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Em “Os Lusíadas” de Luís de Camões e no poema “O Mostrengo” de Fernando Pessoa,

faz-se a caracterização de uma entidade mitológica do século XV, que se acreditava ser o
impedimento da passagem dos portugueses pelo cabo das Tormentas.

No episódio do “Adamastor” de Luís de Camões, é feita uma descrição do monstro,


como sendo uma figura grande, robusta, ameaçadora e com um tom de voz “horrendo e
grosso”. Por outro lado, no poema de Fernando Pessoa “O Mostrengo”, esta mesma figura é
descrita como “imunda e grossa”, com um aspeto semelhante a um animal, e que “voa e chia”.

Contudo, em ambos os textos, os discursos do sujeito poético são feitos com um tom
ameaçador e agressivo. No entanto, o Adamastor de Luís de Camões sabia que eram os
portugueses a viajar pelos seus mares, tanto que fez profecias sobre o destino de algumas
entidades conhecidas, e o mostrengo de Fernando Pessoa questionava aos marinheiros quem
eram eles e quem os tinha enviado (“Quem é que ousou entrar/ nas minhas cavernas que não
desvendo/ meus tetos negros do fim do mundo?”), demonstrando que não os conhecia.

Relativamente ao final dos textos, em “Os Lusíadas”, o Adamastor acaba por passar de
uma figura horrorosa e assustadora, para uma figura em sofrimento causado pelo amor, o que
o humaniza. Já em “O Mostrengo”, o monstro mantem a postura e o tom grave e ameaçador
desde o início até ao final do poema.

Embora estas duas personagens tenham características diferentes, ambas


representam o medo e o perigo pelos quais os portugueses passavam ao navegar por estes
mares.

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