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‘Anyox DaLu'fens Ropes Lingtistica da norma Diregio Fidel Garcia Rodrigues, SI Exiga Marcos Marcionilo Revisio Mauricio B. Leat Diagramagio Telma dos Santos Custédio wwwloyola.com.br Editorial: loyola@loyola.com.br Vendas: vendas@loyola.com.br Tedes 0s direitos esercados. Nenhuma parte des pode ser rprodusida ou tranenitda por quali ‘fou quaisyuer meios (eletrinice ou me Jolocépia gravacie) ou arquicada erm qua ow banco de dados sem permissdo excita ISBN: 85-15-02549-4 © EDIGOES LOYOLA, Sao Paulo, Brasil, 2002 Sumario Primeiras palavrat 5. Problemas de descrici 6. Tareas pritic Variagio dialetal e ensino institucionalizado da lingua portuguesa ..... 27 an Seaeas 63 63 Vile win 64 acres de uso e julgamento social as variant 3. A civisiotipartida entre SISTEMA, NORMA e FALA ...- C Em nenhura ado he lingiistico ¢ tio evidente. [Ni se trata de negar a de texto, mas de entender a we ela tem cumprido na reproducao de um modelo de de um lugar da linguagem em que a variagio 6 irando sobre as disputas de classe (ja que corrige «que gente eomum), defendendo a suposta neu- tralidade da gramatic uum feroz guardiao da ca normativa apontou egando-se em lea nivel de mais do Enfi ceessos de an Portugués na escola Histéria de uma disciplina curricular Magda Soares Disciplinas curriculares: a escolarizagao do saber isciplina curricular, ow mnelh lado, e escola, de outro, jidos pel ede uin fempo de aprendizagem. ie 0 aprendizado corporativo Macox Soxnes planejamento das atividadles, mas estendeu-se ao préprio conhe= cimento a ser ensinado ¢ aprendido, “resultando numa gradagiio na divisio correspondent das matérias” (Povitat, gem os grans escolares, a8 s6ries, a wento de cada Porrvcuts xx | disciplina escolar ¢ suas transformagées ao longo do tempo; em outras palavras, ¢ uma hisiéria das diseiplinas escolares, area de conhecimento receniemente instaurada no campo da {que permite recuperar o processo de inst 10 de certos contetidos em di curricul oe sua evolugdo, E essa perspectiva histérica que pode esclarecer ¢ explicar o estatuto atual das diseiplinas eurriculares ‘ecompreender a nanureza ¢ 08 obje- tivos dessa disciplina na escola brasileira dos dias de hoje. Em busea de uma hist6ria da diseiplina “portugués” na presenga da uticularmente por José de Anchieta, em sua Uingucr mais usada na costa do Brasil). 0 Arte da gramét Portugués embora fossa lingua oficial, nha, como lingua falada, 08 que se escolariza\ camadas priviles educacional da época, 158 através do latin, wva una tradigiio como dren de ternas a ele Macos Soares aqueles meios que os podiam civilizar, permanccessem na ris- ‘que um dos pri tabelecer nas suas respectivas povongdes 0 uso da Lingua por- tuguesa, nfo consentindo por modo al © Meninas, que pertencerem is escola, e todos aqueles indios, que forem capazes de instragio nesta matéria, usem da lingua propria das suas nagies ou da chamada geral, mas unicamente dda Portuguesa, na forma que S.M. tem recomendado em tepe- tidas ordens, que até agora nfo se observaram, com total ruina ritual ¢ temporal do Estado’. primeira, No que se refere ao vernaculo, a guiu a proposta de Verney: além do apren- re eserever em portugués, introduziu-se o estudo da gra- mtuguesa, que passou a ser “componente curricular”, como diriamos na terminologi 0 Jado da gr yponente curricular”. Per- lo a importiincia da ret6riea irma Roberto de Oliveira Bran- dos jesuiitas, em 1759, conser- vou-se praticamente intacto esse precoce condicionamento do 10 da retGrica, seus valores ¢ sua pratica : 49), Desde, pois, a reforma a lingua se denominariamos “disci- retdrica, Na yerdade, de uma ntevidos prevaleceram do sé- at drea de estudos da lingua. ‘a gramética, embora gramética da