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FILGesrénica auténtica Platao fon Introduedo, tradugBo @ notas Cléudio Oliveira Prefacio e Postacio Alberto Pucheu opin © 2011 Atv is ‘itor bain Bape tree (Goan mn UrcretayChucoVaitns Ahrenge Snare Ghats Fano Mena ean (Poco nearer Sater A, cn Rio Mongo anasto Pars) (mes Cn men Fa ero Stactrd OF RgeroLope; St, ius rosie rane, Roene is Zone Vm fete) -Agatecanos3 oxo unites Pessa pesto deepest egalnent (tanto gogo ease arom Bue, Ren cnao Nov dees Ono Todos os ects rsenades pl Auta Eta. Nena parte dst Dbl cease reece, sper eos macs, See, 9 cpa nati, ems areca pre da Era AAUTENTICA EDTORA EDA. acount ge atngnto a Pens) "Elmar asad es a. ley at wate Co lin — Bde ee put, St ses sa icp "la amg se. hates goes be 4. 23, 25. 65. 83. Prefacio Introducao 9 ore Nota da tradutor fon ~ texto gregoe traducdo Piatao, Goethe eo fon bata Putas Colegio File Pretacio Alte Pachen® ‘Aexcelncia desta tadugo do lo, relzad por Ciudio Olivera, vem contribuir~ em muito ~ para um novo pensara pat de Patio, que poss desfizer alums caricanuas xa, € ainda preserva, sobreudo acer da relag20 entre poesia « filosfia em sua obra,mas tamibém acerca dsuposigio de 0 Jon por ser um slog da juventude,ser de menor immporti- cia, Apesit de comparecerna Rela, na Apoloi.n0 Fed © tho Banquet, a poesia nfo 6 dels, 0 motivo regente: no weatto filosfico de Patio vale lembra, 0 fn & 0 Gnico texto caja dlinimica total gira em tomo da poesia (ou da raps, tanto fu) ~ ext € sua diagonal de intensdade atwante a equeres,a partir de s uma legibilidade. Para quem quer enienar a po- ‘sia esta relaglo com afloofa, bem como pars quem quer cenffentar uma reflesdo sobre 0: modos de imerpretagio da poesia, exe €0 dilogo primeio.ainds 3 esper de eituras que reconhegam sua exeelénia,tornando-a pens ‘Praia do Department de Coca da tra da Face ide de Lemar de UFRJ, & graduado e mest em Pls doxtor fm Lets (Clea ds Licata) pela UF E poe omer de ders Shun e enced ds tporenec rie cise Nesta tadugio de Cliudio Otiveir,énotivel a atengo ispensada 3 materilidade tanto do texto grego quanto do em portugués, fazendo emtergirimimeras precises sinStcas intcas que ajudam o eitora enxergat melhor a beleza, a ambiguidade ea grandeza do texto plainico. Ji ma primeira fala em poreugués,como em grego, crates diz “Boas vindas 20 fon”, como se 0 persomagem de Atenas sudasse 0 rapso- do que acaba de chegar 3 cidade ¢, simltaneamen ccumprimentase 0 letor pela entrads no proprio dilago, Do ‘comego 20 fim, preciso eeminolégica é mantida, como, por ‘eemplo,nos medos gregos para dizer © que € habitualmente traduzido apenas por “interprotagio": “inerpretagio", aqui, deconente do grego hemnenecn, ashi também o verbo “fazer exegese”, de exegéomai,indicando a sutile2a no que diz respeito a divers manciras“interpretatvas". Quando ‘crates esti para comesara contar o mito ao raprodoee diz Phatio “Eu vejo mesmo, fon,e vou ee mostar o que ise me parece ser”, dando conta de tod 0 apelo visual do penssmento mi- tico:é porque “v8" que pode “mostrat™ o que the “parece” Sempre que pode, o trator preserva, por exemplo, os jogos de radicals iguais em palaveas diferentes, como “depende”, ;pendurado” e “suspenso”; quando isso se corna impossvel «em portugues, uma nota explic © que acontece no original ‘como no cas ds fortes lceragSes de melo poets lirica). ‘née (melodia), melon (de mel corzent) e mélita(abelha) As nots, alis, do todas de grande importinca,explicando ‘0 motivos das escolhas, par exemplo, de “tereivel”, endo do esperado “hibil”, para wadusir dinsde “lego” pars tad itis da ueiizacio do verbo poet do dup sentido de wm arts, que sera apenas "simplesmente" se nio mantivesse ‘em sia tensio principal do dilogo que possibilitaler 0 termo também como atéinas, ou sea, sem técnica, além de tantas ‘outas clarifcagdes que favorecem imensamente 0 leitor a ficar imerso na complexidade da eseria e do pensimento platénicoFriso também que,nas pasagens ctadas por Socrates 41 Mado, Clivdio. Oliveea manteve sabiamence a waducio dde Haroldo de Campos, porque, entre nés, outta melhor 830 he naquelas em que a citagio vinba da Oasis, manteve 0 texto de Carlos Alberto Nunes, que importantisim eabalho realizoa em nossas terns, Acompanhada do original grego, tal raduclo do fon se torma necessiria tanto aos especaistas da obra de Plato como ‘um todo quanta 30s que possuem um interes especifico pelo do, sas propiciatambérn uma lei prazeros a qualquer poeta filxof, professor, extadante ou leigo que queta le um dos textos mas incontornves de todas os tempos quando © assinto ¢ poesia. Iso porque junto com o rigor. a dedicapio 0 extudo necessrios para Se debrucar sobre a lingua © a filosofia grog antigas, Clsudio Olivera sempre encontrou a paixio,sendo movido por ela Tal rigor etl piso Rizeram © texto ¢,nee,o pensamento gregos soarem da melhor maneira no portugués de nosso tempo, que leitor tem, agora,como uno oe ° Introdugaio Clio Otine® Talvez nio ja adequado relacionar 0 fo a dois outros Ailogos de Plaio, A Rep e O Sofa que uatam,respec- tivamente, da exclasio da poesia eda exclasio da sofiea do Jmibito da filsofia a pare de um mesmo procedimento: a associago de amb arte da imitacio ea desqualificagao desta Sika, A questio da imitagio no & uma questio no fon, 20 paso que,em A Reps € O Sofa apesar das ambiguidades fe do proprio envolvimento que a filosofa parece ter com a fmitagio, Mf © mesmo veredieto: ondenacio da imitagHo © condenagio,em consequéncia, da sofstica eda possi, jf quea imitaio & a eséncia de ambasA questio da imitagio & 0 que permite aproximar poesia e sofitica, ea discus dh flosofia, “aiSsonswocnde do Deparment de Blonde UPE, € paints, ‘notre edt on Flot pla UFR Se edo i Eine 2 Ficus ante «comemporiae psc. Eve aos de na Inne eto potty, or sofas, Pa, Asot, Hep ‘Man, Nictache Po, Heide tac © Aga "Py us nie canbe psc de Pao unt sei Inte dma Capit prime puede mina deo de ‘cud swe igen Sir na so aie ke com ambas, se parties de uma leitur deses dois diflogos jules da “maturidade” de Patio. Masse partirmos do fn, ‘um dilogo julgado “de javentude”, ums sproximagio ene sofisticae poesia pode se constr apart de win oto lar Por isso, mesmo que nio de todo justifcve, a refercia a cesses dilogos “madaros" permitesnoslembrar