida de ofício.

Questão 14 (CESPE/PC-RN/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/2009/QUESTÃO


94) Em relação ao instituto da interceptação telefônica e das demais disposições da Lei
n. 9.296/1996, assinale a opção correta.
a) A interceptação de comunicações telefônicas só pode ser realizada depois de já instaurada
a ação penal contra o denunciado.
b) A interceptação das comunicações telefônicas não poderá ser determinada de ofício pela
autoridade judiciária.
c) O disposto na referida lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática.
d) A gravação que não interessar à prova terá de ser inutilizada durante a instrução processu-
al por decisão da autoridade policial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

e) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem au-


torização judicial.

Questão 15 (CESPE/PC-PB/DELEGADO DE POLÍCIA/2009) Assinale a opção correta com


base na legislação sobre interceptação telefônica.
a) A interceptação das comunicações telefônicas pode ser determinada pelo juiz, a requeri-
mento da autoridade policial, na investigação criminal ou na instrução processual penal.
b) O pedido de interceptação das comunicações telefônicas deve ser feito necessariamente
por escrito.
c) Não se admite interceptação das comunicações telefônicas quando o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
d) Somente após o trânsito em julgado da sentença penal pode a gravação ser inutilizada,
mediante decisão judicial, ainda que não interesse à prova.
e) Ainda que a diligência possibilite a gravação da comunicação interceptada, é dispensada a
transcrição da gravação.

Questão 16 (FGV/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA/2008) Assinale a alternativa que indique o


crime em que não é cabível a interceptação das comunicações telefônicas regulada pela Lei
n. 9.296/1996.
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
b) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
c) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) ameaça (art. 147);
e) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º).

Questão 17 (FGV/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA/2008) Relativamente à lei de intercepta-


ções telefônicas, assinale a afirmativa incorreta.
a) A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento da autoridade policial, na investigação criminal.
b) Deferido o pedido de interceptação, o ofendido conduzirá os procedimentos de interceptação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

c) O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a


sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem
empregados.
d) Só será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando a prova não puder
ser feita por outros meios disponíveis.
e) Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou te-
lemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não au-
torizados em lei.

Julgue os itens a seguir.

Questão 18 Hugo é um agente de polícia civil que realizou interceptação de comunicação


telefônica sem autorização judicial. Nessa situação, o ato de Hugo, apesar de violar direitos
fundamentais, não constitui crime hediondo.

Questão 19 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) Considere que, após realização de


interceptação telefônica judicialmente autorizada para apurar crime contra a Administração
Pública imputado ao servidor público Mário, a autoridade policial tenha identificado, na fase
de inquérito, provas de ilícitos administrativos praticados por outros servidores. Nessa situ-
ação hipotética, considerando-se que a interceptação telefônica tenha sido autorizada judi-
cialmente apenas em relação ao servidor Mário, as provas obtidas contra os outros servido-
res não poderão ser usadas em procedimento administrativo disciplinar.

Questão 20 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) É possível a prorrogação do prazo de


autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando se
tratar de fato complexo que exija investigação diferenciada e contínua.

Questão 21 (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU//2010) Considere que, no curso de


uma investigação policial, tenha sido constatada, por meio de interceptação telefônica de-
vidamente autorizada pelo juízo de primeira instância e regulamente cumprida pela auto-
ridade policial, a participação de agente político com foro por prerrogativa de função junto

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

ao Superior Tribunal de Justiça. Nessa situação, de acordo com o sistema processual bra-
sileiro, a incompetência absoluta enseja a nulidade de todos os atos judiciais praticados,
repercutindo a nulidade na prova até então produzida.

Questão 22 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) Uma vez realizada a intercepta-


ção telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas
dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de
detenção, desde que estes sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a
interceptação.

Questão 23 (VUNESP/2018/TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO) Assinale a alternativa correta com


relação às disposições processuais penais especiais.
a) A transação penal prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais é aplicável aos cri-
mes praticados contra a violência doméstica.
b) Na colaboração premiada em crimes de organização criminosa, o juiz poderá reduzir a
pena privativa de liberdade em até 1/3, desde que a personalidade do colaborador, a natu-
reza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso sejam ade-
quadas à benesse.
c) O juiz está adstrito às condições previstas na Lei na hipótese de oferecimento de propos-
ta de suspensão condicional do processo.
d) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores deve ser observado o
procedimento processual especial previsto na legislação em vigor.
e) Não será deferida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato criminoso
investigado for punido, no máximo, com pena de detenção.

Questão 24 (VUNESP/2018/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Diante do previsto na Lei


n. 9.296/96 – Lei de Interceptação Telefônica, assinale a alternativa correta.
a) A interceptação telefônica será admitida mesmo que a prova possa ser feita por outros
meios disponíveis.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

b) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo representante do Ministério Públi-


co, de ofício, mediante idônea fundamentação durante a instrução criminal.
c) O juiz deverá decidir, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o pedido de in-
terceptação.
d) Somente será admitido o pedido de interceptação telefônica feito por escrito.
e) Não é necessária a presença de indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal para que seja determinada a interceptação telefônica.

Questão 25 (INSTITUTO AOCP/2018/ITEP-RN/PERITO CRIMINAL/QUÍMICO) A respeito da in-


terceptação telefônica, assinale a alternativa correta.
a) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas, dentre outras hipóteses,
quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis.
b) Será admitida a interceptação para investigar crimes punidos com detenção ou reclusão.
c) A interceptação das comunicações telefônicas somente poderá ser determinada pelo juiz a
requerimento do Ministério Público.
d) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao
Delegado e ao Ministério Público, que poderão acompanhar a sua realização.
e) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem au-
torização judicial.

Questão 26 (NUCEPE/2018/PC-PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sabe-se que a intercep-


tação de comunicações telefônicas é, atualmente, prova bastante utilizada em investigação
criminal, inclusive, para a própria instrução processual penal. Sobre o tema, marque a alter-
nativa CORRETA.
a) A ordem da interceptação de comunicações telefônicas depende da ordem da autoridade
policial e, em seguida, para instrução processual, submete ao juiz competente para validação.
b) A interceptação de comunicações telefônicas tem, mesmo que seja possível outros meios
disponíveis, o objetivo de corroborar com os demais meios de prova.
c) Não é permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando não houver indícios
razoáveis da autoria ou participação em infração penal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

d) É permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado cons-


tituir infração penal punida com pena de detenção
e) Mesmo que estejam presentes os pressupostos que autorizam a interceptação de comu-
nicações telefônicas, é inadmissível que o pedido seja formulado verbalmente, nem que seja
excepcionalmente.

Questão 27 (TRF-3ª REGIÃO/2018/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Relativamente à intercep-


tação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação cri-
minal e em instrução processual penal, assinale a alternativa que contém uma afirmação
CORRETA:
a) Somente pode ser deferida a requerimento do Ministério Público, em qualquer fase da in-
vestigação policial ou na instrução processual penal.
b) É admissível para a investigação de qualquer tipo de infração penal.
c) Não poderá ser deferida se não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal.
d) Será deferida, ainda que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis.

Questão 28 (CESPE/2018/SEFAZ-RS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZENDÁRIO) Nas hi-


póteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
cessual penal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas pode ser determinada
a) pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
b) pelo Poder Judiciário, somente.
c) por autoridade policial e pelo Ministério Público.
d) pela fiscalização tributária, somente.
e) pelo Ministério Público, somente.

Questão 29 (CESPE/2019/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) No que tange a interceptação das co-


municações telefônicas e a disposições relativas a esse meio de prova, previstas na Lei n.
9.296/1996, assinale a opção correta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) A referida medida poderá ser determinada no curso da investigação criminal ou da ins-


trução processual destinada à apuração de infração penal punida, ao menos, com pena
de detenção.
b) A existência de outros meios para obtenção da prova não impedirá o deferimento da refe-
rida medida.
c) O deferimento da referida medida exige a clara descrição do objeto da investigação, com
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta justificada.
d) A utilização de prova obtida a partir da referida medida para fins de investigação de fato
delituoso diverso imputado a terceiro não é admitida.
e) A decisão judicial autorizadora da referida medida não poderá exceder o prazo máximo de
quinze dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período.

Questão 30 (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Diante de uma investiga-


ção policial de um crime apenado com detenção, e verificando a necessidade de intercepta-
ção da comunicação telefônica, é correto afirmar que
a) não deverá ser solicitada ao Poder Judiciário, pois não é admitida nos crimes apenados por
detenção.
b) a autoridade policial deverá requerer ao Poder Judiciário que a decretará por prazo não
superior a 20 (vinte) dias.
c) poderá ser decretada pela autoridade policial pelo prazo de 20 (vinte) dias, sendo necessá-
ria a remessa da documentação ao Ministério Público para fiscalização da atividade policial.
d) poderá ser solicitada ao Poder Judiciário, mesmo na hipótese de a prova ter possibilidade
de ser realizada por outros meios disponíveis.
e) a autoridade policial deverá requerer ao Ministério Público que a decretará por prazo não
superior a 20 (vinte) dias.

Questão 31 (CESPE/2018/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1) No que se refere aos ti-


pos penais, julgue o próximo item.
Situação hipotética: Durante uma inundação, Abel interrompeu dolosamente o serviço tele-
fônico da região. Assertiva: Nessa situação, Abel responderá por crime previsto na Lei de In-
terceptação Telefônica, com a circunstância agravante de tê-lo praticado durante calamidade
pública.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 32 (FCC/2018/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO) A interceptação de comunicações


telefônicas pode ser realizada
a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis.
b) por ato fundamentado de Delegado de Polícia no curso do inquérito policial em caso de
crime hediondo ou equiparado.
c) pelo prazo de quinze dias, que só pode ser prorrogado por igual prazo em caso de indispen-
sabilidade do meio de prova.
d) pela autoridade policial em caso de prisão em flagrante apenas para acesso de dados de
aplicativos como Whatsapp e Facebook, independentemente de ordem judicial.
e) para apurar crime de ameaça quando esta estiver sendo cometida por meio de ligação te-
lefônica.

Questão 33 (CESPE/2017/TRT-7ª REGIÃO/CE/ANALISTA JUDICIÁRIO/CONTABILIDADE)


Embora a CF preveja a inviolabilidade das comunicações telefônicas, é admitida a intercepta-
ção das comunicações telefônicas, na forma da lei, para fins de investigação criminal ou
a) instrução processual penal, mediante autorização judicial, por determinação de comissão
parlamentar de inquérito regularmente instaurada, ou investigação de ato de improbidade
administrativa, por determinação do Ministério Público.
b) instrução processual penal, mediante autorização judicial.
c) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou por determinação de comis-
são parlamentar de inquérito regularmente instaurada.
d) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou investigação de ato de im-
probidade administrativa, por determinação do Ministério Público.

Questão 34 (FGV/2016/MPE-RJ/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/PROCESSUAL) Car-


los é investigado pela prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor
(art. 302, CTB – pena: detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou habilitação para dirigir veículo automotor). No curso das investigações, o Ministério
Público encontra dificuldades na obtenção da justa causa, mas constam informações de que
Carlos conversa e ri dos fatos com amigos ao telefone, admitindo o crime. Diante disso,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

o delegado representa pela interceptação de comunicações telefônicas. Sobre os fatos nar-


rados, é correto afirmar que a interceptação:
a) não deverá ser decretada, pois ainda na fase de inquérito policial;
b) poderá ser decretada, mas não poderá ultrapassar o prazo de 30 dias, prorrogável por igual
período;
c) não deverá ser decretada em razão da pena prevista ao delito investigado;
d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização judicial configura
crime;
e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, necessariamente,
integralmente transcrito.

