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[uJ Estrategia CONCURSOS Aula 05 Legislagao Penal e Processual Penal p/ PC-MT (Delegado) Professores: Marcos Girao, Paulo Guimaraes ria e Aula 05 - Prof. Paul Auta 05 LEI N° 8.069/1990 E SUAS ALTERAGOES (ESTATUTO DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE). LEI N° 11.340/2006 E SUAS ALTERAGOES (LEI MARIA DA PENHA). Sumario 1 - Consideragées Iniciais 2 - Lei n° 8069/1990: Estatuto da Crianga e do Adolescente. 2.1 - Dos Direitos Fundamentais .. 2.2 - Da Prevenca 2.2.1 - Divers6es e Espetaculos Publicos 2.2.2 - Produtos e Servigos. 2.2.3 - Da Autorizagao para Viajar........... 2.3 ~ Da Pratica do Ato Infracional 2.4 - Do Acesso a Justiga ........ 2.5 ~ Da Justiga da Infancia da Juventude... 2.6 - Dos Crimes e das Infragées Administrativas 3 - Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006)... 4 - Questées... 4.1- Questées sem Comentarios... 4.2 - Gabarito.. 4.3 - Questies C Comentadas 5 - Resumo da Aula 6 - Consideragées Finais ria e Aula 05 - Prof. Paul AuLa 05 — LEI N° 8.069/1990 E suas ALTERAGOES (ESTATUTO DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE). LEI N° 11.340/2006 E suas ALTERAGOES (LEI MARIA DA PENHA). 1 - Consideracées Iniciais 014, amigo concurseiro! Hoje estudaremos o famoso Estatuto da Crianga e do Adolescente. Quero chamar sua atengao especialmente para a alteracéio que o Estatuto sofreu por meio de algumas leis publicadas recentemente. Estamos plenamente atualizados, ok? @ Também estudaremos a famosissima lei Maria da Penha! Forca! Bons estudos! 2 - Lei n° 8.069/1990: Estatuto da Crianga e do Adolescente. A Lei n° 8,069/1990 é reconhecida internacionalmente como um dos mais avangados Diplomas Legais dedicados a garantia dos direitos da populacéo infanto-juvenil. Suas disposices, entretanto, ainda hoje séo desconhecidas pela maioria da populacdo, além de serem sistematicamente descumpridas por boa parte dos administradores ptblicos, que fazem da prioridade absoluta e da protecdo integral a crianga e ao adolescente palavras vazias de conteido, apesar da prioridade absoluta e da protegdo integral a crianga e ao adolescente serem principios elementares contidos néo so na lei, mas na prépria Constituicéo Federal. Vamos agora estudar os dispositivos do Estatuto, Veremos todo o ECA, dando maior énfase, é claro, nos aspectos penais, que costumam ser cobrados nas provas para cargos policiais. 2.1 — Dos Direitos Fundamentais 0 Titulo II trata de mecanismos capazes de garantir o exercicio de alguns direitos fundamentais. Nos arts. 7° a 14 menciona-se o direito a vida e a satide, e os primeiros dispositivos tratam do direito ao nascimento sadio e harmonioso, bem como das garantias oferecidas 8 gestante em termos de atendimento, por meio do Sistema Unico de Saude. Aula 05 — Prof. Pai Art. 7° A crianca e 0 adolescente tém direito a protecéo & vida e 4 satide, mediante a efetivacao de politicas sociais publicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condigées dignas de existéncia. Art. 8° E assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e as politicas de saude da mulher e de planejamento reprodutivo e, 4s gestantes, nutric3o adequada, atenc3o humanizada 4 gravidez, a0 parto e 20 puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pés- natal integral no mbito do Sistema Unico de Satide. § 12 O atendimento pré-natal seré realizado por profissionais da atencao primaria. § 2° Os profissionais de saiide de referéncia da gestante garantirSo sua vinculago, no Ultimo trimestre da gestacao, ao estabelecimento em que seré realizado 0 parto, garantido © direito de opcao da mulher. § 32 Os servicos de satide onde 0 parto for realizado assegurarao as mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsavel e contrarreferéncia na atencao priméria, bem como 0 acesso a outros servicos e a grupos de apoio 4 amamentacéo. § 4° Incumbe ao poder puiblico proporcionar assisténcia psicolégica 4 gestante e 4 mae, no Periodo pré e pés-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequéncias do estado puerperal. § 52 A assisténcia referida no § 4° deste artigo deverd ser prestada também a gestantes € mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adocdo, bem como a gestantes e mes que se encontrem em situacao de privagao de liberdade. § 6* A gestante e a parturiente tém direito a 1 (um) acompanhante de sua preferéncia durante 0 periodo do pré-natal, do trabalho de parto e do pés-parto imediato. § 7 A gestante deveré receber orientac3o sobre aleitamento materno, alimentacdo complementar saudavel e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criacdo de vinculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da crianca. § 8% A gestante tem direito a acompanhamento saudével durante toda a gestacao e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicacéo de cesariana e outras intervencées cirtirgicas por motivos médicos. § 9% A atencéo priméria 4 satide faré a busca ativa da gestante que néo iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que néo comparecer as consultas pés-parto. § 10, Incumbe 20 poder piiblico garantir, 4 gestante e 4 mulher com filho na primeira infancia que se encontrem sob custédia em unidade de privacio de liberdade, ambiéncia que atenda as normas sanitarias e assistenciais do Sistema Unico de Saude para o acolhimento do filho, em articulacéo com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da crianca. Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atencao 4 satide de gestantes, puiblicos © particulares, sao obrigados a: I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontudrios individuais, pelo prazo de dezoito anos; II - identificar 0 recém-nascido mediante o registro de sua impressao plantar e digital e da impresso digital da me, sem prejuizo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; HII - proceder a exames visando ao diagnéstico e terapéutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientacgo aos pais; Aula 05 — Prof. Pai IV - fornecer declaraco de nascimento onde constem necessariamente as intercorréncias do parto e do desenvolvimento do neonato; V - manter alojamento conjunto, possibilitando 20 neonato a permanéncia junto 4 mae. O correto e rigoroso registro dos procedimentos desenvolvides nos hospitais, bem como a identificagéo dos bebés recém-nascidos séo muito importantes, pois evitam que haja trocas e desaparecimento de criangas. Os procedimentos determinados pelo dispositive deverao ser cumpridos por todos os estabelecimentos hospitalares, sejam eles publicos ou privados. Ha dispositivos no ECA que criminalizam a conduta de quem no observa esses preceitos. Veja o que dizem os arts. 228 e 229 do ECA, que tratam dos crimes. Art. 228. Deixar 0 encarregado de servico ou o dirigente de estabelecimento de atengo 4 sauide de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer 4 parturiente ou a seu responsavel, por ocasio da alta médica, declaragao de nascimento, onde constem as intercorréncias do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - detencéo de seis meses a dois anos. Art. 229, Deixar 0 médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atencdo a satide de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasiéo do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art, 10 desta Lei: Pena - detencao de seis meses a dois anos. Quanto a satide da crianga e do adolescente, o ECA determina que, caso seja necessério interna-los para tratamento de satide, os estabelecimentos deverao proporcionar condigées para a permanéncia em tempo integral de um dos pais ou responsvel. Caso 0 estabelecimento médico conclua que houve maus tratos contra a crianga ou 0 adolescente, deve comunicar o fato ao Conselho Tutelar, sem prejuizo de outras providéncias legais. Ha também previséio de penalizacéo para o médico ou professor que tomar conhecimento da ocorréncia de maus tratos e néo fizer a comunicago, mas dessa vez nao se trata de crime, e sim de infragdo administrativa. Art. 245, Deixar 0 médico, professor ou responsavel por estabelecimento de atencao 4 sade e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar 4 autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmacéo de maus-tratos contra crianca ou adolescente: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Aula 05 — Prof. Pai Caso 0 médico, professor ou responsavel por estabelecimento TB into de atengao a satide e de ensino fundamental, pré-escola ou creche tome conhecimento ou suspeite da ocorréncia de maus tratos, deve comunicar & autoridade competente. Na realidade, podemos dizer que qualquer pessoa que tenha conhecimento da ocorréncia de maus tratos contra crianca ou adolescente tem a obrigacao de comunicar 0 fato as autoridades competentes. Jé houve julgados que enquadraram a omisséo na conduta criminosa de omisséo de socorro, tipificada pelo art. 135 do Cédigo Penal. A seguir, o ECA trata do direito a liberdade, ao respeito e a dignidade. Art. 16. 0 direito a liberdade compreende os seguintes aspectos: 1- ir, vir e estar nos logradouros publicos e espacos comunitérios, ressalvadas as restricdes legals; II - opiniao e expressio; IIT - crenca e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitéria, sem discriminagao; VI - participar da vida politica, na forma da lei; VII - buscar refiigio, auxilio e orientagéo. Embora a religiosidade e a espiritualidade se constituam em valores positives, que merecam ser cultivados, ndo é admissivel que a religido seja o foco central das atividades desenvolvidas com criancas e adolescentes em situago de risco ou cumprindo medidas socioeducativas, muito menos que determinada crenca ou culto religioso seja imposto as criancas, adolescentes e familias atendidas por determinada entidade, ainda que seja esta vinculada a alguma instituicéo religiosa. A privagio do direito a liberdade importa em maus tratos e 0 responsavel ser punido com perda da guarda, destituicéo da tutela ou suspensdo ou destituic&o do patrio poder. Além disso, ha a previsdo de infrac&io administrativa: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pétrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinagao da autoridade judiciéria ou Conselho Tutelar: Pena - multa de trés a vinte saldrios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Aula 05 - Prof. Paul Um dos direitos mais elementares de todas as criancas e adolescentes é 0 de ter, préximo de si, um adulto responsdvel por sua orientagao, estabelecendo regras e limites, corrigindo eventuais desvios, dando bons exemplos, enfim, educando. ECA determina ainda que é dever de todos prevenir a ocorréncia de ameaca ou violacao dos direitos da crianga e do adolescente. Além disso, também é€ direito da crianga e do adolescente ter acesso a informacdo, cultura, lazer, esportes, diversdes, espetdculos e produtos e servicos gue respeitem sua condicdo peculiar de pessoa em desenvolvimento. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fisica, psiquica e moral da crianga e do adolescente, abrangendo a preservacdo da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crencas, dos espacos e objetos pessoas. A divulgac&o da imagem ou de informag@es de crianga ou adolescente que tenha cometido ato infracional néo é permitida. Quem o faz comete. infracéo administrativa, prevista no art. 247 do ECA. Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorizago devida, por qualquer meio de comunicacao, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crianca ou adolescente a que se atribua ato infracional: Pena - muita de trés a vinte salérios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. § 1° Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de crianca ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustracao que Ihe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuidos, de forma a permitir sua identificacdo, direta ou indiretamente. Quanto ao direito a dignidade, o ECA determina que é dever de todos velar pela dignidade da crianga e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatorio ou constrangedor. A conduta de quem expée crianga ou adolescente a vexame ou constrangimento constitui crime, tipificado pelo art. 232. Art. 232, Submeter crianca ou adolescent sob sua autoridade, guarda ou vigiléncia 2 vexame ou @ constrangimento: Pena - detencio de seis meses a dois anos. A Lei n° 13.010/2014 incluiu no ECA os arts. 18-A e 18-B, que tratam do uso de castigo fisico ou tratamento cruel ou degradante. Preste ateng3o a essa novidade, principalmente aos conceitos de castigo fisico e tratamento cruel ou degradante, pois isso pode aparecer na sua prova, ok? Aula 05 — Prof. Pai Art. 18-A, A crianca eo adolescent tém o direito de ser educados e cuidados sem 0 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correcdo, disciplina, educagdo ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da familia ampliada, pelos responsdveis, pelos agentes puiblicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, traté-los, educé-los ‘ou protegé-los, Pardgrafo tinico, Para os fins desta Lei, considera-se: I - castigo fisico: aco de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com 0 uso da forca fisica sobre a crianca ou 0 adolescente que resulte em: a) sofrimento fisico; ow b) lesdo; II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relago 4 crianca ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou ©) ridicularize. Art, 18-B, Os pais, os integrantes da familia ampliada, os responsaveis, os agentes puiblicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de culdar de criancas e de adolescentes, traté-los, educd-los ou protegé-los que utilizarem castigo fisico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correo, disciplina, educacéo ou qualquer outro pretexto estaréo sujeitos, sem prejuizo de outras sancées cabiveis, as seguintes medidas, que serao aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I~ encaminhamento a programa oficial ou comunitério de protecdo 4 familia; IT - encaminhamento a tratamento psicolégico ou psiquiatrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientacso; IV - obrigacao de encaminhar a crianca a tratamento especializado; V - adverténcia. Paragrafo nico. As medidas previstas neste artigo sero aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuizo de outras providéncias legais. Grande parte do ECA trata do direito a convivéncia familiar e comunitaria, com foco na criag&o e educacéo no seio da familia natural ou da familia substituta, quando for necessdrio. A convivéncia familiar e comunitéria é& considerada um direito fundamental. Os filhos havidos fora do casamento e os adotados ter&o os mesmos direitos e qualificagdes dos demais, proibidas quaisquer designagées discriminatérias. Os filhos gerados fora do casamento poderdo ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no préprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento puiblico, qualquer que seja a origem da fillagdo, O reconhecimento do estado de filiagdo é um direito personalissimo, indisponivel e imprescritivel. As criangas e os adolescentes est&o sujeitos ao poder familiar, que deve ser exercido em igualdade de condicées por pai e mae, assegurado a qualquer deles Aula 05 — Prof. Pai © direito de, em caso de discordancia, recorrer 4 autoridade judiciéria competente. © poder familiar envolve também o dever de sustento, mas o ECA é expresso no sentido de que a falta ou a caréncia de recursos mater n&o constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensao do poder familiar. No ECA ha a previséo de uma infragéo administrativa relacionada ao descumprimento dos deveres relacionados ao poder familiar. Art, 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes 20 poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinaggo da autoridade judiciéria ou Conselho Tutelar: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Para encerrar esta parte, quero chamar sua ateng&o para uma regra incluida no ECA pela Lei n° 12.962/2014. As bancas gostam bastante de cobrar regras novas nas provas, nao é mesmo? Por isso vamos ficar ligados. Art. 19. E direito da crianca e do adolescente ser criado e educado no seio de sua familia e, excepcionalmente, em familia substituta, assegurada a convivéncia familiar e comunitdria, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. Le] § @ Seré garantida a convivencia da crianca e do adolescente com a mie ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periédicas promovidas pelo responsavel ou, nas hipdteses de acolhimento institucional, pela entidade responsdvel, independentemente de autorizacao judicial. A crianga ou 0 adolescente tem direito convivéncia com os pais. Essa é uma regra simples, mas 0 §4°, recentemente adicionado ao texto da norma, esclarece que esse direito deve ser exercido mesmo quando o pai ou mae esteja privado de sua liberdade. De forma semelhante, a nova redacdo do ECA determina que a condenac&o criminal do pai ou da mae ndo implicaré a destituigéo do poder familiar, exceto na hipétese de condenacio por crime doloso, sujeito a pena de reclusdo, contra 0 préprio filho ou filha. - A condenacéo criminal do pai ou da mae nao implicara a SBRinto! destituiggo do poder familiar, exceto na hipétese de condenag&o por crime doloso, sujeito & pena de reclusdo, contra o proprio filho ou filha. Aula 05 — Prof. Pai 2.2 - Da Prevengao Na parte geral, chamo sua atengao para a inclusao do art. 70-A, por forca da Lei ne 13,010/2014. Art. 70-A. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios deverdo atuar de forma articulada na elaboracso de politicas puiblicas e na execugao de acées destinadas a coibir 0 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas ndo violentas de educacao de criancas e de adolescentes, tendo como principais acées: I - a promocao de campanhas educativas permanentes para a divulgacao do direito da crianca e do adolescente de serem educados e cuidados sem 0 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de protecao aos direitos humanos; II - a integraco com os érgaos do Poder Judiciério, do Ministério Publico e da Defensoria Publica, com 0 Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Crianca e do Adolescente e com as entidades nao governamentais que atuam na promocao, protecdo e defesa dos direitos da crianca e do adolescente; III - a formacao continuada e a capacitacéo dos profissionais de sade, educacéo e assisténcia social e dos demais agentes que atuam na promocdo, protec3o e defesa dos direitos da crianca e do adolescente para o desenvolvimento das competéncias necessarias 4 prevencao, 4 identificacdo de evidéncias, ao diagndstico e ao enfrentamento de todas as formas de violéncia contra a crianca e o adolescente; IV - 0 apoio e o incentivo as praticas de resolucao pacifica de conflites que envolvam violéncia contra a crianga e o adolescente; V -a inclusdo, nas politicas publicas, de aces que visem a garantir os direitos da crianca e do adolescente, desde a atencao pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsavels com 0 objetivo de promover a informacao, a reflexéo, 0 debate e a orientacSo sobre alternativas 20 uso de castigo fisico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; VI - 2 promogo de espacos intersetoriais locais para a articulacdo de acdes e a elaboracéo de planos de atuagéo conjunta focados nas familias em situac3o de violéncia, com participagio de profissionais de satide, de assisténcia social e de educagao e de drgaos de promogo, protecso e defesa dos direitos da crianca e do adolescente. Pardgrafo Gnico. As familias com criangas e adolescentes com deficiéncia tergo prioridade de atendimento nas acées e politicas puiblicas de prevencao e protegSo. 2.2.1 - Diversées e Espetaculos Publicos Art. 74. 