Você está na página 1de 28

TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.

qxp 17/12/2020 08:06 Página 207

Módulo
PORTUGUÊS 1
F1 Origem da Língua Portuguesa

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M133


Texto para o teste .
1 isoglossa – linha imaginária que, em um mapa, une
a) caminho pouco apropriado para resgatar e
preservar a ancestralidade, já que, os pontos de ocorrência de traços e fenômenos
atualmente, os livros podem conservar as linguísticos idênticos.
A tradição oral tem a função de preservar
informações com fidedignidade. (FERREIRA. A. B. H. Novo dicionário Aurélio da
histórias, de garantir às novas gerações
língua portuguesa. Rio de Janeiro Nova Fronteira,
indígenas ou afro-brasileiras o conhecimento b) modo de salvaguarda cultural do
1986.
de seus antepassados. Para muitos grupos a conhecimento produzido, sobretudo em um
oralidade é a única forma de resgatar e país tão marcado pela diversidade étnica e
linguística como o Brasil.  De acordo com as informa-
preservar sua ancestralidade. Hoje, mais de um
c) meio de preservação de culturas perdido ao ções presentes no texto, os
milhão de brasileiros não possuem o português
como sua língua materna. Temos mais de 200 longo das gerações, razão pela qual se gerou pontos de vista de Serafim
línguas em nosso território, onde muitas são desconhecimento do passado dos povos da Silva Neto e de Paul Teyssier convergem em
indígenas e não possuem qualquer tradição colonizadores. relação
escrita. Essas línguas aos poucos vêm se d) jeito natural de conviver com a a) à influência dos aspectos socioculturais nas
perdendo. A cada ano a preservação pelas ancestralidade e, ainda que os livros digam diferenças dos falares entre indivíduos, pois
novas gerações tem se tornado um desafio que os antepassados nada têm a ensinar, a ambos consideram que pessoas de mesmo
maior. Atualmente, milhares de brasileiros com realidade mostra o contrário. nível sociocultural falam de forma
ancestrais afro-brasileiros e indígenas e) expediente produtivo para o conhecimento semelhante.
desconhecem sua própria história ou acreditam das culturas passadas, o qual se mostra cada b) à delimitação dialetal no Brasil assemelhar-
não ter uma de fato. vez mais arraigado no cotidiano das novas
se ao que ocorria na România Antiga, pois
Quando nossas histórias não estão em livros gerações brasileiras.
ambos consideram a variação linguística no
e as únicas referências a nossos ancestrais estão
Brasil como decorrente de aspectos
fundadas em frases como: “Os europeus Texto para o teste .
geográficos.
chegaram ao Brasil e…”, “Milhares foram
c) à variação sociocultural entre brasileiros de
mortos…” ou “Tantos foram escravizados…”, é Serafim da Silva Neto defendia a tese da
compreensível acreditar que nós não diferentes regiões, pois ambos consideram o
unidade da língua portuguesa no Brasil,
carregamos uma história para além de fator sociocultural de bastante peso na
entrevendo que no Brasil as delimitações
genocídios e sofrimentos e pensar que nossos constituição das variedades linguísticas no
dialetais espaciais não eram tão marcadas como
ancestrais não têm nada a nos ensinar… Mas Brasil.
as isoglossas1 da România Antiga. Mas Paul
eles têm o que ensinar e já vêm nos ensinando d) à diversidade da língua portuguesa na
Teyssier, na sua História da Língua
há muito tempo, não apenas para nós (afro- România Antiga, que até hoje continua a
brasileiros e indígenas) mas para toda uma Portuguesa, reconhece que na diversidade
existir, manifestando-se nas variantes
sociedade. O conhecimento e as práticas socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz
linguísticas do português atual no Brasil.
religiosas, o uso de plantas medicinais, o cultivo Teyssier:
e) à existência de delimitações dialetais
do alimento, o combate às pragas, as danças, as “A realidade, porém, é que as divisões
geográficas pouco marcadas no Brasil,
histórias, a pesca, a caça, tudo isso nos foi ‘dialetais’ no Brasil são menos geográficas que
embora cada um enfatize aspectos
passado através da oralidade, não existem livros socioculturais. As diferenças na maneira de
diferentes da questão.
que nos expliquem como é a reza que nossa falar são maiores, num determinado lugar, entre
bisavó fazia ou o poder da planta que ela um homem culto e o vizinho analfabeto que
utilizava, mas nem por isso os desconhecemos. entre dois brasileiros do mesmo nível cultural
(Fabiana Pinto. “Tradição oral e a preservação de
originários de duas regiões distantes uma da
culturas”. www.revistacapitolina.com.br,
outra.”
24.03.2016. Adaptado.)
(SILVA, R. V. M. O português brasileiro e o
português europeu contemporâneo: alguns
 (INSPER) – As informações do texto aspectos da diferença. Disponível em
evidenciam que a tradição oral é um www.uniroma.it. Acesso em 23 jun. 2008.)

207
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 208

Módulo no Portal Objetivo PORT1M134


2 – O poder da palavra

Texto para a questão . CALLOU, D. Gramática, variação e normas. b) ( ) "Palavra puxa palavra, uma ideia
In: VIEIRA, S.R.; BRANDÃO, S. (orgs). traz outra, e assim se faz um livro."
Essa é a distinção extremamente impor- Ensino de gramática: descrição e uso. (Machado de Assis)
tante. Na fala, dispomos de um arsenal de São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado).
recursos expressivos – gesticulação, expressão c) ( ) "As palavras não são ainda ações."
facial, riso, sons não ‘catalogados’. Já na  (ENEM) – O português do Brasil não é (Henrique VIII)
escrita, tudo que temos são ‘desenhos’ num uma língua uniforme. A variação linguística é
papel em branco. Natural que, na escrita, a um fenômeno natural, ao qual todas as línguas d) ( ) "Palavra e pedra solta não têm
riqueza da fala, todas as nuances de signifi- estão sujeitas. Ao considerar as variedades lin- volta."
cado que um simples gesto pode conter se guísticas, o texto mostra que as normas podem (Benito Pérez Galdós)
reduzem drasticamente. ser aprovadas ou condenadas socialmente,
chamando a atenção do leitor para a  (ENEM) – Érico Veríssimo relata, em suas
(FARACO, Carlos Alberto & TEZZA,
a) desconsideração da existência das normas memórias, um episódio da adolescência que
Cristovão. Prática de texto.
populares pelos falantes da norma culta. teve influência significativa em sua carreira de
Petrópolis: Vozes, 1995, p.88.)
b) difusão do português de Portugal em todas escritor.

 (CESULON) – De acordo com o texto: as regiões do Brasil só a partir do século


XVIII. Lembro-me de que certa noite — eu teria
a) A escrita, apesar de não se dispor de tantos
c) existência de usos da língua que caracteri- uns quatorze anos, quando muito — encarrega-
recursos expressivos quanto a fala, é mais
zam uma norma nacional do Brasil, distinta ram-me de segurar uma lâmpada elétrica à
rica.
da de Portugal. cabeceira da mesa de operações, enquanto um
b) A escrita é baseada na fala, estabelecendo-
d) inexistência de normas cultas locais e médico fazia os primeiros curativos num pobre-
se, assim, uma relação de concomitância
populares ou vernáculas em um determi- diabo que soldados da Polícia Municipal
entre as duas.
nado país. haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e
c) A escrita se diferencia da fala porque esta
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos da náusea, continuei firme onde estava, talvez
tende a ser popular, e aquela obedece a
frequentes de uma língua devem ser aceitos. pensando assim: se esse caboclo pode
regras da norma culta.
aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei
d) Tanto a escrita como a fala são duas
 Faça a correspondência entre os trechos de poder ficar segurando esta lâmpada para
modalidades da linguagem com suas especi-
abaixo, considerando a semelhança de signi- ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar
ficidades, sendo a primeira mais valiosa que
ficado que eles encerram. essa vida? (...)
a última.
Desde que, adulto, comecei a escrever
e) A linguagem falada é mais rica que a
1. “...para escrever não-importa-o quê o meu romances, tem-me animado até hoje a ideia de
linguagem escrita porque dispõe de maiores
material básico é a palavra. Assim é que esta que o menos que o escritor pode fazer, numa
recursos expressivos.
história será feita de palavras que se época de atrocidades e injustiças como a
agrupam em frases.” nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre
Texto para a questão . a realidade de seu mundo, evitando que sobre
(Clarice Lispector)
ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos
Motivadas ou não historicamente, normas assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâm-
2. “E a palavra, uma vez lançada, voa
prestigiadas ou estigmatizadas pela comuni- pada, a despeito da náusea e do horror. Se não
irrevogável.”
dade sobrepõem-se ao longo do território, seja tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o
(Horácio)
numa relação de oposição, seja de complemen- nosso toco de vela ou, em último caso,
taridade, sem, contudo, anular a interseção de 3. “E há poetas que são artistas risquemos fósforos repetidamente, como um
usos que configuram uma norma nacional E trabalham nos seus versos sinal de que não desertamos nosso posto.
distinta da do português europeu. Ao focalizar Como um carpinteiro nas tábuas.” (VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta.
essa questão, que opõe não só as normas do (Alberto Caeiro) Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.)
português de Portugal às normas do português
brasileiro, mas também as chamadas normas 4. “Palavras houve já de sobra, Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada
cultas locais às populares ou vernáculas, deve- Dai-me enfim, feitos: vamos à obra!” que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo
se insistir na ideia de que essas normas se (Goethe) define como uma das funções do escritor e, por
consolidaram em diferentes momentos da extensão, da literatura:
nossa história e que só a partir do século XVII a) ( ) "Poeta é o operário, o artífice da a) criar a fantasia.
se pode começar a pensar na bifurcação das palavra b) permitir o sonho.
variantes continentais, ora em consequência de E com ela compõe a ourivesaria de c) denunciar o real.
mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, um verso." d) criar o belo.
ora, ainda, em ambos os territórios. (Cora Coralina) e) fugir da náusea.

208
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 209

Módulo
PORTUGUÊS F1
3
Substantivo

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M135


As questões de números  a  tomam por  (UNESP) – Empregada na segunda estrofe, Examine atentamente as palavras subli-
base um poema satírico do poeta português a palavra choquilha não é registrada em alguns nhadas no texto abaixo.
João de Deus (1830-1896). dicionários. No entanto, pelo contexto dessa
estrofe, sobretudo pela presença da forma Chamava-se Raimundo este pequeno, e era
OSSOS DO OFÍCIO verbal repicando, torna-se possível verificar mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo
que significa gastava duas horas em reter aquilo que a
Uma vez uma besta do tesouro, a) arma de choque. b) chibata. outros levava apenas trinta ou cinquenta
Uma besta fiscal, c) chocalho. d) saco de couro. minutos, vencia com o tempo o que não podia
Ia de volta para a capital, e) freio metálico. fazer com o cérebro. Reunia a isso um grande
Carregada de cobre, prata e ouro; medo do pai. Era uma criança fina, pálida,
E no caminho  (UNESP) – Na terceira estrofe, com relação cara doente; raramente estava alegre. Entrava
Encontra-se com outra carregada à oração principal do período de que faz parte, na escola depois do pai e retirava-se antes. O
De cevada, a oração que exclamava enfim expressa mestre era mais severo com ele do que
Que ia para o moinho. a) causa. b) consequência. conosco.
c) finalidade. d) condição. (Machado de Assis,
Passa-lhe logo adiante e) negação. "Conto de escola", Várias Histórias)
Largo espaço,
Coleando arrogante  (UNESP) – Considerando que a sátira se Assinale as alternativas que apresentam
E a cada passo apresenta sob forma de fábula, com persona- afirmações verdadeiras a respeito de todas as
Repicando a choquilha gens animais assumindo modos de agir e palavras sublinhadas.
Que se ouvia distante. pensar tipicamente humanos, verifica-se que a a) Atribuem nomes àquilo que possui exis-
atitude da besta real em relação à outra traduz tência (real ou imaginária). Pode-se sem-
Mas salta uma quadrilha um preconceito de pre afirmar que x (= palavra sublinhada)
De ladrões, existe.
a) cor. b) raça.
Como leões, b) Atribuem nomes a coisas que possuem
c) credo religioso. d) credo político.
E qual mais presto forma física definida.
e) classe social.
Se lhe agarra ao cabresto. c) Podem ser precedidas pelos artigos o, a, os
Ela reguinga, dá uma sacada e as.
 (UNESP) – Na última estrofe, o comentário
Já cuidando d) Podem ser empregadas tanto no singular
da besta que ia para o moinho corresponde à
Que desfazia o bando; como no plural.
moral da fábula e equivale, no contexto, ao
Mas, coitada! e) Servem, essencialmente, para ligar outras
provérbio:
Foi tanta a bordoada, palavras da frase.
a) Quem tem burro e anda a pé, ainda mais
Ah! que exclamava enfim f) Podem ser empregadas no diminutivo e no
burro é.
A besta oficial: aumentativo.
b) Quando você ia pro moinho, já eu voltava
— Nunca imaginei tal! g) Qualificam outras palavras da frase.
com o fubá.
Tratada assim
c) Quem foi mordido de cobra, tem medo até
Uma besta real!...
de minhoca.
Mas aquela que vinha atrás de mim,
d) Quem acha besta não compra cavalo.
Por que a não tratais mal?
(UFSM) – O período a seguir apresenta
e) Quanto maior é a ventura, tanto menos é cinco segmentos destacados, um dos quais
“Minha amiga, cá vou no meu sossego, segura. não faz parte da classe dos substantivos.
Tu tens um belo emprego! Identifique-o, assinalando a letra correspon-
Tu sustentas-te a fava, e eu a troços!  (UNESP) – A humanidade criou a palavra, dente.
Tu lá serves el-rei, e eu um moleiro! que é constitutiva do humano, seu traço
Ossos do ofício, que o não há sem ossos.” distintivo. “Numa aparente contradição à famosa lei da
Considerando o contexto e o relacionamento a
(Campo de flores, s/d.) sintático entre os elementos deste período,
verifica-se que humano é empregado como oferta e da procura, o livro no Brasil é
b c
 (UNESP) – A leitura da primeira estrofe a) adjetivo.
sugere que a besta fiscal estava carregada de b) pronome indefinido.
c) advérbio. caro porque o brasileiro não lê.”
a) moedas. b) equipamentos. d e
c) documentos. d) cevada. d) substantivo.
e) minério. e) verbo.

