Chartier 61-80

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Seen ‘ ie - _ ee ‘i ee ‘ura 2o qual aio (.]designa um conjunto de signifcaes historic ‘ment ransmitidoc inscrito em simboos um stema de concepedes Derdadas express nesta formas simbicas por melo das quas 0 bor ‘mens comunicam, perpen edesenvole seu saber sobre aida € ‘suas ates diate dela}. Portanto uma noxaarclacio entre eu foal sacar e socal saruase que se deve coast sem hela projetar ‘nema imagem do espetho, que fr de wma 0 reflexo da ours nem a ‘da engrenagem, onde cada ima das engrenagensrepereateomovimen- 2. O mundo como representagio (© editorial da primavera de 1988 da revista Annalerconclama- ‘aos hioriadoresa uma reflecio a partir de wma dupla consis ‘io, Porum lado, ele afrmava a existéncia de wma crise geal das iénciassociais", percebida no abandono dos sistemas globals de interpreaio, destesparadigmas dominantes que havam sido, uma épocs, oestrucralsme ou 0 marnsmo, assim como na eeicio pro- ‘lamada das deoloyias que haviam sustentado seu suceso(enten- ‘damosaadesio a um modelo de ransformacio socialist das socie dades ocdentais capitalists eibeais) Por outro lado, 0 texto n30 aplicaval istria aintegralidade de um tl diagn6sico,Fique com ‘lua: "No nos parece chegado momento de uma crite da hist- Fa, cujahipétese, com demasiada comodidade, algurs acetam”. ‘A historia era entio vista como uma disciplina ainda sada vig ‘rosa, ateneada, no entanto,porincerterasdevidoao exgotamen'o ‘de suas lladas tradicional (com a geograia, a emologia, a soci- logis) e10 apagamento das ténicas de uatamenta como modos sdeintlgibilidade que davam unidade seus objetos ea seus pro ‘cedimentos.O estado de indecsio que a caracterizata seria, por ‘tanto, como que 0 proprio inverso de wma vtalldade que, de ma neltaliwe e desordenada, muliplicou os campos de wabalho, 35 cexperigecias, os encontros UM DIAGNOSTICO REVOGADO £§ DLIVIDA or que ese pont de partidaque pol simutaneamente a rie gorl das leet sodas en itd manda, mesmo quesea Soprego dem ecetumo un ant rquco,daistra Aexrats ‘Euan texto ermo €aquloniado no no sentido dew ‘Slat raconal econiente, nas designando wm juste mals 0 tenor aoa asta da) paeceme comand pela ircocapar de preccrexilion en uma conjuntra prec ‘Eheomo marcada pelo deli adidas tears eds sales o- ‘neonquaisca nena se progresosnas cass de 19601970 (O dena for enti anado pele diptinasmaisrecentemente ins Stoconalizadss emai ominadorsintlecunnente: ings £ sciologi u a etnologin.O asa conta a hits pide sum ite denne eortralstan ost, a dCs {Qusonavam a dciplina em seu objeto ous, opeimado dado ‘estnd ds conjuntras conden demon, da so. {ures sole em sus estes metodo, coniderador come thalzuegutdos cn cago Sr nova exigencies. Propondo objets de etudo que havam: permanecko até ex Go largemeneestangsvorauina histra deninads macigamence explora to econbmica edo socal, propondo normas de cet tildndee modes detrabainoSeareadas aren ea par txemploafonmalizacao ex model, a explicate das hip sna peogin cm equip), a ctncne soca wolaparam a poo dloiaante manta pos Rstra no campo wivertaro. A impor taclo de novos principle de legitinacio no domino das dil wri” demjaieaes empinsno Rinic 20 memo ta po que vies a converter a frapidade ntacona dis nots Cnc Fins cn begerovla ntelecsl "Ondo dan epi rma mfg (pan manda apa Satie wc pe ccna a Aresposta dos hstoriadores fi dupla. les paseram em agio uma otratégia de eapngao langande-se nas fentesaberas por ow ros. Dz onde o aparecimento de novos objtas em seu questions ‘mento asatitudes diane ds vida e cla morte, a rituls eas crengas, ‘as extnturas de parentsco, a5 formas de socsbildade, of funcio ramento escolares, et. 0 que signlicava contr novos ter ‘téries do historiador por meio da anexagio dos teritdrios dos ‘outros (etnslogos, socidlogos, demografos). Razi, corolaiamen {edo etorne macige a uma das inspragoes funddoras dos prime £05 Anais, aqueles das anos 1980: estudo das aparelhagene men tal quea dominacio da histria das sociedades hava relegado win [pouco 20 seyunde plano, Sob o terme hiia dar meutalidade As vezes, priclgia lsc, era delimitdo um campo