que Patio, de fat trata,em primeiro ligarse exemplarmente. dare podtica «do pocta quando fila da eligi entre arte vendade. Mas também nos hi lembrarque a esa questo asocia a da softies, pois pense poets enprant le andi ao elements gue po aliments 0 sofia” (Autiez, 1992, p. 221). Et, als, sim, de acordo com toda twadico regs para aqua a palavn "sof" caramenteasociada 20s termes phd e phi, os qs desde © principio, diam espeto ndo 6 20 bio e xo vidente, mas também 2o poets. Eretemuunhado, partirda séeulaV 3.C.,0 uso do termo sophsnio s para os Sete SSbios, para os f6~ sofbs pré-socitcoseaé para una figura como Promete, ‘ambém para misicos,apsodos e poets (KENERD, 1981 p24). Patio mostn-se de acordo com es tradigzo no fon. que ‘muitos consideram ser um de seus primeitosdidloges. Nio & por outro motivo que, no lon, Sdcrates arma alee sem nnenhuma jonia,nio ser de modo algurm um sibio (soph). tum modo, o seu de se excluir de uma cert tadicio e fundat Juma outa, nor, ndo de sbios mas defivofos.Sibios segun- do cle, sio, ness sentido, os rapiodas (ho thapoidet, 532,08 ores trigicos e cmicos (hoi Inpokita), bem como aqueles cujos poemas (ed poidmate) estes canta: os poets. A sabedoria, 10 contitio da flosofia, surge, 205 olhos de Sécrates,como algo relacionade 30 divino.A flosofia, por sua vez, parece alguna cosa refers a0 prpria omen, que tem de haver consigo mesmo e com a linguagem na cons ‘rugio de um saber. Por iso, ele, States, seria apenas im Jeigo, um homem simples (iden dropon,532e), que nada faz além de dizer a verdade (odin illo & alee io, 532), {Um simples mortal. © belos poets (hl oie 534e) cantados pelo ripodo, 20 contro, no siohumanos (ek npn ests), nem proxéms dos homens (oud? atop. So dvinos,provenientes dos deus (thes ka th, 5346) (Os peta interprets dss deuss (hi pit dn all? Ihnen cin then Se), Or apsodon:intrprees dese, intxpretes hemendos heen, 5353). Como intzprete de inérpet,crceiro muna sre que tem deus como primi, rapido assumiria aqu,no fom posiiosemelhante qu tem oimitadorem A Rep, ere lta alg (Sen 1901, p.31)-O que lez sep quesionivel Talver nose io Sbvio que o deus de A Rep seam 05, deus que fal pla boca dos poets e dos apsodesno fn Mas € inegivel que a sbedoria divin de fon épreciamente aguilo que, pra Scrat, o torn incapar (ads, 5320) de interpreta 4 obra de qualquer poeta avs de uma kine e Ge un epistine (ne pit). Os dees, no fn, io ‘So neninum fandasento do conhecimento do rasodo, mas, tlhe de eu desconheinento Poise dom de bem falar (or len, 533d) sobre os poets nfo provém de una ide ou cb tine) esi de um poder dvino (Be dasa Misa {ie Moi) Ela inspira todos os bons poeta (pies poeta gt 535), sean ios (ho mooi) ej Epcos (ho ti {in pia). nspicads (Eth ots, 533), les aizem todos gues belos poems (tat al ou potmat). Por tum mesma concesso divin (hia mii 535), 05 apsodos, Jmerpetam as obras dees poets (ho rape hn poi Inmet), Mas exe aber que els possiem & um saber que nfo se abe algo de que Sécrtes est totalmente clente de gue tenta tomar fon ciente a0 longo de todo 0 dillogo, meso que sem tm sucewo total. Poisa fon pode ocorer a aqvestoide qu vale enc, ete “ver cient naa A concestio diving implica, para S6crates, uma con= sequéncia clan: falar muias e Beas coisas acerea do poeta uardo ion 2 (pol at al per on pct, 542s), ern nad saber (ma i), significa nfo ser un teas (tebe), io & no tet dominio e o saber acerca do que se diz,nio ser o que e sabe, Em poesia, como sobre a verdade,tem-se escola, para Séerates, tio somente entre ser vino (thf, 5426) ou ser “éenico” (eldna)-O rapsodo fon, como sbemos, ecolhe ser diving afinal,é muito mais belo ser considerado divino (pal gir klion 13 teton nonidzestha,542b). assim se com lui didlogo. Donde se pode conclu também, talver, que a filosofiaimplique cesta perda do divin. Hii quem considere,no entano, também divino 0 fil= s0f.F 0 cao,porexemplo, deTeodoro em O Sata (2160) ‘Mas Sécrates, na ocasto sugere que taleesejaprecsamente iso o que gra confusio ente as diversas aparécias que eet sgénerosasumem (phantidzota, 2168) ora politicos (18 min polit), oa sofisus (ord sophia, or, ainda, aquces que ‘se comportam de maneira absolutamente mincica (ponpasin hones mani) sta &, 08 poets No Feta, ele afirma que os maiores entre os bens (18 ‘még to again, 2449) nos chegam através da mania (Aid ‘mania. Entre 05 virios modos des, ext a que tem como principio as Musa (gp Mousin,245a).Nela,a alma excieada cagitada num wanspore biquico (ges ki ekbahetous, 245), exprime-se segundo cantos ¢ outa poesis (kat te salar lon poe, Bsa caracerizagio do poeta, bem como do profets, do vidente edo politica, como homem divino é recortente nos lidlogos de Patio e encontra-se também no Mino Cerreament pram chamaenosde dios aged de ge ‘amor nterormente, of que cnt kul, mnie Tab Ge V1, 40 «Fee, 2395 todos posta esti, nfo mics les fia mor que ot pollico so vinoseimpirador pelos dees. (Ors in alimen tons te hohe ny eigenen soi a mas lt poles hips al a lis uth Wawona hl ea at in 98¢-4}) th A auséncin dos ids, a ist, deve-se a0 fito de que, para Sécratesa thle mola conceso divna desde a qual todos les filam, opte-e dirctamente & etme Todos eles, se sio ‘bemscedidos 20 dizerem mutase grandes coiss (orth eens pol i mage pinata, 9) 0 fazer smn aber do ‘que dizem (mod ides hi lgous). No sabem o que aber. B 0 cato, também, dos politicos. Porque seu saber 6 uma epee (oul epiénen, 986) no podem teansmiti-lo 405 outtos, Nao sendo adquitido através de uma episténe (md spittin, 98b), © que rest (16 ip) &s8-o através de uma bos opiniio (vdssa). Mas, assim agindo, eles nio diferem ern nada (oudén dipherbutae, 98) dos que cantam oriculos (i klivermoidf dos que dela por inspiraco dvina (hot thong) Eles fla, por um lado, muita vezes a verdade out’ goin mn oleh pl, 98), mas sem nada saber o que dizem (Gas dé oudin hn igor), Se merecem o ti tuo de divinos (thejus,99e),nio si, por outro Indo, dotados de nenhum senso (not me lions). IS0 no os impede, & verdade, de ter sucesso (korthtsin, 99) nas mas e gran- Ges coisas que fazem e dizem Como 0 préprio fon, em soa atividade de interpetar Homero:ninguém soube dizer deste ‘anos pensamentos bes. fon & 0 melhor 1psodo da Grécia (ibn Helléno drs shapsids, 541), “Esa tivdade que exerce o