Questão 35 (UFMT/2016/TJ-MT/ANALISTA JUDICIÁRIO/DIREITO) Sobre a interceptação


telefônica, segundo a Lei n. 9.296/1996, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Não será admitida interceptação telefônica quando a prova puder ser feita por outros meios
disponíveis.
b) Será admitida interceptação telefônica quando houver indícios razoáveis de autoria ou par-
ticipação e infração penal.
c) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da
autoridade policial na investigação criminal.
d) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público na investigação criminal.

Questão 36 (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA) Julgue o item sub-


sequente, em relação à prova, ao instituto da interceptação telefônica e à citação por hora
certa.
A interceptação telefônica, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal,
somente será permitida quando, havendo indícios razoáveis de autoria ou participação em in-
fração, a prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis, e quando o fato investigado
constituir infração penal para a qual se preveja, ao menos, pena de detenção.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 37 (FGV/2018/CÂMARA DE SALVADOR-BA/ESPECIALISTA/ADVOGADO LEGISLA-


TIVO) Durante determinada investigação penal de crime de associação para o tráfico, enten-
dendo pela existência de indícios de autoria e inexistência de outros meios para obtenção da
prova, a autoridade policial representou pela decretação da interceptação das comunicações
das linhas telefônicas de titularidade de determinado investigado. Ao receber o pedido, o ma-
gistrado, de maneira fundamentada, autorizou a interceptação pelo prazo inicial de 30 (trinta)
dias, deixando claro que eventual pedido de prorrogação desse prazo deveria ser devidamente
fundamentado.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que:
a) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser requerida pela autoridade
policial, dependendo a autorização de pedido expresso do Ministério Público;
b) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser autorizada durante as in-
vestigações, sob pena de violação do sistema acusatório;
c) o crime de associação para o tráfico, diante da sanção penal prevista, não admite intercep-
tação das comunicações telefônicas;
d) o prazo fixado pelo magistrado na decisão que autorizou a interceptação das comunica-
ções telefônicas não é válido;
e) a decisão que determinou a interceptação das comunicações telefônicas foi válida, diante
do crime investigado, da representação da autoridade policial e do prazo fixado.

Questão 38 (FGV/2017/ALERJ/PROCURADOR) Comissão Parlamentar de Inquérito de de-


terminada Assembleia Legislativa, regularmente instaurada, determina a interceptação de
comunicações telefônicas de Jorge, com base na Lei n. 9.296/96, bem como a quebra do si-
gilo de dados telefônicos de João, sendo que ambos figuravam na condição de investigados.
Apenas com base nas informações obtidas por esses meios, o Ministério Público ofereceu
denúncia em face de Jorge e João, encaminhando junto com a inicial acusatória a transcri-
ção das conversas obtidas com a interceptação de Jorge e a relação de dados telefônicos
de João.
Apenas com base nas informações narradas e na posição majoritária do Supremo Tribunal
Federal, é correto afirmar que:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) a relação de dados telefônicos de João configura prova válida, enquanto a transcrição a


partir da interceptação das conversas telefônicas de Jorge configura prova ilícita;
b) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, de-
vem ser consideradas válidas;
c) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são
ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos;
d) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são
ilícitas, mas podem continuar nos autos em razão da teoria da fonte independente;
e) o registro dos dados telefônicos de João configura prova ilícita, enquanto a transcrição das
conversas de Jorge, obtidas por interceptação telefônica, configura prova válida.

Questão 39 (MPE-PR/2016/MPE-PR/PROMOTOR SUBSTITUTO) Acerca dos temas “lava-


gem de dinheiro” e “interceptação de comunicação telefônica e transferência de dados”, assi-
nale a única alternativa incorreta:
a) Os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na Lei n.
9.613/1998, admitem a forma tentada;
b) O processo e julgamento dos crimes “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores
independem do julgamento da infração penal antecedente;
c) Nos termos da Lei n. 9.296/1996, em hipóteses excepcionais, a interceptação do fluxo de
comunicações em sistemas de informática e telemática, pode prescindir de ordem judicial;
d) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas se o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção;
e) A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores,
relativas à prática do crime de”lavagem” de dinheiro, poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido
o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações.

Questão 40 (MPE-RS/2016/PROMOTOR DE JUSTIÇA/PROVA ANULADA) Sobre intercepta-


ção telefônica, assinale a alternativa correta.
a) A gravação que não interessar à prova será inutilizada, incontinenti, por determinação da
autoridade policial, durante o inquérito policial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

b) Em qualquer hipótese, a interceptação telefônica não será admitida quando não for possí-
vel a indicação e qualificação dos investigados.
c) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz a pedido da autoridade policial
ou do Ministério Público, não podendo ser determinada de ofício.
d) O pedido de interceptação telefônica poderá ser formulado verbalmente e após reduzido a
termo, devendo o juiz sobre ele decidir no prazo de 24 horas.
e) O crime de constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal), executado por uma só pes-
soa e sem emprego de arma de fogo, mas mediante grave ameaça, admite a quebra do sigilo
telefônico.

Questão 41 (MPE-SC/2016/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MATUTINA) A Lei n. 9.296/96 (Inter-


ceptação Telefônica), que expressamente regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da
Constituição Federal, prevê pena de reclusão e multa, na realização de interceptação telefôni-
ca de comunicação, de informática ou telemática, ou quebrar segredo de Justiça, sem autori-
zação judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Questão 42 (VUNESP/2015/TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO) Com relação ao pedido de intercep-


tação telefônica, disciplinado pela Lei n. 9.296/96, assinale a alternativa correta.
a) Poderá ser formulado verbalmente, desde que presentes os pressupostos autorizadores
e demonstrada a excepcionalidade da situação, caso em que a concessão será reduzida a
termo.
b) Na investigação criminal, será formulado ao representante do Ministério Público, e na ins-
trução processual penal, ao juiz, com prazo de 24 horas para decisão.
c) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao
Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
d) Conterá prova de materialidade e indícios de autoria ou participação em crime apenado
com detenção ou reclusão, além de demonstração da indispensabilidade do meio de prova.
e) Na decisão de deferimento, será consignado, para a execução da diligência, o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por uma vez, comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 43 (CESPE/2015/TRF-1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) A  interceptação


das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz a requerimento
a) do assistente de acusação, durante a investigação criminal.
b) do ministro da Fazenda, quando da investigação de crimes contra a ordem tributária.
c) da autoridade policial, durante a investigação criminal.
d) do MP, somente após o recebimento da denúncia.
e) do ministro da Justiça, se o crime praticado envolver a violação de direitos humanos.

Questão 44 (FUNIVERSA/2015/PC-DF/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Constitui um dos requi-


sitos para que seja admitida a interceptação telefônica, segundo a Lei n. 9.296/1996, o(a)
a) fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
b) existência de indícios razoáveis da participação em infração penal.
c) fato investigado constituir infração penal punida com pena de multa.
d) indício razoável da autoria em contravenção penal.
e) possibilidade de a prova poder ser feita por outros meios disponíveis.

Questão 45 (UEG/2013/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2ª PROVA) Sobre a interceptação


das comunicações, tem-se o seguinte:
a) é cabível, em regra, a interceptação telefônica para apuração de ato infracional ou para fins
civis, comerciais, industriais ou que envolvam direitos difusos.
b) segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a autorização de interceptação telefôni-
ca independentemente da existência de inquérito policial.
c) segundo o Superior Tribunal de Justiça, a prisão em flagrante ocorrida em razão do moni-
toramento telefônico é nula, uma vez que configura hipótese de flagrante preparado.
d) já se consolidou o entendimento de que a prova emprestada, mesmo se na origem forem
respeitados o contraditório e a ampla defesa, é inadmissível.

Questão 46 (VUNESP/2015/PC-CE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) No curso


das investigações, a Autoridade Policial toma conhecimento de intenso tráfico de drogas re-
alizado por uma associação em determinada região da cidade e, com vistas à identificação e

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

prisão dos criminosos, intercepta as conversas telefônicas de quatro suspeitos. Com relação
a essa conduta, é correto afirmar que a Autoridade Policial
a) agiu corretamente, considerando que uma vez presentes fortes indícios de autoria e ma-
terialidade de delito punido com pena de reclusão, pode a Autoridade Policial determinar a
interceptação das conversas telefônicas com base na Lei n. 9.296/96.
b) incorreu no crime previsto no artigo 10 da Lei n. 9.296/96.
c) agiu corretamente, considerando que a interceptação de comunicações telefônicas se e
dispensa sobrepõe outros meios de provas.
d) não agiu corretamente, porque, segundo a lei, somente se autoriza interceptação de comu-
nicação telefônica no curso da instrução processual e não no curso das investigações.
e) não agiu corretamente, porque deveria ter submetido a análise da necessidade dessa prova
ao Ministério Público, buscando autorização com o órgão ministerial.

Questão 47 (MPE-GO/2014/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Sobre o Direito Penal e


a chamada proteção jurídica da informação, assinale a alternativa incorreta:
a) O Código de Defesa do Consumidor pune a ofensa à informação. Estão previstas sanções
para a ação de impedir ou dificultar o acesso do consumidor às suas informações constan-
tes em cadastros, banco de dados, fichas e registros. Ainda, incrimina a conduta omissiva de
deixar de corrigir, de forma imediata, sabendo ou devendo saber ser inexata, informação sobre
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros.
b) A Lei n. 8.137/90 considera crime a conduta de utilização ou divulgação de programa de
processamento de dados, permitindo ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir infor-
mação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
c) A Lei n. 9.296/96 considera crime a ação do sujeito que, sem ordem judicial ou com obje-
tivos diversos dos autorizados em lei, realizar interceptação de comunicações telefônicas, de
informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça
d) O Código Penal sanciona penalmente a conduta de funcionários públicos que inserirem
ou facilitarem o acesso para inserção de dados falsos, alterarem ou excluírem, de forma in-
devida, dados corretos, os quais estejam em sistemas informatizados ou em bancos de da-
dos da Administração Pública, visando obter vantagem indevida para si ou para outrem ou

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

para causarem dano. Também é considerado crime o funcionário público modificar ou alterar
sistema de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. O Código
Penal ainda penaliza a conduta daquele que divulgar informações sigilosas ou reservadas,
sem justa causa, devendo necessariamente estar essas informações contidas nos sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública

Questão 48 (MPE-GO/2014/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) É fato notório que al-


gumas técnicas de investigação penetram no direito à intimidade do investigado, fazendo-se
necessária a ponderação entre o interesse público e a liberdade individual. Nessa seara, com
a Lei n. 9.296/1996, que regulamentou inciso XII do art. 5º da Constituição da República de
1988, tornou-se possível a interceptação de comunicações telefônicas para prova em investi-
gação criminal e em instrução processual penal, mediante prévia autorização judicial. No que
se refere à interceptação das comunicações telefônicas e telemáticas, assinale a alternativa
incorreta:
a) O acesso à identificação do endereço de IP (Internet Protocol) do computador utilizado
para a prática do crime não constitui medida investigativa de interceptação de comuni-
cação telemática.
b) admite-se a interceptação de prospecção.
c) conforme entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no Inquérito n. 3.693/PA,
em sessão plenária do dia 10/04/2014, não configura cerceamento de defesa a ausência da
degravação de todas as conversas interceptadas, sendo suficiente a transcrição dos trechos
das escutas que embasaram o oferecimento da denúncia.
d) a interceptação telefônica, em tese, pode ser deferida em casos de crime de ação penal
pública e de ação penal de iniciativa privada.