de pesquss, dinto tanto da vetha histria das ideias quanto daquela das con Junaurase das estruturas. Sobre esses objetos nowos (ou reencantrs ‘os peiam ser posts A prova modos inéditas de tratamiento, ex traidos das dsciplinasvieinbar: as tenicas da anise ingen € semantics, as Ferramentasestatsicas da sociologia ov certs mode lose antropologin. Porm, ess captaco (ds tervtsrios, das téenicas, das marcas de cienifiidade) #6 podia ser plenamente aprovekada com acon. ficio de que no se abandonasse nada do que fundara + forca da isciplina, dada pelo watamento quanttauvo de fontes macigas € seas (registrosparoqulals, abelas semanais de precor, ceriddce de tabeionatos, etc.) Bm suas formas mafortiias, a bistra das mmentaldades construiuae, pois, aplicand a novos objeto o pin. pos d inttigibdade previamente testados na histia das eco- ‘oma ds sociedades De onde nse earactersicasespecificas& Dreferéncia dada & maioria, portanto a investigagio da eultira con ‘derade popular, a onianga na Gira ena série, o gosto pela longa ‘duracio a primasia concedida a0 recorte socoprofisional.Os 0s projrios da histéria cultural asim deSinida, que articula cone {itulgo de novos campos de pesquisa com a idelidace aos postule dos ca hist social, So atau da estratégia da discplina que «stabeleia para uma legtimidade centfics renovada~ gorania da manutengo des cenealidade institucional ~recuperando para seu benefiio a armas que deveriam ta vencido. A operaci fo, Como sesabe, ui france sucesto, estabelecendo uma alanga etre {a entre a hstra ea disipinas que, numa época, havi parcel do sae mae perigosas concorrentes. " ‘O desalo angado a hinéra nests thiimos anes & como que o Jnverso do anterior. Ele nio se ancora mais em uma criti dosh bios da dacipina em nome das inovagoes das céncias socal, mas fm uma eitia dos posulados das proprse cencias soca, Os fur ddamentor inclectuais da ofensiva so claros: de um lado, 0 etorno ‘2 uma Fost do sujelto que recue a forea das determinacies co- Tetinas e dos condicionaments socials e que pretende reabitar "a parte explicit e refletida da acio"; de outro primazia concedida fo politic, que supostamente constitu o “nivel mais globalizante” ‘da organizaco das sociedad, e, paraiso, fornece uma “nova chr ‘ve para a aruitetara da toalidade. A hiseéria &entio chamada a ‘eformular seus objetos (recomposts partir de uma interrogacio ‘Sobre a propria naturera do polc), suas referencias (endo priv Tegiado odilogo travado coma cincia politica ea teoria do dire to) e: mas fndamentalmentesinda, se principio de inteligibil- fae, destacado da “paradigm crico”e redefinide por unr flo- ‘sola da conscgncia. Em tal perpectiva,o mais urgente € entio se- patar tio niddamente quanto pastel a disciplinahistrica (svi el ao prec de “lancinantes reves") das ciénlas socials outora Alominantes (asociologia ea exrologia),condenadas por sew apego ‘majortiio a um paradigma obsolto ‘De manera disretaeenfémica, o diagnéstio feito pelo edito- rial dos Amnle, através dese tratamento diferenclado da histria, “queseencontraia em uma "evrwolacriica", das ciéncas social {que pasariam por uma “crise gor, parece-me compartthar algo ‘esa posigio, O porqué de uma questo preliminar: a consatagzo proposta po ser acita sem reservas? Proclama, depois de muitos ‘Pe plas ori ew rope om a de at ‘outros, ue as ciéncins sociis eto em crise no basta para este Tecéo, 0 relluxo do marae do eruturalismo no significa por ‘mesma aeree da sociologia cca stnologis, j& que, no campo in lelectul francs, fol justamente a dstineia das representagdes ob- jetivista propostas por exss duas ters referencias que se cons thufram ss pesguisss nals fundamentas, lembrando contraas deter ‘mia imediata ds etrutrae as capacidades inventivas doe age- ts, econtraa submissio mecinia tregra a straleiasproprias da priv, Amcama abscro vale oar para hits que per faneceu mato realctrante(escetoalgumas grandes exceyes) 20 temprege dos modelos de compreensio forjados pelo marxismo 08 pelo estruturalsmo. Do mesmo mado, no parece que o efit “re- tormo de China’, evocado para desigar os desencanto € os aban donor ideoldgico da década de 