rapsodo, interpretaco dos textos dos portato aproxims,sobremaneita, dos sofists. Nio por acaso que também 20s rapsodos se atibuia o termo sophia. Protigoras, no didlogo de Platio que leva © nome Punto ios re do sofia, afirma:“Creio eu, 6 Sécrtes, que a parte mais ‘importante da formacio de um homem é ser terrivel no que concerne 4 poesia" (Hegoimai, 8 Sits, gd and pleas ndgson rs ent pe ep deine eb [338 ( termo pasa que te refer Protigors tem, por exten- So, além do sentido de palavae filo sentidos de discurso, palavras de um canto recitao, pala dads, promessa,con- setho, parecer, maneita de dizer, provétbio,sentenca, palavea de um deus, orievlo, noticia, Em sentido particular dpe a poesia épica, Por sua vez, deni, terto que ag s eradusis por"terrve”,insere-e no campo semintico de dines, que, alm de signifcar aspecto e a caracterstica espantosos © exttaordinirios de algo, significa, também, em sentido part cular, a habilidade eo talento de orador. INa fala de Protigoras todos eses elementos salientam ‘que,para os gregos,aexperiéncia da linguagem &0 que hé de mas extraondinirio e que essa mestoa experigncia se di sajna possi, sea na proci, sea na politica, sea na rebrca, set ma sofistica. Eo que se vé também no Gils, em que Séerates associa todas as formas de poesia ~ sej2 0 canto acompanhado de ciara (he kitharoidiké, 3023), poesia dos ditiambos (he ‘Gn dthyimbon poles) ou a wagédia (he stages poses), sofiticae & retdrica. Mas Sécrates assume, no Proigoas,uma postr contriria do sofit:“deixemor de lado e nto nos ‘ocupemos com cantos e poemas” (pei min aismdion 1 kh ‘pin eésomon [347b-c). Para SBcrats, a conversa acerca de poesia (per poisasdiléestha,347¢) & muito semelhante aos banguetes daqueles homens comuns que fequentam 3 gor (ols sympostois tos tin phason kal agora anthdpon),? reunides, descritas com desprezo semelhante por Isscrats, dliscipulo de Séerates, em que sofistas conversavam sobre Homero ¢ Hestoda (Pavathinaigue, 236-2), [antago oadr plc cane homem pros cued | A pesiqdo de Sécrates, como personagem de Plato, a primers sstentr eal excsio da poesia eda softica do imm- bito da filsofin. Bie ato & de ixo,0 ato que define a pebpria consituigio da flosofia.A flosofia se funda e se constitu; por esa excluso, Desde entio,caracterizar um pensamento Filossfico como "postico” passa a ser Go ofensivo quanto consideri-o “soistco”. As duas coisas, parece, caminharam muito prosimas,a tl ponto que,"sinda hoje ilosofia oficial censura autores poéicos demas, como Heideguere Nietche, nas pripriasfaculdades de florofi, exatamente como Aris téeees censurou, com muito mais talento, Gorgias, vinte © tantos séculos ats” (Pass, 1989, p. 8). Ji Teofeast, dicipulo ce sucesor de Aristteles,"de modo crtico, faz nota, contra Anaximanairo, que ele poetitoéas hosts onémasin an gon, {que ele diz aguilo que ele dscute com noes mas poetico (Hetoeccer, 20023, p. 382). que Teofaseo aga critica & a indstng3o,dominando a aurora do pensamento grego, entre pia e poesia, verifcivel no poema de Parménides,nos Fag mentos de Hericlito on na sentenga do préprio Anaximandro Sobre tal indisingo, Heidegger, no sSculo XX, encon= ‘eat, antes, 0 fito positive da precedéncia do pensamento, como poem original”, toda poesia ou poétca da arte ma cera da lingua. Segundo o filésofe, todo poema,em sentido Jargo ou restito, em sea fundo, pensamento (HIDEGCER, 20112, p. 380). Retomando essa tndiio, Heidezeer & 0 pri ‘neto grande pensador ocidental a reiniciar um clogo ste= nico com a poesia, mesmo que precedido ness tari pelos romintcos alemaes¢, ar, por Nietasche.Ao entregar-se 20 desaifo de fundar um acordo entre 2 esséncia intima dessas dua experiéncias da linguagem, losofia ea poesia, figsof alemio retoma, 2 seu modo, uma antiga pritica rapsédica & sofisticaa nterpretagio de textos posticos. Rs fou: até hoje, io foi ainda suficientemente su- blinhado o fto de que os sofsas concederam uma posigio Puko iow ” ‘central em sua prities & interpretagio de textos poéticos (Most, 1986,p.237) Reconhece-se, apenas, que, "com efito, ‘sofas tomavarm mut wezes como be de set ensinamento ‘© comentirio dos poets” (CanTo, 1989, p38). Mas no € Jo. A hermenéutia exercda por ees teria findado todo 0 desenvolvimento futuro d cultura greg (Most, 1986, p34). Dirse-in tm pouco mais ela & 0 apoge de uma experiéncia cultural que vinha se formando muito ates Protigoris, no dilogo de Platio que leva seu nome, confirma til process ao airmar que a ate soitica & muito antiga (eg) dé sophitben tdkhnen pm man einai palin, 316¢)-Cita, dente os homens antigos que a praticavam (tis ‘& metaliidzoménous aut tin palainandeén, 3168), come poets (os min poiesn), Homero, Hesiodo © Siménides,e, ‘como iniciados not mistérios e cantores de oriculos (ae dé au eles chat Rhresmoidi), 0s Gficos (Orphé)e os devotos dda Mus (Mousafn).*E mesmo a mitologia i aponta para es Tigagio essencal entre sofistica © hermenéutica: Hermes, 0 deus protetor das dscursos eds adres, segundo a tradicio patritica,éo“primeiro sofa” (Fuomsscv, 1982, p.14).Como fale “reales o rel, soreando os acontecimentos pelo ince 4e dados, ow uilizando a balanga do kas, sto &, agindo no ‘momento oportuno” (Pats, 1989, p41). Heidegger, 20 colocar como epiteto de sua fenome~ nologia o adjetivo “hermengutico”, o fiz derivar do verbo rego hemeneiein, associando-o, gualmente, 3 figura do deus Hermes ¢ tomando como referencia sltima o lon de Patio “Hermes & 0 mensageto dos deuses. Tie a mensagem do destino; hemenain 63 exposicio que di noticia, medida que consegue escutr uma mensagem” (Hmpsccee, 2004b, p96). Bucando-e na definigio de Patio, no ow (3c), do raprodo como aquele que tar 20 conhecimento a palaea do poeta "rego cis ind mente de mica come sofa 8 snaesren (definigo tomada, por Heidegger, postvamente, fésof alema lena gu asia primein de hermenéica no 6 “interpretar", mas “uazer mensagem ¢ levar noi (Huspeccer, 2004b, p. 97). Heidegger sera, le mesmo, um “tapsodo contemporineo” de poetas como Halden, Rilke, ‘Tea Talver iso explique um pouco a figura, recorrente erm sua obrado cantor. do poeta que canta:“O dizer mas dizente dos que aricam mais € © canto (der Gesang)”; "Os que a= riscam mai 0 0 poets, mas poets co canto vita @ newso xcmponhaments debe” Se Homero diz esas paivras com