Questão 49 (FCC/2014/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO DE ENTRÂNCIA INICIAL) Antonio é in-


vestigado em inquérito policial. Para que seja determinada interceptação telefônica de suas
comunicações de acordo com o texto legal, é necessário que
a) sua duração não exceda 10 (dez) dias.
b) haja certeza de que Antonio é autor ou partícipe na infração penal que se investiga.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

c) haja requerimento do Ministério Público, na fase de investigação criminal.


d) o crime cuja prática se investiga seja punido com penal igual ou superior a quatro anos.
e) a decisão que a decrete indique a forma de execução da diligência.

Questão 50 (CESPE/2013/TJ-BA/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/RE-


MOÇÃO) Com base nos dispositivos legais atinentes a provas ilícitas, interceptações telefôni-
cas, juízes, citações e intimações, assinale a opção correta.
a) São inadmissíveis, no processo penal, as provas ilícitas, que devem ser desentranhadas dos
autos, sendo, entretanto, admissíveis em qualquer situação as provas derivadas das ilícitas.
b) Nos juízos coletivos, poderão servir no mesmo processo os juízes que forem parentes, em
linha colateral, de segundo grau.
c) No CPP, é prevista, conforme redação dada pela Lei n. 11.719/2008, a intimação por hora
certa, mas não a citação por hora certa, de modo que esta somente é cabível no processo civil,
e não no processo penal.
d) É possível a autorização judicial de interceptação de comunicações telefônicas, mesmo
quando possível a comprovação, por outros meios, dos fatos a elas relacionados.
e) Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido de interceptação das comunicações
telefônicas, uma vez presentes os pressupostos que o autorizem, seja formulado verbalmen-
te, situação em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

GABARITO
1. E 18. C 35. Anulada
2. E 19. E 36. E
3. c 20. C 37. d
4. a 21. E 38. a
5. E 22. C 39. c
6. E 23. e 40. Anulada
7. E 24. c 41. C
8. E 25. a 42. a
9. C 26. c 43. c
10. E 27. c 44. b
11. b 28. b 45. b
12. E 29. c 46. b
13. C 30. b 47. a
14. c 31. E 48. c
15. c 32. c 49. e
16. d 33. b 50. e
17. b 34. c

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)
Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte contra Márcia, crime esse
cometido em Manaus. A autoridade policial realizou interceptação telefônica e tomou conhe-
cimento de que Hugo havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no que dispõe a legislação
de regência
Por se tratar de crime de lesão corporal seguida de morte, não se admite o emprego de inter-
ceptação telefônica nas investigações.

Errado.
Comentários: O crime em questão é punido com reclusão e admite a interceptação telefônica,
até porque a confissão do indiciado no inquérito policial não serva para embasar de maneira
isolada a sentença penal condenatória.

Questão 2 (CESPE/2019/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR)


Julgue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade, interceptação telefônica e pra-
zos processuais.
Não havendo autorização do juízo competente, a interceptação de comunicações telefônicas
será prova ilícita.

Errado.
A jurisprudência do STF e do STJ é pacífica no sentido de que a posterior declinação de com-
petência do Juízo não torna ilícita a prova produzida na interceptação telefônica.

Questão 3 (CESPE/2019/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/ÁREA DE CORREI-


ÇÃO) De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) poderá ser determinada de ofício por delegado.


b) não será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios disponíveis.
c) será admitida somente nos casos de crimes em que a pena mínima for igual ou superior a
dois anos de detenção.
d) será conduzida por membro do Ministério Público, com vistas ao delegado, que poderá
acompanhar os procedimentos.
e) poderá ser prorrogada a cada trinta dias, desde que respeitado o prazo máximo legal de
trezentos e sessenta dias.

Letra c.
Comentários: De acordo com a Lei n. 9296/96, não será admitida se a prova puder ser obtida
por outros meios disponíveis. Se puder ser produzida prova testemunhal ou pericial, não será
deferida a interceptação telefônica pelo Juiz Competente.

Questão 4 (CESPE/2019/TJ-DFT/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/


PROVIMENTO) Em relação à prova obtida por meio de interceptação telefônica e ao sigilo tele-
fônico, assinale a opção correta, tendo como referência a Lei n. 9.296/1996 e o entendimento
doutrinário e jurisprudencial dos tribunais superiores.
a) A prova obtida por força de interceptação telefônica judicialmente autorizada poderá, a tí-
tulo de prova emprestada, subsidiar denúncia em outro feito que investigue crime apenado
com detenção.
b) A quebra do sigilo de dados telefônicos pertinentes aos dados cadastrais de assinante e
aos números das linhas chamadas e recebidas submete-se à disciplina da referida legislação.
c) A referida lei de regência condiciona a possibilidade de imposição da medida de intercep-
tação telefônica na fase de investigação criminal à instauração do inquérito policial compe-
tente.
d) Para a determinação da interceptação telefônica, é necessário juízo de certeza a respeito
do envolvimento da pessoa a ser investigada na prática do delito em apuração.
e) Gravação telefônica realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro
e sem autorização judicial caracteriza meio ilícito de prova por violar o direito à intimidade
constitucionalmente protegido.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 69 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ. A letra B diz que
a “quebra de dados telefônicos” segue a regra da Lei n. 9296/96, quando na verdade segue o
art. 5º inciso XII da CF. A letra C está equivocada, pois há antigo julgado do STJ que diz que
não há necessidade da formal instauração de inquérito policial. A  letra D está equivocada,
pois um dos requisitos da interceptação telefônica é o indício de autoria. Quando se souber
quem é o suspeito, a Lei n. 9296/96 flexibiliza tal requisito, por exemplo roubo com emprego
de arma de fogo em que o roubador usou máscara. A letra E está equivocada uma vez que a
prova produzida em gravação telefônica é lícita segundo o STF.

Questão 5 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO)
1. Fábio, delegado, tendo recebido denúncia anônima na qual seus subordinados eram acu-
sados de participar de esquema criminoso relacionado ao tráfico ilícito de substâncias en-
torpecentes, instaurou, de imediato, inquérito policial e requereu a interceptação das comu-
nicações telefônicas dos envolvidos, que, devidamente autorizada pela justiça estadual, foi
executada pela polícia militar.
No decorrer das investigações, conduzidas a partir da interceptação das comunicações
telefônicas, verificou-se que os indiciados contavam com a ajuda de integrantes das Forças
Armadas para praticar os delitos, utilizando aviões da Aeronáutica para o envio da substância
entorpecente para o exterior.
O inquérito passou a tramitar na justiça federal, que prorrogou, por diversas vezes, o período
de interceptação. Com a denúncia na justiça federal, as informações colhidas na intercepção
foram reproduzidas em CD-ROM, tendo sido apenas as conversas diretamente relacionadas
aos fatos investigados transcritas nos autos. Acerca dessa situação hipotética e do procedi-
mento relativo às interceptações telefônicas, julgue o item.
Autorizadas por juízo absolutamente incompetente, as interceptações telefônicas conduzi-
das pela autoridade policial são ilegais, por violação ao princípio constitucional do devido
processo legal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 70 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Errado.
É firme a jurisprudência no STF e no STJ que a posterior declinação de competência do Juízo
não torna ilícita a prova produzida na interceptação telefônica.

Questão 6 (ABIN/2018/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA DIREITO/LÍNGUA IN-


GLESA/CENTRO DE SELEÇÃO E DE PROMOÇÃO DE EVENTOS UNB/CESPE) Valdemar, empre-
sário do setor de frigoríficos, emprega estratégias, como a utilização de produtos químicos,
para disfarçar o estado de putrefação de carnes que vende fora do prazo de validade. Ele
garante uma mesada a Odair, empregado de agência reguladora do setor e encarregado de
elaborar os registros de fiscalização, em troca de ser avisado de qualquer ação não progra-
mada do órgão. De posse desse tipo de informação, Valdemar toma providências para que os
fiscais não encontrem a carne de má qualidade. Durante a investigação de um caso referente
a uma pessoa que sofrera prejuízo à saúde em razão do consumo de carne estragada, escuta
telefônica autorizada gera as provas da existência do esquema. A respeito da situação hipo-
tética apresentada, julgue o item a seguir.
A interceptação telefônica foi ilegal, uma vez que os crimes cometidos por Valdemar e Odair
são punidos com detenção.

Errado.
Pela leitura da assertiva, eu verifico que há dois crimes contra a Administração Pública, tanto
a corrupção ativa como a passiva, que são puníveis com pena de reclusão. Ademais, é firme a
jurisprudência no STF e no STJ que o Membro do Ministério Público pode usa prova produzida
em interceptação telefônica para embasar denúncia por crime punido com detenção, desde
que tal delito seja conexo ao punido com reclusão.

Questão 7 (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR


FEDERAL) A respeito de prova criminal, de medidas cautelares e de prisão processual, julgue
o item que se segue.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 71 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

A gravação decorrente de interceptação telefônica que não interessar ao processo deverá ser
inutilizada por decisão judicial posterior, necessariamente, à conclusão da instrução processu-
al.

Errado.
A gravação que não interessar à prova, poderá ser inutilizada pelo Juiz a requerimento das
partes, durante o inquérito, durante a instrução criminal ou depois da instrução criminal, sem
que que haja necessidade do trânsito em julgado da sentença.

Questão 8 (CESPE/2013/DPF/DELEGADO) É apresentada uma situação hipotética, seguida


de uma assertiva a ser julgada em relação ao
inquérito policial e suas peculiaridades, às atribuições da Polícia Federal e ao sistema proba-
tório no processo penal brasileiro.
No curso de inquérito policial presidido por delegado federal, foi deferida a interceptação telefônica
dos indiciados, tendo sido a transcrição dos dados em laudo pericial juntada em apenso aos autos
do inquérito, sob segredo de justiça. Encaminhado o procedimento policial ao Poder Judiciário,
o juiz permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos dados da interceptação e a sua divulga-
ção, sob o fundamento de interesse público à informação. Nessa situação hipotética, indepen-
dentemente da autorização judicial de acesso da imprensa aos dados da interceptação telefônica,
a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a prova colhida, uma vez que o procedimento em
questão, tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso, por expressa regra constitucional.

Errado.
Apesar de o procedimento de interceptação telefônica ser sigiloso, não há expressa previsão
constitucional proibindo a divulgação do conteúdo do que fora produzido na investigação.
Porém você deve memorizar que é crime divulgar gravação ou trecho de gravação sem rela-
ção com à prova, segundo o art. 28 da Nova Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda pro-
duzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou
acusado:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 72 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 9 (CESPE/2013/POLÍCIA FEDERAL/PERITO CRIMINAL FEDERAL/CARGO  1) Com


relação às condutas típicas previstas no Código Penal brasileiro e em leis específicas, e ain-
da, no que se refere às disposições gerais sobre a prova (CPP, Cap. I, Tít. VII), julgue o item
seguinte.
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é lícita a gravação de conversa
telefônica feita por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.

Certo.
Comentários: A assertiva foi cobrada quase que de maneira idêntica na prova da AGU em
2012, concurso realizado pelo Cespe. O STF entende que a prova produzida na gravação tele-
fônica, que é uma das espécies de interceptação telefônica em sentido amplo, é lícita.

Questão 10 (CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Com refe-


rência à interceptação de comunicação telefônica, ao crime de tráfico ilícito de entorpecentes,
ao crime de lavagem de capitais e a crimes cibernéticos, julgue o seguinte item.
A interceptação da comunicação telefônica poderá ser realizada de ofício pela autoridade
policial desde que o IP tenha como objetivo investigar crime hediondo, organização criminosa
ou tráfico ilícito de entorpecentes.