209
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 210

Módulo no Portal Objetivo PORT1M136


5 – Tipologias textuais: Palavras-chave: Descrever, Narrar, Dissertar

Textos para as questões de  a . (por meio, por exemplo, do relato dramático de b) "O mendigo bateu à porta. A dona de casa
uma guerra, fala sobre a guerra), enquanto esta atendeu e ele disse:
TEXTO I se refere à individualidade concreta de cada — A senhora podia me dar um pedaço de
pessoa e de cada situação. bolo?
POEMA TIRADO DE UMA (Marilena Chauí, — Bolo?! — disse a senhora, — Onde é que
NOTÍCIA DE JORNAL Introdução à história da filosofia) já se viu isto?! Se o senhor pedisse uma
sobra de comida, um pedaço de pão,
João Gostoso era carregador de feira-livre e  (VUNESP) – Considerando as estruturas qualquer coisa assim, eu ainda entenderia,
[morava no morro da Babilônia num barracão linguísticas e textuais predominantes, pode-se mas que negócio é esse de pedir logo bolo!
[sem número afirmar que I, II e III correspondem, O mendigo sorriu meio sem graça e explicou:
Uma noite ele chegou no bar Vinte de respectivamente, aos seguintes tipos de textos: — É que hoje é meu aniversário."
[Novembro a) narração, descrição, carta. (Ziraldo Alves Pinto)
Bebeu b) descrição, descrição, dissertação.
Cantou c) narração, descrição, dissertação. c) “O dom criador é naturalmente concreto e
Dançou d) dissertação, narração, descrição. não difuso. O homem nasce poeta, músico,
Depois se atirou na Lagoa Rodrigues de e) narração, dissertação, descrição. pintor. A cultura apenas desenvolve,
[Freitas e morreu afogado. aperfeiçoa, melhora ou mesmo deforma o
(Manuel Bandeira)  (VUNESP) – Em relação ao texto II, o dom. Não consegue transferi-lo de
ponto de vista que perpassa o texto é de tendência, senão por exceção.”
TEXTO II a) otimismo. b) desolação.
c) expectativa. d) saudade.  (UNIFENAS) — Indique a alternativa em
Chico Bento olhou dolorosamente a mulher. e) raiva. cujo texto predomina a descrição.
O cabelo em falripas sujas, como que gasto, a) Um dia a minha amiga estava sozinha em
acabado, caía, por cima do rosto, envesgando  (VUNESP) – De acordo com o texto III, o casa, distraída, e assobiou uma pequena frase
os olhos, roçando na boca. A pele, empretecida exemplo universal, positivo ou negativo, está melódica de Beethoven – e o canário começou
como uma casca, pregueava nos braços e nos relacionado à a cantar alegremente. Haveria alguma
peitos, que o casaco e a camisa rasgada a) filosofia. secreta ligação entre a alma do velho artista
descobriam. b) história. morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
No colo da mulher, o Duquinha, também só c) poesia. (Paulo Mendes Campos)
osso e pele, levava, com um gemido abafado, a d) natureza humana.
mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos e) narrativa. b) Já passa da hora de resgatar a dívida
pobres olhos doentes. social. Ou se começa a fazê-lo já ou o país
E com a outra tateava o peito da mãe, mas  (UFPB) – No fragmento “ — Esta gente estará condenado a ouvir, a cada posse pre-
num movimento tão fraco e tão triste que era onde está? perguntou, indicando o andar de sidencial, o lamento: “Falta justiça social”.
mais uma tentativa do que um gesto. cima a um caxeiro que lhe apareceu no (FSP, 21/4/95, p. 1-1)
(Rachel de Queiroz, O Quinze) corredor, com a sua calça domingueira, cor de
alecrim, o charuto ao canto da boca.”, ocorrem c) Fiquei feliz com a notícia dando conta de que
TEXTO III sequências textuais os bispos, reunidos em Itaici, estão refletindo
a) narrativas e descritivas. acerca da questão do fim da obrigatoriedade
A poesia, ao contrário da filosofia, não é um b) dissertativas e narrativas. do casamento civil para se poder celebrar o
conhecimento teórico da natureza humana, mas c) argumentativas e descritivas. casamento canônico ou religioso.
imita, narrativa ou dramaticamente, ações e d) injutivas e argumentativas. (FSP, 21/4/95, p. 1-3)
sentimentos, feitos e virtudes, situações e vícios e) dissertativas e injutivas.
dos seres humanos. No entanto, a poesia é d) Atingidos em cheio pela crise e com a
diferente da história, embora esta também seja  Indique a modalidade dos textos abaixo e autoestima em baixa, os brasileiros transam
uma narrativa de feitos humanos e de situações, justifique: menos e empobrecem sua vida afetiva.
das virtudes e dos vícios humanos narrados. A a) "Firmo era um mulato pachola, delgado de (IstoÉ, 01/12/96, p. 61)
diferença está no fato de que aquela visa, por corpo e ágil como um cabrito. Teria seus
meio de uma pessoa ou de um fato, a falar dos trinta e tantos anos, mas não parecia ter e) Eu sonhei que tu estavas tão linda
humanos em geral (cada pessoa [...] não é ela mais de vinte e poucos. Pernas e braços Numa festa de raro esplendor.
em sua individualidade, mas é ela como finos, pescoço estreito, porém forte; não Teu vestido de baile, lembro ainda,
exemplo universal, positivo ou negativo, de um tinha músculos, tinha nervos. Era branco, todo branco, meu amor.
tipo humano) e a falar de situações em geral (Aluísio Azevedo) (Lamartine Babo e Francisco Mattoso)

210
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 211

Módulo
PORTUGUÊS F1
6
Artigo

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M137


Texto para as questões de  a . b) Os usuários do Facebook sentem-se mais d) assinalar a ironia e indicar a fala de uma
felizes quando não acessam a rede social. pessoa.
VOCÊ CONSEGUIRIA FICAR c) Os estudos da ONG holandesa têm o e) realçar o sentido do substantivo e indicar
99 DIAS SEM O FACEBOOK? propósito de criar uma nova rede social. uma trans- crição.
d) O tempo gasto na rede social potencializou
Uma organização não-governamental perturbações psicológicas em seus usuários.  (UNIFESP) – Analisando-se o emprego e a
holandesa está propondo um desafio que e) O grau de satisfação e felicidade de uma estrutura das palavras “olhadinha” e “emo-
muitos poderão considerar impossível: ficar 99 pessoa independe de seu estado emocional. cionalmente”, é correto afirmar que os sufixos
dias sem dar nem uma “olhadinha” no nelas presentes indicam, respectivamente,
Facebook. O objetivo é medir o grau de  (UNIFESP) – Examine as passagens do sentido de
felicidade dos usuários longe da rede social. primeiro parágrafo do texto: a) morosidade e intensidade.
O projeto também é uma resposta aos • “Uma organização não governamental b) modo e consequência.
experimentos psicológicos realizados pelo holandesa está propondo um desafio” c) rapidez e modo.
próprio Facebook. A diferença neste caso é que • “O objetivo é medir o grau de felicidade dos d) intensidade e causa.
o teste é completamente voluntário. Ironica- usuários longe da rede social.” e) afeto e tempo.
mente, para poder participar, o usuário deve
trocar a foto do perfil no Facebook e postar um A utilização dos artigos destacados justifica-se  (VUNESP) – Em apenas uma das frases, o
contador na rede social. em razão o funciona como artigo definido. Assinale a
Os pesquisadores irão avaliar o grau de a) da retomada de informações que podem ser alternativa em que isso ocorre.
satisfação e felicidade dos participantes no 33º facilmente depreendidas pelo contexto, a) Incumbi-o de tratar desse negócio direta-
dia, no 66º e no último dia da abstinência. sendo ambas equivalentes semanticamente. mente.
Os responsáveis apontam que os usuários b) de informações conhecidas, nas duas b) O que me causou estranheza foi a destruição
do Facebook gastam em média 17 minutos por ocorrências, sendo possível a troca dos dos quadros.
dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a artigos nos enunciados, pois isso não c) Quando morremos? Não o sabemos jamais.
soma média seria equivalente a mais de 28 alteraria o sentido do texto. d) Então aconteceu o que parecia impossível.
horas, que poderiam ser utilizadas em “ativida- c) da generalização, no primeiro caso, com a e) Quando ficou bravo, deu com o livro em
des emocionalmente mais realizadoras”. introdução de informação conhecida, e da minha cabeça.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) especificação, no segundo, com informação
nova. (UFP) – Observe o uso do artigo.
 (UNIFESP) – De acordo com os pressupos- d) da introdução de uma informação nova, no I. “... perdia a sua musculatura estudando
tos da campanha holandesa, o usuário do primeiro caso, e da retomada de uma em Belém.”
Facebook informação já conhecida, no segundo II. “... até invejou o fumar do vaqueiro.
a) supera as suas barreiras emocionais na rede e) de informações novas, nas duas ocorrências, III. “... dela a escola era um lombo de búfalo.”
social e garante uma existência com mais motivo pelo qual são introduzidas de forma IV. “Os infelizes tinham caminhado o dia
felicidade. mais generalizada. inteiro.”
b) vivencia experiências únicas na rede social
e a tem como forma de ser mais equilibrado Considere os enunciados a seguir para respon- Em quais delas foi usado o recurso da subs-
emocionalmente. der as questõe de números  e . tantivação?
c) gasta tempo na rede social e deixa de se a) Em I e II.
dedicar a momentos mais significativos em • [...] ficar 99 dias sem dar nem uma b) Em I e III.
sua vida. “olhadinha” no Facebook. (1.° parágrafo) c) Em II e III.
d) emprega o seu tempo na rede social para • [...] que poderiam ser utilizadas em d) Em II e IV.
trabalhar a emoção e entender melhor suas “atividades emocionalmente mais realiza- e) Em III e IV.
questões de vida. doras”. (4.° parágrafo)
e) dedica um tempo exíguo à rede social e tem
Em uma entrevista, o ator de uma peça
pouca motivação para atividades mais  (UNIFESP) – Nos dois trechos, utilizam-se teatral disse:
realizadoras. as aspas, respectivamente, para “– Nós não vamos apresentar uma peça; nós
a) indicar o sentido metafórico e marcar a fala vamos apresentar a peça. Nós não vamos dar
 (UNIFESP) – Uma informação possível de coloquial. um espetáculo; nós vamos dar o espetáculo.”
se concluir da leitura do texto é: b) enfatizar o discurso direto e marcar uma
a) O Facebook realizou experimentos psicoló- citação. Explique qual teria sido a intenção desse
gicos sem o consentimento de seus c) marcar o sentido pejorativo e enfatizar o falante ao trocar o artigo que ocorre antes das
usuários. sentido metafórico. palavras peça e espetáculo.