1980, enha contribuide muito para Jnquieta:e moxiear-a prea dos historiadores, pois bem powcos foram o: que fzeram a vagem de Pequim. Sem divida a suaczo ‘era bem ditinta nos anor 1960 para a geracio de historiadores que, retornando de Morcos, opunhs abordagem dogmatica de wm ‘marxiimo ortodoxo oprojeto novo hoje em diarecusado de wma histéeiaodal quantiausa rts MUDANCAS EM FORMA DE RENCINCIA Eu gostatia entdo de sugerir que a verdadeiras mutages do trabalho histrico nestes sitios anos no foram produzidas por ‘uma “rive geral das eigneias sockais (que devera ser mais demons- trada do que proclsmada) ou por ums "mudanca de paradigma (que nae se tomou relidade 6 porserardentemente desgjads por alguns), masque els esto ligase distinciatomada, nas préprias priticas de pesquisa, em relagio aos principos de intligibilidade ‘que avis govemnado ométodohistéico nos limes tint ou tint nos Ts eram esenclas:o projeto de wma hisra global, paz ‘earticnlar em uma merma spreentio on diferentes nerds tea Gade soca adefinigio territorial dor objetos de pesquisa, gralmen- te identifcadoe a deserieo de wma sodiedade intalada em um e> pace pariclae (ama cidade, un pai’ uma rego) ~ 0 que era a Eoneizio para que fosem poset colet eo tatamento dor do ‘os exigdos pela striata primaria dad a0 recone soil onsderade aptoaorgaiar a commprecnti das dferenclagde¢ ‘aside ltrs Or, este conjunto de certeasesboroouse progresivamente, deizando o campo le a uma plralidade de Mhordagens ede compreensSes Renunciando, de fat, a descrigio da ttalidade socal ¢ 0 {Entaram pensar oy unionaments soc fora de una disor idamenteherarquzada das pricase das temporlidades econ6- ts, soca, ultra, polleas) e sem que primado fone dado a tim conjuntoparicilar de deerinagbes (quer fosem teenies, ‘condmieat 8 demogrfics). Da arenas elas para deciar Gilerenemente as soeedades, penetrando 0 dédal das relagBes © {las tembeaqueat consituem a parr dem ponto de entada par ticular (omaconteciment,obecuro ou maior o rlao de uma id, tna ede de pica xpeiics) econiderando que no hd pr Cao extra qe nose} produida peas epresentagSex, cone ttaditriasealtontadas, elas quale os ndvidver eos grupos dio sentido aseu mundo ‘Remuncando considera ae diferenciagSstestriaiscome os Ambion obrigatrios de a pen, os hitoriadores ances Ur tamde a dciplinn oprocedimento de invent qu ela ava re ‘bido da ech de geograa hunana A cartograa das partrla ‘ex cas ra dev rrencontads na Gveriade scones copra fot ubeuta pola busca da reglardades~0 ques fife rear com 3a, reciaada pelos nals dos ann 1930, ‘tascloog duhheimian prefer © canbcecimento dees ge ‘a come quetina morologi soca descico das singulrdades ‘elon’ Mas como pensar osteo do eral quando ele do mais Comsiderado como vor acumula das conststagdes paroles? Conecoaes externa dhersdade das respostas das, desde squat 1900 Atm rt neh cic ne, Svea, 280, P2738. ‘que pesmanecem fia uma determinaco estausca das correla ‘eda consanes at aquelas que peiteiam pela exemplaridade da. ‘iagio e que, manipulando a nogio paradoxal de “excepconal nor ‘mal’, baseamo mae comm no menos ordinstio.® [Erfim, renunclando a0 primado trinico do recorte social para dir conta das variagdes culture, historia er seus ims _vangos mostrou, conjuatamente, que & impossvel qualifiar os ‘motios os objeto on as praticas cultura em ermosimediatamen- te rociciogicore que sua distibuigloe sc ros cm ma socteas™ {de dad ndo se organizam necesiariamente de acorda com divides sociais prévas,dentifiadasa partir das diferencasde etado e de Fortuna, Ax novas perspectnas aberta para pensar outros modos de ariculagdo entre as obras ou as prticas co mundo socal so, pols, sensveis ao mesmo tempo & pluralidade das clivagens que Atravesam uma sociedade ea dversidade dos empregos de mate Tae oude fdiges parthados DE HISTORIA SOCIALDA CULTURA |AUMA HISTORIA CULTURAL DO SOCIAL Em concordnca com esis és mudangas,iberadoras em re laglo 8 wadico institu, mas também produtoras de incerteras ‘pelo fa de no consiufrem por si mesmas um sistema wnifcado ‘decompreensio, eu gostaria agora de formula algumas proposigSes ‘organiadas em torno de uma histria das