Errado.
A assertiva está equivocada uma vez eu um dos requisitos para se requerer a interceptação
das comunicações telefônicas é que o crime seja punido com reclusão. O Delegado de Polícia
não pode decretar de ofício, apenas o Magistrado é quem pode autorizar a interceptação tele-
fônica.

Questão 11 (DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL-MG/2008) Sobre a Lei n. 9.296/1996, que dispõe


sobre a interceptação de comunicações telefônicas, é correto afirmar:
a) que poderá ser decretada a quebra do sigilo telefônico quando a prova da autoria ou mate-
rialidade do delito puder ser feita por outro meio de prova.
b) que a interceptação telefônica não poderá ser decretada por período superior a 15 dias,
admitida a prorrogação do prazo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 73 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

c) que o delito investigado deve ser punido com pena de detenção.


d) que, decretada a interceptação telefônica, a autoridade policial não necessita dar ciência
dos procedimentos realizados ao Ministério Público.

Letra b.
A alternativa a está errada, pois um dos requisitos para a decretação da interceptação telefô-
nica é o de que não haja outros meios de prova disponíveis.
A alternativa b é a correta, pois está de acordo com o art. 5º da Lei n. 9.296/1996.
A alternativa c está errada, pois não é admissível a decretação de interceptação telefônica
em inquéritos ou processos que versem sobre crime punido com detenção, salvo se houver
conexão com delito punido com pena de reclusão.
A alternativa d está errada, pois a autoridade policial deve cientificar o Órgão Ministerial acer-
ca dos procedimentos de interceptação telefônica.

Julgue os itens a seguir.

Questão 12 (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/2010/QUESTÃO 141) As interceptações tele-


fônicas, conforme entendimento firmado na jurisprudência dos tribunais superiores, são au-
torizadas mediante demonstração da necessidade da medida e do esgotamento dos meios
ordinários para obtenção da prova que se pretende alcançar, impondo-se a observância de
diversas formalidades para a colheita e a apresentação da prova em sede judicial, entre elas,
o direito expresso do investigado de ver transcrito todo o teor das conversas interceptadas,
por perito judicial, assegurando-se o direito de indicar assistente técnico.

Errado.
A assertiva contraria a jurisprudência do STJ acerca do tema, senão vejamos o que fora deci-
dido no HC 112993/ES, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma:

Ementa
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E RESPECTIVA ASSO-
CIAÇÃO. (1) INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. (a) AUSÊNCIA DE DISPONIBILIZAÇÃO DAS
MÍDIAS. NÃO OCORRÊNCIA. (b) TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DOS DIÁLOGOS. APRESENTAÇÃO

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 74 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

DE VERSÃO RESUMIDA. SUPORTE SUFICIENTE PARA EMBASAR A ACUSAÇÃO. VIOLA-


ÇÃO DA AMPLA DEFESA. AUSÊNCIA. (2) INTERROGATÓRIO. CORRÉUS. INTERVENÇÃO
DE ADVOGADO DE ACUSADO DIVERSO DO INTERROGANDO. VEDAÇÃO. DEVIDO PRO-
CESSO LEGAL. VIOLAÇÃO (3) PRISÃO PREVENTIVA. (a) EXCESSO DE PRAZO. SÚMULA
52 DO STJ. ALEGAÇÃO SUPERADA. (b) CARÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. ORDEM PÚBLICA.
GRAVIDADE CONCRETA. ARTICULADA ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. BRAÇO ARMADO.
MOVIMENTAÇÃO DE VULTOSA QUANTIDADE DE DROGA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA.
1. É  inviável a alegação de ausência de acesso às mídias da interceptação telefônica
quando sequer se promoveu o respectivo requerimento em primeiro grau, e, diante
da circunstância de elas se encontrarem em cartório à disposição dos interessados.
Também não cristaliza constrangimento ilegal a transcrição apenas dos diálogos que
dão suporte à formulação da peça acusatória. Eventuais dúvidas ou questionamentos
da Defesa podem ser sanados mediante a consulta à versão integral, disponível junto à
serventia.
2. A colenda Sexta Turma entende possível, em casos de delação, a intervenção do Advo-
gado em interrogatório de réu diverso daquele que defende (Precedentes do STJ/STF).
Em prestígio à multifacetada cláusula do due process of law, é de se estender tal com-
preensão para casos de ausência de delação. A contribuição de todas as partes
do processo para a escorreita busca da verdade consagra o teor do art. 188 do Código
de Processo Penal (Precedentes do STF).
3. Encerrada a instrução criminal, resta superada a alegação de excesso de prazo na
prisão dos pacientes – Súmula 52 desta Corte; anulada tão apenas a sentença, para a
complementação dos interrogatórios, não colhe a alegação de indevida delonga. A cus-
tódia cautelar se justifica uma vez amparada em dados concretos dos autos, conforme
recomenda a jurisprudência desta Corte. Na hipótese, estando a prisão fundamentada
na gravidade concreta dos fatos, cifrada na significativa quantidade de droga apreen-
dida (3 kg de cocaína), que seria negociada por estruturada organização criminosa, evi-
dencia-se o risco para ordem pública.
4. Ordem concedida em parte para anular a sentença, convertendo o julgamento em dili-
gência, a fim de intimar os defensores para manifestarem eventual interesse na arguição
dos réus que não defendem, designando-se data para a complementação dos interro-
gatórios. Após, deve-se retomar a marcha processual, a partir do disposto no art. 402
do CPP.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 75 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 13 (DELEGADO FEDERAL/1997) De acordo com a Lei n.  9.296/1996, que regula-
mentou o inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal recebida a denúncia e ins-
taurado o processo por crime de ação penal pública, somente o Ministério Público tem legiti-
midade para requerer a interceptação das comunicações ao juiz, o qual, por sua vez também
poderá determinar tal medida de ofício.

Certo.
A assertiva está correta, pois durante o processo-crime apenas o Órgão do Ministério Público
pode requerer a interceptação das comunicações telefônicas ao Juiz, que por sua vez tam-
bém poderá determiná-las de ofício (sem provocação). A Autoridade Policial pode representar
pela interceptação apenas durante o inquérito policial.

Questão 14 (CESPE/PC-RN/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/2009) Em relação ao


instituto da interceptação telefônica e das demais disposições da Lei n. 9.296/1996, assinale
a opção correta.
a) A interceptação de comunicações telefônicas só pode ser realizada depois de já instaurada
a ação penal contra o denunciado.
b) A interceptação das comunicações telefônicas não poderá ser determinada de ofício pela
autoridade judiciária.
c) O disposto na referida lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática.
d) A gravação que não interessar à prova terá de ser inutilizada durante a instrução processu-
al por decisão da autoridade policial.
e) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem au-
torização judicial.

Letra c.
A alternativa a está equivocada, pois a interceptação telefônica poderá ocorrer durante o in-
quérito policial, durante as investigações criminais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 76 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

A alternativa b está equivocada, pois a interceptação das comunicações telefônicas poderá


ser determinada de ofício pela Autoridade Judiciária, sem que haja provocação do Órgão Mi-
nisterial ou da Autoridade Policial.
A alternativa c está correta, pois está de acordo com o parágrafo único do art.  1º da Lei
n. 9.296/1996.
A alternativa d está errada, pois a gravação que não interessar à prova poderá ser inutilizada
durante a instrução processual por decisão da Autoridade Judiciária. A gravação poderá ser
destruída também durante o inquérito policial ou após a instrução criminal, não havendo ne-
cessidade de se aguardar o trânsito em julgado da sentença.
A alternativa e está equivocada, pois constitui crime previsto no art. 10 da lei em comento,
a realização de interceptação de comunicações telefônicas sem autorização judicial.

Questão 15 (CESPE/PC-PB/DELEGADO DE POLÍCIA/2009) Assinale a opção correta com


base na legislação sobre interceptação telefônica.
a) A interceptação das comunicações telefônicas pode ser determinada pelo juiz, a requeri-
mento da autoridade policial, na investigação criminal ou na instrução processual penal.
b) O pedido de interceptação das comunicações telefônicas deve ser feito necessariamente
por escrito.
c) Não se admite interceptação das comunicações telefônicas quando o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
d) Somente após o trânsito em julgado da sentença penal pode a gravação ser inutilizada,
mediante decisão judicial, ainda que não interesse à prova.
e) Ainda que a diligência possibilite a gravação da comunicação interceptada, é dispensada a
transcrição da gravação.

Letra c.
A alternativa a está errada uma vez que a Autoridade Policial pode requerer a interceptação
telefônica apenas no inquérito policial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 77 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

A alternativa b está errada, pois a Lei n. 9.296 diz que excepcionalmente é admissível o pedido
verbal de interceptação telefônica. Vejamos o que dispõe o § 1º do art. 4º da Lei em estudo:

§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.

A alternativa c está correta, pois está de acordo com o que rege o art. 2º da Lei n. 9.296/1996:

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. (Grifo
nosso).

A alternativa d está errada, pois não é necessário que se aguarde o trânsito em julgado da
sentença, para se poder inutilizar a gravação telefônica que não interesse à prova. Dispõe o
art. 9º da Lei n. 9.296/1996:
A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o inquéri-
to, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou
da parte interessada.
A alternativa e está errada, pois contraria o disposto no § 1º do art. 6º da Lei n. 9.296/1996:
No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determi-
nada a sua transcrição.

Questão 16 (FGV/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA/2008) Assinale a alternativa que indique o


crime em que não é cabível a interceptação das comunicações telefônicas regulada pela Lei
n. 9.296/1996.
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
b) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
c) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) ameaça (art. 147);
e) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 78 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Letra d.
Não é cabível a interceptação telefônica no crime de ameaça, uma vez que tal delito é punido
com pena de detenção.

Questão 17 (FGV/PC-RJ/INSPETOR DE POLÍCIA/2008) Relativamente à lei de intercepta-


ções telefônicas, assinale a afirmativa incorreta.
a) A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício
ou a requerimento da autoridade policial, na investigação criminal.
b) Deferido o pedido de interceptação, o ofendido conduzirá os procedimentos de intercepta-
ção.
c) O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a
sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem
empregados.
d) Só será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando a prova não puder
ser feita por outros meios disponíveis.
e) Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou te-
lemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não au-
torizados em lei.