211
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 212

Módulo no Portal Objetivo PORT1M138


7 – Denotação e conotação

Texto para a questão . Cadê o meu poetinha?  (UNISA) – No contexto da fala da perso-
Cadê minha letra, cadê? nagem, o termo gordura está empregado em
“Colocar foto de jaleco e dentro do hospital E morro neste piano sentido
é ‘ímã de mulher’ no Tinder”, diz um médico De saudade de você. a) conotativo, sinalizando que a mulher rara-
de 30 anos da rede pública de São Paulo que (Tom Jobim)
mente consegue organizar a comunicação
costuma usar o aplicativo.
familiar.
b) O pirralho não se mexeu, e Fabiano
b) conotativo, sinalizando ironicamente os
 (ALBERT EINSTEIN) – Nessa decla- desejou matá-lo. Tinha o coração grosso,
queria responsabilizar alguém pela sua problemas advindos das relações interpes-
ração, o efeito de sentido decorrente do uso da
linguagem figurada revela desgraça. soais.
a) os propósitos do aplicativo. (Graciliano Ramos) c) conotativo, sinalizando sarcasticamente que
b) a indicação do local de trabalho do jovem as mulheres são mais vaidosas que os
médico. c) A porta envidraçada estava aberta; e homens.
c) a intenção do médico. subimos pela escadaria de pedra, no d) denotativo, sinalizando criticamente a
d) a frequência com que o aplicativo é imenso silêncio em que toda a Flor da dificuldade de comunicação entre homens e
acessado. Malva repousava, até a antecâmara, de mulheres.
altos tetos apainelados, com longos bancos e) denonativo, sinalizando objetivamente as
Tirinha para a questão . de pau, onde desmaiavam na sua velha
dificuldades de comunicação entre as
pintura as complicadas armas dos
pessoas.
Cerqueiras.
(Eça de Queirós)
 Assinale a alternativa que apresenta o único
d) José Dias fez um gesto de aborrecido, e fragmento com valor denotativo:
apenas lhe respondeu com uma palavra
seca, olhando para o padre que lavava as a) "O Brasil não pode mais suportar o peso da
mãos. maior crise econômica de sua história."
(Machado de Assis)
b) "As palmas eram enormes, gretadas, calo-
e) Crimes da terra, como perdoá-los? sas, duras como casco de cavalo."
Tomei parte em muitos, outros escondi. (Graciliano Ramos)
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
c) O mar é – lago sereno
Ração diária de erro, distribuída em casa.
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
 (UNIFOR) – O ápice da narrativa da tirinha (Carlos Drummond de Andrade)
está centrado no uso de significados diferentes A vida – um hino do amor
para a mesma palavra, o que dependerá do Leia a tira do cartunista Angeli para responder (Casimiro de Abreu)
contexto em que está inserida, como é o caso a questão .
da palavra “barbero”. A essa propriedade d) A água é falsa, a água é boa
damos o nome de Nada nadador!
a) antonímia. A água é mansa, a água é doida.
b) denotação. Aqui é fria, ali é morna,
c) polissemia. A água é fria, ali é morna,
d) conotação. A água é fêmea.
e) paronímia.
(Jorge de Lima)

 O termo (ou expressão) destacado que está


e) “O termo geologia vem do grego geo, que
empregado em seu sentido próprio, denotativo,
ocorre em: significa "terra" e logos, ‘palavra,
a) Meu Vinicius de Moraes pensamento, ciência’. A geologia, como
Não consigo te esquecer ciência, procura decifrar a história geral da
Quanto mais o tempo passa Terra, desde o momento em que se
Mais me lembro de você (Folha de S.Paulo, 2/10/2012.) formaram as rochas até o presente.”

212
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 213

Módulo
PORTUGUÊS F1
9
Numeral

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M139


 (UNESP) – Assinale a alternativa cuja frase a) milhão – há – cujo. para não trabalhar às segundas-feiras.
contém um numeral cardinal empregado como b) milhões – a – que o c) Com mil demônios – praguejou ele, diante
substantivo. c) milhão – fazem – de que o do acidente fatal.
a) Há muitos anos que a política em Portugal d) milhões – faz – que o d) Mais de 125 milhões de brasileiros votaram
apresenta... e) milhão – à – cujo o na última eleição.
b) Doze ou quinze homens, sempre os mesmos, e) Tenho que repetir isso milhões de vezes.
alternadamente possuem o Poder...  Empregam-se os ordinais até dez e os
c) ... os cinco que estão no Poder fazem tudo o cardinais a partir de onze para designar séculos, Leia o poema de Oswald de Andrade para
que podem para continuar... reis, papas, capítulos, artigos e volumes. responder às questões de números
e .
d) ... são tirados deste grupo de doze ou quinze Indique como se devem ler os numerais
indivíduos... apresentados a seguir. METALÚRGICA
e) ... aos quatro cantos de uma sala... a) Papa João Paulo II
b) Capítulo X 1 300.o à sombra dos telheiros retos
Texto para a questão . c) Volume XXIII 12 000 cavalos invisíveis pensando
d) Século XVIII 40 000 toneladas de níquel amarelo
I. Segundo levantamento feito, se perdesse Para sair do nível das águas esponjosas
as duas milhões de causas que tramitam  Sublinhe os numerais das frases seguintes e E uma estrada de ferro nascendo do solo
contra ela e tivesse de pagá-las, a União classifique-os. Sempre que tiver dúvidas sobre Os fornos entroncados
seria obrigada a desembolsar a bagatela de a classificação, consulte a gramática. Dão o gusa1 e a escória2
US$ 68 bilhões. a) "Dito isto, expirei às duas horas da tarde de A refinação planta barras
II. Milhão, bilhão, trilhão etc. comportam-se uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, E lá embaixo os operários
como substantivos masculinos e variam na minha bela chácara de Catumbi. Tinha Forjam as primeiras lascas de aço
em número: dois milhões, vinte trilhões. uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos,
era solteiro, possuía cerca de trezentos 1 – Gusa: ferro que se obtém do alto-forno.
 (FUVEST) – Comparando o segmento contos e fui acompanhado ao cemitério por 2 – Escória: resíduo que se forma com a fusão dos
sublinhado, no texto I, com a informação de onze amigos." (Machado de Assis) metais.
natureza gramatical do texto II: b) Queria cobrar o dobro do valor pago, mas
a) explique por que, em relação à norma culta, vendeu pela metade.
(VUNESP – MODELO ENEM) – No poe-
a concordância no segmento destacado deve c) Chegou-se à conclusão de que este utensílio ma, é marcante a referência
ser considerada incorreta. teria sido fabricado no século V. a) ao processo de modernização tecnológica
b) reescreva esse segmento, substituindo d) Contam-se muitas histórias sobre a corte de da sociedade.
causas por processos. Luís XIV, rei da França. b) à pouca importância da tecnologia na
sociedade brasileira.
 (BARRO BRANCO) – Assinale a  Nas frases seguintes, escreva A se um ou c) ao desespero do homem brasileiro frente à
alternativa em que os termos preenchem uma for artigo e N se for numeral. modernização.
corretamente as lacunas do texto: a) Acrescente uma gema e misture bem. ( ) d) ao encanto do homem simples frente às
b) Era uma vez uma princesa que vivia novas tecnologias.
A Lei da Ficha Limpa é uma prova da enclausurada. ( ) e) à desvalorização do homem e das novas
evolução do processo democrático no País. As c) Desistiu depois de uma tentativa, não mais tecnologias.
coisas estão andando na direção correta e do que isso. ( )
numa velocidade até razoável. d) Visitou um país que preservava admira- (VUNESP – MODELO ENEM) – Segun-
O movimento contra a corrupção tomou velmente todos os monumentos históricos. ( do o texto, no processo de produção industrial,
corpo. A Lei da Ficha Limpa teve o apoio de ) os operários são apresentados numa posição de
1,6 ________________ de assinaturas. Ayres e) A proposta não foi aprovada porque um país a) ócio, pois só forjam lascas de aço.
Britto, chamado de ingênuo __________ votou contra ela. ( ) b) inferioridade, pois estão lá embaixo.
quatro anos, ontem comemorava: “Como disse c) excelência, pois estão no nível das águas
Victor Hugo, ‘não há nada mais poderoso do Assinale a alternativa em que o numeral esponjosas.
que a força de uma ideia ______________ não tem valor hiperbólico: d) desprezo, pois se recusam a forjar lascas de
tempo chegou’”. a) “sete mil vezes / Eu tornaria a viver assim / aço.
sempre contigo” (Caetano Veloso) e) atuação agradável, pois ficam a 1 300.o à
(Folha de S.Paulo, 12/6/2010. Adaptado) b) Ela sempre arranja mil e uma desculpas sombra.

213
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 214

Módulo no Portal Objetivo PORT1M140


10 – Os recursos expressivos na descrição

Texto para as questões  e .  Prosopopeia ou personificação é uma figura Guimaraens, nos versos acima, recorre ao
de linguagem que consiste na atribuição de emprego da
NOITE PONTUAL características humanas a seres inanimados, a) sinestesia.
irracionais ou abstratos. Assinale a alternativa b) aliteração.
Noite pontual em que não ocorre essa figura. c) perífrase.
Lua cheia apontou, pororoca roncou a) “Somem-se ilhas menores / debaixo da onda d) personificação.
bojuda / arrasando a vegetação”. e) hipérbole.
Vem que vem vindo como uma onda b) “Estalam árvores quebradas de tripa de
[inchada rolando e embolando fora”. Texto para as questões  e .
com a água aos tombos c) “Vagalhões avançam pelas margens
espantadas”. EPÍGRAFE1
Vagalhões avançam pelas margens d) “Fica para trás o mangue / aparando o céu
[espantadas com braços abertos”. Murmúrio de água na clepsidra2 gotejante,
e) “A água comovida abraça-se com o mato”. Lentas gotas de som no relógio da torre,
Um pedaço de mar mudou de lugar Fio de areia na ampulheta vigilante,
Charge para a questão . Leve sombra azulando a pedra do quadrante3
Somem-se ilhas menores Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
debaixo da onda bojuda
arrasando a vegetação Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta
Fica para trás o mangue [ameaça?
aparando o céu com braços levantados Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Florestinhas se somem Um som de água ou de bronze e uma sombra
(Folha de S.Paulo, 02/09/2011)
A água comovida abraça-se com o mato [que passa...
Estalam árvores quebradas de tripa de
 (INSPER) – Para criticar a possível apro-
[fora (Eugênio de Castro,
vação de um novo imposto pelos deputados, o
Pororoca traz de volta a terra emigrante Antologia pessoal da poesia portuguesa.)
cartunista adotou como estratégias:
[que fugiu de casa
a) polissemia das palavras e onomatopeia.
Levada pela correnteza 1 – Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto;
b) traços caricaturais e eufemismo.
tema. 2 – Clepsidra: relógio de água. 3 – Pedra do
c) paradoxo e repetição de palavras.
(Raul Bopp, Cobra Norato) quadrante: parte superior de um relógio de sol.
d) metonímia e círculo vicioso.
 Assinale a alternativa incorreta sobre o e) preterição e prosopopeia.  A imagem contida em “lentas gotas de som”
poema transcrito. (verso 2) é retomada na segunda estrofe por
a) Visão lírica da paisagem e sentimento Texto para a questão . meio da expressão:
ufanista, nacionalista, caracterizam esse a) “tanta ameaça”.
texto descritivo. Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la b) “som de bronze”.
b) Adjetivação expressiva, linguagem figurada que assoma c) “punhado de areia”.
e verbos de ação imprimem dinamismo à Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã d) “sombra que passa”.
descrição do fenômeno da pororoca. nasce... e) “somente a Beleza”.
c) Destaca-se o recurso da personificação: a Oh sonora audição colorida do aroma!
natureza apresenta-se viva e atuante.  Neste poema, o que leva o poeta a questio-
d) O uso repetido e ritmado de certos sons em (GUIMARAENS, A. “Soneto do Aroma”) nar determinadas ações humanas (vs. 6 e 7) é a
alguns versos sugere os aspectos sonoros da a) infantilidade do ser humano.
pororoca.  (INSPER) – Na poesia simbolista, a b) destruição da natureza.
e) Adjetivos e verbos reforçam o tom emoção estética é despertada a partir de uma c) exaltação da violência.
dramático do fenômeno da pororoca e de linguagem que sintetiza múltiplas sensações. d) inutilidade do trabalho.
suas consequências. Para atingir esse propósito, Alphonsus de e) brevidade da vida.