0 poder piiblico, através do érggo competente, regulars as diversdes e espetdculos ptiblicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etérias a que nao se recomendem, locais e hordrios em que sua apresentacdo se mostre inadequada. Pardgrafo tinico. Os responsdveis pelas diversées e espetaculos publicos deveréo afixar, em lugar visivel e de facil acesso, 4 entrada do local de exibicdo, informacao destacada sobre a natureza do espetdculo e a faixa etdria especificada no certificado de classificacao. Aula 05 — Prof. Pai Atualmente, as diversées e espetdculos publicos s&o regulados pelo istério da Justiga, que identifica sua natureza e determina as faixas etdrias. para as quais séo recomenddveis. Essas informacées devem ser afixadas pelos responséveis pela promocao de diversdes e espetéculos publicos na entrada do local de exibicao. A desobediéncia a essa determinacéio configura infracio administrativa, prevista pelo ECA nos arts. 252 e 253. Art. 252. Deixar 0 responsdvel por diverséo ou espetéculo puiblico de afixar, em lugar visivel e de facil acesso, 4 entrada do local de exibicéo, informacao destacada sobre a natureza da diversao ou espetdculo e a faixa etaria especificada no certificado de classificacao: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. Art. 253. Anunciar pecas teatrais, filmes ou quaisquer representacdes ou espetaculos, sem indicar os limites de idade a que ndo se recomendem: Pena - multa de trés a vinte salérios de referéncia, duplicada em caso de reincidéncia, aplicével, separadamente, 4 casa de espetaculo e aos érgaos de divulgacéo ou publicidade. Toda crianga ou adolescente tera acesso as diversdes e espetdculos ptiblicos clasificados como adequados a sua faixa etdria, mas os menores de dez anos somente poderdio ingressar e permanecer nos locais de apresentacdo ou exibic&éio quando acompanhadas dos pais ou responsdvel. Quanto aos programas transmitidos pelas emissoras de radio e televisdo, somente devem ser exibidos no horario recomendado para o piiblico infanto- juvenil os programas com finalidades educativas, artisticas, culturais e informativas. Além disso, nenhum espetaculo pode ser apresentado ou anunciado sem que haja informag&o, antes de sua transmisséo, acerca da classificacéo indicativa. A desobediéncia a essa determinacao também importa em infrag&o administrativa: Art. 254. Transmitir, através de radio ou televiso, espetaculo em horério diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificacai Pena - multa de vinte 2 cem salarios de referéncia; duplicada em caso de reincidéncia a autoridade judiciéria poder determinar a suspensao da programacao da emissora por até dois dias, Art. 77. Os proprietérios, diretores, gerentes e funciondrios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programacao em video cuidarao para que nao haja venda ou locagéo em desacordo com a classificacao atribuida pelo drgéo competente. Pardgrafo tinico. As fitas a que alude este artigo deverao exibir, no invélucro, informacao sobre a natureza da obra e a faixa etdria a que se destinam. Aula 05 — Prof. Pai Certamente esse dispositive ficou desatualizado ao longo do tempo, mas continua perfeitamente aplicdvel no tempo dos DVDs e Blu-Rays. A desobediéncia a essa obrigacéio também importa em infrag&o administrativa. Art. 256. Vender ou locar a crianca ou adolescente fita de programacao em video, em desacordo com a classificacao atribuida pelo érgéo competente: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia; em caso de reincidéncia, a autoridade judiciéria podera determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Os arts. 78 e 79 do ECA tratam das revistas e publicagées. A embalagem de revistas e publicagées que tenham conteddo impréprio para criancgas e adolescentes deve ser coberta quando contiver imagens pornograficas ou obscenas. Essa obrigacéio cabe as préprias editoras. Jé as revistas e publicacées destinadas ao publico infanto-juvenil no devem conter ilustragdes, fotografias, legendas, crénicas ou anuncios de bebidas alcodlicas, tabaco, armas e munigdes, respeitando, assim, os valores éticos € morais da pessoa e da familia. O descumprimento dessas obrigacdes importa em infrac&o administrativa. Art. 257. Descumprir obrigacao constante dos arts. 78 ¢ 79 desta Lei: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, duplicando-se a pena em caso de reincidéncia, sem prejuizo de apreensao da revista ou publicacao. Nao é permitida a entrada de criangas e adolescentes nos estabelecimentos que explorem bilhar, sinuca ou congéneres ou casas de jogos, mesmo que acompanhadas dos pais, tutores ou guardides. Além disso, deve constar na frente desses estabelecimentos adverténcia acerca dessa proibigao. O descumprimento dessas obrigacdes importa na seguinte infracéio administrativa. Art. 258. Deixar o responsavel pelo estabelecimento ou 0 empresério de observar 0 que dispée esta Lei sobre 0 acesso de crianca ou adolescente aos locais de diverséo, ou sobre sua participacao no espetaculo: Pena - muita de trés a vinte saldrios de referéncia; em caso de reincidéncia, a autoridade Judiciéria poderd determinar 0 fechamento do estabelecimento por até quinze dias. 2.2.2 - Produtos e Servicgos Art. 81, E proibida a venda 4 crianca ou ao adolescente de: I~ armas, munigées ¢ explosivos; II - bebidas alcodlicas; Aula 05 — Prof. Pai III - produtos cujos componentes possam causar dependéncia fisica ou psiquica ainda que por utilizagao indevida; IV - fogos de estampido e de artificio, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano fisico em caso de utilizag3o indevida; V- revistas e publicagées a que alude o art. 78; VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. Este dispositivo é importante para sua prova! A venda de armas, municées e explosivos para criancas e adolescentes é definida pelo ECA como crime, previsto no art. 242. Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, 2 crianga ou adolescente arma, municao ou explosivo: Pena - reclusdo, de 3 (trés) a 6 (seis) anos. A venda a crianca ou adolescente de bebidas alcodlicas e produtos que possam causar dependéncia também é conduta tipificada pelo ECA. Perceba que aqui nao estamos tratando das substancias entorpecentes classificadas como drogas, até porque a venda dessas substéncias é crime independentemente de quem seja o comprador. Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a crianga ou a adolescente, bebida alcodlica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependéncia fisica ou psiquica: Pena - detencio de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato no constitui crime mais grave. A venda ou qualquer outro tipo de fornecimento de fogos de estampido ou de ‘icio a criangas e adolescentes também 6, em regra, proibida. Entretanto, a proibic&o nao alcanca aqueles que nao tenham o potencial de provocar danos, como é 0 caso dos estalinhos que as criancas utilizam na época das festas juninas. O descumprimento dessa proibig&o caracteriza a conduta criminosa prevista pelo art. 244. Art. 244, Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, 2 crianca ou adolescente fogos de estampido ou de artificio, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano fisico em caso de utilizaco indevida: Pena - detencio de seis meses a dois anos, e multa. Aula 05 - Prof. Paul Por ultimo, é proibida também a hospedagem de crianga ou adolescente em hotel, motel ou pensdo, ou estabelecimento congénere, exceto se for autorizado ou estiver acompanhado pelos pais ou responsével. A inobservancia dessa regra acarretaré infragdo administrativa. Art. 250. Hospedar crianga ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsavel, ou sem autorizacdo escrita desses ou da autoridade judiciéria, em hotel, pensao, motel ou congénere: Pena ~ multa, 2.2.3 — Da Autorizacao para Viajar As regras acerca desse tema sdo diferentes para criancas e adolescentes, e dependem também de a viagem ser nacional ou internacional. Resumi as diferencas do quadro esquemitico abaixo. VIAGEM NACIONAL VIAGEM INTERNACIONAL E necessdria autorizagéio judicial] necesséria a autorizagéio para apenas para crianc¢a que viaje|crianca ou adolescente que que para fora da comarca onde reside, | no esteja: desacompanhada dos pais ou Sa I - acompanhado de ambos os pais ou responsavel; ou II - acompanhado de um dos pais, com autorizac&o expressa do outro através de documento com firma reconhecida. A autorizagéo néo seré exigida|Sem prévia e expressa quando: autorizagéo judicial, nenhuma crianga ou adolescente nascido em territorio nacional podera sair do Pais em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. I - Tratar-se de comarca contigua & da residéncia da crianga, se na mesma unidade da Federagdo, ou incluida na = mesma_—ret metropolitana; II - A crianga estiver acompanhada: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau; 2) de pessoa_— maior, expressamente autorizada pelo pai, mée ou responsdvel. Aula 05 - Prof. Paul © juiz pode conceder autorizacéo valida por dois anos. Adolescente pode viajar sem necessidade de autorizaciio judicial. A desobediéncia as regras acerca de viagem de crianca ou adolescente importa em infrac&o administrativa: Art, 254. Transportar crianca ou adolescente, por qualquer meio, com inobservancia do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Pena - multa de trés a vinte salarios de referéncia, aplicando-se 0 dobro em caso de reincidéncia. 2.3 — Da Pratica do Ato Infracional Art. 104, S50 penalmente inimputaveis os menores de dezoito anos, sujeitos as medidas previstas nesta Lei. Pardgrafo Unico. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente 4 data do fato. Vocé jé sabe que os menores de 18 anos nao sao penalmente responsaveis, e por isso ndo cometem crimes. E importante lembrar que a idade considerada para essa finalidade é aquela do agente a época do fato. Vocé lembra que ha algum tempo atras um rapaz foi morto na portaria de casa por um menor? Nao lembro os detalhes do ocorrido, mas algo me chamou atenc&o: 0 assassino estava a apenas dois dias de completar 18 anos de idade. Nessa situag&o, portanto, dizemos que esse jovem cometeu um ato infracional, e deve ser punido nos termos do ECA, e ndo do Cédigo Penal. Para fins de apuracéo da imputabilidade penal, deve ser considerada a idade do agente a época do fato. Qualquer ato tipificado como crime ou contravengao penal deve ser considerado ato infracional quando cometido por menor de idade. | Art. 105. Ao ato infracional praticado por crianca corresponderao as medidas previstas no art, 101. Aula 05 — Prof. Pai © tratamento dado a criancas € diferente daquela dispensado pelo ECA aos adolescentes. As criangas esto sujeitas a medidas protetivas. Aquelas previstas pelo art. 101 sdo as seguintes: I - encaminhamento aos pais ou responsdvel, mediante termo de responsabilidade; II - orientagaéo, apoio e acompanhamento tempordrios; III - matricula e frequéncia obrigatérias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - incluso em servicos e programas oficiais ou comunitérios de protecso, apoio e promocéo da familia, da crianca e do adolescente; V - requisi¢ao de tratamento médico, psicolégico ou psiquiatrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - incluséo em programa oficial ou comunitério de auxilio, orientaco e tratamento a alcodlatras e toxicémanos; VII - acolhimento institucional; VIII - incluso em programa de acolhimento familiar; IX - colocagao em familia substituta. Art. 106, Nenhum adolescente serd privado de sua liberdade senao em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciéria competente. Paragrafo Unico. O adolescente tem direito & identificagao dos responsdveis pela sua apreensao, devendo ser informado acerca de seus direitos. Caso 0 infrator seja adolescente, ele deverd ser levado até a autoridade policial especializada. Geralmente as Policias Civis contam com delegacias préprias para tratar de ilicitos cometidos por criangas e adolescentes. A autoridade policial ndo pode lavrar auto de prisdo em flagrante, devendo © adolescente ser levado a presenga do juiz competente. O proprio ECA determina que, uma vez apreendido o adolescente, sua localizagdo deve ser informada imediatamente a sua familia e ao juiz. O adolescente no € indiciado e nem condenado a penas de reclusio ou detencio, mas cumprem medida socioeducativa. Nao é tecnicamente adequado dizer que o adolescente que comete ato infracional é preso. Na realidade, o correto seria dizer que ele € apreendido. O direito de identificar os responsaveis pela apreensdo é uma protegdo contra a violéncia arbitréria da autoridade policial. Art. 108. A internagao, antes da sentenca, pode ser determinada pelo prazo maximo de quarenta e cinco dias. Paragrafo Unico. A decisdo deveré ser fundamentada e basear-se em indicios suficientes de autoria © materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Este dispositivo jé foi cobrado em provas anteriores, e, portanto, é importante Aula 05 - Prof. Paul que vocé lembre esse prazo: 0 adolescente sé pode permanecer internado preventivamente por até 45 dias. Sx | A internagio do adolescente, antes da sentenca, sé pode atento! durar no maximo quarenta e cinco dias. O ECA repete o teor da Constituigéo Federal de que o civilmente identificado nado deve se submeter a identificacao criminal. Na realidade, nao ha que se falar sobre crime e, portanto, os termos utilizados pelo ECA s&o os do art. 109. Art. 109. O adolescente civilmente identificado no seré submetido a identificag3o compulséria pelos érgaos policiais, de protecao e judiciais, salvo para efeito de confrontacao, havendo divida fundada. O ECA define também garantias processuais aplicdveis aos adolescentes. Essas garantias ndo s&o muito diferentes daquelas que vocé ja conhece do Direito Processual Penal, comegando pelo devido processo legal, por meio do qual se assegura que nenhum adolescente sera privado de sua liberdade sem que sejam observadas as normas do processo, previstas em lei. As demais garantias processuais conferidas ao adolescente esto listadas no quadro-resumo abaixo. GARANTIAS PROCESSUAIS DO ADOLESCENTE GARANTIAS COMENTARIOS I - pleno e formal conhecimento da | Precisa haver um ato oficial por meio atribuigéo de ato infracional, | do qual o adolescente é acusado de mediante citagio. + ou.-~—s meio | cometer ato infracional. Ele, sua equivalente; familia e seu advogado precisam saber qual € a acusagao. IE - igualdade na _relacéo| Tanto a acusacdo quanto a defesa processual, podendo confrontar-se | devem ter as mesmas oportunidades com vitimas e testemunhas e | de produzir provas. produzir todas as provas necessérias & sua defesa; IV - assisténcia _judiciaria | Caso o adolescente nao tenha como gratuita e integral aos|arcar pela assisténcia juridica, deve necessitados, na forma da lei; ser assistido por Defensor Publico. V_- direito de ser ouvide| Mais uma vez o ECA determina que pessoalmente pela autoridade|o adolescente deve ser encarado competente; como sujeito de direitos, e ndo como mero objeto. VI - direito de solicitar a presenca de | Os pais ou o responsavel devem dar seus pais ou responsdvel em|o apoio emocional e orientar o qualquer fase do procedimento. adolescente. Ao adolescente infrator nao se aplicam penas, e isso vocé jé esta “careca” de saber. Caso seja comprovada o ato infracional, devem ser aplicadas as chamadas medidas socioeducativas ou medidas de protecdo. Quando falamos sobre o cometimento de ato infracional por crianga, vocé viu que hé medidas especificas aplicdveis, previstas no art. 101 do ECA. Essas sao as medidas de protec&o, e algumas delas também so aplicdveis aos adolescentes. Vamos ver o que diz o art. 112. Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente poder aplicar a0 adolescente as seguintes medidas: T- adverténcia; IT - obrigacdo de reparar 0 dano; IIT - prestagdo de servicos 4 comunidade; IV - liberdade assistida; V - insercao em regime de semi-liberdade; VI - internagao em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, Ia VI. Essas medidas sao aplicdveis isolada ou cumulativamente, e podem ser substituidas a qualquer tempo. Abaixo um resumo com os detalhes acerca de cada uma das medidas. Aula 05 — Prof. Paulo MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS APLICAVEIS AO ADOLESCENTE INFRATOR II - obrigacéo de reparar o dano III - prestacgdo de servicos a comunidade IV - liberdade assistida V - insercéio em regime de sel liberdade COMENTARIOS E feita oralmente pelo juiz, langada em um termo e assinada. Consiste na compensacio de prejuizo material causado pelo adolescente. Caso ele néo tenha patriménio, e nem seus pais ou responsdvel, a medida poderd substituida por outra. - Tarefas gratuitas de_ interesse geral, junto. a _entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congéneres, bem como em programas comunitarios_— ou governamentais (nunca entidades com fins lucrativos!) - Jornada maxima de 8h semanais, sem prejudicar a frequéncia a escola ou a jornada normal de trabalho; ~ Periodo maximo de 6 meses. - 0 juiz designaré pessoa capacitada para acompanhar o adolescente, sob a condigao de orientador; - O orientador deve acompanhar o adolescente no mbito familiar, educacional e _profissional, apresentado relatério; - Prazo minimo de 6 meses. - 0 adolescente fica parte do tempo recolhide, e outra parte em atividades externas, soba supervisdo de um orientador; - Ndo comporta prazo determinado. internacao estabelecimento educacional VII - qualquer uma das previstas no art. 101, 1a VI & uma medida privativa de liberdade e, portanto, deve ser aplicada excepcionalmente, e por periodo breve; - E possivel a atividades externas; realizagdo. de - Nao comporta prazo determinado, devendo haver reavaliagdo a cada 6 meses, mas sé pode ser aplicada por no maximo 3 anos, ao fim dos quais © adolescente deve ser liberado, colocado em semi-liberdade ou liberdade assistida; - A liberag&o é obrigatéria aos 21 anos de idade. O Judiciario ja firmou entendimento de que a redug3o da maioridade civil no tem relag3o com esse limite. Vamos relembrar quais so essas medidas? . Encaminhamento aos pais ou responsdvel, mediante termo de responsabilidade; . Orientacao, apoio e acompanhamento temporérios; . Matricula e frequiéncia obrigatérias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; . Incluséio em programa comunitério ou oficial de auxilio a familia, a crianga e ao adolescente; . Requisicao de tratamento médico, psicolégico ou psiquidtrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; . Incluséo em programa oficial ou comunitario de auxilio, orientacéo e tratamento a alcodlatras e toxicémanos. Aula 05 — Prof. Pai Art. 122. A medida de internagao sé poderé ser aplicada quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaca ou violéncia a pessoa; II - por reiterago no cometimento de outras infragdes graves; III - por descumprimento reiterado e injustificével da medida anteriormente imposta. Perceba que a internac&o realmente deve ser encarada pela autoridade judicidria como medida excepcional, aplicdvel apenas em situacées graves, quando nao houver outra medida adequada. Art, 123. A internacéo deveré ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separacao por critérios de idade, compleicao fisica e gravidade da infracao. Pardgrafo tinico. Durante o periodo de internacao, inclusive proviséria, serao obrigatérias atividades pedagégicas. A entidade na qual se daré o cumprimento da medida de internac&o néo pode se dedicar a outras atividades: ela deve ser exclusiva para o acolhimento de adolescentes infratores. O abrigo mencionado pelo dispositivo é o local que acolhe criangas e adolescentes desassistidos pela familia, e essas atividades precisam ser totalmente separadas, pois so de natureza diversa. Além disso, 0 periodo de internagéo deve contar também com o desenvolvimento de atividades pedagégicas, ou seja, os adolescentes devem necessariamente estudar nesse periodo. © art. 124 traz o rol dos direitos assegurados pelo ECA ao adolescente que cumpre medida privativa de liberdade. Nao hd nada demais nessa lista, mas é importante que vocé leia e a tenha em mente. Art. 124. Sao direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Publico; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; IIT - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - ser informado de sua situacao processual, sempre que solicitada; V - ser tratado com respeito e dignidade; VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais préxima 20 domicilio de seus pais ou responsavel; VII - receber visitas, 20 menos, semanalmente; VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; IX - ter acesso aos objetos necessarios 4 higiene e asseio pessoal; X - habitar alojamento em condicées adequadas de higiene e salubridade; Aula 05 — Prof. Pai XI - receber escolarizagao e profissionalizacao; XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII - ter acesso aos meios de comunicagio social; XIV - receber assisténcia religiosa, segundo a sua crenga, e desde que assim o deseje; XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardé-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositades em poder