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CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE

POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO


DA ORDEM PUBLICA

Resgate

JUNHO - 2019

essdmaterialdidatico@policiamilitar.sp.gov.br

1º CICLO DE ENSINO

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Sumário

Aula 1 e 2 - Viaturas e guarnições (UR, MOB e USA) conceito de primeiros socorros e obrigações do
socorrista, (Prevaricação e Omissão de Socorro); Sinalização e Isolamento ................................................ 3

Aula 3 e 4 - Visão geral das partes do corpo humano, nomenclatura das posições, Anatomia básica .......... 9

Aula 5 e 6 - Sistema cardiorrespiratório, sistema nervoso central e morte cerebral ....................................16

Aula 7 e 8 - Exame da vítima; (Análise Primária ........................................................................................19

Aula 9 e 10 - Obstrução respiratória e respiração artificial. (Engasgamento...............................................31

Aula 11 e 12 - Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP) ...............................................................................35

Aula 13 e 14 - Prática de Análise Primária; Prática de RCP/ Engasgamento ..............................................44

Aula 15 e 16 - Análise Secundária (Teoria e prática) ..................................................................................47

Aula 17 e 18 - Transporte de acidentados (uso do Ked, prancha longa e curta, colar cervical, rebatimento
na prancha, etc) ...........................................................................................................................................52

Aula 19 e 20 - Hemorragias (externa e interna), choques (hipovolêmico, cardiogênico, neurogênico,


séptico e anafilático); Técnicas de Hemostasia ...........................................................................................59

Aula 21 e 22 - Ferimentos( Imobilizações), Fratura e traumas de coluna e crânio......................................71

Aula 23 e 24 - Queimaduras e Choque elétrico: agentes causadores da lesão. Afogamento .......................76

Aula 25 e 26 - Envenenamento: agentes causadores; Animais peçonhentos, Reconhecimento e conduta 98

Aula 27 e 28 - Infarto, Angina, AVC, Epilepsia, diabetes e crise asmáticas ............................................. 103

Aula 29 e 30 - Mecanismo e fases do parto (normal ou iminente), procedimento em todas as fases ........ 116

Aula 31 e 32 - Cuidados com o recém-nascido e procedimentos pós-parto e situações de emergência ...123

Aula 33 e 34 - Suicidas, Reconhecimento e condutas ............................................................................... 137

18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 141

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Aula 1 e 2 - Viaturas e guarnições (UR, MOB e USA) conceito de primeiros socorros e
obrigações do socorrista, (Prevaricação e Omissão de Socorro); Sinalização e Isolamento ;

1. VIATURAS E GUARNIÇÕES

USA - Unidade de Suporte Avançado de Vida

Composição: 01 Médico – encarregado,

01 Cb/PM motorista; e

01 enfermeiro/técnico em enfermagem – auxiliar.

UR - Unidade de Resgate

Composição: 03 Bombeiros.

MOB – Moto Operacional de Bombeiros

Composição: Equipe com 02 motos.

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Aeronave de Transporte Aéro-Médico – Helicóptero Águia

Composição: 02 Oficiais pilotos, médico e tripulante operacional /enfermeiro.

CONCEITO DE PRIMEIROS SOCORROS

Atendimento pré-hospitalar imediato e provisório, ministrado a uma vítima de acidente ou


enfermidade imprevista, geralmente prestado no próprio local do evento, até que seja possível
seu atendimento por pessoal qualificado, e pode ser acionado por um dos sistemas públicos e
privados, tais como o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgências) acionado pelo
número 192; Serviço de Resgate do Corpo de Bombeiros, acionado pelo número 193; serviços de
atendimento a acidentes em rodovias privatizadas (concessionárias), serviços de atendimento
médico-domiciliar para conveniados, etc..., onde o policial militar, poderá ser o primeiro elo no
auxílio deste socorro.

OBRIGAÇÕES DO SOCORRISTA

O PERFIL DO SOCORRISTA (POLICIAL MILITAR) PARA ATUAR NA PRESTAÇÃO


DE PRIMEIROS SOCORROS.

É fundamental que um policial militar sempre se mantenha atualizado e seja submetido a


constantes reavaliações. Também é imprescindível que ele saiba lidar com o público, pois
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durante o atendimento poderão ocorrer situações em que as vítimas apresentarão distúrbios de
comportamento. Caberá ao policial militar superar tais situações, atuando de modo profissional.
A honestidade e autenticidade durante o trato com a vítima são pontos importantes, considerando
o próprio “stress” da emergência, por isso o policial militar deverá se comunicar com a vítima
sem mentiras ou falsas promessas. Nesse sentido, a comunicação poderá ser benéfica à vítima,
contribuindo para tranquilizar a mesma.

A comunicação, entretanto, deverá ser norteada pelo discernimento do policial militar sobre o
que pode ou não ser transmitido à vítima.

O controle dos próprios sentimentos e a estabilidade emocional são características que o policial
militar tem que desenvolver, pois no atendimento de vítimas graves, ao tomar contato com
dramas pessoais e situações críticas, não poderá deixar que o “stress” da ocorrência possa
perturbar sua condição de profissional.

Para o completo desenvolvimento profissional e emocional; é necessário que o policial militar


seja altamente disciplinado e demonstre isso durante o atendimento, agindo de forma discreta,
observando a linguagem diante das vítimas e do público, sem fazer comentários sobre a
gravidade do acidente. Sua atuação e aparência poderão facilitar consideravelmente o
atendimento.

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Para completar o perfil de um bom policial militar, há que se considerar sua condição física e de
saúde, pois um indivíduo que tem limitações ou dificuldades nessa área aproveitará muito pouco
do treinamento ao qual foi submetido.

O policial militar é um indivíduo especial e muito importante para sua comunidade, portanto
deverá estar preparado para cumprir sua missão.

DEVERES DE UM POLICIAL MILITAR NA ATIVIDADE DE PRONTO-


SOCORRISMO

Cuidar antes de tudo de sua própria segurança: utilizar medidas de proteção individual, como
luvas, máscara ou barreira facial para ventilação, óculos protetores, etc. Observar a segurança do
local antes de abordar a vítima e estabelecer o acesso a ela de forma segura.

Proporcionar atendimento pré-hospitalar imediato aplicando imediatamente: procedimentos de


primeiros socorros, dentro de seu nível de capacitação; manusear a vítima sem causar-lhe danos
adicionais; solicitar ajuda e apoio necessário e acionar os serviços de atendimento especializados,
sempre que possível; obter ajuda de parentes ou curiosos de forma organizada e considerar as
informações que o local pode apresentar.

Cuidar para a manutenção do atendimento e estabilização da vítima: mantendo os cuidados com


a vítima durante o transporte ou até a entrega a profissionais especializados e transmitir todas as
informações pertinentes ao atendimento.

SEGURANÇA SE LOCAL E PROTEÇÃO PESSOAL

OBJETIVOS

Aplicar regra gerais de biossegurança no atendimento pré- hospitalar;

Identificar os potenciais riscos em locais de ocorrência;

Adotar procedimentos de sinalização e isolamento de local.

REGRAS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA


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No atendimento a vítimas de acidentes ou enfermidades imprevistas, o policial militar deve estar
ciente dos riscos biológicos a que poderão estar expostos. Por isso, deve sempre ter em mente
que os equipamentos de proteção individual são imprescindíveis para a diminuição dos riscos de
contágio.

São regras gerais:

Evitar contato direto com sangue e ou secreções da vítima;

Sempre utilizar luvas de proteção e métodos de barreira, no contato com a vítima;

Sempre lavar as mãos após qualquer atendimento;

Descartar os materiais utilizados em local apropriado.

IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS

Em locais de acidente, geralmente poderão surgir fatores que colocarão em risco o atendimento
às vítimas; por essa razão, o policial militar deve obter informações ao aproximar-se do local da
emergência, verificar as condições de segurança de local para si e para a vítima. Situações como
vazamento de combustível, queda de fios elétricos ou presença de gases tóxicos podem
comprometer seriamente o atendimento.

SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DA ÁREA

Sinalização:

Em um acidente ou local de sinistro, uma das primeiras providências que devem ser adotadas é a
sinalização. O policial militar deverá ter em mente que locais de acidente, geralmente, são
cenários propícios para a ocorrência de novos acidentes. Para sinalizar um local de ocorrência,
poderão ser utilizados recursos diversos, como a própria viatura policial, com seus dispositivos
luminosos, triângulo de segurança, cones ou meios de fortuna.

Todo acidente pode gerar um local de crime: razão pela qual é dever de todo policial militar
preservá-lo para a devida apuração de responsabilidade penal, pela autoridade policial.

Só se justifica a alteração de local de crime nas seguintes situações:

Necessidade de socorro imediato às vítimas;

5isco de vida para as vítimas, para quem for prestar socorro ou outras pessoas;

Risco de novos acidentes;

Impossibilidade de outra forma de salvamento ou de acesso às vítimas.


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ISOLAMENTO

Após a sinalização, deverá será providenciado o isolamento da área onde se encontra a vítima,
levando-se em conta.

Restrição de acesso ao local onde se encontra a vítima;

Proteção da equipe de trabalho;

Evitar a obstrução do fluxo de trânsito, em vias públicas, sempre que possível;

Garantir rápido acesso e saída de veículos de socorro. Figuras 2 e 3 - Sinalização e isolamento de


local de oc

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Aula 3 e 4 - Visão geral das partes do corpo humano, nomenclatura das posições, Anatomia
básica.

2. ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANAS

ANATOMIA

Anatomia é a ciência que trata da forma e da estrut ura do corpo humano, e Fisiologia é a parte da
ciência que trata das funções orgânicas, process os ou atividades vitais, como crescimento,
nutrição, respiração, entre outros.

DIVISÃO DA ANATOMIA HUMANA

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ANATOMIA SISTÊMICA ANATOMIA REGIONAL ANATOMIA CLÍNICA

Anatomia Sistêmica: estuda o corpo em uma série de sistemas de órgãos, tais como, digestório,
ósseo, articular, circulatório, entre outros.

Anatomia Regional: Estuda as regiões do corpo como tórax, abdome, coxa e braço.

Anatomia Clínica: desenvolve a aplicação dos conhecimentos como fundamento científico da


realização do exame físico do doente, utiliza o conhecimento anatômico básico na interpretação
dos sintomas e das alterações de órgãos e sistemas, interpreta e descrever documentos
imagiológicos (RX, tomografia, etc) e estabelece a sua correlação com doenças e traumas.

DIVISÃO DO CORPO HUMANO

O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça corresponde à


extremidade superior do corpo estando unida ao tronco por uma porção estreitada, o pescoço. O
tronco compreende o tórax e o abdome com as respectivas cavidades torácica e abdominal; a
cavidade abdominal prolonga-se inferiormente na cavidade pélvica. Dos membros, dois são
superiores ou torácicos e dois inferiores ou pélvicos. Cada membro apresenta uma raiz, pela qual
está ligada ao tronco, e uma parte livre.

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O corpo humano divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros.

POSIÇÃO ANATÔMICA

A “Posição Anatômica” é a referência padrão do corpo usada para descrever a localização de


estruturas do corpo humano padronizando e facilitando o seu entendimento.

Sempre que tivermos que definir posições (esquerda, direita, anterior, posterior, ventral, dorsal,
etc.) estaremos visualizando o corpo humano na “Posição Anatômica”.

DESCRIÇÃO DA POSIÇÃO ANATÔMICA

 Está em pé (posição ereta ou ortostática);


 Com a cabeça voltada anteriormente e o olhar na linha do horizonte;
 Tem os membros superiores pendentes ao longo do tronco, com as
palmas das mãos voltadas anteriormente;
 Tem os membros inferiores justapostos, com os dedos dos pés
direcionados anteriormente.
 Todas as representações anatômicas são descritas em relação à
posição anatômica para assegurar que as descrições não sejam
ambíguas (MOORE, DALLEY, 1999).

A posição anatômica é adotada internacionalmente, em descrições anatômicas e médicas; e com


ela pode-se relacionar as diferentes partes do corpo.

PLANOS DE DELIMITAÇÃO E SECÇÃO DO CORPO HUMANO

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Na posição anatômica o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes a sua superfície.
Para facilitar a compreensão da relação entre as estruturas, uma em relação à outra, planos de
referência imaginários passam através do corpo e o dividem.

PLANOS

Plano Sagital ou Mediano: divide o corpo em metades simétricas direita e esquerda.

Plano frontal ou Coronal: planos verticais que atravessam o corpo formando ângulos retos com o
plano mediano, dividindo-o em partes anterior (frontal) e posterior (dorsal).

Plano transversal: planos horizontais que dividem o corpo em partes superior e inferior.

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SUBDIVISÕES ANATÔMICAS DO CORPO HUMANO

PROXIMAL: É o terço mais próximo da origem da extremidade.

MEDIAL: É o terço central ou médio da extremidade.

DISTAL: É o terço mais distante da origem da extremidade.

CAVIDADES CORPORAIS

Dentro do corpo humano existem espaços que fazem mais do que separar os órgãos. Esses
espaços também tem a função de proteger e promover sustentação. A estes espaços chamamos de
cavidades do corpo.

CAVIDADE CRANIANA

A cavidade craniana consiste principalmente de cérebro, meninges e líquido cefalorraquidiano. O


fluido cerebrospinal é um fluido transparente e incolor que está presente no cérebro e espinal
medula; meninges são membranas que rodeiam o nosso sistema nervoso central.

O volume da nossa cavidade craniana é entre 1,200-1,700 centímetros. Cavidade craniana


também é chamado o espaço intracraniano.

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CAVIDADE TORÁCICA

Na cavidade torácica encontramos outra subdivisão: a cavidade do pericárdio (onde está o


coração) e duas cavidades onde se localizam os pulmões (chamadas pleurais). Há ainda uma
cavidade central chamada de mediastino; nela estão às vísceras torácicas, menos os pulmões.

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CAVIDADE ABDOMINAL

QUADRANTES ABDOMINAIS

A localização dos principais órgãos


abdominais podem ser facilitadas pela
divisão do abdômen em quadrantes
traçando uma linha imaginária que
passa pelo umbigo e pela linha mediana
do corpo.

CAVIDADE PÉLVICA

A pelve é subdividida em pelves maior e menor. A pelve maior, superior à abertura superior da
pelve, protege as vísceras abdominais inferiores (íleo e colo sigmoide). A pelve menor oferece a
estrutura óssea para os compartimentos da cavidade pélvica e do períneo, separados pelo
diafragma da pelve. O períneo refere-se à região que inclui o ânus e os órgãos genitais externos,
se estendendo do cóccix até o púbis e abaixo do diafragma pélvico. O quadril une a coluna
vertebral aos dois fêmures. Contém funções primárias e secundárias. •

Funções primárias: sustenta o peso do corpo nas posições sentadas e de pé; oferece fixação para
os fortes músculos da locomoção e postura

Funções secundárias: conter e proteger as vísceras pélvicas e as vísceras abdominais inferiores;


proporcionar sustentação para as vísceras abdominopélvicas e para o útero grávido; proporcionar
fixação para uma série de estruturas como corpos eréteis (corpos cavernosos e o corpo
esponjoso), músculos e membranas entre outros.

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Aula 5 e 6 - Sistema cardiorrespiratório, sistema nervoso central e morte cerebral.

3. SISTEMAS DO CORPO HUMANO

O corpo humano é formado pelos sistemas: cardiovascular, respiratório, digestório, nervoso,


sensorial, endócrino, excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, imunológico, linfático,
tegumentar. Cada um deles envolve órgãos que atuam para a realização das funções vitais do
organismo.

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Estudaremos abaixo alguns desses sistemas.

SISTEMA CARDIOVASCULAR (CIRCULATÓRIO)

Formado pelos vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos capilares) e o coração, o sistema
cardiovascular ou sistema circulatório é responsável pela movimentação sanguínea no corpo
humano uma vez que sua função é transportar oxigênio e nutrientes para todas as partes do

corpo.

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Formado pelas vias respiratórias (cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios) e pelos
pulmões, o sistema respiratório é responsável pela absorção do oxigênio do ar e da eliminação do
gás carbônico retirado das células.

SISTEMA NERVOSO

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Formado pelo sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e sistema nervoso periférico
(nervos cranianos e raquidianos), o sistema nervoso é responsável pela captação, interpretação e
respostas às mensagens recebidas.

MORTE CEREBRAL

O que é morte cerebral

A morte cerebral, também chamada de morte encefálica, ocorre quando não há mais nenhum tipo
de atividade cerebral, seja elétrica (dos micro-impulsos entre os neurônios), circulatória ou
metabólica (referente a utilização de oxigênio, glicose e outros nutrientes pelas células
cerebrais). No entanto, é preciso que este fim das atividades seja irreversível.

No ponto de vista legal, esta é a principal definição de morte, pois classifica o fim da vida
mesmo que o coração ou pulmões consigam ser mantidos funcionando por aparelhos ou
medicamentos.

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Aula 7 e 8 - Exame da vítima; (Análise Primária).

4. AVALIAÇÃO DE VÍTIMAS - ANÁLISE PRIMÁRIA

AVALIAÇÃO DE VÍTIMAS

É o processo ordenado pelo qual obteremos informações sobre os problemas de natureza clínica
ou traumática da vítima, por meio de entrevista e exames físicos, procurando identificar as
alterações que a coloquem em risco de morte e oferecendo-lhe os cuidados de Atendimento Pré-
hospitalar de modo a mantê-la estabilizada buscando sempre melhorar seu estado geral.

MEDIDAS PRELIMINARES

Adotar as precauções universais no contato com a vítima utilizando equipamentos de proteção


individual apropriados para cada caso;

Avaliar e assegurar a cena de emergência, precavendo-se, isolando ou eliminando riscos para si e


para a vítima;

Prestar informações imediatas à Central de Regulação sobre a situação encontrada e solicitar o


apoio necessário para a solução da ocorrência.

Sequência sistemática de avaliação da vítima (análise primária e secundária);

Sinais e sintomas específicos de emergência médica;

Suspeitar de trauma associado a uma emergência médica, em especial, naquelas vítimas


encontradas inconscientes ou com incapacidade de se comunicar com o socorrista;

Conduta e/ou comportamento da vítima, atentando para qualquer alteração em suas condições,
em quaisquer das etapas de avaliação;

Se a vítima apresentar-se, em qualquer momento, inconsciente, inicie o Transporte Imediato

ANÁLISE PRIMÁRIA

Empregar o método ABCD - E, derivado do conceito de avaliação:

A – airway (vias aéreas) + estabilização de coluna cervical;


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B – breathing (respiração);

C – circulation (circulação);

D – disability (alteração neurológica).

E – exposition (exposição do paciente para a análise secundária).

(A) ESTABILIZAÇÃO CERVICAL

Esta é uma preocupação prioritária nas vítimas com suspeita de trauma ou encontradas
inconscientes para prevenir o agravamento de eventual lesão medular que poderá levar a
consequências como parada respiratória ou paralisias.

Considerar todo paciente encontrado inconsciente como portador de lesão raquimedular, visto
que é incapaz de fornecer informações ao socorrista sobre seu estado de saúde.

Manter a coluna cervical estável, nas vítimas de trauma, em posição neutra, manualmente,
durante todos os procedimentos até a aplicar do colar cervical e também do apoio lateral de
cabeça assim que a paciente estiver posicionada sobre a prancha rígida.

Devemos ser cautelosos, pois vítimas conscientes costumam se movimentar tão logo percebam a
chegada do socorro.

CONSTATAR A INCONSCIÊNCIA POR MEIO DE ESÍMULOS AUDITIVOS E TÁTEIS

CHAMAR E TOCAR NA VÍTIMA PELO MENOS 3 VEZES

Depois que o motorista estabilizar a cabeça da vítima o Encarregado da Equipe deve tocá-la nos
ombros e chacoalhá-los levemente.

Insista no estímulo pelo menos 3 vezes.

Cada estímulo deve ser uma tentativa isolada de obter uma resposta, ou seja, toque, chame pela
vítima em voz alta e observe a sua reação.

Varie o estímulo verbal aplicado. Algumas respostas somente são obtidas mediante ordem
verbal, portanto, solicite ao final que a vítima “abra os olhos”!

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA CONSCIENTE


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Apresente-se para a vítima e saiba seu nome. Dê-lhe tratamento personalizado daí em diante
sempre utilizando seu nome durante o atendimento.

Obtenha dados sobre o ocorrido a fim de direcionar a avaliação da vítima para a queixa principal
da emergência clínica ou traumática.

INFORME O QUE SERÁ FEITO

Diga o que pretende fazer e que necessita de sua colaboração. Será necessário expor algumas
partes do corpo. Verifique se não há objeções por parte da vítima.

A partir daí siga a sequência de avaliação estabelecendo as prioridades de atendimento.

SEQUENCIA DE AVALIAÇÃO DE UMA VÍTIMA INCONSCIENTE

Se a vítima estiver inconsciente muitas informações importantes deixarão de existir e que poderia
ser útil na descoberta do tipo de emergência clínica ou, por meio das queixas, da existência de
uma trauma existente.

Neste caso o socorrista deverá seguir rigorosamente as etapas de avaliação primária e secundária.

LIBERAÇÃO DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES

(A) VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO

Se a vítima estiver INCONSCIENTE terá, naturalmente, um problema de vias aéreas. A língua


pode ser um fator de obstrução respiratória que figura dentre as principais causas de morte.

Será necessário efetuar manobras que permitam o afastamento da língua da laringe.

INSPEÇÃO PRÉVIA DA CAVIDADE ORAL

Antes de efetuar a abertura das vias aéreas inspecione a cavidade oral, pois se houver presença de
vômitos, secreções ou corpos estranhos estes poderão obstruí-las após a manobra aplicada.

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REMOÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS VISÍVEIS

Sempre que efetuar uma das manobras de liberação das vias aéreas recomendadas anteriormente,
abra a boca da vítima, inspecione a cavidade oral e remova corpos estranhos visíveis.

A tentativa chamada “busca às cegas” é um procedimento extinto e não pode ser utilizado, pois
pode empurrar objetos para a garganta produzindo uma obstrução total das vias aéreas.

OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA POR SECREÇÕES

 Em casos de obstrução grave por substância líquida ou semilíquida, e estando a vítima


deitada, o socorrista deve movimenta-la em decúbito lateral, na “Posição de
Recuperação” enquanto se obtém um equipamento para aspiração das vias aéreas.
 Executar a limpeza manual da cavidade oral.
 Em vítima com história de trauma, que necessita de posicionamento lateral para
drenagem de secreções, é preciso movê-la em bloco mantendo o alinhamento do corpo
(cabeça, pescoço, ombros e dorso) durante o procedimento.

MANOBRA DE LIBERAÇÃO DAS VIAS AÉREAS

Utilize a manobra de liberação de vias aéreas adequadas para cada tipo de emergência, seja ela
clínica ou traumática.

VÍTIMA DE TRAUMA: manobra de elevação da mandíbula

CASOS CLÍNICOS: manobra de inclinação da cabeça e elevação de queixo

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(B) VERIFICAÇÃO DA RESPIRAÇÃO

A verificação da presença da respiração DEVERÁ deve ser realizada observando-se diretamente


a expansão torácica. Apóie suavemente uma das mãos sobre o abdômen em busca de
movimentos abdominais enquanto mantem o olhar diretamente para o tórax da vítima. Algumas
pessoas possuem respiração predominantemente abdominal, como os idosos, ou estarem com
roupas grossas ou volumosas dificultando somente a visualização, ou ainda a respiração poderá
estar muito superficial. Associando o tato com a visão o Socorrista terá melhor assertividade na
verificação.

O Socorrista deve checá-la num tempo de até 10 segundos. Diferenciar uma respiração
NORMAL de uma respiração ANORMAL (GASPING).

IMPORTANTE:

A avaliação da respiração dever ser realizada SIMULTANEAMENTE com a verificação do


pulso central. De forma didática estamos estudando-as, separadamente neste Manual.

(C) CIRCULAÇÃO - PULSO CENTRAL

O socorrista profissional de saúde deve gastar um tempo inferior a 10 segundos tentando checar a
presença de pulso central (carotídeo ou femoral).

Se não conseguir sentir o pulso em até 10 segundos, deve iniciar as compressões torácicas,
mesmo que haja dúvida. Esta proposta visa melhorar a rapidez e a eficácia no diagnóstico
(constatação da parada cardíaca) e iniciar as compressões torácicas precocemente.

VERIFICAÇÃO DO PULSO CAROTÍDEO

O pulso carotídeo é o pulso de primeira escolha para avaliar parada cardíaca em idades maiores
que 1 ano, embora o femoral também possa ser utilizado.

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Deve-se manter a cabeça da vítima hiperextendida com uma das mãos do Socorrista, exceto em
vítima de trauma. Com a outra mão, palpa-se o pulso deslizando dois ou três dedos da traqueia
em direção aos músculos laterais do pescoço, onde se abordam os batimentos da carótida na
fenda que separa estas duas estruturas. A palpação homolateral ao reanimador (do mesmo lado) é
a mais indicada.

VERIFICAÇÃO DO PULSO BRAQUIAL

Para vítimas de até 1 anos de idade apalpe o pulso braquial

Use dois ou três dedos para encontrar o pulso. Use somente a ponta d os dedos e nunca o polegar
(usando o polegar, o examinador poderá sentir seu próprio pulso digital).

Pressione levemente, pois, do contrário, você pode interromper o pulso da vítima.

(D) AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

ESCALA DE COMA DE GLASGOW

HISTÓRICO

A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é uma escala neurológica que parece constituir-se num
método confiável e objetivo de registrar o nível de consciência de uma pessoa, para avaliação
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inicial e contínua após um traumatismo craniano. Seu valor também é utilizado
no prognóstico do paciente e é de grande utilidade na previsão de eventuais seqüelas.

Inicialmente usado para avaliar o nível de consciência depois de trauma encefálico, a escala é
atualmente aplicada a diferentes situações.

A escala compreende três testes: respostas de abertura ocular, fala e capacidade motora. Os três
valores separadamente, assim como sua soma, são considerados.

DECORTICAÇÃO ou DESCORTICAÇÃO

Quadros de trauma, tumores ou de hemorragia que acometam áreas cerebrais localizadas acima
do colículo superior no tronco encefálico, de modo a eliminar a influência docórtex sobre os
tratos motores, resultam numa condição patológica denominada descorticação.

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Nessa condição, é afetado e interrompido o trato motor córtico-espinal, responsável pela flexão
dos músculos. Já o trato rubro-espinal, responsável pela flexão dos músculos do membro
superior, encontra-se íntegro apesar de ter perdido a conexão com vias ativadoras do córtex. Esse
trato também possui conexão com vias ativadoras do cerebelo e por isso ele manterá sua
funcionalidade, apesar de que esta se dá de forma anormal devido à perda de vias do córtex.

Os tratos responsáveis pela extensão dos músculos, tais como os tratos vestíbulo-
espinal e retículo-espinal, não terão sua funcionalidade alterada nesse tipo de lesão.

Como o trato flexor córtico-espinal foi afetado, este se tornará inativo levando à extensão dos
membros inferiores do indivíduo. E, como o trato rubro-espinal apresenta funcionalidade
anormal, ocorrerá a flexão dos membros superiores. Essas características motoras dos membros
são levadas em conta na avaliação diagnóstica do coma traumático, que é feita através da Escala
de Coma de Glasgow. Um indivíduo que apresente um quadro de decorticação já se encontra em
coma grave, porém o prognóstico é mais favorável que a Descerebração podendo evoluir para
ela.

DESCEREBRAÇÃO

Descerebração é uma condição patológica resultante de quadros de trauma, tumores ou


de hemorragia que acometam áreas cerebrais acima da região localizada entre ocolículo
superior e o inferior no tronco encefálico, de modo a eliminar a influência do córtex sobre os
tractos motores.

Nessa condição são afetados e interrompidos os tractos motores rubro-espinal e cortico-espinal,


ambas vias responsáveis pela flexão de músculos sendo que o tracto rubro-espinal está associado
a flexão da parte proximal dos membros superiores.

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Os tractos responsáveis pela extensão dos músculos tais como os tractos vestibulo-espinal e
reticulo-espinal não terão sua funcionalidade alterada nesse tipo de lesão.

Quando o córtex perde influência ativadora sobre tais tractos flexores estes por sua vez se
tornarão inativos levando à extensão dos quatro membros do individuo. Essas características
motoras dos membros são levadas em conta na avaliação diagnóstica do coma traumático, que é
feita através da Escala de Coma de Glasgow.

Um individuo que apresente um quadro de descerebração, já se encontra coma grave, sendo que
a descerebração tem prognóstico pior que a *Decorticação.

INTERPRETAÇÃO DA PONTUAÇÃO FINAL DA ESCALA DE COMA DE GLASGOW

Pontuação total: de 3 a 15

3 = Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo)

4 = Coma profundo;

7 = Coma intermediário;

11 = Coma superficial;

15 = Normalidade.

CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO

3-8 = Grave; (necessidade de intubação imediata)

9-12 = Moderado;

13-15 = Leve.

ESCALA DE COMA DE GLASGOW PARA VÍTIMAS DE ATÉ 5 ANOS DE IDADE

Tendo em vista o estado cognitivo variado em crianças nas diversas idades que compreendem a
faixa etária até 5 anos e os diferentes níveis de resposta aos estímulos foram estabelecidas

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variações para as respostas, em especial, a verbal e a motora, conforme abaixo:

Tempo nesta solicitação.

Lembre-se de que você foi treinado para atuar numa situação de emergência e suas intenções
serão devidamente reconhecidas pelas pessoas.

EXCEÇÕES NA EXPOSIÇÃO DE VÍTIMAS

Algumas peças do vestuário não devem ser removidas. Por exemplo, uma pessoa que está usando
luvas e que tem um ferimento aberto na mão, poderá ter o sangramento aumentado, quando o
Socorrista tenta retirá-las. Neste caso, corte as luvas ao redor da lesão e faça a compressão direta
para controlar o sangramento. Tenha muito cuidado nos casos de esmagamento das mãos. As
mesmas orientações são aplicadas na remoção de sapatos ou botas.

Os calçados especializados, como as botas usadas em determinados trabalhos, exigem um


treinamento especial para retirá-las com segurança. Deve sempre ser executado por dois
socorristas. As perucas e outras aplicações artificiais de cabelo fazem parte do vestuário. Ao
examinar o couro cabeludo, você pode reconhecer a peruca ou as bordas de uma aplicação. Não
remova a peruca ou as aplicações, antes da imobilização adequada da cabeça e coluna cervical da
vítima. Também, nos casos em que a vítima utilizar uma peruca e você observou um

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sangramento ou deformidade no local, não apalpe diretamente a lesão do couro cabeludo, abaixo
da peruca. lsto previne agravos adicionais ao ferimento da cabeça e aumento da hemorragia.

TÉCNICA DE EXPOSIÇÃO DE VÍTIMAS

Respeitar as objeções do paciente, por motivos pessoais, incluindo religiosos, desde que isso não
implique em prejuízo para o atendimento com conseqüente risco à vida.

Evitar danos desnecessários ao remover vestes e/ou calçados.

Utilizar tesoura apropriada (de ponta romba) evitando meios de fortuna que possam produzir
ferimentos ou causar contaminação.

Cobri-lo, logo que possível, com manta aluminizada, cobertor ou lençóis limpos, evitando tempo
demasiado de exposição que possa contribuir para a hipotermia.

Relacionar e guardar vestes, calçados, adereços e acessórios danificados e entregá-los mediante


recibo no hospital de referência da região.

Padrões de corte de vestes a serem adotados (linhas de corte).

CORTE PARA VESTIMENTAS FECHADAS

Observe as linhas de corte para roupas como camisetas, blusas, entre outros.

Utilize tesoura de ponta romba para efetuar o corte. É inadequado e contrário ás orieintações
deste Manual o uso de facas, canivetes, estiletes ou quaisquer instrumentos que possam causar
ferimentos.

29
LINHAS DE CORTE PARA VESTIMENTAS FECHADAS SOBRE O TÓRAX E ABDOMEN

SEQUENCIA DE CORTE DE CAMISETAS

30
LINHAS DE CORTE E SEQUENCIA DE REMOÇÃO DE CALÇAS

Aula 9 e 10 - Obstrução respiratória e respiração artificial. (Engasgamento).

5. OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA POR CORPOS ESTRANHOS

Engasgo ou obstrução de vias áereas por corpo estranho (OVACE) é o bloqueio da traquéia de
uma pessoa por um objeto estranho, vômito, sangue ou outros fluidos. Engasgo é considerado
uma emergência médica.

Em casos severos, o engasgo pode levar a pessoa à morte por asfixia em apenas 4 minutos ou
deixá-la semi-consciente ou inconsciente por um tempo. Nessa situação, deve-se agir rápida e
precisamente para evitar complicações. A orientação eficaz do Atendente do Serviço de
Emergência médica pode valer mais que qualquer atendimento médico e evitar a morte da
vítima.

As principais diferenças de abordagem se dão de acordo com:

31
 a faixa etária do paciente (adulto, crianças e neonatos);
 se gravidez ou obesidade mórbida;
 se a vítima está consciente ou inconsciente

SINAIS DE OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS

Para que o socorrista faça qualquer intervenção devem estar presentes os chamados “sinais
universais de asfixia” como os que estão apresentados ao lado. Caso contrário, incentive a vítima
a continuar tossindo para expulsar o corpo estranho.

Mãos na garganta”;

Incapacidade de tossir ou falar;

Tosse fraca ou ineficiente.

PERGUNTE: você está engasgada?

Se a vítima somente acenar afirmativamente com a cabeça considere que a obstrução é total!

MANOBRA DE HEIMILICH

Uma manobra pode ser salvadora neste momento. Conhecida como Manobra de Heimlich, foi
descrita em 1974 por Henry Heimlich.

32
Inicialmente reconhecida pela Cruz Vermelha, foi adotada e difundida mundialmente como uma
manobra salvadora de vidas. É uma tosse “artificial” ou “auxiliada”, com o intuito de expelir o
objeto ou alimento da traqueia da pessoa

Esta manobra já é de domínio público em vários países onde é comum encontrarmos cartazes
com estas instruções, especialmente em restaurantes sempre associado ao número de emergência
local. Desse modo, é imprescindível que o atendente do SME seja competente para fornecer
instruções claras que auxiliem nas manobras de desobstrução

O posicionamento correto das mãos e os “puxões para cima” elevam subitamente o diafragma
criando compressão do ar residual das vias aéreas.

DESOBSTRUÇÃO EM OBESOS E GESTANTES

Nestes casos, ocorre um melhor resultado com as compressões torácicas já que as compressões
abdominais têm pouca efetividade para criar uma pressão nas vias aéreas.

Compressões sucessivas realizadas no mesmo local das compressões torácicas na RCP.

33
MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO EM CRIANÇAS

DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM BEBÊS

Constate a obstrução e Apoie a cabeça e vire o Posicione apoiado


inicie a “tapotagem” bebê do outro lado sobre a outra perna

VÍTIMAS INCONSCIENT ES

Se umaEvfíe
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o
compressões no esterno inspecione a boca objetos visíveis
cardiopulmonar com emprego de compressões e tentativas de ventilações de.

 Faça 30 compressões torácicas como na RCP.


 Inspecione a cavidade oral e tente ver se o objeto saiu.
 Tente efetuar 2 ventilações de para ver se o ar passa.
 Repita a sequência até a desobstrução das vias aéreas.

34
Depois da desobstrução mantenha a vítima que esteja inconsciente ou que apresente vômitos na

POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO.

Aula 11 e 12 - Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP).

6. PARADA CARDÍACA

No Brasil, ocorrem 160 mil mortes súbitas por ano. Pessoas que aparentam absoluta normalidade
estão conversando com a família, andando pelo shopping, assistindo a um jogo, quando de
repente têm uma parada cardíaca e morrem.

Essa causa de morte é mais frequente depois dos 40 anos de idade e em maior número do que
somados os casos fatais de AIDS, acidentes com armas de fogo e automobilísticos, câncer de
mama e de pulmão.

A reação das pessoas que presenciam um fato como esse, em geral, é de perplexidade. Algumas
saem correndo e gritando sem saber como socorrer o doente; outras tentam colocá-lo num
35
automóvel para buscar socorro num hospital. Entre todas, essa é a pior medida que poderemos
tomar porque, segundo os médicos especialistas, estaremos provavelmente transportando um
cadáver, uma vez que em 5 minutos, 50% dos indivíduos com parada cardíaca morrem. A partir
daí, 10% morrem a cada minuto que passa, portanto, em dez minutos, estarão todos mortos.

Em vista disso, é absolutamente fundamental saber como se deve agir quando alguém por perto
sofreu uma parada cardíaca. Tomar as medidas corretas nos primeiros minutos pode salvar a vida
de muitos pacientes.

LOCAIS DE MAIOR INCIDÊNCIA

Os locais com maior incidência de parada cardíaca costumam ser fora do ambiente hospitalar. Na
verdade, 86% das paradas cardíacas ocorrem nos próprios lares das vítimas, e mais de 50% dos
casos são assistidos por um adolescente ou por uma criança sem nenhum adulto por perto. Os
14% restantes, um número também muito grande, ocorrem em vias públicas ou em lugares de
grande concentração de pessoas como shopping centers, estádios desportivos, aeroportos, dentro
de aviões, cadeias públicas e, em alguns países, nos campos de golfe e nos cassinos.

MECANISMO FISIOLÓGICO

Acima de 85% das vezes, a parada súbita do coração é provocada por uma lesão aguda chamada
ataque cardíaco, geralmente, um infarto agudo do miocárdio. Quando um acidente desses
acontece, um dos mecanismos do coração para preservar a si mesmo é desencadear arritmias que
podem progredir para uma das modalidades mais frequentes de parada cardíaca: a fibrilação
ventricular.

Para entender melhor o que é fibrilação ventricular, vamos imaginar um barco com remadores
obedecendo ao comandante que lhes ordena – “Comecem a remar” -, mas não indica a direção e
cada um deles rema para um lado diferente. A embarcação não sai do lugar, é óbvio. A mesma
coisa acontece com o coração nos casos de fibrilação. Na realidade, o coração não parou de
funcionar, mas está batendo de maneira caótica e não consegue bombear o sangue que deveria

36
irrigar o cérebro e os outros órgãos. No Brasil, isso acontece todos os anos com 160 mil pessoas
que não deveriam estar morrendo, porque existem meios para salvá-las.

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

Até pouco tempo, parada cardíaca era sinônimo de morte. Não mais do que 2% das pessoas
sobreviviam. Hoje, números mundiais mostram que se alcançam acima de 70% de sobrevida se
quem estiver por perto souber prestar os primeiros socorros. Existem técnicas simples e eficazes
de avaliação e atendimento e equipamentos idealizados para que os leigos possam manuseá-los
sem maiores dificuldades.

Até pouco tempo, existia uma série de procedimentos e técnicas que, se eram relativamente
complicados para os profissionais de saúde, imagine para os leigos. A partir de agosto de 2.000 e
uma ampla revisão em 2005, 2010 e 2015, uma força tarefa mundial resolveu simplificar as
técnicas de ressuscitação que hoje são amplamente divulgadas.

É a Cadeia da Sobrevivência que mostra como atuar desde o momento em que a pessoa tem uma
parada cardíaca até a chegada do profissional de saúde. Ela é composta por CINCO elos que
veremos a seguir.

CADEIA DA SOBREVIVÊNCIA DA PARADA CARDÍACA EXTRA-HOSPITALAR

37
A Cadeia de Sobrevivência representa o conjunto de procedimentos prestados na cena da
emergência por quem a presencia e continuado pela rede de assistência pré-hospitalar e
hospitalar para garantir a recuperação plena de uma pessoa em parada cardíaca.

A aplicação deste conceito no todo ou na parcialidade pode propiciar as seguintes condições:

 recuperação plena sem sequelas;


 recuperação com sequelas, mas com boa qualidade de vida;
 recuperação com sequelas e com má qualidade de vida.

Quando não há a correta aplicação deste conceito, na integralidade, sobrevém o óbito.

PARADA CARDÍACA

DEFINIÇÃO

Cessação súbita e inesperada da atividade mecânica do coração caracterizada pelos seguintes


sinais:

Inconsciência;

 Ausência de boa respiração ou somente gasping (respirações agônicas);


 Ausência de pulso central (carotídeo, braquial, femu ral), por até 10 segundos de
verificação.

RESPIRAÇÃO AGÔNICA - GASPING

As vítimas de PCR podem apresentar atividade semelhante a convulsão ou gasping agônico,


podendo confundir os possíveis socorristas. Os atendentes/operadores devem ser especificamente
treinados para identificar manifestações de PCR, para melhorar o reconhecimento da PCR e a
aplicação imediata da RCP.

Para ajudar as pessoas presentes a reconhecerem a PCR, os atendentes/operadores devem


perguntar sobre a capacidade de resposta da vítima adulta, se a vítima está respirando e se a

38
respiração está normal, na tentativa de distinguir vítimas com gasp agônico (ou seja, que
necessitam de RCP) de vítimas que respiram normalmente e que não necessitam de RCP.

O socorrista leigo deve ser instruído a iniciar a RCP se a vítima "não estiver respirando ou
apenas com gasping".

O profissional de saúde deve ser instruído a iniciar a RCP se

a vítima "não estiver respirando ou apresentar respiração anormal (isto é, gasping)". Portanto,
respiração deve ser rapidamente verificada como parte da verificação da PCR antes de o
profissional de saúde acionar o serviço de emergência/urgência e buscar o DEA (ou encarregar
alguém disso) para, então, verificar rapidamente o pulso e iniciar a RCP e usar o DEA.

ÊNFASE NAS COMPRESSÕES TORÁCICAS DE BOA QUALIDADE

Infelizmente, a maioria dos adultos com PCR extra-hospitalar não recebe nenhuma manobra de
RCP das pessoas presentes.

A RCP somente com as mãos (apenas compressões) aplicada pelas pessoas presentes melhora
substancialmente a sobrevivência de adultos após PCR extra-hospitalar em comparação com
situações em que não recebem nenhuma RCP dessas pessoas.

Outros estudos de adultos com PCR tratados por socorristas leigos mostram taxas de
sobrevivência similares entre as vítimas que recebem RCP somente com as mãos em comparação
com as que recebem RCP convencional (isto e, com ventilações de resgate).

Vale ressaltar que e mais fácil os atendentes/operadores instruírem os socorristas não treinados a
aplicar a RCP somente com as mãos do que a RCP convencional em vítimas adultas. Por isso, a
recomendação atual e mais incisiva para que ajam dessa forma.

39
Nos casos de suspeita de PCR asfíxica (por falta de
oxigênio) como ocorre nos casos de afogamento, obstrução de vias aéreas por corpos estranhos,
trauma de crânio, choque elétrico e overdose de drogas (depressão respiratória) o atendente deve
instruir a fazer a RCP de forma tradicional, ou seja, aplicar 5 ciclos de 30 compressões torácicas
por 2 ventilações de resgate para as vítimas de qualquer idade, atuando sozinho ou com outros
socorristas.

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR DE ALTA QUALIDADE NO PACIENTE


ADULTO

 Abrange uma freqüência de compressões entre 100 e 120 por minuto. Uma profundidade
de compressão entre 5 e 6 cm.
 Permitir o recuo completo do tórax após cada compressão.
 Minimizar todas as interrupções às compressões do tórax em tempo inferior a 10
segundos.
 Substuição do Socorrista Compressor a cada 2 minutos.

ERROS NA APLICAÇÃO DA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

 A qualidade da RCP será comprometida com as falhas de execução listadas ao lado. O


treinamento da equipe minimizará a ocorrências destas ações deletérias ao paciente.
 A vítima não está sobre superfície plana e rígida;
 As vias aéreas não estão pérvias e a ventilação é ineficaz;
 O equipamento de ventilação não é adequado ou está com defeito;
 O socorrista não possui habilidade no manejo do equipamento de ventilação;
 As mãos do socorristas não estão corretamente posicionadas no tórax da vítima;
 As compressões não possuem a profundidade e frequencia adequadas;

40
 A RCP é interrompida por tempo superior a 10 segundos.

RCP EM CRIANÇAS e BEBÊS

CADEIA DA SOBREVIVÊNCIA - CRIANÇAS

Considerando que a causa primária de parada cardíaca em CRIANÇAS são PROBLEMAS


RESPIRATÓRIOS que podem ser resolvidos com a RCP PRECOCE, o planejamento da
assistência deve seguir a sequencia de ações descritas na Cadeia da Sobrevivência da AHA para
CRIANÇAS.