214
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 215

Módulo
PORTUGUÊS F1
11
Adjetivo

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M141


Texto para as questões  e .  (INSPER) – Sobre os diminutivos b) ... que desativou o processo de verificação
“caranguejinhos” e “parrudinhos”, presentes no de senha...
EXPEDIÇÃO DE 5 ANOS MAPEIA texto, é correto afirmar que eles = ... o qual desativou o processo de
PREPAROS, INGREDIENTES E a) remetem à ideia de compaixão. verificação de senha...
PERSONAGENS PELO BRASIL b) indicam marcas de regionalismo. c) Só que não levaram sua carteira...
c) revelam indícios de afetividade. = Só que não levaram a carteira dela...
À beira do rio Negro, no Amazonas, chega- d) manifestam um sentido místico. d) ... a jornalista britânica Rowenna Davis, 25
se de barco a uma comunidade na qual vive e) desconsideram a noção de tamanho. anos, foi furtada.
Manoel Gomes. Ele colhe mandioca-brava = a britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi
numa pequena roça, faz farinha d'água e Texto para as questões de  a . furtada.
enterra bucho de jaraqui, um peixe popular na e) ... e ter acesso a seus dados bancários...
região, para adubar a terra. ______________ dois meses, a jornalista = ... e ter acesso a seus dados do banco...
Manuel Bandeira, o poeta, diria que o britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada.
ribeirinho fala a “língua errada do povo” – o Só que não levaram sua carteira ou seu carro,  (UNIV. DE ITAÚNA) – A anteposição ou a
povo que fala “gostoso o português do Brasil”. mas sua identidade virtual. Um hacker invadiu posposição dos adjetivos sublinhados aos
Pois ele mistura banha de cobra com raiz de e tomou conta de seu e-mail e – além de substantivos a que se referem não implica
bisbilhotar suas mensagens e ter acesso a seus mudança de sentido em:
açaí para lhe servir de cura quando o “corpo
dados bancários – passou a escrever aos mais a) Justiça seja feita, o deputado é uma contro-
rói”.
de 5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela vertida figura!
Em outra população remota, em Mangue
teria sido assaltada em Madri e pedindo ajuda b) O Governo espera encontrar, na questão da
Seco (BA), uma senhora canta para atrair
em dinheiro. aposentadoria, um comum acordo.
aratus, aqueles caranguejinhos típicos dos
Quando ela escreveu para seu endereço de c) O senador exigiu a interrupção das dis-
manguezais, que se prestam a preparos como
e-mail pedindo ao hacker ao menos sua lista de cussões, porque o assunto é um simples
a moqueca enrolada na folha de bananeira,
contatos profissionais de volta, Rowenna teve problema, diante da questão do desemprego.
como faria dona Flor, a cozinheira da ficção
como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil. Ela d) O Presidente reafirmou sua constante vigi-
de Jorge Amado.
se negou a pagar, a polícia não fez nada. A lância na postura digna dos altos funcionários.
Também no mangue, mas dessa vez na Ilha
jornalista só retomou o controle do e-mail e) O delegado declarou que achar os culpados
do Marajó, no Pará, dois meninos
porque um amigo conhecia um funcionário do era o único compromisso de toda sua
“parrudinhos”, nas palavras de Adriana
provedor da conta, que desativou o processo carreira.
Benevenuto, a produtora da expedição, entram
de verificação de senha criado pelo invasor.
descalços naquela área lodosa para alcançar
(Galileu, dezembro de 2011. Adaptado.) (ESPM) – Observe a construção do texto a
um tronco no qual se alojam os turus. Trata-se
seguir.
de moluscos à semelhança de minhocas,
 (UNIFESP) – A lacuna do início do texto nuvens brancas
degustados com limão e sal e só. passam
deve ser corretamente preenchida com
Disponível em: em brancas nuvens
a) À. b) Há cerca de.
http://www1.folha.uol.com.br/comida/2016/0
c) Fazem. d) Acerca de.
3/1755173-expedicao-de-5-anos-mapeia- (LEMINSKI P., Caprichos & Relaxos.
e) A.
preparos-ingredientes-e-personagens-pelo- São Paulo: Brasiliense, 1983.)
brasil.shtml. Acesso em 02/04/2016.
 (UNIFESP) – As informações do segundo
parágrafo permitem concluir que o hacker Analisando-se o texto acima, a afirmação
 (INSPER) – Na reportagem, as referências tentou descabida é
literárias usadas para relatar o mapeamento a) extorquir a jornalista. a) "Nuvens brancas" significam nuvens da cor
realizado pela expedição destacam a b) pedir um donativo à jornalista. do leite, da neve.
a) influência da cultura acadêmica nos hábitos c) negociar legalmente com a jornalista. b) "Brancas nuvens" significam momentos
alimentares. d) eximir-se da culpa pela invasão da conta do cercados de facilidade, de conforto, de
b) heterogeneidade na constituição da e-mail. alegria; sem sofrimento.
identidade nacional. e) reconhecer seu erro. c) Sempre que se muda o adjetivo de lugar,
c) supremacia da cultura popular na muda-se o sentido do substantivo.
gastronomia brasileira.  (UNIFESP) – Assinale a alternativa em d) A mudança de posição do adjetivo
d) natureza caricatural dos habitantes dos que, na reescrita do trecho, houve alteração da "brancas" foi o recurso que o poeta utilizou
grotões do país. classe gramatical da palavra em destaque. para provocar a alteração de sentido.
e) excentricidade de sabores desconhecidos a) ... mas sua identidade virtual. e) O autor faz um jogo de palavras utilizando
por estrangeiros. = mas sua identificação virtual. o mesmo adjetivo e substantivo.

215
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 216

Módulo no Portal Objetivo PORT1M142


13 – Descrição (objetiva e subjetiva)

Texto para a questão . e) É um texto narrativo, marcado pela força de e) animalização dos personagens, que agem
verbos de ação que revelam o embate do condicionados ao ambiente físico e social.
Rolos de chamas envoltas em denso bulcão fogo com os agentes da natureza.
de fumo subiam aos ares.  (INSPER) – Embora a descrição do autor
A casa das Palmas e suas dependências, Texto para as questões  e . esteja repleta de expressões que revelam
vistas de longe, pareciam submersas em um subjetividade, encontra-se objetividade em
turbilhão de fogo, que surgia das entranhas da Ali por entre a folhagem, distinguiam-se as a) “Batia os flancos com a larga cauda, e
terra, e convolvia-se pelo negrume do espaço. ondulações felinas de um dorso negro, movia a cabeça monstruosa”
Açoitada pelo vento, a labareda estorcendo- brilhante, marchetado de pardo; às vezes viam- b) “... uma espécie de riso sardônico e feroz
se e rabiando, rugia de sanha; ou sufocada um se brilhar na sombra dois raios vítreos e contraía-lhe as negras mandíbulas”
instante pelas abóbodas de fumaça e pelas pálidos, que semelhavam os reflexos de alguma c) “... pareciam deleitar-se já com o odor do
camadas de palhiço, troava como um canhão, cristalização de rocha, ferida pela luz do sol. sangue da vítima”
arrojando-se às nuvens. Era uma onça enorme; de garras apoiadas d) “... esperava o inimigo com a calma e
De instante a instante ouvia-se uma sobre um grosso ramo de árvore, e pés serenidade do homem que contempla uma
descarga de fuzilaria, correndo ao longo suspensos no galho superior, encolhia o corpo, cena agradável”
daquela faixa incendiada que figurava a ala de preparando o salto gigantesco. e) “... depois o tigre agachou-se, e ia formar o
um exército em renhida batalha. Batia os flancos com a larga cauda, e movia salto, quando a cavalgata apareceu na
Eram os gomos das canas, que estalavam a cabeça monstruosa, como procurando uma entrada da clareira.”
ao intenso calor do fogo. aberta entre a folhagem para arremessar o
Com os sibilos da labareda enroscada no pulo; uma espécie de riso sardônico e feroz Texto para a questão .
ar, confundiam-se os silvos das cascavéis e contraía-lhe as negras mandíbulas, e mostrava
jararacas que, surpreendidas pelo incêndio, a linha de dentes amarelos; as ventas dilatadas A BELEZA DAS RUÍNAS
arremessavam-se furiosas contra o fogo e aspiravam fortemente e pareciam deleitar-se já
rompiam estortegando pelo campo abrasado. com o odor do sangue da vítima. A velha está sentada à mesa. As mãos trê-
As aves noturnas deslumbradas com o O índio, sorrindo e indolentemente mulas cruzadas à frente, na altura do rosto,
súbito clarão, fugiam soltando guinchos de encostado ao tronco seco, não perdia um só como se rezasse. Dessas mãos escorrem veias
terror, enquanto as feras, insufladas pelo desses movimentos, e esperava o inimigo com grossas que parecem carregar em sua seiva a
instinto da desolação, uivavam no fundo da a calma e serenidade do homem que contempla história de muitas décadas. São como troncos,
floresta e trotavam ligeiras para arrebatarem uma cena agradável: apenas a fixidade do como garras de pássaros, de pele áspera e
a presa ao incêndio e se abeberarem de olhar revelava um pensamento de defesa. desenhada por sulcos, veios, nós. Traz
sangue. Assim, durante um curto instante, a fera e o manchas de vários matizes, mapas de segredos
Medonho espetáculo! selvagem mediram-se mutuamente, com os e descobrimentos. Há beleza nessas mãos,
O incêndio crescia com tal velocidade, que olhos nos olhos um do outro; depois o tigre nesses braços desfeitos. É a mesma beleza que
parecia uma catarata de fogo, a inundar o agachou-se, e ia formar o salto, quando a vemos nas construções antigas, nas ruínas. Só
espaço, ameaçando comunicar-se à floresta, e cavalgata apareceu na entrada da clareira. que ali é a pedra — e não a pele — que nos
submergir a terra em um pélago de chamas. Então o animal, lançando ao redor um conta histórias.
olhar injetado de sangue, eriçou o pelo, e ficou (Heloísa Seixas)
 (PUC) – O texto acima integra a obra Til, imóvel no mesmo lugar, hesitando se devia
de José de Alencar. arriscar o ataque.  Sobre o texto acima, é incorreto afirmar
Das alternativas abaixo, indique a que contém (José de Alencar, O guarani) que
informação que NÃO corresponde às a) predomina a descrição subjetiva pelo uso de
características do trecho citado.  (INSPER) – Relacionando o conteúdo comparações na caracterização das mãos da
a) É dominantemente descritivo e pinta com exposto nesse excerto ao contexto histórico, é personagem.
palavras a cena noturna de um incêndio, correto afirmar que o texto exemplifica as b) a comparação implícita entre “manchas de
medonho espetáculo. orientações estético-ideológicas do Roman- diversos matizes” e “mapas de segredos e
b) Apresenta-se com forte densidade imagética tismo, pois apresenta descobrimentos” configura uma metáfora.
e com grande poder sugestivo de nuanças e a) identificação harmônica entre o homem e o c) o título “A beleza das ruínas” confirma-se na
sons. animal. comparação entre as mãos da velha e as
c) Revela grande força poética e marca-se pelo b) descrição detalhada dos costumes indígenas. construções antigas.
uso de comparações e de metáforas. c) contraste entre a natureza hostil e o povo d) enquanto nas ruínas é a pedra que conta
d) Emprega primoroso uso do paradoxo e de que a habita. histórias, na velha, é a pele das mãos.
sugestiva antítese que emprestam a ele d) idealização do índio, retratado como um e) há exemplo de frase nominal no trecho:
significativo efeito de vivacidade. herói destemido. “Dessas mãos escorrem veias grossas”.