apropriagies, ‘Esa nogio parece central pars a bistriacultursl com a cond lo, toda, de ter reformulad. Esa reformalago, que enfin 2 plurliide dos empregos edas compreensoes ea liberdade ciado- Fa memo qe sea regrada~dor agentes que em os textos nema ‘orm impaem, istanciaee, em primeiro lugar, do sentido que Mi hel Foceault dao conceito, considerando a"apropriagio social dos “scorer” como um dos procediments maiores poe quai o dir. ‘euros oo anujetados e confscadoe pelos indviduos ou pels iat "Geo anaicnorsninl"Qun Seri 38172, pSOSSM tuigdesquesearrogam teu control excusivo.'Ela também se dist cia do sentido que a hermenéwtica ds 3 apropriagio, pensada como ‘Omomento em que s“aplicagao" de ma conliguragi marratva pa ‘cular sitsacio doleitorrefiguraswa compreensio desi edo mus- do, portanto sua experigncia fenomenologiea.” A apropriagi tal ‘coma aentencemos sna histrin social dos wos das interpee- ‘ages, relacionados ix uas deteminagorsfundamentais einscitos is priticar expecficas que or prodizer Dar asim atenqa0 3 con Ligges ax procenos que, tuo eouercuunete stent wap rages de construcio do sentido (na relaclo de leitura mas ambem ‘em multas outs) €reconhece, contra antiga hisira intclectual, "que nem as inteligencins nem mas sto desencarmadase, contra ‘0s pensamentos do unlvenal, que as categoriasdadas como invarian tes, quer seam floséias ou Fenomenoldgicas, deve ser constr das na descontinidade das tetris historic (0 procedimentosupde que dssnciasejatomada em relacoaos principle que fandsvam x histra socal da cultura em sua acepeio ‘lea, Uma primera variagd fl mareada ante uma concepeao c= treltamente sociogrdfica que postula que as clivagenseultrais #80 ‘rganizadas pecessariamente de acordo com um recote social cons ‘euldo prevamente. Enecessiro, cei, recusr esa dependénciaque relaciona arclferencas nos habits clturals oposigbes socials dadas (prion seu exala de contrastes macrosedpieos (entre aseltes ovo, entre os domninadorese ns dominads), jana exala de dif. Fenclagdcsmenotes (por exemplo, entre os grupossociais hierar ‘zadoe pelos nivel de fortna eas atvidades profisonals) ‘Com frit, advise culturssno se ofdenam obigatorames- te segundo uma grade nica do recorte socal, que supostamenteco- ‘manda a desigual presenca dos objetos como as dferencat nas con ‘dutas. perspectva deve entio ver invertdla edelinear, primelramen- te, rea roc (freqientementecompésita) onde ercuasn um cor 3 Em pepe de tal Miele Gece paren asc (he oan toi Arafat Let 198. us de vextos, uma ease de impressos, uma producto ou uma nor ‘a ctor Parti asim dos objets, das formas, dos e6digos eno dos grupos, era a considerar que a hstra sociocultural vveu por {empe demais sobre wma concep muda do social Prien do apenas a claslicacio socioprofisiona, el equeceu que outs Prine rior de dferenciacio, amém plenament sodas, podiamjus {tcar‘com mais pertinence varagiesculturais Bo caso das per tencassenuais ou geraionas, at adesbeseigions a rabies ed {Gidv, spuds tenor hos prfislonals Por outro lado, 2 operagio que visa caraterizaras configura ‘Ges calturaisa partir ce materia que supastamente Ihes io expe ‘iicos (exemplo elisio, a ideniieacio feita entre literatura de ‘ulgatzagao e culture popular) parece hoje em dia duplamentere- ‘utors De um lado, ela aesimilao reconkecimento das diferencas pena: desgualdades de dstribuigio; de outro, ignors 0 proces- fopelequal um texto, wma femula uma norma fem sentido para fqueles que deles se apropriam ou os recebem ‘Vijames o exemplo da ciculacio dos textos impresios nas so- ciedaces do Antigo Regime. Compreendéa exge um duplo desto- ‘amerto em relagio 3 abordagens inca. O primeiro sina ore- Conhecinento das yariacdes mais sclalmente enraiadas nos wos ‘ontstados de materials comparthados, Mais do que se esereveu [por maito tempo, os textos sio os mesos para os litres popule- {ese para aquces que no oso, Ou leltores de condo humilde io posts em pose de livos que no hes eram especificamente ‘desunsdoe (€ 0 caso de Menocchio, o moleiro de Fri itor das Viyageide Mandel, do Decameron ox do eee dlla Bibi, oude ‘Meera, o vireo parisiens,fervreso dmirador de Rousseau) (04 eno livreioreditores inventive eexperientes colocam 20a ‘ance de ua ampla cientela textos que 6 circulavam no mundo ‘strtodos letados (E 0 caso da fdrmila editorial conhecida sob 0 Yan cent sf Cen nm Sofa ma fra oo term genérico de Billahipubiews proposta a0 mais humid dos Teitores desde o final do século XVI pelo editores de Troyes). 