A ressuscitação cardiopulmonar em crianças segue os mesmo conceitos de avaliação e


tratamento, exceto pela relação de compressões e ventilações e as “ferramentas” de compressões
torácicas.

RCP EM CRIANÇAS – PARTICULARIDADES

As compressões poderão ser feitas somente com uma das mãos sobre o tórax.

RCP EM CRIANÇAS – RELAÇÃO COMPRESSÕES X VENTILAÇÕES

41
Quando a RCP é feita em crianças por 2 ou mais socorristas se executa 15 compressões por 2
ventilações durante 2 minutos (><10 ciclos).

RCP EM BEBÊS – SOCORRISTA SOZINHO

 Posicionar a vítima em DDH numa superfície rígida;


 Posicionar-se lateralmente a vítima;
 Comprimir o esterno cerca de 4 cm usando as polpas digitais dos dedos médio e anular.
 Traçar uma linha imaginária entre os mamilos e colocar o dedo indicador;
 Posicionar os dedos médios e anular imediatamente abaixo do dedo indicador;
 Retirar o dedo indicador, mas mantê-lo apontado para a linha imaginária;

42
RCP BEBÊS – TÉCNICA DOS POLEGARES

Técnica recomendada pelas Diretrizes da AHA para 2 socorristas e apropriada para a


reanimação de bebês cujo tamanho do tórax permite-se envolver com as duas mãos.

Posicione os 2 polegares CERCA DE 1 dedo abaixo da linha imaginária dos mamilos.

RCP BEBÊS – TÉCNICA LATERAL

Alternativa de técnica de RCP com 2 socorristas para bebês.

Posicione os 2 dedos médios da mão dominante 1 dedo abaixo da linha imaginária dos mamilos.

LIBERAÇÃO DAS VIAS AÉREAS – BEBÊS

Mantenha a cabeça e pescoço do bebê alinhados para permitir a abertura plena das vias aéreas.
Inclinar para trás pode diminuir a passagem de ar por flexionar a traqueia.

43
ATENÇÃO:

Inclinação excessiva da cabeça do bebê pode produzir obstrução respiratória devido a


compressão da traqueia pelos tecidos moles do pescoço. Mantenha a cabeça alinhada com o
pescoço.

Aula 13 e 14 - Prática de Análise Primária; Prática de RCP/ Engasgamento.

7. PRÁTICA RCP/OVACE

RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR - 1 SOCORRISTA

SEQUENCIA DE PROCEDIMENTOS

Constatar ausência Acionar o Serviço Expor o tórax da


Constatar
de respiração Médico de vítima.
inconsciência.
normal. Emergência.

Apoiar a mão mais Sobrepor as mãos Comprimir o tórax


Localizar a linha dos forte sobre o com os dedos na velocidade de
mamilos. esterno. entrelaçados. 100 x / minuto.

Abaixar o tórax na Interromper depois de 2 Verificar o retorno da Sinais vitais presentes.


profundidade respiração. Interromper Iniciar colocação na
minutos (200
menos de 10 segundos. Posição de Recuperação.
mínima de 5 cm. compressões) e abrir as
vias aéreas.

Efetuar o rolamento Corrigir posição do Liberar as via aéreas


Posicionar braços e
em monobloco 90º. corpo: pernas e e monitorar
pernas.
braços. frequentememte.

44
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR - 2 SOCORRISTAS

SEQUENCIA DE PROCEDIMENTOS

Avalie a segurança Líder abordar ao Socorrista Auxiliar Líder: constatar a


da cena. lado. Socorrista estabilizar a cabeça inconsciência.
Auxiliar na cabeça. da vítima.

Constatar ausência Líder, peça ao Socorrista Auxiliar Líder: inicie e


de respiração Socorrista Auxiliar complete a mantenha
normal. que acione o SME. Chamada de compressões
Emergência. torácicas.

Posicione-se corretamente.
Socorrista Auxiliar: Socorrista Auxiliar: Mantenham compressões
Comprima rápido, forte e sem e vias aéreas abertas pelo
parar na frequência de fique de frente para mantenha vias tempo de 2 minutos (200
100/minuto e na profundidade
o Líder. aéreas abertas. compressões).
mínima de 5 cm.

Troquem o Esta interrupção Quem assumir a cabeça – Se houver retorno


checar respiração para ver espontâneo da respiração,
Socorrista deve ser inferior a retorno de sinais vitais. coloque a vítima na
Compressor a cada 10 segundos. Posição de Recuperação!
2 minutos.

TROCA DE SOCORRISTAS “COMPRESSORES”

A troca de socorristas deve ser feita ao final dos 5 ciclos ou 2 minutos de RCP, ou quando o
DEA alertar para interromper para ANALISAR. Esta troca de posições entre socorristas deve ser
feita em no máximo 5 segundos.

A qualidade da RCP diminui em função do tempo;

Efetuar a troca de socorristas ao término dos ciclos por meio de sinal previamente
convencionado;

Checar sinais vitais durante a troca de socorristas ou cumprir as orientações do DEA neste
tempo.

45
ERROS NA APLICAÇÃO DA RCP

A qualidade da RCP será comprometida com as falhas de execução listadas ao lado. O


treinamento da EQUIPE de UR minimizará a ocorrências destas ações deletérias ao paciente.

A vítima não está sobre superfície plana e rígida;

As vias aéreas não estão pérvias e a ventilação é ineficaz;

O equipamento de ventilação não é adequado ou está com defeito;

O socorrista não possui habilidade no manejo do equipamento de ventilação;

As mãos do socorristas não estão corretamente posicionadas no tórax da vítima;

As compressões não possuem a profundidade e frequencia adequadas;

A RCP é interrompida por tempo superior a 10 segundos.

DEFINIÇÕES DE MORTE

Definição de Morte: “a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte,
conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial.” Trecho da
Resolução do Conselho Federal de Medicina Nº 1.480/97 de 8/8/97.

Nos países em que o APH é tradição, são reconhecidos três tipos de morte: a Morte Clínica, a
Morte Biológica e a Morte Óbvia.

Morte Clínica: equivale a parada cardiorrespiratória.

Morte Biológica: equivale a morte encefálica.

Morte Óbvia: diversos estados que indiretamente definem uma situação de morte encefálica.

Todas as vítimas em parada cardiorrespiratória (PCR) serão submetidas a ressuscitação


cardiopulmonar, exceção feita, aquelas que se encontrarem com sinais evidentes de morte

46
Aula 15 e 16 - Análise Secundária (Teoria e prática).

8. ANÁLISE SECUNDÁRIA

Processo ordenado que visa descobrir lesões ou problemas clínicos que, se não tratados, poderão
ameaçar a vida, através da interpretação dos achados na verificação dos sinais vitais, exame
físico e na entrevista. Através da avaliação dos sinais e sintomas apresentados pela vítima o
socorrista poderá determinar o tipo de emergência e os procedimentos operacionais específicos.
Uma parte da análise é objetiva, através do exame dos sinais vitais e do corpo da vítima (exame
físico) e a outra é subjetiva, através de dados colhidos em entrevista.

SINAIS VITAIS E SINAIS DIAGNÓSTICOS

Toda lesão ou doença tem formas peculiares de se manifestar e isso pode ajudá-lo no
descobrimento do tipo de problema que afeta a vítima. Estes indícios são divididos em dois
grupos: os sinais e os sintomas. Alguns são bastante óbvios, mas outros indícios importantes
podem passar despercebidos, a menos que você examine a vítima cuidadosamente, da cabeça aos
pés.

SINAIS: são detalhes que você poderá descobrir fazendo o uso dos sentidos – visão, tato,
audição e olfato – durante a avaliação da vítima. Sinais comuns de lesão incluem sangramento,
inchaço (edema), aumento de sensibilidade ou deformação; já os sinais mais comuns de doenças
são pele pálida ou avermelhada, suor, temperatura elevada e pulso rápido.

SINTOMAS: são sensações que a vítima experimenta e é capaz de descrever. Pode ser
necessário que o socorrista faça perguntas para definir a presença ou ausência de sintomas.
Pergunte à vítima consciente se sente dor e exatamente onde. Examine a região indicada
procurando descobrir possíveis lesões por trauma, mas lembre-se de que a dor intensa numa
região pode mascarar outra enfermidade mais séria, embora menos dolorosa. Além da dor, os
outros sinais que podem ajudá-lo no diagnóstico incluem náuseas, vertigem, calor, frio, fraqueza
e sensação de mal-estar.

SINAIS VITAIS

Refletem o estado atual dos sistemas respiratório e circulatório:

1. Verificar a frequência respiratória e a qualidade da respiração;

47
2. Verificar a frequência cardíaca e a qualidade do pulso;

3. Verificar a pressão arterial.

AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS

AVALIAÇÃO DA FREQUENCIA RESPIRATÓRIA

A frequência respiratória deve ser a primeira a ser avaliada e de forma discreta a fim de que o
paciente não interfira no resultado controlando a respiração.

Palpar o pulso radial para evitar que a vítima perceba que o socorrista está checando a respiração;

A respiração normal é fácil, sem dor e sem esforço;

Observar a expansão do tórax da vítima;

Contar os movimentos torácicos durante 30 (trinta) segundos, multiplicando-se por 2 (dois),


obtendo a frequência de movimentos respiratórios por minuto (m.r.m.)

Se a respiração for irregular, contar durante 1 minuto.

Observar a qualidade da respiração, avaliando se:


> Normal;
> Superficial;
> Profunda;
> Rápida;
> Lenta.
Verificar tipo de respiração se:

48
> Regular;
> Simétrico;
> Ruídos anormais.

AVALIAÇÃO DA FREQUENCIA CARDÍACA

CONTINUE apalpando o pulso radial e efetue a contagem dos batimentos por minuto.

Conte durante 30 segundos e multiplique por 2 e obtenha a frequência cardíaca (FC) que
representa a quantidade de batimentos por minuto (BPM);

Quando os batimentos cardíacos forem irregulares deve-se contar por 1 minuto para se obter a
FC correta.

Adotar como parâmetro os seguintes valores referentes às faixas etárias:

PRESSÃO ARTERIAL

É a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias. É constituída
por duas mensurações: PA máxima (sistólica) e PA mínima (diastólica).

Sistólica: é a pressão máxima exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias durante
a contração do coração (sístole)

Diastólica: é a pressão mínima exercida pelo sangue contra as paredes internas das artérias
durante o relaxamento do coração (diástole)

VALORES NORMAIS DE PRESSÃO ARTERIAL

Idoso – acima de 50 anos 140-160/90-100 mmHg

Idade acima de 16 anos 120/80 mmHg

Idade – 16 anos 118/75 mmHg Idade – 6 anos 95/62 mmHg

Idade – 12 anos 108/67 mmHg Idade – 4 anos 85/60 mmHg

Idade – 10 anos 100/65 mmHg RN (3Kg) 52/30 mmHg

49
O resultado poderá apresentar-se:

Normal (normotenso);

Alterado (hipertensão ou hipotensão);

Na faixa etária adulta os valores limites de PA são: PAS 140 mmHg – PAD 90 mmHg.

* Considerar hipertensos pacientes em qualquer idade adulta com valores de pressão arterial
igual ou superiores a 140 X 90 mmHg

ANÁLISE SUBJETIVA (SAMPLA)

ENTREVISTA

Colher dados com a própria paciente, familiares ou testemunhas, que possam ajudar no
atendimento, usando a regra mnemônica S A M P L A:

(S) Sinais e Sintomas: colher as queixas do paciente e associar aos sinais enocntrados durante a
avaliação física.;

(A) Alergias: substâncias como alimentos, medicamentos, plantas, pós, picada de insetos, entre
outros.;

(M) Medicamentos: prescritos ou não por médico;

(P) Problemas antecedentes: genético, hereditário ou adquirido relacionados à queixa principal


do paciente;

(L) Líquidos e alimentos ingeridos: última refeição;

(A) Ambiente: observar na cena de emergência indícios que possam sugerir a causa ou o
agravamento do problema ora existente.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DA DOR

Estabelecer o tipo de dor: superficial, profunda, visceral, referida ou irradiada.

Definir características tais como os exemplos:

Localização: (abdômen, tórax, perna);

50
Irradiação: (braço, esquerdo, mandíbula, fossa ilíaca direita);

Caráter ou qualidade: (ardência, queimação, cólicas, fisgadas);

Intensidade: (determinar um valor de 0 a 10);

Duração: (30 minutos, +ou - 2 hs);

Evolução: (aumentou, diminuiu, permaneceu constante no período);

Relação com as funções orgânicas: (dor visceral, muscular);

Fatores desencadeantes ou agravantes: (aumenta com esforço, surge com a tosse);

Fatores que aliviam: (uso de medicamentos, repouso);

Manifestações concomitantes: (a dor impede a movimentação, junto com a dor sente náuseas).

EXAME FÍSICO

O exame físico pode ser realizado de duas formas:

EXAME FÍSICO DIRIGIDO PARA A QUEIXA PRINCIPAL: aquele realizado quando a


vítima estiver consciente e capaz de se comunicar eficazmente e quando houver queixa de
doença ou traumatismo específico.

EXAME FÍSICO DETALHADO: aquele realizado quando a vítima estiver inconsciente ou


incapaz de se comunicar eficazmente (pessoas com deficiência mental, vítimas drogadas, língua
estrangeira, entre outros) ou nos politraumatismos.

EXAME FÍSICO NA CRIANÇA

O exame físico da cabeça aos pés aplicado em vítima adulta pode ser invertido (pés à cabeça),
quando a vítima é uma criança ou um lactente. Isto permite que a vítima habitue-se com a sua
presença e o seu toque.

51
Aula 17 e 18 - Transporte de acidentados (uso do Ked, prancha longa e curta, colar cervical,
rebatimento na prancha, etc).

9. MOVIMENTAÇÃO E TRANSPORTE DE VÍTIMAS

MOVIMENTAÇÃO DA VÍTIMA

Movimentação de uma vítima traumatizada é a troca justificada de sua posição em um local de


ocorrência. É a execução de movimento necessário para seu atendimento pré-hospitalar ou seu
translado provisório do local da ocorrência para um local mais seguro.

TRANSPORTE DE UMA VÍTIMA

Transportar significa transladar uma vítima de trauma do local da ocorrência para o local do
atendimento especializado ou definitivo.

PRINCÍPIOS GERAIS RELATIVOS À MOVIMENTAÇÃO E AO TRANSPORTE DE


UMA VÍTIMA

Não se deve movimentar uma vítima, a menos que seja absolutamente necessário para seu
atendimento ou haja um perigo real e iminente no local com incêndio, risco de explosão,
vazamento de gás, necessidade de RCP, outras vítimas embaixo ou a vítima insiste em mover-se,
etc.;

Sempre que possível, solicitar ajuda de outras pessoas para auxiliar na movimentação de uma
vítima. O policial militar sozinho deve evitar movimentar uma vítima de fratura ou lesões graves;

A velocidade da movimentação depende do motivo que a exige: um parto complicado, uma


hemorragia interna, uma obstrução nas vias aéreas, etc.; 4) Em caso de movimentar uma vítima,
o policial militar deve fazê-lo com cuidado, evitando causar lesões adicionais;

Não se deve transportar uma vítima antes que ela tenha recebido o atendimento pré-hospitalar
necessário;

No atendimento pré-hospitalar para a o transporte de uma vítima de trauma, o policial militar


deve sempre observar os princípios da hora de ouro (Uma vítima de trauma tem 60 minutos, a

52
contar do momento do acidente para ser localizada, desencarcerada, imobilizada, transportada,
dar entrada num pronto socorro e ser entregue a um especialista;

O transporte da vítima é uma fase do atendimento, portanto deverá ser adequado ao tipo de lesão
que ela sofreu;

Utilizar o meio adequado para transportar uma vítima; se não houver ambulância, adaptar um
carro; se não houver uma maca, improvisar uma padiola, etc.

RESUMINDO REGRAS GERAIS PARA ABORDAGEM E MOVIMENTAÇÃO DE


POLITRAUMATIZADOS

Não mover a vítima da posição que se encontra antes de imobilizá-la, exceto quando: Estiver
num local de risco iminente;

Sua posição estiver obstruindo suas vias aéreas;

Sua posição impede a realização da análise primária; Para garantir acesso a uma vítima mais
grave.

TÉCNICAS PARA MOVIMENTAÇÃO DE UMA VÍTIMA

Observçãoes: Quando possível, sempre deverá ser solicitado o auxílio de outras pessoas. stas
técnicas poderão ser necessárias para retirar uma vítima de local de risco. Sendo assim, o policial
militar somente deve aplicá-la se houver absoluta necessidade. O Corpo de Bombeiros com
equipamentos adequados e treinamento adota outras técnicas como primeira atitude quando local
está seguro dentre elas podemos destacar: Rolamentos em bloco para olocação em prancha longa
(90°, 180°), elevação a cavaleira; Técnicas de resgate de “Elifas” entre outros.

Transporte em cadeirinha:

53
Transporte em cadeira:

Transporte pelas extremidades:

Transporte em braço:

54
Transporte nas costas:

Levantamento de vítima inconsciente com único Socorrista:

Levantamento com auxílio de outros Socorristas:

55
Remoção manual de vítima com suspeita com suspeita de fratura de coluna:

Utilização de cobertor, lona ou material semelhante para remover:

Transporte em maca de lona:

56
TÉCNICAS PARA TRANSPORTE DE UMA VÍTIMA

O transporte da vítima somente deve ser executado depois de realizado os procedimentos de


atendimento pré-hospitalar. A vítima deve ser então encaminhada para um hospital ou entregue
ao serviço especializado. Sempre que possível, é recomendável efetuar o transporte com
equipamento adequado, como uma maca de ambulância, por exemplo.

Se for absolutamente necessário efetuar o transporte de uma vítima sem nenhum tipo de
equipamento ou recurso, o policial militar deverá solicitar ajuda a duas ou mais pessoas. Nesses
casos, deverá também adotar precauções para evitar o agravamento das lesões sofridas pela
vítima.

Algumas técnicas poderão ser aplicadas, quando não houver recursos disponíveis, tais como;

Transporte de apoio: Utilizado em casos de extrema necessidade, quando não houver uma maca,
padiola ou outro recurso possível para o transporte.

Corresponde as mesmas técnicas para movimentação da vítimas que se encontra em local de


risco conforme descrito no item 4 deste capítulo.

Transporte com padiola - Poderá ser utilizada uma padiola comum ou improvisada.

57
Transporte em prancha longa ou tábua de imobilização de coluna:

Nesse tipo de transporte, poderão ser utilizadas um prancha de madeira longa ou uma tábua
improvisada, como uma porta, por exemplo. O policial militar deve fazer essa imobilização em
caso de suspeita de lesão na coluna.

58
Aula 19 e 20 - Hemorragias (externa e interna), choques (hipovolêmico, cardiogênico,
neurogênico, séptico e anafilático); Técnicas de Hemostasia;

10. MECANISMOS CORPORAIS DE CONTROLE DE HEMORRAGIAS

1. vasoconstrição: que é um mecanismo reflexo que permite a contração do vaso sanguíneo


lesado diminuindo a perda sangüínea;

2. coagulação: que consiste em um mecanismo de aglutinação de plaquetas no local onde ocorreu


o rompimento do vaso sanguíneo, dando início à formação de um verdadeiro tampão,
denominado coágulo, que obstrui a saída do sangue.

Portanto, quando se tem uma perda sanguínea, não se está perdendo apenas o volume de sangue,
mas também as propriedades que o sangue proporciona. A vítima que apresenta uma hemorragia
abundante entra em estado de choque.

Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia. As hemorragias
sendo uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato. É imperioso que a equipa de
socorro atue de forma rápida e eficaz.

A perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode rapidamente causar a
morte.

Um adulto com 75 Kg de peso tem cerca de 5,5 litros de sangue. A perda de 1 litro de sangue no
adulto, de 0,5 litro na criança ou de 25 a 30 mL num recém-nascido pode levar rapidamente ao
choque.

A gravidade da hemorragia depende de vários fatores, como o tipo de vaso atingido (artéria, veia,
capilar), da sua localização e do seu calibre.

O corte do principal vaso sanguíneo do pescoço, braço ou coxa pode causar uma hemorragia tão
abundante que a morte pode surgir dentro dos primeiros 3 a 10 minutos iniciais após a lesão.

TIPOS DE HEMORRAGIAS

externa: o sangue arterial ou venoso flui através de um ferimento, é visível;


59
interna: não é tão óbvia de se constatar, pois não pode ser detectada visualmente. Pode-se
suspeitar avaliando o mecanismo da lesão, constatando a presença de sinais e sintomas de
choque.

CLASSIFICAÇÃO DA PERDA SANGUÍNEA

Segue na tabela 1, uma classificação de hemorragia com seus respectivos sinais e sintomas para
um paciente com 70 kg de peso:

Grau I Grau II Grau III Grau IV

Perda sangüínea 700 ml 750 - 1500 ml 1500 - 2000 ml > 2000 ml

Volume de sangue
Até 15% 15 -30% 30-40% > 40%
perdido

Freqüência cardíaca < 100 Entre 100 -120 >120 > 140

PAS < abaixo de PAS < abaixo de 50


Pressão Arterial Normal Normal
100 mmHg mmHg

Freqüência
14-20 20-30 30-40 >35
Respiratória

Assintomático
Sudorese, pele Agonizante, cianose,
Elevação Ansiedade,
fria, sede, semiconsciente ou
Outros sinais e moderada FC; agitação, palidez,
ansiedade, inconsciente, FR
sintomas pele pele úmida e
aumento FR, aumentada, ausência
ligeiramente pegajosa.
pulso fino. de pulso palpável.
fria, tontura.

O volume de sangue normal corresponde a 7% do peso ideal em adultos e a 8-9% do peso ideal
para crianças. Na tabela 1 os dados referentes à perda sangüínea (ml / %) são calculados para
uma pessoa adulta, do sexo masculino e com peso de 70 Kg.

60
CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS relativamente À ORIGEM

• HEMORRAGIAS ARTERIAIS

O sangue é vermelho vivo e sai em jato, em simultâneo com cada contração do coração. É uma
hemorragia muito abundante e de difícil controlo.