216
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 217

Módulo
PORTUGUÊS F1
14
Pronomes pessoais, possessivos e de tratamento

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M147


Texto para a questão .  (UNESP) – “Sua origem marca o início da Tirinha para a questão .
grande aventura intelectual que levaria, 2 mil
COM NICIGA, PARAR DE FUMAR FICA anos depois, ao nascimento da ciência
MUITO MAIS FÁCIL moderna.”
O pronome em destaque refere-se a
1. Fumar aumenta o número de receptores a) “cidade-Estado” (Mileto).
do seu cérebro que se ativam com b) “ciência moderna”.
nicotina. c) “grande aventura intelectual”.
2. Se você interrompe o fornecimento de d) “primeira escola de filosofia pré-socrática”.
uma vez, eles enlouquecem e você sente e) “costa mediterrânea da Turquia”.
os desagradáveis sintomas da falta do
cigarro. Texto para a questão .
3. Com seus adesivos transdérmicos. Niciga
libera nicotina terapêutica de forma Páris, filho do rei de Tróia, raptou Helena,
controlada no seu organismo. facilitando mulher de um rei grego. Isso provocou um
o processo de parar de fumar e ajudando a sangrento conflito de dez anos, entre os séculos
sua força de vontade. Com Niciga. você XIII e XII a. C. Foi o primeiro choque entre o
tem o dobro de chances de parar de fumar. ocidente e o oriente. Mas os gregos  (FACITA) – Sobre os pronomes que se en-
conseguiram enganar os troianos. Deixaram à contram nessa tirinha, só não é correto dizer que:
Revista Época, 24 nov. 2008 (adaptado). porta de seus muros fortificados um imenso a) Você tem como referência o interlocutor, no
cavalo de madeira. Os troianos, felizes com o caso, o cão.
 (ENEM) – Para convencer o leitor, o presente, puseram-no para dentro. À noite, os b) Dele tem como referência o termo homem
anúncio emprega como recurso expressivo, soldados gregos, que estavam escondidos no (dele = do homem).
c) Eu tem como referência, no caso, o cão.
principalmente, cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza
d) Alguém é um pronome indefinido e, no caso,
a) as rimas entre Niciga e nicotina. para a invasão. Daí surgiu a expressão
serve para indicar que o cão dá um apoio ao
b) o uso de metáforas como "força de “presente de grego”.
homem, sem grande envolvimento pessoal.
vontade".
e) Seu, no último balão, tem como referência
c) a repetição enfática de termos semelhantes DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos.
os dois interlocutores e equivale a do lado
como "fácil" e "facilidade". São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
de vocês.
d) a utilização dos pronomes de segunda
pessoa, que fazem um apelo direto ao leitor.  (ENEM) – Em “puseram-no”, a forma
 (BELAS ARTES) – Os meios de comuni-
e) a informação sobre as consequências do pronominal “no” refere-se
cação social pertencem aos grupos econômicos
consumo do \ cigarro para amedrontar o a) ao termo “rei grego”.
que os exploram como organizações industriais.
leitor. b) ao antecedente “gregos”.
A palavra grifada no texto refere-se a:
c) ao antecedente distante “choque”.
a) meios
Leia o trecho extraído do livro A dança do d) à expressão “muros fortificados”.
b) econômicos
universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, e) aos termos “presente” e “cavalo de
c) grupos
para responder à questão . madeira”.
d) grupos econômicos

Durante o século VI a.C., o comércio entre  (UMC) – Observe: “A base governamental (BELAS ARTES) – Assinale a série de
os vários Estados gregos cresceu em levantou a hipótese de que a mudança intro- pronomes que completa adequadamente as
importância, e a riqueza gerada levou a uma duzida na economia argentina é de tal forma lacunas do seguinte período:
melhoria das cidades e das condições de vida. inédita que a população ainda não a assimilou.” Os desentendimentos existentes entre _______
O centro das atividades era em Mileto, uma (Folha de S. Paulo, 17/7/2003) ____ e ___________ advêm de uma insegu-
cidade-Estado situada na parte sul da Jônia, rança que a vida estabeleceu para ___________
hoje a costa mediterrânea da Turquia. Foi em O pronome grifado, no fragmento acima, traçar um caminho que vai de ____________ a
Mileto que a primeira escola de filosofia pré- refere-se a: ____________ .
socrática floresceu. Sua origem marca o início a) base governamental a) mim; ti; eu; mim; ti.
da grande aventura intelectual que levaria, 2 b) hipótese b) eu; tu; eu; mim; tu.
mil anos depois, ao nascimento da ciência c) mudança c) mim; ti; mim; mim; tu.
moderna. De acordo com Aristóteles, Tales de d) economia d) eu; ti; eu; mim; ti.
Mileto foi o fundador da filosofia ocidental. e) população e) eu; ti; mim; mim; tu.

217
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 218

Módulo no Portal Objetivo PORT1M148


15 – Coesão Textual

Texto para a questão .  (MACKENZIE) – Em termos de coesão, Texto para a questão .


coerência e uso adequado da linguagem,
A TENDÊNCIA DOS NOMES assinale a alternativa que apresenta a paráfrase O plano de retirada da população de
mais adequada do trecho abaixo. Angra, em caso de acidente, é segredo militar.
O nome é uma das primeiras coisas que não Esse plano não será mais necessário, pois o
escolhemos na vida. Estará inscrito nos Fomos levados num daqueles carros que problema do pânico já está resolvido: o alarme
registros: na maternidade, no RG, no CPF, no se tornaram sinistros na época, espremidos foi desligado.
obituário etc. Enfim, uma escolha que não entre dois agentes, com metralhadoras na mão (R.SM., Painel do Leitor,
fizemos nos acompanha do berço ao túmulo, e pistolas na cintura. Proibidos de falar um Folha de S. Paulo)
pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano de Tal. com o outro ou com eles.
(SILVA, D. Língua) a) Os sinistros carros e agentes da época, com  (UMC) – Embora não haja uma conjunção
duas armas na mão e na cintura foram ligando os dois períodos desse parágrafo, po-
 Algumas palavras atuam no
levados espremidos e proibidos de falar um de-se afirmar que há entre eles uma relação de
desenvolvimento de um
com o outro ou com eles. a) causa. b) consequência.
texto contribuindo para a sua
b) Sem podermos conversar ou falar algo, c) condição. d) oposição.
progressão. A palavra “enfim” promove o
fomos levados nos amedrontadores carros e) tempo.
encadeamento do texto, tendo sido utilizada
da polícia com dois agentes armados, no
com a intenção de
meio dos quais estávamos espremidos.
a) explicar que os nomes das pessoas são
c) Dois agentes com metralhadoras e pistolas,
escolhidos no nascimento.
espremidos nos sinistros carros da época,
b) ratificar que os nomes registrados no
estavam proibidos de falar conosco.
nascimento são imutáveis.
d) Com metralhadoras e pistolas na cintura, os
c) reiterar que os nomes recebidos são
dois agentes nos carros sinistros da época
importantes até a morte.
foram levados proibidos de falar com eles.
d) concluir que os nomes acompanham os
e) Espremidos e com pistolas na cintura,
indivíduos até a morte.
fomos proibidos de falar um com o outro ou
e) acrescentar que ninguém pode escolher o
com os dois agentes que estavam sinistros
próprio nome.
naqueles carros da época.

218
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 219

Texto para a questão . Texto para a questão . Identifique os sentidos dos conectivos (ou
elementos de ligação) sublinhados. Atente para
Eu assobiava, corria e subia em árvores
A BUSCA DA RAZÃO a relação estabelecida entre as orações.
como os garotos. De modo que a ideia de
a) Chegou atrasado, porque perdeu a hora.
Sofreu muito com a adolescência. libertação das mulheres não chegou a me
b) Os ladrões fugiram, logo que a polícia
Jovem ainda se queixava. ocorrer.
chegou.
Depois, todos os dias subia numa cadeira,
c) Não só estudamos a lição, como também
agarrava uma argola presa ao teto e,
pendurado, deixava-se ficar.  (UFRG-RS) – Nesse trecho, a relação fizemos os exercícios.
estabelecida entre os períodos é de d) Tomou os remédios, no entanto continuou
Até a tarde em que se desprendeu esborra-
a) causa / consequência. doente.
chando-se no chão: estava maduro.
b) meio / fim. e) O aluno volta para casa, assim que acaba a
(Marina Colasanti,
c) condição / condicionado. aula.
Contos de Amor Rasgados)
d) tempo anterior / tempo posterior. f) O tráfego aéreo foi suspenso, uma vez que
e) comparação / comparado. chovia torrencialmente.
g) O tempo melhorou, portanto podemos sair.
 (FIC) – Releia o último parágrafo do texto
h) Algumas pessoas ganharam na loteria,
e, depois, marque a opção em que aparece uma
entretanto a maioria nada ganhou.
conjunção ou locução conjuntiva que poderia
i) O Palmeiras ganhou a taça de ouro e o povo
ser utilizada em substituição aos dois-pontos.
saiu sambando pelas ruas.
a) conquanto.
j) Depois que terminou o recreio, os alunos
b) portanto  Transforme os períodos compostos por
voltaram à classe.
c) porque. coordenação em compostos por subordinação,
l) O Atlético perdeu o jogo, porque a defesa
d) porém. mantendo as mesmas relações lógicas.
falhou.
e) logo que. a) Havia muita discussão a respeito da eficácia
m) Como chovesse muito, não pude sair.
da nova vacina, mas o laboratório poucas
n) Neste bimestre estudei bastante, logo
informações dava ao consumidor.
minhas notas serão boas.
b) A necessidade de utilizar novas técnicas de
produção é bastante grande, devem, pois, as
autoridades criar condições para sua
aplicação.

219
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 220

Rascunho

220
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 221

Módulo
PORTUGUÊS F2
1
Contos de Machado de Assis: “A Cartomante”

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M150


Texto para as questões de  a . Indique o trecho do texto em que se nota um (...) Depois fez um gesto incrédulo: era a
perfil crédulo de Camilo, antes de se consolidar ideia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao
Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também sua indiferença “diante do mistério”. longe, muito longe, com vastas asas cinzentas;
ele, em criança, e ainda depois, foi a) “(...) diante do mistério, contentou-se em desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se
supersticioso, teve um arsenal inteiro de levantar os ombros, e foi andando.” no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez
crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte b) “Camilo não acreditava em nada. Por quê? as asas, mais perto, fazendo uns giros
anos desapareceram. No dia em que deixou cair Não poderia dizê-lo (...).” concêntricos... (...)
toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco c) “E digo mal, porque negar é ainda afirmar, (...)
da religião, ele, como tivesse recebido da mãe e ele não formulava a incredulidade (...).” (...) Camilo achou-se diante de um longo
ambos os ensinos, envolveu-os na mesma d) “No dia em que deixou cair toda essa véu opaco... pensou rapidamente no
dúvida, e logo depois em uma só negação total. vegetação parasita, e ficou só o tronco da inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe
Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não religião (...).” repetia-lhe uma porção de casos
poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; e) “Também ele, em criança, e ainda depois, extraordinários: e a mesma frase do príncipe de
limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque foi supersticioso (...).” Dinamarca reboava-lhe dentro (...).
negar é ainda afirmar, e ele não formulava
incredulidade; diante do mistério, contentou-se  O trecho acima corresponde aos momentos
em levantar os ombros, e foi andando. que se seguem ao recebimento, por parte de
Camilo, de um bilhete que lhe enviara Vilela,
 Segundo o trecho acima, Camilo, quando se marido de Rita, chamando-o para que fosse
tornou adulto, depressa à residência do casal. Com base no
a) levava vida ascética. trecho e no desenrolar do conto, é correto
b) prezava contar histórias supersticiosas.  Em “No dia em que deixou cair toda essa afirmar que Camilo, apreensivo em relação ao
c) diante do desconhecido, preferiu o vegetação parasita...”, a expressão destacada motivo pelo qual Vilela lhe enviara o bilhete,
ceticismo. refere-se a (à) a) reafirma sua convicção quanto à falta de
d) era crédulo, apesar de negar a quiromancia. a) crendices. utilidade de crenças religiosas.
e) negava apenas o envolvimento com b) amores juvenis. b) afasta definitivamente de seus pensamentos
religião. c) ilusões. qualquer preocupação em relação ao futuro.
d) solidariedade. c) volta a considerar a possibilidade da
e) religião. existência de mistérios inacessíveis à razão
humana.
d) lembra-se dos ensinamentos recebidos da
Destaque do texto as metáforas empregadas mãe e decide consultar uma autoridade
para se fazer referência à credulidade de religiosa.
Camilo. e) resolve consultar a cartomante, mas ignora
os conselhos que ouve e tem um fim
trágico.

Texto para o teste .

(...) Quase no fim da Rua da Guarda Velha,


o tílburi teve de parar, a rua estava atravancada
com uma carroça, que caíra. (...) No fim de
cinco minutos, [Camilo] reparou que ao lado, à
esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da
cartomante, (...) e nunca ele desejou tanto crer
na lição das cartas. (...)

