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SINOPSE

Saint não é um anjo. Ele cresceu no lado sul de LA e agora


administra o local com a ajuda do Devil's Dust MC. Com um
sorriso malicioso e um dedo no gatilho perigoso, qualquer
mulher teria muita sorte de estar ao seu lado.

No entanto, seu passado deixa uma espessa camada de


fuligem de sonhos perdidos e ele prefere viver a vida de um fora
da lei do que se preocupar com a semântica de questioná-los.

Isso é, até Piper.

Os pesadelos de Piper dançam entre seus passos como um


mau presságio. Sua necessidade de estar no controle e ter
qualquer homem dançando ao seu alcance dá a ela a reputação
de uma provocadora, mas ela não pode evitar. A memória das
palmas das mãos calejadas machucando sua pele a alimenta
para se sentir necessária e amada por estranhos.

Até que o destino a alcança e tudo é uma memória


obscura, e o longo caminho para descobrir quem ela foi e é, está
nas mãos de um fora-da-lei que é tudo menos um santo.
1
PARTE UM

Piper, seis anos

Sentada na varanda dos fundos, deixo cair a cabeça nas mãos,


o cheiro das roupas bonitas queimando no barril a poucos metros
de distância, fazendo meus olhos lacrimejarem. Cherry, uma
senhora que costuma vir ao parque de trailers onde moro me trouxe
roupas. Elas eram tão bonitas, mas meu pai não gostava delas e
ficou com muita raiva que eu tivesse ao menos falado com ela. Ele
ficou tão louco que jogou todos os vestidos, saias e roupas bonitas
no barril enferrujado, derramou gasolina sobre elas e as queimou.
Eu nunca mais deveria falar com Cherry. Acho que ele a conhece
por causa da maneira como agiu, mas ele não quis dizer como a
conhecia.
Eu gostaria que Cherry estivesse aqui. Eu brinco no
playground do parque de trailers todos os dias, esperando que ela
apareça para brincar e conversar comigo. Ela é como uma mãe que
eu nunca tive. Minha mãe me deixou porque não queria filhos, é o
que papai me diz de qualquer maneira. Adoro quando ela escova
meu cabelo e pergunta sobre o meu dia enquanto eu balanço. Meu
pai nunca faz isso.

Suspirando, puxo o pequeno arco que consegui esconder do


meu pai debaixo da minha perna. É vermelho com bolinhas
brancas. A cor lembra o meu e o cabelo da mesma cor de Cherry.
Vermelho.

Gostaria de saber se ela conhece meu pai, do jeito que ela me


disse para nunca contar a ele sobre ela, acho que eles
definitivamente se conhecem. Mas por que eles não gostam um do
outro? O que aconteceu? Eu perguntaria a Cherry na próxima vez
que a vir, mas papai ficará de olho em mim por um tempo. Não
poderei mais me esgueirar e vê-la.

Coloco o short colorido do acampamento que meu pai me fez


vestir. Eles são feios e coçam. Eu os odeio e odeio meu pai. Olhando
por cima do ombro, eu o ouço gritando e batendo latas de cerveja
dentro da casa. Eu também odeio essa casa. É o único no parque
de trailers porque papai é o proprietário.

Um sentimento desconfortável bate no meu peito, fazendo-me


sentir mal do estômago olhando para a nossa casa. Eu choro mais,
desejando que minha vida fosse diferente. Desejando que Cherry
fosse minha mãe e eu pudesse morar com ela. Talvez eu devesse
fugir.

Ouço os sons de passos no chão e ao levantar minha cabeça,


encontro um grupo de homens assustadores nas sombras
caminhando em minha direção. Minhas costas endurecem, e eu
escondo o arco debaixo da minha perna novamente. Eu limpo
minhas lágrimas com as costas da minha mão.
Um homem alto com olhos escuros se aproxima. Uma pequena
voz na minha cabeça me diz para levantar e correr para dentro, mas
então noto o colete de couro preto que ele está vestindo. É o mesmo
tipo que Cherry usa, ela me disse que se eu visse alguém usando
aquele colete e eu precisasse de ajuda, para dizer que a conheço.
Mas o que eles estão fazendo aqui? Eles estão procurando por
Cherry?

— Você está bem? O homem alto pergunta, a lua brilha


fracamente em seu rosto, mostrando apenas o contorno dos olhos,
nariz e queixo.
— Quem é você? — Pergunto, tentando esconder o quanto
estou com medo. Morar em um parque de trailers tem muitos
homens assustadores correndo tarde da noite. Você nunca sabe
quem é um cara legal e quem é um cara mau.
— Sou Lip — ele me diz. Minhas sobrancelhas franzem ao vê-
lo. Ele tem tatuagens e músculos. Ele parece um cara mau.

— Você está vestindo uma daquelas jaquetas como a Cherry


usa. Cherry está com você?

— Ela está no nosso clube. Eu sou amigo dela — ele explica,


ele deve estar dizendo a verdade por causa desse colete.

— Oh, bem, eu sou Piper. — Sorrio, tentando esconder o


quanto estou infeliz.

— Por que você está tão triste, querida? — Um homem mais


velho dá um passo à frente na luz da lua, grisalho em seus cabelos.
Do jeito que os outros caras olham para ele, acho que ele está no
comando. Ele também tem um colete, então deve estar com Cherry.
Olhando para o colete mais de perto, está escrito Bull. Presidente.

— Meu pai queimou todas as roupas que Cherry me comprou.


— Aponto para o barril explicando por que estou tão triste. — Papai
não gosta que eu pareça uma garota, e não tenho permissão para
falar com Cherry de novo. — Um soluço me sufoca e faz meu peito
doer.

— O seu pai te machucou? — Ele pergunta. Meu rosto cai,


mas eu não respondo. É uma pergunta simples, mas uma resposta
complicada. Ele me bateu? Não. Mas ele faz outras coisas que um
pai não deve fazer com a filha. Sim.

— Por que você não vem comigo e nos deixa conversar com
seu pai? — Outro homem oferece, ele é muito assustador. Mais que
os outros. Seu colete diz que seu nome é Shadow.

— Ah não! Eu não posso ir com estranhos. Papai ficaria bravo.


— Balanço minha cabeça para frente e para trás.

— Está bem; Cherry nos conhece. Estamos aqui para levá-la


até ela, querida — diz Lip.

— Piper! — Papai grita dentro de casa. — Levante sua bunda


— Papai para, olhando os amigos de Cherry.

— Quem diabos é você? — Papai pergunta. Um cara chamado


Bobby estende a mão e eu começo a andar em sua direção. Estou
com mais medo de entrar naquela casa com meu pai do que nos
braços de um estranho neste momento.
— Você não pense em fazer isso, Piper -, meu pai me ameaça.
-Vamos, Piper. Está tudo bem, querida, — Lip incentiva, a mão
estendida. — Eu peguei você — ele diz, e eu acredito nele.
— Vá com Bobby; ele vai mantê-la segura.

Segura. Não me sinto segura há muito tempo. É por isso que


eles estão aqui, para me salvar do abuso do meu pai. Cherry deve
ter enviado eles.

— Entre na maldita casa! — Papai grita, seu rosto está


vermelho e agitado. Bobby pega minha mão, me afastando da casa
que guarda tantos horrores.

Olhando para meus pés, tento me concentrar em ver Cherry.


Ela vai ficar tão surpresa em me ver. Eu enrijeci, puxando minha
mão do Bobby.
— Espere, eu esqueci alguma coisa! — Afastando-me dele, eu
começo a correr de volta para casa.
— Piper! Espere! Bobby vindo atrás de mim, mas eu continuo
correndo até meus olhos verem o arco no degrau superior das
escadas fora da minha casa.

Apertando-a na minha mão, olho para a porta e encontro o Lip


apontando uma arma na cabeça do meu pai. Abro minha boca os
meus olhos arregalados.
O meu peito está vazio e meu estômago embrulhado como
daquela vez que andei de bicicleta.
Sinto braços em minha volta, puxando-me do chão.
— Vamos lá, você não quer estar aqui para ver isso, — Bobby
diz, me levando para longe da cena diante de mim.

Andar na frente da moto de Bobby pode ser emocionante, mas


no fundo eu me sinto culpada por estar apreciando o passeio.
Porque eu sei que o papai está morto.
O PRÓXIMO DIA

Piper

— Vamos Piper, eu tenho certeza que está bonita, Lip grita do


lado de fora do provador. Sorrindo para o meu reflexo no espelho,
eu giro o vestido para trás e para frente. É tão bonito. Eu
tenho experimentado quase todos vestido na loja e coloco um arco
correspondente com cada um. Lip está sentado em um sofá rosa es
perando por mim todo tempo. Ele parece tão engraçado todo
de preto e tatuagens em uma loja de vestidos.
— Você está pronto? Eu acho que é esse! -— Eu digo
Animadamente.
— Por favor! Ele ri. Empurrando a cortina azul para o lado,
mostro o vestido rosa que vem até os meus tornozelos.
— Eu acho que é o melhor com certeza! — Ele sorri e fica de
pé.
— Eu penso assim também — Eu rio. Sinto que é um
sonho e que qualquer momento eu estou acordando em casa com o
meu pai.

Lip se curvam na minha frente, seus dedos sentindo o suave


material rosa em seus dedos ásperos. — Mas você sabe o que?
— O que? — Eu pergunto.
—Eu acho que nós devêssemos apenas levar todos.
— Sério? — Cobrindo minha boca com as duas mãos,
um aperto na minha barriga avisa-me que eu preciso parar para
fazer xixi.
— Sim, você não tem roupas, então precisará de roupas novas,
informa.
Virando-me para olhar todas as roupas no chão do provador,
olho para o meu reflexo. Meu vestido é bonito e na verdade, estou
sorrindo pela primeira vez, mas meu cabelo está uma bagunça.
A mão de Lip repousa no topo da minha cabeça.
— Vou escovar antes de irmos ver Cherry. Não se preocupe.
Sentindo vergonha disso, forço um sorriso e me concentro na
melhor parte. Estar com ele e Cherry, e conseguir roupas que
realmente me servem.
Do lado de fora do quarto do hospital, eu mordo minhas
unhas. Lip disse que me avisaria quando entrar. Cherry se
machucou, então ela está no hospital, ela não sabe que eu estou
aqui, então vamos surpreendê-la. Lip não me contou o que
aconteceu com Cherry, mas ouvi alguns dos caras do clube dizendo
que ela levou um tiro. Eu posso ouvir Lip e Cherry conversando, e
até parece que ela está chorando.
Espreitando pelo canto da porta, ouço Lip dizendo a Cherry
que um cara chamado Tom morreu. Franzo a testa, observando sua
tristeza. É como se estivéssemos conectadas, o que ela sente, eu
sinto.

Parece que Tom morreu fazendo algo pelo clube. Lip olha para
cima e eu rapidamente volto atrás da porta. Borboletas batendo no
meu estômago como morcego ao pensar em ser vista.
Eu ouço uma risada, ele deve ter me visto.
Correndo pela esquina, corro para Cherry, cujos olhos brilham
quando ela me vê.
— Piper! Ela diz meu nome feliz, então eu sei que nossa
surpresa funcionou. Subindo em seus braços, eu a abraço com
força. Meus olhos se fecham, eu a cheiro. O cheiro de flor que eu
tanto senti tanto.
— Senti sua falta, sussurro.
—Senti sua falta, ela murmura de volta. Ela me senta e me
olha.
— Você está tão bonita.
Correndo minha mão pelos meus cabelos brilhantes, sorrio em
direção a Lip.
— Obrigado, Lip me levou para fazer compras.
Cherry olha para ele. —Mesmo? Ela pergunta, e ele encolhe os
ombros.
Cherry puxa meu vestido para chamar minha atenção.
— Piper, preciso contar uma coisa. Sua voz é séria, então eu
tento ouvi-la de perto. Seus olhos cinzentos olham profundamente
nos meus, pequenas rugas se formando entre as sobrancelhas.
— Eu sou sua mãe, Piper.

Eu a encaro, as palavras quebrando através de uma parede


dentro de mim que eu nunca soube que estavam lá. Cherry é minha
mãe, e papai tentou me manter longe dela. Cherry nunca me
deixou. Papai mentiu.
Engolindo todas as coisas na minha cabeça, eu sorrio para ela.
— Eu sempre quis uma mãe como você. Sabe, às vezes,
quando estávamos juntas, eu pensava em você como minha mãe.

Ela começa a chorar e me puxa para perto dela. Eu a abraço


de volta e sinto como é realmente ser amada pela primeira vez. Eu
tenho muitas perguntas, mas realmente estou feliz por finalmente
estar em casa.
— Vou compensar os últimos seis anos pelo resto da sua vida,
Piper, mamãe promete, e continuo a abraçá-la com força.
— Com certeza, o clube sempre será sua casa, Piper, Lip me
promete e eu acredito nele.
Estive no clube, vi pessoas dentro dessas paredes e elas são
como eu.
Alguns estão com raiva, alguns estão feridos. Eles são
incompreendidos, mas mais importante... Eles são minha nova
família.
2
DEZ ANOS DEPOIS

Saint
Dezesseis anos de idade.

— Eu.. Estou grávida.


Piscando devagar, tento processar o que Tasha acabou de
dizer. Minha mente tenta fazer as contas de quando fizemos sexo e
quando ela menstruou pela última vez, mas não consigo me
concentrar em nada disso.
— O que você disse? — Eu pergunto a ela, inclinando minha
cabeça para o lado com emoções inesperadas correndo
desenfreadas dentro da minha mente.
— Eu disse que estou grávida! — Ela levanta a voz,
encolhendo a mochila no ombro.
Dou um passo para trás e esfrego meu queixo
nervosamente. Eu tenho dezesseis anos de idade, sem emprego e
sem carro. Como diabos eu deveria cuidar de uma criança? Como
eu devo cuidar dela?
— Enfim, eu pensei que você deveria saber. — Seu tom de voz
oscila à beira da amargura. Dando um passo em sua direção, coloco
uma mão no armário atrás da cabeça e me inclino nela.
— Você tem certeza que é meu? Eu sussurro. Não pretendo
insultar Tasha, mas ela é uma garota selvagem. O que eu gosto
nela. Seu espírito livre, nada de foder é o que me atraiu nela. Mas
nos quatro meses em que estamos brincando, eu conheci mais
irmãos do que gostaria de saber quem ficou com ela.

— Você é um idiota! — Ela me empurra, me fazendo expirar


alto. A cadela está sempre me batendo para entender o que ela
diz. — Eu não quero que você se preocupe, eu vou me cuidar. Ela
olha para todos os lugares, menos para mim.
— O que diabos isso quer dizer?
Seus olhos castanhos travam nos meus, seus ombros se
levantam como se ela estivesse puxando uma série de confiança por
dentro. — Porque acabou. Ela dá um passo na direção oposta,
tentando terminar com essa nota.
-—Whoa, whoa, whoa!-— Agarrando-a pelo cotovelo, eu a puxo
de volta.
— Como você vem-me dizer que está grávida e depois terminar
as coisas comigo? — A raiva começa a florescer no meu peito como
fogo. Não quero ficar com Tasha exclusivamente, mas se ela estiver
grávida, tenho a obrigação de estar lá pelo menos pelo garoto.
— Porque meus pais disseram que é o melhor. Só... não
dificulte as coisas, por favor? Tirando o braço do meu aperto, ela se
afasta.
Eu rosno, batendo meus dedos no armário. Eu deveria correr
atrás dela e dizer-lhe para seus pais irem se foder e perguntar o que
ela realmente quer.
Os pais dela sabem que não tenho nenhum negócio em criar
um filho ou estar perto de Tasha. Ela é alta, com um corpo que
deixa qualquer cara louco, grandes seios, um rosto doce e lábios
provocantes que qualquer homem gostaria em torno de seu pau. E
mais inteligente do que qualquer cadela que eu já estive.
Eu, sou apenas lixo de reboque do lado errado da cidade que
chamou a atenção dela porque jogo bola. Não culpo os pais dela por
tentarem salvar a reputação da filha.
— Jesus, deixe-me bater nela e arruinar sua vida.

Com a boca seca de repente, lambo meus lábios na tentativa


de umedecê-los e redefinir tudo ameaçador na minha
cabeça. Dando uma última olhada nos corredores, sigo o caminho
oposto a Tasha e saio pelas portas laterais da escola.
Gostaria de saber de quantas semanas ela está? Nós nem
discutimos se ela estava mantendo, devo perguntar a ela? Quando
foi a última vez que fizemos sexo? Eu corro minha mão pelo meu
rosto frustrado. Como diabos isso aconteceu? Não consigo envolver
minha maldita cabeça.

— Saint, espere! — Olhando por cima do ombro pelo meu


nome sendo chamado, encontro Day. Ele volta para casa comigo
todas as noites depois da escola. Eu acho que é porque ele é um
dos homens menos importantes do time de futebol e é
escolhido. Andando ao meu lado quando ele pode, ele assume que
eu não vou ficar parado e deixá-los roubar seus caros sapatos de
merda. Mostra o quanto ele realmente sabe sobre mim. Merda, eu
posso apenas pegar aqueles sapatos LeBron XVI. A única razão pela
qual nos conhecemos é do time de futebol, caso contrário, sua
bunda branca provavelmente nunca teria pensado em falar comigo.
— E aí, como foi seu dia? — Tento conversar informalmente,
tentando tirar minha mente da porra da bomba que Tasha jogou
para mim. Aposto que caras como Day não precisam se preocupar
com coisas assim com seus pais ricos.

— Nada, você foi escalado este fim de semana?


Eu olho para ele, caminhando na direção de nossas
casas. Todo fim de semana, o treinador solicita que apareçamos
com pesos de bancada, mantenha-nos em forma para a temporada
de futebol. Depois do que Tasha acabou de me dizer, não sei o que
diabos vou fazer neste fim de semana, muito menos nos próximos
nove meses. Inferno, talvez eu tenha que desistir do futebol e
trabalhar em alguma lanchonete de fast-food. Meu peito arde
pensando em trabalhar em uma lanchonete gordurosa.
— Provavelmente não, murmuro. Uma corrente de ar frio corre
pelo meu pescoço, alertando para a partida do sol. Dou uma olhada
no céu uma vez, os pássaros voando alto, como se estivessem
tentando ouvir do que Day e eu estamos falando.

— Ei, como você foi no teste de álgebra hoje? — Ele continua,


alheio à minha ausência em nossa conversa hoje.
— Não me importo —, eu respondo sem rodeios, empurrando
minha bolsa por cima do ombro.
— Cara, você vai ter o treinador pegando na bunda do
professor para passar você só para que você possa jogar bola
novamente. Ele me lembra da merda que eu sou. Eu odeio fazer
lição de casa e, por isso, tenho notas baixas. O treinador está
sempre tendo que orientar um professor para que eu possa jogar
um jogo de fim de semana por causa disso. Eu sou apenas mais
uma pessoa prática. Eu gosto de estar de pé e em movimento, meu
coração dispara.
Não respondo a Day, realmente não estou com disposição para
ele hoje. Day é o garoto-propaganda, garoto branco formal. Cabelos
loiros, curtos nas laterais e altos em cima, peito alto, atitude de
merda para com as meninas e rico. A única razão pela qual alguém
é amigo dele é porque ele lhe dará qualquer coisa para ser seu
amigo. É triste mesmo.

Ele não é nada como eu. Eu trabalho para a minha merda, e


não vou dar a ninguém. Foda-se se você não gosta de mim.

Perto da casa de Day se aproxima, e ele dá um tapinha no


meu ombro.
— Até amanhã, cara!
— Sim. Olhando para a rua dele, me pergunto como seria viver
como ele. Casa grande de três andares, piscina no quintal, a
segurança conhecida de que ninguém vai roubar você enquanto
você dorme em uma cama chique todas as noites.
Eu sorrio. Merda, se eu andasse na estrada dele agora, teria a
polícia piscando as luzes atrás de mim em minutos. A rua dele não
é o lugar para mim.
Não, pertenço ao bairro e sei disso. São por pessoas como eu
que Day tem esses alarmes e vigilância da vizinhança.

As belas casas ficam menores com a distância. Os jardins bem


cuidados perfeitos, com fontes que se transformam em cercas
enferrujadas de arame com pitbulls latindo. O cheiro de fumaça de
carro quebrada e crack cozinhando, me convidando para voltar
para casa.
Quando estou prestes a entrar no domínio do meu reino, o
barulho desconhecido de um motor me faz diminuir a velocidade
dos meus passos e olhar por cima do ombro.
É aquele cara Zane e alguns de seus amigos. Ele está em uma
moto olhando para mim com olhos frios. Eu me pergunto o que o
traz a este lado da cidade, e novamente o seu tipo vai para onde
quiser, sem que ninguém lhes dê uma segunda olhada. Ele está em
uma gangue de motoqueiros chamada Devil’s Dust (poeira do
diabo). Todo mundo os conhece, e todo mundo na escola conhece
Zane. Dizem que ele é um assassino ou algo assim.
Empurrando meu queixo para ele, continuo meu trajeto. Ele
liga o motor e se afasta com um número de moto similares.

Contornando o quarteirão, a cerca de madeira de privacidade


tentando esconder o gueto dos turistas me espera. Minha mão dá
um tapa na cerca enquanto eu entro no meu bairro.

— Ei, Saint! A senhora Mari acena da varanda da frente, com


o cigarro na mão. Ela ainda está usando sua camisola da noite
anterior.
— Ei, Mari! Eu respondo com um aceno de cabeça. Ela é um
puma, sempre trazendo um jovem para sua casa para usar à sua
disposição. Eu era um deles.

— Você quer tomar um chá? Ela tira os cabelos loiros claros


do rosto bronzeado.
— Não, tenho lição de casa, eu recuso bem. É mentira, não
estou fazendo lição de casa, mas faria se isso significasse ficar fora
da casa dela.
Ela ri, mas com a fumaça nos pulmões, é mais uma
gargalhada antes de se transformar em tosse.
Minha casa aparece, uma casa de tijolos brancos de um
andar. Sem cortinas nas janelas, a porta fechada por uma corda
amarrada a um prego e pneus no topo do telhado para manter as
telhas restantes no lugar.

Meu pai está sentado nos degraus da frente, cantando uma


música antiga. Sua camisa branca tem buracos e está manchada
de alimentos gordurosos e quem diabos sabe o que mais. Ele não
tem emprego, nem minha mãe.

Chegando perto, noto meu pai com uma colher de prata em


uma mão e uma garrafa clara entre seus chinelos rasgados.

— Ei, Hoss... Uma das vizinhas se aproxima do meu pai e


entrega a ele um pouco de dinheiro amassado. Meu pai pega e
derrama o que estiver na garrafa sobre a colher e entrega a
vizinha. Ela tosse, fazendo meu pai rir antes de acenar para ela.
— Não essa merda de novo.
— Continue, você está fugindo dos negócios. Ele zomba.
— Pai?
Ele olha para mim, seus olhos clareando e arregalando antes
de voltar atordoado e confuso.
— Saint…
— Que porra você está fazendo?
— Ganhando dinheiro, isso é o que é? Ele
resmunga. Passando para o pé esquerdo, olho a garrafa com
curiosidade. É a codeína líquida dele. Recentemente, ele foi
diagnosticado com câncer de garganta e a única coisa que eles
podiam oferecer na esperança de aliviar sua dor era a codeína.

— Entendo por que os Devil’s Dust estavam fora de nossa casa


agora. Eu tiro meu nariz com o polegar, irritado com as palhaçadas
do meu pai. Não acredito que ele está sendo tão estúpido vendendo
suas próprias drogas.
— Esses filhos da puta precisam cuidar de seus próprios
negócios! Papai grita, apontando na direção dos motoqueiros
saindo.

— Você estava vendendo de novo, não estava? Ele abre a boca


para responder, mas eu não lhe dou a chance de me alimentar de
besteira. — Que porra você espera então? Mantenha sua bunda
torta na varanda e vamos tentar manter a paz por aqui, hein? Subo
os degraus e os ombros do meu pai flexionam.
— Estou apenas tentando algo para melhorar. Esses médicos
chiques não sabem nada sobre o tipo de dor que sinto. Ele balança
a cabeça de fato. Ele está falando sobre drogas de rua, que aqui em
Los Angeles são caras pra caralho. Ele está vendendo sua codeína
na esperança de algo mais forte.
— Quanto você acha que vai fazer com alguma merda líquida?
Ele puxa um maço de dinheiros de suas calças cáqui
manchadas e isso chama minha atenção. Paro no topo da escada e
olho para ele. Tem que haver alguma maneira de fazer isso
fácil. Estou surpreso.
— Chega, não se preocupe, garoto. — Ele joga de volta no
bolso. — Você não tem futebol ou alguma merda na escola com que
se preocupar? Deixe a merda adulta para mim, filho.

