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PUBLICADO EM 08 DE MAR DE 2018


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Helena dos Santos,


uma compositora na
Jovem Guarda
Na semana do Dia Internacional do Mulher, destacamos a figura de Helena dos
Santos, negra, favelada, empregada doméstica e autora de onze canções gravadas
por Roberto Carlos, entre 1963 e 1982.
Por Fernando Rosa

Helena dos Santos e Roberto Carlos


No primeiro álbum “rock” de Roberto Carlos, em 1963, Helena dos Santos já estava
presente com a rara “Na Lua Não Há”. No ano seguinte, em “É Proibido Fumar”, lá estava
ela novamente, desta vez com a canção “Meu Grande Bem”. Em 1965, o LP Roberto
Carlos Canta Para a Juventude trazia “Como é Bom Saber”. E em Jovem Guarda, Roberto
gravava outro clássico de sua autoria, e seu maior sucesso, “Sorrindo Para Mim”.
“A primeira música que fiz foi como uma inspiração. Era aquela melodia na cabeça o dia
todo. Resolvi colocar numa fita e mostrar aos meus filhos. Eles a acharam sensacional e
recomendaram que eu procurasse um cantor que estava surgindo: Roberto Carlos. Eu
ainda não o conhecia, e até encontrá-lo foi um custo. Quando consegui, contei-lhe toda a
minha vida e dificuldades. Com uma compreensão enorme, ele me escutou, ouviu a
canção e prometeu gravá-la. A música era ‘Na Lua Não Há’, que foi um sucesso na
época”.
Helena dos Santos morreu em 23 de outubro de 2005, no Rio de Janeiro, aos 83 anos de
cidade, depois de passar mal em sua casa, em Bangu. Empregada doméstica durante
muitos anos, e sem conhecer regras e convenções gramaticais e musicais, Helena dos
Santos compôs e teve gravadas onze músicas por Roberto Carlos, entre 1963 e 1982. Ao
longo desse período, ela escreveu apenas para Roberto, de quem, tornou-se amiga e
confidente, com direito a um livro, batizado de O Rei e Eu, sobre essa relação.
“Eu queria encontrar uma forma de agradecer sua atenção e deixar marcada minha
gratidão por ele e por tudo o que fez por mim. Queria também mostrar, a todos os que o
conhecem apenas como artista, a pessoa maravilhosa que ele é, o lado humano que o
sucesso não mostra. Quando contei que ia escrever um livro sobre ele, Roberto falou:
‘Deixa disso, Leninha, não vale a pena’. Mas quando expliquei que seria um livro sobre
mim e a nossa amizade, achou a ideia maravilhosa”, contou ela ao Portal Clube do Rei,
um pouco antes de morrer.
Onde ouvir:
Fernando Rosa é jornalista, produtor cultural, editor do portal Senhor F e
colaborador do site Rádio Peão Brasil.

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