correc ou no, qual das dus tcnicas deve adequadamence diagnostiar:a técnica médica ou a rapsédiea? fon. A médica. ‘Séerates. Mase quando Homero diz Aft w Sus feito chums de zal embutid mun corno de ol bavi eal aos peiescariceas™ sas paiva, afirmaremos que cabe mais técnica de pescar do que a rapdicaavalae,o que quer que cle dia, se cle diz bem ou no? fon, Mas &evidente, Sdcates, que € a técnica de pescat Séerates. Ent, agora, examina se, extando tu a per~ ne me perguntses"Sécrates, i quesentivencontate ¢ fen Homero coiss que a cada una desas téenicas convém julia, vamos, descobre para mim também quis sio aquels, tanto acerea do adivinho camo da adivinhagio, que con ‘vem a ele, o adivinho, sr capar de diagnostiar se esti bem feito” ov nio; examina quio ficl e vedadeiramente eu a ti responders. Pois em muitos lugares, também na Odea, cle fala dso, como, por exemplo, as coiss que 0 adivinho ‘Teoclimeno, descendente de Melampo diz aos petendents: ‘De que doowe, inflzes agora sfis? Enwlvides por nite era vos jo acaba, os rss ¢ 0 jl; los emis reson, dos tras Ugrinas come; 53% Bishww re wAdow mpblapon, when 8 na aid Iepivan tpi Sd Cpr don B 1% ebpaod efawdhare, nan} 8 ebpan dxdt rodeo 2 ra Td, ava te rexqnayle Ayer Pip a doraibo— Sans hp ofue ixfAde reproduers pepaiew, les Spenirys, bx” dpurvepa habe pyar, © outer Bpdsavra dépuv dnixeove xOdupon, Solo, FP deelporra aa ob Nero xd ope yp abi Exorra ward orfdos opt Depo Tevwteis dxlow, 6 8 amd Bev xe xawice Aayfoas der, wéow 3 et ciPBaN dy: 4 ainds 8 eddyfas aéveo mie dnduow, raira rjew rat 18 roaire rp pres npoofeew wal oxo: ‘ra 1a give ION. "ARGH ye ob Adyon, & Bagpares 30. Kal oye, law, 2d rare Ney, 183) eak 2 thot, dorep BS ool dob nal 4 Obvovelan tak Hf "Dadtos bmoia ro pdoreds dove wa dnoha rd Tarp tal © inca vod Bhudasy ofr sal od tel edefon, 2c} cab uregdrgon a nat 15x "Oyspn, beta 208 jet deri, "ton, na ris réxent ris jnveducts,& rp fab xp ‘it al oxoweirdar coh Duarpocw’ nopdrods “fad drdpsinous. ION. "By wiv gms, & depres, beaora, 30. Ob ov ye fs "Tow, Arua: § otros Piru sales ox 40 pln. Bndfopona Coes fapgddv dtp 50s TON. TE22 2) dear Bloque; DPT MOsen. t,o teeW Fda 05 0 sdeiek'F eed Bintan ban We: SreSba'T Gat Ahern paca Sele eatin ace eres (sed spre ra)! nara Fs tee TP da ge TR om W OT ep Baler Tey TWP SeameTWE: SAF ange desl dos ws eos, es aa ae, defn pot che, to prio st, ep tin pao Ea. O saps ‘i noc cdo ont sti gre” Eemnnitos hagas tb na lds, como, por ex plo,na Miomapi pois tomb cle di € gee tsps time nel, slender oxi nea gas penia mons, ribs doa ono, do geen demo, warandose, fre ave greats een do, «dui lp ter, om is 3, 0 a guns afar do vetas* 4 [Exes coisas, afirmatl, ¢ a6 semelhantes, convém 20 adivinho tanto investigar quanto july. fon, Et estas dizend a verdade, Scrat. SGerates.E tu tmbém, fon, cu dizesa verdade ao dizer ests coisas. Mas, varios, © agora ta, para mim, assim como cepa t,selecionei, tanto da Ode quanto da Mada gis coisi pertencem a0 adivinho, uais 30 médico ¢ quais 20 peseidor, do mesmo modo, esolhe ts, pars mim, ji que & mais experiente do que eu nos versos de Homero,quas 0 as coisas que pertencem a0 apsodo, fone técnica apsédica, ques que convém mais 20 rapsodo, em comparagio com ‘0s outros homens, ent invesigar quanco jugar. fon. Mas eu afirmo, Socrates, que so toss Séerates. Mas no afirmas fon, que si rodassou & assim tio eaquecido?! De qualquer modo, nio seria conve- niente a um homem que & um rapsodo ser esquecido, fon. Mas 0 que eu estou esquecendo? unto ow s 540s 20. 08 piuoneas Bre Kbnoba viv japedaiy réyryy aipay cows rp Horoxhss—IDN. Mépomaic 20. Ode ci ga trdpen boar tropa yodrcof0s Suohtes:—-1ON. Nei—20."Obe Spa ndsra ye yosveras fy jatydea) nerd tiv abv yor oidt & jayydds—ION. The ye fous ra iaire, & Bapares 20. 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Te yas Bo fyuye ola pany npbve eine, 30. “Iowe yap ef aah orparnyenir "lan. al yp ed rdyxoves ters du da eal eiaguorad, yous By tens = eal ands trxagoudrous d40' eb adam “Trp {iy vhgep, Blan, yodones rein o Exnalondvos tasoes on Pgatw “Geis en EW et StF ede Sécrates. Nio exis lembrado de que afrmavas que a teenie rapes € diferente da do condator de cro fon. Exoulembrado S6crates. Mas ena, conconlaas mbm «que, sendo frente, conheced! eos diferent? fon. Sim. Séceatee,Portano,sogundo 3 ta afrmagto,a téeniea ap Silica no conhecers toda 8 cobas,nem © rapsodo, fon. Excet, ales es cobs, Socrates Sécrates.E portico” queres der algo préximo de “eet at dis utes Cénieas™ Mas, eto, quai ois conhecers que nio toda? fon. Aquls que comm, rio cau homer der ¢ qs convm ma mther,e qa um esrvo e qs ur Homer vee us am comand eqns in comandante Séerates. Prtanco tu ques dizer que o apd sbers melhor quo pita quai ois conv au commandant tad ce num navio aba por uma tempest 20 ‘Nios rdw, opilto saber melhor Séeates. Mas o iproda bers rmelior que © médico qusis cigs, 2 «quem eto comando de um doente,convémn dir? fon. Nem so, Sberate, Mas, gucrs dizer como aque comm ‘hm exavo? fon Si. Sderates. Ds mesa forma, utes dizer que orpsodo aber melhor do que o aguciro agucs oie qu convém dizer am exravo, ue &waguei para ‘Scalar ors, quando les estverem ieritadox? fon. E avo {que io. SSeratas. Mas uss as coiss queso convenintes ddegr a uma mulher, que € Gander, accra do wabaho da 12 fon, Nio.SGerates. Mas quasi que conver dizer & uum bomen, que € general,ao exorar os sldados, 0 apsodo ‘aber? fon, Sin, es cos 0 rpsodo saber Sécrates. Como ain? A técnica rpsidia€ mie? fon. Eu sberia, 0 menos, certamente, qua coisas convém a un general dizer. ___Sécrates. Prowavelmence porque és também rita, fon, Fete acontecese pois ser a0 emo tempo hipico e caritico,taconheceis caves queso bem e alexa loss ese cute pergutase:"mas através de qual is dns teenie, fo, eonheces os eavalos bem exalts? Aquela anes da gual & tn cave ou aque ses da ual & Punto on s laren & 4 atari: 148 yt egies —108, avira fy fo SB. Oba alr ome Gort trate, buhts ff dap ee yey fk ty, nt SIOR, Naa "Eoelh 0 ere Jordon, siege f pe puis df yepdonas i} f pavydis dyalés;—IQN. Obtiv Tye tad tir 20, Tay; lr Nye Bogie pl Me sb clas ri paxpgbuciy nal ry orparnyiciy # 860;—TON. Mia ioe dn 30“ i its orn at tl dptie ovary soins fy I0N. Marrs 58 ‘garr-2" Oho dors als perp rye Sy atin val japedin