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Observando o Familiar 123 e 126
Observando o Familiar 123 e 126
“Uma das mais tradicionais premissas das ciências sociais é a necessidade de uma distância
mínima que garanta ao investigador condições de objetividade em seu trabalho. Afirma-se ser
preciso que o pesquisador veja com olhos imparciais a realidade, evitando envolvimentos que
possam obscurecer ou deformar seus julgamentos e conclusões. Uma das possíveis
decorrências deste raciocínio seria a valorização de métodos quantitativos que seriam "por
natureza" mais neutros e científicos.” (p. 123)
“Sem dúvida essas premissas ou dogmas não são partilhados por toda a comunidade
acadêmica. A noção de que existe um envolvimento inevitável com o objeto de estudo e de
que isso não constitui um defeito ou imperfeição já foi clara e precisamente enunciada “
(p. 123)
[Como dito, pelo próprio autor, não são todos que partilham dessa ideia, e realmente, a
neutralidade pode ser um fator importante, do meu ponto de vista, mas talvez o envolvimento
seja inevitável, mas acredito que o envolvimento não necessariamente atrapalharia a
objetividade do estudo, pois em qualquer ramo, seja no noticiário ou em estudos
antropológicos, o fato de você escolher determinado tema para falar já mostra uma pontinha
de parcialidade. Não há como se ausentar 100%, por mais importante que seja, o que deveria
prevalecer é a reflexão crítica acerca dos acontecimentos e as evidências dos estudos sobre o
campo de forma fidedigna.]
[Como dito acima, a alteridade é um sentimento (um valor) exercitado pelo antropólogo que
se difere da empatia, então quando o autor coloca essa “ideia de tentar pôr – se no lugar do
outro”, sabemos que não é viável se colocar no lugar do outro, visto que, todo ser humano,
suas experiências e culturas são únicos, então não é possível o antropólogo (quando vindo de
fora desse ambiente), compartilhar das mesmas experiências, sentimentos e etc, e por isso o
autor fala que para alcançar essas particularidades, há um grande nível de aprofundamento e
dedicação, o que ainda não vai garantir esse “colocar – se no lugar do outro”. O mais correto e
possível, nesse meio é, realmente, a alteridade, pois, alguém vindo de fora nunca vai alcançar
o mesmo nível de experiência, conhecimento e vivências construídos por quem é do meio.]
“Assim, volto ao problema de Da Matta, para sugerir certas complicações. O que sempre
vemos e encontramos pode ser familiar mas não é necessariamente conhecido e o que não
vemos e encontramos pode ser exótico mas, até certo ponto, conhecido. No entanto estamos
sempre pressupondo familiaridades e exotismos como fontes de conhecimento ou
desconhecimento, respectivamente.
(p. 126)
[O autor fala sobre como buscamos e pressupomos o que é familiar e o que é exótico, a fim de
criar essas formas de conhecimento ou desconhecimento. Acreditamos, muitas vezes que tudo
o que é familiar, necessariamente é conhecido e o que é exótico é desconhecido e Gilberto diz
o contrário. O fato de eu conviver com outras pessoas, delas estarem compondo a paisagem e
eu estar convivendo direta ou indiretamente não quer dizer que eu conheça aquela realidade,
mas sim que pressuponho que aquela pessoa seja algo que eu idealizo, de certa forma. Ele
destaca também a diferença de uma sociedade em grande escala, de uma grande cidade e
maior divisão do trabalho e uma em pequena escala , com uma divisão de trabalho menos
complexa, não necessariamente quer dizer que as pessoas da segunda situação sejam mais ou
menos parecidas, mas que em certo grau, elas apresentam mais similaridades de grupos em
relação à religião, hábitos e costumes, do que pessoas de uma cidade maior e mais complexa,
mas em ambos os casos elas apresentam particularidades em familiaridades e conhecimentos,
ou seja, no caso de uma sociedade maior e mais complexa, pode ser que ao conhecer e se
deparar com certas realidades, o antropólogo sinta como se fosse um estrangeiro em sua
própria cidade, visto que, por mais que more a vida inteira naquele local, seu conhecimento
nunca será absoluto e sua familiaridade nunca será homogênea, em uma cidade menor é mais
“fácil” não estranhar o seu ambiente. ]