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Uma visão geral da estratégia de monitoramento para as máquinas monitoradas na central

elétrica se encontram na Quadro 1.

Artigo publicado pelo periódico UPTIME Magazine,


publicado pela Brüel & Kjær, Schenck Condition
Monitoring Systems, Número 1, Volume 8 - 2000.

Publicado em formato digital por:

- Engº André Luiz de Pádua Pereira

- Engº Jânio Barbosa

E-Mail: vibra@atlanticpost.com

O presente arquivo pode ser obtido no site:


www.vibra.dynamiczone.com

Análise do Envelope para detecção efetiva de


defeito em rolamentos - verdade ou ficção?

Provavelmente você já observou, nos últimos seis meses, o surgimento precipitado de uma
cobertura contraditória sobre a análise do Envelope, uma técnica usada para diagnosticar
defeitos em mancais de rolamento. Elas vão de um extremo para o outro - hora
denunciando que a técnica do Envelope é inútil, hora que é um novo padrão para avaliação
de defeito em rolamentos. Neste artigo, Joëlle Courrech, uma especialista na aplicação da

Revista uptime: No. 1 - 2000 – Vol. 8


análise de Envelope no monitoramento da condição da máquina, coloca essa técnica no
devido lugar e aponta para um novo campo de aplicações.

Introdução
A detecção do Envelope, também referida como “demodulação de amplitude”, é uma técnica
de processamento de sinal bem conhecida usada no campo da eletrônica e das
telecomunicações. Durante a década de 80, o monitoramento da condição de máquina
começou a utilizar a técnica principalmente para detecção e diagnóstico de defeitos em
mancais de rolamento. À medida que a tecnologia digital evoluiu e facilitou a implementação
de tais técnicas a baixo custo e com instrumentos fáceis de usar em campo, a análise de
Envelope tornou-se uma ferramenta muito popular entre o pessoal de manutenção.

A detecção de Envelope quanto a falhas de mancais de rolamento utiliza as forças de atrito


produzidas por elementos rolantes de rolamento sem falhas. Estas forças são influenciadas
pela qualidade de superfície e de lubrificação e geram vibração estacionária aleatória em
banda larga. Quando uma falha se desenvolve, a vibração torna-se amplitude modulada
devido às mudanças periódicas nas forças. Isto pode se originar a partir de mudanças no
atrito, na pressão nas superfícies das pistas de rolamento ou a partir de forças de impacto
repetitivas devido a defeitos na superfície local. Ou seja:

1. Modulação de amplitude das forças de atrito aleatórias; a maioria devido a erros de


montagem como tensão ou mau alinhamento do rolamento.

2. Modulação de amplitude da ressonância estrutural excitada por impactos periódicos


repetitivos. Isto ocorre quando há defeitos localizados nos sulcos dos elementos
giratórios, como no caso de entalhe ou fendas.

3. Modulação de amplitude de freqüências determinísticas (timbre puro), tais como


freqüências características de outros elementos das máquinas (freqüência de
engrenagem, harmônicos da fenda, freqüência de passagem de pás, etc.) por
freqüências do rolamento.

A modulação da amplitude devido às forças de modulação (defeitos geométricos) e ao


aumento nas forças estacionárias aleatórias causado pelas mudanças no atrito (problema de
lubrificação) aparecerão no espectro de Envelope. (Observe que elas aparecem também no
espectro FFT original, mas há mais dificuldade para se extrair e identificar.)

Quando aplicado ao diagnóstico do rolamento, o processo da análise do envoltório pode ser


descrito como:

 Seleção de uma escala de freqüência no espectro de vibração onde a modulação da


amplitude ocorre e remoção de todos os componentes fora da faixa. Isto na hipótese de
os componentes de freqüência extraídos estarem relacionados somente aos defeitos de
rolamento e não a outras falhas nos componentes da máquina.

 Retificação do sinal remanescente (portadora) para manter somente seu Envelope (que
representa o efeito de modulação) e re-analisar o último em uma escala de baixa
freqüência para identificar a freqüência moduladora.

Esses são os princípios básicos da análise de Envelope que são prontamente definidos e
aceitos. Entretanto, quando entra em discussão a implementação da análise de envelope
quanto à detecção e diagnóstico de defeito em mancais de rolamento, surgem várias linhas
de raciocínio diferentes. Estas podem ser essencialmente classificadas em quatro grupos:

 A análise de Envelope funciona, mas apenas seletivamente na ressonância estrutural de


alta freqüência.

 A análise de Envelope funciona, mas apenas seletivamente fora da ressonância


estrutural, onde o espectro é plano.
 A análise de Envelope funciona sem ser seletiva, em uma escala de freqüência média
ampla

 A análise de Envelope não funciona.