• HEMORRAGIAS VENOSA

O sangue é vermelho escuro e sai de uma forma regular e mais ou menos constante. Não obstante
não ser tão grave como a arterial, a hemorragia venosa poderá ser fatal se não for detetada. De
um modo geral, estas hemorragias são mais fáceis de controlar.

• HEMORRAGIAS CAPILARES

Têm uma cor intermédia (entre o vermelho vivo e o vermelho escuro) e o sangue sai lentamente,
devido à rotura dos minúsculos vasos capilares de uma ferida. Estas hemorragias são de fácil
controle, podendo parar espontaneamente.

MANIFESTAÇÕES DAS HEMORRAGIAS

• As hemorragias externas podem ser observadas e são facilmente reconhecidas.

• As hemorragias internas são de difícil reconhecimento e identificação. É necessário pensar na


hipótese e despistar a situação pelos sinais e sintomas indiretos.

As hemorragias internas podem ocorrer, numa vítima de trauma sempre que:

• O mecanismo da lesão possa provocar um impacto forte ao nível do abdómen provocando


lesões no fígado e/ou no baço. O trauma da base do tórax esquerdo pode indicar fratura de baço,
com hemorragia intra-abdominal o que constitui uma emergência cirúrgica;

• Ocorram lesões torácicas, com suspeita de fratura de costelas;

• Ocorra queda de altura 2 a 3 vezes superior à altura da vítima;

• Ocorram feridas penetrantes provocadas por armas de fogo ou por armas brancas (Exemplo:
facas, navalhas);

• Esteja perante politraumatizados graves com suspeita de fraturas;

61
• As hemorragias internas podem ainda acontecer em situação de doença como é o caso de uma
úlcera no estômago. Neste caso existem habitualmente sinais como hematemeses (vômitos com
sangue) ou melenas (fezes com sangue).

SINAIS E SINTOMAS GERAIS DAS HEMORRAGIAS:

• Saída evidente de sangue (hemorragias externas);

• Ventilação rápida, superficial;

• Pulso rápido e fraco/fino;

• Hipotensão (sinal tardio, pois inicialmente a pressão arterial é normal);

• Pele pálida e suada;

• Hipotermia;

• Mal-estar geral ou enfraquecimento;

• A vítima refere sede;

• Vômitos de sangue;

• Dejecções de sangue;

• Sensação de “zumbidos” nos ouvidos;

• Ansiedade e agitação;

• Inconsciência.

É importante perceber que não se deve esperar pelos sinais e sintomas descritos, que muitas
vezes são tardios. Perante a dúvida, presumir lesão e hemorragia, passar dados ao COBOM
(solicitar apoio de SAV ou iniciar o transporte de acordo com as indicações do COBOM.

62
CONTROLE DE HEMORRAGIA EXTERNA

ACESSÓRIOS PARA CONTENÇÃO DE HEMORRAGIAS

Compressa de gaze estéril;

Bandagem triangular;

Atadura de crepe.

BANDAGEM TRIANGULAR

vértice

Em forma de gravata.

base ponta
ponta

Vértice, base e Pontas.

MÉTODOS PARA CONTROLE DAS HEMORRAGIAS EXTERNAS

Compressão direta sobre a lesão:

Aplicar uma gaze estéril seca sobre o ferimento. Comprimir manualmente o local ou utilizar uma
bandagem triangular ou atadura de crepe para a fixação do curativo, exercendo pressão direta
63
sobre a área lesada. Se a compressa de gaze estéril saturar de sangue e a hemorragia persistir,
remova-a e aplique outra compressa sobre a primeira com maior volume e exerça maior pressão.

Aplicação de torniquete:

Só deve ser utilizado em situações extremas quando os procedimentos anteriores já foram


tentados e falharam.

Deve-se utilizar uma bandagem triangular em forma de gravata, posicionada 5 cm antes da lesão,
protegendo a pele com compressas de gaze envolvendo o membro antes de sua aplicação.
Colocar um bastão, girando-o até que cesse a hemorragia.

Outra opção: utilizar um manguito de esfigmomanômetro colocado cerca de 5 (cinco) cm antes


da lesão e insuflar até que cesse o sangramento. Sempre se deve marcar a hora da aplicação do
torniquete e informar ao médico que receber a vítima. Uma vez aplicado, nunca afrouxe o
torniquete.

Procedimentos operacionais:

Utilizar o torniquete somente nos membros inferior ou superior.

Utilizar uma bandagem triangular dobrada em gravata, posicionada 5 cm antes da lesão.

64
Envolver o membro com a bandagem, dando duas voltas e prendê-lo com apenas uma laçada.

Colocar um bastão, pedaço de madeira ou caneta e terminar o nó, dando outra laçada.

Torcer o pano com o bastão, girando-o, até que a hemorragia pare.

Segurar nessa posição sem aliviar a pressão em nenhum momento até chegar ao hospital.

Anotar a hora em que foi exercida a pressão.

Fixar um aviso de torniquete em lugar visível (exemplo: testa do paciente), informar a equipe do
hospital.

ATENÇÃO

Nunca soltar o torniquete até chegar ao hospital.

Lembrar que o torniquete priva os tecidos de oxigênio e também comprime os nervos, podendo a
vítima perder o membro em decorrência deste procedimento, portanto o transporte até o hospital
deve se iniciar precocemente.

65
O torniquete é usado apenas como último recurso para controlar uma hemorragia que não cessou
com os procedimentos anteriores.

Não aplicar torniquete em articulações.

COMPLICAÇÕES DA REMOÇÃO DO TORNIQUETE

Perda adicional de sangue.

Liberação de coágulos de sangue ou glóbulos de gordura para a circulação podendo causar


embolia pulmonar

Liberação de substâncias de degradação celular para a corrente sangüínea: toxinas, ácido láctico
do metabolismo anaeróbio, entre outros.

IMOBILIZAÇÃO

Importante técnica coadjuvante para todos os casos de hemorragias. Não se deve permitir a
movimentação da área lesada. Um músculo lesado apresenta espasmos musculares, que por sua
vez causam contrações nos vasos lesados impedindo ou retardando a formação do coágulo e
aumentando a velocidade da perda sangüínea, agravando a hemorragia. A imobilização reduz os
espasmos musculares, sendo fundamental para que não se aumente a lesão dos tecidos das
proximidades e se aumente a hemorragia.

66
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR GERAL PARA HEMORRAGIAS

Pensar e agir sempre em função de AVALIAÇÃO PRIMÁRIA:

Permeabilizar a via aérea com controlo da coluna cervical;

Ventilação e Oxigenação;

Assegurar a circulação com controlo da hemorragia;

Disfunção neurológica;

Exposição com controlo da temperatura.

• Abordar a vítima, imobilizando a cabeça desta em posição neutra e assumindo sempre a


possibilidade de coexistir um TVM;

• Administrar oxigênio: Garantir oximetria ≥ 95% (se grávida ≥ 97% ; se DPOC entre 88-92%);
10 L/min;

• Se a vítima apresentar compromisso ventilatorio (frequência respiratória inferior a 8 ou superior


a 35) iniciar ventilação assistida, com insuflador reanimador manual, a 12 ventilações por minuto
(para melhorar a quantidade de ar disponível para as trocas gasosas);

• Avaliar, caracterizar e registar os Sinais Vitais;

• Identificar sinais de choque;

• Recolher o máximo de informação sobre o mecanismo do trauma e sobre a vítima recorrendo à


nomenclatura SAMPLA;

• Efetuar a observação sistematizada de modo a detetar eventuais lesões associadas;

• Não dar nada para a vítima beber;

• Manter a temperatura corporal;

• Identificar e controlar hemorragias;

• Passagem de dados ao COBOM;

• Considerar eventual pedido de apoio de SAV.

• Suspeitar de eventual hemorragia oculta;

67
HEMORRAGIAS INTERNAS

De difícil diagnóstico, exigem que o socorrista tenha um bom nível de treinamento para
pesquisar a história do acidente relacionado o mecanismo do trauma com a possibilidade de
lesões ocultas e para realizar um exame secundário detalhado.

• Suspeitar de hemorragia iterna quando:


• Ferimentos penetrantes no crânio;
• Sangue ou fluídos sanguinolentos drenando pelo nariz ou orelha;
• Vômito ou tosse com sangue;
• Hematomas ou traumas penetrantes no pescoço;
• Hematomas no tórax ou sinais de fraturas de costelas;
• Ferimentos penetrantes no tórax ou abdome;
• Abdome aumentado ou com áreas de hematoma;

Abdome rígido, sensível ou com espasmos;

Sangramento retal ou vaginal;

Fraturas de pelve, ossos longos da coxa e braço.

Nunca obstrua a saída de sangue através dos orifícios naturais: boca, nariz, orelha, ânus, vagina.

ESTADO DE CHOQUE

Conjunto de alterações orgânicas devido a uma inadequada perfusão e conseqüentes falta de


oxigenação dos órgãos e tecidos, denominado choque hemodinâmico.

PERFUSÃO

Inicialmente devemos entender o termo “perfusão”, ou seja, a circulação de sangue dentro de um


órgão. Dizemos que um órgão tem uma adequada perfusão quando o sangue oxigenado está
chegando pelas artérias e saindo pelas veias. A perfusão mantém viva as células do corpo através
do suprimento de nutriente e eliminação dos produtos da degradação gerados por eles.

Se a perfusão é deficitária o órgão entra em sofrimento e morre.

68
Quando os mecanismos protetores não conseguem manter uma circulação satisfatória, a perfusão
dos órgãos fica comprometida. Este comprometimento pode tornar-se irreversível e a perda da(s)
função(ões) do(s) órgão(s) evolui para a morte do organismo.

O reconhecimento precoce da hemorragia através da visualização direta ou da suspeita da


hemorragia interna ao avaliar sinais e sintomas, bem como o mecanismo de lesão pode ser uma
etapa fundamental para uma conduta pré-hospitalar decisiva na sobrevivência do paciente.

O choque hemorrágico é um exemplo do quadro sindrômico denominado Choque. Outros


exemplos são o choque neurogênico, cardiogênico, séptico. O reconhecimento do choque
hemorrágico pode ser uma etapa tardia e nem sempre o resultado de esforços consideráveis no
tratamento dos pacientes chocados será bem sucedida.

Portanto, o reconhecimento precoce da hemorragia, assim como um controle do sangramento,


aumenta a chance de sobrevida. Não retarde o encaminhamento dos pacientes para um local de
tratamento definitivo, pois a evolução para o choque hemorrágico diminui a chance de sobrevida
dos pacientes com hemorragias não controladas.

È importante lembrar que sangramentos gastrointestinais e obstétricos são casos comuns de


hemorragia também.

CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO DE CHOQUE

O choque hemodinâmico classifica-se de acordo com o mecanismo predominante em:


neurogênico, cardiogênico, anafilático, séptico e hipovolêmico.

CHOQUE NEUROGÊNICO

Esse tipo de choque é decorrente de uma lesão na medula espinhal. Esta lesão leva à paralisia da
parede das artérias devido a interrupção da comunicação com o sistema nervoso central causando
uma imensa vasodilatação na periferia do corpo da vítima. Há diminuição do retorno do sangue
venoso ao coração e conseqüente queda do volume de sangue bombeado pelo coração.

Os sinais marcantes são: diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos (hipotensão
com bradicardia), pele rosada devido a vasodilatação dos vasos sanguíneos na superfície da pele.

CHOQUE CARDIOGÊNICO

Trata-se de diminuição da circulação e oxigenação inadequadas dos órgãos e tecidos, graças à


falência do coração como bomba cardíaca.
69
No choque cardiogênico o volume de sangue no corpo está mantido. No entanto, a quantidade de
sangue bombeada pelo coração está diminuída, devido à falha do coração enquanto "bomba
cardíaca". Comum nos casos de insuficiência cardíaca congestiva e infarto agudo do miocárdio.

CHOQUE ANAFILÁTICO

O choque anafilático é uma reação alérgica aguda a medicamentos (principalmente a penicilina),


picadas de insetos, comidas, pós e outros agentes. Instala-se rapidamente, logo após o contato
com a substância a qual a vítima é alérgica. Promove a liberação, nos tecidos, de uma substância
chamada histamina que promove vasodilatação geral e edema de glote causando insuficiência
respiratória.

CHOQUE SÉPTICO

É um choque causado por toxinas liberadas por bactérias no organismo humano.

Decorrente principalmente de estados infecciosos bacterianos graves onde há liberação de


toxinas que lesam as paredes dos vasos sangüíneos provocando vasodilatação e aumento da
permeabilidade dos vasos sanguíneos, permitindo a saída de plasma do interior dos vasos
sanguíneos para o interior dos tecidos, diminuindo o volume de sangue circulante. Além disso,
deve-se considerar como mais um agravante a possibilidade da existência de infecção
generalizada em órgãos vitais. Normalmente não encontrado no pré-hospitalar.

CHOQUE HIPOVOLÊMICO

No choque hipovolêmico há redução do volume circulante com a perda de sangue e com isso, a
volemia torna-se instável. Comuns nos casos de grandes hemorragias (externas ou internas),
queimaduras extensas, desidratação.

SINAIS E SINTOMAS DO ESTADO DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO

Taquipnéia: respiração rápida e superficial;

Taquicardia: pulso rápido e filiforme (fraco);

Pele fria, pálida e úmida;

• Face pálida e posteriormente cianótica;


• Sede intensa;
• Hipotensão: queda da pressão arterial;
• Sudorese;
• Ansiedade, confusão mental;
70
• Fraqueza muscular, distúrbios visuais (visão escura).

CONDUTA NO ESTADO DE CHOQUE

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

• Informar a Central de Regulação e solicitar SAV ou autorização para transporte imediato.


• Manter a permeabilidade das VAS e alinhamento da coluna cervical.
• Checar respiração.
• Ministrar oxigênio - 10 l/min;
• Checar circulação e controlar hemorragias.
• Checar estado neurológico.
• Expor a vítima e previnir hipotermia.
• Manter e transportar a vítima em decúbito dorsal horizontal (DDH);
• Monitorar os sinais vitais constantemente.

OBSERVAÇÃO

Nunca ofereça medicamentos, alimentos ou líquidos para ingestão para uma pessoa com sinais
ou sintomas de choque.

Pode-se aliviar a sede da vítima umedecendo seus lábios com uma gaze embebida em água.

Aula 21 e 22 - Ferimentos( Imobilizações), Fratura e traumas de coluna e crânio.

11. TRAUMA DE CRÂNIO, COLUNA VERTEBRAL E TÓRAX

TRAUMA DE CRÂNIO

Nem sempre um trauma de crânio provoca lesão encefálica. Os impactos violentos, comuns em
acidentes, podem, entretanto, provocar uma lesão genericamente denominada traumatismo
cranioencefálico (TCE).

O traumatismo cranioencefálico é uma das maiores causas de óbitos em acidentes


automobilísticos.
71
Mesmo quando não causa a morte, pode trazer graves sequelas, impossibilitando uma vida
normal.

IDENTIFICAÇÃO DE TRAUMA DE CRÂNIO

Deformidade ou afundamento da cabeça; Crepitação óssea;

Saída de líquido cefalorraquidiano ou sangue pela orelha, nariz ou boca; Olhos arroxeados,
hematomas ao redor dos olhos ou atrás das orelhas; Desigualdade das pupilas e direção dos
olhos;

Náuseas, vômitos e cefaléia;

Convulsões, alterações mentais e inconsciência; Desvio conjugado de olhos.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA TRAUMA DE CRÂNIO:

No caso de quedas, acidentes e traumas em geral, sempre suspeitar da lesão de coluna vertebral;
Providenciar a imobilização do pescoço, mantendo a cabeça na posição neutra;

Controlar as hemorragias, porém não impedir que o sangue ou outros fluidos corporais saiam
pela orelha ou nariz;

Manter a vítima em repouso. Se houver vômitos, lateralizar a vítima, devidamente imobilizada,


mantendo o alinhamento e a estabilização da coluna vertebral;

72
Se ocorrer convulsões, afastar objetos que possam causar ferimentos à vítima; Monitorar
periodicamente os sinais vitais e o estado de consciência;

Nas lesões que atingem a face, o principal perigo é a obstrução das vias aéreas; 8) Prevenir o
estado de choque;

Não permitir a ingestão de quaisquer substâncias (alimentos ou líquidos) pela vítima.

TRAUMA DE COLUNA VERTEBRAL OU TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR

O trauma de coluna vertebral poderá ter como consequências graves lesões na medula espinhal.
Evitar a lesão de medula, após um trauma de coluna, deve ser uma preocupação constante do
policial militar. A movimentação indevida da vítima poderá provocar um segundo trauma,
provocando paralisia dos músculos do tórax, com consequente parada respiratória ou ainda
causar paralisia completa (tetraplegia).

Além da história do acidente (mecanismo do trauma), que pode sugerir uma possível lesão de
coluna, o policial militar deve observar os seguintes sinais e sintomas:

Dor no pescoço ou nas costas; Presença de trauma na cabeça;

Alterações ou ausência de sensibilidade ou movimentos em extremidades; Deformidades


próximas à coluna vertebral;

Respiração executada apenas pelo diafragma; Descontrole neurológico (priapismo).

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA TRAUMA DE COLUNA VERTEBRAL

Estabilizar manualmente a coluna cervical e evitar movimentação lateral da cabeça da vítima,


sendo proibida a aplicação da técnica de desobstrução da extensão da cabeça;

Suspeitar de lesão medular em toda vítima de trauma que estiver inconsciente; Controlar as
hemorragias graves, ainda que haja suspeita de lesão na medula;

Utilizar técnica adequada de movimentação de acidentados; quando for absolutamente


necessário, movê-la;

Utilizar equipamento adequado para imobilização da cabeça e pescoço ou improvisar com meios
de fortuna;

Monitorar periodicamente os sinais vitais e o estado de consciência, lembrar que em alguns casos
a lesão de medula pode provocar paralisia dos movimentos respiratórios.
73
Transportar a vítima com o máximo de cuidado, sobre superfície rígida (tábua, porta, prancha).

TRAUMA DE TÓRAX

O trauma de tórax, além de afetar órgãos vitais, como coração, pulmão e os principais vasos
sanguíneos, poderá também atingir órgãos abdominais protegidos pelas costelas, como o fígado.
As costelas fraturadas podem provocar afundamento de tórax, com graves consequências.

Traumas de tórax podem ser:

Penetrantes: as forças de impacto são distribuídas sobre uma pequena área.

Ex: ferimentos por arma branca; ferimentos por arma de fogo ou queda sobre objeto pérfuro-
cortantes. Qualquer estrutura ou órgão pode ser lesado.

Contusos: as forças são distribuídas sobre uma grande área, e muitas lesões podem ocorrer por
desaceleração e compressão. Condições como pneumotórax, tamponamento cardíaco, tórax
instável, ruptura de aorta deve ser suspeitada quando o mecanismo de trauma envolve
desaceleração rápida.

PRINCIPAIS LESÕES TORÁCICAS FRATURAS DE COSTELAS E DO ESTERNO


SINAIS E SINTOMAS

 Dor local;
 Equimose ou hematoma local; Dificuldade ao respirar;
 Diminuição da expansão torácica do lado afetado; Crepitação óssea.

TRATAMENTO PRÉ HOSPITALAR

Restrição de movimento na área lesada com a utilização de Bandagem Triangular. Confecção de


tipóia de sustentação.

74
TÓRAX INSTÁVEL

Tórax instável é causado geralmente por impacto direto no esterno ou impacto lateral causando
fratura de dois ou mais arcos costais consecutivos em dois ou mais pontos.

Os problemas encontrados resultados desta lesão são:

Respiração paradoxal: o segmento do tórax que está fraturado apresenta movimentação contrária
à do restante durante a respiração.

Dor intensa: decorrente das múltiplas fraturas.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Restrição do movimento do local fraturado utilizando-se o braço do lado afetado apoiado sobre o
local da fratura, fixando com tipóia.

OBSERVAÇÕES:

Existem ainda as lesões classificadas como pneumotórax (aberto, fechado e o hipertensivo) bem
como o quadro de tamponamento cardíaco.

RECONHECIMENTO DO TRAUMA TORÁCICO

 Avaliar a cinemática do trauma;

75
 Observar alterações respiratórias: dispnéia, respiração paradoxal, tosse sanguinolenta
(hemoptise); Observar presença de cianose na face, especialmente nos lábios;
 Verificar sinais de choque hemodinâmico;
 Observar no pescoço: desvio de traqueia ou distensão dos vasos do pescoço (estase
jugular), enfisema subcutâneo;
 Observar no tórax: assimetria da parede torácica na respiração, ferimentos abertos,
deformidades, hematomas, equimoses, escoriações, crepitação óssea, enfisema
subcutâneo.

CONDUTA NO TRAUMA PENETRANTE DE TÓRAX

 Controlar sangramentos externos;


 Verificar se o ferimento é soprante e nesse caso:
 Pedir para a vítima expulsar todo o ar dos pulmões (expiração forçada); 2.2. Se a vítima
estiver inconsciente: observe os movimentos respiratórios; na expiração faça o curativo;
 Aplicar no ferimento um curativo oclusivo de formato quadrado, utilizando o plástico
protetor de evisceração, vedando suas bordas em três lados com esparadrapo e deixando a
parte inferior aberta.
 Verificar se há objeto encravado:

Se não estiver encravado, transportar a vítima de DDH;

Se estiver encravado:

Não retirá-lo;

Estabilizá-lo;

Transportar a vítima em DDH, exceto que o objeto esteja encravado na região dorsal; neste caso
a vítima deverá ser transportada em decúbito lateral (DL) do lado não afetado, mantendo a
imobilização manual da coluna.

Observar situações de emprego do POP de acionamento de SAV ou Transporte Imediato.


Transportar monitorando sinais vitais.

Aula 23 e 24 - Queimaduras e Choque elétrico: agentes causadores da lesão. Afogamento.

76
12. QUEIMADURAS TÉRMICAS, POR AGENTES QUÍMICOS E ACIDENTES COM
ELETRICIDADE

QUEIMADURAS

Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de origem térmica
resultante da exposição ou contato com chamas, líquidos quentes, superfícies quentes,
eletricidade, frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção.

ANATOMIA DA PELE

A pele recobre aproximadamente 1,5 a 2 metros quadrados em um adulto médio. É constituída


por 3 camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo.