0 e sencial é, portanto, compreener como os mesmos extos~ em for ‘a imprescas possivelmente diferentes = posem ser diversumente apreendides, manipulados, compreendides Rario da necesidace de tm segundo deslocamento sobre 25 redes de priticas que organizam os mods, histéricae socialmen- te diferenciados, da relacio com os texts. litura nao ¢somen: te uma operagée abstata de intcloogio: cla € wo do corpo, tee ‘io em um esparo, relagio consigo ou com o outro. E por esa r= ‘Ho que devem ser reconsruidasasmancres de ler proprias cada ‘comunidade de leitore,a cada urna desis inerpretiae communities, de que fata Stanley Fish? Uma histria da lic ndo pode lin ‘arse apenas & genealoga de nosas maneiras de ler, em siléacioe com os olhos; ela tema taefa de resgatar 0s gesioseaquecides, os Infbtos desaparecidos. Oempreendimento é capital, aque revela io somente.adistanteexranhcra de prticaoutrora conan, mat ‘também as ordenagdes esprifcas de textos compesos para os sos {que niosio aqueles de seus letores atuais. Assim, nos séculos XVI XVI, freqientemente ainda, altura implica do texto liters Fo ou no, ¢ constr coma uma oralizaco,e sc leitor, como lm feitor em vor alta que xe dirge a um pico de ouvintes. Des tinada tanto aoe ouvidos quando aoe ollie, a obra joga com for. mas ecom procedimentos aptos a submetero texto escrito sex gncas préprias da perfornanceoral Dos metivos manipulados por ‘Dom Qutsse x estrataras dos liros que constituem a Biotheque Deu, inimerossio 0s exemplos do vneulo tardiamente mantido ‘Wheteer the may do, entire domo writ bok Books re nati ten al. Thay ae afar y tribes and ther artisan, by mach nics and ter engine, and by printing press ond ether machined™ (0 Fah Fo Tan Tinh? Ta tif rir, Ca ‘Sige ts Baty es ep Seer Morpiaagy nate on oman Aer Pepe ng Hic que quer quefgam, os autores no excrevem os livtos. Ostivros nto ‘So atsolutamenteexcritos. S30 produzidos por copistas outros artesios, por opersros e outros Eencos, peas maiquinss de impr mire outta miquinas) A obseriagio pede levara uma outrarevi- ‘io, Contra a representagi,elaborada pela propria literatura, = {undcaqualo texto existe ef sl mesmo, independente de qualquer materia, deveeslembrar que ndo hi texto foradosuporte que ‘di ale (ous ouvir) eque nao compreensio deum escrito, jx {gual for que nto depend das form rs qua cle eye seule for. Perio, a distingo indspensivel entre dois eonjuntos de di- positnor aqueles que dizem rexpelto as estratégias de esrtura es ntendies do autor aqueles que rerltam de uma decsio de editor ‘ude ama imposigie de ofcina Cr autores mio excrevem irs: no, eles escrevem texios que controstranaformam em objtosimpressos. A distinc, que juste Imenteo espaco no qual se constr o sentido ~ ou os sentidos fo ‘Cjueida com demasida freqiéncia, nio somente pela histra i+ terra clisia, que pens a obra em s! mesma como um texto abs teat, caja formas ipogrdteas nao importam, mas também pela explimsdatetieque postula, apesar de seu desejo de historiciar 8 ‘expertneia que o eltores tm das obras, uma relado pura e im iat entre ot “sinae"emitidor peo texto - que jam com 38 con vengorsliterirasaeita~ 0 “horizonte de expecta” do pai co 20 qual sso enderecadas. Em al perspectiva;o “efeto produzi- do" nav depende abuolutamente das formas materiais que susten- ‘amo texto No entanto, eas também contebuem plenamente para ‘modelir as antecipacbes do leitor face a0 texto para ara nows priblcas ov sos ineitos. noe [REFRESENTAQOES COLETIVAS EIDENTIDADES SOCIAS Apts dese exemplo onde se enodatno texto, olivr ea lia. sa, vis proposiespovlem ser formuladas, aticulando de mane ‘anova a recortes soca eae pias cultural. primeira dels ex ‘per climinar os flos debates engajados em tomo da divs, dada ‘Como universal, entre abjetridce das estraturas (Que seria et