221
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 222

Módulo no Portal Objetivo PORT1M152


2 – Contos de Machado de Assis: “Uns Braços”

Texto para as questões de  a .  No conto “Uns Braços”, de Machado de  Qual é o foco narrativo desse conto? O
Assis, há análise psicológica, sobretudo narrador é participante?
UNS BRAÇOS a) no comportamento grosseiro de Borges, que
desperta medo em sua antagonista, D.
Havia cinco semanas que ali morava, e a Severina, e ódio em Inácio.
vida era sempre a mesma, sair de manhã com o b) nas vivências interiores de Inácio e de
Borges, andar por audiências e cartórios, D. Severina, as quais revelam seus
correndo, levando papéis ao selo, ao sentimentos e conflitos.
distribuidor, aos escrivães, aos oficiais de c) nas reflexões de D. Severina, que vê Inácio
justiça. Voltava à tarde, jantava e recolhia-se ao como uma criança que merece carinho
quarto, até a hora da ceia; ceava e ia dormir. (...) maternal.
Cinco semanas de solidão, de trabalho sem d) no diálogo, já que as personagens são
gosto, longe da mãe e das irmãs; cinco semanas estereotipadas.
de silêncio, porque ele só falava uma ou outra e) na onisciência do narrador, que, a partir do
vez na rua; em casa, nada. — Deixe estar — dilema moral vivido por Inácio, simboliza
pensou ele —, um dia fujo daqui e não volto as contradições do homem da época.
mais. Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado
pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros
tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera
não lhe permitira encará-los logo abertamente,
parece até que a princípio afastava os olhos,
vexado. Encarou-os pouco a pouco, ao ver que
eles não tinham outras mangas, e assim os foi
descobrindo, mirando e amando. No fim de três
semanas eram eles, moralmente falando, as  Assinale a alternativa em que se transcreveu
suas tendas de repouso. Aguentava toda a  O que despertava a atração de Inácio em a fala interna ou o pensamento de uma
trabalheira de fora, toda a melancolia da relação à Dona Severina? personagem.
solidão e do silêncio, toda a grosseria do patrão, a) “Cinco semanas de solidão, de trabalho sem
pela única paga de ver, três vezes por dia, o gosto, longe da mãe e das irmãs (...).”
famoso par de braços. Naquele dia, enquanto a b) “Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado
noite ia caindo e Inácio estirava-se na rede (não pelos braços de D. Severina.”
tinha ali outra cama), D. Severina, na sala da c) “D. Severina, na sala da frente, recapitulava
frente, recapitulava o episódio do jantar e, pela o episódio do jantar e, pela primeira vez,
primeira vez, desconfiou alguma cousa. desconfiou alguma cousa.”
Rejeitou a ideia logo, uma criança! Mas há d) “Que admira que começasse a amar? E não
ideias que são da família das moscas teimosas: era ela bonita?”
por mais que a gente as sacuda, elas tornam e e) “Esta outra ideia não foi rejeitada, antes
pousam. Criança? Tinha quinze anos; e ela afagada e beijada.”
advertiu que entre o nariz e a boca do rapaz
havia um princípio de rascunho de buço. Que
admira que começasse a amar? E não era ela
bonita? Esta outra ideia não foi rejeitada, antes
afagada e beijada. E recordou então os modos
dele, os esquecimentos, as distrações, e mais
um incidente, e mais outro, tudo eram
sintomas, e concluiu que sim.

222
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 223

Módulo
PORTUGUÊS F2
3
Contos de Machado de Assis: “Conto de Escola”

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M154

Texto para as questões de  a .  Pode-se dizer que o nome do morro conota, O procedimento de Clemente influiu no
no contexto do conto, o que Pilar queria? Por ânimo de Carlotinha, que nesse desafio de
Com franqueza, estava arrependido de ter quê? solicitude soube mostrar-se esposa dedicada e
vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar reconhecida. Ao mesmo tempo fez com que em
lá fora, e recapitulava o campo e o morro, seu coração se desenvolvesse o gérmen de
pensava nos outros meninos vadios, o Chico afeto que Clemente de novo lhe lançara.
Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a (MACHADO DE ASSIS. Contos
fina flor do bairro e do gênero humano. Para Fluminenses. vol. II. São Paulo: Editora
cúmulo de desespero, vi através das vidraças Mérito, 1962,
da escola, no claro azul do céu, por cima do p. 103-105.)
morro do Livramento, um papagaio de papel,
alto e largo, preso de uma corda imensa, que  (UNESP) – Dotado de grande perspicácia,
bojava no ar, uma cousa soberba. E eu na compreendeu em poucos dias como entendia o
escola, sentado, pernas unidas, com o livro de comendador a vida do campo, e tratou de o
leitura e a gramática nos joelhos. lisonjear por todos os modos.
— Fui um bobo em vir, disse eu ao
Raimundo. As questões  e  tomam por base uma Explique em que medida o verbo lisonjear,
— Não diga isso, murmurou ele. passagem de um conto de Machado de Assis empregado na frase, representa uma síntese da
(1839-1908). atitude de Clemente Soares ante o comendador,
na passagem apresentada.
 No trecho transcrito, o narrador-persona- UM HOMEM SUPERIOR
gem relembra
a) as dificuldades que experimentava nas aulas Recebido como amigo, tratou Clemente
de leitura e gramática. Soares de pagar a hospitalidade, fazendo-se
b) o desespero por não possuir um papagaio de conviva alegre e divertido.
papel tão soberbo como aquele que via no Ninguém o poderia melhor do que ele.
céu. Dotado de grande perspicácia,
c) os temores de ficar de castigo, sentado, os compreendeu em poucos dias como entendia o
livros no joelho. comendador a vida do campo, e tratou de o
d) o arrependimento por não ter faltado à lisonjear por todos os modos.
escola e ter ido com os meninos do morro. Infelizmente, dez dias depois da sua
e) suas emoções em um dia de escola. chegada à fazenda, adoeceu gravemente o
comendador Brito, por maneira que o médico  (UNESP) – O que sugere, com certa
poucas esperanças deu à família. malícia, o narrador, ao empregar a forma verbal
 Qual a palavra que metaforiza a sensação da Era ver o zelo com que Clemente Soares soube, dizendo que Carlotinha “soube mostrar-
personagem na escola? servia de enfermeiro do doente, procurando por se esposa dedicada e reconhecida”, quando
todos os meios suavizar-lhe os males. Passava poderia ter dito que ela mostrou-se esposa
noites em claro, ia aos povoados quando era dedicada e reconhecida?
necessário fazer alguma coisa mais importante,
consolava o doente já com palavras de
esperanças, já com animada conversa, cujo fim
era distraí-lo de pensamentos lúgubres.
— Ah! dizia o pobre velho, que pena que eu
o não conhecesse há mais tempo! Bem vejo que
é um verdadeiro amigo.
— Não me elogie, comendador, dizia
Clemente Soares, não me elogie, que é tirar o
mérito, se o há, destes deveres agradáveis ao
meu coração.
223
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 224

Módulo no Portal Objetivo PORT1M156


4 – Canção popular e eu lírico

Texto para as questões de  a .  Eu lírico é a voz que se pronuncia nos textos  Como podemos definir a figura masculina
poéticos, em primeira pessoa, o que não quer do texto?
COM AÇÚCAR, COM AFETO dizer que será a voz do autor do texto. Sendo
assim, quem é o eu lírico da canção acima?
Com açúcar, com afeto Justifique.
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é operário
Vai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê
No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê
Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ma non troppo  Como é a relação do eu lírico com seu
Você vai querer cantar amante?
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa


Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer
Qual o quê
Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
(Chico Buarque)

224
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 225

Módulo
PORTUGUÊS 5
F2 Cantiga folclórica

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M158


As questões de números  a  tomam por Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,  (UNESP) – Identifique, levando em con-
base uma cantiga do trovador galego Airas Irias sem ele, e sem anel de vidro? sideração o próprio título, a figura que o eu
Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema poemático do poema de Cecília Meireles
Confessor Medieval, de Cecília Meireles Irias à bailia, já sem teu amigo, representa.
(1901-1964). E sem nenhum suspiro?

CANTIGA (MEIRELES, Cecília.


Poesias Completas de Cecília Meireles – v. 8.
Bailemos nós já todas três, ai amigas, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.)
So aquestas avelaneiras frolidas, floridas
E quem for velida, como nós, velidas, formosa  (UNESP) – Estabeleça as identidades que
Se amigo amar, há entre o terceiro verso da cantiga de Airas
So aquestas avelaneiras frolidas estas Nunes e o terceiro verso do poema de Cecília
Verrá bailar. virá Meireles no que diz respeito ao número de
sílabas e às posições dos acentos. Texto para a questão .
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, irmãs
So aqueste ramo destas avelanas, este SE ESTA RUA FOSSE MINHA
E quem for louçana, como nós, louçanas,
Se amigo amar, Se esta rua,
So aqueste ramo destas avelanas avelaneiras Se esta rua fosse minha,
Verrá bailar. Eu mandava,
Eu mandava ladrilhar,
Por Deus, ai amigas, mentr’al enquanto
[non fazemos, [outras coisas As cantigas que focalizam temas amorosos Com pedrinhas,
So aqueste ramo frolido bailemos, apresentam-se em dois gêneros na poesia trova- Com pedrinhas de brilhantes,
E quem bem parecer, como tiver belo doresca: as “cantigas de amor”, em que o eu Só pra ver, só pra ver
[nós parecemos [aspecto poemático representa a figura do namorado (o Meu amor passar
Se amigo amar, “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o
So aqueste ramo so lo que bailemos eu poemático representa a figura da mulher Nesta rua, nesta rua tem um bosque
Verrá bailar. amada (a “amiga”) falando de seu amor ao Que se chama, que se chama solidão
(Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA, “amigo”, por vezes dirigindo-se a ele ou Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Segismundo. Presença da Literatura dialogando com ele, com outras “amigas” ou, Que roubou, que roubou meu coração
Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São mesmo, com um confidente (a mãe, a irmã,
Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.) etc.). De posse dessa informação: Se eu roubei, se eu roubei teu coração,
Tu roubaste, tu roubaste o meu também
CONFESSOR MEDIEVAL  (UNESP) – Classifique a cantiga de Airas Se eu roubei, se eu roubei teu coração,
(1960) Nunes em um dos dois gêneros, apresentando a É porque, é porque te quero bem.
justificativa dessa resposta.
Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo? seda  Nas duas últimas estrofes, predomina
denotação ou conotação?
Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?

Irias à bailia sem teu amigo,


Se ele não pudesse ir bailar contigo?

Irias com ele se te houvessem dito


Que o amigo que amavas é teu inimigo?

225
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 226

Módulo no Portal Objetivo PORT1M160


6 – Canção popular e tradição culta

As questões de números  a  se baseiam na Embora explore o mesmo tema das duas letras,
letra do samba-canção Vingança, de Lupicínio a tira de Glauco diferencia-se pelo tipo de
Rodrigues (1914-1974), numa tira do Casal abordagem, que não apresenta a emotividade
Neuras, de Glauco (Glauco Villas-Boas, 1957- intensa da letra de Lupicínio, nem o sentimento
2010) e na letra de Olhos nos Olhos, de Chico sutil da letra de Chico. Com base nesta
Buarque de Hollanda (1944). observação e tendo em mente a natureza das
tiras de jornais ou revistas:
VINGANÇA (Glauco, Casal Neuras, Folha de S.Paulo)
 (UNESP) – Aponte essa diferença de tipo
Eu gostei tanto, OLHOS NOS OLHOS de abordagem do tema na tira de Glauco.
Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram Quando você me deixou, meu bem
Bebendo, chorando Me disse pra ser feliz e passar bem
Na mesa de um bar. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
E que quando os amigos do peito Mas depois, como era de costume, obedeci
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz, Quando você me quiser rever
Não lhe deixou falar. Já vai me encontrar refeita, pode crer
Eu gostei tanto, Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Tanto quando me contaram Ao sentir que sem você eu passo bem demais
Que tive mesmo de fazer esforço E que venho até remoçando
Pra ninguém notar. me pego cantando
Sem mais nem por quê
O remorso talvez seja a causa E tantas águas rolaram
Do seu desespero Quantos homens me amaram
Ela deve estar bem consciente Bem mais e melhor que você
Do que praticou,
Me fazer passar tanta vergonha Quando talvez precisar de mim
Com um companheiro ‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
E a vergonha olhos nos olhos, quero ver o que você diz
É a herança maior que meu pai me deixou; quero ver como suporta me ver tão feliz.  (UNESP) – Explique a relação aparente-
Mas, enquanto houver voz no meu peito (Chico Buarque, Letra e Música. 1989.) mente absurda entre a imagem e a frase no
Eu não quero mais nada último quadrinho.
De pra todos os santos vingança,  (UNESP) – Considerando que em versões
Vingança clamar, mais recentes da letra de Vingança alguns
Ela há de rolar qual as pedras editores, provavelmente influenciados pelo
Que rolam na estrada emprego de “lhe” na primeira estrofe,
Sem ter nunca um cantinho de seu substituem na segunda estrofe “ela” por
Pra poder descansar. “você”, justifique a razão dessa troca.
(Lupicínio Rodrigues, Vingança, 1951.)