lingua latina, jé presente como conteiido curricular no sistema jesutico, conti hua presente, apos a reforma pombalina, agora introduzide tam- bém a gramatica do portugues, ao lado da gramética do latim, ‘ou melhor, precedenco-a, e, pelo menos inicialmente, com cardi- ter quase instrumental em relagio a ela: a Instrugao IV, das Ins- trugées para os professores de gramética latina, grega, hebrai- ca, e de retérica, baixadas pela reforma pombalina, em 1759, recomenda aos professores de latim: ‘Todos os homens sabios uniformemente confessam, que deve | serem vulgar o Método para aprender os preceitos da Gramé- tica; pois nio ha maior absurdo, que intentar aprender una, Lingua no mest Ou seja: a Kingua por entio denominada “vulgar”, deveria ser instrumento para apre 101 pata a aprendizagem da gran | Para que os Estuda «que 08 Professores Ihes io dando uma nogio da Portuguesa; advertindo-lhes tudo * aquilo, em que tem alguma analogia com a Lat iA, € ga diivida para isso as ‘partir do sé- - ensing da grain: foi sem ite toda es 1 portuguesa. ca modalidade da para a pratica cialmente, a ret6rica — preceitos relativos i arte de falar arte de elaboragio dos discur ugio — incluia e evidenciando o “lugar de destaque séeulo passado” que dos de retérica (Brando, 1988! |. que pressupunha os estu- iro 0 Coe 103 sua 39" edigio € 6 para Quanto aos is de itulos de dois deles, itados por Brandio (1988a), so suficientes nao s6 para evi- denciar 0 papel relevante dos professores do Colégio Pedro I na ceibtieio eats altesalg anette tesa ica ‘XIX mmas também para testemunhar a presenca da retiriea e da Pp no curriculo da escola: de Fernandes Pinheiro, as Postilas de retérica e pottica ditadas aos alunos do Inperial Colégio de Pedro II pelo respeetivo professor, publica- das em 1877; de Franklin Déria, a Tese para 0 concurso da cadeira de retérica, postica e literatura nacional do externato — estas eram, pois, as disci- ‘Tera essa fusiio e mudanca de dent aparecimento de uma outra tetido e outros 4 portugués manteve, de certa forma, até os anos 40 do século XX, a tradigio da gramitica, da retdrica e da postica. F, manteve essa tradigao porque, funda mentalmente, continuaram a ser os mesmos aqueles a quem a mente adaptadas is earacte- se foram, progressivamente as mesmas aprendiza risticas ¢ exigéncias Ponsucut’s na ESCOLA sob nova roupagem: srdendo seu lugar de destagque tax tono co) 1 postica fo como hoje 08 conhecemos, ¢ foram-se afastando dos preceitos sobre o falar bem, que ja ni i pela convivéneia n To XX, de dois diferentes e independente gramaticas ¢ as coletineas de textos. Evi Maco Sous years NA rs exemplares impressos, ¢ a Gramética metédica da lin, ica a lingua port -sa, de Napoledio Mendes de Almeida, com 90.000 exemplares ‘impressos. até 0 jo dos 00. wrk jem grande parte; oi des de flosofa, formacos nit 36 em contedos de literatura, mas ambi sobre a lingua ¢ estudo da lingua comegam a consi ‘com umn conteiido articulado: sume ee a. Fe9p el tarele, proprios professores passam a é \o Maco. Sovnes mena 10 € ideoldgico da segunda metade dos anos 1980 (época da redemocratizagio do pais A rias desenvolvidas na area das ciéncias: comecavam a chegar ao campo do ens também, e talvez sobret rpretagio do texto verbal, mas também do iguagem oral, outrora valorizada para o seguida esqueeida nas tanto uma nova postura dos professores diante das ‘a que se vem criando essa nova postura ¢ definindo esses novos contetidos e nova metodologia. PLE ugar, a it a0 desenvolver estudas de escrigdo da lingua portuguesa, tanto escrita quanto falada, tem i portugués, que se igorando, e & con- cepgio de que 66 da lingua eserita se tem de conhecer « gramé- tiea: novas concepgdes que resultam em uma também nova eon- cepcao do papel