da entidade; XVI - receber, quando de sua desinternaco, os documentos pessoais indispenséveis & vida em sociedade. § 1° Em nenhum caso haverd incomunicabilidade. § 2° A autoridade judiciéria poderd suspender temporariamente a visita, inclusive de Pais ou responsével, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente, Acredito que aqui o mais interessante seja conhecer o teor dos paragrafos. A regra geral 6 a vedacdo da incomunicabilidade, e até aqui nado temos nenhuma novidade. Existe, porém, uma excegéio, que é a possibilidade de o juiz suspender as visitas ao adolescente, inclusive de sues pais, caso considere que as visitas 0 prejudicam Essa prejudicialidade é considerada principalmente nos casos em que os pais tiveram influéncia direta na ma formacao do adolescente, contribuindo para que ele cometesse a infracéio em razéo da qual foi internado. Art. 126. Antes de iniciado 0 procedimento judicial para apuracao de ato infracional, o representante do Ministério Publico poderd conceder a remissao, como forma de exclusao do processo, atendendo as circunstdncias e consequéncias do fato, ao context social, bem como 4 personalidade do adolescente e sua maior ou menor participacao no ato infracional. Pardgrafo tinico. Iniciado 0 procedimento, a concess&o da remissao pela autoridade judiciéria importaré na suspenséo ou extinggo do proceso. Remissao significa perdéo. Aqui estamos diante de duas possibilidades diferentes de remissdo. A primeira, prevista no caput, é chamada de remissao parajudicial: por meio dela, o representante do Ministério Puiblico decide nao provocar o Poder Judiciario. O pardgrafo Unico, por outro lado, trata da remissdo judicial, por meio da qual o perdao é concedido pelo magistrado. A medida aplicada por forca da remiss&o poderé ser revista judicialmente, a qualquer tempo, podendo requerer esse beneficio o préprio adolescente, seus pais, o tutor ou guardigio, o advogado constituido ou Defensor Publico. Aula 05 — Prof. Pai 2.4 - Do Acesso a Justiga Art. 141. E garantido o acesso de toda crianca ou adolescente 4 Defensoria Publica, a0 Ministério Puiblico e a0 Poder Judiciario, por qualquer de seus érgaos. § 1° A assisténcia judiciéria gratuita sera prestada aos que dela necessitarem, através de defensor puiblico ou advogado nomeado. § 2° As acées judiciais da competéncia da Justica da Infancia e da Juventude séo isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipétese de litigncia de ma-fé. Os representantes do Ministério Publico, da Defensoria Publica e do Poder Judiciario devem sempre dar especial ateng&o as manifestacdes de criancas e adolescentes, providenciando inclusive meios de atendimento informal. A garantia de assisténcia judiciéria a quem dela necessitar é trazida pela Constituigo Federal. Além disso, hé isen¢ao de custas e emolumentos para as ages judiciais da competéncia da Justia da Infancia e da Juventude, exceto em caso de ma-fé. Essas varas especializadas esto presentes na Justiga Comum dos Estados. 0 STJ jé decidiu que essa isengao é deferida as criangas e adolescentes, na qualidade de autoras ou rés, ndo sendo extensivel aos demais sujeitos processuais que eventualmente figurem no feito. As aces judiciais da competéncia da Justica da Infancia e stencao 4a Juventude sao isentas de custas e emolumentos, aten¢gao 4 4 Ste a ressalvada a hipétese de litigancia de ma-fé, mas essa isencdo deve ser deferida apenas as criangas e adolescentes que atuem na qualidade de autoras ou rés, no atingindo outros sujeitos processuais. A Justica da Infancia e da Juventude obedece as regras processuais acerca da representacéo dos incapazes e assisténcia dos relativamente capazes. Entretanto, se o Juiz considerar que os interesses do menor n&o estéo em harmonia com os de seus pais, seré designado curador especial. Art. 143. E vedada a divulgacéo de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a criangas e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Pardgrafo tinico. Qualquer noticia a respeito do fato no poderé identificar a crianca ou adolescente, vedando-se fotografia, referéncia a nome, apelido, filiacéo, parentesco, residéncia e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. Essa determinacgo néo viola o principio da publicidade, que é a regra geral dos atos processuais. A Constituigao resguarda especificamente a inviolabilidade das criancas e adolescentes, n&o permitindo nem mesmo que o juiz autorize a Aula 05 — Prof. Pai divulgago dessas informacées. 2.5 - Da Justica da Infan e da Juventude Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderao criar varas especializadas e exclusivas da infancia e da juventude, cabendo ao Poder Judiciério estabelecer sua proporcionalidade por nimero de habitantes, dotd-las de infraestrutura e dispor sobre 0 atendimento, inclusive em plantées. © primeiro aspecto importante que merece ser lembrado acerca das varas especializadas da infancia e da juventude é que elas podem ser criadas no ambito da Justiga Comum dos Estados e do Distrito Federal. Art. 147. A competéncia serd determinada: I - pelo domicilio dos pais ou responsavel; IT- pelo lugar onde se encontre a crianga ou adolescente, a falta dos pais ou responsavel. § 1° Nos casos de ato infracional, seré competente a autoridade do lugar da acéo ou omisso, observadas as regras de conexo, continéncia e prevencao. Perceba que os critérios do caput so aplicéveis apenas em processos que n&o envolvam atos infracionais. Quando houver infrago, o juizo competente seré 0 do local da conduta. Em causas que envolvam outros temas que nao infragdes, devem ser aplicadas as regras do caput, primeiramente a do inciso I (domicilio dos pais e responsdveis) e, na falta dos pais, a regra do inciso II (local onde se encontre a crianga ou adolescente). As regras processuais gerais, previstas no Cédigo de Processo Civil, siio aplicdveis subsidiariamente, quando o ECA nao regulamentar especificamente a situacdo. Em se tratando da apuracao de infracdes e da aplicacdo de medidas de privag&o de liberdade, devem ser aplicadas subsidiariamente as normas do Cédigo de Processo Penal. Art. 171, O adolescente apreendido por forca de ordem judicial seré, desde logo, encaminhado a autoridade judicidria. A autoridade policial que realizar a apreensdéo somente poderé fazé-lo em cumprimento de ordem judicial. Nesse caso, 0 adolescente deverd ser apresentado imediatamente ao juiz. Aula 05 - Prof. Paul 0 policial que n&o cumprir essa determinago incorreré no crime previsto no art. 231 do ECA: Art, 231. Deixar a autoridade policial responsdvel pela apreensao de crianca ou adolescente de fazer imediata comunicacao 4 autoridade judiciaria competente e 4 familia do apreendido ou pessoa por ele indicada: Pena - detencao de seis meses a dois anos. Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional seré, desde logo, encaminhado a autoridade policial competente. Pardgrafo tinico. Havendo reparticao policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerd a atribuicao da repartic3o especializada, que, apés as providéncias necessdrias e conforme o caso, encaminharé o adulto 4 reparticdo policial propria. Caso a apreensao do adolescente ocorra em razao de flagrante ato infracional, ele deverd ser encaminhado @ autoridade policial competente. Caso se trate de crianga, esta deveré ser encaminhada ao Conselho Tutelar. Essa situagdo é a mesma em que, se fosse imputavel, 0 adolescente estaria em flagrante delito ou contravencéo. Em geral, ha delegacias especializadas no atendimento a criangas e adolescents. Geralmente so chamadas de Delegacias de Protecao a Crianca e ao Adolescente. A competéncia desses érgdos especializados deve prevalecer, mesmo quando 0 ato infracional tenha sido cometido em coautoria com maior de idade. Nos casos de ato infracional cometido com violéncia ou grave ameaga, a autoridade policial deveré entéo lavrar auto de apreensdo, ouvir as testemunhas e o adolescente, apreender o produto ou instrumentos da infracdo, e requisitar exames ou pericias que eventualmente sejam necessérios. Nos demais casos (quando nao houver violéncia ou grave ameaca), a lavratura do auto pode ser substituida por boletim de ocorréncia. Esses documentos (auto de apreensdo ou boletim de ocorréncia) deverao ser encaminhados ao Ministério Publico. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsdvel, 0 adolescente seré prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentacSo ao representante do Ministério Piiblico, no mesmo dia ou, sendo impossivel, no primeiro dia util imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussao social, deva o adolescente permanecer sob internagao para garantia de sua seguranca pessoal ou manutencao da ordem publica. O adolescente devera, em regra, ser liberado quando comparecer pelo menos um dos pais ou responsavel, exceto quando a internacdo for necesséria para Aula 05 - Prof. Paul garantia da seguranga pessoal do préprio adolescente, ou para manuteng&o da ordem publica. A liberacéio do adolescente deve ocorrer mediante assinatura de termo de compromisso, por meio dos quais os pais ou responsdvel assume a responsabilidade de apresentd-lo ao membro do Ministério PUblico. Essa apresentacao deve ocorrer preferencialmente no mesmo dia. Caso os pais ou responsdvel falhem no cumprimento dessa obrigac&o haveré o crime previsto no art. 236. Art. 236, Impedir ou embaracar a acéo de autoridade judiciéria, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Publico no exercicio de funcao prevista nesta Lei: Pena; detencao de seis meses a dois anos. Caso os pais ou o responsdvel néo compareca para receber o adolescente, este deverd ser encaminhado ao representante do Ministério Publico, nos termos do art. 175. Art. 175. Em caso de nio liberagSo, 2 autoridade policial encaminharé, desde logo, 0 adolescente ao representante do Ministério Puiblico, juntamente com cépia do auto de apreensao ou boletim de ocorréncia. § 1° Sendo impossivel 2 apresentac3o imediata, a autoridade policial encaminharé o adolescente 4 entidade de atendimento, que fard a apresentacao ao representante do Ministério Publico no prazo de vinte e quatro horas. § 2° Nas localidades onde nao houver entidade de atendimento, a apresentacao far-se~ pela autoridade