tei da istria mais segura, aquela que, manipulando documentos ‘acco seas, quantities vecontraavociedodertl come erm ‘erdadiraments) ea subjedvidade das representagies (4 qual xe Ir aria uma outa bistria,destinada ads dstursosesitaada distinla 0 real). Tl lvagem aravesou profundamente a histri, masta bem outa ciéncae soclais como a socologia wi etnologi, pon do abordagensestratutalistas e procedimentos fenomenotdgicos, ‘aquelastraallando em grande erala sobre as pores ea eagBe ‘dos diferentes grupos, eqlentemente idenufcados a classes, ets Drivilegiando o estado dos valores e dos comportamentos de com ‘idades mais restrias, muta vezesconsderadas homogéneas."* Teac soperlacxige, primeiriniente, considerar 0s exqueras igeradres das sistemas de elasifiacioe de percepeio como verdad Fs initlqbe sora’ incorporando sob forma derepresentagbes ‘oles as disdes da organzago social “Asprimeirs categorns 6 fas foram categoras soca a primeiras clases de coi fora cas ‘ese homens quis esas coisa foram integra" mas também Considerar, corolariamente, essas representagbescoetvas como as as represenagées coledvas mais elevadas no tém eit ‘ealmente ais sendo na medida em que commandam atos"® Gantt 8 Teun dentopieomintane seer atte 8 pope gmat Ean al Ee retomoa Marcel Maus Emile Duskncim e& nogio dere preseniacioeoletva”autoiea atc, em dda melhor do que o fonceia de mentaidade, és modalidades da relacio com 0 mundo Social primero, wabalho de dasifcaio ede recote que prods ‘configaracdesntlecte mips peas quasa realidad écontrade ‘oriamente construfa plor diferentes gros que compioem umaso ‘ieadecem sei, sprétcasquevisam afizerreconbecer wma ide tidade sca exibir wna maneira propria de estar no mundo, asgn- lear sinbolicrmente tm eaatsto ema pose2; enfin 25 or ttuconalicadase objetnadas grass quis “epresentants” (insti ‘das colts ou individu sinulaes) marcam de modo vse e per etuad a exsncia do grupo, da comunidade ou da clase. ‘Uma dupa via assim aber: uma que pens construgio das idenscaes sociais como resultado sempre de una relaclo de for ‘ch enti as representagesimportas por aqueles que tém poder de lassicare de nomeare a definigo, submetia ou resistente, que ‘ada comunidade produz des mesma 2 outra que considera 0 ecorte social objetvado como a tradugio do crédito concedido 3 ‘epresentagio que eada grupo faz de mesmo, portato 8 sua paeidae de fazer com que se reconheca sua exsncia a partir de lima exbigio de unidade.” Trabalhando sobreas has de represen: tacdes,cujo objetivo éa ordenacdo da propria estrutura socal ahi ‘ria cltralafastase tem dvi de uma dependéncia demasiado tstritaem elagio a uma histria social fadada apenas a0 enusdo das Tuas econdimeas, mas umlsém fz retorno ts sobre o socal, que dedicaatergio as estratégiassimbolicas que determinam posicoes ferelagSese que constrorm, para cada classe, grapo ou meio, um “cenpereebido" constitativ de sua identidade ar historiador dae sociedades do Antigo Regime, consruir nog de representacio como onsrumento essence da anise cub "Xtaedeenemplor tural é iver ema pertingacla operatria wm das conceit ce tens manipulados new propre roiedades. A operagio de cohec- _mentaé asim relaconada 3 aparelhagem noconal que os contempo- ‘incos uaa para tonnar sua ppriasockedade men opacnasce ‘entendimento. Nas definigdes anigas (por exemplo, aquela do Dictonngin union Furie em ss edigdo de 1727) as enuadas «a pla “rpresentcio” atta dae frias de sentido aparente- ‘mente contaditrias de um ado, representacio manifesta uma a Statdajoquesupae unt aa ditin du enue oque representa cou representa; de ou, a representacio €aexbigao de uma pres ‘2, aapresentago publica de wna ovis ou de uma pesca. Nz prinera soepelo, a representa € fntrumento de wm ‘conhecimento meat que revela um objeto ausente, substtuinds- ‘9 pocumaimagem" captde tazéoaAmeméria "pinto" alcomo vA rclaio de tepresentaco, aim entendida com correlacio de ‘uma imagem pretentee de wn objeto ausente, uma vendo pelo ‘outro, sistent toda a teora do signo do pensamentoelssico,elabo- ‘ada em sua maior complesidade pelos logos de PortRoyal Por {um lado, so sus modalidadesvarieis que permitem