A pele é o tecido de revestimento do corpo determinando seu limite com o meio externo e
corresponde a 16% do peso corporal.

É formada por três camadas: epiderme, derme e hipoderme, da mais externa à mais profunda,
respectivamente.

As queimaduras constituem um importante problema podendo, de acordo com a gravidade levar


a vítima a sequelas e morte. A atenção aos princípios básicos de atendimento inicial e a aplicação
de medidas simples minimizam as complicações decorrentes dessas lesões.

77
FUNÇÕES DA PELE

Proteção contra elementos ambientais: funciona como barreira protetora contra agentes físicos
(calor, frio, radiações), químicos (água e várias outras substâncias) e biológicos
(microorganismos).

Regulação da temperatura corporal pela vasodilatação ou vasoconstrição dos vasos da derme. Em


ambientes frios, os vasos se contraem para diminuir o fluxo sanguíneo cutâneo e,
consequentemente, a perda de calor, deixando a pele pálida e fria; em ambientes quentes, os
vasos se dilatam para aumentar o fluxo cutâneo e a perda de calor - a pele se torna avermelhada
(corada) e quente. A sudorese auxilia a dissipação da temperatura corporal por meio da
evaporação.

Função sensitiva: as terminações nervosas especializadas da derme captam e transmitem ao


sistema nervoso central informações, como a temperatura ambiental, as sensações táteis e os
estímulos dolorosos.

CAUSAS DE QUEIMADURAS

 Térmicas: líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor e através do fogo;
 Químicas: substâncias químicas industriais, produtos de uso doméstico, como solventes,
soda cáustica, alvejantes ou qualquer ácido ou álcalis.
 Elétricas: corrente de baixa voltagem (eletrodomésticos), alta tensão e raio;
 Radiantes: resultam da exposição à luz solar ou fontes nucleares;
 Luz intensa: atinge principalmente os olhos.
 Biológicas: Seres vivos: como por exemplos, taturanas, “água viva”, urtiga.

78
CARACATERÍSTICAS DAS QUEIMADURAS

Provocar uma queimadura é semelhante a fritar um ovo. Quando o ovo é quebrado em uma
chapa quente, inicialmente, é líquido e transparente. Com a exposição a altas temperaturas
rapidamente se torna opaco e solidifica. Um processo quase idêntico ocorre com o tecido
humano quando uma vítima se queima.

Em uma queimadura, temperaturas elevadas (ou de congelamento), irradiação ou agente químico


fazem com que as proteínas da pele sejam gravemente danificadas, levando a sua desnaturação
como ocorre com o ovo frito.

CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS

As queimaduras são classificadas de acordo com a extensão e profundidade da lesão. A


gravidade depende mais da extensão do que da profundidade. Uma queimadura de primeiro ou
segundo grau em todo o corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena
extensão. Saber diferenciar a queimadura é muito importante para que os primeiros cuidados
sejam efetuados corretamente.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PROFUNDIDADE

As queimaduras classificam-se em graus, de primeiro a terceiro graus:

Queimadura de 1º Grau – Atinge somente a epiderme (camada mais superficial da pele).


Caracteriza-se por dor local e vermelhidão da área atingida.

79
Espessura superficial
Queimadura solar
Rubor
Dor
calor

Fonte:
PHTLS Primeira Resposta no
Trauma - 2013

Queimadura de 2º Grau – Atinge a epiderme e porções variadas da derme. Na de segundo grau,


os vasos se dilatam mais e parte do líquido em seu interior escapa, provocando bolhas.

Espessura parcial
Formação de bolhas
Dor
Leito da ferida é brilhante

Fonte:
PHTLS Primeira Resposta no
Trauma - 2013

Queimadura de 3º Grau – Atinge a epiderme e derme. São ferimentos espessos, secos,


esbranquiçados, com aparência semelhante a couro, independente da etnia ou cor da pele da
vítima. Em casos graves, a pele parece chamuscada. Esta pele com aparência semelhante a couro
é chamada de escara.

80
Espessura total
Aparência similar a couro
Coloração branca e
chamuscada Fonte:
Fonte: Tecido morto
As vítimas apresentarão dor
nas áreas adjacentes ás
queimaduras de terceiro
grau.

As vítimas com queimaduras de terceiro grau sentem muita dor.

Essas lesões são caracteristicamente cercadas por áreas de queimaduras de 2º e 1º grau, que
são extremamente dolorosas.

Queimadura de 4º Grau – As queimaduras de 4º grau são aquelas que acometem não somente
todas as camadas da pele, mas também o tecido adiposo subjacente, os músculos, os ossos ou os
órgãos internos.

Acometem não somente todas


as camadas da pele, mas
também o tecido adiposo
subjacente, os músculos, os Fonte:
Fonte: ossos ou os órgãos internos.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A EXTENSÃO DA ÁREA QUEIMADA

Existem diversos métodos para determinar a SCTQ, entre os quais a "Regra dos Nove" ou Regra
de Wallace, e estimativas baseadas no tamanho da palma da mão da pessoa. A regra dos nove é
de fácil memorização, mas só é precisa para pessoas com mais de 16 anos de idade. Outra forma
é a “Regra da Palma da Mão”, baseia-se no fato de esta superfície corresponder a
aproximadamente 1% da superfície total de pele.
81
REGRA DOS NOVE DE WALLACE

REGRA DOS NOVE: é uma maneira de mensurar aproximadamente a extensão das queimaduras
expressa em porcentagem (%) de área corpórea queimada, a qual pode variar de acordo com o
tamanho de cada região e conforme o indivíduo se desenvolve da infância até a maturidade.

A regra dos nove divide o corpo humano em doze regiões; onze delas equivalem a 9 % cada
uma, e a última, a região genital equivale a 1 %, conforme segue:

Região do corpo ADULTO CRIANÇA

Cabeça e pescoço

MMSS

Tronco anterior

Tronco posterior

MMII

Genitais

Total

REGRA DA PALMA DA MÃO

Geralmente a palma da mão de um indivíduo representa 1% de sua superfície corporal. Assim


pode ser estimada a extensão de uma queimadura, calculando-se o “número de palmas”.

GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS

A gravidade das queimaduras está relacionada à profundidade, à extensão, ao tipo e local.

82
Quanto maior a profundidade e a extensão da queimadura maior é a gravidade da vitima e a
necessidade de atendimento de primeiros socorros especializados.

A vítima que possui mais de 10% da área corpórea queimada é considerada grave, necessita de
atendimento de primeiros socorros especializados.

Queimaduras na região dos olhos, face e couro cabeludo implicam cuidados com as vias aéreas,
pois elas podem estar obstruídas em razão do edema das mucosas, decorrente da queimadura.

Queimaduras na circunferência do tórax produzem dificuldade respiratória, e aquelas em torno


dos membros produzem edema com compressão dos vasos sanguíneos e isquemia local,
necessitando de atendimento de primeiros socorros especializados.

REGRAS GERAIS DE ATENDIMENTO PARA VÍTIMAS DE QUEIMADURAS

O socorrista deve sempre estar munido de equipamento de proteção individual: luvas, óculos e
vestimenta adequada (calças, camisas longas e calçados que protejam os pés).

Antes de iniciar o atendimento inicial de primeiros socorros, deve-se sempre avaliar a segurança
do local (presença de fogo, produtos químicos e energia elétrica), a cena (o tipo de acidente) e a
situação (o que pode ter provocado o acidente). É importante que o socorrista não se torne mais
uma vítima. Portanto, caso o ambiente não esteja seguro, adotar as medidas de proteção pessoal e
da Equipe, das outras equipes no local, da vítima e outras pessoas envolvidas.

Avaliar as regiões do corpo acometidas, a profundidade da lesão (1º, 2º, 3º e 4º grau). e a


extensão da lesão através da porcentagem da área corpórea atingida (regra dos nove).

Caso haja acometimento da face (queimadura de pele, cabelos ou pelos do nariz e das pálpebras
ou fuligem na região orofaríngea) ou possibilidade de que a vítima tenha inalado fumaça ou
gases, dar especial atenção às vias aéreas e respiração. Cobrir os olhos da vítima com gaze
umedecida em soro ou água limpa.

Proteger as áreas queimadas com compressa ou plástico estéril, ou ainda, para área queimada
inferior a 10%, utilizar compressas de gaze umedecidas ou manta de hidrogel.

Realizar a avaliação primária. Lembre-se sempre que todo queimado é uma vítima de trauma
grave e pode ter outras lesões associadas. A vítima deve receber os cuidados por ordem de
prioridade. Nunca se esquecer da proteção da coluna cervical quando indicado.

83
É muito importante proteger as queimaduras contra possíveis infecções e nunca romper as bolhas
que possam vir a se formar devido à queimadura. As lesões devem ser protegidas com
compressas ou panos limpos e envolvidas em um cobertor.

É importante não permitir que se coloque sobre a queimadura: pomadas, mercúrio, pasta de
dente, folhas de plantas ou qualquer outro produto. Embora proporcionem um alívio ou sensação
de conforto imediato, esses produtos poderão causar lesão adicional.

Se a vítima apresentar queimaduras na região da cabeça (face ou couro cabeludo), ela é


considerada grave e necessitará de atendimento de primeiros socorros especializados. É preciso
ter um cuidado especial com as vias aéreas (ver avaliação primária).

Vítimas de explosões, geralmente, possuem lesões associadas e são consideradas graves e


necessitam de atendimento de primeiros socorros especializados. Deve se ter um cuidado
especial com as vias aéreas.

Durante o transporte para o hospital é muito importante sempre observar e reavaliar a condições
da vítima. Ao transportar a vítima, muito cuidado para não agravar mais as lesões existentes.

CONDUTAS ESPECÍFICAS

1. Nas Queimaduras Térmicas - Fogo

1. Caso haja fogo nas vestes, este deve ser apagado com água em grande quantidade.
2. O corpo da vítima no local da queimadura deve ser resfriado com soro fisiológico ou
água em temperatura ambiente.
3. Retire vestes soltas com delicadeza, sem arrancá-las, cortando-as com tesouras. Não
arrancar tecidos que estejam aderidos à pele, apenas resfriá-los com soro fisiológico ou
água na temperatura ambiente. Se a vítima estiver usando relógios e adornos (anéis,
pulseiras, etc) estes deverão ser retirados.

84
Não permitir que a vítima corra e abafar da cabeça em direção aos pés evitando que, de outro
modo, os gases aquecidos atinjam a face da vítima.

Resfriamento da área atingida para diminuição da extensão e profundidade da área queimada.

Caso a vítima tenha queimaduras de mãos ou pés, os dedos devem ser separados por gazes ou
panos limpos e umedecidos com soro fisiológico ou água em temperatura ambiente.

85
QUEIMADURAS NAS VIAS AÉREAS

Queimaduras que envolvam vias aéreas são graves, podendo levar à obstrução das superiores.
Queimaduras por vapores aquecidos podem atingir vias aéreas inferiores, enquanto as produzidas
por calor seco normalmente atingem apenas as vias aéreas superiores, porque o ar não é bom
condutor de calor. A extensão e gravidade da queimadura das vias aéreas podem ser
subestimadas na avaliação inicial, porque a obstrução das vias aéreas não se manifesta no
momento, mas se desenvolve gradualmente à medida que aumenta o edema dos tecidos lesados.
As vítimas podem necessitar de intubação endotraqueal antes que uma obstrução severa a
impeça. Por isso, é importante identificar os sinais de queimadura das vias aéreas antes que se
desenvolva a obstrução.

Sinais de alerta:

Queimaduras faciais;

Queimadura das sobrancelhas e vibrissas nasais;

Depósito de fuligem na orofaringe;

Faringe avermelhada e edemaciada;

Escarro com resíduos carbonáceos;

História de confinamento em ambiente incendiário ou explosivo

Queimaduras na face e pescoço podem produzir edema local e produzir obstrução de vias aéreas.

TRATAMENTO PARA QUEIMADURAS NA FACE E NOS OLHOS

86
Irrigar a lesão com soro fisiológico ou água limpa e cobrir os dois olhos com gaze seca estéril.

INALAÇÃO DE GASES TÓXICOS

Além da queimadura das vias aéreas, outras lesões potencialmente graves são as causadas por
inalação de fumaça e a intoxicação por monóxido de carbono. Suspeite sempre que isso possa ter
ocorrido se há história de confinamento em ambientes incendiários, explosivos ou se a vítima
apresenta alteração do nível de consciência.

Inalação de fumaça e subprodutos da combustão:

Partículas inaladas com a fumaça e certos subprodutos resultantes da combustão incompleta de


combustíveis atingem as vias aéreas inferiores e os pulmões, podendo causar lesão química dos
brônquios e alvéolos pulmonares. Os sintomas dessas lesões muitas vezes só aparecem algumas
horas após a inalação, ao se desenvolver a inflamação dos brônquios ou do pulmão. Lesões por
inalação são responsáveis por significativa parcela das mortes por queimaduras. O tratamento no
ambiente pré-hospitalar consiste em afastar a vítima do local enfumaçado e administrar oxigênio.

Intoxicação por monóxido de carbono:

O monóxido de carbono é um gás incolor, inodoro. Ele não causa lesão direta às vias aéreas ou
ao pulmão, mas possui afinidade com a hemoglobina 200 vezes maior que a do oxigênio. Isso
significa que ele se liga mais fácil e firmemente à hemoglobina que o oxigênio. Quanto maior a

87
quantidade de monóxido de carbono inalada, maior a quantidade de hemoglobina ligada ao
monóxido (carboxiemoglobina) e, portanto, menor a quantidade de hemoglobina ligada ao
oxigênio (oxiemoglobina). A diminuição da oxiemoglobina leva à hipóxia tecidual que, severa,
causa a morte.

Os sintomas variam de acordo com o grau da intoxicação, indo desde náuseas e cefaléia intensa
até confusão, inconsciência e, finalmente, óbito. A pele se apresenta em tom vermelho cereja,
sinal nem sempre presente. É importante saber que a oximetria de pulso nessa situação pode
levar a conclusões falsas. O oxímetro de pulso mede a porcentagem de hemoglobina saturada,
mas não diferencia a hemoglobina saturada com oxigênio da saturada com monóxido de carbono;
conseqüentemente, o resultado obtido deve ser encarado com reservas. Assim, o indivíduo pode
estar com uma intoxicação severa por monóxido de carbono, inconsciente, e a leitura da
saturação marcar 100% por causa da grande quantidade de carboxiemoglobina.

O tratamento consiste na administração de oxigênio na maior concentração possível, de


preferência a 100%, em vítimas inconscientes, o que só se obtém com a entubação endotraqueal.

ATENDIMENTO A GRANDES QUEIMADOS – SUPERFÍCIE TOTAL CORPORAL


QUEIMADA ACIMA DE 10%

 Cobrir as áreas queimadas com plástico estéril;


 Cobrir a vítima com lençol cobertor térmico, inclusive a cabeça, deixando somente a face
exposta;
 Transporte imediato para o hospital de referência da região.

FUNÇÃO DOS CURATIVOS NAS QUEIMADURAS

 Diminuir a dor;
 Diminuir a contaminação;
 Evitar a perda de calor.

Frequentemente a dor causada pelas queimaduras é severa e requer administração de analgésicos


endovenosos para seu alívio pela equipe de Suporte Avançado de Vida, se disponível no local.
Uma medida simples para o combate à dor, entretanto, é um curativo corretamente realizado. Nas
queimaduras de pequena extensão, podem ser utilizados curativos úmidos, frios, com soro
fisiológico, para alívio da dor. O uso do soro fisiológico é recomendado para evitar a

88
contaminação da ferida; na sua ausência, usar água limpa. Nas queimaduras extensas, o uso de
curativos úmidos, frios, pode levar a hipotermia, porque a pele queimada perde a capacidade de
auxiliar na regulação da temperatura corporal, ficando a vítima suscetível à perda de calor;
quando usados, não devem cobrir mais que 10% da superfície corporal. Quando a extensão da
queimadura for muito grande, é preferível envolver ou cobrir a vítima com lençóis limpos, secos,
em vez de tentar aplicar grandes curativos. Quando houver hemorragia associada, usar curativos
compressivos habituais. Não remover roupas firmemente aderidas nem romper bolhas. Os
curativos devem ser espessos e firmes, mas não apertados.

QUEIMADURAS – PELO FRIO

A queimadura causada pelo frio acontece quando uma parte do corpo é exposta durante um longo
período a temperaturas muito baixas. Temperaturas próximas ou abaixo do ponto de
congelamento podem produzir isquemia tecidual, congelamento e, assim, lesões teciduais.

A queimadura de frio é mais frequente nos dedos das mãos, pés, nariz, orelhas, bochechas e
queixo. A pele se apresenta acinzentada ou amarelada e fria; a vítima se queixa de dor ou
amortecimento local; as lesões mais profundas deixam a pele com aspecto de cera; dor e
amortecimento desaparecem, porque as terminações nervosas estarão lesadas. Lesões superficiais
podem ser tratadas por reaquecimento, colocando a região atingida em contato com superfície
corporal aquecida. Lesões profundas só devem ser reaquecidas em ambiente hospitalar.

Em casos graves, pode levar à amputação de áreas afetadas. Na maioria dos casos de
queimaduras de frio, apenas a pele é congelada, porém, em casos mais extremos, os tecidos
internos podem ser afetados e é preciso tomar cuidados mais delicados. Esse segundo tipo de
queimadura de frio, requer cuidados médicos para minimizar os danos e reduzir a possibilidade
de problemas mais graves.

GRAVIDADE DAS LESÕES TECIDUAIS

89
LESÕES TECIDUAIS

Lesões teciduais
graves
produzidas pelo
congelamento
dos tecidos.

TRATAMENTO DAS LESÕES TECIDUAIS

 Leve a vítima para um lugar seco e aquecido.


 Retire qualquer vestimenta molhada. Não arranque as vestes que estiverem aderidas à
pele, é importante sempre proteger a queimadura por congelamento de fricção ou pressão;
nunca apalpe ou aperte o tecido.
 Se vítima estiver usando relógios e adornos estes devem ser retirados.
 Faça um curativo oclusivo sobre a área afetada:
90
 Enrole a vítima em cobertor para prevenir a hipotermia.

Separar os dedos com compressa de gaze seca;

Promover o aquecimento passivo envolvendo a lesão com gaze e atadura.

O QUE NUNCA DEVE SER FEITO

 Esfregar a área atingida;


 Efetuar aquecimento ativo da região afetada;
 Irrigar a área afetada;
 Passar quaisquer substâncias no local da lesão.

QUEIMADURAS QUÍMICAS

As queimaduras químicas ocorrem por contato da pele com substâncias cáusticas.

Normalmente, as queimaduras por álcalis são mais graves que as causadas por ácidos, porque
aqueles penetram mais profundamente nos tecidos.

O princípio básico do tratamento consiste em irrigar a área queimada para retirada de toda
substância cáustica, que continua a reagir enquanto permanecer em contato com os tecidos.
Iniciar a irrigação copiosa imediatamente, somente com água corrente ou soro fisiológico; não
usar substâncias neutralizantes. A simples utilização de compressas úmidas pode agravar a lesão,
porque a água em pequena quantidade reage com certas substâncias e produz calor, o que
aumenta a severidade da lesão. Retirar roupas e sapatos da vítima enquanto proceder à irrigação,
porque pode haver acúmulo de líquido com uma concentração de substância cáustica suficiente

91
para produzir queimaduras. Sempre que possível, evitar que o líquido da irrigação escorra por
áreas não-queimadas. Proteja-se também durante o procedimento.

As substâncias cáusticas na forma de pó, como soda cáustica, por exemplo, devem ser retiradas
por escovação. Só irrigar as queimaduras produzidas por pó se as lesões já estiverem úmidas.

GRAVIDADE DA LESÃO QUÍMICA

 É determinada por quatro fatores:


 Natureza das substâncias químicas;
 Concentração da substância química;

Duração do contato;

Mecanismo de ação da substância química.

CLASSIFICAÇÃO E AÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

Os agentes químicos são classificados como ácidos, bases, orgânicos e inorgânicos. Os ácidos
consistem em substância química de pH entre 7 (neutro) e 0 (ácido forte). As bases apresentam
pH entre 7 e 14. Ácidos e bases provocam lesão aos tecidos humanos por dois mecanismos de
ação diferentes. Os ácidos danificam os tecidos por meio de um processo denominado necrose
por coagulação: o ácido promove a coagulação das proteínas, e o tecido lesionado transforma-se
em uma barreira que impede a penetração mais profunda do ácido. Em contrapartida, nas
queimaduras provocadas por bases, há destruição do tecido por necrose de liquefação; a base
liquefaz o tecido, possibilitando que a substância química o penetre mais, aumentando a
profundidade da lesão.

TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS QUÍMICAS

Antes de manipular qualquer vítima que ainda esteja em contato com o agente agressor, o
socorrista deve proteger-se de sua exposição, com luvas, óculos e vestimenta adequada;
92
Se possível identificar o agente agressor;

Retirar as vestes da vítima que estiver impregnada pelo produto e irrigar a pele com água
corrente, abundantemente.

Irrigar a área com água abundante pelo tempo mínimo de 20 minutos, antes de iniciar o
embarque e transporte, exceto, nas situações que exijam o emprego do MANUAL DE Transporte
Imediato;

Se o produto for seco (na forma de granulado ou pó) retirá-lo manualmente sem friccionar (com
pano seco ou escova). Em seguida irrigar o local conforme recomendado;

93
Se a lesão for nos olhos, lateralizar a cabeça (para não atingir o olho íntegro), irriga-los por no
mínimo 10 minutos com água corrente ou soro
fisiológico antes de transportar e manter a
irrigação durante o transporte.

BIOSSEGURANÇA

94
NAS QUEIMADURAS ELÉTRICAS

Lembre-se sempre que a segurança é primordial, não se torne mais uma vítima. Acione o apoio
necessário para a intervenção e segurança neste tipo de acidente.

É muito importante não se esquecer de desligar a fonte de energia elétrica antes de iniciar o
atendimento à vítima.

Fios caídos devem sempre ser considerados energizados, se estes estiverem em contato com
veículos, as vítimas que estiverem no interior do carro devem ser orientadas para permanecerem
dentro deste, até que a energia elétrica seja desligada. Exceção deve ser feita em risco iminente
de incêndio ou explosões, nestas situações a vítima é orientada a pular do veiculo o mais longe
que puder, tomando o devido cuidado para não cair sobre a área energizada.