Seu tom me bate no caminho errado. Eu odeio como ele pensa,


porque eu vou para a escola, não consigo me controlar. Por que não
posso ser algo nos dois mundos? Não, eu tenho que escolher um
lado quando se trata dele.

— Tasha está grávida, digo a ele, mudando de assunto.


Ele balança a cabeça. — Bem, isso foi estúpido da sua parte.
Eu não digo a ele sobre ela terminar comigo. Ele
provavelmente me diria para contar minhas bênçãos.

Outra pessoa que eu não reconheço caminha até meu pai com
uma nota de dez dólares na mão. Papai nem diz uma palavra. Ele
pega o dinheiro e coloca algumas drogas neles.
— Ela está mantendo? Ele tosse, puxa e pega muco na
garganta em decomposição.
— Não sei. Olho para longe. O cheiro do oceano e o som de
pássaros ausentes na parte da cidade.

— É melhor você arranjar um emprego, porque eu não estou


sustentando uma criança bastarda. Ele tenta me ofender, mas eu
parei de me importar com o que ele pensava há muito tempo.

Não pedi para ele sustentar meu filho. Inferno, eu não peço
para ele me sustentar.

— Saint, baby, é você? — A voz da mãe é carregada de dentro


da casa.
— Ele engravidou com aquela menininha, negra! Ele grita, não
apenas dizendo para minha mãe, mas para todo o bairro.
Zombando, passo por ele e entro. A casa cheira a cigarro e o
jantar da noite passada. As paredes quase rastejavam com nicotina
e o chão arranhava e desmoronava. Este lugar é uma merda.

— Você fez o que? Dor na parte de trás da minha cabeça me


faz fechar os olhos. O famoso golpe da mamãe na cabeça, me
batendo assim que eu entro.

— Porra, mamãe! Olhando para ela, eu esfrego a pancada,


— Como você pode ser tão estúpido, criança? Ela despreza.
Afastando-se de mim, ela pega seu cigarro no balcão da
cozinha rachada e se senta em uma cadeira de pernas metálicas, a
almofada com padrão de flores esbranquiçado mal consegue conter
sua bunda grande.

— Não foi planejado, — eu grito.

— Nem você, bebê, e veja como você se saiu. Há uma


suavidade em seu rosto que me faz virar para olhá-la. Não importa
o quão pouco eu pense de mim mesmo, minha mãe acha que não
estou errado. — As coisas têm uma maneira de dar certo, você
verá. Com um olho fechado, ela aponta para mim, a fumaça
dançando ao seu redor.

— Tudo bem, mamãe. Eu não discuto com ela, porque isso me


concederá outro tapa na cabeça. Ela é uma cadela velha e mal-
humorada, mas é leal pra caralho. Ela é a única que já teve minhas
costas.

— Agora vá, entre no seu quarto e estude. Não quero você aqui
fora com seu pai e o resto desses tolos! Ela balança a cabeça,
jogando cinzas no cinzeiro de Las Vegas. Não sei onde ela conseguiu
isso, nunca estivemos em Vegas.

Descendo o corredor, não posso deixar de me perguntar se o


caminho que meu pai está seguindo é mais realista para
mim. Vendendo drogas. Sendo pai adolescente, não vejo minha
permanência na escola o suficiente para comprar fraldas. Uma
verificação de antecedentes em mim e qualquer trabalho decente
estariam fora de questão, apenas a cor da minha pele tornará
impossível uma vida honesta. Minha mãe é negra e meu pai é
branco. Eu não pertenço a nenhuma das classes por aqui.

Talvez seja hora de colocar esse sonho de conseguir uma bolsa


de futebol de lado e começar a se apressar. Porque,
independentemente do que Tasha e seus pais pensem não vou me
afastar do meu filho.

Só que não quero cerca de dez dólares de codeína nas escadas


da minha casa. Não, se estou fazendo isso. Eu vou entrar nisso
completamente. Relva, gangues e dinheiro de verdade. Talvez
precise tocar o Devil’s Dust e ver em que posso colocar minhas
mãos.
3
SAINT
Nove meses depois

De pé na esquina da minha vizinhança, atiro na merda com


alguns dos meus meninos, os negócios começaram a acelerar com o
sol caindo. Puxando meu chapéu para baixo, o sol assando minhas
bochechas, eu olho para a hora. O Devil’s Dust fará suas rondas em
breve, é melhor eu limpar a loja.
Conversei brevemente com Zane alguns meses atrás, em
referência à sua oferta de vender no território deles, mas seus
termos não se encaixavam bem comigo.
Ele ofereceu que eu vendesse o produto deles, onde eles
quisessem, e poderia obter uma parte dos lucros. Eu discordei da
porcentagem que eles estavam oferecendo, então recusei. Eu
poderia fazer mais coisas por conta própria.
Mas isso também significa que tenho que correr o risco de
atirar cocaína sob o nariz do diabo. Eu trabalho para um homem
chamado Harry. Mas se eu for pego com a quantidade de drogas
que tenho, vou para trás das grades, com certeza. Agora posso
comprar minhas próprias coisas, na verdade, acabei de comprar
tudo no registro de bebês para Tasha e me senti muito bem. Seus
pais não pareciam se importar quando eu apareci com toda essa
merda de bebê, mas em qualquer outra época eles me expulsavam
de perto de Tasha.

De pé ao lado de um dos caras com quem eu vendo, ao som do


meu Buick batendo tão alto que o carro está chacoalhando, dá uma
merda sobre como nós costumávamos jogar bola.
Meu telefone, eu levanto meu dedo contra ele e saio para o
lado para atender. A distância não faz nada para acalmar a música
alta que vibra através do concreto e dos meus sapatos.
— Olá?
— Ei, você pode me dar uma carona hoje? Tasha pergunta, e
eu não posso deixar de suspirar.
— Por quê?
— Eu tive essa coisa animadora e simplesmente não tenho
energia para dirigir, explica ela, e eu silenciosamente aceno,
ouvindo.
— Olha, alguém tem que estar aqui trabalhando para pagar a
merda que você está querendo para o bebê, digo a ela, realmente
não querendo ficar de pé em alguma besteira da conferência.
— A sério? Você vai me fazer dirigir? O tom dela aumenta e
isso me irrita. Ela sempre me faz sentir um merda, usando a
gravidez dela contra mim.
— Eu não posso simplesmente sair, Harry ficará chateado,
Tasha. — Ele pode ser descontraído, mas espera pagamento no final
do dia e, se eu tiver pouco, terei que ouvir suas ameaças fracas.
Tasha desliga. Rosnando e rangendo os dentes, deslizo meu
telefone de volta no bolso.
Os caras estão rindo, um cara chamado Chops sorrindo para
mim com um aparelho dourado para os dentes.
— Drama da mãe do bebê? — Ele aponta o queixo para mim,
com as duas mãos dentro do jeans preto folgado. Eu mandaria ele
se foder se soubesse que ele não tinha um dedo no gatilho.
— Quero dizer, não estamos juntos, mas ela está tendo meu
bebê. Eu dou de ombros para ele.
— É para isso que servem todas as mamães bebê, merda. Ele
vira meia frase e sobe para um carro azul, vendendo-lhes algum
equipamento. Chops começa a gritar, afastando-se do carro. Meus
ombros ficam tensos e eu lentamente vou em direção a ele, pronto
para apoiá-lo, se alguém estiver tentando pressioná-lo. Somos
apenas nós aqui fora, ninguém virá correndo para salvar nossas
bundas, se alguém tentar nos foder e pegar nossa merda.
O telefone toca, eu ignoro sabendo que é Tasha ligando de
volta.
— Ei, você tem algum problema? — Pergunto a Chops, que
ainda está gritando com o carro. Uma ruiva maluca olha para mim
do banco do passageiro, seus olhos me avaliando. Levantando
minha camisa, mostro minha arma na cintura da minha cueca,
Chops faz o mesmo.
Sabendo que eles estarão em menor número, o carro acelera.
— Acredita nessa merda? — Chops pergunta, agindo como se
alguém ameaçasse nos entregar para polícia, se não dermos a eles
alguma merda de graça, fora de caráter para este lado da
cidade. Silenciosamente balançando a cabeça, eu ando em direção
ao Buick. Meu maldito telefone tocando mais uma vez.
— Droga — eu assobio, puxando meu telefone celular. Só que
não é o número de Tasha, é um que não reconheço, mas respondo
de qualquer maneira. Na metade do tempo, Harry liga de telefones
mais antigos, então seu número está sempre mudando.
— E aí?
—É Saint?
— Sim, quem está perguntando? Vou ficar chateado se uma de
suas amigas estiver ligando apenas para me xingar.
— Estou ligando da LA Emergency Care e só queria informar
que Tasha Williams sofreu um acidente com um motorista bêbado e
precisamos entregar o bebê.
Meus olhos se arregalam, a palma da mão suada segurando o
telefone. Eu não estava esperando isso.
— Tudo bem, murmuro, correndo para o meu carro no final da
rua. Estou a caminho.
— Só quero avisá-lo, os pais não queriam que eu ligasse para
você. Portanto, esteja preparado quando aparecer. No entanto,
Tasha implorou para eu ligar para você.
Engolindo o nó na garganta, concordo. Não tenho certeza do
que dizer. Eu só preciso chegar ao hospital e agora. A culpa cresce
na minha garganta, o desejo de vomitar quase impossível de
sufocar.
Eu deveria ter saído e a conduzido. Isso é culpa minha.

A cada quilômetro do hospital, passo por carros e juro pelos


deuses que serei um homem melhor para Tasha. Eu vou me
importar mais, eu estarei lá mais. Eu poderia ter saído hoje e a
levado para onde ela precisasse ir. Ela não tem sido nada além de
leal desde que descobriu que estava grávida e eu andei correndo por
ela, irritada por ela continuar querendo nos tornar uma
família. Minha excitação era apenas pelo bebê, e não por ela. O
medo de tê-la e um bebê me amarra me deixa ignorante. Entrando
na entrada do hospital, corro para dentro das portas duplas, com
medo de me levar para a recepção. Vejo os pais de Tasha em pé na
área de espera com olhares sombrios em seus rostos, e um homem
alto e bronzeado, com um chapéu de cowboy nas mãos, perto deles
conversando com dois policiais. Eu não o reconheço. Foi ele quem a
atingiu? Ele é o motorista bêbado? Juro por Deus irei matá-lo
agora.
— Com licença. Tento chamar a atenção de uma enfermeira
atrás do balcão, mas ela está em uma conversa profunda sobre
trocar de turno com outra mulher e me ignora.
Bati freneticamente minha mão no balcão arranhado,
tentando chamar a atenção deles mais uma vez.
Uma senhora de jaleco rosa e cabelos bagunçados me dá um
olhar estranho.
— Posso ajudar? Ela pergunta.
— Tasha, eu estou aqui pela Tasha, ela ah ... ela sofreu um
acidente? Minhas palavras estão saindo tão rápido que eu não sei
se ela pode me entender.
— Certo! Seu rosto se anima e ela pega uma prancheta. — Ela
acabou de ser levada de volta para uma cesariana. Presumo que
você é o pai?
— Sim. Concordo, ouvindo-a dizer a palavra pai, me deixando
mais triste com a situação. Eu não tenho sido muito pai. Não da
maneira que Tasha precisava que eu fosse.
— Tudo bem. Vamos preparar você! Ela começa a andar pelo
balcão, e eu começo a me sentir tonto. Lambendo meus lábios, eu
aceno. Puta merda, isso está acontecendo. Estou com medo da
porra da minha mente. Cesariana, é onde eles a abrem, não é?
— Ah não! A voz de uma senhora grasnando me faz olhar para
a esquerda. É a mãe de Tasha, Nia. Ele não vai a lugar nenhum
perto da nossa filha, já fez o suficiente! Ela aponta para mim como
se eu fosse o motorista bêbado que colocou Tasha de volta na
cirurgia. Eu não sou o motorista bêbado, mas se eu a tivesse
levado, ela não voltaria lá agora. Ainda assim, não posso fazer as
coisas direito estando aqui. Eu preciso voltar lá com Tasha para
que eu possa pedir desculpas. Merda, eu vou foder sua bunda como
Miss Daisy a qualquer momento que ela quiser, desde que ela fique
bem.
— Nia, eu vou entrar lá para estar com Tasha e meu bebê, e
você não pode me impedir.
— Existe algum problema? Um dos policiais conversando com
o cowboy dá um passo em nossa direção, com a mão estendida
como se estivesse pronto para interferir. Os olhos do vaqueiro
batem nos meus, e eles falam de simpatia como se ele sentisse pena
de mim. Mas ele não parece bêbado, então quem diabos é esse
cara?
— Querida. O marido de Nia tenta acalmá-la, mas ela apenas
o afasta dela, afastando-a de todos nós. Ela é uma puta teimosa.
— Por aqui, senhor. A enfermeira ignora a sra. Williams e o
policial em questão e me acompanha por uma porta trancada atrás
da mesa.

— Certifique-se de continuar assim, ok? Ela me dá uma touca


de cabelos. Eu realmente não tenho cabelo, mas não discuto com
ela.
— Sim, eu irei. Lambo os lábios e certifico-me de que o vestido
azul e as proteções sobre os sapatos estejam no lugar. Foi-me dito
que eu teria que usá-los se quisesse estar com Tasha quando eles
entregarem nossa garotinha. Para algum tipo de limpeza e
checagem médica.
— Por aqui, papai. — Ela abre uma porta e eu estou preso
onde estou. Culpa emoção, meu passado e futuro dificultando o
próximo passo. Papai, eu vou ser um maldito papai. Não me
pareceu real todos esses meses, não até agora. E se eu falhar em
ser pai? E se eu for como meu pai?
— Bem, continue. Ela ri, segurando a porta aberta.
Forçando-me a seguir em frente, só vejo a cabeça e os braços
de Tasha em uma mesa de prata. O resto dela está coberto com um
lençol azul. A sobrancelha direita tem um curativo ensanguentado,
a bochecha está costurada e a boca parece inchada. Ela está
realmente bagunçada desde os destroços. Vê–la assim me deixa
nervoso ver o resto coberto por uma lona azul. Uma luz brilhante
pairando acima chama minha atenção, os médicos e enfermeiras
zumbindo por toda a sala se apagando enquanto eu a encaro.

— Apenas sente-se na cadeira e deixe que ela saiba que você


está lá para ela, ela sussurra no meu ouvido, me fazendo desviar os
olhos da luz.
Eu aceno, respirando fundo.
Sentado no banquinho, me aproximo de Tasha.
-Ei, eu sussurro.
Seus olhos flutuam para os meus, mas ela está muito drogada
ou com muita dor para falar.
— Eu sinto muito. Sinto muito - digo a ela, meus olhos se
enchendo de lágrimas. Nós andamos muito desde que nos
juntamos, mas desta vez não era um jogo. Ela precisava de mim e
eu falhei.
— Saint? ela murmura, o som da dor estalando em sua voz.
— Tudo vai dar certo, querida. — Alcançando a mão dela,
percebo que está amarrada. Que porra é essa?
Esfregando meus dedos sobre seus ombros nus, eu a olho nos
olhos. Eles não parecem tão marrons ou brilhantes como de
costume. — Teremos nosso bebê e encontraremos nosso próprio
lugar. Nós não precisamos dos seus pais.
Seus lábios formam um sorriso torto, e isso me faz feliz.
— Você quer uma família, foda-se. Nós seremos uma
família. Eu rio, apertando sua mão com mais força.

Ela pisca, com os olhos vidrados enquanto olha para mim.

— Estamos em quarenta por cento! — O médico grita e todo


mundo começa a correr, um caos. Algo está errado.
— O que está acontecendo? Não pergunto a ninguém em
particular. Olhando para Tasha, seus olhos estão fechados e sua
cabeça está inclinada para o lado. — Tasha?
— Tire o daqui! — Alguém grita, e a enfermeira super amiga de
repente me puxa do banquinho e me empurra em direção à porta.
— Espere, que porra é essa? Diga-me que estão bem, pelo
menos! Eu exijo, tentando forçar meu caminho de volta.
— Senhor, por favor, espere lá fora! Ela grita, suas mãozinhas
tentando o máximo para me empurrar para fora da sala.
Tudo se torna um borrão a partir desse momento. A segurança
corre para dentro da sala para me conter, me arrastando para fora
da sala de operações e, antes que eu perceba, a porta de Tasha e
meu bebê é fechada com força.
— Saia de cima de mim! Eu respiro pesadamente, tentando
sair do alcance dos homens que me têm.
— Deixe-os fazer o seu trabalho, Senhor! A enfermeira grita, e
um dos seguranças me puxa, me empurrando contra a parede fria.
Meu peito subindo e descendo, eu aceno.
— Ok, eu estou calmo. Emoção pesada na minha voz. Estou
calmo, mas se eles não me tirarem a merda, eu vou ficar mais longe
de Tasha quando acabar na cadeia.
Eles me deixaram ir, e eu ando em frente à área de espera. O
que acabou de acontecer? Ela está bem? O bebê está bem? Não
deveríamos ter tido a cesariana. Deveríamos ter esperado.

—Saint, o que está acontecendo? — Olhando para cima,


encontro os pais de Tasha correndo na minha direção. Agora eles
querem falar comigo?
— Não sei. Eu...
— Inútil, a sra. Williams assobia. Minhas sobrancelhas
franzem, meus dedos se torcem com raiva.
— Eles me expulsaram de lá! Eu grito, fazendo estranho
olharem para nós.
— Senhor! A enfermeira me avisa sobre meu comportamento
mais uma vez e eu me jogo em uma cadeira vazia.
4
SAINT

Sentado em uma cadeira, vejo a sra. Williams balançar o


joelho com uma xícara de café na mão. Faz quase uma hora desde
que fui expulso, e ninguém veio falar conosco. Estou começando a
ficar puto.
— É isso aí. Estou de pé, pronto para pedir algumas respostas,
assim que a médica sai pela porta da qual fui expulso, vestindo um
jaleco branco limpo.
A senhora e o Sr. Williams estão bem atrás de mim, prontos
para receber algumas notícias.

— Então, quando estávamos lá, Tasha começou uma


hemorragia, perdendo muito sangue... Ela faz uma pausa, e é nessa
pausa que eu sei que algo grave aconteceu. Algo que mudará para
sempre minha vida.
— Sinto muito, mas o bebê e a mãe não conseguiram. Sua voz
mergulha, e minha respiração também.
A sra. Williams solta um lamento que nunca ouvi antes. Uma
de desespero e medo, apenas uma mãe perdendo o filho.

— Que porra você acabou de dizer? A raiva corre sobre mim


tentando apagar meu coração partido.

— Eu realmente sinto muito. Ela balança a cabeça e respira


fundo.
— A culpa é sua, agora vá consertar! -— Eu grito, não
querendo acreditar que eles fizeram tudo o que podiam.
— Onde está o motorista responsável por isso? — Eu exijo
saber, procurando por aquele cowboy.
—Eu tenho a informação dele! -— A Sra. Williams acena um
pedaço de papel na minha cara e eu o pego.
— Eu aconselho você a não fazer nada, senhor, a lei vai.

— Encaro a médica há dois centímetros da minha cara do


caralho. Meus olhos se estreitando nela, eu silenciosamente digo
para ela se afastar. A lei não se importa conosco, eles nunca se
importaram e isso não começará hoje.
Os seguranças estão comigo em segundos, colocando minhas
mãos para trás, me jogando no chão para me impedir de tocar mais
alguém. Lágrimas enchem meus olhos quando meu coração se
parte em dois ali mesmo no chão nojento do hospital.
— Eu só quero minhas meninas de volta. Me deem minhas
garotas! Eu lamento o desgosto assustando minha alma por toda a
vida.
Os guardas me ameaçam calar, e os Williams me incentivam a
encontrar o motorista bêbado do outro lado da sala, mas meus
olhos se concentram na porta da qual fui empurrado há mais de
uma hora. A mesma sala que contém a outra parte de mim. Minha
filha morta e uma garota que eu deveria ter tratado melhor do que
eu.

É então que eu percebo que hoje mudará para sempre minha


vida, mas não da maneira que eu pensava.
Passei por aquelas portas pensando que me tornaria pai ou
alguém melhor, mas, em vez disso, saio um homem quebrado,
perseguindo fantasmas, uma tentativa de preencher um vazio
deixado meu peito. Um que eu temo nunca será consertado.

Andando do lado de fora do hospital horas depois, depois de


assinar papéis para a minha filha morta e ouvir o quanto de merda
eu era pelo meu comportamento, fui dispensado e aqui estou sem
saber para onde ir. Ainda consigo ouvir o som da sra. William
gritando na minha cabeça. Ela queria que eu conhecesse o homem
que matou sua filha, o homem que matou minha filha. Apertando a
mão e amassando o papel na palma da minha mão, olho para o
nome que está no papel que ela me deu.

Patrick Scratch
Idade 45.
Quem é ele? O que ele está pensando agora? Onde ele está?

Tantas perguntas correm pelo meu cérebro, mas apenas uma


conclusão fica clara entre todas as vozes.
Eu preciso encontrar esse homem e matá-lo. Tasha e minha
filha não vão morrer em vão.
— Ei? — A voz de um homem do Sul me fez levantar a
cabeça. É um vaqueiro. Eu me viro para ele.
— Quem diabos é você?
Ele coloca o chapéu na cabeça e respira fundo. Seu peito sob a
camisa azul gasta, a fivela do cinto refletindo a luz do sol caída.
— Os amigos me chamam de Big Chief, estou na cidade para
uma competição de rodeio e vi sua garota sendo atropelada.
— Ouvi-lo dizer assim me faz sentir repentinamente doente.
— Big Chief? Você não parece indiano eu digo.
Um sorriso preguiçoso desliza por seu rosto. — Sim. Ele olha
para longe, sem se importar com o que eu penso. — Como ela está?
Torcendo meu pescoço, eu o estalei. Sentado na cadeira
naquela pequena sala por muito tempo, eu me reprimi como uma
merda.
— Não, ela não está bem. Ela está... minha frase é
interrompida pela emoção. Não consigo me fazer dizer as palavras.
— Você sabe que o homem que a matou é um figurão do ramo
imobiliário? — Ele está em entregando quem as matou? Por quê?
— Por que diabos você está me dizendo isso? Eu ando até ele,
meus ombros se erguendo. Já tive o suficiente hoje e não estou com
disposição para jogos.
— Porque devemos encontrar o filho da puta bêbado e fazê-lo
pagar, ninguém mais o encontrará. Ele puxa a ponta do chapéu em
uma maneira de condolências.
Concordo, esfregando a parte de trás do meu pescoço. — Você
não parece um assassino.
— E eu com certeza não sou um. Então, como você propõe que
façamos isso?
— Sim, eu não tenho armas, ele murmura, esfregando o
queixo. — Definitivamente vamos precisar de algo se também
formos contra ele.
Minha mente se volta para os Devil’s Dust, a gangue que não
apenas tem armas, mas as vende. Eu sei que eles não vão me dar
armas sem um ultimato. Zane está me perseguindo desde que ele
tinha idade suficiente para guardar uma 0.45.
— Eu posso saber onde conseguir uma.
— Onde? Ele pergunta, apertando os olhos para o sol, sua voz
calma.
— Apenas me siga, digo a ele.
Baixando a cabeça, seus olhos azuis encontram os meus.
—Lidere o caminho, ele insiste.

Andando no ar da noite, com as mãos no bolso, corro em


direção a um destino desconhecido. Andando por bairros em que
não tenho negócios, tentando encontrar a localização de Zane.
Não sei onde ele mora, mas sei onde fica o clube.
— Você é daqui? Eu pergunto ao Big Chief.
— Não, do Texas. Eu só estou dirigindo. Seu sotaque sulista
me fez olhar para ele. Claro que ele é do Texas.
— Olha, você não me deve nada. Tem certeza de que quer fazer
isso?
— Vendo o que eu vi e não ser capaz de fazer nada. Eu quero
ajudar a tirar esse filho da puta das ruas porque nós dois sabemos
que a polícia não está procurando por ele neste segundo.
Ele está certo sobre isso, os policiais não dão a mínima para o
que acabou de acontecer. Talvez esse cara não seja tão ruim, afinal.
Ao virar uma esquina da minha casa, encontro uma
propriedade cercada com um portão trancado em frente ao Devil's
Dust Clubhouse.

