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Lisboa é central na poesia de Cesário Verde, despertando no autor

sentimentos contraditórios, como a fascínio e o sentimento de encarceramento,


uma dualidade perseverante na sua escrita.

A cidade é retratada como epicentro do progresso e inovação, assim como é


caracterizada como um sítio melancólico e triste, pintado de cor cinza monótona a
que o autor apelida de “londrina”. Dada a industrialização da capital portuguesa,
agora repleta de edifícios e apinhada de pessoas, esta constava-se coberta por
uma neblina proveniente, presumivelmente, das fábricas, oferecendo a ilusão de
que o céu se encontrava baixo e exaltando o sentimento de claustrofobia. A
cidade é para o sujeito poético um simbolismo, tanto de prosperidade e progresso
como paradigma de todos males, opressão, doença e morte, sendo vultuosas as
assimetrias entre as classes sociais.

Cesário Verde descreve objetivamente o real, recorrendo ao naturalismo e ao


realismo, utilizando um vocabulário pragmático e concreto e sendo capaz de,
através da sinestesia, desencadear na sua poesia as sensações proporcionadas
pelos seus sentidos.

Cesário Verde anatomiza Lisboa, expondo a realidade, tal como ela é, não
deixando de parte o desagradável e o ominoso e não concedendo indulgência aos
grupos enaltecidos na pirâmide social.

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