policial. A falta de reparticéo policial especializada, o adolescente aguardaré 2 apresentacSo em dependéncia separada da destinada a maiores, ndo podendo, em qualquer hipotese, exceder 0 prazo referido no paragrafo anterior. A regra geral é de que, quando o adolescente no puder ser liberado, a autoridade policial 0 encaminhe ao Ministério Ptiblico. Se nao for possivel encaminhd-lo imediatamente, a autoridade policial deve encaminhd-lo a entidade de atendimento, que se responsabilizaré por apresenta-lo ao MP no prazo de 24h. Ainda assim, é possivel que na localidade nao haja entidade de atendimento. Nesse caso, 0 adolescente permaneceré sob custédia policial e, se ndo houver érgao policial especializado para atendimento & crianca e ao adolescente, o infrator ndo deve permanecer no mesmo local destinado a maiores de idade. O ECA determina ainda que 0 adolescente ndéo podera ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veiculo policial, em condigdes atentatérias a sua dignidade, ou que impliquem risco a sua integridade fisica ou mental. O policial que desobedece essa determinacao incorre no crime previsto no art. 232, jé visto por nés. Aula 05 — Prof. Pai Art. 180. Adotadas as providéncias a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Public poderé: I - promover 0 arquivamento dos autos; II - conceder a remissao; III - representar 4 autoridade judiciéria para aplicacao de medida socioeducativa. O arquivamento dos autos ou a concesséo de remiss4o, seréo promovidos mediante termo fundamentado, que conteré o resumo dos fatos. Os autos ent3o serdio conclusos a autoridade judicidria para homologagao. Uma vez homologado 0 arquivamento ou a remissao, a autoridade judicidria determinaré, conforme © caso, o cumprimento da medida. Discordando, a autoridade judicidria remeterd os autos ao Procurador-Geral de Justica (chefe do Ministério PUblico do Estado), mediante despacho fundamentado, e este oferecera representac&io, designara outro membro do Ministério Publico para apresenté-la, ou ratificard o arquivamento ou a remiss&o, e so ent&o estard a autoridade judiciaria obrigada a homologar. Se 0 representante do Ministério Ptiblico decidir néo promover o arquivamento ou a remissdo, ofereceré representagao 4 autoridade judiciaria, propondo a instaurag3o de procedimento para aplicacéo da medida socioeducativa que se afigurar a mais adequada. Oferecida a representac&o, caberd ao juiz determinar o dia, hora e local para a audiéncia. Na mesma ocasiéo deve o magistrado decidir acerca da internagéo preventiva. Tanto 0 adolescente quanto seus pais, tutores ou guardides serao citados. Se os pais ou responsdveis nao forem localizados, o juiz indicaré curador especial ao adolescente. Caso nao seja possivel localizar 0 adolescente, o juiz expediré mandado de busca € apreens&o e 0 proceso s6 continuaré quando ele for encontrado. Os pais também devem comparecer & audiéncia, mesmo quando o adolescente estiver internado. Art. 186, Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsdvel, a autoridade judiciria procederé 4 oitiva dos mesmos, podendo solicitar opiniéo de profissional qualificado. Além de solicitar a opiniao de profissional qualificado, o juiz pode aplicar a remisséo, devendo antes ouvir o representante do Ministério Publico. A remissao, entretanto, poderd ser aplicada em qualquer fase do processo, e ndo somente nesse momento. Se 0 ato infracional cometido for de natureza grave, punivel com internagao ou imposigéo de regime de semiliberdade, e 0 adolescente néo tiver advogado constituido, 0 juiz nomeara defensor. © advogado ou defensor constituido teré 3 Aula 05 - Prof. Paul dias para apresentar defesa prévia e rol de testemunhas, a partir da audiéncia de apresentacao. Art. 189. A autoridade judiciéria no aplicaré qualquer medida, desde que reconheca na sentenca: I - estar provada a inexisténcia do fato; IT - no haver prova da existéncia do fato; III - no constituir 0 fato ato infracional; IV - no existir prova de ter 0 adolescente concorrido para o ato infracional. Pardgrafo tinico. Na hipstese deste artigo, estando 0 adolescente internado, seré imediatamente colocado em liberdade. 2.6 — Dos Crimes e das Infracgées Administrativas Art, 225, Este Capitulo dispée sobre crimes praticados contra a crianca e 0 adolescente, or aco ou omissdo, sem prejuizo do disposto na legisiacao penal. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Cédigo Penal e, quanto a0 processo, as pertinentes ao Cédigo de Processo Penal. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei sdo de ago piiblica incondicionada. A ac&o penal para os crimes tipificados pelo ECA é sempre piblica incondicionada, o que significa que o Ministério Publico ¢ o titular da aco penal e detém a prerrogativa de oferecer a denuncia para provocar o Poder Judicidrio. Essas so as tinicas normas gerais acerca dos crimes previstos no ECA. Obviamente, sdo aplicdveis as normas gerais previstas no Cédigo Penal, bem como do Cédigo de Processo Penal. Nés jé estudamos quase todos os crimes ao longo da aula, e as bancas nao costumam cobrar detalhes acerca dos crimes. Para que vocé otimize seu tempo, recomendo apenas que vocé leia os tipos penais, e releia antes da sua prova Quero chamar sua atenggo ainda para a Simula 500 do STJ, que trata mais especificamente de um tipo penal, previsto no art. 244-B. Art. 244-B, Corromper ou facilitar a corrup¢ao de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infracdo penal ou induzindo-o a praticé-la: Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1° Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrénicos, inclusive salas de bate-papo da internet. Aula 05 - Prof. Paul § 2° As penas previstas no caput deste artigo séo aumentadas de um terco no caso de a infragao cometida ou induzida estar incluida no rol do art. 1° da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990. Segundo a nova simula, nao é necessério que haja prova da efetiva corrupgéio do menor para que o crime esteja configurado. jimuia 500 STi: a configuracao do crime previsto no artigo 244-B (corrupgao de menores) | do Estatuto da Crianca e do Adolescente independe da prova da efetiva corrup¢o do menor, : por se tratar de delito formal. Apresentarei no nosso resumo da aula uma tabela contendo os crimes tipificados no ECA, e, em seguida, outra tabela contendo as infragées administrativas, que também ja foram vistas por nés ao longo da aula. Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340/2006) Art. 1° Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8 do art. 226 da Constituicéo Federal, da Convengao sobre a Eliminacéo de Todas as Formas de Violéncia contra a Mulher, da Convencao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela Republica Federativa do Brasil; disp&e sobre 2 criagdo dos Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medides de sssisténcia © protegdo és mulheres em situasdo de violencia doméstica € familiar. A Lei n° 11.340/2006 tem por finalidade coibir a violéncia doméstica e familiar contra a mulher. Esse diploma normativo é amplamente conhecido como Lei Maria da Penha, uma referncia a Maria da Penha Maria Fernandes. Esta senhora sofreu agressdes por parte de seu marido por anos, sem buscar a tutela dos érgdos estatais. No dia 29 de maio de 1983, em Fortaleza (CE), foi atingida enquanto dormia por um tiro de espingarda disparado por seu marido. Como consequéncia desse tiro, Maria ficou paraplégica. Nao satisfeito com o resultado dessa violéncia, que tinha como finalidade a morte da mesma, depois de alguns dias 0 marido tentou outra investida: eletrocuta-la durante o banho. Seis meses antes da prescric&o, 0 marido foi condenado, em raz&o dos crimes, a cumprir pena de dez anos em regime aberto A historia de Maria da Penha foi objeto de tamanha repercussdo internacional que © Comité Latino-Americano e Caribe para Defesa da Mulher (CLADEM) formalizou denuincia & Comiss&o Interamericana de Direitos Humanos da Organizac&o dos Estados Americanos (OEA). Aula 05 — Prof. Pai Em 2001, 0 Brasil foi condenado por meio de um relatério da OFA, que impés um pagamento de indenizagdo de 20 mil ddlares em favor de Maria da Penha, responsabilizando o Estado Brasileiro pela negligéncia e omiss&o em relacéo & violéncia doméstica, e recomendando a adoc&o de varias medidas, entre elas a de simplificar procedimentos judiciais, diminuindo os prazos processuais de julgados. Diante da press&o sofrida pela OEA, o Brasil viu-se forcado a cumprir as convengGes e tratados internacionais dos quais € signatério. Esta é a razdo da referéncia que o art. 1° da Lei Maria da Penha faz & Convengao sobre Eliminacao de Todas as Formas de Discriminacéo Contra as Mulheres e a Convencao Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violéncia Contra a Mulher. Art. 2° Toda mulher, independentemente de classe, raca, etnia, orientacdo sexual, renda, cultura, nivel educacional, idade e religiao, goza dos direitos fundamentais inerentes 4 pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violéncia, preservar sua satide fisica e mental e seu aperfeicoamento moral, intelectual e social, Art. 3° Sergo asseguradas as mulheres as condigdes para o exercicio efetivo dos direitos 4 vida, 4 seguranca, a satide, 4 alimentacao, 4 educacdo, 4 cultura, 4 moradia, a0 acesso 4 justica, a0 esporte, ao lazer, ao trabalho, 4 cidadania, 4 liberdade, 4 dignidade, ao respeito e 4 convivéncia familiar e comunitaria. A Lei Maria da Penha ndo é apenas uma norma protetiva. Ela também tem carater programatico, determinando ao Estado que desenvolva politicas capazes de assegurar as mulheres 0 exercicio de direitos fundamentais, estendendo também & familia e a sociedade em geral o dever de criar as condigées necessérias ao efetivo exercicio desses direitos. A lei determina que a politica publica relacionada a prevencéo da violéncia familiar e doméstica contra a mulher seja desenvolvida por meio de um conjunto articulado de ages da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, além de agdes nao governamentais, com as seguintes diretrizes: a) integracéo operacional do Poder Judicidrio, do Ministério Publico e da Defensoria Publica com as areas de seguranca publica, assisténcia social, satide, educagao, trabalho