Letra b.
A alternativa b está incorreta, pois cabe à polícia judiciária, seja Civil ou Federal, a condução
dos procedimentos de interceptação telefônica. A Quinta Turma do STJ recentemente no jul-
gamento do HC 131836 decidiu que a interceptação telefônica pode ficar a cargo de órgão que
não seja da polícia, senão vejamos notícia extraída do site www.stj.gov.br:

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou legais escutas tele-
fônicas realizadas, com ordem judicial, pela Coordenadoria de Inteligência do Sistema
Penitenciário (Cispen), órgão da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do
Rio de Janeiro. Em consequência, a Turma negou habeas corpus em favor de um con-
tador réu da Operação Propina S/A, a  qual investigou um grande esquema de crimes
tributários naquele estado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 79 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

O contador e mais 45 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por crimes
contra a ordem tributária, advocacia administrativa e lavagem de dinheiro. O  escân-
dalo veio à tona em 2007, ao final de investigações baseadas em escutas telefônicas.
Segundo a acusação, uma quadrilha de fiscais, empresários, contadores e outras pes-
soas teriam lesado a fazenda pública do Rio em cerca de R$ 1 bilhão. Os fiscais recebe-
riam propina para acobertar irregularidades fiscais cometidas por várias empresas.
No STJ, o pedido de habeas corpus sustentou que a Cispen não teria atribuição para
fazer as escutas telefônicas. Segundo a defesa do contador, a lei que regulamenta essas
interceptações exige que o procedimento seja conduzido pela polícia judiciária, o que
tornaria ilegal a escuta feita por qualquer outro órgão da Administração Pública.
Em seu art. 6º, a Lei n. 9.296/1996 diz que, após a concessão da ordem judicial para a
escuta, “a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciên-
cia ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização”.
Para o ministro Jorge Mussi, relator do habeas corpus, esse dispositivo da lei não pode
ser interpretado de forma muito restritiva, sob pena de se inviabilizarem investigações
criminais que dependam de interceptações telefônicas. “O legislador não teria como
antever, diante das diferentes realidades encontradas nas unidades da federação, quais
órgãos ou unidades administrativas teriam a estrutura necessária, ou mesmo as maio-
res e melhores condições para proceder à medida”, disse o relator.
O ministro lembrou que o art. 7º da lei permite à autoridade policial requisitar serviços e
técnicos especializados das concessionárias de telefonia para realizar a interceptação,
portanto não haveria razão para que esse auxílio não pudesse ser prestado por órgãos da
própria Administração Pública. Ele comentou ainda que, no caso, embora a Cispen tenha
centralizado as operações de escuta, houve participação de delegado de polícia nas dili-
gências.
Com o habeas corpus, o contador pretendia retirar do processo as informações obtidas
a partir das escutas telefônicas e também de operações de busca e apreensão reali-
zadas por policiais militares, pois seriam provas ilícitas. O resultado seria a cassação
do despacho judicial que recebeu a denúncia criminal contra ele. No entanto, a Quinta
Turma, seguindo por maioria o voto do relator, negou o habeas corpus.
Quanto às apreensões feitas na residência do contador, a defesa alegou que a polícia
militar não teria competência para isso. O relator, porém, lembrou que a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal (STF) considera legais as buscas e apreensões efetivadas
por policiais militares.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 80 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Julgue os itens a seguir.

Questão 18 Hugo é um agente de polícia civil que realizou interceptação de comunicação


telefônica sem autorização judicial. Nessa situação, o ato de Hugo, apesar de violar direi-
tos fundamentais, não constitui crime hediondo.

Certo.
O crime que Hugo praticou está previsto no art. 10 da Lei n. 9.296/1996 e realmente ape-
sar de violar direitos fundamentais, não é crime hediondo, pois não está previsto na Lei
n. 9.296/1996.
A respeito da interceptação das comunicações telefônicas, julgue os itens a seguir, com
base no entendimento do STF.

Questão 19 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) Considere que, após realização de


interceptação telefônica judicialmente autorizada para apurar crime contra a Administra-
ção Pública imputado ao servidor público Mário, a autoridade policial tenha identificado,
na fase de inquérito, provas de ilícitos administrativos praticados por outros servidores.
Nessa situação hipotética, considerando-se que a interceptação telefônica tenha sido
autorizada judicialmente apenas em relação ao servidor Mário, as provas obtidas contra
os outros servidores não poderão ser usadas em procedimento administrativo disciplinar.

Errado.
A assertiva contraria o entendimento do Guardião da Constituição. O STF entendeu que:

A cláusula final do inciso XII do art. 5º da Constituição Federal – “[...] na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” –
não é óbice à consideração de fato surgido mediante a escuta telefônica para efeito
diverso, como é exemplo o processo administrativo-disciplinar. (RMS n. 24.956/DF,
Marco Aurélio, 9/8/2005, 1ª Turma, un.).

No mesmo sentido, o Inq-QO-QO n. 2.424/RJ:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 81 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Ementa: Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autoriza-


ção judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos
por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em pro-
cedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos
administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta
afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art.  5º, inc. XII, da CF, e  do art.  1º da
Lei Federal n. 9.296/1996. Precedente. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação
de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para
produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem
ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas
pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supos-
tos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova.

Questão 20 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) É possível a prorrogação do prazo de


autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessiva, especialmente quando se
tratar de fato complexo que exija investigação diferenciada e contínua.

Certo.
Segundo o STF, conforme o julgamento do RHC n. 88.371/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Men-
des, são admitidas prorrogações contínuas da interceptação telefônica quando o fato for
complexo, senão vejamos:

Ementa: Recurso Ordinário em Habeas Corpus. 1. Crimes previstos nos arts. 12, caput,
c/c o 18, II, da Lei n. 6.368/1976. 2. Alegações: a) ilegalidade no deferimento da autori-
zação da interceptação por 30 dias consecutivos; e b) nulidade das provas, contamina-
das pela escuta deferida por 30 dias consecutivos. 3. No caso concreto, a interceptação
telefônica foi autorizada pela autoridade judiciária, com observância das exigências de
fundamentação previstas no artigo 5º da Lei n. 9.296/1996. Ocorre, porém, que o prazo
determinado pela autoridade judicial foi superior ao estabelecido nesse dispositivo,
a saber: 15 (quinze) dias. 4. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou o

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 82 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

entendimento segundo o qual as interceptações telefônicas podem ser prorrogadas


desde que devidamente fundamentadas pelo juízo competente quanto à necessi-
dade para o prosseguimento das investigações. Precedentes: HC n. 83.515/RS, Rel.
Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ de 4/3/2005; e HC n.  84.301/SP, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, 2ª Turma, unanimidade, DJ de 24/3/2006. 5. Ainda que fosse
reconhecida a ilicitude das provas, os elementos colhidos nas primeiras intercep-
tações telefônicas realizadas foram válidos e, em conjunto com os demais dados
colhidos dos autos, foram suficientes para lastrear a persecução penal. Na origem,
apontaram-se outros elementos que não somente a interceptação telefônica havida
no período indicado que respaldaram a denúncia, a saber: a materialidade delitiva
foi associada ao fato da apreensão da substância entorpecente; e a apreensão das
substâncias e a prisão em flagrante dos acusados foram devidamente acompanha-
das por testemunhas. 6. Recurso desprovido.

E também no julgamento do RHC n.  85.575/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julg.
28/3/2006, 2ª Turma,

Ementa: recurso em habeas corpus. Interceptação telefônica. Prazo de validade.


Prorrogação. Possibilidade. Persistindo os pressupostos que conduziram à decre-
tação da interceptação telefônica, não há obstáculos para sucessivas prorrogações,
desde que devidamente fundamentadas, nem ficam maculadas como ilícitas as
provas derivadas da interceptação. Precedente. Recurso a que se nega provimento.

O nobre Professor Paulo Baltazar (2007, p. 5) leciona:

No mesmo sentido o STJ, afirmando que: “A interceptação telefônica deve perdurar


pelo tempo necessário à completa investigação dos fatos delituosos. O  prazo de
duração da interceptação deve ser avaliado pelo Juiz da causa, considerando os
relatórios apresentados pela Polícia.” (STJ, RHC 13.274/RS, Gilson Dipp, 5ª T., un.,
19/8/2003).

STJ decidiu que é ilícita a prova obtida em interceptação telefônica que durar 2 anos, confor-
me foi noticiado no Informativo n. 367 do STJ:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 83 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Trata-se de habeas corpus em que se pugna pela nulidade ab initio do processo penal,
visto que sua instauração deu-se com base em provas ilícitas, ou seja, decorrentes de
interceptação telefônica cuja autorização foi sucessivamente renovada e os investiga-
dos, ora pacientes, foram assim monitorados por um prazo superior a dois anos. A Turma
entendeu que, no caso, houve sim violação do princípio da razoabilidade, uma vez que
a Lei n. 9.296/1996, no seu art. 5º, prevê o prazo de 15 dias para a interceptação tele-
fônica, renovável por mais 15, caso seja comprovada a indispensabilidade desse meio
de prova. Assim, mesmo que fosse o caso de não haver explícita ou implícita violação
desse dispositivo legal, não é razoável que a referida interceptação seja prorrogada por
tanto tempo, isto é, por mais de dois anos. Ressaltou-se que, no caso da referida lei,
embora não esteja clara a hipótese de ilimitadas prorrogações, cabe ao juiz interpretar
tal possibilidade. Contudo, dada a natureza da norma que alude à restrição da liberdade,
o que está ali previsto é uma exceção à regra. Se o texto legal parece estar indetermi-
nado ou dúbio, cabe a esta Corte dar à norma interpretação estrita, face a sua natureza
limitadora do direito à intimidade, de modo a atender ao verdadeiro espírito da lei. Com
isso, concedeu-se a ordem de habeas corpus a fim de reputar ilícita a prova resultante
de tantos dias de interceptações telefônicas e, consequentemente, declarar nulos os
atos processuais pertinentes e retornar os autos ao juiz originário para determinações
de direito. HC n. 76.686-PR, Rel. Min. Nilson Naves, julg. em 9/9/2008.

De outra parte, no HC n. 50193/ES, o STJ havia decidido:

[...] 1. O prazo de 15 (quinze) dias estabelecido pelo art. 5º da Lei n. 9.296/1996 é rela-
tivo, podendo a interceptação telefônica ser prorrogada tantas vezes quantas forem
necessárias, mediante decisão devidamente fundamentada que demonstre a inequívoca
indispensabilidade da prova.
2. No caso, é lícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica, realizada durante
6 (seis) meses, pois era providência necessária e foi devidamente autorizada.
3. Habeas corpus conhecido em parte, mas denegado. (Grifo nosso)

Questão 21 (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU//2010) Considere que, no curso de uma


investigação policial, tenha sido constatada, por meio de interceptação telefônica devidamente

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 84 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

autorizada pelo juízo de primeira instância e regulamente cumprida pela autoridade policial,
a participação de agente político com foro por prerrogativa de função junto ao Superior Tribu-
nal de Justiça. Nessa situação, de acordo com o sistema processual brasileiro, a incompetên-
cia absoluta enseja a nulidade de todos os atos judiciais praticados, repercutindo a nulidade
na prova até então produzida.

Errado.
A assertiva está falsa, pois contraria a jurisprudência do STF no tocante ao assunto, senão
vejamos:

A verificação posterior de incompetência não vicia a prova determinada pelo juiz que,
conforme os dados conhecidos no momento da decisão, seria competente, conforme
decidido pelo STF, nos seguintes termos: “IV. Interceptação telefônica: exigência de
autorização do ‘juiz competente da ação principal’ (Lei n. 9.296/1996, art. 1º): inteligên-
cia. 1. Se cuida de obter a autorização para a interceptação telefônica no curso de pro-
cesso penal, não suscita dúvidas a regra de competência do art. 1º da Lei n. 9.296/1996:
só ao juiz da ação penal condenatória – e que dirige toda a instrução –, caberá deferir a
medida cautelar incidente. 2. Quando, no entanto, a interceptação telefônica constituir
medida cautelar preventiva, ainda no curso das investigações criminais, a mesma norma
de competência há de ser entendida e aplicada com temperamentos, para não resultar
em absurdos patentes: aí, o  ponto de partida à determinação da competência para a
ordem judicial de interceptação – não podendo ser o fato imputado, que só a denúncia,
eventual e futura, precisará –, haverá de ser o fato suspeitado, objeto dos procedimen-
tos investigatórios em curso. 3. Não induz à ilicitude da prova resultante da intercep-
tação telefônica que a autorização provenha de Juiz Federal – aparentemente compe-
tente, à vista do objeto das investigações policiais em curso, ao tempo da decisão – que,
posteriormente, se haja declarado incompetente, à vista do andamento delas. (STF, HC
n. 81.260/ES, Sepúlveda Pertence, Pl., un., 19/4/2002).