fer —IQN. ie WP hor Tout Tron TAM Dee gy dot ot, Brel babii, xl expen Syn dy ION Tn er 20." Oba of a0 ago Sorn jab dN, Tad yr 8 Sanguren—20. al orn on os "Bhai der GjIQN. Et de SSapre sl raid de 1or Onin gat 2010 Op oor ape ae fc, 3" pre Suves bo tar “EAbjcn wl erperne od Sapyon foygece nov moun tou “Eunos orperns lr 4 Bed fav Nn ot yeh ring orepoten uth yo do os Bes pany ois TON. gi jp erp 8 Sonor nous per Si tnd et opener tal ins opr Spent 9 Nonbagontan oe to we er efarie thr yp tee la doe 3A. "0 Alber he, Auer ed yous ro ete Sa drale Et ewe TY en Tr: om W eR etter NE 3 Peet So bento ‘um citria?" © que me responderias? fon. Aquela através da qual sou cavaleiro, eu responderia, Sberates. Mas, enti, se ws também diagnosticases os que tocam ben a eftara, tt conconariae ue t dingnostica por aquela técnica através db qual tu & ciara, mas ndo através daguela pela qual tt cavaleio. fon. Sim. Sderates. Ej que conheces 5 coisas ritares, conheces através técnica pela gual & general cou através daguels pela qual és bor rpsodo? fon. No me parece haver deren alguna Séerates. Como! Afirmas nio have dferengaalgu= snail Afra sr wna Gnica técnica, rapa rl ou duas? fon. A mim, ao menos parece ser ura nica. crates. Portanto, quem quer que sia bom rapsodo acontece também ser bom genera? fon. Defntivamente, Sécrates. Sécrates, Mas, eno, também quem quer que acontega set thom general € também bom rapsodo fon. Jé so no me parece. erates. Mas, por outeo lado te parece que quem ‘er que sea bom rapsodo também seri bom general. fon. Ineeramente. Séerates. Mas, entio, tu, dente os helenos, & ‘© maior raptodo? fon. E de longe, Socrates Sécrates. Se ue, dene 0s helenos fon, & também o melhor gener fon. Ficaabendo bem, Sécratese tendo aprendido também css cos dos vers de Homero Séerates. Mas por que entio, pelos deuss, sendo 0 melhor des helenos er amass coisas, tanto general quanto rapsodo, esis em toda parte rectando poems épicos para cos helenos,mas no atuas como genera? Ou te parece have, part os helen, muita necesidade de um rapsodo coroado com uma coroa de outro, mas de um general, nenhuma? fon. que nos cidade, Séerates,égovernada¢ coma dad por um voso general e nfo precisa de nenhumn general, mas voss a dos lcedemnios nfo me escolheriam como eneral pois ces creem ser suficientes quanto a 580. Sécrates. Meu excelente lon,nio conheces Apolodoro de Citic Punto os ” sia ION, Teen rotrors 2. "Op ‘APppaios wAAdar tavrdy erparmiv fonra: 4 flown dora: nai bavooBtin rv“ Ardpuor ead HpardelBqe roy Kratoudroe, obs Fe més Evo doras, ésdegonévove irs dios Ndyou clot nak els rparnytas al els v3e Bias doxds dyer “lava 8 Spa rin “Egdowoy oly. alphoer rrparnyby wa rusjoet, 2hy doef Afios Aéyov va 2 ie" ABavaioeudo dare "Epler 79 dpxaon, nad} Ecos ides ’Adrra wddews; AAR yap 6, Blan, de dh Ayes ds réen al vor ois ve “Ounpar éxowed, abut, dors tuok taooxdneor Ss TOAAR wal ahd ph ‘Opsipov tricraoas ral gona mel, onards pe nek adhe’ tis emibeife, 6s ye of88 dra der ratra aeph Ge beads i8ides eeds, nédes duod deropoivner, Dike Aro Sirnep 6 Hpureis nasrolanis yin orpeddueroe ow nal sire, fox rehery agus pe orgarnybs debs: Stan ons ta yi didelkys bs Bewds et rhv nel Oppow copia, jay oko royuuds bs, Exep ved Cheer, mop Opps taorxdncros drtetfew Uarargs we Adios ef ed Be ph rexvisis BANE dele joo wareyduevos 26 Owipo wndiy ids AAR a add Aéyets ep 08 mere, Gomep fy ron eh ooiy olbty adunis, tho’ abv mérepa Bothe vouitotas id juin Sbu08 dvip coos} eos. 1b TDN. Tadd dabépe, & Bdnparer OAD yap adAAvv 73 civ vopitert |, 20h Toire rol 13 cédnan trdpxer 20 ap" jin, 3 Tor, Oxan eve na py rexouciy wept “Oss Paint e449 arcs 8 a ys Tee Setane | TW EE soap Phe wr a fede] 8 raise fon. Qual, ese? Sécrates. Aquele que os atenienses, muitas wezes,es- colheram como seu general, mesmo sendo ele estangeiro; também Fandstenes de Andros e Hercules de Clazmemas, ‘os quais nos cidade, mesmo sendo eles estangeios, quando cles demonstraram ser dignor de mengio, o condn tanto 10 comando militar quanto aos outros comandos; masa fon, portanto,nio escolhers como general e honrarise ele parecer ser digno de mengio? Como assim? E vs, 0s efésios,ndo sois originalmenteatenienses,« Ffesos inferior a alguma cidade? ‘Mis, entio tu, fon, se dizes a verdade quando afirmas que capae de lowvar Homero em virude de una técnica e de ‘uma eineia tw 6 injusto tu, qu, garantindo, para mim, que ‘conheces tanta ebeas coisas acerea de Flomero e afiemando ‘que dazis uma exibiglo para mim, eu me enganas comple- ‘amente ¢ ests longe de dar-me ura exibigio;eu, que nem _qucres dizer quai sioesss coisas acerca das quas 6 tervivel, ‘embora eu este te suplicando hi muito tempo. Mast, simmplesmente, como Protey, te transforms em todo tipo de Formas, gino para cima e para baixo, até que, terminando por escapar-me, surges como um general, para que nfo me ivel na sabedoria acerca de Homero.E se, centio, ta € técnico, como ew acabei de dizer, garantindo se ‘exibiracerea de Homero, tu me enganas completamente, ¢ Grinjustoze se nfo és enico, mas, por uma concessio divina, ppossido por Homero, nada abendo, co falas muita ¢ bels coir acerca do poeta, como eu afirmei acerca det, nfo & nada injuto, Escolhe ento se prefees ser considerado um Ihomem injusto ou divino. fon. Um coisa difere mito da outa, Sécrates.Poisé muito mais belo o ser considerdo divino Séerates. Ist, entio, a coisa mais bela, do por nés, fon: ser divino, e ndo um louvador técnico de Homero. cexibas como & te soncedi- ato iow * sta Notas "No igi est Norco vb amor" aaa" Spano pls enact mai anal “ore” Mi por seedai er em mene et de i emo blo ajo" © _mesmo wb os, qc Sts iin prs decree cara com ! esiments do p10 lon ties pas descr ey wae aot ‘ean de Homer fone isn aanja-de Home. = No ers smd, Cnt ni Teel euro tro te dens Ew em ge spent um delizmentoeminsco smbigupatnds Jose rive deere ‘el opmten dedoandr peg es pasando or “cpm, extort cpm a mnnosmensdo, txmonfnranente hibi™-A ts for serv” dere ir emt ‘onto ds pontoy exci do deizentoreminico da pls {J ima mesma expenie Paso monte de uma vere "Fini dro No Pets po exon os psig ier a pen quando Sere rndosethedons dim, a Poco em dfn rire mod como tomaos an $x come ext presaeneo trv dea oo dar 4 Progra: om sea go ein ei. Pico meer cada et guna dopa