discriminar diferentes calegorias de signos (certos ou provivels naturais ou inst tds, aderents a ou separados do que €representado, et.) © ca ractericar osinbola por sa diferenga de outros signot™ Por outro, ‘dentieando as duas condigSes necesiia para que tal relacio sa san angi trae or Brea re Ha, 190 vere Rear representa. scoitacupunen rrRnatar sem fndonerGe toa, ord (fore Dota apr dr et atts Pra Pal a Eon de Min, 17% Rin Aa Pore Nop cele p52 Pron = ‘wensellle do sinen erased ips olsen east ay ednputec dt de Rote Dre arta enacnend nr nt ‘autho a yeas enc in a aso), Roget Share Set rec oral ay 188 pan ‘cr tumion “be Sou Lemont Hay pura Maen on 9,380 [pBetU4 BUC “Carer armon aa te re Stel Women re of ead 188 po} emer ran ete of xian a Soda Soap mais ary op 327 Intel (ous, oconhecimento do signa comosigno,em saci Cincinda cof ogicad, ea enatcia de convengbes ego ‘elaco do signa com aco) Lagi de PoreRoylexabelece ot termes de ura questo fundamental aqua das poss income cubes da representa, sg or fla de prepar® do eto (gue mete formas e aon modo de inculagio ds convenes) sf ‘De wma perversa da rego do representarao, fii de teawalzago da vida social na soiedade do Antigo Regie dio © ‘exemlo mais manifest. Todas vim, com eet, fsnercom qe ‘coin enhaexscia endo na nagem que ee, com que 2 repreentaciomatcare a nv de design adoquadamente que éeureferente. A relago de representag asi earvad pea flidad da inaginact, que fr com ques tome a engode plaver. fade, cue consider orsinaievisvel como indos seguro de una sealdade que nfo existe, Asin demiada, a vepreentgio easton tase em maquina de fabricar tepeito submis, em a ist ‘mento qe produ uma imposiiointeriviada, nessa ond faa posed rears &foreabrta “Ted rellesio wbre as sociedades do Antigo Regime sé pode inscreverse na peapectiva sin tagada, uplamente pertinen ter pele fatodeconsiderar a posiglo “objet de cada nddu como dependentedo crete que concedem 8 representgio que le faz des mesmo aquelese quem espera recoahecimentor pelo {ato de compreender as formas de dominacio simbaliex como 0 corolii da améncia ou do apagamento da volencia ined, E pocanto,no procera de tongs dracio de erradicagio ds io. Tenia, que se oruou monopalio do Estado abrolutina,” que se ‘Naren it ey Seca gre a ori Et sn Can aed cael” pin. dove inscreveraimportineiacrescenteassumida pelas uta de re Dreseneacbescujo desaio € a hierarquizacio da prépria estrus asocal (OSENTIDO Das FORMA. A constatacio pole levar'a uma segunda proposta que vse 2 dleterminat as distncias mals socilmente enraizadas nat diferen ‘gis mais formaisE into, por dust raves pousivelmente contd Trias. De um lado, os dispostivos formal ~ vextuais ou materials inserevem em nuas prpriakestruturas as expectatvas e a5 com [petencias da publica que vsam, portanto, organizamse a partir de Luma representagio da diferenciagaorocal, De outro, 8 obras os ‘objetorprodzem su rea social de recepgio bem mais do questo produzidos por divisdes eristalizadas e prévas. Recentemente, Lawrence W Levine fe uma demonstraeso disso, mostrando que 4 maneira como eramn representadas as pecas de Shakespeare na “América do século XIX (isto &, mescladas a miliplas outra fr ‘mas de espeticulo como 2 farsa, 0 melodrama o bal, 0 circo) ti tha iad um piblico muito amplo, uldoso e wrbulento, que txcedia em inuitoa elte burguesa letada.” Ess dipositivs de epresentacao do drama shakespeariano sio da mesma ordem que astranslormacbes “tipogréficat”operadas pelos edtores da Bi thaguebewesobre as obras que colocam em seu catélogo: ambos vi- sam, com efeito, a inserevero texto em uma maiz eultral que indo aque de seus destinatirios primeitos permit asim wna Pluralidade de apropriagbes ‘Os dois exemplos leva a considerar as diferenciagSes cultu- ‘als, no como a tradagdo de divisdes exten eméveis, mat como efeito de procesos dindmicos. De um lado, a tansformacio das formas através das quae um texto € proposto autoriza recepeBes Inéditas, portanto, cia noves pablicos e novos uses. De outta, 3 esas a Hates Uae ema piea partitha dos mesmos bens culturais pelos diferentes grupos que ‘compacm wma sociedade sutclia a busca de nova