Puxando o capuz da minha blusa de moletom, meu pescoço se


inclina para trás e olha a sinistra sede do clube do outro lado do
portão. Os Portões do Inferno tentando manter aqueles que não têm
negócios se intrometendo nos assuntos dos Devil’s Dusts à
distância. Aquele mesmo edifício abriga bandidos, assassinos e
Deus sabe o que mais. Eles são exatamente o que eu
preciso. Dando um passo à frente, sei que não haverá retrocesso se
continuar esta jornada.
Enlaçando meus dedos através do níquel enferrujado que
compõe a cerca trancada, achando-a quente ao invés de fria, engulo
a indecisão me avisando para me virar e gritar durante a noite: -
Exijo falar com Zane Kingsmen!
5
PARTE 2

Saint
presente

Virando o chapéu para trás, sinto meu suor escorrer para


baixo nos meus quadris. Meu pau duro está perfeitamente
delineado no material fino. Agarrando-me, levanto meu lábio
superior. Sim, alguém está pronto para uma boceta. Meu pau vibra
com o pensamento de gozar. Eu preciso do lançamento. Ser um
prospecto do Devil’s Dusts tem sido muito estressante. O presidente
do clube está em uma cama de hospital, cadelas sendo atacadas e
tiroteios. Às vezes acho que deveria ter mantido minha bunda preta
no capô.
Dizem que a felicidade floresce por dentro, o que me faz pensar
em flores. Flores morrem. Eles perdem sua vitalidade e caem na
terra antes de decair em nada.

Então, para manter minha vida cheia de vida, eu mantenho


muitas flores na minha vida. Como a cadela que eu trouxe para
casa hoje à noite. Onde diabos está essa garota?

Subindo da cama, passando a mão no peito, abro a porta do


meu quarto e a encontro no corredor conversando com Piper. Piper
é filha de um dos membros originais do Devil's Dust. Ruiva ardente.
Ela não tem filtro, então quem sabe o que diabos ela está dizendo
para Brittney.

— Eu simplesmente não acredito que estou aqui com um


prospecto! A garota que eu peguei no bar diz a Piper com
entusiasmo. Brittney, esse era o nome dela. Ela é baixa com uma
bunda grande. Foi o jeito que ela dançou que me atraiu para ela.
— Mhmmm. Aposto que Saint é um encantador. As
sobrancelhas de Piper se erguem, mas o tom sarcástico que sai da
boca dela me diz que ela está apenas tentando ser legal com
Brittney. Piper está com um vestido preto curto que lembra pele de
cobra, suas pernas cremosas levando até um par de saltos
vermelhos. Assim, é fácil dizer que ela saiu para a festa novamente.
Não sei como o pai dela a deixa andar por aí assim e espera que eu
não a olhe. Piper me lembra Jessica Rabbit do filme Uma cilada
para Roger Rabbit. Um símbolo sexual com moral e uma boca ruim
nela.

— Ouvi dizer que ele tem um grande... os ombros de Brittney


se levantam como se ela fosse inocente demais para dizer o que
estava pensando.
— Pau? Piper preenche o espaço em branco para a minha
garota. Piper não tem vergonha de dizer exatamente o que está
pensando. — Oh sim. Saint é tão grande, é melhor você fazer alguns
agachamentos antes de entrar lá. Piper não sabe o tamanho do meu
pau, ela está construindo totalmente a fama para mim, o por que
eu não sei.
Piper passa por Brittney e seus olhos cinzentos espreitam os
meus. Ela gosta de jogar, hein? Lambendo meu lábio inferior,
agarro meu pau duro, deixando-a ver por si mesma o quão grande é
realmente. Esses suores fazem pouco para esconder o que tenho
quando não estou usando boxers. Meu suor me foda é o que eu
gosto de chamá-los.
Seus olhos lentamente percorrem meu peito nu até atingir
minha palma e pau.

Minha cabeça se inclinou para trás com arrogância, eu tenho


que morder o lábio para não sorrir.
Sim, me diga o que você acha disso.
— Saint. Ela pisca, mas nem arregala os olhos com surpresa.
— Piper, eu respondo. Não é segredo que eu prefiro que Piper
gagueje meu nome hoje à noite, mas a maneira como sou atraído
por essa mulher posso dizer que não estou pronto para alguém
como ela. Meu passado está cheio de arrependimentos por ter
perdido uma namorada e uma garotinha, e enquanto eu mantiver
minha bunda afastando-me de compromisso, posso lidar com a
culpa.
Piper desliza suas unhas afiadas vermelhas pelo meu peito
enquanto ela passa e meu pau pula na minha mão. Foda-se, eu
quero essa cadela. Olhando por cima do ombro, eu assisto sua
bunda bêbada desaparecer em outro quarto. Normalmente, não
permitimos mulheres de sócios no clube, mas Piper é a exceção. Ela
se deu bem com o presidente do clube antes que ele tivesse seu
terrível acidente. Agora, seu neto Zane assumiu o cargo de vice-
presidente e não pode realmente fazer nada.

— Aí está você... Brittney passa a mão no meu estômago. Ele


não tem quase o apelo como Piper, mas isso não significa que não
estou prestes a bater nessa boceta. Vou garantir que Piper ouça
meu nome sendo gritado no meio da noite.
PIPER
Fechando a porta atrás de mim, bato minhas unhas afiadas
na madeira. Que porra de noite. Eu bebi demais, de novo, e a coca
não ajudou em nada com a minha desorientação. Chutando meus
calcanhares, me espalho na cama arrumada, a mesma em que
venho dormir todas as quintas, sextas e sábados à noite.
Basicamente, as noites que eu saio e me solto. Há algo em vir aqui
depois que me faz sentir segura. Talvez sejam os malvados
motoqueiros em todos os cômodos, ou que eu cresci brincando de
esconde-esconde nesses mesmos cômodos. Talvez sejam as
insígnias do Devil's Dust impressas no edredom embaixo de mim
que me sussurram em um sono.

Rolando de costas, meu vestido sobe, e eu abro minhas pernas


para me sentir confortável. Meus olhos estão pesados, um sorriso
preguiçoso se espalha pelo meu rosto quando encontro um pôster
de Pamela Anderson seminua no teto.
— Nos encontramos novamente, Pamela. — O ícone do sexo de
todo homem nascido nos anos oitenta. Ela e eu temos muito em
comum. Não no sentido em que estou na Playboy, mas nós duas
fomos abusadas sexualmente quando criança.
Ela por uma babá, e eu por meu pai. Eles dizem que as
meninas que são abusadas quando crianças agem de duas
maneiras. Primeiro, elas são loucas por meninos, sempre querendo
a atenção de um homem da maneira que conseguirem, ou têm
vergonha de seus corpos e não podem permitir-se ter a atenção de
um homem, pois não sentem nada além de vergonha. Adivinha para
que lado eu girei? O brilho que sobra nos meus peitos e colônia no
meu pescoço deve ser um grande indicador de onde estão meus
costumes.
Não me sinto bonita por dentro, por ouvir da boca de um
homem estranho como eu sou incrível e o que faço com eles. Apaga
as vozes na minha cabeça... por um tempo. Depois que eu chuto,
sou estúpida por medo de ficar sozinha.
Fechando os olhos, tento afastar o pensamento terrível. Sou
forte e bonita, como a Pamela, e como ela, digo com quem estou, e o
que visto, o que pareço.
Ninguém sabe dos meus segredos tóxicos além do presidente
do Devil’s Dust, ou devo dizer que costumava ser presidente?
Parece que ontem o clube foi atacado e Bull, nosso presidente
anterior, está cheio de balas, colocando-o em suporte de vida no
hospital. Suspirando, engulo na esperança de aliviar o nó no meu
estômago. Bull, ele me pegou uma noite depois de uma noitada
dupla e, na minha bebedeira, contei tudo sobre o abuso do meu pai.
Foi então que ele exigiu que eu ficasse no clube depois que saí,
declarando que tinha problemas com o papai e que ele seria
condenado se algo acontecesse comigo sob sua vigilância.
Algumas das Old Ladies dos irmãos não aprovam que eu
receba um passe para dormir durante a noite no clube quando eu
queria, mas apenas porque elas não podem ficar durante a noite.
Ciúme é uma merda.
Bull é como um avô para mim e dói vê-lo no hospital na porta
da morte. O neto dele, Zane, assumiu o clube na sua ausência e,
embora eu ache que ele se sairá bem em seu lugar. Mas ele nunca
será Bull.
— Oh meu Deus, bem ali, Saint! Não pare! Ecoa através das
paredes, o som da cabeceira batendo contra a minha parede.
Prendendo a respiração, minha cabeça lentamente vira para a
direita. — Sim! Sim! Bem aí, papai!
Eu bufo. — Sério! Papai? Um gosto amargo enche minha boca
pensando em Saint com uma garota aleatória. Ela nem conhece
Saint, e certamente não tem a conexão que ele e eu temos. Eu
posso entrar em uma sala e meu corpo instantaneamente sabe que
ele está perto. Se eu não tivesse tantos problemas com o papai e
precisasse da atenção dos homens para apagar minhas
inseguranças, eu poderia estar com alguém como ele.
Ugh. Arrastando meu corpo pela cama, rolo de bruços, abro a
gaveta da mesa de cabeceira e agarro o iPod que tenho usado todas
as noites. Eu não sei de quem é, mas quem é o dono do site põe
muito dinheiro nele, há toneladas de músicas. Eu o ouço há alguns
anos e não achei nenhum problema na playlist.
Enfiando os fones nos meus ouvidos, ligo a maldita coisa e
fecho os olhos.
"Love Lies", de Khalid e Normani Kordei, afoga o êxtase de
Saint e seu sabor pela noite. Minhas próprias visões de dança no
clube com homens estranhos e muitas fotos para contar, me
puxando para a escuridão da noite.
O cheiro de café lentamente me acorda de um sono. O único
travesseiro se chocou contra o lado do meu rosto, e cobertores
emaranhados em volta da minha cintura me fazendo suar
desconfortavelmente, eu começo a chutar tudo de mim. Minha
cabeça dói e minha boca está seca como o deserto. Sentando, puxo
os fones de ouvido e enfio o iPod de volta na gaveta.
Bebi demais na noite passada. Eu me sinto uma merda.
Escovando meu cabelo emaranhado do meu rosto, suspiro e penso
no que preciso fazer hoje. Eu não tenho trabalho e não tenho
planos com as meninas.
Ver Bull. Eu não o vejo há um dia ou dois, e isso me
incomoda.
Forçando-me a sair da cama, pego algumas roupas da minha
mochila que guardei no armário e tomo um banho. Gosto da água
quente, por isso viro a torneira o máximo possível, é como se
estivesse lavando as travessuras da noite e me dando um novo
começo para um novo dia. Minha pele pálida fica vermelha, tão rosa
que você mal consegue ver as sardas espalhadas pelo meu peito.
Saindo, eu seco com as toalhas que trouxe de casa. Elas são
novas, de uma cor e não parecem ter passado por um enxágue com
ácido. A porcaria com a qual eu estava secando antes tinha menos
material que minhas tiras.
Depois de me vestir e me sentir um pouco humana, deslizo a
alça para minha bolsa de camafeus por cima do ombro e abro a
porta do meu quarto.
Embora eu esteja muito confortável com minhas calças de
moletom capri, camafeu rosa delicado e chinelos, não é algo em que
costumo andar pela boate. É hora de eu ir para casa e reabastecer
minha bolsa.
Entrando na sala principal, Saint está sentado no bar com
uma caneca de café fumegante na frente dele. Ele está sem camisa
e sua pele cor de caramelo é perfeita e tatuada com perfeição. Ele
tem muitas tatuagens, mais do que eu pensava.
Ele me olha de lado quando eu deslizo no banquinho ao lado
dele. Finjo que não percebo e finjo um sorriso para Anahi, esposa
de Bull.
— Estamos com pouco café, uma xícara por pessoa hoje de
manhã até que eu consiga alguém para comprar, ela informa.
— A sério? Eu lamento. Preciso de pelo menos duas xícaras de
café para funcionar. Um para a minha ressaca e outro para
começar o meu dia.
— Um copo, ela reitera, segurando o dedo indicador. Os olhos
se estreitaram apenas em mim.
Eu daria a ela o inferno, mas ela parece uma merda hoje. O
cabelo preto dela é mais oleoso do que o normal, e eu tenho certeza
que ela usou aquele top preto e jeans ontem. Por outro lado, o
homem dela está deitado em um hospital no leito de morte. Quem a
culpa.
— Qualquer coisa, por favor.
Deslizando uma caneca branca de café para mim, ela a enche
até o topo. O copo tem um gato soprando chiclete, é o meu copo
favorito. Fico com minha boca cheia de água, desesperada para
lavar o gosto velho de Crown. Colocando-o com as duas mãos, tomo
um grande gole. O líquido quente nem me incomoda mais.
— Deus sim! — Eu gemo. Anahi bufa ganhando minha
atenção. Meus olhos estreitam um pouco de pó debaixo do nariz
dela. É impressão? Não, é muito pálido para a pele dela. Cocaína?
Percebendo meu olhar, ela vira as costas para mim e funga.
Porra, ela está usando drogas? Quero dizer, não tenho espaço
para falar sobre uma cheirada ocasional, mas Bull sabe que sua
esposa está cheirando?
A TV acima do bar está desligada, o sol brilha através das
janelas do lado oposto da sala iluminando partículas de poeira
flutuando no ar. O sofá de couro e a mesa de café que já viu dias
melhores. Se você mover as revistas espalhadas pela mesa de café,
poderá ver os arranhões dos saltos de stripper dançando.
Cada peça de mobiliário neste lugar tem uma história.
— Como você dormiu? Uma voz sarcástica interrompe meus
pensamentos, eu me viro para quem está falando; Saint.
— Tudo bem, por quê?
Ele sorri por trás de sua xícara de café, obviamente querendo
que eu mostre como ouvi seu nome sendo gritando na noite
passada. Por um segundo, penso em zombar dela chamá-lo de
papai, mas decido não alimentar seu ego mais do que ontem à
noite. Eu tenho meus próprios problemas, mas apenas olhando os
olhos vazios de Saint, você pode dizer que ele também passou por
alguma merda. É por isso que é melhor nos enganarmos do que
tentar começar algo que nenhum de nós pode lidar.
— Prospecto! Todos nós pulamos de onde estávamos o tom
exigente nos surpreende. Saint olha por cima do ombro, eu
também. É meu padrasto, Lip, dando a Saint um olhar mortal.
Mesmo para a idade dele, meu padrasto é intimidador. São os
olhos, eles são tão ferozes que me fazem me contorcer até hoje.
— O FedEx está aqui com peças para abastecer a loja, vá
descarregá-lo. — Ele aponta para a garagem do lado de fora.
— Sim, senhor, responde Saint, escorregando do banquinho, o
jeans azul escorregando apenas o suficiente para dar uma olhada
em sua boxer preta. Bebendo meu café, não consigo tirar os olhos
da bunda dele.
Tentando esconder o sorriso presunçoso que puxa meus lábios
da proteção do meu padrasto, tomo outro gole do meu café. Eu
tenho que admitir, é bem engraçado como Lip fica fora de forma
quando um dos clientes em potencial fala comigo.
Esperando o café quente chamuscar minha boca, estou
decepcionado ao encontrar minha xícara vazia. Eu bebi tudo.
Merda.
Olho para a cafeteira vazia.
Merda.
Andando até mim, Lip coloca as mãos no balcão. — Quais são
seus planos para hoje?
— Hum... tentando pensar no que eu ia fazer, jogo o resto do
café de Saint na minha xícara e tomo um gole rápido. Mhmmm. Lá
vamos nós, agora eu posso pensar. — Indo ver Bull. Então trabalho
— eu finalmente digo a ele.
— Com quem você está trabalhando hoje? Ele levanta uma
sobrancelha, não totalmente emocionado com a carreira que tomei.
Sou modelo, tirando fotos um tanto arrogantes com motos ou
motoqueiros. Eu estava com o clube em um show de motos há
alguns anos e, quando admirava uma moto personalizada, fui
abordada por uma agência lá tirando fotos do evento para uma
revista. Foi assim que minha carreira decolou. Adoro o que faço, ter
as lentes em mim e o aço suave do poder entre minhas pernas faz
algo pela minha autoestima. Eu me sinto poderosa, exótica e
desejada. O que mais uma mulher pode pedir? Além de talvez
dinheiro, o que eu recebo também. No entanto, mesmo que meu
trabalho seja incrível, mais de uma vez, meu amor pelo estilo de
vida de uma entusiasta de motos deu aos homens a impressão de
que quero dormir com eles, e isso deixou minha família Devil's Dust
muito zangada.
— Apenas algumas fotos com uma Harley na concessionária.
Eu dou de ombros. Lip não diz nada, ele apenas me dá um olhar
silencioso me dizendo se eu tiver algum problema para não hesitar
em ligar para ele. Sorrio em resposta, sabendo que minha família
está nas minhas costas.
— Dê a Bull o seu melhor, humm?
Eu aceno quando ele se inclina e beija minha testa. Eu
conheci Lip pela primeira vez quando eu era criança. Eu estava
morando com meu pai em uma casa de merda, em um parque de
trailers, e uma noite Lip veio à minha casa e me levou para minha
mãe me dizendo que eu iria morar com eles a partir de agora, e
nunca vi meu verdadeiro pai de novo.
Anahi sai da cozinha e começa a conversar com Lip sobre
corridas e coisas do clube, então aproveito a oportunidade para me
esquivar antes que eles comecem a me pedir para entrar e fazer algo
por aqui. Empurrando minha bolsa por cima do ombro, começo a
sair.
— Piper, garota! Volte aqui com minha caneca! Mas não é
rápido o suficiente.
— Eu trago de volta! Eu minto, usando as costas, abro a porta
da frente no momento em que Saint entra.
O som de Anahi gritando me faz rir de mim mesma, passamos
por isso todas as manhãs. Ela deveria estar acostumada com isso
agora.
— Ei, onde diabos meu café foi? Saint rosna. Pego o ritmo do
meu carro, nervosa que ele venha atrás de mim, tomando o resto do
café de Saint antes de deslizar para o lado do motorista do meu
carro. Lip me comprou este carro quando eu tinha dezesseis anos.
Um Acura 2017 preto usado.
Empurrando minha bolsa no banco de trás, jogo a caneca
agora vazia no banco do passageiro, o barulho de cerâmica com os
outros quatro copos que tomei.
Eu realmente deveria trazer alguns desses de volta.
Amanhã.
Talvez.
6
PIPER

Dirigindo em meu bairro, eu paro em minha vaga de


estacionamento. Minha casa está atrás de mim. É um quadro.
Pequeno, mas perfeito para mim.

Saindo do meu carro para pegar minha mochila, vejo perto de


uma dúzia de moinhos de vento na frente do quintal, com algumas
flores recém-plantadas. Meus olhos lentamente se arrastando para
o quintal da minha vizinha Miss Skitty. Está com gnomos
assustadores com maus sorrisos, coloridos moinhos de vento,
pequenas flores e vermelho. Ela está sempre falando para mim
sobre como eu preciso para arrumar meu quintal em frente à casa,
acho que ela resolveu resolver o assunto por conta própria.
Alcançando através da janela do meu carro, eu pego minha
mochila e até as horríveis cores do arco-íris cata-ventos esvoaçantes
no vento do meu quintal. Ok, então eu não sou a melhor em
paisagismo. Eu joguei um pouco de frente e pensei que seria
suficiente.

Subindo os degraus da minha varanda, meu alimentador de


pássaros de um ônibus VW balança para frente e para trás quando
um pássaro se torna confortável. Eu sorrio. Veja, eu posso decorar.
Olhe para isso, é perfeito e adoramos.

Senhorita Skitty apenas gosta de exagerar, eu suponho que é


isso que a aposentadoria faz com você. Eu tenho que ficar mais
velha. Eu pulo um sapo sorridente em um vaso de flores e pego
minha chave para destrancar a casa.

Dentro, eu jogo minha mochila no chão e tiro meus chinelos.


Suspirando, eu vejo a bagunça da minha casa. Eu não sou muito
organizada. A vida é muito curta para ficar limpando, se você me
perguntar. O silêncio ensurdecedor faz com que um calafrio corra
ao longo das minhas costas. Eu odeio ficar sozinha. Porra, está
quente aqui. Eu nunca estou aqui ou tempo suficiente para limpar.
Eu também não deixo o ar condicionado ligado, é por isso que está
tão quente aqui dentro. Caminhando para a janela da sala para
abrir, meus joelhos colidem com a mesa de café, garrafas de cerveja
batem umas nas outras e caem. O cheiro de cerveja azeda enche
instantaneamente o ar.

— Merda! — Gritando de dor eu olho para o meu joelho, ele


está arranhado, mas não está sangrando, então eu pulo num pé só
e vou até a janela para abrir. Ar fresco da brisa sopra através das
cortinas e eu inalo o fresco ar. Girando em um pé, deslizo para
baixo para o chão, minhas costas contra o meu sofá floral.

Eu inspeciono meu joelho novamente, uma pele rasgada e


vermelha.

— Porra, isso realmente dói, — eu murmuro para mim mesmo,


minha mão segura meu joelho firmemente, como se você pudesse
espremer o dor. Soltando minha cabeça sobre a almofada gasta, e
olhando para cima no teto, a ansiedade de estar aqui por mim
mesmo começa um conjunto pesado sobre mim, e meu coração de
repente começa a acelerar. Eu não teria esse lugar se dependesse
mim. Estou dormindo no clube, mas quando eu me tornei maior de
idade e junto com Delilah saímos da casa dos nossos pais e
achamos este lugar. Delilah vive entre a casa de seus pais e aqui,
mas mais frequentemente ela está com seus pais ou Deus sabe
onde.
Levantando minha cabeça, a caixa marrom onde mantenho a
erva que fica sobre a mesa. Puxo para mim, puxo um baseado e
acendo. Inalando, a fumaça sussurra sua segurança e eu
instantaneamente relaxo.
Fumando, eu noto meu peixinho inchado e flutuando em sua
tigela em toda a vida. Merda, ele está morto.
Eu sou péssima com animais. De pé, olho para sua tigela,
sacudindo para ter certeza de que ele não está mexendo. A água
fedorenta escorre sobre, e ele permanece de cabeça para baixo.

Não. Ele está morto, ou o lodo branco que cobre seu corpo
deve ser um bom indicador.
Levando a tigela na mão, levo-o para a casa de banho e
derramo o conteúdo no banheiro antes de lava lá. Colocando a
tigela sobre o balcão, eu vou para o meu quarto. Minha cama de
cobertores e travesseiros brancos parece tão aconchegante, mas
está muito quente aqui para dormir.

Pego algumas roupas e calcinha limpa e vou pegar minha


bolsa. Coloquei a roupa suja na lavadora e embalei tudo para a
minha estadia no clube.
Fecho a janela, abro o ar, mas não o muito, e vou para o meu
carro. A morte do meu peixe me faz pensar em Bull. Eu preciso vê-
lo, ver como ele está. Eu vou lá e o vejo antes das minhas fotos
hoje.
7
SAINT

Sentados no bar do clube, os caras atrás de mim falam merda


sobre o que estão fazendo. Outros falando sobre Bull e o que eles
acham que acontecerá quando ele voltar. Eu vi Bull e me mata dizer
isso, mas ele não volta aqui como o homem que era antes. Ele
estará em uma cadeira de rodas ou, no mínimo, aleijado, e qualquer
homem que conheça a vida de andar de moto lhe dirá que prefere
morrer a nunca mais andar de novo.