vo gg ost, agoge Protas omen sbi eee! dn) cle pergna tf to me emegen dear chaanda coat bom Sets a ou ered), incl & ma sg, Se). Liga o temo gran be que pos wna exes semitn ‘pt in pte ose Sapte Nese ra gordi pr em cones. ‘mpd congo pbc onkapears o "pro", Fon de uma contaposil, em sentido geal ies pode Siputce"homum de conse mode simples ceadSo""peboo™ ‘tor mbin “homens sem eden" ignore hoen con "rig Con more per oes mene 2 mtn qu goa odo eee fo 9 conbecinemt de nt Profile" (sda por "pero", optet na caso por endure le por‘leg", sn longo do doa, odes ox cto setdor ‘ewer ser edo em conden pow Sorte define seg oo ie adi trl seria “postu a pos & bi qu Pato ingen- ‘alert og com aided de éno di pais, prodornds {pues cono in objro deo Ineo a0 pote Maa Tonge tet odilog,o eo possum um sno ma pl uc pow” no etd aria defer veron por Di eine steps os sends deere oc er prado ‘ion enconrar am por: ena paws qu coresponds sta Simbios semiotic viel "poesr» pes nb pls aber, “lrexpresio em ports De qelguer mod ce endo Sever et Jew em comideraio no jo do digs. *Licalment. "poeta", pi "Peers to de tsp" means cn ver de ‘eo enon sa fase un opgo mis rina etiologies do Sigal ms ¢ poco lnbrar gucci no et Sd elwe no seri oritic do ert de alg no oto {sar A pales js deve ser enna o sev dag soe ‘az devin, edo bom pine dag qe aut co" em hoje ete in * Leraente “poeta” i "No origina, atbin simplemente” que jogs bviameate, com nr nies" Der ds scons da dls pada & “anced exanment como aguee que € 0 ose Ope dead de pnt qu tem sind osetido de abundan= te Opti ore dstebarci pt ners no orgs cr ‘go que tad por fea embrgada™ De sod moro m0 ‘vec menor donors hnpasc” Pode a i oot ‘860 apt por" on ipa” pba & gue io encoaia ‘eprno Grepondens nego ones de perk "A opso pores pore no como” dee tote deque no exo de Pata xd expe socio, “enema pls qu, em Soe expe cone poe dametament ao setde do temo "are" Are ac hot itd hee to So ump estes comes eo Pie, nas gus stn Tn porte nes ah (rigs eles gros do tater "a uso ou a " Pasa de dl tai, em Fong dy sits srpreendente 20 ‘rg pot i go i hen eras "pok una pots, et Sponh, esl 0 tod No origin lt CE not 4 "No origin ii, elev a ite CE nes " CE nor 12. Mes Sots srpeeendent: pl coe Ib nimene posts ma nc meno a" "No origi, pt Cnt 10. No origin xo. CE not 10. Nott gue Serer etn, aie [i rors pir ri fon ane irs go hues web com Montero com os tos poets No original, rile, um dagcles eos em ue © web pi no odes rand po poeat”enbors xen ete por Pat, eo punlelo eat por Soca, que ato o pct ar ten, ‘estoeo mica deve er enter deo de campo spe “hao que 2a ds cbse, ek not. > No orignal it. Tei eproduicem porns com"pende”"dpende™ e" sspen~ ‘ro jag mpage ene ote fet aot Sx emo tems etal que Ps slo coma snd depts No ong bof me. Litcenet, "es feds de melodia. ‘Tndicnaicin not € como degen or poses lene Dyes dca oda fo de que io compan pera ers ravmbém meld © No origina dpe es rm contaposicio dt qb price Togo segue O muir iporane te pee 9 ago ete a repo Sighs one chaque ea ont do jog dente Na page, deve ser desnendo ines jog potico que Pato one orto lt (poe eos} ale Ceo), intron (emt corvent) emi (abt) * Tar spores" etd as eas wacom como" nso" fu"entederto™ Nose ttn de pedro, de ere Steno des A para eo" tem ange depen mea ‘amino en setae entender, * No crignal pi * No cig. epi No rig seine CE not. No origin ein Apt eter optado pla id adios Acme como” ner” te rece ver ema pagers ‘segues tad denn oredr me preeerehoe A ia ds imrpee ede interpreta qe emote no con ato ‘ono ue fone Senter prscem chara de ene homeo, [Nic damsel fer ar slg dew campo pas ou 0 que {trope cont rc, Aan do posto pa So ‘eos prs nests So rapa lo & psa do poet ps ns. No orginal i de No orga pon No origin tem © Pasar em sue se pete 0 jogo ene of eon enon {exon 98 ene seecenem os termos ale © ‘decmaninn ve pte anit como" spends Seen” No origin thn bens que adr por" posi” e" ‘omadat so fs de um verbo de mesmo Ene ge pee ea tbo seco. ° No orginal ° Na XXII, 335-340, Tndglo de Harada & Camps. Baa XI59-640-Tndcio de Haralde de Capos adie). Na ‘ental cagio de Soca mista of verso 0 eros 69 € "at olive Xda Mada soma ve SSerses reese spn “mas 08 rence” qe Homero ds, ° dy XI, 80-82 Taio de Haale de Camps. No orgies * Olt XX, 351-887-Tadho de Carlos Alberto Nuns © mas X1,210-207-Trdaco de Harold de Capos. “No original, pie do verbo mp tenet, "aso Punto ou e Posfécio Plato, Goethe e 0 fon Alto Pacew Desconfio que, no fn, de Patio ~ dilogo que, muitas eee fi tid por aperifo,comumente vito como um escrito de venue e,portnto, menor repleto de interpolgdes, ee, |é-se,na maria dos casos a pia lida por Goethe, a partir, dh qual desde 1826, data da publiacio de seu texto, escrito ce 1797, sobre o respectio diflogo, se fazem as leturas da rmoxlernidade até a maioria das de nossos das. Lé-se,portanto, f simlcro do dillogo platénico. Com rarisimas excegdes Gobretudo o excelente El tea flesfco yl raps; ora Jnerpretain de fon plan, de Jorge Mario Mejia Tor) ainda fo se conseguia superar completamente ess tes poucas © escass piginas, nfo se afundow em uma nova ilegibilidade necesiia que tragase a possibilidade vireuosa de uma outra interpretagdo. Quando um poeta ~e,em todos os sents, tam pensador ~ do porte de Goethe (1994, p. 201) afirma ‘que 0 dillogo, que se quer sobre 0 poética ¢ fora escrito por tm filsofo,nio tem “absolutamente nada aver com poesia”, pode-se solidificar, enrijecendo-a, uma caricatur: 4a filosofa contra a poesia, em busca de sua hegemonia, E,em contrapartia Vingativa,a da poesia contra a filosofa. INio se podem esquecer,entretanto,3sctcunstincias © modivapSes que levaram 0 poets alemio 3 escever 0 ensio “Platio como uma feta para a revelagio cris”. Em 1795, © poeta ejurista Friedrich Stolberg, um outrora conhecide dle Goethe que, poseriormente, se converteu 20 crstanis- ‘mo, publicou uma sele¢3o dos dilogos platinicoe com wm prefcio fetadamentereligioso.Ainds que trio em eigio 8 cetgio dos dilogos,o texto de Goethe (1994, p.200) em um cariter interventive, combasivo, agonistic, polémica, conta a tentatva de se fazer de Plaio um pensidor ristio:"Mesmo Plaio fora antes louvado por ter sido vinculado & revelagio rst, € nese papel que ele ns éapresentado na respectira ‘tadug20”, Contra uma vaga edifcago, inconsistent em todos ‘os nies, Goethe lama por uma apresentago"lara critica ds circunstinciase motivagdes da eseri” placa, que nos varia a pensar Patio no como ele parece ter sido aos caprichos de ‘quer quer que sea, cbrigando-nos a uma leita equivocad © redurora,mas para que possamesavalé-lo como ele realmente ‘oi: grego. Ler ‘grego" onde se ia"crstio"no que concerne 2 Phatio, is a exigincia, de findo goethiana..Ainda que este " grego”tenha dese, cada instante, einventado, Se. breve eno é um ibe conta a eritianizagio caviata de Plato, Goethe (1994, . 