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M BURMAN TE DO CANTOR As frequéncias dos formantes so picos que determinam a forma do es- pectro actistico (quadro espectral) de uma vogal. Porém, no canto, outro fator de energia espectral é encontrado na rea de 2500 a 3200 Hz (ver Figura 4.6), que usualmente esta Pptesente no canto “ressonante”, inde- pendente da vogal.'> Ha uma longa histéria de interesse no formante do cantor (também chamado de “o formante do canto”). Este fendmeno nao éde modo algum uma descoberta recente. Vennard" chamou este fator de ressonancia de o “fator 2800”, e sugeriu que a qualidade reverberante do “2800” resulta de quando os ressonadores est@o em harmonia com os vibradores. Vennard baseou sua suposigao em estudos muito mais antigos de Paget, Delattre e Bartholomew. Ateng4o ao mesmo fendmeno pode ser encontrada em outra fonte antiga (porém nao datada): o tratamento de Pelsky do espectro no canto classifica o formante caracteristico do canto ressonante de acordo com a classificagdo vocal — para vozes masculinas, entre 2500 e 3200 (Pelsky aparentemente no diferenciou entre tenores e baixos); para mezzos e contraltos, ao redor de 3200; e até 4000 para sopranos. O trabalho de Pelsky do final dos anos 1930 antecipa muito do interesse corrente no formante do cantor. Sundberg adicionou significati- vamente A literatura do formante do cantor em uma série de publicagdes detalhando o relacionamento dos formantes na voz cantada: Acusticamente, isto [o formante do cantor] pode ser descrito como um pico no quadro espectral aparecendo em algum lugar na vizinhanga dos 3 kHz. Nesta faixa de frequéncia, entio, as parciais irradiadas da abertura labial séo particularmente fortes. Do ponto de vista articulatério, o formante do cantor pode ser gerado pelo ajustamento | da espessura faringea para que esta seja consideravelmente mais e mais larga do que a Area de entrada do tubo ® Johan Sundberg, op. cit., p. 84-85. “ William Vennard, Singing: The Mechanism and the Technic. 5. ed. New York, Carl Fischer, 1967, p. 128. YR FARINCEA 9 eNTO DA ESPERS eae sera CONSIDERAVELMENTE Mary ee ey 1 oh pe ENTRADS vo Wo LARe a PO SHH GLo 4 A VOZ RESSONANTE LARINGED & lartngeo, Se Isso é felto, os formantes de ndmero trés, quatro @ provavelmente cinco sio aycupados ¢ a babilidade do trato vocal de transportar som nessa frequéncia é enormemente melhorada, O resultado, claro, é que as parciais da fonte sonora nessa faixa de frequéncia ganham em amplitude [...]. ‘Todavia, ficart claro que a amplitude das parciais que compéem o formante do cantor ¢ dependente nao 6 das caracteristicas de transferéncia sonora do trato vocal, ou, em outras palavras, da am- das parciais quando entram no trato vocal [...] esta xa de mudanga do maximo para 0 plitude ini amplitude inicial depende da mfnimo fluxo de ar, Uma questéo interessante € como esta taxa pode Ja aumenta quando o esforgo vocal aumenta, ser manipulada [...] O esforgo vocal cresce principalmente se a pressao subglética cres- cer, portanto, esta pressiio parece ser importante. A taxa de decrés- cimo do fluxo de ar é também influenciada por outros fatores [...].5 Tonernidate (a) toa] Figura 4.6: A vogal [9] (como em “nd (C3). O quadro espectral indica defini Note o equiltbrio favoravel em ened A regitio do forn “The Effect of Tongu ”"*), cantada cm aproximadamente 262 Ht iGo vocilica desejavel ¢ formante do canto™ tgia sonora entre a regitio de definigao voctlica te do cantor. (Fonte: Richard Miller ¢ Harm Kornelis Schutt ue Position on Spectra in Singing”. The NATS Bulletin, vol 3? h. 3, 1981. Com permissio.) a '* Johan Sundberg, “The Voice ; iemeeek if Oice as a Sound Generator”. Research Aspects in Singing: * The Royal Swedi - “No original a palavea é have IN. — Academy of Music, 1981, p. 1 BS OWOTTERS “ Ouc Raie| : Savill TRACKING '= SINTONIA J - Sqpillo Todas essas fontes