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5.

DONA ROSA
Rosa ficou viúva aos 42 anos após 15 anos de casada com o mesmo marido. Como não
tem filhos e para aplacar sua solidão e tristeza resolveu se mudar para São Paulo com a
irmã mais nova, que trabalha como diarista em vários lugares e que lhe indicou para ser
contratada numa empresa de limpeza. Após 1 ano, conheceu Antônio numa roda de
samba, se apaixonaram e começaram um relacionamento. Como nunca tinha engravidado
antes, Rosa assumiu que não podia mais e por esse motivo não utilizava nenhum método
contraceptivo em suas relações. Além disso, seus ciclos menstruais eram irregulares, e
ela assumiu que estava na menopausa, pois já tinha ouvido falar que na sua família as
mulheres param de menstruar por volta dos 45 anos. Tudo ia bem em sua vida, até o dia
em que passou mal no meio de um churrasco, demorou um pouco para ir ao hospital, pois
achou que era uma indigestão, pois comeu muita carne. Como o mal estar só aumentou,
Rosa foi levada às pressas ao Pronto Atendimento, onde descobriram que Rosa estava
grávida de 13 semanas! Rosa também apresentava um quadro infeccioso inespecífico.
Após melhora do quadro clínico com o uso de medicamentos assintomáticos, foi
encaminhada para a USF de seu bairro. A médica da ESF decidiu encaminha-la para o
pré-natal de alto risco, dada a sua idade. Enquanto aguardava a consulta e o agendamento
para o ultrassom, Rosa foi levada às pressas para o hospital com dores abdominais
intensas, onde foi internada, e finalmente fez sua primeira ultrassonografia obstétrica.
Durante o exame não gostou nada da reação do médico que realizou o exame, e perguntou
se “havia alguma coisa errada com o bebê”. De forma lacônica, o radiologista respondeu
que o médico obstetra iria lhe dar todas as explicações necessárias. Após uma espera
interminável, pois era troca de plantão, apareceu o Dr. Gonçalves, que informou que um
dos índices medidos pelo US é a “translucência nucal” do concepto, e que no caso do
bebê, estava acima dos 2,5mm considerados normais, além de outras alterações, o que
poderia significar a presença de uma síndrome genética, entre outras doenças. Entretanto,
havia presença de osso nasal, o que era um bom sinal. Em sua opinião, porém, estava
indicando exames subsidiários para uma melhor investigação. Ao final da explicação, o
médico lhe questionou rispidamente porque ela não fez o pré-natal de forma adequada.
Rosa suspirou e olhou para o teto: “Por onde começo a explicar? ”

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