Questão 22 (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2008) Uma vez realizada a interceptação


telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletadas dessa

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 85 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção,
desde que estes sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação.

Certo.
No julgamento do HC n.  83.515/RS Rel. Min. Nelson Jobim, Julg. em 16/9/2004, Tribunal
Pleno, decidiu o STF:

Habeas corpus. Interceptação telefônica. Prazo de validade. Alegação de existência de


outro meio de investigação. Falta de transcrição de conversas interceptadas nos relató-
rios apresentados ao juiz. Ausência de ciência do Ministério Público acerca dos pedidos
de prorrogação. Apuração de crime punido com pena de detenção. 1. É possível a prorro-
gação do prazo de autorização para a interceptação telefônica, mesmo que sucessivas,
especialmente quando o fato é complexo a exigir investigação diferenciada e contínua.
Não configuração de desrespeito ao art. 5º, caput, da Lei n. 9.296/1996. 2. A intercepta-
ção telefônica foi decretada após longa e minuciosa apuração dos fatos por CPI esta-
dual, na qual houve coleta de documentos, oitiva de testemunhas e audiências, além
do procedimento investigatório normal da polícia. Ademais, a interceptação telefônica
é perfeitamente viável sempre que somente por meio dela se puder investigar determi-
nados fatos ou circunstâncias que envolverem os denunciados. 3. Para fundamentar
o pedido de interceptação, a lei apenas exige relatório circunstanciado da polícia com
a explicação das conversas e da necessidade da continuação das investigações. Não
é exigida a transcrição total dessas conversas o que, em alguns casos, poderia preju-
dicar a celeridade da investigação e a obtenção das provas necessárias (art. 6º, § 2º,
da Lei n. 9.296/1996). 4. Na linha do art. 6º, caput, da Lei n. 9.296/1996, a obrigação
de cientificar o Ministério Público das diligências efetuadas é prioritariamente da polí-
cia. O  argumento da falta de ciência do MP é superado pelo fato de que a denúncia
não sugere surpresa, novidade ou desconhecimento do procurador, mas sim envolvi-
mento próximo com as investigações e conhecimento pleno das providências tomadas.
5. Uma vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legí-
tima, as informações e provas coletas dessa diligência podem subsidiar denúncia com
base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que conexos aos primeiros tipos
penais que justificaram a interceptação. Do contrário, a interpretação do art. 2º, III, da

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 86 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Lei n. 9.296/1996 levaria ao absurdo de concluir pela impossibilidade de interceptação


para investigar crimes apenados com reclusão quando forem estes conexos com crimes
punidos com detenção. Habeas corpus indeferido.

Questão 23 (VUNESP/2018/TJ-MT/JUIZ SUBSTITUTO) Assinale a alternativa correta com


relação às disposições processuais penais especiais.
a) A transação penal prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais é aplicável aos crimes
praticados contra a violência doméstica.
b) Na colaboração premiada em crimes de organização criminosa, o  juiz poderá reduzir a
pena privativa de liberdade em até 1/3, desde que a personalidade do colaborador, a natureza,
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso sejam adequadas à
benesse.
c) O juiz está adstrito às condições previstas na Lei na hipótese de oferecimento de proposta
de suspensão condicional do processo.
d) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores deve ser observado o pro-
cedimento processual especial previsto na legislação em vigor.
e) Não será deferida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato criminoso
investigado for punido, no máximo, com pena de detenção.

Letra e.
A letra A está equivocada uma vez que não se pode aplicar a lei 9099/95 aos crimes pratica-
dos em situação de violência doméstica. A letra B está errada pois o juiz pode até conceder o
perdão ao membro do crime organizado que colaborar com as autoridades públicas. A letra C
está errada, pois o juiz pode fixar outras condições, que não estão previstas em Lei. A letra D
está equivocada, uma vez que a Lei de Lavagem de Capitais não prevê procedimento próprio
de julgamento para os crimes ali previstos. A letra E é a correta, uma vez que é cabível a inter-
ceptação telefônica em crimes punidos com reclusão.

Questão 24 (VUNESP/2018/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Diante do previsto na Lei


n. 9.296/96 – Lei de Interceptação Telefônica, assinale a alternativa correta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 87 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) A interceptação telefônica será admitida mesmo que a prova possa ser feita por outros
meios disponíveis.
b) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo representante do Ministério Públi-
co, de ofício, mediante idônea fundamentação durante a instrução criminal.
c) O juiz deverá decidir, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o pedido de in-
terceptação.
d) Somente será admitido o pedido de interceptação telefônica feito por escrito.
e) Não é necessária a presença de indícios razoáveis da autoria ou participação em infração
penal para que seja determinada a interceptação telefônica.

Letra c.
A letra C está de acordo com o § 2º do art. 4º da Lei n. 9296/96, aliás de difícil incidência em
provas:

Art. 4º O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que


a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem
empregados.
§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.
§ 2º O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido (Grifei).

Questão 25 (INSTITUTO AOCP/2018/ITEP-RN/PERITO CRIMINAL/QUÍMICO) A respeito da


interceptação telefônica, assinale a alternativa correta.
a) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas, dentre outras hipóteses,
quando a prova puder ser feita por outros meios disponíveis.
b) Será admitida a interceptação para investigar crimes punidos com detenção ou reclusão.
c) A interceptação das comunicações telefônicas somente poderá ser determinada pelo juiz a
requerimento do Ministério Público.

d) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao


Delegado e ao Ministério Público, que poderão acompanhar a sua realização.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 88 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

e) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem au-


torização judicial.

Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com o que rege o inciso II do art. 2º da Lei em estudo:

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.(Grifei)

Questão 26 (NUCEPE/2018/PC-PI/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Sabe-se que a intercep-


tação de comunicações telefônicas é, atualmente, prova bastante utilizada em investigação
criminal, inclusive, para a própria instrução processual penal. Sobre o tema, marque a alter-
nativa CORRETA.
a) A ordem da interceptação de comunicações telefônicas depende da ordem da autoridade
policial e, em seguida, para instrução processual, submete ao juiz competente para validação.
b) A interceptação de comunicações telefônicas tem, mesmo que seja possível outros meios
disponíveis, o objetivo de corroborar com os demais meios de prova.
c) Não é permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando não houver indícios
razoáveis da autoria ou participação em infração penal.
d) É permitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado cons-
tituir infração penal punida com pena de detenção
e) Mesmo que estejam presentes os pressupostos que autorizam a interceptação de comu-
nicações telefônicas, é inadmissível que o pedido seja formulado verbalmente, nem que seja
excepcionalmente.

Letra c.
A alternativa está de acordo com o inciso I do art. 2º da Lei n. 9296/96:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 89 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

Ocorre que o examinador não se atentou ao que dispõe o parágrafo único do mesmo dispositivo:

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

Quando não for conhecida a identidade do autor, ainda assim, com base em tal dispositivo,
é possível se realizar o pedido de interceptação telefônica.

Questão 27 (TRF-3ª REGIÃO/2018/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Relativamente à intercep-


tação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação cri-
minal e em instrução processual penal, assinale a alternativa que contém uma afirmação
CORRETA:
a) Somente pode ser deferida a requerimento do Ministério Público, em qualquer fase da in-
vestigação policial ou na instrução processual penal.
b) É admissível para a investigação de qualquer tipo de infração penal.
c) Não poderá ser deferida se não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal.
d) Será deferida, ainda que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis.

Letra c.
A alternativa está de acordo com o inciso I do art. 2º da Lei n. 9296/96:

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

Ocorre que o examinador não se atentou ao que dispõe o parágrafo único do mesmo dispositivo:

Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

Quando não for conhecida a identidade do autor, ainda assim, com base em tal dispositivo,
é possível se realizar o pedido de interceptação telefônica.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 90 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 28 (CESPE/2018/SEFAZ-RS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZENDÁRIO) Nas hi-


póteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
cessual penal, a quebra do sigilo de comunicações telefônicas pode ser determinada
a) pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público.
b) pelo Poder Judiciário, somente.
c) por autoridade policial e pelo Ministério Público.
d) pela fiscalização tributária, somente.
e) pelo Ministério Público, somente.

Letra b.
Trata-se de cláusula reserva jurisdicional, ou seja, apenas o Juiz pode deferir a interceptação
telefônica.

Questão 29 (CESPE/2019/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) No que tange a interceptação das co-


municações telefônicas e a disposições relativas a esse meio de prova, previstas na Lei n.
9.296/1996, assinale a opção correta.
a) A referida medida poderá ser determinada no curso da investigação criminal ou da ins-
trução processual destinada à apuração de infração penal punida, ao menos, com pena de
detenção.
b) A existência de outros meios para obtenção da prova não impedirá o deferimento da refe-
rida medida.
c) O deferimento da referida medida exige a clara descrição do objeto da investigação, com
indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta justificada.
d) A utilização de prova obtida a partir da referida medida para fins de investigação de fato
delituoso diverso imputado a terceiro não é admitida.
e) A decisão judicial autorizadora da referida medida não poderá exceder o prazo máximo de
quinze dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período.

Letra c.
A alternativa está correta, pois está de acordo com o p. único do art. 2º da Lei de Intercepta-
ção Telefônica:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 91 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada. (Grifei)

Questão 30 (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Diante de uma investiga-


ção policial de um crime apenado com detenção, e verificando a necessidade de intercepta-
ção da comunicação telefônica, é correto afirmar que
a) não deverá ser solicitada ao Poder Judiciário, pois não é admitida nos crimes apenados por
detenção.
b) a autoridade policial deverá requerer ao Poder Judiciário que a decretará por prazo não
superior a 20 (vinte) dias.
c)poderá ser decretada pela autoridade policial pelo prazo de 20 (vinte) dias, sendo necessá-
ria a remessa da documentação ao Ministério Público para fiscalização da atividade policial.
d)poderá ser solicitada ao Poder Judiciário, mesmo na hipótese de a prova ter possibilidade
de ser realizada por outros meios disponíveis.
e) a autoridade policial deverá requerer ao Ministério Público que a decretará por prazo não
superior a 20 (vinte) dias.

Letra b.
Quem defere a interceptação das comunicações telefônicas é o juiz, pelo prazo de 15 dias.

Questão 31 (CESPE/2018/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1) No que se refere aos ti-


pos penais, julgue o próximo item.
Situação hipotética: Durante uma inundação, Abel interrompeu dolosamente o serviço tele-
fônico da região. Assertiva: Nessa situação, Abel responderá por crime previsto na Lei de In-
terceptação Telefônica, com a circunstância agravante de tê-lo praticado durante calamidade
pública.

Errado.
A Lei n. 9296/96 prevê dois crimes apenas: a interceptação telefônica ilegal e a interceptação
ambiental ilegal. O crime que aparece na assertiva está previsto no Código Penal:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 92 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de infor-


mação de utilidade pública (Redação dada pela Lei n. 12.737, de 2012) Vigência
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou
dificultar-lhe o restabelecimento:
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de informação de utilidade pú-
blica, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei n. 12.737, de 2012) Vigência
§ 2º Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.
(Incluído pela Lei n. 12.737, de 2012) Vigência

Questão 32 (FCC/2018/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO) A interceptação de comunicações


telefônicas pode ser realizada
a) mesmo que a prova possa ser feita por outros meios disponíveis.
b) por ato fundamentado de Delegado de Polícia no curso do inquérito policial em caso de cri-
me hediondo ou equiparado.
c) pelo prazo de quinze dias, que só pode ser prorrogado por igual prazo em caso de indispen-
sabilidade do meio de prova.
d) pela autoridade policial em caso de prisão em flagrante apenas para acesso de dados de
aplicativos como Whatsapp e Facebook, independentemente de ordem judicial.
e) para apurar crime de ameaça quando esta estiver sendo cometida por meio de ligação
telefônica.