Detecção seletiva de Envelope em torno da ressonância estrutural de


alta freqüência
Esta abordagem é baseada no conceito de que somente os defeitos em mancais de
rolamento localizados são de interesse e a análise de Envelope deve ser , portanto, usada
seletivamente na ressonância estrutural de alta freqüência (veja ‘Introdução’, ponto 2). A
seleção da ressonância de alta freqüência torna mais fácil evitar a interferência de outras
fontes de vibração (por exemplo, engrenagem, passagem de pás, forças elétricas, etc.) e
seus próprios efeitos moduladores. Um obstáculo a esta abordagem é que o sistema torna-
se muito menos sensível à modulação de força de atrito aleatória causada pela tensão radial
irregular, desalinhamento ou escorregamento. Um argumento que se contrapõe a este
obstáculo é que outras fontes de modulação de força de atrito além daquelas que são
produzidas por impactos são prontamente visíveis na parte do espectro FFT original de baixa
freqüência. Os problemas de lubrificação – sem efeito de modulação são claramente visíveis,
bem como um aumento em toda faixa no próprio espectro FFT original.

Esta abordagem, então, é a única mais comumente usada em campo. As técnicas de


monitoramento de condição regular são usadas para destacar a excitação de ressonância
suspeita causada por um problema local de rolamento e, em seguida, a análise de Envelope
é usada para localizar com precisão a fonte do problema.

Detecção seletiva do envoltório fora da ressonância estrutural


Em uma outra abordagem, contrária à anterior, a análise de Envelope é executada fora da
área de ressonância onde o espectro é relativamente plano. O argumento para este fato é
que qualquer distorção produzida pela ressonância estrutural é evitada, permitindo que se
obtenha uma ‘verdadeira’ representação das forças e sua modulação. Conseqüentemente,
todos os tipos de falhas podem ser ‘qualificados’ com indicadores tais como a ‘profundidade
de modulação’ (diferença entre um nível harmônico e o nível do transmissor de ruído), e o
conteúdo harmônico nos espectros de Envelope.

Esta é uma abordagem muito atraente mesmo que ela pareça difícil em uma estrutura tão
complexa como o corpo de uma máquina para identificar uma escala de freqüência sem
componentes de ressonância ou anti-ressonância. Entretanto, ela tem sido usada com
sucesso na Rússia, onde experimentos em vários rolamentos têm produzido métodos para
distinguir diferentes tipos de defeitos e sua gravidade.

Detecção de Envelope em banda larga


Enquanto os dois primeiros métodos requerem dados de medição para indicar com precisão
o local de ressonâncias estruturais, a terceira abordagem não requer.

Seleciona-se uma ‘escala de freqüência média’ padrão, normalmente iniciando acima de 4 a


5 vezes mais alta freqüência do rolamento até 5kHz. Na teoria, esta faixa ampla cobrirá a
escala correspondente às freqüências de ressonância natural dos mancais de rolamentos e
daí detectar a maioria dos defeitos de rolamento. A escala padrão selecionada depende da
velocidade da máquina; não pelo fato de as freqüências naturais de rolamento dependerem
da velocidade da máquina, mas pelo fato de o tamanho do rolamento depender dela e a
ressonância, subseqüentemente, depender do tamanho do rolamento.

A vantagem de se usar as freqüências naturais dos elementos giratórios é que elas são
uniformemente excitadas/influenciadas pela modulação de força aleatória e pela modulação
de força de impacto, quando opostas às freqüências de ressonância estrutural que são mais
sensíveis a impactos. Contudo, o obstáculo principal é que esta escala de freqüência média
acontece onde todos os componentes de outra máquina têm suas freqüências
características – por exemplo, freqüência de engrenagem e harmônicos, freqüência de
passagem de pás, freqüência de passagem de slots – os quais estão sintonizados em
amplitude modulada pelos elementos vizinhos incluindo as freqüências de rolamento.
Entretanto, há investigações atuais para o uso de processamento de sinal adicional tal como
‘cancelamento de ruído auto-adaptável’ para separar tais efeitos.

Fig.1. Uma comparação entre técnicas de faixa estreita e de Envelope. O espectro da faixa
estreita (vista superior), tomado de um rolamento que sabidamente tem um defeito na sua
pista externa, não mostra sinal de defeito. A vista inferior mostra um espectro de Envelope
do mesmo sinal.

Fig 2. Os espectros de Envelope de um rolamento sem defeito (vista superior) e um


danificado (vista inferior), mostrando como o espectro de Envelope exibe apenas picos se
houver um defeito.
Detecção de Envelope – melhor evitar!
Conforme a popularidade da análise de Envelope aumentou, o mesmo ocorreu com o nível
de ambição de seus profissionais. Os descritores escalares são derivados dos espectros de
Envelope, simplificando a tendência do fenômeno. Os algoritmos empíricos baseados nos
dados estatísticos também foram desenvolvidos na tentativa de obter limites absolutos. E em
uma tentativa de se eliminar a necessidade de tendência de modo geral, os descritores
específicos foram usados para uma avaliação singular de condição do rolamento.