As portas do clube se abrem e uma onda de perfume flutua


pelo clube, ultrapassando o cheiro de bebida, óleo e perfume
masculino.
— Ei, garotos! — Cherry sorri, entrando no lugar como se
fosse a dona. Não posso deixar de inspeciona– lá com meus olhos
passando por seus cabelos ruivos e corpo esbelto. Seu top
mostrando uma mecha de pele bronzeada da barriga e aqueles
shorts de tamanho suficiente para deixar qualquer homem louco.
Esfregando as mãos, rapidamente desvio os olhos antes de Lip
me pegar olhando. Piper se parece com sua mãe, mas mais
refinada. Tudo o que tenho a dizer é que a cereja não caiu muito
longe da árvore.
Balançando os quadris enquanto contorna o bar, ela sorri para
mim.
— Ei Saint, como está nessa manhã, querido?
Eu dou de ombros. É estranho ter as mulheres aqui durante o
dia, especialmente quando você vê o que acontece aqui quando o
sol se põe.
— Quem diabos é esse? A preocupação na voz de Bobby me fez
olhar para ele, antes de olhar pela janela da frente.
Uma grande caminhonete vermelha coberta de poeira
estaciona no pátio a porta do motorista abre e aparece o topo de um
chapéu de cowboy que pode ser visto com um homem de botas
saindo. O vento sopra, enviando partículas de terra balançando no
ar, assim como o homem levanta a cabeça e os familiares olhos
azuis se nivelam com os meus.
— É Big Chief! Murmuro, a confusão engrossa a minha voz.
— Quem? Pergunta Cherry, olhando pela janela com
curiosidade.
— O que ele está fazendo aqui? Zane pergunta por trás, me
assustando.
— Não sei, não falo com ele desde... Paro, Zane sabe a que
estou me referindo. Não converso com Big Chief desde a noite em
que matamos aquele motorista bêbado. Um calor insuportável se
espalha no meu peito, pensando no passado.
— Vamos ver o que ele quer, Zane sussurra, passando por nós
em pé e olhando boquiaberto antes de sair.
— Ele é realmente bonito, diz Cherry, com o rosto um pouco
perto da janela e com névoa nos olhos. Balanço a cabeça, uma
risada silenciosa pressionando meus lábios antes de seguir Zane.
Big Chief enfia as mãos nos bolsos da frente e noto um braço
coberto por uma manga de tatuagens, isso é novo. Ele está sem
camisa, o peito vermelho do sol e o jeans apertado como a última
vez que eu o vi.

— Bem, você não mudou nada. Ele sorri na minha direção,


aquele sotaque vibra tão forte quanto antes. Texas.
— Você mudou, encontrou uma calça mais apertada, eu
praticamente posso ver seu pau. Eu rio, fazendo Zane rir.
Big Chief olha para sua virilha. — Não, é apenas grande. Ele
pisca. — Faz isso em tudo que visto.
Balanço a cabeça. Foda arrogante. Humor à parte, não posso
deixar de me perguntar por que ele está aqui. É bom vê-lo, mas ele
vem com um passado que tento esquecer, mas não posso fugir.
Matamos o motorista bêbado, mas não diminuiu em nada a culpa
que sinto até hoje. Se eu estivesse com Tasha naquele dia, ela e
meu bebê ainda poderiam estar vivos.
— O que te traz aqui, Cowboy? Zane vai direto ao ponto
olhando no rosto de Big Chief.
— Me meti em alguma merda, preciso de um lugar para ficar.
Imaginei que você me devia. Seus olhos atingem os meus. Ele está
cobrando a noite em que me ajudou a me livrar de um corpo.
Zane olha por cima do ombro para mim e depois para Big
Chief. Nós devemos a ele, a força e a caminhonete de Big Chief
foram úteis naquela noite.
— Temos um quarto livre, vamos entrar e falar sobre esse
problema em que você está.
Se ele está falando sobre o quarto em que Piper está, a merda
vai bater no ventilador. Mais importante, porém, levanto minha
mão, impedindo Big Chief de dar outro passo.
— Pode colocar uma camisa, Hércules, se Lip ver sua Old Lady
babando por todo o seu peito como uma menina de escola com
sede, isso pode começar difícil para você. Lip não é o tipo de homem
que você quer do seu lado ruim, aprendi isso rapidamente, apenas
sorrindo para sua filha Piper.
Zane ri, esfregando o queixo com a mão esquerda. Ele sabe do
que estou falando.
Big Chief revira os olhos, sobe no degrau lateral de sua
caminhonete antes de mergulhar na janela e tirar uma camisa
vermelha do banco da frente. Tirando o chapéu, ele puxa por cima
da cabeça. As mangas são cortadas e caem até a cintura,
mostrando o peito e a barriga. Não cobre merda nenhuma.
— Eu acho que você perdeu a outra metade da sua camisa lá,
irmão. Aponto para a pele que mostra.
— Sim. — Ele ri, colocando o chapéu de volta.

Big Chief segue Zane e Shadow para dentro da capela uma vez
lá dentro. Cruzo os braços e fico junto à porta. Sendo apenas um
prospecto, não vou a reuniões, a menos que seja solicitado. Ainda
não ganhei meu Patch ou meu lugar para isso. Mas eu vou.
Zane sai pelas portas duplas e bate com os nós dos dedos na
madeira.
— Ei, você também. Entre aqui, ele diz
Agitando meu queixo com o polegar, entro e fecho as portas
atrás de mim.
— Então, em que tipo de problema você está? Shadow
pergunta, sentado à cabeceira da mesa, com as mãos juntas e
descansando sobre a mesa. Zane está no lugar do vice-presidente,
esperando que Big Chief responda. Eu decido ficar de pé.
— Bem, um dos Vaqueiros de Minnesota estava batendo na
sua esposa e em um de seus filhos. Dois dos meus filhos e eu
decidimos pagar um toureiro, fazer com que ele olhasse para o
outro lado quando o filho da puta saísse e ele fosse morto. Eu só
preciso me esconder um pouco. Ele encolhe os ombros.
— Droga, você pode fazer isso? Tipo, pagar as pessoas em
touradas? Eu pergunto com surpresa. Esses meninos brancos são
mais cruéis do que eu pensava.
— Oh sim, a merda fica um pouco suja no sul. Big Chief sorri
amplamente.
— Então novamente. Você colocou seu nariz onde não
pertencia?
Big Chief encolhe os ombros.
— Quando vi aquele garotinho de olho roxo, todo triste na
arquibancada. Decidi que estava na hora do filho da puta ter um
olho roxo, costela quebrada, talvez algo mais. Não pretendia que o
touro lhe batesse na bunda. Big Chief olha para mim com olhos
sérios. — Mas o que posso dizer, os animais sabem quando estão
diante do diabo.
A sala fica em silêncio, e Shadow coça a cabeça.
— Sim, eu entendi, ele fala. -Você pode ficar aqui um pouco
até que a merda de lá sopre. Mas, podemos precisar de ajuda por
aqui - Shadow pechincha.
— Sim claro. Use-me onde precisar de mim — concorda Big
Chief.
Shadow fica de pé, encerrando a reunião, e Zane e Big Chief
também.
— Eu não sei sobre você, mas eu preciso tomar uma cerveja!
Big Chief ri na minha direção.
— Você veio ao lugar certo, meu homem. — Eu rio, agarrando
seu punho e puxando-o para um abraço.
8
PIPER

Andando dentro do hospital, o cheiro me bate imediatamente.


Cheiros de comida e antisséptico. Os ladrilhos cinza ao longo do
chão estavam arranhados pelas macas sendo empurradas para
dentro, e as paredes brancas arranhavam dos dedos sujos do garoto
deslizando ao longo da tinta.
Entrando no elevador, é quente e abafado, o cheiro de óleo de
motor me fazendo adivinhar que não subo as escadas. Subo para o
quarto andar, as luzes piscando no elevador a cada andar que
passa, antes que as portas duplas se abrem.
Dou um aceno amigável à recepcionista, ela me viu várias
vezes e sabe para onde estou indo.
O ar frio bate na minha cara quando chego ao quarto de Bull.
As luzes estão apagadas, o único som a ser ouvido são as máquinas
respirando por ele, e todas as flores que as pessoas trouxeram estão
mortas e murchas, seu doce cheiro agora azedo. Meus lábios
franzem, me perguntando se devo jogá-las fora.
O rosto de Bull parece pálido, sua boca tapada e entreaberta
para encaixar o tubo na garganta e respirar por ele.
Inspiro uma respiração tentando controlar minhas emoções
enquanto passo para o lado dele. Ele está vestindo a camisola do
hospital que parece pequena, ele é tão corpulento
Descansando minha mão em seu ombro, um soluço assola
meu corpo, meus olhos se enchendo de lágrimas. É tão difícil ver
um homem tão forte tão... fraco. E se ele não voltar? Ou pior, e se
ele conseguir e nunca mais voltar a andar? Sua pele áspera dos
muitos passeios no sol implacável. Os nós de seus dedos roçaram e
cicatrizaram por defender suas cores. Ver Bull sentado ocioso e
assistir os outros montando, seria como tirar o rugido de um leão
selvagem.
— Oh Bull, eu sussurro. O homem que é praticamente meu
avô vive com tempo emprestado. O clube está agora nas mãos de
Zane e seu pai Shadow, mas o que isso significa exatamente? O
clube mudará ou permanecerá o mesmo? Quando penso no Devil’s
Dust, sinto-me segura e com uma sensação de nostalgia. Tantas
lembranças de crescer em torno de coisas que uma criança nunca
deve ver com outras crianças desajustadas como eu. Eu não
mudaria por nada, mas, como muitas coisas na vida, você não quer
mudar, está fora de suas mãos. Como as estações do ano. Um verão
tão vibrante e cheio de vida desaparece lentamente na cor opaca
dos marrons antes de sucumbir completamente às agitações
geladas do inverno. Onde as crianças dançavam descalças com os
lábios manchados de picolé, permanece isolado e vazio de qualquer
vida.
9
PIPER

Minha sessão de fotos foi adiada devido às nuvens, então eu


vou para o clube para ver o que todo mundo está fazendo. Não
posso voltar para minha casa, não sozinha. Não sei exatamente por
que ficar sozinha me assusta, mas sim. É como se eu estivesse
ocupada o tempo todo, ou perto de outras pessoas, isso me distraia
de reconhecer o trauma pelo qual passei. Estacionando meu carro,
entro e encontro um rosto desconhecido em pé junto ao bar com
uma bolsa debaixo do braço.
— Quem é? Eu pergunto sem rodeios.
— Este é o Big Chief, ele é do Texas, Saint o apresenta. Big
Chief parece que ele foi esculpido nos campos do Texas apenas para
mulheres aqui na Califórnia terem sua vez com ele.
— Eu sou Piper. Meu tom sai com mais glamour do que eu
pretendia, mas o homem é praticamente o material da capa do
álbum de música country. O que alguém pode esperar.
Um sorriso torto se encaixa em seu rosto beijado pelo sol, e ele
estende a mão para apertar. Colocando minha palma na dele, meu
corpo vibra com emoção. Seu aperto praticamente engole minha
mão. Ele também é forte. Provavelmente de transportar feno ou algo
assim.
— De qualquer forma, seu quarto é logo ali, Zane interrompe,
e eu largo minha mão quando percebo para onde ele está
apontando. Meu quarto.
— Uau, espera. Eu fico lá! Minha voz se eleva. Todos os
garotos do diabo me olham com as sobrancelhas levantadas. -Bull
disse que eu poderia ficar naquele quarto, pessoal, eu os lembro.
— Bem, isso foi antes de termos um convidado, e tenho
certeza de que Bull concordaria que os negócios dos clubes vêm
antes de suas aventuras bêbadas, Piper. Sons zombadores em
minha direção. Ele pensa que, por ser sexy, tem o direito de ser um
idiota. Ele não.
— Que? É. Meu. Quarto. Eu respiro pesadamente entre cada
palavra, meus olhos quase matando Big Chief onde ele está.
— Piper. O tom de Zane soa como um aviso, mas eu não
recuo. Eles não sabem por que eu preciso desse quarto, mas Bull
precisava, e ele me prometeu que eu poderia tê-lo sempre que
necessário. Para onde devo ir agora?
— Olha, que tal quando você quiser ficar lá, eu posso dormir
no chão ou algo assim, hein? A voz country do Big Chief tenta me
envolver e me seduzir, mas eu não vacilo. Eu sou o flerte por aqui e
todo mundo sabe disso.
Meu telefone toca no meu bolso de trás e aproveito a
oportunidade para me afastar dos caras e verificá-lo.
As filmagens estão de volta, eles mudaram para um estúdio.
— Tenho que trabalhar. — Solto um suspiro amargo, jogando
minha bolsa no bar, mantenho meus olhos em Big Chief. — Esse é
o meu quarto, afirmo mais uma vez. Eu vou lutar com ele por isso.
Não tenho medo de lutar contra um homem. Inferno sou conhecida
por ter uma mão direita pesada. Talvez seja hora de mostrar a esses
meninos que as mulheres são tão duras quanto eles são, se isso
significa que eu devo ficar no meu quarto.
Com um biquíni estampado com bandeira americana, eu viro
meu cabelo vermelho por cima do ombro e olho para a câmera. Uma
Harley cromada personalizada fica entre as minhas pernas, o metal
frio e fazendo meus mamilos se animarem por baixo da minha
blusa, eu mordo meu lábio inferior para obter efeito.
— Bem ali, linda, incentiva o fotógrafo. Ele continua falando,
mas estou fervendo tanto que não consigo ouvir nada além de meus
próprios pensamentos. Não gosto que minha rotina esteja sendo
fodida. Aquele quarto no clube era meu santuário à noite; meu
lugar seguro. Eles nem perguntaram, mas, novamente, o que eu
esperava? É um clube de motoqueiros, eu deveria estar agradecida
por ter sido autorizada a pisar lá. Mas é por isso que eu amo o
clube, eles não são como clubes normais. Eles não se importam
com as mulheres indo e vindo, desde que sigam as regras. Os
Devil’s são leais e implacáveis quando se trata de si mesmos.
— Piper!
Eu olho, encontrando o fotógrafo me olhando com um olhar
aguçado. Lombar é o nome dele. Ele é alto, mas você só o vê
curvado com a câmera tirando fotos ou sobre uma mesa olhando as
fotos que ele tirou. Seu cabelo castanho encaracolado e curto, e seu
rosto está barbeado. Em poucas palavras, ele tem uma aparência
nerd.
— Sim?
— Tente sorrir, sim? Ele sorri e percebo que estou fazendo
uma careta. Hoje não estou me sentindo focada para fotografias. Eu
me sinto fora. Talvez eu deva sair hoje à noite, tomar algumas
bebidas com o meu círculo, ou talvez Delilah.
Lombar percebe minha inquietação e fica ereto, a câmera
ainda em suas mãos.
— Acho que consegui fotos suficientes, querida. Por que você
não vai para o camarim, hein? Seus dedos clicam na câmera,
olhando as imagens.
Suspirando, desço da moto. Um ajudante de palco me entrega
uma toalha e a enrolo em volta de mim, indo para o vestiário para
me vestir.
Fechando a porta atrás de mim, deslizo meu telefone do balcão
e envio uma mensagem para Delilah.
— Quer tomar uma bebida hoje à noite? — P
— Você quer dizer que eu serei sua parceira enquanto você
arrasta um pobre filho da puta para pensar que ele tem uma
chance com você até você ficar entediado? — D
— Eu não faço isso. Apertando meus lábios, eu sei que
faço, faça isso embora. Isso me faz uma pessoa horrível?

Gemendo, eu largo minha cabeça para trás, me perguntando o


que diabos está errado comigo. Tenho problemas com o pai a ponto
de encontrar miséria em homens estranhos?
Meu telefone toca, fazendo com que meu queixo caia no meu
peito de uma maneira preguiçosa para ver o que Delilah escreveu.
— Sim, eu vou com você, vadia. Estou entediada até a
morte de qualquer maneira. Ver os outros sofrerem parece
divertido. — D
Rindo, digito — Ok. Sua resposta me faz sentir um pouco
melhor comigo mesma. Quero dizer, todo mundo tem seus próprios
demônios, eu apenas ostento os meus como o Diabo tocaria seus
chifres, enquanto outras pessoas tentam esconder suas falhas.

Uso batom vermelho, cabelos ruivos e levo os homens de


joelhos antes de eu dar as costas a eles. Eu sou viciada no jogo de
flertar, de ter controle. Sou quem sou e minhas cicatrizes não vão
desaparecer tão cedo, então fique ao meu lado ou atrás de mim, eu
digo.
10
SAINT

Do lado de fora do clube, sentado em um tijolo perdido, meus


joelhos estão dobrados com os cotovelos apoiados neles. Eu absorvo
os raios do sol. Talvez eu deva dar uma volta.
Big Chief me assusta de pé ao meu lado, encostado no clube
com as pernas cruzadas. Ele parece tão entediado quanto eu e
acabou de chegar aqui.
— Eu sugiro um pouco de boceta para ajudar a consertar sua
inquietação, mas todas as nossas gostosas se foram desde que Bull
foi internado. Luto e merda — afirmo. As meninas que andam pelo
clube e oferecem sua bunda para os membros é o que gostamos de
chamar de bundas doces.
Olhando para Big Chief, ele está digitando no telefone.
— Com quem você está falando? — Não posso deixar de ser
intrometido, me dê um maldito drama ou algo assim. Diga-me que
sua mãe está transando com seu irmão ou algo assim. Rad sai do
clube e olha para Big Chief com olhos aquecidos. Agora, aqui está
um drama, apenas essa merda acabará se tornando meu problema,
e eu não gosto disso. Rad não gosta de Big Chief, é óbvio. Por quê?
Não tenho certeza. Provavelmente porque Chief foi recebido de
braços abertos e não é tratado como um possível candidato.
— Amigo meu, ele é um segurança no Krypto. Ele quer que eu
vá, diz que há mulheres que vêm toda semana procurando alguma
diversão, explica Big Chief. Kyrpto, eu estive lá. Ótimo lugar para
pegar um pouco de bunda e diluir o álcool. Faz tempo que não saio.
Porque fico melhor com bocetas e bebidas aqui no clube. Bem, sim.

— Vamos lá! Fico de pé, querendo fazer algo além de me sentar


por aqui.
— Espere, eu pensei que você estava escondido, Big Chief? O
comportamento agressivo de Rad não passa despercebido. O cabelo
loiro escapa de seu rabo-de-cavalo com aparência de surfista, as
mãos tatuadas cruzando-se na frente do peito nu, enquanto ele
lança punhais em Big Chief para uma explicação.

— Estou, mas se eu quisesse sair completamente do mapa,


não teria chegado aqui, dispara Big Chief, as sobrancelhas
franzindo. Ele está percebendo a atitude de Rad.
— Sim, acho que você é um idiota tentando se consertar Rad
afirma, claramente não está feliz com isso.
Big Chief encolhe os ombros, o rosto vazio de carinho. -E se eu
for?
— Tudo bem, garotos fáceis, eu cortei a tensão e olho para Big
Chief, minha mão apontando para ele. -Seu amigo disse que
existem algumas mulheres? Eu esclareço.
Big Chief assente.

— Bom, vamos relaxar um pouco. O que você diz, Rad? Eu


dou um tapinha nas costas dele, encorajando-o a se acalmar e se
juntar a nós.
Ele não tira os olhos de Big Chief. -Sim claro. Vamos relaxar.
Seu tom condescendente.
— Você sabe andar de moto, cowboy? Eu aponto meu queixo
em direção à garagem. Eu nunca o vi andar de moto antes, mas se
ele estiver conosco, ele aprenderá.
Virando a cabeça para onde estou olhando, ele vê uma Harley
pintada de cinza, o corvo arrebatador que Delilah acabou de pintar
no tanque, parecendo muito bom. Ela realmente tem talento para
pintar motos, cara. Eu preciso que ela faça algo para a minha se
destacar.
— Sim, eu andei de moto uma ou duas vezes, diz ele,
caminhando até a Harley.
— Vai ter que tirar esse maldito chapéu feio para andar,
insulta Rad, passando por Big Chief e eu.
— Você tem um problema, Porra? — Chief já teve o suficiente e
está inchado como um maldito pavão pronto para lutar contra Rad.
Rad para, virando-se para encarar.
Eu passo entre eles, novamente.
— Vamos montar! Porra! Eles estão começando a me irritar.
Ambos respirando pesadamente, eles se afastam um do outro.
Rad vai até a moto e sai, sem se importar em esperar por nós. Que
porra é essa? Ele geralmente está alto demais para se importar com
nada, nunca o vi assim antes.
— Ele está certo, você sabe. Você não pode andar com esse
chapéu de cowboy. Eu aponto para isso.
Big Chief monta a moto, me ignorando, seus bíceps
flexionando enquanto ele a acelera. Ele olha para mim uma última
vez antes de dizer: — Observe-me.
11
PIPER

Então, você está comprando bebidas hoje à noite? — Delilah


pergunta, pulando em cima do balcão no banheiro feminino no
Club Krypto. Ela está vestindo jeans apertados e uma blusa branca
sem mangas que mostra seu sutiã preto. Ela é tão moleca que, se
não fosse por seus peitos e olhos bonitos, você pensaria que ela era
um menino à primeira vista.

Passando o batom vermelho ao longo do meu lábio inferior,


reviro os olhos com a suposição dela sobre comprar nossas bebidas
esta noite. Batendo meus lábios para uniformizar a cor, eu viro meu
cabelo por cima do ombro para aquele olhar de praia. Eu ajusto
minha blusa branca fora do ombro para que meu peito não saia e
puxo meu jeans rasgado e apertado um pouco mais para dar uma
ajustada mais apertada na minha bunda.

— Você é uma vagabunda, eu a cutuco. Ela está sempre tendo


outros comprando quando saem. Então, novamente, talvez se eu
vivesse mais como ela, não ficaria tão sem dinheiro.
— Imaginei que com todos os boquetes que você vai dar
naqueles saltos vermelhos esta noite, você poderia pagar isso — ela
dispara para trás, me fazendo rir. Vadia atrevida.
Posicionando meu quadril, mostro meu novo sapato esquerdo.
— Este não é um salto de prostituta!
Ela ri, pulando do balcão.
— Certo, assim como quando tínhamos doze anos, e você
tentou convencer a todos que o enchimento no seu sutiã era
realmente os seus peitos. Ela tem que me lembrar da merda
humilhante que eu fazia quando criança, porque se não, quem
faria.

Cutucando-a no peito, ela grita e cobre o peito, o rosto em


choque. Ela não deve se surpreender demais, ela sabe que eu me
importo quando as pessoas me aborrecem.

— Vamos beber um pouco e dançar. — Passando por ela, de


repente me para.
— Espere, eu preciso lhe dizer uma coisa.

Franzo a testa, ela parece séria. Como, mais do que o habitual.


— OK. Dou um passo para trás, minha sobrancelha direita
arqueada com preocupação.
— Então, a sede na Geórgia quer que eu trabalhe para eles
retocando moto.
Eu dou de ombros. — E daí? Não estou surpresa, Delilah é a
melhor artista que já vi.
— Então, eu estou me mudando. Eu aceitei. Ela implora por
mais uma reação minha. Meu estômago cai e minha boca
instantaneamente fica seca. Seu movimento nunca passou pela
minha cabeça. Ela não pode me deixar!
— Você não pode me deixar! Minhas palavras ecoam pelo
banheiro, eu grito tão alto.
— Eu posso, e eu vou. — Ela ri. Por favor, me apoie. Eu
preciso disso. O gemido de Delilah é um som que nunca ouvi antes.
Eu não gosto disso Isso me lembra de um filme em que o urso mau
que mata tudo finalmente se machuca e está chorando de dor. Você
não pode deixar de se sentir mal por isso e quer que toda a dor
pare.

— O que seus pais pensam? Espera, meu Deus, e o Zane? Ele


vai dar o fora! Meus olhos se arregalam. Zane tem sido o super
protetor de Delilah desde o início dos tempos. Quando eu
costumava ficar louca ou com Zane, fiquei com ciúmes de quanto
ele se importava com Dalila.
— Eu ainda não contei a mais ninguém, ela murmura.
— Isso vai acabar tão bem. Não consigo esconder o sarcasmo
na minha voz. Estou ferida. Ela não pode me deixar. Ela é minha
parceira no crime.
— Será uma tempestade de merda, eu sei. — Uma risada
silenciosa balança seu peito. —Eu gostaria de poder levar todo
mundo comigo, ela murmura. — Ainda tenho tempo para pensar
sobre isso, mas algo dentro de mim está me dizendo que eu deveria
ir para a Geórgia, Piper. Sinto como se não pudesse crescer aqui.
Não posso me tornar membro do clube e, tudo o que faço, tenho
meu pai ou meu irmão Zane por cima do ombro, continua ela.
Concordo, entendendo de onde ela está vindo. Zane está
sempre causando em sua vida amorosa, e seus pais estão sempre
querendo que ela faça algo com a vida que eles inventaram.
— Talvez eu vá com você, murmuro, e seus olhos se iluminam.
— Sim? Ela ri.
— Talvez, não haja nada aqui para mim. Eu rio, empurrando a
porta do banheiro e entro na atmosfera despreocupada que me dá
uma sensação de controle. Mas quem eu estou brincando? Eu não
posso ir a lugar nenhum com Delilah. Meu santuário para minhas
inseguranças é o clube.