e habitacdo; b) promogéo de estudos e pesquisas, estatisticas e outras informacdes relevantes, com a perspectiva de género e de raca ou etnia, concernentes as causas, as consequéncias e a frequéncia da violéncia doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematizagao de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliacdo periédica dos resultados das medidas adotadas; c) respeito, nos meios de comunicac&o social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da familia, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violéncia doméstica e familiar; Aula 05 — Prof. Pai d) implementag&o de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento a Mulher; €) promociio e a realizado de campanhas educativas de prevencio da violéncia doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao ptiblico escolar e 4 sociedade em geral, e a difusdo desta Lei e dos instrumentos de protecéio aos direitos humanos das mulheres; f) celebracéio de convénios, protocolos, ajustes, termes ou outros instrumentos de promogao de parceria entre érgaios governamentais ou entre estes e entidades n&o-governamentais, tendo por objetivo a implementacdo de programas de erradicagao da violéncia doméstica e familiar contra a mulher; g) capacitag&o permanente das Policias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos drgaos e as reas enunciados no inciso I quanto as questdes de género e de raga ou etnia; h) promog&o de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito a dignidade da pessoa humana com a perspectiva de género e de raga ou etnia; i) destaque, nos curriculos escolares de todos os niveis de ensino, para os contetidos relativos aos direitos humanos, equidade de género e de raga ou etnia e ao problema da violéncia doméstica e familiar contra a mulher. Art. 5° Para os efeitos desta Lei, configura violéncia doméstica e familiar contra a mulher qualquer ago ou omissao baseada no género que Ihe cause morte, lesdo, sofrimento fisico, sexual ou psicolégico e dano moral ou patrimonial: I - no 4mbito da unidade doméstica, compreendida como o espaco de convivio permanente de pessoas, com ou sem vinculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; IT- no dmbito da familia, compreendida como a comunidade formada por individuos que 80 ou se consideram aparentados, unidos por lacos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relacao intima de afeto, na qual 0 agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitacao. Para fins de prova, é importante compreender bem as definic6es trazidas pela lei no que se refere a violencia doméstica e familiar contra a mulher. Essa violéncia consiste numa agao ou omissao baseada no género. © conceito de género surgiu a partir de 1980, na tentativa de aumentar o entendimento a respeito das diferengas e desigualdades com rela&o aos sexos, que eram entendidas como expressées de comportamentos sociais rigorosos, ligados por meio das diferengas bioldgicas entre homem e mulher, com foco nos aspectos sociais dessa relacao desigual. A mulher é a maior vitima da violéncia de gnero. Estudos confirmam que em cerca de 95% dos casos de violéncia praticada contra a mulher, 0 homem é 0 agressor. Aula 05 — Prof. Paulo As expressdes violéncia de género e violéncia contra a mulher geralmente so utilizadas como sinénimos, mas a violéncia de género é mais abrangente, alcancando também relacdes motivadas pela raca, etnia, classe, etc. Preste bastante atengio as definicdes trazidas pelos incisos do art. 5°, pois elas jé foram cobradas em provas anteriores. No Ambito da unidade doméstica > espaco de convivio permanente de pessoas, com ou sem vinculo familiar, inclusive as . Acio ou omissio | esporadicamente agregadas NEST N baseada no Dyes Tye V3) géneroquelhe |No Ambito da familia > ZAVEETNTY } cause morte, lesdo, | comunidade formada por individuos CONTRA A sofrimento fisico, }que séo ou se consideram D3 sexual ou aparentados, unidos por laos psicolégico edano |naturais, por afinidade ou por moral ou vontade expressa patrimonial Em qualquer relacéo intima de afeto > na qual o agressor conviva ‘ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitagao E interessante saber que 0 STJ jé decidiu que a Lei Maria da Penha pode ser aplicada mesmo que nao tenha havido coabitacio, e mesmo quando as agressées ocorrerem quando jé se tiver encerrado o relacionamento entre as partes, desde que guardem vinculo com a relagao anteriormente existente. Reproduzo a seguir_matéria_disponivel no site do STI (http://www.sti.aov.br/portal_sti/publicacao/enaine.wsp?tmp.area=3988tmp.te xto=93036) que menciona decisdio nesse sentido proferida pela Terceira Sessao. DOMESTICA CONTRA A MULHER © namoro evidencia uma relagéo intima de afeto que independe de coabitacéo. Portanto, | agressdes e ameacas de namorado contra a namorada — mesmo que 0 relacionamento | tenha terminado ~ que ocorram em decorréncia dele caracterizam violéncia domestica. O | entendimento & do ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justia (ST3), : fundamentando-se na Lei Maria da Penha para julgar conflito negativo de competénci Aula 05 — Prof. Pai (quando uma vara civel atribui a outra a responsabilidad de fazer o julgamento) entre dois juizos de Direito mineiros. | Segundo os autos, 0 denunciado teria ameacado sua ex-namorada, com quem teria vivido | durante 24 anos, e seu atual namorado. 0 juizo de Direito da 1° Vara Criminal de! Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, entéo processante do caso, declinou da i competéncia, alegando que os fatos nao ocorreram no Ambito familiar e doméstico, pois 0 relacionamento das partes j4 tinha acabado, nfo se enquadrando, assim, na Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). © juizo de Direito do Juizado Especial Criminal de Conselheiro Lafaiete, por sua vez, | sustentou que os fatos narrados nos autos decorreram da relacdo de namoro entre réu e | vitima. Afirmou, ainda, que a Lei Maria da Penha tem efetiva aplicagdo nos casos de relacionamentos amorosos jé encerrados, uma vez que a lei ndo exige coabitago. Diante disso, entrou com conflito de competéncia no STJ, solicitando reconhecimento da | competéncia do juizo da Direito da 1¢ Vara Criminal para 0 processamento da acao. Ao decidir, 0 ministro Jorge Mussi ressaltou que de fato existiu um relacionamento entre | réu e vitima durante 24 anos, nao tendo o acusado aparentemente se conformado com 0 rompimento da relacéo, passando a ameacar a ex-namorada. Assim, caracteriza-se 0 nexo causal entre a conduta agressiva do ex-namorado e a relacdo de intimidade que havia entre ambos. © ministro destacou que a hipétese em questdo se amolda perfeitamente & Lei Maria da | Penha, uma vez que esté caracterizada a relacao intima de afeto entre as partes, ainda que apenas como namorados, pois 0 dispositivo legal no exige coabitacao para configuracao da violéncia doméstica contra a mulher. O relator conheceu do conflito e declarou a competéncia do juizo de Direito da 19 Vara Criminal de Conselheiro Lafaiete para processai Pardgrafo Unico. As relaces pessoais enunciadas neste artigo independem de orientacao sexual. A orientacao sexual da mulher no pode servir de pardmetro para determinar se ela sofreu ou nao violéncia doméstica e familiar. A Lei, no intento de asseverar o carater desprezivel dos crimes por ela tratados, qualifica a violéncia doméstica e familiar contra a mulher como uma violagdo dos direitos humanos. Ha um julgado recente do ST) também em que se confirmou a possibilidade de incidéncia da Lei Maria da Penha nas relagdes ente mae e filha. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICACAO DA LEI MARIA DA PENHA NA | RELACAO ENTRE MAE E FILHA. i E possivel a incidéncia da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relagdes entre mae e | filha, Isso porque, de acordo com o art. 5°, III, da Lei 11.340/2006, configura violéncia | doméstica e familiar contra a mulher qualquer aco ou omissdo baseada no género que Ihe cause morte, lesao, sofrimento fisico, sexual ou psicolégico e dano moral ou patrimonial em qualquer relacdo intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitacao. Da andlise do dispositive citado, infere-se que 9 objeto de tutela da Lei é a mulher em situacdo de vulnerabilidade, nao s6 em relagdo 20 cénjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com Aula 05 - Prof. Paul a vitima, independentemente do género do agressor, Nessa mesma linha, entende a jurisprudéncia do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser tanto 0 homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relacéo de poder e submissSo. Precedentes citados: HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013; e | HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013. HC 277.561-AL, Rel. Min, Jorge Mussi, - julgado em 6/11/2014, i Art. 7° Sao formas de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violéncia fisica, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou sauide corporal; II - a violéncia psicolégica, entendida como qualquer conduta que the cause dano emocional e diminuicéo da auto-estima ou que Ihe prejudique e perturbe 0 pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas acdes, comportamentos, crencas e decisées, mediante ameaca, constrangimento, humilhacdo, manipulagao, isolamento, Vigilancia constante, perseguicao contumaz, insulto, chantagem, ridicularizacéo, exploracéo € limitaco do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que Ihe cause prejuizo 4 sade psicolégica e 4 autodeterminacéo; IIT - a violéncia sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, 2 manter ou a participar de relacao sexual nao desejada, mediante intimidacao, ameaca, coacao ou uso da forca; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que 2 impeca de usar qualquer método contraceptive ou que 2 force a0 matriménio, 4 gravidez, ao aborto ou 4 prostituicéo, mediante coacso, chantagem, suborno ou manipulacao; ou que limite ou anule 0 exercicio de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violéncia patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retengéo, subtraco, destruicio parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econémicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violéncia moral, entendida como qualquer conduta que configure caltinia, difamacao ou injdiria. Este dispositivo é muito importante para a sua prova. Agora que jé vimos a definigéo da violéncia doméstica e familiar contra a mulher, devemos compreender os detalhes a respeito dos tipos de violéncia que pode ser infringida. Nao precisamos nos aprofundar numa explanagao teérica mais detalhada acerca dessas modalidades, pois a propria lei nos fornece as definicées. MODALIDADES DE VIOLENCIA E FAMILIAR CONTRA A MULHER VIOLENCIA FISICA Ofensa a integridade ou satide corporal za violéncia fisica contra a mulher é perpetrada por meio da lesdo corporal. Qualquer conduta que Ihe cause dano emocional e diminuigao VIOLENCIA da auto-estima ou que Ihe prejudique e perturbe o pleno PSICOLOGICA | desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas acées, comportamentos, crencas_e_decisées,_ mediante Aula 05 - Prof. Paul ‘ameaga, _constrangimento, __humilhacao, __ manipulacao, isolamento, vigilancia constante, perseguig&o contumaz, insulto, chantagem, ridicularizagao, exploracao e limitagao do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que Ihe cause prejuizo a sade psicolégica e & autodeterminacéo } Essa modalidade é a mais frequente e provavelmente a menos denunciada. Muitas vezes a vitima nem se dé conta de que esté sendo agredida por meio de palavras e aces. Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relagéo sexual nao desejada, mediante intimidag&o, ameaca, coag&o ou uso da forga; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeca de usar qualquer método contraceptive ou que a VIOLENCIA | force ao matriménio, a gravidez, ao aborto ou a prostituigio, SEXUAL mediante coag&o, chantagem, suborno ou manipulagao; ou que limite ou anule o exercicio de seus direitos sexuais e reprodutives > A identificaco da violéncia sexual no meio conjugal representa inovagdo, pois o sexo sempre foi tradicionalmente considerado como uma obrigacéio decorrente do matriménio. Retencéio, subtracéio, destruic&o parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores € VIOLENCIA — | direitos ou recursos econémicos, incluindo os destinados a PATRIMONIAL | satisfazer suas necessidades O furto é crime contra o patriménio, e, se a vitima for a mulher com quem se mantém relacio afetiva, o ato é considerado violéncia patrimonial. Calunia, difamacao ou injuria > O crime de callinia pode ser descrito como “imputar & vitima a pratica de determinado fato criminoso sabidamente falso”. A difamac&o define-se como “imputar a vitima a pratica de determinado fato desonroso”. 38 a injuria pode ser definida como “atribuir a vitima qualidades negativas”. VIOLENCIA MORAL Existem alguns posicionamentos doutrindrios no sentido da exigéncia de habitualidade para caracterizar os delitos previstos na Lei Maria da Penha. Essa doutrina, entretanto, é minoritaria, e nao merece muita atencao da nossa parte... © Art, 9° Aassisténcia 4 mulher em situacdo de violéncia doméstica e familiar seré prestada de forma articulada e conforme os principios e as diretrizes previstos na Lei Organica da Assisténcia Social, no Sistema Unico de Saude, no Sistema Unico de Seguranca Publica, Aula 05 — Prof. Pai entre outras normas e politicas puiblicas de protecdo, e emergencialmente quando for o caso. A inclusao da mulher em programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal seré determinada pelo magistrado, por prazo certo. Veremos agora disposigdes legais muito importantes para a sua prova. § 2° O juiz asseguraré 4 mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar, para reservar sua integridade fisica e psicolégica: I - acesso prioritério 8 remo¢ao quando servidora publica, integrante da administracéo direta ou indireta; IL - manutengao do vinculo trabalhista, quando necessario 0 afastamento do local de trabalho, por até seis meses. A mulher vitima de violéncia doméstica muitas vezes precisa ser retirada rapidamente do convivio do agressor. Esse afastamento, entretanto, pode implicar em prejuizos a vitima, e as medidas previstas no §2° tém o condao de diminuir essas consequéncias danosas, pelo menos no que tange aos vinculos de trabalho. Caso a mulher seja servidora ptiblica, 0 juiz deve determinar acesso prioritario a remogdo, que nada mais é do que a mudanga do local de trabalho da servidora. Caso se trata de empregada, a lei autoriza o juiz a determinar a manutencao do vinculo trabalhista pelo periodo de até 6 meses. A Doutrina tem se posicionado no sentido de que o afastamento deve contemplar também a remuneragao, pois de nada adiantaria a vitima manter seu vinculo empregaticio se n&o tiver como se sustentar. Entretanto, néo ha nenhuma regra a respeito da responsabilidade pelo pagamento dos salérios, e nem existe ainda beneficio assistencial especifico para essa finalidade. § 3° A assisténcia 4 mulher em situagao de violéncia doméstica e familiar compreenderé 0 acesso aos beneficios decorrentes do desenvolvimento cientifico e tecnoldgico, incluindo os servicos de contracep¢ao de emergéncia, a profilaxia das Doencas Sexualmente Transmissiveis (DST) @ da Sindrome da Imunodeficiéncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessarios e cabiveis nos casos de violéncia sexual. A Lei Maria da Penha protege a mulher com relagdo a sua liberdade no uso de sua capacidade reprodutiva. Sao considerados sexualmente violentos os atos que impedirem o acesso da mulher a métodos contraceptivos. A protecao conferida pelo §3° a mulher vitima de violéncia exige a coordenaco de diversos niveis no ambito governamental e nao governamental, possibilitando a garantia de direitos fundamentais. Aula 05 — Prof. Pai A Lei Maria da Penha assegura & mulher em situacéo de Ces violéncia doméstica e familiar o acesso a servicos de contracepgao de emergéncia, a profilaxia das Doengas Sexualmente Transmissiveis (DST) e da Sindrome da Imunodeficiéncia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessarios e cabiveis nos casos de violéncia sexual. Art. 10. Wa hipétese da iminéncia ou da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorréncia adotars, de imediato, as providéncias legais cabiveis. Pardgrafo nico. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgéncia deferida. A partir de agora estudaremos os dispositivos da Lei Maria da Penha que se destinam aos policiais. A mulher que seja vitima de violéncia doméstica tem direito a tratamento diferenciado e especifico por parte da autoridade policial. As providéncias que devem ser adotadas imediatamente pela autoridade policial diante de situagdes de violéncia familiar contra a mulher incluem a garantia de prote¢So policial, comunicago imediata ao Poder Judicidrio e ao Ministério Publico, o encaminhamento da ofendida a estabelecimentos de tratamento médico, o fornecimento de transporte @ ofendida que corra risco de vida e seus dependentes para local seguro, a informac&o a ofendida dos direitos a ela assegurados e dos servicos disponiveis. Art. 12. Em todos os casos de violéncia doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorréncia, deverd a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuizo daqueles previstos no Cédigo de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar 0 boletim de ocorréncia e tomar a representacao a termo, se apresentada; II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstancias; II - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com 0 pedido da ofendida, para a concesséo de medidas protetivas de urgéncia; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessarios; V - ouvir 0 agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificagdo do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existéncia de mandado de priséo ou registro de outras ocorréncias policiais contra ele; VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Publico. Aula 05 — Prof. Pai Por favor dé uma atengao especial a esse dispositivo, pois as medidas que devem ser adotadas imediatamente pela autoridade policial j4 foram cobradas em provas anteriores. O pedido da ofendida poderé ser feito oralmente, e caberé ao policial redigi-lo. O pedido deve conter a qualificagdo da ofendida e do agressor, o nome e a idade dos dependentes, e a descricéo sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas. Art. 14. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher, érgaos da Justica Ordinéria com competéncia civel e criminal, poderso ser criados pela Uniéo, no Distrito Federal e nos Territérios, e pelos Estados, para 0 processo, o julgamento e a execugao das causas decorrentes da pratica de violéncia doméstica e familiar contra a mulher. Pardgrafo tinico. Os atos processuais poderéo realizar-se em horario noturno, conforme dispuserem as normas de organizagao judici Os Juizados Especiais so érgéos do Poder Judiciario que se dedicam ao julgamento de processos de menor complexidade. Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a Mulher acumulam competéncia civel ¢ criminal, e fazem parte da Justica comum estadual. A mencdo que o dispositivo faz & Unido diz respeito aos Juizados instalados no Distrito Federal, onde a Unido exerce a competéncia que em outros locais é conferida aos Estados. Enquanto os Juizados ndo forem estruturades, as varas criminais acumularao a competéncia criminal e a civel para conhecer e julgar causas decorrentes da pratica de violéncia contra a mulher. Além disso, esses processos terao preferéncia no julgamento. Apesar de esses Juizados terem competéncia criminal, o STF ja se manifestou no sentido de que eles néo seguem o procedimento simplificado tipico dos juizados criminais, onde se podem aplicar diversos “institutos despenalizadores”, por meio dos quais podem ser celebrados acordos para evitar a prisdo do criminoso. Além disso, a prépria lei estabelece expressamente que nao se aplica a esses juizados 0 rito previsto na Lei n° 9099/1995. a Os Juizados de Violéncia Doméstica e Familiar contra a jatento! Mulher acumulam competéncia civel e criminal, e fazem parte da Justica comum estadual, mas o STF jd decidiu que esses érgéios ndo podem aplicar os “institutos despenalizadores” tipicos dos juizados criminais.

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