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Inteodugio Este estudo apresenta os primeitos resultados de uma tecolha de docu sobre a histéria ¢ nctualsicuagio das cidades em Africa, ‘A recolha de documentagio, que ve pret de ‘completa, divide-seem dua partes a primeira, que sta efete-se& cidade aticana antes da colonizagio ‘europea ea segunda referi-se-4 cidade colonial até Aindependéncia es tendéncias de desenvolvimento dacidide africana comtempordnea. ‘0 interesse primeito deste cstudo &, portan a cidade, mas considerando a importincia ¢ a dimensao dos processos de urbanizagio que presentemente se va0 desenvolvendo, o exttde ‘examina também os assemtamentos surais © 4 sun transformagio como consequéncia do impacto da modernizagio, © ambicioso e, talvez, incansivel objective inal seria identifica, partir desseexame, instrumentos de planeamentoFisico para failiar 0 processotraumitico deransformagio dos emigrantes runisem citadinos. A lirratura cientifiea sobre a cidade aftcana antes da colonizagio € relativamente eseassa, possivelmente porque sio escassos os documentos urbanos de uma civilizagao como aatticana que, em eral, no baseou a sua concinuidade na permanéncia deelementos materiis. Muito mais numerosaé, pelo contrério, a liceratura que examina os aspectos artstcose folléricos da habitagio africana. Este tipo de liceracura, especialmente a antiga, apresenta 0 problema de uma clasifcagso formal epidermica dos tipo, dificultando o seu relacionamento com as condigées sociais, econémicas e politicas a que se referem ou, no caso dos estudos mais recentes © aprofundados, apresenta o problema de uma pormenorizario extrema que desencorajaoletor no cspecializado, (© trabalho de pesquisa em que se baseia 0 presente estudo concentrou-se na recolha de documentagio sobre as cidades. A documentagio, muito mais ficil de localizar, sobre os assentamentos ruras foi seleccionada ecasificada wilizando citéios histéricos e geogréficose, em primero lugar, o critétio dainfluéncia reciproca entre os assentamentos ruta. cosassencamentos urbanos. ‘Todas as ilustragSes tém indicacio da fonte de maneira a permitir o facil exame directo dos documentos. No caso, muito frequente, de ilustragées que, com o tempo, transitaram de um o para outro, algumas vezcs mudando de significado pela wexpretacSo subjeciva dos diferentes ceicolheu-se sempre a citacio da fonte ria O recursos Fontes primitiasserd portanto pri fundamental caso exista interesie em aprofundar 0 Titeraturawilizada esteem lingua ingesa ou francesa € muito poucas das publicagbes mencionadas se encontrem em bibliotecas ni especalzadas ‘A Africa considerada no estudo é a Africa sub sahariana, mas optou-s por nio craminar na presente Parte 05 asentamentos drabo-swahili da costa do ‘Oceano fndico os assentamentos de Madagiscar. Quanto 208 nomes atribuidos aos povos africans, preciso lembrar que eles devem ser sempre relacionados com o contexto histérico em que eram usados. De facto, muitos dos nomes varia em relagao a mancira como os povos se chamam uns aos outros. A definigio do contexto a que se atribui 0 nome ¢ também varivel ou arbtriria, No presente extudo o problema foi simplificado, usilizando-se sempre ortografiainglesa para os povos localidades hist6ricas que nio tém correspondences modernos, precisando 0s sindnimos, quando necessario, Para os rnomes dos povos foi sempre usiizada a forma sin- gular, sem declinagio, ‘A definigao de “cidade”, como apresentada no texto do segundo capitulo, bascia-se na satisfagio simultinea dos critérios demogeéficos clissicos (namero suficientemente elevado de habitantes ¢ densidade) e econémicos (presenga de actividades cspecializadas de transformacao de productos), mas, prescando atengio a0 facto de, na histéria africana, a «idade nfo ter sido atnica expressio da evolucio da sociedad, ao contririo do que acontece com a historia da Europa © cconceito de “casa da familia alargads” em ‘oposisao a “casa da familia nuclear”, refere-se 3 residéncia de uma familia que vive com recursos ¢ ‘meios de produgio comuns, podendo ser constitufda tanto por um tinico edificio dividido cm quattos, como por um espago com varios edificios ou construgdes distintos (que podem ou néo tera forma de palhotas), quenno texto refere como “cass isoladas ‘ou “casas individuals” Diferentemente do que acontece na literatura antiga, onde a palava “aldeia’ é tlizada para descrever tum conjunto qualquer de edificios ou construgies, ja? 6 € utlieada no mo