As luzes estroboscópicas e a música batendo. O ar abafado e o


mar das pessoas. Todos eles reinam para mim enquanto eu ando
pelo clube, virando a cabeça. Eu digo quem me compra uma bebida
hoje à noite, eu digo quem dança comigo e digo quando saio.
Sem regras, sem expectativas, sem julgamento. Todo mundo
está aqui pelo mesmo motivo.
Esquecer.
Seja o dia de merda no trabalho que eles tiveram, o outro
motivo torcendo as cordas de seu coração, ou tentando se apegar a
uma memória que os fez felizes naquela época, todos chegamos a
um lugar como esse para beber.

Falando em bebidas.
Inclinando-me no balcão preto, aceno para a barman. Ela
parece nova, mas certamente não pode estragar algumas fotos.
Eu levanto quatro dedos e grito: — Quatro doses de tequila! -
Ela concorda e alinha os copos antes de derramar líquido claro
neles.
Delilah está ao meu lado, batendo com as unhas pintadas de
preto no balcão.
— Você ligou para Addy? Eu grito com a música. Addie é
nossa outra parte do nosso círculo, mas ela tem sido MIA
recentemente.
Os olhos de Delilah se reviram antes que ela se incline para
mim.
— Sim, ela está saindo com Zane hoje à noite.
— Ugh, desde que esses dois começaram a se ver, é como se
eles fossem tão domesticados ou algo assim. Não que Addie fosse
sempre a uma festa, mas ainda assim. Nós quase não os vemos
mais fora do clube.
Virando as costas para o bar, olho para a multidão. As
pessoas dançam, moem e riem umas com as outras. O mar das
pessoas se move ao ritmo de "Wow", de Post Malone... exceto por
um cara no meio da multidão. Parado, ele me olha como um falcão
espiando presas de longe. Ele tem cabelos castanhos e ondulados
que ficam logo acima dos olhos ardentes. Uma mandíbula forte e
lábios proeminentes.
Mordendo meu lábio inferior, fico curiosa para saber como
resto dele se parece.
— Aqui vamos nós, tudo bem. Vou me misturar, não me
meterei em problemas, Delilah grita no meu ouvido, sabendo que
estou de olho em alguém. Eu aceno, afastando-a.
Eu atravesso a multidão, e o estranho sexy empurra a parede
para me cumprimentar. Finalmente perto o suficiente para vê-lo,
noto uma espécie de comportamento insensível sobre ele. Algo forte
e poderoso brilha em seu rosto. De pé no meio dos corpos em
movimento, eu seguro minha mão.
— Eu sou Piper.
Ele sorri, seus dentes brancos e retos fazendo-o parecer quase
um vilão. Segurando meu queixo com os dedos firmes, ele
lentamente vira minha cabeça e se inclina para mim.
— Eu sou Pike, — ele sussurra no meu ouvido, o inchaço dos
lábios inferiores roçando ao longo da concha do meu ouvido.
Arrepios correm entre meu pescoço e clavícula pelo contato.
Ele é gostoso, mas há algo assustador nele. Percebo que
minhas inseguranças provavelmente estão se projetando mais do
que qualquer coisa agora e empurro o pensamento para longe.
Quero dizer, o cara é gostoso! Virando as costas para ele, começo a
me afastar dele como se não estivesse interessada, ele envolve um
braço em volta da minha cintura, me puxando de volta para ele. É o
truque mais antigo do livro, aja como se você tivesse coisas
melhores para fazer e elas venham atrás de você.
Formigamentos correm pelos meus membros que ele
realmente me quer. De todas as garotas do clube, ele está se
esforçando para garantir que eu seja a pessoa que está na presença
dele hoje à noite.
— Você acabou de chegar aqui, para onde pensa que está
indo? O estrondo baixo da voz dele me fez enrolar os dedos dos pés
nos calcanhares. Deus, ele é tanto homem que eu mal posso lidar
com isso. Rindo paquerando, eu balanço meus quadris para frente
e para trás, permitindo que minha linguagem corporal faça a
conversa. Olhando por cima do ombro para ele, não posso deixar de
passar a língua pelo lábio inferior. Ele é delicioso.
Ele se junta, girando os quadris por trás. Meu corpo se
encaixa perfeitamente no dele e, pela primeira vez durante todo o
dia, me sinto desejada. Eu me sinto bonita e necessária. Como se o
pensamento de eu não ser quebrada e normal por um segundo
pudesse ser uma realidade. Eu poderia ser uma namorada. Vestir
as camisas de Pike na cama e acordar com ele me arrebatando de
manhã cedo.
Até abrir os olhos e perceber que ainda sou fodida, Piper. A
culpa começa a encher meu peito, e eu acho que está provocando
Pike. Se ele me conhecesse, tudo sobre mim, ele nem sequer
dançaria comigo. Estou danificada. Afastando-me dele, aponto para
o bar, encorajando-o a se juntar a mim. Eu preciso de mais bebida.
Ele sorri e pega minha mão. Pike no reboque, chegamos ao bar
e eu me viro em seus braços.
— Eu preciso de uma bebida. Eu sorrio, mas não é real.
Minhas inseguranças estão me consumindo mais rápido do que eu
posso beber.
— Sim, o que você quer? Ele pergunta, olhando para mim. Ele
acha que vai ter sorte esta noite. Ele vai? Eu irei até o fim com ele?
Quero dizer, ele é realmente fofo, mas todos os caras que escolho
são. Eu poderia usar alguém para amar a noite. Ter os braços de
um homem ao meu redor hoje à noite, em vez do cheiro do clube...
seria bom.
O barman atende seu pedido e sua atenção está voltada para
mim.
— Você é daqui? Ele tenta uma conversa leve, mas nós dois
sabemos que ele não se importa de onde eu sou. Há algo de errado
esta noite. Eu não estou sentindo esse cara, ou nem devia estar
neste clube. — Oh, eu vejo como é. Ele ri sua mão subindo para
esfregar um pouco da nuca escura ao redor do queixo.
— Só estou dizendo, você realmente se importa? Eu sorrio de
verdade desta vez. Antes que ele responda, nos entregam duas
doses de líquido âmbar. O que é bem a tempo, porque coragem
líquida é exatamente o que eu vou precisar se quiser que esta noite
vá a qualquer lugar.
— Você pode beber uísque?" Seu tom se misturou com um
desafio. Ele vê essa pequena mulher de salto, pensando que não
posso beber uísque. Eu o abro sem vacilar. Jack Daniels.
Crescendo com o Devil’s Dust, você aprende a beber uísque. O
que posso dizer…

— Uau, estou impressionado. Assentindo, ele bebe o dele. A


música muda para "Bad Guy", de Billie Eilish. Deus, eu amo essa
música. Isso me faz sentir tão ... mal. Com os olhos semicerrados,
olho para Pike e decido que vou descobrir como esse homem tem
gosto esta noite. Foda-se meus sentimentos, eles nunca fizeram
nada que valha a pena levantar minha cabeça um pouco mais alto
no dia seguinte, agora eles fizeram?
Deslizando minha palma pela nuca forte, eu o puxo para
mim. Ele não hesita. Nossos lábios travam e antes que eu tenha a
chance, ele está girando sua língua com a minha. Ele é forte ao
meu alcance, como se eu estivesse beijando um soldado.
Ele gosta de Jack, é claro. Mas há algo doce persistente na
ponta da língua. Sua mão desliza para as minhas costas, antes de
lentamente tentar deslizar um pouco mais. Minhas nádegas fazem
cócegas com antecipação. Ele será gentil ou duro quando me
agarrar?

Seus dedos flexionam cada nádega antes que um aperto forte


reivindique os dois, seus dedos apenas a centímetros do meu calor
escorregadio.

Ele quer jogar, então vamos jogar.

Agarrando seu queixo, eu aperto antes de empurrá-lo para


fora de mim. Ele morde o lábio inferior, seus olhos ficando
perturbados com a minha provocação. Não consigo deixar de rir
antes de me afastar dele. Indo para o banheiro para me refrescar,
de repente sou empurrada por trás. Minha cabeça batendo na porta
do banheiro. Meu corpo esfria instantaneamente.
— Porra! Eu não pareço quem acabou de me encontrar, eu viro
com o punho balançando, mas está preso. Por Pike.
— Estou começando a pensar que você está apenas brincando
comigo. Ele ri, meu punho preso dentro dele.

— Você fez eu fazer bater minha cabeça, seu idiota! Tentando


puxar meu punho dele, o álcool da noite decide correr seu calor
pelas minhas veias. — Nós não estamos fazendo nada juntos, agora
não, porra... Eu luto em seu domínio, ficando cada vez mais irritada
a cada segundo.
— Oh não, você não, sua pequena provocadora. Soltando
minha mão, ele me agarra pelos quadris e me cutuca com seu
tesão. Veja o que você fez comigo. Agora melhore. Ele rosna.

Gostaria de dizer que é a primeira vez que me envolvo nessa


situação, mas não é. Minhas inseguranças e necessidade de sentir-
me querida levaram muitos homens excitados ao seu ponto mais
fraco. Como acabei de fazer com Pike.
SAINT

Parando no clube, Rad está encostado em sua moto esperando


por nós, fumando um baseado. Ao desligar o motor, olhando para
Big Chief estacionando ao meu lado, ficaria muito maldito se ele
ainda não estivesse com o chapéu de cowboy. Como diabos ele
manteve isso em sua cabeça e me acompanhou?

Colocando minha moto em seu suporte, Big Chief faz o


mesmo.
— Estou realmente começando a não gostar daquele cara,
rosna Big Chief. — Qual é o problema dele?
Eu dou de ombros, não tenho certeza.
— Demoraram, Rad se irrita. — Bem, se você não fugisse como
uma garota do colegial irritada, não teria que esperar por nós, eu
assobio, terminando com o que está acontecendo entre eles.
— Você conhece Big Chief ou algo assim, o que diabos está
acontecendo?
Rad olha para ele.
— Nada, eu simplesmente não entendo por que todo o clube
está se levantando quando temos que ganhar o nosso caminho por
aqui, explica Rad.
Está tudo claro agora. Rad não estava por perto quando Big
Chief, Zane e eu tivemos nossa pequena igreja.
— Ele ganhou a confiança antes de você, é tudo o que você
precisa saber, cara. Passando por Rad, terminado a conversa, eu o
ouço zombar.

Aproximando-se do clube, um grande homem de pele escura


está em frente ao clube cantando a música tocando lá dentro. Como
diabos Big Chief e esse cara se conheceram? Na verdade, pense
nisso. Big Chief perto de um clube deve ser a maior questão da
hora. Sua bunda do campo parece que ele pertence a um campo
com milho, não a um clube de dança. Há muito sobre esse cara que
eu não conheço, talvez eu devesse ser mais como Rad e começar a
fazer perguntas.

— Big Chief! O segurança grita, com um grande sorriso no


rosto enquanto envolve Chief em um abraço. — Faz muito tempo,
irmão!
— Ei, Chocho. E aí cara? Big Chief pergunta.
— Ah você sabe. Trabalhando. Ele encolhe os ombros. Big
Chief olha por cima do ombro para nós. — São Saint e Rad, ele
apresenta. Chocho aperta as minhas e as mãos de Rad, seus dedos
parecendo salsichas contra as minhas, ele é tão robusto.

— Entre meninos, deixe-me! Ele se vira, acenando com a mão


para nós o seguirmos para dentro.
As luzes balançam pelo prédio, fazendo você se sentir como se
estivesse andando como um robô. A música é alta e o local está
lotado. Eu não venho aqui a muito tempo.
Subimos algumas escadas à esquerda, dando-nos uma visão
de todo o lugar.
— Há Kelly, ela é uma aberração. Ela não vai dizer não a
ninguém. Chocho ri, apontando uma garota loira de rabo de cavalo
dançando no bar à extrema esquerda. Ela age como se fosse dona
do lugar. Sua saia azul jeans mal cobria seus lugares mais íntimos.
Porra, ela tem algumas pernas nela.

— Aqui temos Yazzy, ela é uma puta, mas selvagem. Chocho


esfrega as mãos, rindo de si mesmo. Yazzy parece ser mexicana e
está além do que posso ver. Eu gosto de pequenas baixinhas. Eles
são incríveis na cama.
Nós vamos para a esquerda subindo as escadas de um par,
dando-nos uma visão de todo o lugar.
— Por fim, temos Piper, ela é gosta de uma noite infernal, mas
não uma coisa certa. Se arrisquem, irmãos. Meus olhos seguem
para onde ele está apontando e com certeza é Piper. Nossa Piper
está no bar com um cara pressionando contra ela. O olhar em seu
rosto é assassino, como se ela pudesse realmente comer o filho da
puta vivo.
— Não é? Big Chief a reconhece. Eu olho para ele.

— Espere então você quer me dizer que a garota está aqui


muito tempo e gosta de brincar? Esclareço, apontando para Piper.
— Sim, quer que eu a apresente? Chocho pergunta.
— Não. Nós três dizemos em uníssono. Seu pai, Lip, vai botar
merda fora, se ele soubesse que tipo de reputação Piper tem por
aqui. Talvez eu deva ir até lá e arrastar sua bunda para fora daqui,
dar um pouco de respeito nessa boquinha sexy dela.
— Vamos brincar. Big Chief ri, indo para uma das meninas
que Chocho apontou, Rad fazendo o mesmo.
Eu decido ficar onde estou. Não posso deixar de assistir Piper
e quem quer que seja com esse cara. Inclinando-me no parapeito,
me inclino e descanso meus braços nele. Eu vim aqui para me
soltar, para não ser uma babá. Jesus
Passando as mãos pelo rosto, olho para Piper apenas para
encontrá-la e o homem.
Levanto-me e ando um pouco mais no corrimão para ver o
corredor escuro ao redor do bar.
Vejo saltos agitados no chão e sapatos plantados firmemente
na frente deles.
Meu estomago aperta, bandeiras vermelhas disparam na
minha cabeça que algo está errado.
Agarrando o corrimão, pulo por cima e encontro o cara
segurando Piper contra a porta do banheiro.
Empurrando as pessoas para fora do caminho, eu chego a ela
em segundos e jogo meu punho na cara do cara. Minhas juntas
estalam quando entram em contato com o cara.
Piper grita, saindo do caminho.
Pairando sobre o homem, ele sorri com um sorriso sangrento.
Agarrando-o pela camisa, puxo sua cabeça do chão e começo a
soca-lo com meu punho. Repetidamente. As pessoas ao nosso redor
gritam, e antes que eu perceba, Big Chief e Rad estão ao meu lado
me ajudando a chutar a bunda desse cara. Eles nem sabem por que
estou batendo nele, eles não precisam. Eles têm minhas costas, não
importa o quê.
— Bem! Bem! A voz de Chocho vem de trás, puxando eu e
meus meninos desse pedaço de merda. Sem fôlego, fico, sinto toda
minha raiva. O homem está sangrando pelo nariz, boca e um dos
olhos está completamente ferrado pela bota do Big Chief

— Caramba, pessoal, isso vai atrair a polícia. É melhor vocês


saírem daqui — Chocho nos adverte. Flexionando minhas
articulações doloridas, olho na direção de Piper.
— Vamos lá, exaspero. Seus olhos saltam para os meus antes
de fazer uma careta.
— Estou bem, Saint! O tom de voz dela tira toda merda de
mim e eu fico cara a cara com ela.
— Você está bem? Mesmo? É por isso que você está a
segundos de ter seu nome riscado no banheiro por um bom tempo?
Sua boca cai, e uma picada floresce no meu rosto por ela me
dar um tapa.
— Piper! Você está bem?
Olhando por cima do ombro, encontro Delilah, encarando a
cena com os olhos arregalados.
— Pegue ela, instruo Big Chief. Sem dúvida, Chief puxa
Delilah por cima do ombro. Minha atenção voltada para Piper, eu a
agarro pela cintura e a jogo por cima do ombro.
— Vamos lá! Piper grita, seus cabelos balançando para frente
e para trás enquanto eu atravesso a multidão logo atrás de Big
Chief, que está sendo golpeado nas costas por Delilah.
— Juro por Deus, vou chutar sua bunda quando você me
colocar no chão! Piper ameaça, eu riria, mas essas putas
arruinaram minha noite fora.
Uma vez fora e no estacionamento, eu coloco Piper no
chão. Seu cabelo selvagem está em toda parte, e seu rosto se
estreitou com raiva.
—Quem você pensa que é? Ela está na minha cara, me
cutucando no peito. É engraçado, a maioria das meninas ficaria
intimidada por mim, mas não por ela. Ela está pronta para gritar na
minha bunda. É fofo.
— Cale a boca e suba na moto, Piper.
Ela para e olha para a minha moto.
— Não ela simplesmente responde.— Delilah dirigiu, eu vou
para casa com ela.
Olhando para Delilah, que agora está nas costas de Big Chief,
como um macaco-aranha, dando um tapa nele quando ele entra em
círculos tentando arrancá-la dele, eu diria que Delilah está com as
mãos cheias.

— Acho que esse cheiro de álcool não é perfume, e serei


amaldiçoado antes de deixar qualquer uma de vocês dirigir
enquanto bebe. Então você ou coloca seu traseiro apertado na
traseira da minha moto, ou eu posso pedir que seus pais venham
buscá-las. Não deixo espaço para negociação. É assim que vai ser.

Os olhos de Piper apertam com raiva. Delilah deve ter me


ouvido porque seus dois pés estão agora plantados no asfalto e sua
atenção está em mim.
— Apenas sentem na traseira da moto garotas,
implora Rad , fazendo drama.
— Foda-se! Delilah, mas ela não está espancando ninguém,
então é um começo.
— Foi o que eu pensei, murmuro, montando minha moto, o
som de sirenes ao redor do quarteirão ficando mais alto a cada
segundo.
— Vá se foder. Piper rosna antes que mãos pequenas apertem
meu Patch, sua perna levantando sobre o encosto do meu assento
antes que ela se coloque logo atrás de mim.
Ela cheira muito bem. Uma tempestade de almíscar e âmbar
com tons de maçã dançam em volta dos meus sentidos, fazendo
meu pau duro como sempre.
— Você faria melhor cuidando do seu próprio negócio, ela
assobia.
Eu não respondo. Um homem forte defende a si próprio, mas
um homem mais forte defende os outros, e olhando para Piper,
posso dizer que nenhum homem fraco pode ama-la. Ela é muito
corajosa, e ele não saberia o que fazer com ela.

— Você deveria ter um gosto melhor para homens, eu digo.


— Ah, você quer dizer como você, Saint?
Mordendo meu lábio inferior, planto minhas botas no chão e
olho para ela por cima do ombro.
— Baby, quando você sente o gosto de um homem de verdade,
esse mundo de fantasia em que você vive nunca mais será o
mesmo.
Sua garganta palpita quando ela engole essa informação, e eu
sei que acabei de dizer uma merda suave, então deixo assim.
Sacudo o meu olhar sobre a Big Chief, ele tem uma Delilah
puta sentada atrás dele. O olhar em seu rosto lembrava o de uma
criança comendo algo azedo. Eu aceno para ele e lidero o caminho
de volta para o clube.

Finalmente chegando no clube, eu paro minha moto, e Piper


está balançando as pernas fora do assento antes mesmo de eu ter
tempo coloca lá no suporte.

— Ei! Eu grito com ela, mas ela não para. Balançando sua
bunda, seus braços como um modelo em uma pista.
Corro até ela, eu a puxo pelo cotovelo, girando-a.
— Parada, Porra! Eu cerro os dentes cerrados.
— Que porra você quer?
— Você tem o hábito de provocar os homens, colocando-se em
perigo assim? Minhas sobrancelhas franzem de preocupação. O
jeito que ela estava provocando aquele homem e um segundo depois
o rejeita como um monte de merda deixaria alguém furioso.
— Não pense que você sabe alguma coisa sobre mim, Saint!
— ela assobia.
Inclinando a cabeça para trás, a raiva correndo pelas veias do
meu pescoço, eu bato na ponta do meu nariz, olhando-a com
desdém.
— Mas eu te conheço, provavelmente melhor do que você,
menina.— Sim, está certo. Eu vejo você, e você me vê te
olhando. Não aja com timidez.
Ela bufa e começa a voltar para o clube. Eu quero sufocá-la,
exigir saber por que ela está fazendo isso consigo mesma todas as
noites. Brincando com fogo nas mãos de homens que são fogo.

Um Mustang preto chega ao clube, os faróis brilhando sobre


todos nós.
— Quem diabos é esse? — Eu pergunto aos meninos.
— Ah, convidei as mulheres para cá —, explica Rad. As portas
do carro liso se abrem e uma mulher loira de tranças sai. Kelly,
acho que o nome dela era. Ela tem pernas longas, e peitos grandes
nela, eu poderia andar de barco com essa merda. Meu coração
palpita no meu pau pensando em tê-la sozinha esta noite.

— Ei, garotos! Yazzy aplaude, saindo de trás do volante. Ela é


baixa e fofa, seu cabelo escuro e sedoso e me implora para envolvê-
lo em minha mão enquanto eu a empurro por trás.

Olhando por cima do ombro, minha língua preguiçosamente


lambendo meu lábio inferior, olho para Piper. Seu rosto assume um
olhar estoico quando ela olha as meninas antes que seu olhar caia
sobre o meu.

— Vocês, garotinhas, entrem antes que papai venha procurar


por vocês, eu provoco.
Delilah mostra sua língua para mim, virando.
Pego meu pau e empurro meus quadris para ela. Eu a
foderia se ela quisesse o pau. Não tenho medo do pai de ninguém.

Eu sou um bastardo assim.


PIPER

Encostada no balcão da cozinha, o som de risadas sai da sala


principal. Minha mão agarra o copo de água que estou segurando
ainda mais. Gotas de condensação fria correm sobre meus dedos,
mas não faz nada para apagar o fogo dentro de mim. Estou além da
raiva pela maneira como Saint entrou lá agindo como se ele fosse
meu cavaleiro de armadura brilhante. Eu tinha controle da
situação, sabia o que estava fazendo. Ele estragou minha rotina e
agora me sinto sozinha entre inimigos sorridentes. A loucura que se
arrasta dentro de mim passa da dúvida para a certeza. Estou certa
de que sou inútil.
Fechando os olhos, tentando afastar a dúvida como se fosse
um cão agressivo latindo, sua corrente quase quebrando e pronta
para me comer inteira, tudo o que vejo é o rosto do meu pai. Sua
respiração ofegante, seus olhos arregalados e lábios se abriram em
êxtase.

— Foda-se isso, garota. Eu estou indo para casa. Delilah


avisa.
— Não me deixe, cadela. — Meus olhos se abrem, eu gostaria
de poder dizer a ela o que há de errado comigo. Eu gostaria que ela
fosse a cola do meu quebrantamento, mas ela não é. Então, dizer a
ela apenas a faria olhar para mim de maneira diferente.
Ela encolhe os ombros.
— Desculpa.

Inalando, jogo o copo na pia, fazendo-o quebrar.


Foda-se água, preciso de algo mais forte.
Seguindo Delilah para fora da cozinha, entro em uma sala de
fumaça, o cheiro de erva me fazendo querer um baseado. Ela me dá
um aceno fraco antes de abrir a porta do clube e sair.
Eu não posso acreditar que ela me deixou aqui sozinha com
esses filhos da puta.
Suspirando, eu me afasto da porta e noto uma cadeira sentada
sozinha sob a luz principal, Saint sentado nela com as pernas
abertas. Sua cabeça está enterrada nos seios nus de uma loira, a
fumaça rolando ao longo de seus mamilos enquanto ele passa a
língua sobre os botões de rosa. O resto do corpo está nu, a pele lisa
e com aspecto leitoso. Sua bunda redonda e a quantidade
perfeita. Seus olhos lentamente percorrem o ombro da vadia,
ficando cara a cara comigo. Algo dentro de mim aperta. Eu não
gosto do sentimento. Isso embota meu espírito, me fazendo sentir
uma insegurança neurótica.

