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“A linguageln da critica é eficiente não porque mantem eternamente separados as termas do

senhor e do escravo, do mercantilista e do marxista, mas na medida em que ultrapassa as bases


de oposição dadas e abre um espaço de tradução: um lugar de hibridismo, para se falar de forma
figurada, onde a construção de um objeto político que é novo, nem um e nem outro, aliena de
modo adequado nossas expectativas políticas, necessariamente mudando as próprias formas de
nosso reconhecimento do momento da
política” (BHABHA, p. 51)

Negociação, iteração - processo de tradução através do qual a posição se articula em torno de um


objetivo "que é construído sobre o traço daquela perspectiva que ele rasura”.
“[...] cada posição é sempre urn processo de tradução e transferência de sentido. Cada objetivo é
construído sobre o traço daquela perspectiva que ele rasura; cada objeto político é determinado em
relação ao outro e deslocado no mesmo ato crítico” (p. 53).

Qualquer discurso que reivindique o lugar de pureza, de neutralidade, a posição alheia à


ideologia e à cultura, não se constrói fora do espaço cultural que ele rasura, que tenta
expulsar ao local que forja como o outro de uma diversidade cultural a ser objeto de análise
de uma crítica supostamente imparcial. Quando se percebe a construção de sentido na escrita
e a escrita como processo cultural de negociação, iteração e tensão, que não encontra uma
redenção ou superação dialética, o discurso hegemônico de neutralidade não se sustenta.

“É apenas quando compreendemos que todas as afirmações e sistemas culturais são construídos
nesse espaço contraditório e ambivalente da enunciação que começamos a compreender porque as
reivindicações hierárquicas de originalidade ou ‘pureza’ inerentes às culturas são insustentaveis,
mesmo antes de recorrermos a instâncias históricas empíricas que demonstram seu hibridismo”
(p. 67).

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