Letra c.
A letra A está errada, pois a interceptação telefônica só é admitida quando não houver outros
meios de provas disponíveis. As letras B e D estão equivocadas uma vez que o Delegado de
Polícia não pode determinar a interceptação telefônica. A letra E está errada, uma vez que o
crime de ameaça é punida com detenção. O que poderia ser admitida, no caso concreto, é a
gravação telefônica, em que a vítima grava o interlocutor.

Questão 33 (CESPE/2017/TRT-7ª REGIÃO/CE/ANALISTA JUDICIÁRIO/CONTABILIDADE)


Embora a CF preveja a inviolabilidade das comunicações telefônicas, é admitida a intercepta-
ção das comunicações telefônicas, na forma da lei, para fins de investigação criminal ou

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 93 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) instrução processual penal, mediante autorização judicial, por determinação de comissão


parlamentar de inquérito regularmente instaurada, ou investigação de ato de improbidade
administrativa, por determinação do Ministério Público.
b) instrução processual penal, mediante autorização judicial.
c) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou por determinação de comis-
são parlamentar de inquérito regularmente instaurada.
d) instrução processual penal, mediante autorização judicial, ou investigação de ato de im-
probidade administrativa, por determinação do Ministério Público.

Letra b.
Comentários: A letra B está de acordo com o art. 5º, inc. XII, da CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das co-
municações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Questão 34 (FGV/2016/MPE-RJ/ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO/PROCESSUAL) Car-


los é investigado pela prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor
(art. 302, CTB – pena: detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou habilitação para dirigir veículo automotor). No curso das investigações, o Ministério
Público encontra dificuldades na obtenção da justa causa, mas constam informações de que
Carlos conversa e ri dos fatos com amigos ao telefone, admitindo o crime. Diante disso, o de-
legado representa pela interceptação de comunicações telefônicas. Sobre os fatos narrados,
é correto afirmar que a interceptação:
a) não deverá ser decretada, pois ainda na fase de inquérito policial;
b) poderá ser decretada, mas não poderá ultrapassar o prazo de 30 dias, prorrogável por igual
período;
c) não deverá ser decretada em razão da pena prevista ao delito investigado;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 94 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização judicial configura
crime;
e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, necessariamente,
integralmente transcrito.

Letra c.
A letra C é a correta, pois não se admite a decretação de interceptação telefônica em crimes
punidos com pena de reclusão. A questão é do ano de 2016, e você deve ficar atento à nova
redação do crime previsto no art. 302 do CTB, pois em uma de suas formas qualificadas prevê
pena de reclusão:

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) à metade, se o agente (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014)
I  – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei n.  12.971,
de 2014)
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014)
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
(Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014)
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passa-
geiros. (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014)
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra subs-
tância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei n. 13.546, de 2017)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei n. 13.546, de 2017)

Questão 35 (UFMT/2016/TJ-MT/ANALISTA JUDICIÁRIO/DIREITO) Sobre a interceptação te-


lefônica, segundo a Lei n. 9.296/1996, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Não será admitida interceptação telefônica quando a prova puder ser feita por outros meios
disponíveis.
b) Será admitida interceptação telefônica quando houver indícios razoáveis de autoria ou par-
ticipação e infração penal.
c) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da
autoridade policial na investigação criminal.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 95 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

d) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento do


Ministério Público na investigação criminal.

Anulada.
Pela leitura atenta de todas alternativas, verifica-se que não há incorreta.

Questão 36 (CESPE/2015/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA) Julgue o item sub-


sequente, em relação à prova, ao instituto da interceptação telefônica e à citação por hora
certa.
A interceptação telefônica, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal,
somente será permitida quando, havendo indícios razoáveis de autoria ou participação em in-
fração, a prova não puder ser obtida por outros meios disponíveis, e quando o fato investigado
constituir infração penal para a qual se preveja, ao menos, pena de detenção.

Errado.
A assertiva está equivocada, pois a infração penal deve ser punida “ao menos” com reclusão.

Questão 37 (FGV/2018/CÂMARA DE SALVADOR-BA/ESPECIALISTA/ADVOGADO LEGISLA-


TIVO) Durante determinada investigação penal de crime de associação para o tráfico, enten-
dendo pela existência de indícios de autoria e inexistência de outros meios para obtenção da
prova, a autoridade policial representou pela decretação da interceptação das comunicações
das linhas telefônicas de titularidade de determinado investigado. Ao receber o pedido, o ma-
gistrado, de maneira fundamentada, autorizou a interceptação pelo prazo inicial de 30 (trinta)
dias, deixando claro que eventual pedido de prorrogação desse prazo deveria ser devidamente
fundamentado.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que:
a) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser requerida pela autoridade
policial, dependendo a autorização de pedido expresso do Ministério Público;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 96 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

b) a interceptação das comunicações telefônicas não poderia ser autorizada durante as in-
vestigações, sob pena de violação do sistema acusatório;
c) o crime de associação para o tráfico, diante da sanção penal prevista, não admite intercep-
tação das comunicações telefônicas;
d) o prazo fixado pelo magistrado na decisão que autorizou a interceptação das comunica-
ções telefônicas não é válido;
e) a decisão que determinou a interceptação das comunicações telefônicas foi válida, diante
do crime investigado, da representação da autoridade policial e do prazo fixado.

Letra d.
O cabeçalho possui um erro que é a questão de o Delegado representar pela interceptação
telefônica. Na verdade, segundo a Lei n. 9296/96, o Delegado elabora requerimento dirigido
ao Juiz. A questão D é a correta, uma vez que o prazo de duração da interceptação telefônica
é de 15 dias prorrogáveis por igual período, respeitados os julgados do STJ e do STF sobre o
assunto.

Questão 38 (FGV/2017/ALERJ/PROCURADOR) Comissão Parlamentar de Inquérito de de-


terminada Assembleia Legislativa, regularmente instaurada, determina a interceptação de
comunicações telefônicas de Jorge, com base na Lei n. 9.296/96, bem como a quebra do si-
gilo de dados telefônicos de João, sendo que ambos figuravam na condição de investigados.
Apenas com base nas informações obtidas por esses meios, o Ministério Público ofereceu
denúncia em face de Jorge e João, encaminhando junto com a inicial acusatória a transcri-
ção das conversas obtidas com a interceptação de Jorge e a relação de dados telefônicos
de João.
Apenas com base nas informações narradas e na posição majoritária do Supremo Tribunal
Federal, é correto afirmar que:
a) a relação de dados telefônicos de João configura prova válida, enquanto a transcrição a
partir da interceptação das conversas telefônicas de Jorge configura prova ilícita;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 97 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

b) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, de-


vem ser consideradas válidas;
c) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são
ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos;
d) ambas as provas, oriundas da interceptação telefônica e da quebra de sigilo de dados, são
ilícitas, mas podem continuar nos autos em razão da teoria da fonte independente;
e) o registro dos dados telefônicos de João configura prova ilícita, enquanto a transcrição das
conversas de Jorge, obtidas por interceptação telefônica, configura prova válida.

Letra a.
A CPI pode acessar dados telefônicos sem autorização judicial, por conta do art. 58, §3º, da
CF, em razão dos poderes instrutórios lá previstos. Agora, a CPI não pode determinar a in-
terceptação das comunicações telefônicas, por conta da cláusula de reserva de jurisdição.
Portanto, a prova obtida com o acesso aos dados telefônicos é lícita, enquanto a prova obtida
a partir da interceptação é ilícita.

Questão 39 (MPE-PR/2016/PROMOTOR SUBSTITUTO) Acerca dos temas “lavagem de di-


nheiro” e “interceptação de comunicação telefônica e transferência de dados”, assinale a úni-
ca alternativa incorreta:
a) Os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na Lei n.
9.613/1998, admitem a forma tentada;
b) O processo e julgamento dos crimes “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores
independem do julgamento da infração penal antecedente;
c) Nos termos da Lei n. 9.296/1996, em hipóteses excepcionais, a interceptação do fluxo de
comunicações em sistemas de informática e telemática, pode prescindir de ordem judicial;
d) Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas se o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção;
e) A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores,
relativas à prática do crime de”lavagem” de dinheiro, poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido
o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 98 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Letra c.
A alternativa C está equivocada, uma vez que em tanto na interceptação como na escuta te-
lefônicas há necessidade de autorização judicial. A única modalidade que prescinde de auto-
rização do Juízo é a gravação telefônica.

Questão 40 (MPE-RS/2016/PROMOTOR DE JUSTIÇA/PROVA ANULADA) Sobre intercepta-


ção telefônica, assinale a alternativa correta.
a) A gravação que não interessar à prova será inutilizada, incontinenti, por determinação da
autoridade policial, durante o inquérito policial.
b) Em qualquer hipótese, a interceptação telefônica não será admitida quando não for possí-
vel a indicação e qualificação dos investigados.
c) A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz a pedido da autoridade policial
ou do Ministério Público, não podendo ser determinada de ofício.
d) O pedido de interceptação telefônica poderá ser formulado verbalmente e após reduzido a
termo, devendo o juiz sobre ele decidir no prazo de 24 horas.
e) O crime de constrangimento ilegal (art. 146 do Código Penal), executado por uma só pes-
soa e sem emprego de arma de fogo, mas mediante grave ameaça, admite a quebra do sigilo
telefônico.

Anulada.
A questão foi anulada, pois apresenta duas alternativas corretas. A letra d está de acordo com
a letra da lei. Na letra E, é cabível a quebra de sigilo telefônico no crime em comento, uma vez
que tal medida não se confunde com a interceptação telefônica.

Questão 41 (MPE-SC/2016/PROMOTOR DE JUSTIÇA/MATUTINA) A Lei n. 9.296/96 (Inter-


ceptação Telefônica), que expressamente regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5º da
Constituição Federal, prevê pena de reclusão e multa, na realização de interceptação telefôni-
ca de comunicação, de informática ou telemática, ou quebrar segredo de Justiça, sem autori-
zação judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 99 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Certo.
Antes do Pacote Anticrime e da edição da Nova Lei de Abuso de Autoridade, o crime do art. 10
da mencionada Lei já previa a pena de reclusão. Agora há dois crimes na Lei em estudo:

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou te-


lemática, promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou
com objetivos não autorizados em lei: (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 13.869. de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de con-
duta prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei. (Incluído pela Lei n. 13.869.
de 2019)
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para in-
vestigação ou instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida: (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Questão 42 (VUNESP/2015/TJ-MS/JUIZ SUBSTITUTO) Com relação ao pedido de intercep-


tação telefônica, disciplinado pela Lei n. 9.296/96, assinale a alternativa correta.
a) Poderá ser formulado verbalmente, desde que presentes os pressupostos autorizadores
e demonstrada a excepcionalidade da situação, caso em que a concessão será reduzida a
termo.
b) Na investigação criminal, será formulado ao representante do Ministério Público, e na ins-
trução processual penal, ao juiz, com prazo de 24 horas para decisão.
c) Deferido o pedido, o juiz conduzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ao
Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
d) Conterá prova de materialidade e indícios de autoria ou participação em crime apenado
com detenção ou reclusão, além de demonstração da indispensabilidade do meio de prova.
e) Na decisão de deferimento, será consignado, para a execução da diligência, o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por uma vez, comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Letra a.
Comentários: A letra A está de acordo com o §1º do art. 4º da Lei n. 9296/96:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 100 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Art. 4º O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração de que a sua


realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem empre-
gados.
§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que
estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.