A vadia começa a gemer mais alto, seus impulsos se tornando


rápidos. Saint dá uma tragada na junta e sopra a fumaça no
teto. Seu rosto fica duro, seu corpo tenso. Envolvendo um braço em
torno da vadia, sua boca cai como se ele tivesse acabado de entrar
nela. Seus olhos de bronze nunca deixando os meus.

O fogo irrompe dentro de mim, a dor lambendo todos os


membros e me queimando em um suor pesado.
Eu sinto com ciúmes. Minha mãe sempre me disse que ciúme
é o cheiro de traição como estar apaixonado. Isso gera
inseguranças, e minha xícara transborda com essa merda.
É exatamente isso que ele quer. Ele é um jogador, um maldito
coração partido. O sentimento relutante de querer provar a mim
mesmo me leva até ele antes que eu perceba. A maneira como seus
olhos se arregalam como discos confirma que estou fazendo a coisa
certa.
— Com licença! A vadia tenta se cobrir. Eu sorrio, — É um
pouco tarde para modéstia, não é, querida. Ainda assim, não posso
deixar de absorver seu corpo impecável. Ela é tão confiante, tão
perfeita com a barriga lisa e as coxas ossudas que me faz odiá-la
muito mais.
Minhas coxas são mais grossas e meu estômago não está nem
perto dos abdominais como o dela.

—Você quer pegar o pau do papai Saint, garota? — Ele sorri


na minha direção, batendo na bunda da mulher.

Pego o baseado dele, levando-a aos meus lábios e puxando


uma longa e profunda tragada antes de soprá-la em seu
rosto. Girando nos calcanhares, afasto-me, mas não antes
de tirar a garrafa de tequila do balcão do bar. Eu faria qualquer
coisa para ver seu rosto agora.

— Essa cadela! — A vadia grita, apenas me fazendo rir mais


quando vou para o meu quarto, bato a porta e a tranco. Parece que
o Cowboy Chief, ou seja, qual for o nome dele, estará dormindo no
sofá hoje à noite.
12
PIPER

A dor latejando na minha cabeça me acorda do meu


sono. Minha língua gruda no céu da minha boca, me fazendo
engasgar. Boca seca é um castigo dos deuses, eu juro. Jogando os
cobertores de cima de mim, tiro os fones de ouvido e me sento. A
música que estava tocando nos meus ouvidos, não um ruído
distante. Arrastando meus olhos para o espelho do outro lado da
sala, confirma que estou de fato uma bagunça quente esta
manhã. Meu cabelo está em toda parte, e meu rímel correu como
uma prostituta.

— Porra, nunca mais vou beber de novo. — Eu minto para


mim mesma, ficaria surpresa se não beber antes que o dia
acabe. Não tenho nenhum problema, só gosto de festejar. Meu sutiã
e calcinha marrons são a única coisa, um súbito calafrio do quarto
me faz procurar por minhas roupas. Por favor, deixe-me tê-los
levado fora aqui, e não em outro lugar
Empurrando os cobertores das minhas pernas nuas, saio da
cama para me esticar e encontrar meu vestido.

Um gemido baixo sacode minha garganta enquanto meus


músculos relaxam nas últimas cinco horas enroladas na terra dos
sonhos.

— Cala a boca. Alguém geme de dentro da montanha de


cobertores na cama. Ofegante, eu me viro, cobrindo meu corpo
seminu para encontrar o Big Chief se mexendo. Ele dormiu ao meu
lado a noite toda?

— Que porra você está fazendo aqui? Eu grito de pânico.


Olhando para mim com desdém, ele se senta, empurrando os
cobertores atrás das costas para cobrir sua a bunda. Oh meu Deus,
ele também está nu. Todo mundo vai pensar que dormimos juntos.
Suas costas são bronzeadas e delineadas com músculos
aperfeiçoados. Meu pescoço e peito de repente ficam suados. É uma
coisa boa que eu não sabia que ele estava dormindo ao meu lado
nu, tão bêbado quanto eu na noite passada.

— Onde mais eu deveria dormir? Diz com voz de sono.


— Uh, o sofá!
Ele zomba como se eu estivesse sendo ridícula, levantando-se
com o lençol enrolado na cintura.
— Não está acontecendo, ele informa, curvando-se para passar
a cueca que foi jogada ao acaso pelo quarto. Colocando um pé de
cada vez, ele não se coíbe de olhar para mim. A insegurança sobe
na minha garganta, fazendo-me cruzar os braços e me cobrir.

Ele joga o queixo para mim. — Eu


pensei que mulheres que usavam sutiã e calcinha combinando
eram um mito!?
Encontrando meu vestido, eu o puxo rapidamente sobre
minha cabeça, sacudindo meus quadris para me espremer na
maldita coisa. Um mito? Quero dizer, acho que em qualquer dia eu
visto o que estiver limpo e não me importo com a semântica se meu
sutiã combina com minha calcinha.

— Bem, qualquer mulher que planeja transar se prepara. —


Não posso evitar o flerte que escorre da minha voz quando
respondo, está começando a se tornar natural para mim.
— Bem, se eu soubesse que você está se preparando, eu teria
me movido. Sua voz dá um mergulho, uma que eu posso sentir todo
o caminho entre as minhas pernas.
Mas, independentemente do que os outros possam pensar de
mim, eu tenho algum autocontrole. Quero dizer, esse é o objetivo de
ligar, não é? Eu decido quando e quem eu transo?

Eu pisco para ele, meus lábios se curvando em um sorriso


malicioso. — Talvez da próxima vez, cowboy. Giro nos meus
calcanhares ao lado da cama e abro a porta para sair, mas paro
quando encontro Saint e Rad saindo dos quartos ao mesmo
tempo. Eles olham na minha direção, seus olhos caindo no Big
Chief atrás de mim, que ainda está se vestindo.

Revirando os olhos para o que essa cena deve ser, eu bato a


porta atrás de mim. Eu nem vou tentar me explicar,
ninguém vai acreditar em mim e eu não tenho ninguém para culpar
além de mim mesma. Eles dizem que são necessárias muitas
tentativas para construir uma boa reputação, mas apenas uma
jogada ruim para destruí-la.
Bem, o que acontece com a sua autoestima quando tudo o que
você faz é tomar más decisões?
Eu sou uma boa garota com caráter ruim.

O clube está cheio de membros originais nesta manhã, o


cheiro de ovos está ausente, mas o cheiro de erva daninha da noite
passada ainda está presente.
Meu padrasto, Lip, senta-se no bar, bebendo uma xícara de
café, olhando para a TV acima do bar.
— Ei. Eu me inclino para um beijo, e ele pressiona seus lábios
contra minha bochecha. — Onde está Anahi esta manhã? Eu
pergunto, ela está sempre fazendo o café da manhã dos meninos.

— Com Bull, ele não está indo muito bem esta manhã, Lip me
informa. Minhas sobrancelhas franzem, preocupação sucumbindo
ao meu peito como um torno repentino.

— Eu deveria ir vê-lo, murmuro.


Lip balança a cabeça, engolindo um gole de café quente. —
Não, deixe que ela tenha tempo com ele, ela precisa disso.
— Uau, deve ser muito ruim então. Um pedaço de mim pensa
em desobedecer sua sugestão e ir ver Bull de qualquer maneira. Eu
tenho que vê-lo antes que algo realmente ruim aconteça. Muitos dos
membros não sabem apenas o quão próximo Bull e eu tínhamos
nos tornado ao longo dos anos, então eu não espero que eles
entendam a minha necessidade de estar lá para ele como ele era
para mim.

Pegando minha bolsa atrás do balcão, pego meu telefone e


começo a procurar um Uber.
— Para onde você vai? O tom acusador de seu tom me faz
encará-lo. Ele sabe que eu não estou ouvindo, então é claro que ele
está fazendo perguntas.
— Meu carro está em casa e minha carona me deixou aqui,
então preciso encontrar um Uber para chegar em casa. Eu não
minto completamente.

— Que porra você é, isso não é seguro. Lip se vira e encontra


Saint, Rad, Zane e Big Chief, todos conversando no sofá.

— Um de vocês leva Piper para casa? Lip lança um olhar


estreito em meu caminho antes de continuar. — E verifique se ela
fica lá.
— Minha boca se abre. Delilah e Addie foram vigiadas por
alguns dos caras do clube uma vez ou outra, mas esta é a primeira
vez que Lip faz isso comigo.
— Não. Aponto para Lip, não deixando espaço para discussão
sobre o assunto, mas ele continua olhando para a frente como se eu
não tivesse rejeitado sua exigência ultrajante.
— Eu vou levá-la, oferece Big Chief. Balançando sua cabeça
em minha sua direção, não posso evitar que a grande inspiração
entre nas minhas narinas. Sexy Cowboy na minha casa, isso só vai
acabar de uma maneira. Então, novamente, talvez isso vai ensinar
Lip uma lição sobre mandando em mim como se eu fosse uma
criança.
— Não, isso não é uma boa ideia. Um Devil precisa levá-la
— Rad interrompe, fazendo uma careta com Big Chief.
— A sério? Vamos apenas fingir que não estou aqui de
pé? Jogando meus braços para fora, eu aceno com raiva.
— Saint, leve-a, Lip instrui com uma expiração profunda. Não
posso evitar o suspiro profundo que sai da minha
boca. Porra. Qualquer um menos ele, eu ainda estou chateado com
ele por estragar minha noite. Lip me dizendo o que fazer é uma
coisa, mas Saint. Não está acontecendo nada.

Terminada essa conversa, começo a caminhar para a frente do


clube.
— Parece bom, eu não tenho o que fazer. Saint corre atrás de
mim, seguindo o protocolo das obrigações de Prospecto. Faça o que
um membro do clube manda.

Uma vez lá fora, o calor fazendo minha pele suar


instantaneamente. Lançando meu cabelo sobre meu ombro para
permitir que um lado do meu pescoço para respirar, pego o
capacete da moto de Saint e começo a colocá-lo.

Saint está do outro lado da moto, olhando para mim.


— O que?
Ele lambe o lábio inferior, seus olhos subindo e descendo pelo
meu corpo.
— Você é tão bonita.
Eu fico instantaneamente séria. Do jeito que ele diz isso, como
se ele quisesse me agarrar de uma maneira que nenhum homem
em um bar me pegasse com cantadas baratas para entrar nas
minhas calcinhas. Suas palavras preenchendo todos os buracos
inseguros do meu corpo mostram o tipo de poder que a honestidade
de um homem real realmente tem.
— Estou com calor, vamos lá. Ignorando seus avanços, olho
para o outro lado, puxando um fio de cabelo que grudou nos meus
lábios. Nenhuma quantidade de arrogância ou poder pode consertar
o que foi feito comigo. Meu pai tirou meu valor, minha segurança e
confiança.
Mordendo o lábio e olhando para Saint, é como se uma
pequena voz dentro da minha cabeça estivesse dizendo... — Até
Saint aparecer. — Eu grito há anos e é como se ele fosse a primeira
pessoa que já me ouviu.

Andando para o meu lado da moto, ele se inclina para perto, o


cheiro dele de repente em todos os lugares.
— Por que você está jogando comigo? Humm?
Virando a cabeça em direção a ele, nossos rostos a centímetros
de distância, eu o encaro.
— Jogos? Eu não estou jogando!
— Humm, está certo? Ele joga a perna por cima da moto.— É
por isso que você dormiu com Big Chief e não comigo?
— Desculpe-me, mas acho que você teve suas mãos um pouco
cheias de vadias ontem à noite para me acusar de qualquer
coisa! Meu tom sarcástico revelando que estou com ciúmes.
Ele lambe os lábios, os olhos olhando para o chão antes de
olhar para mim.
— Enquanto ela estava chupando meu pau, eu sonhei que era
você em cima de mim. Seus olhos encapuzados atingem todos os
nervos do meu peito, meu coração zumbindo direto em seu charme.
— Por que você faria isso? Por que ele me disse isso?
— Porque eu sei que você sonhou comigo também.
Minha boca se abre, as palavras que eu quero dizer ficam
presas na minha garganta assim que ele liga o motor. Ele troveja
contra o chão e vibra meus pés.

Aturdida, subo atrás dele e enfio minhas garras em suas


costas duras. Eu sabia que todo mundo pensaria que eu dormi com
Big Chief, mas o que não consigo superar é o tom de ciúme na voz
de Saint, e como ele gostaria que fosse eu em cima dele ontem à
noite.
Isso pode ser bom e ruim. Ele é alguém que eu vejo todos
os dias, dormindo com ele e tentando manter isso apenas físico,
seria difícil. Por outro lado, ele é um playboy, não se comprometer
com nada seria ideal para ele.

Dirigindo para fora do pátio, ele vira à esquerda em direção a


minha casa. Uma súbita carranca puxa meus lábios, me
perguntando como ele sabe onde eu moro, mas então me ocorre que
Lip disse a ele.

A brisa varre meu pescoço e eu não posso deixar de


relaxar. Deus, eu gostaria de poder sentir isso todos os dias.
SAINT

Parando na casa de Piper, coloquei minha moto no suporte e a


deixei descer primeiro. O lugar dela parece sombrio comparado ao
lugar do vizinho. Por outro lado, Piper realmente não se parece com
o tipo de garota que cairia de joelhos e faria um jardim.

— Bem, esta é minha humilde morada. — Ela joga os braços


para fora, mostrando sua casinha.
Eu sorrio, seguindo-a até a porta da frente.

É um lugarzinho pitoresco. Um sofá floral com uma mesa de


café em frente. O balcão estava cheio de correspondência.
— Vou trocar de roupa rapidamente, sinta-se em casa.
Olhando por cima do ombro para mim, ela caminha por um
corredor escuro. O brilho em seus olhos me faz querer segui-la,
esfregar minhas mãos ao longo de sua pele de seda olhando para
trás, beijar seu pescoço e não fazer nada além dela o dia todo...
depois do que eu acabei de dizer a ela, pergunto-me se ela ficaria
apaixonada por isso. Mas o que eu vi esta manhã com ela e o Big
Chief, continua brincando em minha mente. Não dormi com aquela
garota ontem à noite, mas Piper brincou com Chief?

Tomando o lugar, encontro um aquário com acúmulo de


cálcio. Não há peixe lá dentro. Não há fotos dela e de sua família na
parede, nada que diga que esse é o lugar de Piper.

De fato, essa poderia ser a casa de um completo estranho.

— Então, você realmente não vai me deixar ir ver Bull hoje?


Eu me viro, encontrando Piper saindo pelo corredor
escuro. Ela tem uma blusa de malha com contas embaixo da linha
do sutiã, deslizando sobre a barriga. Porra, seus shorts poderiam
ficar mais curtos. Eu mordo meu lábio inferior querendo ver que cor
de calcinha ela está vestindo.

— Você realmente não vai, eu a informo. Ela zomba, sentando


no sofá. Eu posso dizer que não ver Bull está realmente a
incomodando. Mas me pediram para afastar a bundinha dela.
Parando atrás do sofá, eu agarro seus ombros...
— Por que não saímos, tiramos sua mente fora de Bull por um
tempo?

— Como aonde? Um clube? Ela olha por cima do ombro. —


Depois da noite passada, acho que vou passar.
— Cerrando os dentes, afasto minhas mãos dela com medo de
sacudi-la como se uma criança pudesse me dominar.

— Ainda não é meio-dia, então eu não estava pensando que as


baladas não eram realmente uma opção.
— Tanto faz, ela murmura, voltando-se.

— Vamos para a praia, querida. — Eu levanto meu queixo,


não sou realmente um homem do sol, mas se isso a ajudar... eu
irei. Além disso, eu sozinho com esta pequena está apenas fazendo
meu pau mais duro.

Virando-se para onde está sentada, com as pernas cruzadas


ao estilo indiano, ela olha para mim com os suaves olhos cinza.
— A praia?

— Sim. Chame Delilah e Addy, eu vou pegar os meninos e


nós vamos apenas relaxar para o dia, sabe?
— Mastigando o lábio, seus olhos olham para a esquerda,
pensativos.

— Quero dizer, acho que pode ser divertido. — Ela encolhe os


ombros. Eu posso dizer que ela não gosta muito e só concorda,
porque acha que eu quero ir.
Bato palmas uma vez.
— É um encontro, vamos lá.
PIPER

Ao descer da moto de Saint, pego o cobertor no momento em


que Delilah se aproxima e os meninos de moto aparecem. A gangue
inteira está aqui. Cara, já faz um tempo desde que todos nós
ficamos juntos assim. O barulho das ondas que atingem a praia faz
meus dedos se enrolarem, a necessidade de esmagar a areia é
intensa.

— Hey, cadelas! Delilah bate a porta do carro com a bunda,


uma garrafa de uísque em cada mão. Não posso deixar de rir. Deus,
ela me entende. Ela começa a dançar, sua blusa
de biquíni preta pulando com os seios, seu short aberto, movendo-
se com os quadris.
— Jesus, nós vamos estar bêbadas antes que o sol se ponha, a
voz de Addie afirma atrás de mim, me fazendo olhar para ela. Ela
tem uma grande capa branca bloqueando quase todos os
centímetros de sua pele. A mesma velha Addie.
— Addie! Eu a envolvo em um grande abraço, apertando-a. Ela
grita quando eu a balanço para frente e para trás.

— Sinto que não a vejo há anos. Zane me dá um olhar


estranho, sabendo no que estou falando.— Desde que você e Zane
se reuniram, sinto que você se transformou em uma dona de casa
ou algo assim.- Eu bati no elefante na sala, e não posso deixar de
sorrir para a carranca no rosto de Zane.

Big Chief, Rad, Zane e Saint caminham juntos até a praia,


deixando Addie, Delilah e eu atrás da trilha deles.

— Então, por que a reunião de família? — Delilah pergunta,


puxando a tampa da Fireball. Tiro dela e tomo um gole gigante.
— Precisava tirar nossas mentes das coisas.— Eu dou de
ombros.
—Eu vou beber por isso — murmura Delilah, abrindo a outra
garrafa na mão. Jack Daniels.

Finalmente, na areia quente e granulada, tiro a camisa grande


da Devil's Dust do meu corpo e ajusto o biquíni vermelho. Meu
cabelo balança no meu rosto com a brisa quente, e as risadas de
Addie e Zane flertando me fazem olhar para cima. Só que eu não os
vejo, encontro Saint olhando para mim com olhos famintos.
Eu o sinto em todo meu corpo, um olhar que será sentido para
sempre, mesmo quando ele não estiver por perto.

Afastando meu olhar do dele, observo Delilah jogar uma


grande canga de praia. Pisando fora da areia quente, eu me deito
para tomar sol quente queimando cada polegada de minha
pele. Fechando os olhos, levanto meu queixo para o céu.

— Foda-se, esse Big Chief é algo para se olhar —, murmura


Delilah ao meu lado. Abro um olho, encontrando-o puxando uma
camisa apertada sobre a cabeça, revelando os músculos das costas
cinzelados e o short de prancha baixo o suficiente para ver uma
covinha nas costas.

—Deveria ser ilegal parecer tão gostoso, eu concordo.

— Dizem que você dormiu com ele.— Delilah não brinca, é por
isso que eu a amo . Ela não fala pelas minhas costas, ela te fala
cara a cara.

— Se eu tivesse, você não acha que eu estaria falando com


você sobre isso sem parar? — Quero dizer, sejamos realistas. Olhe
para ele. — Pela aparência do contorno de seu pau, eu também não
andaria direito.— Nós duas rimos.
— Touché —. Ela ri.
— O que é tão engraçado? — Saint pergunta, de repente,
acima de nós duas.
— Nada —, Delilah e eu dizemos em uníssono.
Deitada aqui, não posso deixar de olhar o short de prancha de
Saint, seu pau duro e dando ao Big Chief uma corrida pelo seu
dinheiro.
Saint balança a cabeça para nós e caminha em direção ao
resto dos caras bebendo e atirando na merda.

— Então, novamente... o pau de Saint é tão grande que tem


um cotovelo. — Eu jogo casualmente lá fora.
Delilah se levanta, tirando os óculos escuros do rosto para
olhar para mim.
— Você já viu?
Meus olhos se fecharam, apenas sorrio. Ah, eu já vi... e eu
aprovo. Eu digo.

O dia passa incrivelmente. As meninas e eu nos divertimos.


Bebemos, rimos e obtemos um bronzeado dourado.
Os meninos bebem, riem e se zoam um com o outro. Zane
acende uma fogueira para Addie, e eu bebo, tentando não pensar
nas minhas falhas e em como Bull está.

Delilah está sentada na beira da praia, a água espirrando em


torno de seus pés. O jeito que ela olha para a água tão
pacificamente que não consigo deixar de me sentar ao lado dela,
meus olhos se sentindo pesados pelo uísque.

— É lindo, ela sussurra atordoada, sua alma perdida pelo pôr


do sol.
Humm, eu envolvi meus lábios em torno do gargalo da garrafa
de Fireball e termino jogando fora. Eu me sinto bem, muito
bem. Mãos fortes me envolvem debaixo dos braços e meus olhos se
arregalam.

— Nade comigo, Red.— Saint me joga por cima do ombro e


começa a nos levar ao oceano.
— Espere, eu não estou pronta! — Eu chuto e rio. Ele bate na
minha bunda e eu sinto o contato todo o caminho até o meu
núcleo. Meus mamilos reagem à picada na minha bunda, ficando
mais duros.

Me pegando do ombro dele, ele me joga nas ondas. Minha


cabeça afunda, a água enche meus ouvidos e encharca meus
cabelos. Meus pés plantam na areia e me empurro para cima até
meu rosto tocar o ar.

Limpando a água dos meus olhos, minha boca cai.


— Você me jogou caralho!
— Ele ri, divertido consigo mesmo. Usando as duas mãos, ele
as passa pelo rosto.
Nadando até ele, pulo nas suas costas e tentando empurrar
sua cabeça debaixo d'água. Ele é muito forte, porém, e a minha
tentativa de vingança é ridicularizada. Mãos seguram minhas coxas
e antes que eu saiba o que está acontecendo, eu deslizo, minhas
pernas enroladas em seu torso.

Ondas flutuam ao nosso redor descontroladamente enquanto


a maré aumenta, seus olhos nunca deixando os meus. Eu sinto
seus dedos brincando com as cordas do meu biquíni e queremos
que o sol se ponha mais rápido, para que ele possa desamarrar todo
o caminho.
Um grito estridente da praia fez com que nós dois voltássemos
nossa atenção para a areia. Dois dos caras estão brigando.
— Ah Merda. Afasto Saint e começo a nadar em direção à
costa. Parece que Big Chief e Rad estão nisso.

Saint chega a eles antes de mim e puxa Big Chief de Rad.

— Diga de novo, filho da puta! — Rad tenta puxar as mãos de


Zane, balançando na direção de Big Chief. Fazendo o meu caminho
para a toalha de praia, estou ao lado de Delilah, que assiste com
interesse.
— O que aconteceu? — Eu pergunto, apertando meu cabelo da
água do oceano.
— Rad começou a falar com Big Chief, dizendo que ele era
uma terceira roda ou algo assim e então Big Chief disse algo sobre
Rad não ser homem suficiente para ser um Devil e depois Rad deu
um soco nele.

— Uau, murmuro, estou meio triste por ter


perdido. Eu amo quando homens lutam. Não há cabelos puxando
ou xingamentos. É punho a punho, a pele batendo na merda da
pele. É quente pra caralho.

Big Chief dá um tapa no peito antes de estender os braços,


desejando que Rad o atinja novamente.
— Vá para o clube! Saint exige a dureza em sua voz me
deixando mais molhada do que eu já sou.
— Você também, Rad, vá! Zane aponta na direção da estrada,
ordenando que Rad termine a noite.