226
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 227

Módulo
PORTUGUÊS 7
F2 Trovadorismo e a invenção do amor

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M162

Texto para as questões de  a . Os versos têm rimas? Justifique a sua  Os textos anteriores pertencem a uma
resposta. cantiga de amor e a uma cantiga de amigo,
Senhor fremosa, pois me non queredes respectivamente. Caracterize, de modo
creer a coita1 en que me ten amor, contrastivo, as duas modalidades poéticas,
por meu mal é que tan ben parecedes2 apresentando trechos dos textos que
e por meu mal vos filhei por senhor3, exemplifiquem sua caracterização.
e por meu mal tan muito ben oí4
dizer de vós, e por meu mal vos vi,
pois meu mal é quanto ben vós havedes5.
(Martim Soares)

1 – Creer a coita: crer no sofrimento.


2 – Tan ben parecedes: sois tão bela.
3 – Filhei por senhor: tomei por amada.
4 – Oí: ouvi.
5 – Quanto ben vós havedes: todas as qualidades que
tendes.
Textos para a questão .

 Os versos acima pertencem a uma cantiga


Texto 1
de amor. Justifique essa afirmação, apresen-
tando pelo menos dois elementos que permitem
A dona que eu am’e tenho por senhor’
a associação entre os versos e a modalidade a
amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for1,
que pertencem.
senom2 dade-mi a morte.

A que tenh’eu por lume destes olhos meus


e por que choram sempr’, amostrade-mi-a, Texto para o teste .
Deus,
senom dade-mi a morte. (...) Não se trata agora de uma experiência
(Bernal de Bonaval) sentimental a dois, mas de uma aspiração,
sem correspondência, a um objeto
1 – Se vos en prazer for: se tiverdes prazer nisso. inatingível, de um estado de tensão que, para
2 – Senom: senão. permanecer, nunca pode chegar ao fim do
desejo.
(SARAIVA, A. J.; LOPES, O.
Texto 2 História da Literatura Portuguesa.
Porto: Porto Editora, p. 59.)
Os versos têm métrica regular? Justifique a
Levad’1, amigo, que dormides as manhãas
sua resposta.
frias;  O trecho destacado fala de um estado de
todalas aves do mundo d’amor dizian: tensão que é representado sobretudo na(s)
leda2 m’and’eu! a) cantiga de amigo trovadoresca.
b) tradição folclórica medieval.
Levad’, amigo, que dormide’las frias manhãas; c) cantiga de amor trovadoresca.
todalas aves do mundo d’amor cantavan; d) canções do século XX.
leda m’and’eu! e) cantigas folclóricas brasileiras.
(Nuno Fernandes Torneol)

1 – Levad’: levantai.
2 – Leda: contente.

227
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 228

Módulo no Portal Objetivo PORT1M164


8 – Ariano Suassuna: Auto da Compadecida

Texto para as questões de  a . ter direito de se zangar? Falei por falar, mas Ao longo do texto, há palavras e
também vocês não tinham dito de quem era o expressões em itálico que correspondem a um
[A peça se passa em uma típica cidadezinha do cachorro! recurso utilizado pelo autor. Em textos teatrais,
interior nordestino.] JOÃO GRILO, cortante — Quer dizer que benze, que nome se dá a esse recurso e para que serve?
não é?
JOÃO GRILO — Padre João! Padre João! PADRE, a Chicó — Você o que é que acha?

PADRE, aparecendo na igreja. — Que há? Que CHICÓ — Eu não acho nada de mais.

gritaria é essa? PADRE — Nem eu. Não vejo mal nenhum em se

(...) abençoar as criaturas de Deus.


CHICÓ — Mandaram avisar para o senhor não (SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida.
sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um 32. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1997, p. 31-34.)
cachorro que está ultimando para o senhor
benzer.  (UEL-PR – adaptado) – Com base no
PADRE — Para eu benzer? texto e nos seus conhecimentos sobre a obra,
CHICÓ — Sim. as personagens João Grilo e Chicó identificam-
PADRE, com desprezo — Um cachorro? se com
CHICÓ — Sim. a) os bobos da corte da Idade Média.
PADRE — Que maluquice! Que besteira! b) os palhaços dos circos populares.
JOÃO GRILO — Cansei de dizer a ele que o c) as figuras de arlequim e pierrô da tradição
senhor não benzia. Benze porque benze, vim romântica universal.
com ele. d) tipos humanos autenticamente brasileiros.
PADRE — Não benzo de jeito nenhum. e) figuras lendárias da literatura popular
CHICÓ — Mas padre, não vejo nada de mal em nordestina, semelhantes a Lampião e Padre
se benzer o bicho. Cícero.
JOÃO GRILO — No dia em que chegou o motor
novo do Major Antônio Moraes o senhor não o
benzeu?
(...)
CHICÓ — Eu acho cachorro uma coisa muito
melhor do que motor.
(...)
JOÃO GRILO — É, Chicó, o padre tem razão.
Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é
benzer o motor do Major Antônio Moraes e De acordo com o diálogo, fica evidente
outra benzer o cachorro do Major Antônio que o padre, ao concordar em benzer o
Moraes. cachorro, mudou de ideia em virtude do(a)
PADRE, mão em concha no ouvido — Como? a) respeito à opinião de Chicó.
JOÃO GRILO — Eu disse que uma coisa era o b) crença na igualdade entre as criaturas de
motor e outra o cachorro do Major Antônio Deus.
Moraes. c) piedade e compaixão cristãs.
PADRE — E o dono do cachorro de quem vocês d) submissão aos poderosos do local.
estão falando é Antônio Moraes? e) ponderação feita por João Grilo.
JOÃO GRILO — É. Eu não queria vir, com medo
de que o senhor se zangasse, mas o major é rico
e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com
medo de perder meu emprego, fui forçado a
obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se
zangar.
PADRE, desfazendo-se em sorrisos — Zangar
nada, João! Quem é um ministro de Deus para

228
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 229

Módulos
PORTUGUÊS 1e2
F3 Poesia e ficção / Texto: trama de palavras

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M149 e PORT1M151


Texto para as questões de  a .  A partir da análise do título do poema e da poética”. O assunto do poema desenvolve-se
reflexão contida nos seus versos, é correto em três partes lógicas, que correspondem a
AUTOPSICOGRAFIA afirmar: cada uma das estrofes. Comente-as.
a) O texto mostra uma visão irônica do eu
O poeta é um fingidor. lírico sobre as pessoas com as quais convive. Explique o sentido do verso: “o poeta é um
Finge tão completamente b) A palavra autopsicografia exclui qualquer fingidor”.
Que chega a fingir que é dor possibilidade de envolvimento do autor com
A dor que deveras sente. o poema.  O verbo entreter tem, no poema, o mesmo
c) O foco do eu lírico é mostrar ao leitor suas sentido que tem em todos os exemplos a seguir,
E os que leem o que escreve, desventuras amorosas. exceto:
Na dor lida sentem bem, d) A principal intenção do autor é estabelecer a) Entretidos com os novos livros, os alunos
Não as duas que ele teve, um diálogo com os leitores. tranquilizaram-se pelo resto da aula.
Mas só a que eles não têm. e) O poema apresenta um contraponto entre b) Para aliviar suas preocupações, entreteve-se
autor e eu lírico, como também entre com as flores do jardim.
E assim nas calhas de roda “realidade” e ficção. c) Gosto de entreter-me com boa música e
Gira, a entreter a razão, bons filmes.
Esse comboio de corda Esta composição poética é uma esplêndida d) Saiu à procura de galhos secos para entreter
Que se chama coração. síntese do que Fernando Pessoa pensava sobre o fogo e aquecer-se.
(Fernando Pessoa) a gênese e a natureza da poesia. Podemos, pois, e) Cães e gatos entretêm-se com pequenos
considerá-la como uma verdadeira “arte objetos domésticos.

 Analise o verso abaixo e assinale a alterna- Noites de além, remotas, que eu recordo, Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
tiva correta sobre a sua expressividade poética. Noites da solidão, noites remotas Tudo nas cordas dos violões ecoa
Que nos azuis da Fantasia bordo, E vibra e se contorce no ar, convulso...
“Ó sonora audição colorida do aroma.” Vou constelando de visões ignotas. Tudo na noite, tudo clama e voa
(Alphonsus de Guimaraens) Sob a febril agitação de um pulso.
Sutis palpitações à luz da lua,
a) O eu lírico usa palavras que transmitem Anseio dos momentos mais saudosos, Que esses violões nevoentos e tristonhos
sensações diversas e simultâneas. Quando lá choram na deserta rua São ilhas de degredo atroz, funéreo,
b) Explora-se uma linguagem emocional, As cordas vivas dos violões chorosos. Para onde vão, fatigadas do sonho
voltada para os problemas íntimos. Almas que se abismaram no mistério
c) Há o emprego de vocabulário precioso e Quando os sons dos violões vão soluçando,
rebuscado, ainda que o sentido não seja Quando os sons dos violões nas cordas gemem, (...)
simbólico. E vão dilacerando e deliciando, (Cruz e Sousa)
d) A linguagem é literal com recorrentes Rasgando as almas que nas sombras tremem.
paradoxos, expressando o estado emocional  Qual é a métrica desses versos?
do eu lírico. Harmonias que pungem, que laceram,
e) A linguagem é denotativa, típica da Dedos nervosos e ágeis que percorrem  Transcreva a estrofe em que é mais
comunicação imediata e objetiva. Cordas e um mundo de dolências geram, recorrente a aliteração, isto é, a repetição de
Gemidos, prantos, que no espaço morrem... fonema consonantal.

Texto para as questões de  a . E sons soturnos, suspiradas mágoas,  O ritmo e a musicalidade dos versos são
Mágoas amargas e melancolias, dados pela métrica, mas também por outros
VIOLÕES QUE CHORAM ... No sussurro monótono das águas, elementos, entre eles a sonoridade específica
Noturnamente, entre ramagens frias. trazida pelas rimas. Mostre como Cruz e Sousa
Ah! plangentes violões dormentes, mornos, explorou esse recurso no poema “Violões que
Soluços ao luar, choros ao vento... Vozes veladas, veludosas vozes, Choram”, comentando as rimas das duas
Tristes perfis, os mais vagos contornos, Volúpias dos violões, vozes veladas, primeiras estrofes.
Bocas murmurejantes de lamento. Vagam nos velhos vórtices velozes

229
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 230

Módulos no Portal Objetivo PORT1M153 e PORT1M155


3 e 4 – Linguagem poética: poesia lírica / Linguagem comum e poética
Escansão: contagem de sílabas poéticas: A rima pode ser toante, rimando apenas a vogal Postos em nós os olhos, meneando
1. Contam-se as sílabas até a última sílaba tônica. Três vezes a cabeça, descontente,
tônica do verso. A voz pesada um pouco alevantando
Faça a escansão de todos os versos abaixo e
2. No encontro entre vogais, pode ocorrer Que nós no mar ouvimos claramente
apresente os esquemas de rima.
elisão ou não, dependendo, algumas vezes, Co’um saber só de experiências feito,
do arbítrio do poeta.  O poeta é um fingidor Tais palavras tirou do experto peito.
3. Ficam na mesma sílaba os dígrafos: ss e rr , Finge tão completamente (Luís Vaz de Camões, Os Lusíadas)
que usualmente devem estar em sílabas Que chega a fingir que é dor
diferentes. A dor que deveras sente.
 Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Rimas finais: uniformidade de sons de duas ou (Fernando Pessoa, “Autopsicografia”)
Somente a Ingratidão — esta pantera —
mais palavras.
 Mas um velho de aspecto venerando, Foi tua companheira inseparável!
A rima pode ser consoante, rimando a partir da
Que ficava nas praias, entre a gente, (Augusto dos Anjos, “Versos Íntimos”)
vogal tônica.