presente rextoa palava “ade! mosey wm conjunto de casas Petenest OY icamente independents: familias distincas, econo! cembora na maiotit fantepassados comuns ‘Os capitulo estio organ conta av grandes dvishes eol6gcas do consine fafficano ao mesmo tempo que @ sua hiistdria, Isso ata tga dferenga em ragao & maior dos rads que tatam os assentamentosaicanes 10% “quis se encontra duas cendéncias opostas, nat GE ‘ensideram igualmente a cidade como elemento isolado cexcepcional ‘A primeira endéncia, propria dos estudos canogrdficos, considera separadamente cada pequeys ‘ten geogeiiea vu cada agregado populacional do continent, para clasificar "ipos’,incluindo 0s pos das casas, Embora a classificagdo seja cuidadosa, a alge minuciosa de tipos isoladosraramente permite tomar em ont cvolugao de sistemas cultura Complexos, como 0s que detam origem as cidades africanas, Portanto, nos etudos pertencencs 2 fendéncia, a cidade, que néo pode ser interprecada tinicamente em relagio as caracteristicas formais © olga dv comns ‘nao € reconhecida como tal, ou nao € considerada na correcta perspectiva historica — 'A segunda tendéncia, ¢ oposta, encontra mag ee dts mcs Nese estudos a cidade ¢ cnfatizada como um dos endmenos culturais mais vistosos da hist6ria da Africa, pretendendo demonstrar a cotal unidade da evolugio cultural do continente. Em consequéncia, © aparecimento da cidade explica-se através, um processo continuo, alco 3 colonizaio, a partir de umaorigen ama De facoyesa tenn acabe 1 ignorat, ou por nio evidenciar, a conttibuicao por vezes determinante das culturas locais nant Cultura urbana ea esteitarelagio entrecampo e cidade ‘que sempre existiu em Africa ‘A hipotese deste estado ¢, pelo contitio, a de que a civilizagao urbana africana deve também ser felacionada com as exigéncias locais especficas a que cove de responder, As suas formas, tiando algumas influéncias exteriores bem identificéveis, podem, portanto, ser interpretadas a partir das suas relagbes €om o sistema de assentamentos constituldo cconjuntamente por campo e cidade, Para conhecer ¢ Mos casos reconhiega™ izados romando m escrever tas relagies, a ev0lU30 dos cleme, pequena esala tem a mena importing i patente mento de emery, isoladas. ‘O uso repetido da palavra “arquiece ainda um esclarecimento, Diferentemente de, ane eonwece na. hist6ria da arquitectura europea” hivria da arquitectura africana a individualidade® ais vor avant aparece. Masesta carocrera cawtimpede que se fale de arquitectura ¢ tee me eco, apenas confirmando hig earquirecuraafeicana rem dese interpretada cons saatocess continuo, onde no € Oporto ito, Ar Par dade 3 poucos mOnUMENEOS on seaesionaram os viiantes elas dimensoes 0 impsthangas com 0s produtes arquitectbnico, ccuropeus. °O presente trabalho resulta de contribuises dscusdes peas quais reconhego uma divida ao; cole aos etudanes da Faculdade de Arquitectur CHlEncamento Fisico de Maputo dos anos lectivos 1996-1999, van HISTORIA CONCISA DA CIDADE AFRICANA 1 duvidow se da exitncia ements erm ema aceliae9 {de que a civiizagdo urbana apareceu no continente fidano em vdios pevlodos ccm diferentes loci nasa pofanda difeengacniveassociedades curopens 1 aficanas-difieultous até: tecenrementey 0 #0 teconhecimento, Emee o segundo © 0 imeiroeilénio aC. a civilinacao urbana do Egiptodifundit-se parasul do ‘ctl Sudo (ring de Khush com capital em Meroe) ‘x¢ Evia (tein de Axum). Mas uma cviliagio trbana autdctone na Alia a sul do Sahara somente sc desenvolveu depois da difusio da meclurga “Aactivdade da metalurgiacomespua difundie- sea acia do Nigea partir do séulo IV a.C, Mais tarde, difundi-se também na bacia do Zambeze. jprovivel que em ambos 05 casos a reenoogia tena Sido importa de Meroe ¢ Axum. Depois da difusio da metalurgia ¢ antes dx influgncia islimica, exitia na bacia do Niger wm importante asentamento, denominado Djénné- Dino pelos arquedlogos, que foi acupado desde 0 séeulo TTC. (mas que reve 0 seu apogeu no século IXd.C,, quando a influgncia simi tina tido inicio). Anda na baca do Niger, formou-se no seule Vid Co reino de Ghana, o primeico grande Estado iti em Aca asl do Sahara. O reino do Ghana monopolizou por muito tempo 0 comércio que transitava na regido,coincidindo com acifusio do camelo como meio de ranspore.Asfntes teri documentam 0 século VII como 0 petiodo de ‘méximoexplendor ds capital do eco de Ghana Na baca do Zambeze a civilizagio urbana eve inicio mais tarde. Spor volta dos finas do primeiro rmilénio da ers moderna € que se consolidow no planalto ence 9 Zambeze «0 Limpopo um sistema de pequenos astentamentos de criadores de gado, rminciros © comerciantes que dependiam de wma cari pove comum, embora numa esala maige FFD Bea do paldcio era sempre protegida pur aa eae qu cerenvam Umass mares enriase grandes cores (Hil, 1976, py Pesataiguns casos, a cidade inteia consi eelusvamente da residéncia do rei e da sua core tpororamente separa da cidade da prodsoe doy Pe sos poramplos expagos nao edilicados (Denye, 1978, pig. 87). ‘5 gebgrlo abe El-Bekri (1057) deserve x sesidencs do rei de Ghana como estando isolada do i da cidade por um bosque (Jolly. 