— Parece que a festa acabou — Addie suspira, chutando areia


na fogueira. Puxando minha camisa por cima da cabeça,
concordo. Eu me sinto um pouco encharcada de qualquer maneira.
Nós limpamos e damos nossos abraços. Delilah e Zane
discutem sobre se ela está sóbria para dirigir, apenas como Saint e
eu voltamos para minha casa. O calor da brisa picando a
queimadura do sol nas minhas bochechas.
13
PIPER

De volta para minha casa, eu desço da moto primeiro,


afofando meus cabelos soltos enquanto entrego o capacete a
Saint. Tomando isso, seus olhos travam nos meus. Eu posso sentir
o calor do seu olhar no meu intestino. Só posso oferecer um sorriso
manso em resposta ao olhar ardente que ele está me dando. A fome
inconfundível que habita em seus olhos é mais poderosa do que
qualquer outra pessoa que eu encontrei em um bar, e não sei o que
fazer com isso.
Subindo os degraus da minha casa, olho por cima do ombro e
encontro Saint me seguindo, seus olhos agora devoram a minha
bunda. Fale sobre pressão. Quando um cara olha para minha
bunda, isso me alegra. Eu balanço meus quadris, empino mais
minha bunda? É muito para vestir uma mulher.
Mordo o lábio e abro a porta, acendendo as luzes.

O ar frio da casa faz com que a queimadura do sol nas minhas


costas irradie um calor frio. Arrepios lambem uma trilha de fogo
sobre meus ombros, me fazendo mexer embaixo da camisa
desconfortavelmente.

Chutando minhas sandálias perto do sofá, eu não posso


controlar meus olhos arrastando para cima e para baixo do corpo
perfeito de Saint. Seus braços musculosos, a arrogância em seus
movimentos e suas tatuagens. Eu me pergunto como seria sua pele
marrom na minha pele branca leitosa. Nosso choque de conexão
racial é um símbolo de beleza que eu nunca experimentei antes.

— Você tomou muito sol hoje, Red.— Rapidamente desvio os


olhos para o chão, nervosa, fui pega de olho nele.
—Eu posso sentir isso— Colocando um cabelo atrás da orelha,
eu sorrio em resposta.
— Você tem algo para passar na pele? Meus olhos se voltam
para os dele, sinto-o tentando descobrir se estou interessada
nele. Ele é tão carismático, é difícil não influenciar seu charme.

—Sim, deixe-me ir pegá-lo.— Consigo ouvir o tom tímido na


minha voz e detesto. Por que estou agindo como se fosse minha
primeira paixão ou algo assim? Eu deveria simplesmente pular nele
e montá-lo como uma maníaca que gosta de sexo.
Em vez disso, giro os calcanhares e pego um pouco de óleo de
coco na cozinha. Agarrando minha camisa pela bainha, eu a puxo
sobre minha cabeça, revelando minha pele vermelha quase
combinando com meu biquíni escarlate. Porra, eu realmente me
queimei hoje. Coloco o óleo de coco em cima do balcão, eu retiro a
tampa fora e mergulhe os dedos na suavidade. Acariciando-a nos
meus seios, faço uma demonstração, meus dedos deslizando sob o
tecido de seda da minha blusa, puxando a pele apenas o suficiente
para dar a Saint um segundo de um vislumbre do meu mamilo.
Provocá-lo me deixa molhada. É mera tortura não me aliviar
neste segundo.

Contornando o balcão, ele vem atrás de mim e desliza os


dedos no óleo. Eu o assisto com cuidado enquanto ele desliza as
palmas quentes ao longo da minha pele. O fogo lambendo minhas
costas esfria instantaneamente do óleo, mas seu toque acende um
outro tipo de fogo.

— Mmm, isso é tão bom —, eu gemo.


— Sim, você deveria me deixar cuidar de você com muito mais
frequência, Red.— O tom rouco em sua voz cobre minhas
inseguranças, é como se ele soubesse exatamente o que dizer, o que
me faz pensar que ele deve dizer muita merda para muitas garotas.

Movendo meu cabelo para o lado esquerdo do meu


pescoço, ele continua a massagear o óleo nas minhas costas, me
fazendo inclinar a cabeça para frente e realmente senti-lo contra
mim. Eu posso sentir sua excitação pressionando contra minhas
costas, e a diva sexual em mim o quer tanto que a única coisa que
importa agora é ter Saint. Alcançando meus ombros, desamarro as
cordas do meu biquíni, meu coração caindo no meu peito pelo meu
salto de coragem. Meu top desliza para baixo e oscila sob o meu
peito, as tiras de seda fazendo cócegas no meu estômago. Saint não
perde nada quando suas mãos deslizam por trás e por cima dos
meus seios doloridos.
Deus, sim! Toque me!
Eu arqueio minha bunda nele, e ele cutuca minha cabeça para
o lado com o rosto, dando-lhe acesso total ao meu pescoço. Ele
beija o ponto sensível logo abaixo do meu queixo, suas mãos
tateando em todos os lugares ao mesmo tempo, e seus quadris
fortes balançam em mim por trás.
Boca entreaberta, ofego, minhas unhas arranhando o balcão
para mais contato.
Sua palma acaricia minha clavícula e gentilmente sob minha
garganta antes que ele deslize um dedo sobre meu lábio inferior e
em minha boca. Prendo seu dedo, o gosto de coco enchendo minha
boca como um doce proibido. Mmm, como um Joy Almond 1 . Um
doce que nunca vou olhar sem lembrar dele.
Mãos pressionam minha parte inferior das costas, empurrando
meu peito no balcão frio. Meus dedos rapidamente se atrapalham

1 é uma barra de chocolate fabricada pela Hershey's.


com os laços no fundo do meu biquíni, desatando-os o mais rápido
que posso.

Saint desabotoa sua bermuda com uma mão, a outra ainda


nas minhas costas, me mantendo no lugar. Ele deve ser um homem
que gosta de estar no comando. Não tenho certeza do que penso
sobre isso, considerando que geralmente sou eu quem dá as
ordens.
— Porra, Piper. Sua bunda é perfeita. Suas palavras selvagens
proferidas com dentes serrados. Eu posso praticamente sentir sua
excitação apenas ouvindo sua voz.
Ele dá um tapa na minha nádega esquerda, meu traseiro
firme, mas tem um salto suficiente que o faz morder o lábio inferior
com cobiça. Com as duas mãos em cada uma das minhas
nádegas, ele as esfrega e amassa como se não conseguisse o
suficiente. Eu me sinto tão bonita, tão necessária e desejada.
Em seu ato de admiração, seu dedo acidentalmente desliza
pela minha umidade, e me sinto fraca nos joelhos pelo toque.

— Ah, eu senti isso, ele sussurra na concha do meu ouvido.


— Você está molhada para mim, tão molhada.
— Eu tenho que me segurar no meu balcão para me manter
em pé, porque eu estou com tanto tesão que sinto que posso
desmaiar do jeito que estou ofegando tanto. Deus, apenas entre em
mim já!
Tomando-me pelos quadris, ele me gira para fique de frente
para ele e me pega, me colocando no balcão. Posicionando as mãos
nos meus joelhos, ele abre minhas pernas e fecha os olhos na
minha boceta. Eu engulo a insegurança e me concentro em seu
olhar faminto.
— Você é tão sexy — ele rosna, eu sorrio com sua
emoção. Mergulhando sua cabeça, seus olhos nos meus, ele lambe
meu clitóris, e minha cabeça cai de volta em êxtase. Fecho os olhos,
não querendo ver os lindos olhos de Saint me observando, e me
concentro em como ele me faz sentir bem.
Está tão úmida e quente, a pressão de sua boca.
Seus lábios localizam pelo meu clitóris e chupam com mais
força, um dedo sai do nada e desliza para dentro de mim. Meus
dedos do pé enrolam, e eu caio sobre os cotovelos enquanto
pequenas pontadas de prazer se espalham por meus membros.
Minhas unhas arranham seus ombros, meus olhos rolam na
parte de trás da minha cabeça enquanto eu gemo alto o suficiente
para que meu vizinho louco ouça.
Colocando um beijo casto na minha boceta, ele se afasta e
meu queixo cai no meu peito, meus olhos nebulosos encontrando
os dele. Quero perguntar por que ele parou, mas não consigo
formar as palavras para dizer nada. Só consigo me concentrar na
respiração neste momento. Ele é bom nisso. Muito bom.
— Eu amo o jeito que você se contorce quando me deleito com
essa pequena boceta — ele respira pesadamente.
— O entusiasmo escorre da minha voz como o cuspe escorre
da minha boceta gananciosa.

Lambendo seus lábios inchados e brilhantes, ele me agarra


pelos quadris e me vira para onde meu estômago está agora no
balcão. Dando-me um leve empurrão, meus pés atingiram o chão e
seu pênis duro pulou na minha parte inferior das costas.
— Curve-se para mim, Red, ele sussurra na minha nuca, sua
mão pressionando minha parte inferior das costas.
Faço o que ele diz, meus joelhos trancados precisam ser
forçados a se mover.
Olhando por cima do meu ombro, eu o vejo apertar seu pau na
base, bombeando-o algumas vezes. O brilho inconfundível da luz da
cozinha reflete no piercing na ponta do seu pau.
Ele está perfurado. Porra.
— Você está bem?
— Encaixando meus olhos nos dele, minha mão agora na
clavícula, dou de ombros nervosamente. Eu não quero parecer
inexperiente ou com medo, mas uau ele é grande e perfurado.
—Confie em mim, a estimulação deste filho da puta vai valer a
pena tudo o que está passando pela sua cabeça — ele promete. Seu
poderoso ego me faz rir, e menos nervosa de alguma forma.
— Preservativo,
Ele olha para mim por baixo dos cílios, o olhar de pergunta
provocando um segundo de silêncio constrangedor, mas eu não me
mexo nesse. Ele usa camisinha, ou isso não está acontecendo.
— Merda
Existe aquele charme Saint que você não pode deixar de amar.
Por favor, coloque uma camisinha e me foda já.

Ele pega o short do chão e pega um preservativo. Graças a


Deus. Claro que ele tem um escondido com ele. Isso me lembra o
quanto ele é um playboy e um pedaço de incerteza brota no meu
peito.
Espera, quem sou eu para julgar? Minha reputação é
provavelmente pior que a dele.

Ele embainhou seu pau e está atrás de mim quando os


pensamentos se passaram.
— Diga-me se eu te machucar, ele respira pesadamente.
— OK. Eu rio silenciosamente. Ele é tão íntimo que
é quase um desvio.
Primeiro a ponta pressiona em mim e depois polegada por
polegada, ele me preenche.
— Oh meu Deus, eu digo sem pensar, a sensação dele me
enchendo tão profundo me deixa na ponta dos meus dedos
inconscientemente me afastando dele. Ele é grande, muito maior do
que eu pensava. Ele me estica, e ele nem está em todo.
— Eu hum... — Tropeço nas minhas palavras, sem
saber se vou conseguir fazer isso com ele, mesmo que eu realmente
queira. Olho por cima do ombro para ele. Ele pega o óleo de coco e o
esfrega em seu pau, empurrando lentamente polegada por polegada
na minha boceta apertada. Aquele maldito piercing dele esfrega
meu ponto G exatamente e a dor de repente se transforma em
prazer.
— Melhor assim, baby? — ele geme atrás de mim.
— Sim, eu respondo toda ofegante, balançando sobre ele por
mais. Jesus me ajude, é incrível, eu não acho que vou poder fazer
sexo com mais ninguém depois de ter o grande pau perfurado de
Saint hoje à noite.

Suas mãos estão sobre mim, me tocando, me beliscando. O


som da nossa pele batendo um contra o outro, graças à ajuda do
óleo de coco doce, ecoa pela cozinha, e minha mão desliza pelo
balcão, jogando o óleo no chão no processo. Eu conheci muitas
pessoas, mas nenhuma como Saint. A maneira como ele me segura,
como se eu fosse uma estrela mística pronta para evaporar no ar a
qualquer momento, diz o quão viciante ele será.
Ele substituirá todos os medicamentos de ansiedade que eu
tenho e se tornará meu novo medicamento. Eu sei isso. Eu sinto.
Suas mãos deslizam por cima do meu ombro e do meu braço
para a minha mão, seus dedos se entrelaçam com os meus
enquanto ele me fode por trás. Meus seios pressionam ao longo do
granito frio, fazendo-os doer, mas estou muito fixada em nossas
mãos entrelaçadas para me importar muito com o balcão gelado
abaixo de mim. Sua pele escura misturada com a minha branca me
faz perceber que o amor é daltônico, apesar do quão duro o mundo
tenta dar a ela olhos.
Um calor começa a crescer dentro de mim, meus joelhos
tremendo à medida que a necessidade de vir é esmagadora.
— Eu vou gozar, eu o aviso do prazer vindo rápido. Quero que
isso dure mais, senti-lo dentro de mim, mas meu corpo exige uma
liberação.
— Sim, eu também, baby, ele diz, seus olhos assistindo seu
pau entrar e sair. A maneira como ele está tão paralisado em
nossos corpos se conectando me faz perder isso.
Eu gozo.
Ele goza.
Nós nos unindo é o orgasmo mais poderoso que já tive. É como
um calor se espalhando pelo meu peito enquanto eu caio livremente
em uma piscina escura de satisfação.

Ele cai em cima das minhas costas e meus joelhos cedem,


levando-nos ao chão.
Estou trêmula, meus pulmões queimando com a necessidade
de ar fresco. Ninguém nunca tirou meu fôlego, mas Saint nem
precisa tentar. Estou sem fôlego.

Com cuidado, ele tira o preservativo e o amarra no final.


Aponto para a lata de lixo ao lado da geladeira, e ele a joga lá
dentro.
Isso parece diferente. O sexo é mais do que apenas atração
física, é emocional.
Foi tão bom, mas tão pessoal. Por quê? Porque nós crescemos
juntos? Ou é porque a miséria adora companhia?
Talvez porque eu não pensasse no motivo por trás de fazer
sexo com ele, eu apenas segui o que estava sentindo. As imagens do
meu pai nunca vacilaram no fundo da minha mente, não até agora
de qualquer maneira. Pela primeira vez eu não me mentalizei sobre
o que estava acontecendo, fiquei livre da minha mente.

Ótimo, estou percebendo.


De pé com as pernas instáveis, eu caminho para a sala e pego
minha caixa de maconha. Eu preciso entorpecer essas emoções
antes que elas saiam do controle.
Eu não tenho relacionamentos, e nunca terei.
Ninguém iria querer ficar comigo se soubessem as cicatrizes
contaminadas que eu tenho.
— O que é isso? Saint pergunta com um olhar aguçado, mas
eu o ignoro. Abro a tampa e puxo um baseado. Colocando-o entre
os lábios, acendo-o e dou uma longa tragada profunda. A fumaça
queimando o fundo da minha garganta, eu tento segurá-la o
máximo que puder antes de expirar.

Saint arranca o baseado de mim, levando sua própria tragada.


Ele é tão bonito nu. O corte afiado de sua mandíbula e a
ondulação de seus lábios. Seu peito forte que conduz ao bíceps
ainda mais forte me dá uma vontade estranha de
me enroscar neles. Só de olhar para ele, me sinto segura.
Segura. Engraçado. Estou aqui em minha casa com ele e
nunca pensei na palavra segura até agora. Ele apenas tem um
senso de segurança sobre ele, você não pode deixar de se sentir
segura perto dele.
Jesus, me escute. Ele me fodeu estúpido.
— Piper, isso é apenas físico, não emocional. Ele afirma, me
cortando direto ao coração.
Olho para ele: — Sim, não estou emocionalmente disponível
para... Paro, sem saber o que diabos estou tentando dizer. A
verdade é que quero mais e sei que não estou pronta, mas ouvi-
lo me cortar tão rápido. Isso dói. Sinto que não significo nada para
ele.
— Estou cansada, afirmo sem rodeios do nada, precisando me
afastar dele e qualquer que seja o tipo de jogo que minha mente
está tentando jogar.

— Espere, eu não quis dizer!


Eu levanto, cortando-o no meio da frase com o aceno da
minha mão.
— Relaxe, foi apenas uma rodada de sexo bom. Não há
necessidade de tentar me dar 'a conversa'. Eu acho legal, tentando
agir sem ser afetada, mas estou ficando fora de controle. Minha
mente e sentimentos estão em toda parte e me confundindo.
— Apenas um bom sexo? Ele zomba, obviamente querendo
mais elogios por seu pênis.
— Eh. Encolho, não continuando a conversa. Ótimo, agora eu
pareço ter fodido tantos caras que tenho o direito de julgar seu jogo
sexual. Preciso sair daqui antes de piorar as coisas.

— Acho que o Big Chief roubou você antes que eu tivesse a


chance, hein? ele responde casualmente.
Meus olhos tão arregalados quanto discos voadores, não
consigo avaliar se ele está falando sério ou não.
— Eu não fodi Big Chief, eu o informo, meus olhos começando
a lacrimejar. Eu odeio que ele pense em mim como tantas pessoas
ao redor do clube. Eu ouço os sussurros, vejo os olhares. Eu sou a
puta do clube.
Ele esfrega o queixo, um sorriso malicioso no rosto.
— Não importa se você fez. Ele encolhe os ombros
arrogantemente.
— Por que isso?
— Porque eu estiquei essa boceta para acomodar
meu pau; cabe o meu pau, e somente no meu pau agora. O pau do
Big Chief será fraco se comparado ao meu, baby.
Por que sinto isso até os dedos dos pés? Como se ele
tivesse me possuído sem que eu soubesse?
Porque ele fez, e ele sabe disso. Ele pode me dizer que não está
pronto para mais, mas depois me diz que sou apenas dele. Eu
quero rir na sua cara, mas estou tão emocionalmente confusa agora
que tudo que tenho certeza é que estou condenada por qualquer
homem se comparar a Saint.
Isso não pode acontecer novamente. Nós nos conhecemos, um
nível muito pessoal para termos apenas sexo casual, obviamente.

— Você pode ficar no sofá. Fecho a tampa da minha caixa


de madeira e quase corro para o meu quarto.
— Caramba, valeu. O sarcasmo pinga de sua voz assim que eu
bato a porta.
Tirando meu cabelo do meu rosto, olho para a cama desfeita.
— Você não pode se esconder, Red. Eu ouço sua voz abafada
através da porta. Eu posso ser capaz de fugir dele hoje à noite, mas
não posso me esconder dele. A manhã vai ser estranha como o
inferno.
Eu nunca deveria ter transado com ele, mas meu corpo estava
pulsando tão forte de desejo que tudo que eu conseguia pensar era
satisfazê-lo.
Agora, temo ter começado uma nova guerra comigo mesma,
onde nunca mais reviverei sexualmente como estava hoje à noite.
SAINT

Está quieto, muito quieto e não consigo dormir neste maldito


sofá. Sentando, jogo o travesseiro que estava atrás da cabeça no
chão e esfrego a palma da mão sobre o peito nu. Olhando pelo
corredor até a porta de Piper, eu levanto e caminho para o quarto
dela. Empurrando a porta, a encontro esparramada na cama,
adormecida. Nua. Seus olhos estão vermelhos e inchados como se
ela estivesse chorando, ou pelo menos chateada. No fundo, eu sei
que causei isso. Inclinando-me no joelho, ajoelho-me ao lado da
cama e a vejo dormir. Eu a quero, eu a quero tanto que tudo o que
consigo pensar é em ter meu patch e torná-la minha Old
Lady. Mas... Deitando a cabeça no lado da cama, expiro.
É melhor para nós dois apenas tentar resistir ao que diabos
estamos acontecendo. Nós dois somos mercadorias danificadas, e
sei que não posso dar a ela o que ela pensa que quer.
Amor.
Devoção.
Um cavalheiro.

Isso significaria superar o muro que construí em torno da


minha alma, um feito de cicatrizes e culpa. O que eu fiz para
garantir que nunca me sentisse como no dia em que perdi tudo.
14
PIPER

Levantando minhas pernas para chutar o cobertor de mim que


atualmente parece pesar cem quilos, posso sentir a dor que Saint
deixou para trás da noite passada entre minhas pernas. É um
sentimento novo, e isso me excita.
Passando as mãos pelo rosto, sento-me e tiro o cabelo dos
meus olhos. Acho que eu deveria terminar esse encontro estranho
com Saint esta manhã. Cara, o que eu estava pensando em foder no
meu próprio quintal?
Agarrando meu robe de seda preto na parte de trás da minha
porta, amarro-o na cintura e abro a porta. Está quieto, Saint ainda
deve estar dormindo. Eu deveria derramar um copo de água fria na
madeira da manhã. Ou eu poderia dar outro passeio…
Bocejando quando entro na sala, o sofá está vazio.
— Saint?
Olhando em volta da casa está vazio, sou só eu. Mordiscando
minha unha, acho que deveria estar feliz que ele se foi. Então,
novamente, eu estou sozinha agora.
Eu odeio estar só.

Respirando fundo, sacudindo os braços como se eu pudesse


literalmente jogar a ansiedade fora de mim, meu telefone toca no
quarto.

É o Lip. Merda, eu me pergunto se ele sabe sobre Saint?

— Olá?
— Ei, venha para o clube. Sua voz é sombria, e um calafrio
percorre minha espinha.
— Por que, o que está acontecendo?
— Apenas chegue aqui. Agora.

O desespero enche meu estômago como um vírus medonho. O


desejo de ficar doente esmagador.
Forçando-me a largar o telefone e me vestir, tiro uma camisa
vermelha e meu short que têm mais bolsos do que material de brim.

Vestindo meus chinelos, pego minha bolsa e saio correndo de


casa.
Espero que mamãe esteja bem.
O clube foi atingido?
É em momentos como este que eu gostaria de viver a vida de
uma pessoa normal. Uma chata e sem intercorrências.

Parando no clube, eu pisei no freio. Está cheio de motoqueiros


e vários carros e caminhões. Sobrancelhas franzidas, eu puxo para
a esquerda e estaciono, meu traseiro na metade da calçada. Espero
não conseguir uma multa. Pegando minha bolsa, saio e bato minha
porta.
Algo está errado.
Algo está realmente errado.
Entrando, a cabeça de todo mundo está abaixada, as senhoras
estão chorando, e o bom uísque foi trazido ao longo do bar.

— O que está acontecendo? Minha voz mais alta do que


pretendo.
Delilah olha para mim, seu rímel correndo até o queixo. Acho
que nunca a vi chorar.
Minha mãe se aproxima de mim com um olhar que combina
com alguém se aproximando de um animal tímido.
— Oh, querida, — mamãe soluça para mim.
— O que? Desembucha! — Eu estalo, perdendo a paciência
com todos.
— Bull morreu, — ela murmura, lágrimas escorrendo pelos
lábios.
Meus olhos se arregalam, meus lábios abertos começam a
tremer.
Sinto-me pesada e leve, tudo ao mesmo tempo.
Meus joelhos travaram, mas trêmulos.
Jogo minha bolsa no chão no momento em que meu corpo
começa a se quebrar de tanto chorar.

— Oh bebê!. Venha aqui. — Mamãe me envolve em seus


braços, como ela fazia quando eu era criança, e eu a puxo para
mais perto. Precisando dela mais do que nunca.

A Força da nossa família se foi. Você pode literalmente sentir a


esperança dos demônios pairando no ar, imitando a passagem de
uma forte tempestade da tarde. O ceifador senta-se com a cabeça
pendurada, enquanto um dos nossos foi tomado por comando e não
por vontade.

Nosso líder, o homem por trás do clube, nos reunindo se foi.


O que faremos sem ele?
O que vou fazer sem ele?
Ele é o único que sabe que meu pai me estuprou e me fez
sentir como se eu ainda pudesse continuar. Que havia algo mais lá
fora para mim. Ele me deu o santuário do clube para lamber
minhas feridas até eu me encontrar.
Bobby enxuga uma lágrima escorrendo pela bochecha e
começa a alinhar tiros ao longo do bar. Somos ensinados a celebrar
a vida, não a lamentar, mas como podemos quando o homem que
nos ensinou não está perto?
Mamãe finalmente me libera e funga. Dando um tapinha em
suas costas, eu atravesso amigos e familiares, precisando de uma
bebida agora. Eu aceitaria qualquer droga para entorpecer o que
estou sentindo.
Negação.
Raiva.
Tristeza.

A morte é uma coisa engraçada. Faz você se lembrar dos bons


tempos, mas em vez de ser feliz, você fica mais deprimido. Eu não
quero pensar em nada. Eu só quero estar bêbada no escuro agora.

Saint pisa na minha frente, um olhar duro em seu rosto e dois


copos nas mãos. Ele me entrega um sem dizer uma palavra.
Uma trégua por enquanto.
Pegando, eu abaixo. Nossos olhos se encontraram.