200), bv sma neamentes colo em guerm conta acanonzaio do fn, pretends por Solberg Como pa or xem nse edo como obra conn gun ee psueno dls pens som Bor Ponce por eo fnmeneod apngo di! Inet tas como evo out Iagne Sct on pea nde boicaemee ara desfizee a mistiicadora letur crit, apenas a partir esse sola, deste projeto,o poeta ironiza a propria irons supos- tamente setitcs, zomba da propria zombaria supostamente platnica, Assumindo as méscaras da ironia socritica © do humor platnico, Goethe teiniula 0 diflogo,chamando-o de fon, o pode humid, e, fstando Pltio da santidade atribaida a ele por Stolberg leva-o a dialogar ionicamente ‘om a comédlia,como mais uma dis dssolugies de frontiras habits do filésofogrego.asiociando-o a Aristfanes ao dizet aque, se esa terra platen € santa até o teatro de Aristfanes solo sagrada! Em nome de Platio ¢ do resguardo de uma poténciaafirmativa, grega, de seu pensamento, uma possvel Santidade platnica se torna degtims, inceiramente jocos, borlesca, Numa galeria de espelhos abisais,enaltecendo 0 ritual flico onde antes era louvado o cristanismo com sta eruzso poeta-ensistaalemio reaiza o mesmo procedimento ‘que cle vé Séerateseferuar no respective didlogo. Poderia aprazer a Goethe a idea de Trasilos de Ale- sandra {morto em 36 d.C),asteblogo de Tibério, que dew a cada um dos dislogos platénicos um ctu, trado do nome de um dos interlocuores da obra, ew subtiulo,extaido do asunto abordado, até hoje babitaalment utilizados, como se originalmente de Platt: “Tasos di que Ptiopublicow seus logos em telat 4 semeliangs dor poets egos, que pariipram com gar peas da competgdesdramiies~ Dion, 25 pains 2s Pantene fetal dos Quo. tv qua pess ea un dean sain «a gut janes thamavanvse wi telogia (DIGCENES Laénct. Vides ia de esas, 86) © on como o sikimo arranjo de uma das teralogias avez Goethe platénicas, come tm drama sairico filoséfico? Patho io o gostase des idea, que, se hoje nfo Fiz mito sentido, nos ‘mostra mais uma vez exphcitamente, om dos fortes vineulos ‘com os quai a antiguidade juneva Plato ¢ a poesia, Plato 0 drama, Pldo como um deamaturgo do pensaniento ou ‘mesmo tm poeta flosfico Com seu habitual humor, também Nietzsche (2002, 36) encontra uma maneira de vincular Plato comédia [eda me er ele mai sobre arte mates ‘singin de Patio do que ese ptf Ipespeno fo, ‘izmente contenido qi 0b otravetio do ea kit de torte ni se encontou nen “Bibs nad spo, Pitgrco, plano ~ nas sim Arne. ‘Talvez Goethe gostase, gualmente, des anedots Sob o signo da chacota ou da galhof, por eas de seus parcos conhecimentos des poets ¢, finalment, por ter sido conven de ser apenas o recipient da inspiragio divina, © rio o agente de um artifcio, de uma tne, fn, 0 farnexo rapvodo laueado, mas ou menos camo o Penten das Baas, €travestdo em um rpsodo aturido, atordoade, confimdido, cenvergonhado, zonzo, rato por te sido feito de tol, una pessoa extremamente limitada,com toda sua faquera expos, favorecid,tlvez, por uma aparéncia araente, uma bos vor & um coragio recepivo an talento natural, meramente perfor- _iic, recebido através de uma pritca possvelente familie, ‘um mapsodo que nunca pensou sua arte nem a arte em ger, {que conseguia, quando muito, em vez de explicar 0 poets, pens paraffase-los, um rapsod fins, que no aha o menor bwitho de conhecimento poético. No talentoso, as too, fon, {er-secia a antecipagso merecida de um poeta enilad, [Na mesma época em que Goethe esrevee publica eu test, as palivias de Schleiermacher acenam um caminho similae a0 indicado aneriormente, dando a entender que Plato teria feito Sécrates dalogar com o rapsodo por uma faciltaglo ~ como se 0 pocta-lésofo precise de el ari= fico! ~ tomada para atacar, de fit os poets, que seriam © verdadero nicleo do dilogo sobre os rapsodos gregos de uma ‘maneira ger, que obviamente inclu fon de Etes. Ele diz [rupees consiam uma case base soborinada dears een rine pare, ieionando-categoriat inferior: do ove. ao poze de infuéncinSgnfcaton sobre ocotune a cago donne de nie ipe= ior Por io, Plo oe mou como objeto de ws ateno fe Fintidade de ia ona Scmareswscny 2008.20, ‘Se essa pasiagem reverbera a pergunta que Xenofonte, etn seu Banquet leva Antstenes a fazer ("Voce conlece al= sgoma raga mais tola do que a dos rapsodos?” [II 6]),ela se fasta completamente do que & manifesto no diilogo plat nico, que indica uma posigio completamente outa! Nio & apenas 0 personagem que, na vada do século XVIII para 0 XiX.merece a desconfiangsaparentemente coletvaninguém menos que o prpri Schleieemacher mais do que insinua gue ‘Jae cacao so Fras pales que bem oio de Kieke- {pond (991, p. 27) sabre roi oes" Paer agora em vst i onerpye de Sater pout pr ses contrporinse rat Prinimoe Nese cg emor que ao frets norm ee, ioe Aruiines& quando Baur i gos ao ido de Miso © Xeno- fate quem erece ma atneo.cu ao pose compara toate floseu modo de er Xenfone se rend joamente 3 nedtes de ‘Shore por on certanents em ton seta compecne al {incon com le Pl e Aritiner sam ain ar thro extern, chopndo sang ams concep data ified ‘ge € income com or mukiplo scotecmento de Punto ° «mesmo dogo ¢spécrif Em 1805,publicanda sn tradagio do fo, na insoduo srt paca oeasio cle ama aasbi- sida deve“ pequeno dilogo com muitor agosto spits {sem contedo filosfco prio Scaatsnecen, 2004, 205-206), obvigindo,tadutorexeger, 3, asim, ter se "gmentoscuddo dem ado a oun e 2 alana ona com incerteea sem peer decsvamente para qualquer ao” (6.204), Sea pind gana outs plazas ara se manifesta: Mais tales etd mani deacon com oe to crater de Patio eseu méendo mai astnen, gp etna reconhec-l [0 dncom center, apenas como ema, rai uma ves go se mani tanto Fagus is qui ns no podemosaredii-locapue nem mesa ‘nun princi poca quanto flr de verosimilhanga