Textos para as questões  e . se eu me chamasse Raimundo Texto para a questão .


seria uma rima, não seria uma solução.
Texto 1
Mundo mundo vasto mundo SOBRE A ORIGEM DA POESIA
AUTORRETRATO
mais vasto é o meu coração.
(...) A origem da poesia se confunde com a
Provinciano que nunca soube origem da própria linguagem.
(Carlos Drummond de Andrade)
Escolher bem uma gravata; Talvez fizesse mais sentido perguntar quando
Pernambucano a quem repugna a linguagem verbal deixou de ser poesia. Ou: qual
 Sobre as características do gênero textual do
A faca do pernambucano; a origem do discurso não poético, já que,
poema, estão corretas as seguintes preposições:
Poeta ruim que na arte da prosa restituindo laços mais íntimos entre os signos e as
I) O poema deve ser construído sob forma
Envelheceu na infância da arte, coisas por eles designadas, a poesia aponta para
fixa, sempre preservando elementos como
E até mesmo escrevendo crônicas um uso muito primário da linguagem, que parece
a métrica e a musicalidade dos versos. anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas,
Ficou cronista de província;
II) O poema caracteriza-se por ser centrado nos jornais, nas aulas, conferências, discussões,
Arquiteto falhado, músico
em um trabalho peculiar com a linguagem. discursos, ensaios ou telefonemas [...]
Falhado (engoliu um dia
Em geral, reflete o momento e o impacto No seu estado de língua, no dicionário, as
Um piano, mas o teclado
dos fatos sobre o homem. palavras intermedeiam nossa relação com as
Ficou de fora); sem família,
III) O poema diferencia-se dos demais gêneros coisas, impedindo nosso contato direto com
Religião ou filosofia;
por ser escrito em versos e por possuir um elas. A linguagem poética inverte essa relação,
Mal tendo a inquietação de espírito
ritmo mais marcado que o ritmo da prosa. pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece
Que vem do sobrenatural, uma via de acesso sensível mais direto entre
IV) A poesia não é exclusividade do poema;
E em matéria de profissão nós e o mundo [...]
ela é uma atitude subjetiva, mas expressa
Um tísico profissional. Já perdemos a inocência de uma linguagem
no trabalho intenso com a linguagem, indo
(Manuel Bandeira) plena assim. As palavras se desapegaram das
além da função referencial.
Texto 2 coisas, assim como os olhos se desapegaram dos
ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida.
a) Todas estão corretas.
POEMA DE SETE FACES Mas temos esses pequenos oásis – os poemas –
b) Apenas I está correta. contaminando o deserto de referencialidade.
c) II, III e IV estão corretas. (Arnaldo Antunes)
Quando nasci, um anjo torto
d) I e III estão corretas.
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
e) I, III e IV estão corretas.  No último parágrafo, o autor se refere à
plenitude da linguagem poética, fazendo, em
 Esses poemas têm em comum o fato de seguida, uma descrição que corresponde à
As casas espiam os homens
a) descreverem aspectos físicos dos próprios linguagem não poética, ou seja, à linguagem
que correm atrás de mulheres.
autores. referencial. Pela descrição apresentada, a
A tarde talvez fosse azul, linguagem referencial teria o seguinte traço
b) refletirem um sentimento pessimista.
não houvesse tantos desejos. (....) fundamental:
c) terem a doença como tema.
d) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. a) o desgaste da intuição
Meu Deus, por que me abandonaste b) a dissolução da memória
e) defenderem crenças religiosas.
se sabias que eu não era Deus c) a arbitrariedade do signo
se sabias que eu era fraco. d) o enfraquecimento do ser
Mundo mundo vasto mundo, e) a descrição minuciosa

230
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 231

Módulo
PORTUGUÊS 5
F3 Trovadorismo: cantiga de amigo

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M157


As questões de números  a  tomam por Sem a flor no peito, sem saia de sirgo, A leitura da cantiga de Airas Nunes e do poema
base uma cantiga do trovador galego Airas Irias sem ele, e sem anel de vidro? Confessor Medieval, de Cecília Meireles,
Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema revela que este poema, mesmo tendo sido
Confessor Medieval, de Cecília Meireles Irias à bailia, já sem teu amigo, escrito por uma poeta modernista, apresenta
(1901-1964). E sem nenhum suspiro? intencionalmente algumas características da
poesia trovadoresca, como o tipo de verso e a
CANTIGA (MEIRELES, Cecília. construção baseada na repetição e no paralelis-
Poesias Completas de Cecília Meireles – v. 8. mo.
Bailemos nós já todas três, ai amigas, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.)
So aquestas avelaneiras frolidas, floridas  (UNESP) – Considerando que o efeito de
E quem for velida, como nós, velidas, formosa Tanto na cantiga como no poema de Cecília paralelismo em cada poema se torna possível a
Se amigo amar, Meireles, há diferentes personagens: um eu partir da retomada, estrofe a estrofe, do mesmo
So aquestas avelaneiras frolidas estas poemático, que assume a palavra, e um tipo de frase adotado na estrofe inicial (no
Verrá bailar. virá interlocutor ou interlocutores a quem se dirige. poema de Airas Nunes, por exemplo, a
retomada da frase imperativa), aponte o tipo de
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, irmãs  (UNESP) – Indique o interlocutor ou frase que Cecília Meireles retomou de estrofe a
So aqueste ramo destas avelanas, este interlocutores do eu poemático em cada um dos estrofe para possibilitar tal efeito.
E quem for louçana, como nós, louçanas, textos.
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas avelaneiras
Verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr’al enquanto


[non fazemos, [outras coisas
So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como tiver belo
[nós parecemos [aspecto
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que bailemos
Verrá bailar.
(Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA,  (UNESP) – Identifique, em cada poema,
Segismundo. Presença da Literatura com base na flexão dos verbos, a pessoa
Portuguesa – I. Era Medieval. 2. ed. São gramatical utilizada pelo eu poemático para
Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1966.) dirigir-se ao interlocutor ou interlocutores.

CONFESSOR MEDIEVAL
(1960)

Irias à bailia com teu amigo,


Se ele não te dera saia de sirgo? seda

Se te dera apenas um anel de vidro


Irias com ele por sombra e perigo?

Irias à bailia sem teu amigo,


Se ele não pudesse ir bailar contigo?

Irias com ele se te houvessem dito


Que o amigo que amavas é teu inimigo?

231
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 232

Módulo no Portal Objetivo PORT1M159


6 – Canção popular e tradição folclórica
As questões de números  a  se baseiam na  (UNESP) – Demonstre que, no texto de
letra do samba-canção Vingança, de Lupicínio Chico Buarque, a personagem feminina
Rodrigues (1914-1974), numa tira do Casal expressa seus sentimentos de modo mais sutil e
Neuras, de Glauco (Glauco Villas-Boas, 1957- refinado do que a personagem masculina no
2010) e na letra de Olhos nos Olhos, de Chico texto de Lupicínio.
Buarque de Hollanda (1944).

VINGANÇA (Glauco, Casal Neuras, Folha de S.Paulo)

Eu gostei tanto, OLHOS NOS OLHOS


Tanto quando me contaram
Que lhe encontraram Quando você me deixou, meu bem
Bebendo, chorando Me disse pra ser feliz e passar bem
Na mesa de um bar. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
E que quando os amigos do peito Mas depois, como era de costume, obedeci
Por mim perguntaram
Um soluço cortou sua voz, Quando você me quiser rever
Não lhe deixou falar. Já vai me encontrar refeita, pode crer
Eu gostei tanto, Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Tanto quando me contaram Ao sentir que sem você eu passo bem demais
Que tive mesmo de fazer esforço E que venho até remoçando Em ambas as letras o eu lírico se refere à ex-
Pra ninguém notar. me pego cantando companheira (letra de Lupicínio) e ao ex-
Sem mais nem por quê companheiro (letra de Chico), sendo diferente,
O remorso talvez seja a causa E tantas águas rolaram porém, a forma gramatical de fazerem essa
Do seu desespero Quantos homens me amaram referência. Examine atentamente o emprego
Ela deve estar bem consciente Bem mais e melhor que você dos pronomes pessoais e de tratamento nas
Do que praticou, duas letras e, a seguir:
Me fazer passar tanta vergonha Quando talvez precisar de mim
Com um companheiro ‘Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim  (UNESP) – Determine a forma de
E a vergonha olhos nos olhos, quero ver o que você diz tratamento pela qual a personagem feminina
É a herança maior que meu pai me deixou; quero ver como suporta me ver tão feliz. faz referência ao ex-companheiro na letra de
Mas, enquanto houver voz no meu peito (Chico Buarque, Letra e Música. 1989.) Chico Buarque.
Eu não quero mais nada
De pra todos os santos vingança, As duas letras e a tira apresentadas têm como
Vingança clamar, identidade o fato de focalizarem e expressarem
Ela há de rolar qual as pedras o ciúme e outros sentimentos a este associados,
Que rolam na estrada que podem surgir durante a relação ou com a
Sem ter nunca um cantinho de seu separação de um casal. Tendo em mente esta
Pra poder descansar. orientação:
(Lupicínio Rodrigues, Vingança, 1951.)
 (UNESP) – Mencione um desses
sentimentos associados ao ciúme que a
personagem masculina da letra de Lupicínio
Rodrigues nutre e expressa com relação à ex-
companheira.

232
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 233

Módulo
PORTUGUÊS F3
7
Trovadorismo: cantiga de amor

Exercícios Complementares no Portal Objetivo PORT1M161


Texto para as questões  e .  Excetuando-se o nome Jatir, como é Texto para a questão .
possível perceber que o eu lírico é feminino?
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo A dona que eu sirvo e que muito adoro
À voz do meu amor moves teus passos? Mostrai-ma, ai Deus! pois que vos imploro,
Da noite a viração1, movendo as folhas, senão, dai-me a morte.
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Essa que é a luz destes olhos meus
Eu sob a copa da mangueira altiva por quem sempre choram, mostrai-ma, ai
Nosso leito gentil cobri zelosa [Deus!
Com mimoso tapiz2 de folhas brandas, senão, dai-me a morte.
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
(Gonçalves Dias) Essa que entre todas fizestes formosa,
mostrai-ma, ai Deus! onde vê-la eu possa,
1 – Viração: vento brando e fresco. senão, dai-me a morte.
2 – Tapiz: tapete.
A que me fizeste amar mais do que tudo,
 (MACKENZIE-SP) – Assinale a alterna- mostrai-ma e onde possa com ela falar,
tiva que apresenta comentário crítico adequado senão, dai-me a morte.
ao texto. (Bernal de Bonaval, adaptado ao português
a) O canto, expressando a ansiedade do eu moderno por Natália Correia. In: Cantares
lírico pela chegada do ser amado, recupera dos trovadores galego-portugueses.)
a tradição lírica medieval, em especial as
cantigas de amigo.  Essa cantiga medieval é de amor ou de
b) O texto recupera a tradição clássico- amigo? Justifique a resposta.
renascentista, como provam os versos
decassílabos e o esquema rímico regular.
c) A coita de amor expressa pelo eu lírico
masculino é prova de que o poema recupera
a temática das cantigas de amor da poesia
trovadoresca.
d) Os versos provam que a poesia brasileira do
século XVIII repudiou o lirismo peninsular,
buscando formas e motivos poéticos
originais.
e) A poesia brasileira seiscentista associou
motivos autenticamente nacionais aos da
tradição greco-romana.

233
TC1_1A_AMARELO_PORT_2021_GK.qxp 17/12/2020 08:06 Página 234

Módulo no Portal Objetivo PORT1M163


8 – Gil Vicente: Auto da Barca do Inferno
Texto para as questões  e .  O Fidalgo, assim como todas as personagens da obra, é uma
alegoria. Ele representa qual tipo social? Quais são as suas faltas?
Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz:

FID. Esta barca onde vai ora,


que assi está apercebida? aparelhada, equipada
DIA. Vai pera a ilha perdida
e há de partir logo ess’ora.
FID. Pera lá vai a senhora? (o F. toma o D. por mulher)
DIA. Senhor, a vosso serviço. (o D. corrige o F.)
FID. Parece-me isso cortiço...
DIA. Porque a vedes lá de fora.

FID. Porém, a que terra passais?


DIA. Pera o Inferno, senhor.
FID. Terra é bem sem-sabor. sem graça
DIA. Quê? E também cá zombais?
FID. E passageiros achais
pera tal habitação?
DIA. Vejo-vos eu em feição com o jeito adequado
pera ir ao nosso cais...

FID. Parece-te a ti assi. essa é a tua opinião


DIA. Em que esperas ter guarida? proteção
FID. Que leixo na outra vida deixo
quem reze sempre por mi.
DIA. Quem reze sempre por ti?...
Hi hi hi hi hi hi hi hi!...
E tu viveste a teu prazer,  (FUVEST) – Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da
cuidando cá guarecer encontrar abrigo, salvação Barca do Inferno, de Gil Vicente:
porque rezam lá por ti? I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que
Embarcai!, ou embarcai!, reúne em si os vícios das diferentes categorias sociais
que haveis de ir à derradeira, anteriormente representadas.
mandai meter a cadeira II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do
que assim passou vosso pai. auto, pois facilita o distanciamento do espectador.
(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno) III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem
artificial, mas resulta da acentuação de traços típicos.

 Qual motivo levou o Diabo a ironizar a personagem Fidalgo? Está correto apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) II e III.
d) I e II.
e) I e III.

234

Você também pode gostar