Questão 43 (CESPE/2015/TRF-1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO). A  interceptação


das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz a requerimento
a) do assistente de acusação, durante a investigação criminal.
b) do ministro da Fazenda, quando da investigação de crimes contra a ordem tributária.
c) da autoridade policial, durante a investigação criminal.
d) do MP, somente após o recebimento da denúncia.
e) do ministro da Justiça, se o crime praticado envolver a violação de direitos humanos.

Letra c.
Como já exaustivamente exposto na aula, durante a investigação criminal tanto o MP como
a Autoridade Policial poderão elaborar requerimento ao Juiz para que defira a interceptação
telefônica.

Questão 44 (FUNIVERSA/2015/PC-DF/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Constitui um dos requi-


sitos para que seja admitida a interceptação telefônica, segundo a Lei n. 9.296/1996, o(a)
a) fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
b) existência de indícios razoáveis da participação em infração penal.
c) fato investigado constituir infração penal punida com pena de multa.
d) indício razoável da autoria em contravenção penal.
e) possibilidade de a prova poder ser feita por outros meios disponíveis.

Letra b.
Como já expusemos em nossa aula, inclusive com o mapa mental. É admitida a interceptação
telefônica quando existirem indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal,
o crime investigado for punível com reclusão e a prova não puder ser feita por outros meios.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 101 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

Questão 45 (UEG/2013/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA/2ª PROVA) Sobre a interceptação


das comunicações, tem-se o seguinte:
a) é cabível, em regra, a interceptação telefônica para apuração de ato infracional ou para fins
civis, comerciais, industriais ou que envolvam direitos difusos.
b) segundo o Superior Tribunal de Justiça, é possível a autorização de interceptação telefôni-
ca independentemente da existência de inquérito policial.
c) segundo o Superior Tribunal de Justiça, a prisão em flagrante ocorrida em razão do moni-
toramento telefônico é nula, uma vez que configura hipótese de flagrante preparado.
d) já se consolidou o entendimento de que a prova emprestada, mesmo se na origem forem
respeitados o contraditório e a ampla defesa, é inadmissível.

Letra b.
O STJ admite a interceptação telefônica sem que haja a necessidade de instauração de in-
quérito policial. Basta eu lembrar para você que o Membro do Ministério Público pode reque-
rer tal medida durante a tramitação do PIC -procedimento investigatório criminal.

Questão 46 (VUNESP/2015/PC-CE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLASSE) No curso


das investigações, a Autoridade Policial toma conhecimento de intenso tráfico de drogas re-
alizado por uma associação em determinada região da cidade e, com vistas à identificação e
prisão dos criminosos, intercepta as conversas telefônicas de quatro suspeitos. Com relação
a essa conduta, é correto afirmar que a Autoridade Policial
a) agiu corretamente, considerando que uma vez presentes fortes indícios de autoria e ma-
terialidade de delito punido com pena de reclusão, pode a Autoridade Policial determinar a
interceptação das conversas telefônicas com base na Lei n. 9.296/96.
b) incorreu no crime previsto no artigo 10 da Lei n. 9.296/96.
c) agiu corretamente, considerando que a interceptação de comunicações telefônicas se e
dispensa sobrepõe outros meios de provas.
d) não agiu corretamente, porque, segundo a lei, somente se autoriza interceptação de comu-
nicação telefônica no curso da instrução processual e não no curso das investigações.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 102 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

e) não agiu corretamente, porque deveria ter submetido a análise da necessidade dessa prova
ao Ministério Público, buscando autorização com o órgão ministerial.

Letra b.
O Delegado de Polícia ao interceptar sem autorização judicial as conversas desenvolvidas pe-
los telefones de quatro associados ao tráfico de drogas incorreu no crime previsto no art. 10
da Lei n. 9296/96.

Questão 47 (MPE-GO/2014/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Sobre o Direito Penal e


a chamada proteção jurídica da informação, assinale a alternativa incorreta:
a) O Código de Defesa do Consumidor pune a ofensa à informação. Estão previstas sanções
para a ação de impedir ou dificultar o acesso do consumidor às suas informações constan-
tes em cadastros, banco de dados, fichas e registros. Ainda, incrimina a conduta omissiva de
deixar de corrigir, de forma imediata, sabendo ou devendo saber ser inexata, informação sobre
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros.
b) A Lei n. 8.137/90 considera crime a conduta de utilização ou divulgação de programa de
processamento de dados, permitindo ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir infor-
mação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
c) A Lei n. 9.296/96 considera crime a ação do sujeito que, sem ordem judicial ou com obje-
tivos diversos dos autorizados em lei, realizar interceptação de comunicações telefônicas, de
informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça
d) O Código Penal sanciona penalmente a conduta de funcionários públicos que inserirem
ou facilitarem o acesso para inserção de dados falsos, alterarem ou excluírem, de forma in-
devida, dados corretos, os quais estejam em sistemas informatizados ou em bancos de da-
dos da Administração Pública, visando obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causarem dano. Também é considerado crime o funcionário público modificar ou alterar
sistema de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. O Código
Penal ainda penaliza a conduta daquele que divulgar informações sigilosas ou reservadas,

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 103 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

sem justa causa, devendo necessariamente estar essas informações contidas nos sistemas
de informações ou banco de dados da Administração Pública

Letra a.
Uma das questões mais difíceis que eu resolvi no momento de analisar a alternativa. Con-
sidero a questão difícil do concurso público. A alternativa A é incorreta uma vez que é crime
previsto no Código de Defesa do Consumidor a conduta de impedir ou dificultar o acesso do
consumidor às suas informações constantes em cadastros, banco de dados, fichas e regis-
tros.

Questão 48 (MPE-GO/2014/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) É fato notório que algu-


mas técnicas de investigação penetram no direito à intimidade do investigado, fazendo-se ne-
cessária a ponderação entre o interesse público e a liberdade individual. Nessa seara, com a
Lei n. 9.296/1996, que regulamentou inciso XII do art. 5º da Constituição da República de 1988,
tornou-se possível a interceptação de comunicações telefônicas para prova em investigação
criminal e em instrução processual penal, mediante prévia autorização judicial. No que se refere
à interceptação das comunicações telefônicas e telemáticas, assinale a alternativa incorreta:
a) O acesso à identificação do endereço de IP (Internet Protocol) do computador utilizado para
a prática do crime não constitui medida investigativa de interceptação de comunicação telemá-
tica.
b) admite-se a interceptação de prospecção.
c) conforme entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no Inquérito n. 3.693/PA,
em sessão plenária do dia 10/04/2014, não configura cerceamento de defesa a ausência da
degravação de todas as conversas interceptadas, sendo suficiente a transcrição dos trechos
das escutas que embasaram o oferecimento da denúncia.
d) a interceptação telefônica, em tese, pode ser deferida em casos de crime de ação penal
pública e de ação penal de iniciativa privada.

Letra c.
Na letra A, em tese, o examinador tratou do acesso aos dados de informática e telemática e não
interceptação de dados de informática e telemática. Não é admitida a chamada ‘interceptação de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 104 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

prospecção’, ou seja, realizada por meras conjecturas para descobrir se uma pessoa qualquer está
envolvida em algum crime. Na letra C. que é a correta parte do julgado em referência diz:

(...) 1. O Supremo Tribunal Federal afasta a necessidade de transcrição integral dos diá-
logos gravados durante quebra de sigilo telefônico, rejeitando alegação de cerceamento
de defesa pela não transcrição de partes da interceptação irrelevantes para o embasa-
mento da denúncia (...).

A letra D foi dada como incorreta, mas eu ouso a discordar do gabarito uma vez que em cri-
mes de ação penal privada principalmente na modalidade subsidiária da pública seria admi-
tida a interceptação.

Questão 49 (FCC/2014/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO DE ENTRÂNCIA INICIAL) Antonio é in-


vestigado em inquérito policial. Para que seja determinada interceptação telefônica de suas
comunicações de acordo com o texto legal, é necessário que
a) sua duração não exceda 10 (dez) dias.
b) haja certeza de que Antonio é autor ou partícipe na infração penal que se investiga.
c) haja requerimento do Ministério Público, na fase de investigação criminal.
d) o crime cuja prática se investiga seja punido com penal igual ou superior a quatro anos.
e) a decisão que a decrete indique a forma de execução da diligência.

Letra e.
Comentários: A alternativa E está de acordo como o art. 5º da Lei n. 9296/96:

Art. 5º A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execu-
ção da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma
vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova. (Grifei).

Questão 50 (CESPE/2013/TJ-BA/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/RE-


MOÇÃO) Com base nos dispositivos legais atinentes a provas ilícitas, interceptações telefôni-
cas, juízes, citações e intimações, assinale a opção correta.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 105 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

a) São inadmissíveis, no processo penal, as provas ilícitas, que devem ser desentranhadas dos
autos, sendo, entretanto, admissíveis em qualquer situação as provas derivadas das ilícitas.
b) Nos juízos coletivos, poderão servir no mesmo processo os juízes que forem parentes, em
linha colateral, de segundo grau.
c) No CPP, é prevista, conforme redação dada pela Lei n. 11.719/2008, a intimação por hora
certa, mas não a citação por hora certa, de modo que esta somente é cabível no processo civil,
e não no processo penal.
d) É possível a autorização judicial de interceptação de comunicações telefônicas, mesmo
quando possível a comprovação, por outros meios, dos fatos a elas relacionados.
e) Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido de interceptação das comunicações
telefônicas, uma vez presentes os pressupostos que o autorizem, seja formulado verbalmen-
te, situação em que a concessão será condicionada à sua redução a termo.

Letra e.
A letra A está errada pois não são admitidas no ordenamento jurídico as provas derivadas
das ilícitas. A letra B está equivocada pois está em desacordo com o art. 253 do CPP. A letra
C está equivocada, pois é cabível a citação por hora certa. Na letra D, há erro, pois se houver
outros meios de prova a interceptação não será admitida. Resta a letra E, que está de acordo
com a letra da lei.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 106 de 110
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Interceptação Telefônica
Sérgio Bautzer

REFERÊNCIAS

BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Dez anos da lei da interceptação telefônica (Lei n. 9.296, de
24 de julho de 1996). Interpretação jurisprudencial e anteprojeto de mudança. Revista Ajufer-
gs, Porto Alegre, n. 3, 2007.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 3. ed. São Pau-
lo: Revista dos Tribunais, 2008. _____. _____. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008. _____._____. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
_____._____. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

GOMES, Luiz Flávio; CERVINI, Raúl. Enfoques criminológico, jurídico (Lei n.  9.034/1995) e
político-criminal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. _____;_____._____. 2. ed. rev., atu-
al. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. _____;_____. Interceptação telefônica: Lei
n. 9.296, de 24/7/1996. 2. ed. São Paulo: RT, 2001.

Sérgio Bautzer
Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. Bacharel em Direito, Professor de Legislação Especial e
Direito Processual Penal, Professor de cursos preparatórios, graduação e pós-graduação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 107 de 110
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 108 de 110
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 109 de 110
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para VIVIAN CRISTHIANE MONTEIRO PEREIRA - 05404197960, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

Você também pode gostar