Vítimas de queimaduras elétricas são consideradas graves (passíveis de parada respiratória ou


cardiorrespiratória, dano ao sistema nervoso central, lesões em órgãos internos e traumas
associados), necessitando de atendimento especializado.

Procure os locais de entrada e saída da corrente elétrica, cobrindo-os com gaze ou um pano limpo
e encaminhe a vítima imediatamente ao hospital.

Lembre-se: as queimaduras elétricas podem ser mais graves do que aparentam na observação
inicial. Em geral, a queimadura aparentemente é pequena, porém a corrente elétrica provoca
lesão extensa dos tecidos mais profundos.

CONDUTAS GERAIS PARA VÍTIMAS DE QUEIMADURAS

 Interromper o contato da vítima com o agente lesivo (térmico, químico ou elétrico);


 Identificar o tipo de acidente, tipo de queimadura (térmica, química ou elétrica), através
de indícios ou testemunhas;
 Informar imediatamente a Central de Regulação quando identificar vítimas com
queimaduras em face, vias aéreas ou eletrocutadas e aguardar envio de SAV ou
autorização para transporte imediato;
 Transportar observando os cuidados previstos no MANUAL DE específico.

95
CONDUTA PARA ATENDIMENTO DE VÍTIMAS DE QUEIMADURAS QUÍMICAS

Antes de manipular qualquer vítima que ainda esteja em contato com o agente agressor (no
ambiente, nas vestes, ou na pele), proteger-se de sua exposição (luvas, óculos e vestimenta de
proteção). Se possível, identificar o agente agressor.

Retirar as vestes da vítima que estiverem impregnadas pelo produto e lavar a pele com água
corrente, abundantemente por pelo menos 10 minutos.

Se o produto for seco (na forma granulado ou pó), retirá-lo manualmente sem friccionar (com
pano seco ou escova). Em seguida lavar o local com água corrente abundante.

ATENÇÃO

Nas queimaduras acometendo os olhos proceder segundo o MANUAL DE RES 06-05.

Nos produtos secos, não utilizar água antes de retirá-lo, pois poderão dissolvê-los aumentando a
área de contato com o agente.

Não furar bolhas e nem passar qualquer produto não orientado (pasta de dente, gelo, pomada
entre outros.).

Qualquer vítima com lesões por queimadura pode estar associada a outros tipos de traumas,
portanto, especial atenção deve ser dada à análise primária.

ACIDENTES ENVOLVENDO ELETRICIDADE

96
As lesões causadas por acidentes com eletricidade podem levar uma vítima a uma parada
cardíaca, paralisação da respiração por contração dos músculos respiratórios e ocasionar
queimaduras locais de limites bem definidos ou de grande extensão. A queimadura geralmente
será de 3º grau, podendo, em alguns casos, provocar a carbonização da área afetada.

Procedimentos operacionais

Empregar EPI específico.

Verificar e afastar, ou minimizar, riscos iminentes, principalmente se a energia foi cortada e


escoada antes de abordar a vítima; observar ainda:

Se os fios estiverem em contato com veículos, orientar as vítimas a permanecerem no seu interior
até que a companhia de eletricidade possa desenergizá-los, a não ser que haja risco iminente de
incêndio ou explosões; nestas situações, orientar a vítima a pular do veículo sem fechar o circuito
com o solo;

Se houver um fio chicoteando, tente


estabilizá-lo com o estepe da viatura;

 O socorrista que for utilizar o croque deverá ter amarrado na cintura uma “linha de vida”
(cabo multi-uso) com a finalidade de retirá-lo rapidamente em caso de contato com a
fonte de energia.
 Realizar análise primária da vítima;
 Observar atentamente a qualidade do pulso, pois nessas situações podem ocorrem
arritmias cardíacas.

97
 Informar a Central de Regulação e aguardar determinação.
 Tratar as queimaduras.
 Tratar os ferimentos com técnica adequada.

Os problemas mais graves produzidos por uma descarga elétrica são: parada respiratória ou
cardiorrespiratória, dano ao sistema nervoso central, lesões em órgãos internos e traumas
associados.

ATENÇÃO

Não esquecer de desligar a fonte de energia e certificar que toda a eletricidade escoou,
(condensadores e outros equipamentos podem armazenar por algum tempo a energia elétrica,
mesmo depois de desligada a fonte de fornecimento) antes de acessar a vítima.

Considerar a vítima de choque elétrico sempre como vítima de trauma grave, mesmo que não
haja sinais externos que indiquem isto.

Considerar fios caídos sempre como energizado.

Aula 25 e 26 - Envenenamento: agentes causadores; Animais peçonhentos, Reconhecimento e


conduta.

13. ENVENENAMENTO

Em todo o mundo, já foram identificados mais de 9 milhões de agentes químicos naturais e


sintéticos, no entanto, menos de 3000 são os causadores de mais de 95% das intoxicações.

Alguns casos de envenenamentos são causados por tentativas de suicídios, muitos outros são
acidentais e envolvem principalmente crianças.

A identificação do agente tóxico e um conhecimento preciso do seu potencial de toxidade são


pontos chaves para o atendimento inicial da vítima.

Membros da família ou outras pessoas, naturalmente, informam o fato durante a chamada de


socorro. O socorrista ao avaliar a cena da emergência, pode suspeitar de envenenamento ao
perceber a presença de recipientes, líquidos derramados, cápsulas, comprimidos, substâncias
98
venenosas ou qualquer indício que permita identificar a substância tóxica. Adicionalmente, os
sinais e sintomas que a vítima apresenta pode indicar um caso de envenenamento ou overdose de
drogas. Na ausência dessas informações os socorristas devem se basear apenas no atendimento
geral de suporte básico de vida. Os Centros de Controle de Intoxicação, locais ou regionais,
devem ser acionados para informações técnicas suplementares, sempre que necessário.

SUBSTÂNCIAS GERALMENTE ENVOLVIDAS

 Medicamentos: antidepressivos, estimulantes, analgésicos;


 Derivados de petróleo: gasolina, óleo díesel, graxa, naftalina;
 Cosméticos: esmalte, acetona, talcos;
 Pesticidas, raticidas, agrotóxicos;
 Plantas venenosas: comigo-ninguém-pode; trombeta;
 Outros: drogas; alimentos contaminados; limpadores domésticos; chumbo; pomadas,
cremes, contato com insetos (taturana); picada de insetos, acidente ofídico, drogas
injetáveis.

VIAS DE INGRESSO DO AGENTE NOCIVO

Ingestão: deglutição de substâncias químicas, acidental ou intencionalmente;

Inalação: aerossóis, pós, fumaças, gases;

Absorção: através do contato direto da pele com certas substâncias;

Injeção: inoculada no organismo humano através de peçonhas ou seringas.

OS AGENTES SÃO CLASSIFICADOS EM:

Gases, compostos voláteis, metais, inseticidas, herbicidas, rodenticidas, fungicidas, compostos


hipnoanalgésicos, ansiolíticos, neurolépticos, estimulantes centrais e compostos barbitúricos.
99
SINAIS E/OU SINTOMAS GERAIS DAS INTOXICAÇÕES

 Queimaduras ou manchas ao redor da boca;


 Formação excessiva de saliva ou espuma na boca;
 Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da vítima;
 Respirações rápidas e superficiais;
 Pulso alterado na freqüência e ritmo;
 Sudorese;
 Alteração do diâmetro das pupilas;
 Dor abdominal;
 Náuseas; vômitos;
 Diarréia;
 Hemorragias digestivas;
 Distúrbios visuais;
 Tosse;
 Reações na pele, que podem variar de irritação até queimaduras químicas;
 Coceiras (pruridos) e ardência na pele;
 Aumento da temperatura da pele;
 Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;
 Confusão mental, inconsciência;
 Convulsões;
 Choque anafilático;
 Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DAS INTOXICAÇÕES

• Garantir a segurança pessoal e da equipe de Atendimento Pré-hospitalar - (uso de EPI e


EPR);
• Remover a vítima do local de risco, especialmente quando exposta à atmosfera gazeada;
• Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;
• Remover as roupas do acidentado caso estejam contaminadas;
100
• Verificar se a situação se enquadra no MANUAL DE 02-04 – Acionamento de SAV ou
02-10 – Transporte Imediato;
• Verificar se a situação se enquadra no MANUAL DE 02-09 Restrição de Vítimas;
• Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias químicas, lavar com água limpa,
ou soro fisiológico, a fim de remover o máximo de substância possível;
• Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada;
• Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de vomitar devem ser posicionadas e
transportadas na Posição de Recuperação;
• Vítimas conscientes, apresentando dificuldade respiratória, devem ser posicionadas e
transportadas em decúbito elevado (semi-sentada);
• Transporte junto com a vítima: resto de substâncias, recipientes e aplicadores de drogas
ou vômito.

Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas podem "mascarar" a dor!

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Não se administra oxigênio em vítimas intoxicadas por compostos cumarínicos, substâncias


utilizadas em defensivos agrícolas, sob pena de agravar o envenenamento e auxiliar na morte do
acidentado.

Suspeite de envenenamento em qualquer vítima que apresentar uma doença aguda ou grave
inexplicada.

NÃO induzir o vômito, exceto se houver orientação médica através do CENTRAL DE


REGULAÇÃO.

NÃO tente neutralizar o veneno ou a droga, exceto nos casos em que houver orientação médica
através do CENTRAL DE REGULAÇÃO.

101
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Procedimentos operacionais

Manter a vítima em repouso absoluto, não deixá-la locomover-se;

Remover anéis, pulseiras, braceletes, e outros adornos;

Se possível e oportuno, capture o animal e leve-o para identificação;

Lavar o local da picada com água e sabão;

Proteger o local da lesão fazendo curativo com gaze seca;

Transportar ao hospital indicado.

Procurar capturar o animal, desde que feito com segurança e não comprometa ou retarde o
transporte da vítima; transporte o animal com segurança também ao hospital, em recipiente
adequado.

ATENÇÃO

 Somente soro específico cura o envenenamento provocado por picadas quando aplicado
adequadamente.
 NÃO fazer qualquer tratamento caseiro como torniquete, sucção, perfuração, pó de café,
fumo, entre outros.
 Se houver tempo e condições, conduzir o animal que provocou a lesão para avaliação e
identificação.

102
Aula 27 e 28 - Infarto, Angina, AVC, Epilepsia, diabetes e crise asmáticas.

14. EMERGÊNCIAS MÉDICAS

EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES

As emergências cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo.


Reconhecê-las rapidamente, bem como instituir as primeiras condutas, são essenciais ao
profissional da equipe de APH.

SÃO EMERGÊNCIAS MÉDICAS CARDIOVASCULARES:

Infarto Agudo do Miocárdio;

Angina de Peito (Angina Pectoris);

Crise e Emergência Hipertensiva;

Acidente Vascular Encefálico (AVE) e Ataque Isquêmico Transitório (AIT).

FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES:

Tabagismo (fumo);

Sedentarismo (falta de exercícios físicos regulares);

Dislipidemias (dieta irregular com excesso de gorduras);

Stress;

Antecedentes familiares;

Doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes mellitus).

103
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

DEFINIÇÃO

É a morte do músculo cardíaco decorrente da


privação de oxigênio fornecido através do
sangue proveniente das artérias coronárias.

SINAIS E SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Dor precordial, do tipo queimação, em peso (opressão), ardência podendo irradiar para os
membros superiores ou áreas vizinhas. A dor pode não ser precordial, podendo localizar-se na
região epigástrica, submentoniana (debaixo do queixo), no pescoço, nos ombros, cotovelos,
punho (como se fosse uma pulseira).

A área dolorosa ou da ardência está associada a episódios emocionais ou com esforços. A área
dolorosa normalmente atinge mais que 8 cm2 . Acompanha a dor a palidez, a sudorese fria

104
(transpiração), ansiedade, sensação de morte iminente e a postura dolorosa, normalmente
refletindo a imobilidade postural.

Não existe um sinal indicativo para o diagnóstico de IAM. Um paciente pode apresentar IAM
sem queixa de dor. Nestes casos, é importante perguntar se o mesmo já apresentou dor nos dias
anteriores. Muito provavelmente, a resposta será positiva. Estas vítimas podem apresentar
disritmias cardíacas ou, em condições críticas, um choque cardiogênico. Dificilmente serão
reconhecidos em ambiente pré-hospitalar.

É importante ressaltar que durante a avaliação médica, alguns pacientes com IAM podem
apresentar um eletrocardiograma normal.

Portanto, a melhor maneira de reconhecer o IAM é saber ouvir o paciente. A história da queixa
principal, os antecedentes, o reconhecimento dos fatores de riscos para doenças cardiovasculares
e a identificação de alguns sinais inespecíficos, mas sugestivos no exame físico revelam o
diagnóstico na quase totalidade dos casos.

ANGINA PECTORIS

DEFINIÇÃO

Dor precordial (no peito), de curta duração, usualmente menor do que 15 minutos, que se
apresenta quando o coração não recebe uma quantidade suficiente de oxigênio. É agravada ou
produzida pelo exercício ou por episódios emocionais e é aliviada pelo repouso ou através de
medicamentos vasodilatadores.

A angina pode ser classificada em estável ou instável. A angina estável está associada ao
exercício físico que origina a dor. A vítima normalmente sabe quando apresentará a dor. A
angina instável não é um episódio previsível como a estável, pois ocorre abruptamente com a
fissura da placa de ateroma, como já foi comentado na fisiopatologia do IAM.

105
EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA

DEFINIÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica pode ser caracterizada pela elevação súbita da pressão arterial a
níveis superiores ao considerado normal (140x90 mmHg nos pacientes examinados ou 130x80
mmHg em pacientes diabéticos e renais crônicos).

A hipertensão arterial pode aumentar o risco de ocorrer emergências cardiovasculares. Muitas


vezes assintomática, representa ainda um risco para a ocorrência do infarto agudo do miocárdio,
acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca congestiva e lesão renal, ataque isquêmico
transitório, Em outras ocasiões, o paciente hipertenso apresenta sinais e sintomas. Quando
sintomático, o paciente apresenta uma crise hipertensiva. Em situações de risco de morte muito
aumentado, o paciente pode apresentar uma emergência hipertensiva.

Em pacientes com idade entre 40 a 70 anos, cada aumento de 20 mmHg na pressão sistólica e 10
mmHg na pressão diastólica pode dobrar o risco de doenças cardiovasculares.

A hipertensão pode ser um sinal de outra doença: um paciente pode ter um tumor em glândulas
suprarrenais e devido à produção de noradrenalina aumentada, a hipertensão ser a manifestação
clínica.

Não é possível reduzir o risco de doenças cardiovasculares se a hipertensão não for controlada.
Portanto, deve-se realizar uma terapia efetiva na manutenção da pressão arterial em níveis
aceitos.

SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas variam de acordo com o nível de urgência:

Assintomático: descobre-se que o paciente é hipertenso após 02 aferições da pressão arterial, no


mínimo, no momento da avaliação.

Se a pressão arterial sistólica estiver entre 120 e139 mmHg e a diastólica, entre 80 a 89 mmHg,
deve-se entender que o paciente encontra-se num estado pré-hipertenso.

106
Orientações que podem ser comunicadas à vítima como forma de prevenção de hipertensão:

MODIFICAÇÕES NO ESTILO DE VIDA PARA CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL

REDUÇÃO DA PA SISTÓLICA
(mmHg)
MODIFICAÇÃO RECOMENDAÇÃO

05 a 20 mmHg para cada 10 Kg de


perda de peso
Redução do peso Manter o peso ideal

Consumo rico em frutas, vegetais e


pobre em gordura saturada e total
Dieta DASH 08 a 14 mmHg

Reduzir a ingestão de sódio para


100 mEq/L (2,4 g de cloreto de
Dieta hiponatrêmica 02 a 08 mmHg
sódio (sal))
(redução do sódio)

Exercício aeróbico regular como


caminhada diária com 30 minutos
Atividade física 04 a 09 mmHg

Reduzir a ingestão de etanol para 2


drinques diários (30 ml)
Ingestão moderada de 02 a 04 mmHg
bebida alcoólica

*DASH: do inglês, significa a dieta sugerida para o controle da hipertensão arterial.

EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA

O paciente apresenta hipertensão (PA> 140 x 90 mmHg ) com sinais e sintomas.

Cefaléia;

Dor em outras regiões (tórax, abdome, membros);

Náuseas;

Escotomas (distúrbios visuais – pontos brilhantes coloridos);

Hemorragia nasal (epistaxe);

107
Taquicardia;

Parestesia (formigamento) em algum segmento do corpo.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA IAM, ANGINA PECTORIS E EMERGÊNCIA


HIPERTENSIVA

Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;

Efetuar o Transporte Imediato ao hospital de referência da região;

Manter a vítima em repouso absoluto na posição mais confortável (em geral sentado ou semi-
sentado);

Afrouxar as vestes;

Prestar apoio psicológico;

Manter oxigenioterapia com máscara facial com reservatório;

Transportar ao hospital, monitorando freqüentemente os sinais vitais e o nível de consciência.

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)

DEFINIÇÃO

Dano no tecido cerebral produzido por falha na irrigação sanguínea em razão de obstrução ou
rompimento de artéria cerebral. O efeito compressivo, ou seja, de aumento da pressão
intracraniana também manifestam sinais e sintomas e podem causar situações de risco de morte.

ESCALA PRÉ-HOSPITALAR DE CINCINNATTI

A Escala de Cincinnati permite o reconhecimento do AVE com rapidez, mantendo a


especificidade e a sensibilidade.

108
São avaliadas três condições: simetria facial, verificação da perda da força muscular ao se
estender os membros superiores, e alteração da fala (disfasia).

Se estes 3 (três) sinais estiverem presentes haverá uma probabilidade de mais de 85% de ser um
Acidente Vascular Encefálico.

OUTROS SINAIS E SINTOMAS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO:

 Dor de cabeça (cefaléia);


 Inconsciência;
 Confusão mental;
 Parestesia (formigamento), paresia (diminuição da força muscular), paralisia muscular,
usualmente das extremidades e/ou da face;
 Dificuldade para falar (disartria);
 Dificuldade respiratória (dispnéia);
 Alterações visuais (escotomas, amaurose, diplopia);
 Convulsões;
 Pupilas desiguais (anisocoria);
 Perda do controle urinário ou intestinal.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;

Efetuar o Transporte Imediato para o hospital de referência da região;

109
Manter a vítima em repouso, na Posição de Recuperação;

Proteger as extremidades paralisadas;

Dar suporte emocional. Evitar conversação inapropriada frente à vítima inconsciente;

EMERGÊNCIAS MÉDICAS RESPIRATÓRIAS

São aquelas que se referem às anomalias do sistema respiratório cuja manifestação principal é a
dispneia.

ENFERMIDADES QUE MAIS FREQUENTEMENTE CAUSAM AS EMERGENCIAS


MÉDICAS RESPIRATÓRIAS:

ASMA BRÔNQUICA

Doença caracterizada por aumento da sensibilidade da traquéia e dos brônquios a diversos


estímulos e pela constrição difusa das vias aéreas, cuja gravidade varia espontaneamente ou sob
o efeito do tratamento; manifesta-se como dispnéia episódica, tosse e espirros, expiração
prolongada e uso de músculos acessórios da respiração.

BRONQUITE CRÔNICA

Infecção dos brônquios acarretando dificuldade crescente de ventilação pulmonar.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA EMERGÊNCIAS MÉDICAS


RESPIRATÓRIAS:

Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;

Assegurar-se que o problema não é uma OVACE (obstrução de via aérea por corpo estranho);

Efetuar o Transporte Imediato ao hospital de referência da região;

110
Posicionar a vítima sentada ou semi-sentada;

Administrar oxigênio com máscara facial com reservatório;

Avalie a necessidade de instituir assistência ventilatória com uso de reanimador manual


associado a oxigenoterapia;

Nos casos em que o paciente possuir medicamento sob prescrição médica deixar que ele ou seus
familiares cumpram a orientação médica;

Monitore frequentemente os sinais vitais e esteja preparado para eventual evolução do quadro
com parada respiratória ou cardíaca.

CONVULSÕES

Contrações violentas, incoordenadas e involuntárias de parte ou da totalidade dos músculos,


provocadas por diversas doenças neurológicas e não neurológicas.

São expressões de doenças orgânicas e não de doença mental.

CAUSAS DE CONVULSÕES

 Febre alta em crianças (convulsões febris);


 Traumatismo craniano;
 Doenças infecciosas, inflamatórias ou tumores cerebrais;
 Acidente Vascular Encefálico;
 Intoxicações;
 Epilepsia.

EPILEPSIA

Doença neurológica convulsiva crônica. Manifesta-se por perda súbita da consciência,


geralmente acompanhada de convulsões tônico-clônica.

111
É COMPOSTA POR QUATRO FASES DISTINTAS

Aura: Sensação premonitória ou de advertência experimentada no início de uma crise.

Fase tônica: Extensão da musculatura corporal (rigidez, dentes cerrados);

Fase clônica: Espasmos sucessivos, salivação, perda ou não do controle esfincteriano anal ou
urinário.

Fase pós-convulsiva: a vítima pode apresentar sonolência, confusão mental, cefaléia e perda da
memória momentânea.

A epilepsia é uma enfermidade orgânica que pode apresentar-se de diversas formas, iremos
enfocar especificamente dois tipos mais comuns de epilepsia:

Grande Mal

Caracterizada por perda da consciência seguida por convulsão tônica - clônica generalizada.

Pequeno Mal

Caracterizada por breves lapsos da consciência sem atividade motora tônico - clônica.

Um episódio convulsivo epiléptico pode repetir-se muitas vezes e não é contagiosa.