be outs pagers, que a fa parecer sinter (Sensaascn, 2008, 208). Algas mpeg ads noes natn de decon- fang, fzendo a balangapenerpano do ds inntencicade 1) depois dem ehogo serial do esr com pasagens foxtementemarcada ot, pelo eo com indicagdes eae ‘sds Patio por i,m dino tera comes o fn. 0 expr. segundo Schcirmacher tno osgencamento kscure do todo quanto a uaidadedexgvl dos detahes2.0 Glog provria eso de Plato. ms implement engnto ccna spercalment,torando difel spor que le © Corgi ada sa in demo, os, Piso poder ter tect ee pequen exerciser comsagrar un zlo partir ead dete; olan dover er un ip de pre- ick ma brs de mportinca em maior. qe mo ceo 2 er execitad ale nares dare poi §) Pao nfo visa nada alén de um desenvolvimento joc «polmico de sigue afirmagBex pects do Fan) wa exc © sm deg foram, pr no dizer ivokntri prepia em fing de um etn exerno guage 70 eben No comego da séeulo XIX,a sorte do fow no era das maiores. Se is desconfiangas de Schleiermacher juntarse una leitura parca, por iso mesmo, equivocada, do texto ‘de Goethe, algumas das detragies do dislogo realzadasain- «da no séclo XX devem-se mais am sintoma carcato dos comentadores ecoando-se entre si do que 3 exploracio de possblidades inauditas do exco plténic, ‘Voltando leita goethiana principio, aparentemente, de pocta catia Patio ~ 0 fil6sof, suposto criador de per~ sonagens etipidos com o intuito de enfazar © verdadeito pensamento rocritico ~ também desmerecido, merecendo © teio da Repablica de Weimar? Parece-me que no, Mais uma ‘vez, ¢ importante lembrar ser Seolberg,¢ io Plato, alvo de Goethe Aqui, de novo jogo de espelhos.o pér-se em abismos, fae-se present: afirmando que, meimo quando pouco percep tivel em todos 0s escritosfiloséficos I um desaio polemico, Goethe, 0 poet, fr de seu pensamento uma polémica contra ‘0 tadutoralemio, tansformando-se, pelo eneampamento de uma polémica da pensamento, em filsofo,um simile de Plato. ‘Un alemo que, num devi grego, pena insflado pela disput Goethe-Phitio, um agenciamento fbricado pea fora da dis- pta-Tentar exh a ntroduio feita por Stolberg. radutor a0s logos plténicor es 0 destio flsético do poeta Goethe. Por is, ou sea, por causa di interpretago cris de Plato, cle minimiza a inspiragio divina, par ee, mistiicadora, em nome dem interpreta ciensifica,pscolgica, ch inspiragao, aque te afiste de "milagres e das operaedes de poderes esta shoe”. Ou sj ande, em Seoberg, em ver de greg, cristo, em Goethe, em ver de grego, Ise moderno. Por iso, por sa brign mio sr com Phitio, 20 dizer que, no fon, Sécrates esti falando apenas ionicamente, no precia investigaragulo que le proprio equer ao fim de sea texts"Certamentese alguém Purttoion n ininguisse para nés © que homens como Platio diseram seriamenteronicamente ou scmi-ronicamente,scs por con Vigo ou por necesiades de argumentacio,nos renderia um service extrordinéro e contibuiriaimensamente para nossa ‘educacio" (Gorm, 1994,p.203), Mais uma vers o pr6prio. Goethe nlo se lanca nessa aventura, & por sua preocupario ser momentinea, polémica, querendo tio somente conter 2 possivel propagacio da interpretagio stolbergiana do dillogo. Cito, de nove:"“Aqui, como em vitios outros lugares, ‘Séertes esti apenas flando ironicamente” (Goer, 1994, p. 200). A inspiacdo vst pela lente da irons? E 0 que Goethe ‘gisele. a presenca da ronia i056 acerca da inspiragio,mss, constantemente em milkphs pasagens de cada um dos dtlogs, pessitindo, inclusive, em ado aguilo que, neles, ape 3 rma ‘iplicidade heterogénica. Ao longo da modernidade, na esteira sgocthiana, al maximizario da ionia se transformou nu compresorque,em nome da uniformnidadesocritico-plitnica, contra icionsiago de Sécrates, conta os outros personagens que também compdem a poesia dramitico-filoséfea, conta sa intrinseca agonistic, contra, enfim, a suleza da flosfia ‘com ass tensbes manifesta ¢ lntentes, em vee de insigar © fecundo pensamento plurvoco, aabou send a jusificativa para. desitengio em relaio a inimenas pasagens~ srs, no rises, fei, dis eonversagées e dos conflitos criados por Plato: contraditoriamene,aionia se opésaporiaem vez de ser seu motor. Em wee dea ironiaajudar a dar visbilidade & camplexidade do texto como um todo, 20 joge filosfico- dramitico de eriagSes de impases, aides posiveis ¢ novas diiculdades,chamando demasiada atengo para siela cabou sendo vista como a tnica dimensio, uniforme, do dilogo, fcultando tudo aquilo que, nee, dela eseapa. No fon, Maria (Cristina Franco Ferraz (1999, p35) por exemplo,afirma hhaver uma “sobrecarga de ironia”, desdobrada por ela em dois niveissexplicitamente, quanto & aricatura do rapsodo,e ‘mplicitamente,em relagio 20 poeta Assim, no dilogo, eado seri rdnico, inclusive os elogiossocrstcosrapsédin Fusaaz, 1999, p.41}zmss,apesar de o didlogo se basicamente valiado or sta suposta“eobrecarga irdnica", curiosamente, em ne~ ‘hum momento explicitado o que se entende por iron. Parece que a ironia € confiundida com wma pura galhoF. Cito, de nov, Goethe (1994, p. 203): “Certament, se alguém dstnguise para nés 0 que homens como Plado dis- seram seriamente,itonicamente ou semi-ironicamente, sea por convicgio om por necenidades de argumentacio, nos renderia sum servigo extraodindtio e contrbuiria imersamente para rosa educacio”-Em vez da permeatilidade da ironia por tudo (undo, jasamente por ss sma especificidade se tora lege, faz-senecessra sm demarcagdo, contribuindo,desa maneita, pra uta melhor compreensio do texto platnico, Como, ‘ntretnt, dsingui-lase nem mesmo se sabe 0 que ea iron, € que éaironia scrtica presente nos ditlogospatnicos? ‘Talveo wa Kiekegaand quem melhor pens ess questo, pois © faz com a habitual radicaliddefséfica Para ee, método sSnico cnsiste em alavancar as pergunes ce eal modo que ses ingore no repouse sobre o futuro de uma respesta conguist2- ds,mas"naexaustio de um conteido parent, desando asim. atris de si um vazio”(Kuusxpaaanp, 1991, p42), Em wee de pata clrificar sabe lguma coi, perguntarparaem nome de tum no saber, ca dsposiio se fiz imulaneamentefateena combacva com o saber? em nome des fiosfia que exala "Viena qc cnendemos et paar com ago que carers ‘lho segundo o propio Sore a loge cu speed vines post ames ¢ pode uarho io n

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