Mas estes são passos muito grandes! A natureza do caminho de transmissão de sinal, as
diferenças encontradas entre as máquinas do mesmo tipo e a natureza da técnica de
processamento usada tornam fundamentalmente difícil quantificar o padrão com um valor
absoluto representante. Mesmo se a natureza do caminho de transmissão não complicar a
interpretação, a natureza dos próprios defeitos torna difíceis as decisões de manutenção.
Por exemplo, o que é mais perigoso – um grande entalhe ou uma fenda transversal na pista?
O primeiro produz mais energia modular, mas pode funcionar por um longo período contanto
que haja a lubrificação adequada; o segundo pode explodir a qualquer momento!

As conseqüências de tais investigações foram profundas. O diagnóstico de defeito e erros


conseqüentes em julgamento debilitou seriamente a análise de Envelope e afastou ainda
mais a técnica dos céticos. Esta situação infeliz foi posteriormente desprestigiada com a
questão : sensores de deslocamento vs. acelerômetros. Alguns dos maiores argumentos na
validade da técnica de modulação são na verdade mais baseados em uma preferência para
medições de deslocamento de eixo do que para medições de vibração relativas ao rolamento
baseadas em acelerômetro. Contudo, não há absolutamente base para isto quando os
sinais de transdutores de deslocamento não mostram o ‘elemento real’ mais do que aqueles
de acelerômetros. Ambos apresentam sintomas dos defeitos – as alterações nas forças que
atuam sozinhas nos elementos giratórios e não na vibração resultante, fornecem uma
representação real do defeito. Infelizmente essas forças não podem ser medidas
diretamente.

Conclusão
Toda boa ferramenta tem seu uso e seu lugar especial entre as outras ferramentas na sua
caixa de ferramentas. Como uma boa ferramenta, a análise de Envelope não é diferente.

Baseado na avaliação da modulação de amplitude de vibração aleatória e ressonância


estrutural, não há dúvida de que a análise de envelope é uma maneira eficiente para
detectar, diagnosticar e avaliar a condição de um elemento giratório de rolamento. A análise
de Envelope também possui um campo de aplicação muito mais amplo se for considerado
que seu principal benefício é ‘trocar’ o efeito de modulação de alta freqüência para escala de
baixa freqüência. Portanto, ela elimina a necessidade de uma resolução extremamente
elevada que geralmente é incompatível com a falta de estabilidade de velocidade encontrada
nas máquinas rotativas. A demodulação de amplitude de timbre puro tal como harmônicos de
slots em máquinas elétricas pela freqüência de escorregamento; a freqüência de
engrenamento em uma das engrenagens; ou a freqüência de passagem de pás pela
velocidade rotacional são indicadores de muito empenho após a identificação de defeito.

Além disso, o uso da transformação Hilbert em um sinal de tempo ampliado ao redor da


freqüência portadora, melhor do que filtragem e retificação como é normalmente feito para as
aplicações de diagnósticos de defeito, não proporciona somente a demodulação de
amplitude de REB mas também demodulação de fase e freqüência. A demodulação de
freqüência abre o campo de novos diagnósticos de defeito de caixa de engrenagem e dos
problemas de torsão não muito conhecidos.
Mas por que levar uma caixa de ferramentas completa se você vai utilizar somente uma
ferramenta? Recomenda-se usar a análise de Envelope como parte de uma estratégia de
manutenção global juntamente com outras técnicas de processamento de sinal,
especialmente se houver a decisão de parar o maquinário mais importante. Os espectros
FFT devem ser considerados porque eles apresentam todo o sinal original enquanto a
análise de Cepstum, uma transformação puramente linear, pode ser usada para separar
efeitos devido ao caminho de transmissão daqueles devido às forças excitadoras. É até
possível determinar o tamanho de uma cavidade ou um fragmento, que é mais direcionado
para a gravidade do defeito do que para a profundidade da modulação.

Finalmente, pode-se concluir qual é a abordagem correta para análise de Envelope?


Concluindo, como nenhum artigo, trabalho de conferência ou teoria pode substituir anos de
experiência de monitoramento de sucesso com análise de Envelope, então há somente uma
única abordagem – experimente e veja os resultados você mesmo!

A autora
Doutorada em mecânica aplicada, Joëlle Courrech trabalhou por mais de 20 anos no campo
de análise de vibração e monitoramento de condição de máquina. Atualmente Gerente de
Marketing de Produto da Brüel & Kjær Schenck, Joëlle escreveu vários artigos e trabalhos de
conferência especificamente sobre o diagnóstico de mancais de rolamento, caixa de
engrenagem e máquina alternada, contribuiu com a maioria dos livros de consulta como o
‘Shock & Vibration Handbook’ (Manual de Choque e Vibração) e o ‘Handbook of Acoustical
Measurements & Noise Control’ (Manual de Medições Acústicas & Controle de Ruído).

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