distingdes, ap- tasamarcar as distinc mantdas. Atajetéria dolivro no Amigo Regime francés testemunha iso, Tudo se pasa como seas diferen ciagdes entre ae manciras de ler se wessem multipicadoe afin fo dedi que oeserito impress se trnava menos rao, menos ‘contfisada, mais omum: Embora, por muito tempo, s6a pose do livo isigniicase uma superioridade cultural, sio os uss do I ‘ro, ieptmos ou selvagens, ea qualidade don utjews Gpugsdlicam, ‘cuidadae ou vulgares, que se acham progressvamente invesidos de ume tal funcéo. Fsem diida essa atencio atribuida is “ormaldades das pré- ticas (segunda a expressio de Michel de Certeau), quer se rete rise 4 produgdo ot recepeto, que mais alterou uma maneira ‘lissice de escrever a hstria das mentalidades. Pimeiramente, ‘Sbrigando-aa conserar ot discursos em seus pr6prios disposi ‘vos, suas articulagBes retGrieas ou narrativas, sas estratégias per ‘Suaslas ou demonstrativa, As organizacdes dscursivas e a5 cate {gorias que as fundam ~sistemas de clasiicaco,critrios de recor te, mocor de representagdes~ no sio redutiveissidéiasque eas ‘enuncim ows temas que sustentam, Elas tm sa logic propria Chums liga que pode muito bem rer contradiéria em seus ee tos coma letra da mensagem, Segunda exigencia:tratar os discur sos em sua descontinuidadee wa discordancia. Por muito tempo, parecet fcil o eaminho que asia concluie da anise temsica de {um corjunto de textos caracterizagio de una “mentalidade” (ou fe uma “visto do mundo” ou de uma “ideologs"), depois Fria ppsear desta a uma atibuigio social univoea. A tarefa parece me- fos simples quando cada série de discursos deve ser compreend? dda em sua espectiidade, ito 6, inscrita em seus lugares (e mes) td protugio eem suas condigdes de possibilidade,relacionada aos piincfpios de regulagao que a ordenam e a controlar, ¢interro fda em seus modos de abonacio e de veracidade. Reintroducir [Bsim no coracio da ertia historia o questionamento estabelec- ‘do por Foucault para o tratamento das “séries de discusos" € cer tamente mtilar a ambigfototalizadors da intra cultura, preo- upoda com reconstrucoes global, Mar €ambema condigSo para {que ostextos, qualquer que ajam, que ohistoriadorconsttt em Srqulvos sem subtratdos& redugdesideolgicase documents ‘que os desrulam enquanto “prteasdescontinuas* FIGURAS DO PODER E FRATICAS CULTURAIS ‘osama proposta visa a compreender a pari das muta- ces no modo de exerfco do poder (geadoras de formagSes so ‘Sie nes) tant a ansforinagSes das esrutras da personal ‘Gade quanto aquela das inatiulgbese das regres que governam a produc dis obs ea erganizacio das pitas. O vincul estabe- Fecida por Eline entre, de om lado, a racioalidade de core ~ en- fendi coma uma economia priguicaespecifis, produrida pelas tigéncis de ina nova forma social, nesta a absolutsmo—e, ‘Se cuto,ostragos propos iteratura ceca em termos de hie- rarquia dos genes, de caractersicas esilsicas de convenes {eteas~designa com aculdade olgur de wm trabalho poste.” Mas rambéns a prt das divides insturadas pelo poder (por exer plo. entre orsceulos XV e XVIM,entrerarso de Fatado e conslen- ‘ia inral, entre patronatoexatal eiberdade do fro intimo) que Seven ser aprctadas 2 emergencia de ura esfea teria antdn0- ima eaconsitsigio de um mercado dos benssimbolicose dos jugar ‘ents intelectinis om exécon Extabelecese, deste modo, Un ‘space de ert lve, onde se opera uma progresva polizacio, ‘outta a monarqin eo Antigo Regime, de priticascltrais que 0 ‘iehaoxena cated a ap. "Nr yu ah ian eed guns and dr SSSI reclame tr re aoa 98, abt " lected sith Bon Sb emda aes Le ‘mealetige oe atone) ado captara em um periodo parase prowito~ ou que nasceram ‘em regio & sua infludnla, na esfra do pita. "Em um momento em que, reqlentemente, encontrase recs da apertinaci da nterpretagio socal, que nso se tome ess pour ‘a telexdereproposigdes como. indlo de wna algo a es posto, Bem ao contri, na ideliade erica wadicio dos Arna- Ue elas deseara shader 9 reformular a manera de apoiar acon [reensso das obras, das represeniagées eds pritcas nas dvs do ‘und sci qv, conjure, casi

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