sugerem que “o bom som cantado” mostra o denne oj il fbi a A “ying’,'7 0 resultado de desejavel equilfbrio entre os formantes. As vezes esta técnica é descrita como o tracking'® da vogal produzida na laringe pelo tubo ressonador. A PERCEPCAO DE TIMBRE PELO CANTOR Uma das principais fontes de desentendimento com relago a “resso- nancia” no canto advém de confundir-se fonte sonora com sensagao de som. Alguns cantores experimentam sensagfio em grande parte na me- tade posterior da cabega ou, se nas regides anteriores, somente na testa. Outros cantores, orientados em objetivos pedagégicos bem diferentes, experimentam sensag4o na mdscara, nos seios nasais e na metade an- terior da cabega, particularmente na regio da face. Estas sensagdes se relacionam com posturas fisicas especificas do trato vocal. E importante que cada sensagiio no canto esteja de acordo com uma fungio eficiente tanto fisica como actistica. O préprio som do cantor pode chegar & tuba auditiva’® (que vai da nasofaringe até a orelha interna”) antes de entrar pela orelha externa." A diferenca de tempo entre a audigio interna e a externa nio é sig- nificativa; significativo é 0 fato de que a sensagao interna é trazida da nasofaringe, da orofaringe ed: para dreas superiores da cabega. A fala, que passa pela laringe, faringe e boca, faz vibrat os ossos do cra- nio. Froeschels relembra que Rethi, usando um diapasao eletricamente estimulado, demonstrou que as ondas sonoras passam pelas partes moles ” Brilho ou metal na voz. Expresso tfpica do canto que descreve a sensagéo do ou- vinte. (N. T.) "S Sintonia, porém a expressao em inglés é mais comumente usada. (N. T.) Aqui o autor se refere ao nome antigo da tuba auditiva: trompa de Eustéquio. Quan- do possivel, optamos pelos nomes atuais. (N. T:) ® Antigamente denominada “ouvido interno”. (N- T.) 1 Antigamente denominada “orelha”. (N. T-) 105 nanttitA 4. A VOZ RESSONANTE SPN PpuUzZme rar maz. da faringe para dentro dos ossos do Craig, p 1s da boca das pregas vocais estimula a cabecg inteitg lui que 0 SEA ann nattubs’auditiva 2 que este som a Von Békésy, a audigao de sua Pt6pria voy De sco smi magnitude da condugo por ar,23 AG Condy. sao inane das nao s6 pelas pregas vocais vibrantes, m, ce es sonora na boca. Von Békésy acrescenta We Percenin mente, a pressdo sonora na cavidade bucal produz Thais oy ™Menos mesma intensidade sonora que a vibragao das Pregas vocais,24 Obviamente, o timbre do som vocal produzido As diferengas de timbre correspondem a locais de sen: cia. (Cantores geralmente querem dizer timbre vocal “tessonancia”). As dimensées relativas dos Tessonad mudam constantemente em resposta a articulagaio flexivel de um ressonador é mais importante do que a deste ressonador. Taylor (1958, p. 31) pensa que, Passagens condutivas entre as cavidades de resso em fazer os canais de conexao aind garganta abertas ou fechadas depo € esforco intitil”.25 De fato, mente para a boca ou para inteiro, nao separadament nado pelo acoplamento d de outras Partes da maqui formas do: e dur concl ech Vibra 28 tambg Pelo cantor Vatia, Sagao de ressongn, | quando falam de lores do trato vocal fonética. O ajuste dimensio absoluta além de confortdveis nancia, nao hé razio ‘a maiores: “as cavidades da bocae da is de um grau 6timo ou de uso normal nao tem sentido tentar ditigir a atengao so- a garganta, porque o ar vibra no trato vocal © em cada parte. O timbre vocal é determi- Os ressonadores e pelas agdes modificadoras ina vocal. As frequéncias dos formantes e as $ tessonadores encaixam-se. oe "Emil Froeschels, “Nose and Nasality”. Archives of Otolaryngology 66, 1957, p. 630-31. © Georg Von Békésy, Fsperiments in Hearing. Trad. ¢ ed. B. G. Weaver. New York, McGraw-Hill, 1960, p, 184, * Tbidem, p. 189, ire M. Taylor, “Acoustics for the Singer”. Emporia State Research Studies 6, 8,p. 31,

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