1989, pig 92) A muralha que isolava 0 palicio (afin) do rei cevava 44 hectares (8% da Srea da cidade itcira) ma Had Yoruba de Owo (Ojo, 1966) € 260 hectares tnacidade de Oyo (Clapperton, 1829) XO sistema de estrada lgavao espago central aos ‘outros lagaresdeinterese da cade: o grande mercado, estogares de culto, as saidas par o teritéro exteriog, ‘Rligaso erzem gral relizada por meio de esradas felavamente amplase dretas (Hull, 1976, pag 41) Nas cidade Asanceascasas ds ras principals possuiam baleGes tilizados para fins cerimoniais € porios uulados para fins comerciis. Neste caso, a entrada dhacasnenconttavase nar ateral Bowditch, 1819, tefeido em Denyer 1978, pag, 80). Nowtros «aos {Abomey, capital do reino do Dahomey no XVIl sécul) agai ene opalicio ea cidade era realizada por um esquema mais complexo, ampliando « Enalando o esquema concéntico da resiénca tel {Houseman e outros, 1986, pig 527-546) Cty 4 As casas do povo comum eram dspostas de ‘rcidades menos influenciadas pela cultura samica ‘ram caractvizadas pela agregagio de habitants d ima ino prover deme io airs distintos. A popula de ada bairorespondia in cheleprpio que al residiae que, geralmene ernava também arian de proveniéncia. Nat Etudes de influéncia islimica, a dstingio mais importante era entre islimicos ¢ pagior, o que Conespondia também a-uma distingio de classe econémica o oc Todas 28 cidades afticanas antiga dvi spago com base na unde fundamental consiaida la famfia alaggada. Cada familia possula ura Pra deca Fechada que Ihe era reserva (compen inglés ou concesion em francés) eno interior da Gqual podia desenvolver livremente a sua casa, A isio do espaco da cidade em unidades familiares hho interior das quais podem exists diferentes, aivdades€fangdes econémicas€ muito diferente dda conceps0, tipica das cidades europeia, que SV hicrarquiza 0 espago urbano com base na divisio so: “Gale trabalho.Do ponto de vista dos resultados ) Gpaciais dese concepsio, nas cidades da lorestace sees da savana cenceal-ocidental sudancsa, a Sea feservada para a casa da familia alargada tinha feralmente uma forma regular, bem delimiada pot eepagrelha de escadas princiaise nas sceundaias, fat isoladas desenvolviam-se a0 longo da eda area, podendo case procecgio do limit Frerior um ou yirios patios. we Grande Zimbabwe, canformeo model daaldeia cermpones, aca reservada para as casas podia ter Fare iberdade de formas, devxando bastante espaso Wea separa os diferentes agregados familiares ‘Como consequéncia do modelo utilizado, & densdade da populacio variava de uma densdade cord de 70 habiha, como no Grande Zimbabwe, eatin densidade, sempre estimada, de 200 habyha, seimo em Djénné (Bairoch, 1996, pag. 86-88) FE porem importante lembrar que todas 2s estimations de populacao dos antigos aglomerados populacionais de Africa sto pouco fives: A Popalagi de um qualquer asentamento alicine a epenicmente grande era em geral estimada pelos sage vistanues como tendo cnt 10.000¢ 30,000 sarenacs. De facto, a estimativa oscilava entre 8 dimensdo mixima da populsio que poi benefice tndximo de habiances pose na total ausncia de Qualquer tema desaneamento Meads earactristcascomuns, os modelos ubanoy atlas em Alves © na Europa foram bastante diferentes um do outro, Nahisténa aan cidade apareceem diferentes oasis como form dle respon a ifvenescxigéncase no €, 20 contro dfotque acontece na histérin da Europa, a nical txpresio da evolugo da socedade O surpimento de aglomerados de popula foi onsequtneia da presenga de um forte poder enusbador ou da necesdade de dfesa comum, ont um grave perigo vindo do exterior. Nalguns aoe enignca do mercado produarama pine “frend ene cases de produtoresc, masta semua de rapes ics diferentes accu grupos famaiaesfechados que, por #42 Yet Sarria asa sociedades canes, clear

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