SINAIS E SINTOMAS DE UMA CRISE CONVULSIVA

Perda da consciência. A vítima poderá cair e sofrer um trauma;

Rigidez do corpo, especialmente do pescoço e extremidades. Outras vezes, desenvolvem um


quadro de leves tremores ou sacudidas de diversas amplitudes denominadas convulsões tônicos-
clônicas;
112
Pode ocorrer cianose ou até parada respiratória. Em algumas ocasiões, há perda do controle dos
esfíncteres urinário e anal;

Depois das convulsões a vítima recupera o seu estado de consciência lentamente. Pode ficar
confuso por um certo tempo e ter amnésia do episódio.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

CONDUTA DURANTE A CRISE CONVULSIVA

1. Proteger a vítima de qualquer perigo, afastando objetos ao seu redor;


2. Proteger a cabeça da vítima SEM, no entanto, segurá-la de forma a impedir seus
movimentos. Pode produzir lesão no pescoço devido a movimentação do resto do corpo;
3. Posicionar imediatamente a vítima em decúbito lateral, evitando que aspire secreções,
permitindo a queda da base da língua e a liberação das VAS;
4. Administrar oxigênio através de máscara facial com reservatório. Caso as secreções
impeçam a colocação da máscara, mantenha-a com distância da boca da vítima;
5. Afrouxar suas vestes em torno do pescoço, tórax e cintura.

CONDUTA NA FASE PÓS-CONVULSIVA

1. Efetuar o Transporte Imediato para o hospital de referência da região;


2. Manter a vítima na Posição de Recuperação, se indicado;
3. Reavaliar a Análise Primária;
4. Efetuar exame físico detalhado em busca de lesões;
4.1. Nos caso de trauma será dotado o modo de transporte específico;
5. Tratar eventuais ferimentos, conforme previsto neste Manual;
6. Prevenir a hipotermia, se necessário;
7. Transportar a vítima, mantendo-a sob observação constante dos sinais vitais e nível de
consciência.

113
IMPORTANTE

Se a crise durar mais que 5 minutos, transportar mesmo em convulsões, mantendo os cuidados
anteriores.

Se a crise persistir durante o transporte e houver diminuição da freqüência respiratória (abaixo de


12 mrm ou superior a 30 mrm para vítimas acima de 8 anos, abaixo de 20 mrm ou superior a 30 mrm
para vítimas entre 1 e 8 anos e abaixo de 30 mrm ou superior a 50 mrm para vítimas abaixo de 1 ano, e
ainda a vítima apresentar sinais de insuficiência respiratória (dispnéia acentuada, cianose, respiração
superficial, uso de músculos acessórios da respiração)) ou parada respiratória, iniciar ventilação
artificial com ressuscitador manual.

Não realizar manobras intempestivas durante a crise como forçar a abertura da boca ou tentar
introduzir objetos na boca (ex. cânula orofaríngea).

CONVULSÃO FEBRIL

Pode ocorrer em algumas crianças menores de 6 anos, desencadeadas durante hipertermias (febre
alta). É rara entre 2 a 6 meses de idade. Não ocorre abaixo dos 2 meses de idade, visto que nessa
etapa de vida é mais comum a ocorrência de hipotermia. É importante lembrar que poderá
repetir-se (antecedentes). Sempre requer atenção médica.

TRATAMENTO PRÉ - HOSPITALAR

1. Adotar os cuidados gerais para qualquer tipo de crise convulsiva;


114
2. Encaminhar para o hospital de referência da região de forma imediata:
3. Durante o atendimento local e transporte procurar baixar a temperatura com aplicação de
compressas frias nos locais onde passam as principais artérias, tais como: pescoço, axilas,
virilha e sob os joelhos;
4. NUNCA utilizar compressas embebidas em álcool para fazer compressas frias. Utilize
compressas umedecidas em água morna ou, se indisponível, na temperatura ambiente;
5. Monitore a temperatura do paciente com frequencia para evitar hipotermia súbita;

DIABETES MELLITUS

DEFINIÇÃO

O diabetes mellitus é uma doença sistêmica causada pelo excesso de glicose na circulação
sangüínea (hiperglicemia). A falta de tratamento ou o tratamento inadequado pode resultar em
complicações agudas ou crônicas. O tratamento adequado pode retardar o aparecimento das
complicações.

SINAIS E SINTOMAS DO COMA DIABÉTICO

 Hálito cetótico, que pode confundir com o hálito etílico (cetoacidose diabética);
 Dispnéia: respiração rápida (taquicardia), respiração do tipo Cheyne Stokes;
 Desidratação;
 Alteração do nível de consciência podendo evoluir ao coma;
 Perda urinária considerável (poliúria), sensação de sede e fome importantes com ingestão
desequilibrada de líquidos (polidipsia) e alimentos (polifagia);
 Coma (estados hiperosmolares severos).

É importante colher informações sobre os antecedentes do paciente, lembrando de perguntar


sobre o diabetes, além de doenças pregressas, uso de medicamentos e infecções prévias.

115
HIPOGLICEMIA

A hipoglicemia é uma condição onde a quantidade de glicose circulante no sangue encontra-se


abaixo de 40 mg/dl. Nesta condição, o paciente pode apresentar sinais e sintomas que podem ser
verificados pelo socorrista, que passa a suspeitar de um provável quadro hipoglicêmico.

SINAIS CLÍNICOS

Irritação, tremor, sudorese, taquicardia, palidez podem manifestar sem hipoglicemias moderadas.

O paciente evolui para um rebaixamento do nível de consciência e alteração da coordenação. Em


hipoglicemias mais graves, convulsões e coma podem surgir e ameaçar a vida do paciente.

CONDUTA NAS COMPLICAÇÕES DIABÉTICAS

 Reconhecer o quadro clínico rapidamente;


 Executar o Transporte Imediato;
 Manter a permeabilidade das vias aéreas em pacientes inconscientes;
 Transportar os pacientes comatosos em Posição de Recuperação;
 Não administrar nada por via oral.

Aula 29 e 30 - Mecanismo e fases do parto (normal ou iminente), procedimento em todas as


fases.

15. PARTO EMERGÊNCIAL

ANATOMIA DA MULHER GRÁVIDA

Feto: ser que está se desenvolvendo e crescendo dentro do útero;

Útero: órgão muscular dentro do qual desenvolve o feto. Durante suas contrações, empurra o feto
para o canal de parto;

Colo uterino: extremidade inferior do útero que se dilata permitindo que o feto entre na vagina;

Vagina: canal por onde o feto é conduzido para o nascimento;


116
Saco amniótico: estrutura sacular que se forma no interior do útero é constituído por uma
membrana que envolve o feto e o líquido amniótico;

Líquido amniótico: líquido presente dentro do saco amniótico; sua função é manter a temperatura
do feto e protegê-lo de impactos. Durante o parto concorre para formar a bolsa das águas e
lubrificar o canal do parto após a ruptura das membranas. Sua cor normal é clara (branco
opalescente); quando está ocorrendo hipóxia e sofrimento fetal, este líquido torna-se esverdeado
(mecônio);

Placenta: órgão especial, formado durante a gravidez, constituída por tecidos materno e fetal,
permitindo a troca de nutrientes entre a mãe e o feto. Normalmente expelido ao final do trabalho
de parto. Tem formato discoidal ou ovular, com 15 a 20 cm de diâmetro, com aproximadamente
3 cm de espessura e 500 g de peso, na gravidez de termo; e

cordão umbilical: estrutura constituída por vasos sangüíneos (duas artérias e uma veia) através da
qual o feto se une a placenta, seu comprimento varia em média 55 cm.

117
FASES DO TRABALHO DE PARTO NORMAL

A cabeça fetal insinua-se na No 1º estágio do parto (período Após a descida e rotação da


pelve, 15 dias antes do parto na de latência) as contrações são cabeça, o feto posiciona o sub-
primigesta e, de intensidade variada. A bolsa occipício abaixo do púbis.
concomitantemente, ao parto, amniótica pode ou não romper-
na multigesta. se nesse estágio e a dilatação se
inicia.

Surge a cabeça, que se libera Liberando as espáduas. A O útero exibe contração de


por deflexão. Uma incisão espádua anterior se apóia sob o maior intensidade e duração,
cirúrgica (episiotomia) púbis, o feto se eleva e porém, indolores, para ocorrer
geralmente é necessária para desprende a espádua posterior; o desprendimento da placenta.
ampliar o canal de parto, mas nesse momento ele se abaixa e
somente é feita no hospital. desprende a outra espádua.

118
A seguir, a placenta é expelida. Placenta e cordão umbilical.

APRESENTAÇÃO FETAL

O termo "apresentação fetal" refere-se à parte do corpo do seu bebê que está mais próxima do
canal do parto. Na maioria das gestações de nove meses, o bebê está posicionado de cabeça para
baixo, ou POSIÇÃO CEFÁLICA, no útero.

Durante a gestação o bebê pode mudar de posição várias vezes, e na maioria dos casos a gravidez
termina com ele em posição cefálica, que é a ideal para o nascimento (a isso é normal chamar de
“cambalhota” final).

AVALIAÇÃO INICIAL DA GESTANTE

A avaliação inicial de uma gestante é idêntica a toda as vítimas. Avaliados e corrigidos os


problemas que ameaçam a vida de imediato, deverá o socorrista realizar uma entrevista com a

119
parturiente, extraindo o maior número de dados possíveis, concomitantemente com a verificação
dos sinais vitais.

ENTREVISTA

Identificar-se como socorrista habilitado para prestar o socorro;


Perguntar o nome e a idade da gestante;
 Perguntar se é o primeiro filho? Se for primigesta, o trabalho de parto será mais
duradouro. O tempo de trabalho de parto será mais curto a cada parto subsequente;
 Realizou exame pré-natal? Onde? Quais as observações médicas a respeito? Há alguma
complicação prevista?
 A que horas iniciaram-se as contrações?
 Qual o intervalo entre as contrações? (Frequência);
 Qual a intensidade das contrações? (Tempo de duração);
 Houve a ruptura da bolsa amniótica? (Perda de líquido);
 Aspecto do líquido perdido (coloração, consistência);
 Avaliar a queixa da vítima, se existente, de forte vontade de evacuar, ou de que sente o
bebê saindo pela vagina.

COM BASE NOS DADOS ACIMA O SOCORRISTA DECIDIRÁ PELA INSPEÇÃO


FÍSICA VISUAL DA GESTANTE

IMPORTANTE

O socorrista só tomará a iniciativa de inspecionar a região genital da gestante quando houver


indicações claras de que o parto será iminente ou quando houver indícios de complicações do
trabalho de parto previstas no Protocolo de Atendimento Pré-hospitalar, tais como: prolapso de
cordão ou de membro, hemorragias, entre outros.

Informará previamente a gestante sobre a necessidade do procedimento e adotará todas as


medidas necessárias para assegurar sua privacidade. Permanecerá no recinto o Líder da Equipe e
seu auxiliar, a parturiente e um acompanhante, preferencialmente do sexo feminino.

NÃO TOQUE A REGIÃO GENITAL DA GESTANTE DURANTE O EXAME FÍSICO

120
SINAIS DE PARTO IMINENTE

 Presença de contrações uterinas de forte intensidade e freqüentes: 5 contrações no


intervalo de 10 minutos com duração acima de 40 seg cada contração;
 Sensação intensa de evacuar;
 Visualização da cabeça do bebê no canal do nascimento (coroamento).

IMPORTANTE

 Não permita que a parturiente vá ao sanitário.


 Não impeça, retarde ou acelere o processo de nascimento.
 O trabalho de parto é um processo lento que pode durar horas, não se restringindo apenas
ao nascimento.

ASSISTÊNCIA AO PARTO PREPARAÇÃO DA PARTURIENTE

O socorrista ao avaliar a vítima e constatar a necessidade de dar assistência ao parto no próprio


local deverá adotar as providências listadas abaixo:

 Informe à parturiente ou ao seu responsável que o parto será iminente;


 Nos casos em que não houver tempo para transportar ao hospital, obtenha autorização da
parturiente ou de seu responsável para assisti-lo na própria residência;
 Demonstre tranquilidade informando-lhes que a equipe está habilitada a prestar a
assistência ao parto e que dispõem de materiais e equipamentos adequados para isso;
Assegure a privacidade da parturiente e escolha um local apropriado;
 Mantenha, sempre que possível, um familiar junto da parturiente durante todo o
atendimento;
 Prepare o local onde a parturiente será posicionada. Dê preferência à superfície plana
(cama) e cujo colchão não permita o afundamento do quadril;
 Solicite à parturiente que remova as roupas que possam impedir o nascimento, sem expô-
la demasiadamente;
 Solicite à parturiente que se deite; mantenha-se em posição ginecológica (joelhos
flexionados e bem separados, e os pés apoiados sobre a superfície que está deitada);
Traga-a para a parte inferior da cama.

121
 Coloque algo (uma almofada ou um cobertor dobrado) debaixo do ombro da mãe para
manter o tórax ligeiramente elevado;
 Faça anti-sepsia da região genital e coxa da parturiente, com água e sabão ou gaze e soro
fisiológico;
 Utilize lençóis descartáveis ou toalhas limpas abaixo das nádegas, sobre as coxas e sobre
o abdômen da parturiente, logo acima do umbigo;
 Cubra o ânus da parturiente com uma dobra de lençol limpo ou gaze para evitar que
secreções (fezes) eliminadas durante as contrações contaminem o recém-nascido;
 Oriente-a para respirar fundo, prender a respiração, aproximar o queixo do tórax e fazer
força para baixo para expulsar o feto durante as contrações;
 Disponha os materiais do Kit de Parto próximo da parturiente; em seguida prepare o local
para a recepção do RN;
 Despreze as luvas de procedimentos utilizadas na preparação da gestante e na disposição
dos materiais. Calce luvas estéreis;

Os socorristas que tiverem contato direto com o RN deverão estar devidamente protegidos
(máscara facial, óculos de proteção, avental de mangas longas e luvas estéreis);

Durante o período entre as contrações oriente a parturiente para respirar lenta e profundamente,
visto que dispõe de uma fonte de oxigênio, por máscara.

AMPARO E RECEPÇÃO DO RECÉM-NASCIDO (RN)

Durante a expulsão do RN, apóie sua cabeça, colocando a mão logo abaixo da mesma com os
dedos bem separados. Apenas sustente o segmento cefálico, ajudando com a outra mão. Não
tente puxá-lo; com os dedos em forma de gancho apóie a nuca e a mandíbula;

Se o parto for expulsivo (a cabeça sai com violência), ampare com uma das mãos a
cabeça do RN, e com os dedos da mão inferior apóie o períneo para evitar distensão brusca desta
região;

Em geral, a cabeça do RN apresenta-se com a face voltada para baixo e logo gira para a direita
ou à esquerda. Guie cuidadosamente a cabeça para baixo, sem forçá-la, facilitando assim a
liberação do ombro superior, em seguida guie ligeiramente para cima, facilitando a saída de todo
o corpo;

122
Com os dedos indicador e médio das duas mãos, em forma de “V”, pegar a cabeça pela
mandíbula e região da base do crânio, tomando o cuidado de não pressionar o pescoço do RN;

Com uma das mãos, apóie a cabeça;

A outra mão escorrega pelo dorso e segura as pernas do RN, mantendo-o numa superfície, no
meso nível da mãe.

1ª MEDIDA AO NASCER: ENVOLVER O RN IMEDIATAMENTE COM LENÇÓL PARA


PREVENIR A HIPOTERMIA NO RN

Lembre-se de anotar a hora exata do nascimento e registre-a no Relatório.

Aula 31 e 32 - Cuidados com o recém-nascido e procedimentos pós-parto e situações de


emergência.

16. TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO RECÉM-NASCIDO

Após prestar assistência ao parto o policial militar deverá adotar os seguintes cuidados:

1. Limpe a face do RN com gaze estéril a fim de remover as secreções;


2. Utilize a pêra, para aspiração, com o cuidado adequado para evitar lesão nas mucosas.
Caso não disponha de uma equipamento adequado, ASSOE O NARIZ do bebê com seus
dedos enluvados para remover as secreções.

Lembre-se: quando se estimula a narina de um RN ocorre um reflexo inspiratório, portanto, a fim


de evitar aspiração de secreções, ASPIRE PRIMEIRO A BOCA DO RN, posteriormente aspire
as narinas.

123
Avalie a respiração do bebê.

Se o bebê não chora, estimule-o massageando com os dedos em movimentos circulares na região
do dorso ou dê-lhe “tapinhas” com o dedo indicador na planta dos pés.

Lembre-se:

Estimulações sucessivas geram reflexo vagal e podem produzir bradicardia severa no RN.

Na ausência dos sinais vitais inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar.

Se necessário, Administre oxigênio, por máscara, 10 l/m, mantendo a máscara apropriada


afastada cerca de 5 cm da face do RN;

Em geral, se o RN a ermo (nascido no tempo nomral e sem complicações) nasce chorando


fortemente e com coloração rosada e boa atividade motora, se dispensa a utilização de oxigênio.
Se houver sinais de insuficiência respiratória como choro fraco ou inexistente, cianose
persistente, letargia nos movimentos e outras complicações, será necessária a suplementação de
oxigênio com máscara ou, até mesmo, a instituição de assistência ventilatória com reanimador
manual.

Não dirija o jato para os olhos do RN, pois pode produzir lesão.

Faça uma tenda ao redor da cabeça do RN com pregas do lençol ou cobertor térmico e mantenha
o fluxo de oxigênio nesta área;

Permaneça com o bebê no mesmo nível da mãe até o corte do cordão umbilical.

124
CORDÃO UMBILICAL

É um longo cordão constituído por 2 artérias e uma veia além de um material gelatinoso
(substância/geleia de Wharton). Além da garantia de nutrientes, é responsável pela troca gasosa
que é feita da seguinte maneira: o sangue que chega pela veia cava inferior (sangue oxigenado
que veio da placenta) cai no átrio direito e daí diretamente para o átrio esquerdo através
do forame oval, ou seja, ele não passa pelo ventrículo direito. Este sangue, vai para o ventrículo
esquerdo que se responsabiliza de bombear para os vasos da cabeça e membros superiores.

O sangue, pouco oxigenado, que retorna da cabeça e membros superiores chega através da veia
cava superior no átrio direito e pela válvula tricúspide cai finalmente no ventrículo direito depois
segue em direção à artéria pulmonar, porém, ao invés de se dirigir aos pulmões (que ainda não
está em funcionamento) este sangue deságua na aorta descendente, caindo, por fim, nas artérias
umbilicais seguindo para a placenta para ser oxigenado e recomeçar o ciclo. Resumindo, ao
contrário do normal, a veia umbilical transporta sangue rico em oxigênio proveniente da placenta
e as artérias carregam sangue pobre em oxigênio. Assim, já que os pulmões do feto não estão em
funcionamento, a placenta é que fica responsável em fazer o papel deles.

O cordão ainda é formado a partir do saco amniótico (forma o epitélio do cordão),


do alantoide (forma a veia e as artérias umbilicais) e da vesícula vitelínica. O feto fica dentro de
uma bolsa cheia de líquido amniótico.

No endotélio e subendotélio da veia do cordão umbilical podem ser encontradas células-tronco


mesenquimais. Essas células multipotentes ainda não têm sua função definida e por um processo
de diferenciação (ainda não bem definido) podem se transformar em outras células do corpo.

125
CORTE DO CORDÃO UMBILICAL

Um novo estudo mostra que cortar o cordão umbilical do bebê, pelo menos um minuto após o
nascimento, aumenta o estoque de ferro e o nível de hemoglobina do bebê sem trazer riscos para
a mãe.

Recém-nascidos que tiveram esse corte “tardio” apresentaram um nível de hemoglobina maior
entre 24 e 48 horas depois do parto e ficaram menos vulneráveis à deficiência de ferro entre três
e seis meses de vida, segundo o estudo publicado esta semana no Banco de Dados Cochrane de
Revisões Sistemáticas.

A análise mostra que o atraso no corte do cordão umbilical permite que mais sangue seja passado
da placenta e isto aumenta a imunidade do bebê. O peso do nascimento também foi
significativamente alto na avaliação do grupo de corte tardio, em parte porque os bebês
receberam mais sangue das mães.

O procedimento não aumentou o risco de hemorragia pós-parto, perda de sangue, nem reduziu os
níveis de hemoglobina nas mães.

A Organização Mundial de Saúde recomenda o corte do cordão umbilical depois de um a três


minutos, para aumentar o nível de ferro no bebê. Eventualmente o atraso no corte do cordão pode
levar à icterícia, causado por problemas do fígado ou pelo excesso de perda de glóbulos
vermelhos, alerta a OMS. Um comitê do Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, no
entanto, afirma que a icterícia não é uma razão para que a prática seja deixada de lado.

CLAMPEAMENTO E SECÇÃO DO CORDÃO UMBILICAL

Em geral, o tempo que se leva para tratar a Via Aérea e a Ventilação do RN, tais como efetuar a
limpeza da face, remoção das secreções da boca e nariz, estimulação do RN, oxigenação e
prevenção da hipotermia já superam 1 minuto de retardamento no corte do cordão umbilical.
Desse modo, a recomendação é “NÃO TER PRESSA DE EFETUAR O CORTE DO
CORDÃO”. No entanto, execute esta etapa dentro do tempo de 1 a 3 minutos como estabelecido
pelas recomendações do estudo acima descrito.

ATENÇÃO!

A checagem de pulso no momento do nascimento pode ser feita pela pulsação do cordão
umbilical ou pelo pulso braquial.

Disponha os grampos (clamps) no cordão da seguinte forma: o primeiro grampo a cerca de 17 cm


do bebê (8 dedos) e o segundo grampo 4 cm (2 dedos) após o primeiro. Seccione entre eles.
126
Utilizando o bisturi estéril do kit obstétrico, seccione o cordão na linha média entre os grampos.
Utilize o bisturi de baixo para cima, evitando que o sangue que esteja represado entre os clamps
o atinja em jato;

Se após o corte do cordão umbilical ocorrer sangramento contínuo, coloque outro clamps junto
ao anterior;

Envolva o coto umbilical com GAZE ESTÉRIL SECA;

Avalie o RN e procure por alterações, tais como: possíveis lesões durante o parto, lábio leporino
e fenda palatina, ânus imperfurado, mau formação congênita de extremidades.

Apresente o RN à mãe, permita que a mãe visualize a região genital do decline


RN,o sexo (homem-
mulher), declare as condições atuais do RN. Avalie a receptivid a parturiente
ade ao
d RN.

Cubra por definitivo o RN;

Identifique na pulseira do KIT de Parto ou com esparadrapo sobre o cobertor térmico com os
seguintes dados: filiação materna (Exemplo: RN de Maria do Carmo Soares), data e hora do
nascimento, local do nascimento e prefixo da viatura que efetuou o transporte;

Monitore-o constantemente.