e da funcao da gramética no ensino de porta- gués, bem como da natureza ¢ contetido de uma graméitica para fins didaticos, que ha de ser cscrita quant Ponrucuts N4 rscoua ital que as contribui~ {que vom sendo exercida sobre a ina portugués concomitantemente pela pragmética, pela teoria da enunciacao, pela anilise do discurso: influéneia funda- ‘Tnental, porque traz, basicamente, uma nova Concepgao de Tin= ‘uma coneepeio que vé a lingua como enunciagao, nao ape- | ‘oro comunicagao, que, portanto, inelui as relagbes da li gua com aqueles qu fam, com 0 contexto em que 6 uti zada, com as condigies sociaise histéricas de sua utilizagio. Essa nova concepgio ver alterando em sna esséncia 0 ensino da lei- tura, da eserita, as atividades de pritica da oralidade, ¢ até mes- mo 0 ensino da gramatica, Mas niio so apenas as i do novas orientagées para a cestudos ¢ pesquisas recentes, a historia da leitura ¢ da eserita, a ingiisticas que vem trazen- ciplina portugués. Trés éreas de sociologia da leitura e da eserita, « antropologia da leitura e da “eserita, especializagies da historia, da sociologia e da antropolo- ‘ia, ao investigar e analisar, a primeira, as préticas histéricas de ira ¢ escrita, a segunda, as priticas sociais de leitura ¢ escri~ ra, 08 usos ¢ fungdes da leitura ¢ da escrita em diferen: lturais, introduzem a necessidade de orientar 0 en- aterna também por perspectivas historieas, s0- Cioligicas ¢ antropolégicas: como se explicam as praticas de tra e de escrita atuais, & luz das préticas do passado? Quais a essas priticas atuais de leitura e de escrita, que demandas d Teitura e de escrita sto feitas ¢ serio feitas aos alunos nas socie dades grafoeéntricas em que vivemos? Que géneros de texto, qu _portadores de texto circulam nessas sociedades? Que fungoes ¢ ‘que usos tém a leitura ¢ a escrita no grupo cultural a que os alunos pertencem? sas contribuigies de tio numeresas ¢ varia- ino da lingua matema que estejam configa- ina portugués na escola brasileira de hoje; embo- sare avaliar periodo tao recente—os recém-transcorridos anos 980 ¢ anos 1990 — provavelmente o futuro verd este atval 13 VY V tribuigdes dessas diferentes areas. Trés questées atualmente em ussio na area cducacional brasi 36 poderdo ser eselare- «das ¢ deididas, no que se rofere a Ligdes da hist6ria da disciplina “portugués” Retomemos as perguntas propostas no injcio deste artigo: Powrveuts Ni coca nou portugués que, por sua vex, em certo momento, passou a denominar-se comunicagdo e expressiio ¢ comunicagao em lin- ua portuguesa, para em seguida voltar & denominagao port ‘gues; ¢ perm por que os eonteri- dos atribuidos a essas dis lo ora uns, ora ou- tros — de inicio, a arte de arte da elocugio, © 0 cestudo da poesia; depois os est cos... a gramatica, sempre... —e por que as concepgies de lingua que informa- ram esses contetidos tenham sido diferentes, ao longo do tempo sma, a lingua como eomnnicagao, a lin- 1 essas razies sie de gua entio disponi ‘encontrem esses conhecimentos, pela formacio dos profissionais A retomada da hi tou fazer, embora su tona a presenga desses cada momento passado e também 0 momento presente. E certa~ mente evidenciard, ainda, a importincia de uma perspectivahis- partir de sua ja com a instituigao de “pa- fe it ‘imotros curriculares” para o ensino de portugués, seja com @ reformulagio dos cursos de formagio de professores de porta gud, seja com a avaliagao de livros didticos de portugués. Bus- car no passado compreensao ¢ explicagio, para que ni faga- ‘mos, no presente, interferéncias de forma a-historica acientifica Referéncias em Educacio Brasileira). Cumin, C. (1985): A questo da norma culta brasileira. Rio de Janeiro: “Tempo Brasileiro, 176

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