PROCEDIMENTOS NO PARTO SEM MATERIAL ESTERILIZADO

Em determinadas situações poderá não dispor de um KIT de Parto com todos os materiais
adequados para a recepção do RN e um BISTURI para o corte seguro do cordão umbilical. Neste
caso, siga as recomendações abaixo:

Aplique apenas os “clamps”, se disponíveis, ou faça um cordão com gaze estéril seca e aplique
torniquetes (amarre firmemente) nos locais indicados para os grampos umbilicais;

Não havendo a possibilidade de clampeamento ou torniquete, mantenha o bebê SEMPRE no


mesmo nível da mãe enquanto se aguarda a dequitação da placenta. Havendo a dequitação da
placenta, envolva-a em material limpo, preferencialmente estéril, e a mantenha elevada cerca de
30 cm acima do nível do bebê. Isto evita a ocorrência de sangramento do bebê para a placenta;

127
NUNCA AGUARDE A DEQUITAÇÃO DA PLACENTA PARA EFETUAR O TRANPSORTE
AO HOSPITAL. O TRANPSORTE DE UM RN EM SITUAÇÃO DE PARTO EXYRA-
HOSPITALAR DEVE SER IMEDIATO.

JUSTIFICATIVA: Não havendo material esterilizado o corte do cordão umbilical não deve ser
executado, evitando-se sua infecção (o principal risco é o tétano). O posicionamento no mesmo
nível da mãe tem o objetivo de evitar hipovolemia ou hipervolemia no feto, caso o bebê seja
posicionado, respectivamente, acima ou abaixo daquele nível antes da secção do cordão e de que
este pare de pulsar. O clampeamento e ou torniquete visa evitar deslocamento de trombos do
cordão em direção à circulação do RN.

CUIDADOS NO PÓS-PARTO

Inclui os cuidados com a expulsão da placenta, controle do sangramento vaginal e a estabilização


e conforto da parturiente.

1. DEQUITAÇÃO DA PLACENTA:

Havendo a expulsão espontânea da placenta examine-a e guarde-a em um saco plástico


apropriado para posterior avaliação pelo médico;

Não remova o clamp;

Não tracione o cordão umbilical durante a dequitação.

2. CONTROLE DO SANGRAMENTO VAGINAL:

a. Utilize um absorvente higiênico ou material similar (compressa algodoada de gaze estéril);

Coloque o absorvente higiênico na abertura da vagina;

Oriente para que a parturiente abaixe as pernas e mantenha-as juntas sem apertá-las;

128
Apalpe e massageie o abdômen da parturiente, abaixo do umbigo, à direita, fazendo movimentos
circulares, com o objetivo de estimular a contração uterina (formação do Globo de Segurança de
Pinard) e consequentemente a diminuição da hemorragia. Sinta o útero contraído;

e. Tranquilize a mãe fazendo-a sentir o melhor possível;

Se houver sangramento vaginal persistente no pós-parto, adote cuidados para o controle da


hemorragia e previna o ESTADO DE CHOQUE.

Controle de
hemorragia

TRANSPORTE IMEDIATAMENTE AO HOSPITAL DE REFERÊNCIA DA REGIÃO.

IMPORTANTE

Se a placenta não sair íntegra ou houver algum distúrbio que impeça a contração uterina
(formação do Globo de Segurança de Pinard), poderá ocorrer hemorragia intensa com a
possibilidade de evoluir para o estado de choque.

Estes casos exigem intervenção obstétrica imediata.

Conduza imediatamente a mãe para assistência hospitalar após adotar as medidas preventivas
para diminuição de hemorragias e prevenção do choque.

TRANSPORTE DE GESTANTE

GESTANTE COM CONTRAÇÕES UTERINAS, SEM SINAIS DE PARTO IMINENTE

(Não se enquadra nas situações de Transporte Imediato, no entanto, requer forma adequada de
transporte).

129
FORMA DE TRANSPORTE

• Posicione a paciente em decúbito lateral esquerdo ou em DDH com deslocamento manual


do útero para o lado esquerdo;

JUSTIFICATIVA: aliviar a compressão sobre a veia cava inferior aumentando a circulação


sangüínea materna. Evita-se consequentemente hipóxia no feto, o que levaria a sofrimento fetal,
associado ao relaxamento do esfíncter anal, com a liberação de mecônio, devido à descarga
adrenérgica.

COMPLICAÇÕES DO PARTO - SITUAÇÕES DE TRANSPORTE IMEDIATO

 Transportar imediatamente ao hospital a gestante que apresente algum dos seguintes


problemas:
 Hipertensão arterial;
 Cardiopatias;
 Hemorragias vaginais;
 Líquido amniótico esverdeado (mecônio);
 Prolapso de cordão;
 Apresentação diversa da cefálica: pélvica, transversa ou pélvica.

HEMORRAGIA – PRÉ-PARTO

O descolamento prematuro da placenta é uma das principais complicações durante a gestação e


que leva a sangramento abundante com risco de vida para a gestante e, consequentemente, e com
mais gravidade, para o feto.

A separação antecipada de parte ou da totalidade da placenta da parede do útero, onde deveria se


encontrar implantada até o nascimento do feto. Esse descolamento é mais comum no terceiro
trimestre da gestação, embora possa ocorrer a qualquer momento, depois da vigésima semana
de gravidez.

130
Dependendo do grau do descolamento, o suprimento de oxigênio e de nutrientes para o bebê
pode ser muito prejudicado e até mesmo cessar, ao tempo em que pode ocorrer um sangramento
perigoso para o feto e para a gestante. O caso representa sempre uma urgência obstétrica porque
pode ocasionar a morte do bebê, da mãe ou de ambos.

Não há uma causa única para o descolamento prematuro da placenta, mas pode-se apresentar
alguns fatores de risco:

Ocorrências anteriores de descolamentos de placenta.

Hipertensão crônica ou hipertensão gestacional (pré-eclâmpsia).

Algum tipo de distúrbio de coagulação do sangue.

Rompimento prematuro da bolsa amniótica.

Excesso de líquido amniótico (hidrâmnio ou polidrâmnio).

Ocorrência de sangramentos prévios na gestação.

Gravidez de gêmeos (o descolamento é mais comum logo depois do nascimento do primeiro


bebê).

Traumas na área da barriga.

Uso de cigarro ou outras drogas.

Gestantes mais velhas, porque o risco aumenta com a idade.

Algum tipo de anomalia uterina anatômica.

TRATAMENTO E TRANSPORTE

Posicione a paciente em decúbito lateral esquerdo ou, se necessário, em decúbito dorsal


horizontal (DDH) com deslocamento manual do útero para o lado esquerdo;

Colocar absorvente higiênico, do kit obstétrico, na abertura da vagina;

Prevenir o estado de choque.

JUSTIFICATIVA: A hemorragia pré-parto pode levar em alguns casos ao óbito fetal. A posição
de transporte tem por objetivo diminuir a hipóxia da parturiente e o conseqüente estado de
choque hipovolêmico.
131
IMPORTANTE

Não introduzir gaze na vagina da gestante.

Trocar as compressas de gaze algodoadas ou absorventes higiênicos quando estiverem saturados


de sangue.

Guardar e conduzir ao hospital todos os materiais ensanguentados, bem como, todo e qualquer
material expulso, para análise do médico que vier a receber a vítima.

PROLAPSO DE CORDÃO UMBILICAL

O prolapso do cordão acontece quando o cordão do feto exterioriza no canal de parto antes da
cabeça. O prolapso de cordão é uma emergência e pode ser muito danoso para o feto. Quando o
cordão é comprimido ou esmagado (por exemplo, entre feto e corpo uterino ou entre o útero e
vagina), o sangue que alimenta o feto está cortado. A falta de oxigenio (asfixia fetal) pode
induzir danos importantes ou até morte se o problema não for resolvido em minutos. O prolapso
do cordão não é uma ocorrência comum, ela acontece nas seguintes eventualidades:

Presença de polidramnio (diminuição do líquido amniótico).

O parto do segundo feto na gestação múltipla.

Apresentação transversa.

Apresentação pélvica

Quando a bolsa das águas rompe-se espontaneamente ou quando acontece a rotura das
membranas durante o exame vaginal feito pelo médico e o feto não desceu ainda na pelve.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Envolver o cordão umbilical ou o membro exposto em GAZE ESTÉRIL SECA;

Oriente a parturiente a permanecer na “Posição de Prece Maometana”, conforme ilustração,


quando tiver que aguardar a intervenção de Suporte Avançado de Vida;
132
Se for realizar o transporte em Unidade de Resgate, em razão da segurança da paciente durante o
transporte, será transportada em DDH com deslocamento manual do útero para o ldo esquerdo.
No entanto, coloque algo para elevar o quadril (cobertor dobrado).

JUSTIFICATIVA: Durante o trabalho de parto, nessa complicação, o cordão umbilical é o


primeiro a sair e poderá ser comprimido contra a pelve pelas contrações uterinas provocando
interrupção da circulação no cordão com consequente hipóxia para o feto. Fetos em apresentação
diversa da cefálica necessitam de imediata intervenção obstétrica. A posição de

“Prece Maometana” ou com elevação do quadril tem o objetivo de aliviar a pressão contra o
cordão umbilical e melhorar a circulação local.

Se necessário e possível manter a parturiente na posição de “Prece Maometana” adote medidas


de proteção de sua intimidade, cobrindo-a como na ilustração abaixo.

PARTO EM APRESENTAÇÃO PÉLVICA

As nádegas ou os pés do feto podem ser os primeiros a saírem. O socorrista não deve tomar a
iniciativa de intervir neste tipo de parto. Deve transportar imediatamente a parturiente para
assistência obstétrica. No entanto, enquanto se prepara para o transporte e durante o transporte
adotará medidas que garanta uma via aérea pérvia ao RN.

133
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

 Criar uma via aérea pérvia para o bebê;


 Informar a mãe que introduzirá os dedos no canal de nascimento para permitir que o bebê
respire adequadamente;
 Com a mão DOMINANTE alivie a compressão do cordão umbilical;
 Com a palma da mão NÃO DOMINANTE voltada para cima, posicione paralelamente os
dedos indicador e médio; introduza-os na vagina, afaste os tecidos das paredes da vagina
formando com os dedos um “V”;
 Posicione-os um a cada lado das narinas do bebê criando um espaço que permita respirar
livremente;
 Se não conseguir efetuar a manobra descrita, tente utilizar a ponta do dedo indicador para
manter aberta a boca do concepto;
 Transporte, mantendo a via aérea para o bebê até a chegada ao hospital. Mantenha um
fluxo de oxigênio, por máscara, em direção à face do concepto;
 Permita que o nascimento prossiga e dê a assistência necessária durante o período de
expulsão;

Se houver o nascimento durante o transporte siga as etapas de procedimentos previstas para o


tratamento pré-hospitalar da mãe e do recém-nascido.

PROLAPSO DE MEMBROS

Nos partos em apresentação transversa ou pélvica pode ocorrer a ext eriorização de uma membro
que necessitará de intervenção médica para a correção.

Nesse caso, adote a mesma posição de aguardar SAV e de transporte prevista para o prolapso de
cordão. Envolva a parte exteriorizada em compressas secas.

134
CIRCULAR DE CORDÃO UMBILICAL

A circular é resultado da própria movimentação do feto, que pode fazer com que o cordão se
enrole e desenrole diversas vezes. É uma ocorrência comum nos partos normais. Se o bebê passar
muito tempo sob fluxo sanguíneo reduzido, pode sofrer as consequências da falta de oxigênio
para o cérebro, com complicações neurológicas, mas em geral, a evolução é bastante satisfatória
e sem complicações. Tão logo seja possível desvencilhe o cordão do pescoço do bebê.

Informe ao médico que vier receber o paciente a existência da alteração durante o parto e registre
este detalhe em seu relatório circunstanciado da ocorrência.

Se o cordão umbilical estiver envolvendo o pescoço do RN (circular de cordão), libere-o com


muito cuidado, com um dos dedos, da nuca em direção à face;

Se a circular de cordão não puder ser liberada, e impedir o nascimento do bebê, posicione os
“clamps” e seccione o cordão entre eles, com o devido cuidado para não lesar o RN;

Se o bebê nascer envolvido pelo saco amniótico, este pode ser rompido, fazendo-se uma prega
com o dedo indicador e polegar rasgando-o;

ABORTOS

O aborto é a expulsão de um feto antes que ele possa sobreviver por si só, ou seja, no início da
gravidez, até em torno da 22º semana, aproximadamente.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

 Posicionar a gestante em DDH;


135
 Coloque absorvente higiênico na abertura da vagina;
 Envolva o feto ou qualquer material expulso em lençol descartável ou material apropriado
e conduza-o ao hospital;
 Oferte apoio emocional à parturiente.

IMPORTANTE

Não introduzir nada na vagina da parturiente.

Conduza ao hospital todos os tecidos e compressas ensanguentadas para posterior avaliação de


perda sanguínea.

NATIMORTO

O RN apresenta sinais que indicam que a morte ocorreu há horas ou dias, tais como: maceração
da pele, líquido amniótico de cor achocolatada, odor fétido.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Se o óbito é evidente, não é indicada a tentativa de reanimação;

Monitorar a parturiente e tratar qualquer complicação pós-parto;

Ofertar apoio psicológico à parturiente e a sua família;

Envolver o bebê em cobertor apropriado;

Transportar para o hospital indicado a parturiente e o bebê em óbito.

JUSTIFICATIVA: existem casos em que o bebê nasce morto (natimorto). Observar período de
gravidez, em geral, ocorre em situações de hipermaturidade do feto.

Nos casos de transporte imediato, posicionar a vítima com a cabeça voltada para a porta traseira
da viatura, mantendo constante monitoramento da situação.

136
TRANSPORTE DE GESTANTES OU PARTURIENTES

COMPLICAÇÕES:
Em decúbito dorsal ocorre a
compressão dos grandes
vasos abdominais, a aorta
abdominal e, em especial, a
veia cava inferior causando
uma diminuição da pressão
arterial e desconfortos como
mal estar, tontura, falta de ar
e náuseas. Pode, em uma
situação extrema, dificultar a
circulação para o bebê por
diminuir a passagem de
sangue para o útero e a
placenta.

Aula 33 e 34 - Suicidas, Reconhecimento e condutas.

17. BREVE ENTENDIMENTO DO SUICÍDIO

O fenômeno suicídio engloba uma série de comportamentos autodestrutivos como a tentativa de


suicídio e o suicídio completo. Quem tenta o suicídio nem sempre tem a intenção de morrer, os
atos autodestrutivos podem ser um pedido de ajuda à família e à sociedade.
O suicídio é mais frequente nas idades que delineiam as fronteiras da vida, como a puberdade e a
adolescência, e entre a maturidade e a velhice.

SITUAÇÕES QUE PODEM DESENCADEAR O SUICÍDIO:

Durante o atendimento a emergências deste tipo podemos lidar com pessoas que em seu
desespero buscam o suicídio como solução a situações consideradas insuportáveis por elas
mesmas.
- suicídio como fuga de uma situação considerada insuportável pelo sujeito;
- suicídio em sinal de luto pela perda de um componente da personalidade ou de um modelo de
vida;
- suicídio como castigo para expiar um erro real ou imaginário;
- suicídio como delito, arrastando na morte uma outra pessoa;
- suicídio como vingança ou punição, a fim de suscitar remorso em outras pessoas e fazer cair
sobre elas o repúdio da comunidade;

137
- suicídio como pedido e chantagem, visando pressionar alguém;
- suicídio como sacrifício e modo de atingir um valor ou estado considerado superior;
- suicídio como brincadeira, para pôr a si mesmo à prova;
- suicídio por desgosto ou crise existencial;
- suicídio como saída natural para uma conduta delinquente;
- suicídio como gesto heroico.

COMO IDENTIFICAR AS PESSOAS QUE TENTAM SUICÍDIO?

Durante a abordagem ao suicida em sua tentativa, o bombeiro deverá estar atento ao fato de que
o mesmo passou por uma série de frustrações e problemas pessoais que contribuíram para sua
decisão desesperada e que em alguns momentos apresentou sinais e sintomas que possivelmente
foram ignorados.
A seguir apresentaremos algumas características que podem ser observadas em um suicida.

• Tentativas anteriores de suicídio


• Ideação de suicídio verbalizada
• História familiar de suicídio ou tentativa de suicídio
• Conhecimento de casos recentes de suicídio
• Morte recente de alguém próximo
• Fim de relacionamento afetivo
• Conflitos familiares
• História de violência doméstica
• História de violência sexual
• Depressão e doença psiquiátrica
• Isolamento social
• Mudança nas condições de saúde ou de estado físico
• Alcoolismo e uso de drogas
• Problemas econômicos e de desemprego
Fonte: http://www.saude.rj.gov.br/apav/suicidio.shtml

MÉTODOS DE SUICÍDIO MAIS FREQÜENTES

138
A gravidade da tentativa deve relacionar-se com a "potencialidade autodestrutiva" do método
utilizado.
Como exemplo podemos citar que, por razões não completamente esclarecidas, as mulheres
cometem três vezes mais tentativas de suicídio que os homens, no entanto, os homens são mais
eficazes. Isto porque o sexo feminino recorre aos métodos mais brandos como o envenenamento,
enquanto os homens recorrem a métodos como uso de armas de fogo, afogamento, enforcamento
ou saltando de grandes altitudes.
Abaixo podemos verificar os métodos mais frequentes utilizados para o suicídio.

1ºEnvenenamento
2ºFerimento com arma branca
3ºEnforcamento
4ºPrecipitação

5ºAsfixia

PROCEDIMENTOS POSITIVOS EM UMA ABORDAGEM TÉCNICA

A observação e a comunicação são duas ações das mais importantes para se ajudar ao paciente
com comprometimento psíquico ou não. Devemos observar as ações do paciente para que
possamos ter uma leitura de seu estado e podermos através de ações terapêuticas, principalmente
a inter-relação através da comunicação, trazer alívio e melhora de seu sofrimento.
A comunicação pode ser feita através da mensagem verbal, como a fala e a escrita, como pode
ser extra verbal que é aquela que realizamos através da nossa expressão corporal (postura
corporal e mímica facial).
Nesse sentido muitas vezes o que expressamos através da fala se contrapõem com o que o corpo
o ou mímica do rosto expressa. Por exemplo, posso dizer que adoro uma pessoa ao mesmo
tempo em que seu rosto expressa ódio, raiva e o tom de voz se torna elevado, demonstrando ira
também.
Faz-se necessário então que passemos a observar a linguagem extra verbal dos indivíduos que
foram atendidos, porque nos dão informações valiosas para dar-lhes uma assistência, assim
como, devemos tentar controlar a nossa comunicação extra verbal, pois passamos informações
ao paciente que pode utilizá-las de uma maneira adequada.

139
 Tentar formar vínculo como paciente.
 Manter canal de comunicação aberto
 Olhar para o paciente
 Ouvir atentamente
 Respeitar pausas silenciosas
 Não completar frases para o paciente
 Repetir, resumir e relacionar ideias para o paciente.
 Ajudar o paciente a encontrar soluções
 Espaço para o paciente perguntar

PROCEDIMENTOS NEGATIVOS EM UMA ABORDAGEM TÉCNICA

 Mentir, prometer ou seduzir.


 Chamar por apelidos ou nomes depreciativos
 Ser agressivo ou ríspido com o paciente
 Ameaçar o paciente
 Desafiar o paciente
 Julgar, dar opinião pessoal e aconselhar.

Também Evitar:

1) Antecipar a ação tática


2) Levar Parentes e/ou conhecidos à presença do tentante
3) Efetuar comemorações na frente do paciente
4) Ceder a qualquer exigência do paciente que vá de encontro ao protocolo
5) Dar cigarros, celulares, refeições etc.........

140
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Diretrizes em Suporte Básico de Vida


(SBV). Dallas: American Heart Association, 2015.
2. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
3. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 3
abr. 2017.
4. . Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro.
5. Diário Oficial da União, de 8 dez. 1940. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2848-7-dezembro-
1940-412868-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 3 abr. 2017.
6. Portaria Ministerial GM/MS nº 2.048, de 5 de novembro de 2002. Regulamento Técnico
dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. Brasília, 2002. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002.html >. Acesso
em: Acesso em: 3 abr. 2017.
7. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 38.432, de 10 de março de 1994. Consolida o Sistema
de Resgate a Acidentados no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Diário
Oficial do Estado de São Paulo, de 11 mar. 1994. Disponível em:
<http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1994/decreto-38432-
10.03.1994.html>. Acesso em: 17 mar. 2017.
8. SÃO PAULO (Estado). Polícia Militar do Estado de São Paulo. Diretriz nº PM3-
002/02/00, de 20 de dezembro de 2000. Estabelece e divulga condições e procedimentos
referentes ao atendimento emergencial de saúde e remoção de Policiais Militares feridos
ou enfermos. São Paulo, 2000. Disponível em:
<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/3empm/legislacao/diretrize
s/PM3_002_02_00.pdf>. Acesso em: 12 maio 2017.
9. . . Diretriz nº PM6-001/30/03, de 17 de dezembro de 2003.
Sistema de Supervisão e Padronização Operacional (SISUPA). São Paulo, 2003.
Disponível em:
<http://www.intranet.polmil.sp.gov.br/organizacao/unidades/6empm/documentos/sisupa

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10. Socorros Médicos de Emergência. American Academy of Orthopaedic Surgeons. Rio de
Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.ª, 1979.
11. Bergeron, J. David – Primeiros Socorros – Atheneu Editora São Paulo – São Paulo –
1999.
12. Bergeron, J. David – Emergency Care – Brady Prentice Hall – Upper Saddle, New Jersey
-1995.
13. Howell JM, Burrow R, Dumontier C, Hillyard A; A practical radiographic comparison of
short board technique and Kendrick Extrication Device; Ann Emerg Med 1989
Sep;18(9):943-6
14. Markenson D, Foltin G, Tunik M, Cooper A, Giordano L, Fitton A, Lanotte T; The
Kendrick extrication device used for pediatric spinal immobilization; Prehosp Emerg
Care 1999 Jan-Mar;3(1):66-9
15. Emergency Care and Transportation, 7th Edition AAOS. pp. 692-697
16. NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS:
atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning,
c2017.

Atualização em Dezembro de 2018

Cap PM Diógenes Martins Munhoz

Cap PM Débora Rezende de Oliveira Drezza

1º Ten PM Fábio da Silva Sendin

1º Sgt PM Rodrigo Silva Lacerda

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