— Você corta um, todos nós sangramos, Shadow explode


por trás do bar.
Fechando meus olhos cheios de lágrimas, recito as palavras.
— Você cortou um, todos nós sangramos! — Todos no clube
gritam.
No fundo, esta é uma ferida que nunca se curará. Nós todos
sabemos isso.
SAINT

O clube inteiro tem uma nuvem negra e ameaçadora por


dias. Sem corridas, sem saídas, e a esposa de Bull, Anahi, não
parou de chorar ou cheirar. Dani teve que lhe dar alguns Valiums
só para que ela pudesse dormir e dar uma pausa no nariz.

Mas de todos, estou preocupado com Piper. A única coisa que


a vi fazer é beber e fumar. Ela nem mudou de roupa desde o dia em
que descobriu a morte de Bull. Eu me sinto uma merda porque fui
condenada a mantê-la longe de Bull, ela nem chegou a dizer adeus.

Falando do diabo, Piper entra na sala comunal. Se você pode


chamá-lo de andar, mais como tropeçar. Seu cabelo é crespo, em
vez de sua retidão normal, rica e sedosa. Seus olhos injetaram
sangue das drogas e bebidas que ela consumiu.

— Ei, você quer que eu faça algum cereal ou algo assim?


Seus olhos se voltam para os meus, sua mão pega uma
garrafa de Johnnie Walker. Pulando sobre o balcão, eu seguro o
gargalo da garrafa, ela não à solta.
— Piper, isso vai te foder mais rápido do que a merda que você
está bebendo.— Ela vai ter intoxicação por álcool ou overdose do
jeito que está indo.
Com um olhar aguçado, ela puxa a garrafa do meu aperto.
— Esse é o ponto, Saint. Ser fodido.
Suspirando, dou um tapa em cima do balcão com raiva.
— Porra, Piper, você não pode beber isso. Você terá que sentir
isso em algum momento.
— Quem é você, o especialista em morte ou algo assim? — ela
zomba.
A raiva bate no meu peito.
— Você poderia dizer que eu sei uma coisa ou duas sobre
perder alguém, sim. Admitir isso é difícil, e o pensamento da minha
filha me faz querer ir beber com ela.
Ela zomba novamente, tropeçando de volta para fora para se
sentar contra o clube. É onde ela está há dias. Lá fora, na bunda
dela, bebendo. Ela e Delilah.
Porra, Delilah nem estava com ela. Eu deveria ir vê-la, me
certificar de que ela ainda está viva.
— Ela está bem? — Bobby pergunta, me fazendo virar para
onde estou. De onde diabos ele veio?

— Eu não sei. Algum de nós está?


Bobby engole, abaixando a cabeça e coça a nuca.

— Todo mundo está lidando como eles sabem lidar, cara.

— Sim, bem, Piper e Delilah estão a caminho de sofrer danos


no fígado, se alguém não intervir.

—Essas garotas estão bebendo desde que podem pegar uma


cerveja. Eles vão ficar bem, cara. Bobby se vira, caminhando como
um zumbi de volta para um dos quartos. Jesus Cristo. Alguém tem
que intervir e liderar esse grupo de volta à civilização.

Entendi, essa merda dói. Sinto falta de Bull, ele era mais pai
do que meu próprio pai. Mas se alguém não fizer algo, este clube
não passará de um fundamento de tristeza.

Bull não iria querer isso.


— Você está certo. Virando-me, encontro Shadow caído em um
sofá, os olhos injetados de cocaína e a mão segurando uma garrafa
vazia de uísque. Ele se levanta, sua postura instável.
— Precisamos superar isso.
Concordo, mas meu ceticismo de que Shadow pode fazer
qualquer coisa, mas vomitar agora, é bem alto.
— Eu preciso encontrar Dani, você começa com a garota,
Saint. Shadow aponta para mim. Pobre Dani, ela perdeu o pai. Eu
sei como é e nem sequer gostei do meu pai. Ela amava a dela.

— Eu vou cuidar do clube. Vá ficar com Dani.


Empurrando as portas do clube, encontro Piper deitada no
concreto ao lado de Delilah desmaiadas. A garrafa que ela acabou
de levar para fora já estava no meio do caminho.
Jesus.

Pegando Piper, eu a jogo por cima do ombro esquerdo. Não


posso deixar Dalila assim. Inclinando-me no joelho, agarro sua mão
e tento puxá-la para cima, mas é como tentar mover uma pessoa
morta.
Ela cai de volta no chão.
— Porra!
—Aqui, deixe-me ajudar. — Zane agarra Delilah e a joga por
cima do ombro. Dando-lhe um olhar apreciativo, ele me dá um
aceno de cabeça. Um que me diz que ele está comigo. Temos que
recuperar nosso clube.

— Você é um filho da puta forte, cara — digo a ele.


Ele não diz nada. Ele engole para conter suas emoções. Pelo
menos ele está sóbrio.

De volta à tarefa em mãos, eu marcho dentro do clube e em


um dos banheiros. Ligando a torneira em água fria, deslizo Piper
pelo meu ombro no chão do chuveiro.
Zane faz o mesmo com Delilah, as duas caindo uma em cima
da outra.

Fomos direto para os quartos, chegando lá colocamos as


meninas debaixo d’agua.
Seus olhos arregalados e cabelos encharcados como uma
boneca de pano deixada de fora em uma tempestade.
— Que porra é essa!
— Eu vou te matar!
— Deixe-me sair daqui!
Não sei quem está dizendo o quê, mas elas estão chateadas.
— Não beba mais! Temos que arrumar nossa merda! Zane
grita com elas.
As duas calam a boca e tremem sob a agua gelada que chove
acima delas.
Onde está Addy? Piper pergunta, ou mais como insultos.
— Ela está com a mãe dela, lidando, Zane informa, inclinando-
se contra o chuveiro.
— Estamos todos ferrados com a morte de Bull, mas se não
limparmos, este clube não passará de uma lembrança distante de
Bull, digo a elas.

Isso chama a atenção delas. Elas se olham, um olhar que


quebra meu próprio coração. Essas garotas acabaram de perder um
modelo muito importante em suas vidas e seguir em frente parece
sombrio e irreal para elas. Inferno, para ser honesto. Não vejo esse
clube sendo o mesmo novamente. Mas farei o possível para
aproximar-me do que era. Para Bull.

Zane chega e desliga a água. Jogando a água da mão, ele sai


do banheiro.
15
PIPER

Sentada do lado de fora no asfalto rachado, encostando a


cabeça no tijolo quente que compõe o clube, descanso as mãos nos
joelhos dobrados. Minha cabeça ainda está confusa e meu corpo
aquece com todo o álcool que consumi ao longo dos dias.
Meu peito dói com a morte de Bull. Morte; dói tanto. Não há
teste de paciência como a aceitação após a morte.

Eu nem sequer me despedi. Eu era ingênua e esperava que ele


conseguisse passar e as coisas seriam como sempre foram. Bull
erguendo uma sobrancelha para os garotos brigando e falando
lixo. O clube barulhento e sempre com problemas.
Parece vasto e vazio agora. Eu odeio entrar, é por isso que eu
estive sentada aqui com Delilah a maior parte do tempo. Mas, Zane
está lidando com Delilah, e sorte minha. Pego Saint, que está
sentado ao meu lado me oferecendo uma cerveja.

— Eu pensei que o objetivo era me deixar sóbria? Eu pergunto,


pegando a cerveja dele.
— Você vai querer beber devagar, ou vai ficar bêbada pra
caralho — ele me informa.
— Humm. Lambendo meus lábios, tomo de volta a Miller
Light. Não tem gosto, o que significa que estou bem fodida. Isso ou
toda a bebida abalou meu paladar.

— Você e Bull eram bem próximos, hein? Saint pergunta,


virando a cabeça na minha direção. Olhando para ele pelo canto do
meu olho, ele imita minha posição. Os cotovelos nos joelhos.

— Sim, mas muitas pessoas não sabiam disso.


— Você disse antes que ele disse que poderia ficar no clube,
você deve ser muito importante para ele dizer isso. Eu sei que ele
não gostava de mulheres no clube, a menos que para eventos ou
algo assim.

Engolindo o nó na garganta, penso naquela noite em que eu e


Bull nos unimos. Eu estava tão bêbada que não conseguia sentir os
arranhões e machucados nos joelhos. Eu estava pulando em um
bar e enlouquecendo. Eu levei algo em uma das minhas bebidas,
certamente de um dos caras que eu estava liderando. Eles ficaram
chateados quando eu estava pronta para encerrar a noite e me
cobriram. Eu consegui descobrir o que estava acontecendo e
fugi. No entanto, eu estava tão fodida que chamei Bull em meu
socorro, e ele não estava me deixando ir sem uma explicação do
meu comportamento.
— Meu pai me estuprou quando eu era criança. Por causa
disso, vou a bares, danço e paquero homens para me satisfazer,
mas no fundo sei que nenhum deles gostaria de estar comigo se
soubessem que eu estava quebrada com a idade de uma pré-
adolescente. Então, eu vou para casa e depois... Eu respiro
fundo. — Fico ansiosa por estar sozinha, com medo de que os caras
com quem eu dancei ou me juntei venham atrás de mim. Como
meu pai.

Recusando-me a olhar, olho para a rachadura que se


assemelha ao Grand Canyon, a poucos metros à minha frente. Não
me sinto mais entorpecida, me sinto envergonhada e assustada. Por
que eu disse isso a Saint? Eu não contei a ninguém, exceto Bull.
Mas Bull se foi, e com isso, também é o meu segredo. Eu
preciso de alguém para saber, para entender que há mais em mim
do que uma concha vazia que meu pai abusou.

— Merda Red, Saint murmura.


— Sim, murmuro, não totalmente certa do que dizer. Eu ouço
a empatia em sua voz e eu aprecio isso, mas também confirma o
quanto meus problemas com o papai realmente são fodidos.

Fechando-me, meu cabelo protege meu rosto e eu bebo o resto


da cerveja. Eu não deveria ter dito a ele. Estou muito fodida para
estar perto de pessoas agora.

— Sabe, as pessoas pensam que eu sou apenas um


mulherengo. Que eu gosto de foder mulheres e passar para a
próxima, mas quando eu era jovem, eu engravidei minha
namorada, eu era um namorado de merda para ela. Eu não fui à
sua merda de líder de torcida ou me certifiquei de que ela estava
tomando vitaminas. Eu estava vendendo drogas no dia em que ela
viajou de carro para um encontro de animação e o carro foi
atropelado por um motorista bêbado. Isso a matou e a minha
filhinha.
Minha cabeça se levanta, meus olhos arregalados. Saint foi
um pai?
— Eu não posso seguir em frente de uma noite só porque a
culpa que eu os decepcionei e por estar me movendo me come vivo.

— Enfiando meu cabelo atrás da orelha, meus olhos se


enchendo de lágrimas pela história de coração partido, não posso
deixar de colocar a mão na de Saint. Ele era apenas uma criança,
ele não pode se culpar assim, onde estão seus pais? Eles deveriam
ter dito a ele que ele era apenas uma criança!

— Nossas lutas são o que torna nosso presente muito mais


real. Você sabe? Sabemos como é a dor e faremos o que for preciso
para não seguir esse caminho batido novamente.

Ele olha para mim com olhos brilhantes.

— Bull me mostrou uma saída através da dor.

Eu concordo. — Eu também.

Sentados em silêncio, nós dois olhamos para a


escuridão. Duas pessoas com passados muito diferentes tentando
descobrir o mapa da vida. Uma curva errada muda todo o curso da
sua viagem. Não há como voltar atrás, há apenas uma tentativa de
sair até chegar aonde você está indo.

Saint e eu preferimos viajar sozinhos. Que até agora é como eu


queria.

Minha mãe aparece uma hora depois com uma dúzia de pizzas
e cerca de vinte e dois litros de refrigerante.
— Vamos querida. Temos que recuperar nossa família. Ela
funga as lágrimas. De pé com os pés bambos, vou em sua direção
para ajudar a carregar alguns suprimentos.

Lip passa na minha frente e agarra minhas duas bochechas,


seus olhos demonstram toda preocupação de um pai preocupado
deveria ser.
— Você está bem?
Ele realmente se importa comigo. Ele sempre fez. Ele matou
meu pai por mim e minha mãe, e se soubesse o que meu pai fez
comigo, sei que ele desenterraria meu pai e faria coisas
indescritíveis em seu cadáver.
— Sim, pai. Eu estou agora. Sufocando as palavras, dou um
passo em volta dele. Eu terminei com essa merda triste, não é uma
boa aparência ou sentimento.
— Vamos colocar um pouco de graxa e açúcar em nosso
sistema, afirmo, batendo a porta do carro com o quadril.

Assim que entramos no clube, o cheiro de pizza tem membros


saindo de cantos escuros de todo o lado.
— Venham, peguem um pouco de comida, sóbrio. Vocês
cheiram como os sem-teto em Long Beach! Mãe grita.
— Realmente, eu pensei que cheirava a espírito adolescente.
Bobby dá um sorriso, fazendo algumas pessoas rirem.
— Sim, bem, se você cheirou o vestiário da escola, é sobre o
mesmo perfume, acrescenta Addie.
— Ei, não fale sobre o pessoal de Rad assim. Não é legal. Saint
pisca, dando a Rad um momento difícil. Meus olhos permanecem
em Saint, meu coração batendo um pouco mais do que estava. Não
posso estar perto dele sem me sentir uma adolescente apaixonada.
— Sim, Sim. Foda-se. Rad embaralha as caixas de pizza,
parecendo imperturbável por Saint tirando sarro dele por ser um
sem-teto antes de morar no clube.
Puxando uma das caixas de papelão aberta, pego uma
fatia. Minha outra mão passando uma garrafa de algo debaixo do
balcão. Estou querendo avançar, mas, ao mesmo tempo, preciso
fazê-lo nos meus termos. Não posso me permitir sentir tudo o que
está acontecendo agora. Eu simplesmente não posso.

Nós comemos, conversamos. Alguns de nós vomitam, mas


apesar de tudo. Estamos tentando. Delilah, Addie e eu dividimos a
garrafa de vodka barata que peguei debaixo do bar e como pizza em
uma caixa inteira que Delilah conseguiu pegar quando ninguém
estava olhando. Não faz nada para consertar o que estou sentindo,
mas é divertido tentar.

— Esta é a vodka mais bosta que eu já bebi, diz Delilah,


arrotando enquanto olha a garrafa.
— É tudo o que pude pegar com a polícia sóbria, escondendo
toda a bebida. Eu dou de ombros.
— Não estou desperdiçando. — Eu ri. Addie e Delilah
começam a rir tão alto que uma delas solta um peido, nos fazendo
rir mais alto.
— Eca, você é tão nojenta! Addie joga um pepperoni coberto de
molho em Delilah.
— Cadela, nem mesmo, apenas sua bunda pode peidar como
uma princesa! — Delilah a vira em troca.
— São peidos de cerveja. Nós realmente devemos cortar — eu
incluo.
— Mmm, eu concordo —, diz Delilah sarcasticamente antes de
tomar outro gole da garrafa transparente.
Eu balanço minha cabeça.

— Para minhas putas.


SAINT

Sentado à mesa, recosto-me na cadeira, com o braço estendido


e o dedo batendo na madeira.
Risos e risadas das meninas entram pela janela do fundo da
sala. É Delilah, Addie e Piper. Shadow olha por cima do ombro,
irritado com as besteiras delas. Elas estão apenas tentando superar
a dor de perder Bull. Entendi. Eu queria estar com elas, para ser
sincero.

— Como eu estava dizendo. Estaremos andando por Long


Beach para liberar as cinzas de Bull. Todos do clube estarão a
reboque para apoiá-lo e mais alguns. — Ele abaixa a cabeça,
erguendo os ombros enquanto respira fundo. Todos nós sentimos o
núcleo. -É o que Anahi disse que Bull teria desejado. Para se
espalhar pela estrada — Shadow informa.

Dando um breve aceno de cabeça, sento e passo minhas mãos


ao longo do meu rosto. Tudo isso parece tão irreal. Como o rei dos
Devils, o próprio ceifador, não pode mais nos liderar? Nosso futuro
como clube é incerto.

— Perdemos entregas e coletas nesta semana. Bobby informa,


mas ele faz um argumento válido. Nossos contatos estão esperando
respostas. Não posso deixar de pensar tenso sobre quem nós
irritamos. Eu não conheço todos os lançamentos e levantamentos,
pois sou um prospecto, me disseram o que fazer e quando fazê-lo, e
é sobre todas as informações que recebo. Por enquanto.

— Sim, vamos ter pequenos retornos esta semana, Shadow


murmura, com a cabeça baixa.
— Isso vai desencadear a ascensão de outras pessoas tentando
dominar nosso território — acrescenta Zane, sentando-se ao lado de
Shadow.
Ele está falando sobre drogas. Nossa retirada do produtor foi
perdida esta semana e provavelmente foi vendida para outra
pessoa. Nossos compradores vão procurá-los em vez de nós e
teremos pouco dinheiro.
A equipe original tem muito dinheiro e pode devolver o que foi
perdido nesta semana. No entanto, os prospectos como nós têm
prejuízo. Não obteremos lucro com a venda perdida. É o que
fazemos para mostrar nossa lealdade.

— Nós vamos fazer as pazes.— Shadow bate o martelo,


declarando a reunião encerrada. Os irmãos mais velhos levantam,
empurrando as cadeiras para dentro quando saem, mas Rad ainda
está sentado na minha frente, girando para frente e para trás na
cadeira, a mão segurando o queixo enquanto olha fixamente para a
mesa com olhos hostis.

— Você está bem? — Eu o chuto embaixo da mesa para


chamar sua atenção.
Suas írises azuis afiadas voam para as minhas.

— Então, nós estamos fodidos e ninguém se importa? — Ele


coloca a mão no colo, as narinas dilatadas com o fato de que somos
azarados ao receber o pagamento.
Eu zombei. — É o que é, cara. Família vem em primeiro lugar.-
Eu levanto e bato minhas juntas na mesa.

— Quero dizer, você mora no clube. Você não tem contas, por
que diabos está chorando? Big Chief pergunta, parado na porta
atrás de mim, segurando uma cerveja pelo pescoço.
Rad aponta para ele.
— Eu tenho uma vida fora deste clube, filho da puta, e por
acaso o dinheiro seria realmente útil agora. O veneno amarra cada
palavra.
— Então, porra, faça algo sobre isso, boceta! Diz Big Chief.
— Calma, irmão. Eu coloco minha mão no ombro do Big Chief,
tentando manter a merda em paz.

— Eu planejo. A resposta legal de Rad pulando na parte de


trás do meu pescoço como gelo. — Conheço algumas pessoas que
nos fecharão um acordo. Dão-nos um pouco de dinheiro. Você tá
dentro?

Suspirando, passo a mão sobre a cabeça. Quero dizer,


compensar o dinheiro perdido seria bom, mas não temos
suprimentos para vender. Esse é o problema.

— Qual é o problema? — Eu questiono.

— Eles nos fornecem e nós vendemos. Agitação da velha


escola. Rad ri.
Eu sorrio.— Eu posso acabar com isso. — Voltar aos meus
velhos hábitos seria fácil.
— Vamos rolar, então. Rad está de pé, passando muito perto
de Big Chief de passagem. — Você vem? ele pergunta.
Big Chief me acerta com um olhar aguçado, a pergunta que
permanece nas profundezas deles.

— Me corte? — ele pergunta.


Eu concordo. — Claro.
Ele engole a última cerveja antes de bater na mesa. Arrotando,
ele faz uma forma estranha com os lábios.
— Estou na época, quero dizer... se Rad concorda com os
chamados cultivadores, eles devem ser dignos. — O sarcasmo
escorre de seu tom como ácido tóxico, mas ele faz questão. Como
sabemos que esses cultivadores valem a pena? Que eles podem ser
confiáveis?

— Isso é legítimo, certo? Você não está nos fodendo? Eu


interrogo Rad. Ele se vira, seus braços bronzeados do sol brilhando
em sua pele quando ele surfa estendido, seu corte de couro tendo
mais material do que sua camisa real.
— Sério mano, minha palavra é meu vínculo. Balançando a
cabeça, ele sai.
Dando uma segunda olhada ao Big Chief, dou de ombros.
— O clube confia nele, é por isso que ele é um candidato. Não
tenho motivos para não o fazer - explico a Big Chief e sigo Rad.
Eu não deveria ter questionado Rad, ele é meu irmão. O
objetivo de ser um candidato é aprender a confiar um no outro com
sua vida. Lealdade à cripta. Big Chief está realmente começando a
agitar este clube.
Lá fora, encontro Shadow e Lip tentando tirar as garotas do
chão. Piper está seriamente bêbada de novo. Ela está rindo,
tropeçando em seus próprios pés e Delilah está agachada no canto
tentando urinar. O olhar intenso de Lip me faz notar que ele está
me encarando e não ela. É um aviso para desviar o olhar, mas isso
me faz parar.
— Eu estarei lá. — Eu digo aos meninos, e vou até Lip e Piper.
— Saint! Piper xinga com entusiasmo, jogando os braços em
volta de mim como se eu fosse sua pessoa favorita, a garrafa de
bebida que ela está segurando derramando pelas minhas costas.
— Ei, por que você não entra com seu pai? Deita um pouco?
Eu pergunto. Ela me empurra com um beicinho, aqueles lábios
vermelhos sensuais me fazendo querer mordê-los.
—Eu tenho isso. Lip enfia um braço entre nós, empurrando
Piper e eu ainda mais separados. Isso me irrita, e a necessidade de
cuidar de Piper se torna ensurdecedora.
— Vai! —Lip ruge. Esfregando a parte de trás do meu pescoço,
eu me viro e vou em direção aos caras. O som de Lip gritando para
as garotas juntarem suas coisas, deixando os músculos do meu
pescoço tenso.

Se ele soubesse que a merda que Piper passou, a tempestade


que a destruiu e continua a assombrá-la diariamente... ele seria um
pouco mais paciente com ela. Ela é uma porra de sobrevivente. Não
é uma mulher frágil, triste e deprimida. Ela está lá fora, tentando se
encontrar de novo, sentir algo e eu entendo isso.
Eu sei o que as pessoas dizem sobre ela, quão rápido e
selvagem ela é. Que ela é descuidada. Mas, eu vejo outro lado dela,
e depois que ela confiou em mim, eu a entendo ainda mais. Talvez
todos lhe dessem uma folga se soubessem o quanto ela é realmente
corajosa. Ela usa um curativo espesso sobre suas feridas, e só eu
sei o que as causou. Um fardo que eu gostaria de nunca conhecer,
porque não posso fazer nada para consertá-la.

Entrando na caminhonete de Big Chief, sento-me no banco de


trás para que Rad possa sentar na frente. Ele e Big Chief poderiam
usar algum tempo de guerra. Decidi contra as motos, pois não sei
quanto produto tiraremos de lá. Meus alforjes só podem carregar
um tanto.
Rad direciona Big Chief para longe da cidade, para estradas
rurais onde a bela paisagem é engolida por folhagem meio
morta. As estradas são deixadas para se defender, o asfalto rachado
e irregular. Casas feitas de estuque estão rachadas e caíram,
arbustos com espinhos do tamanho de lápis crescendo nas
lembranças perdidas.

— Onde diabos estamos? Eu finalmente pergunto.


— Estamos quase chegando, Rad responde secamente, sem
responder totalmente à minha pergunta. Entramos em uma entrada
estreita, galhos e folhas raspando a parte superior da caminhonete
de Chief enquanto descemos o caminho quebrado. Está escuro, a
auréola dos faróis se espalhando por arbustos mortos, a única luz.

— Se formos mais longe, ouviremos tambores, cara, eu não sei


sobre isso. Arranhando meu peito, faço uma piada, mas, na
realidade, estou falando sério. Estamos longe da cidade e de
qualquer demônio. Meu intestino está me dizendo que devemos nos
virar.

Um trailer amarelo off-road aparece à vista de uma garagem de


metal, uma lâmpada externa acende uma luz tremeluzente logo
acima. Minha mão vai instintivamente para a arma no meu coldre.

Jesus Cristo, isso é uma merda suspeita. Nada de bom


poderia vir de um lugar como este.
Big Chief estaciona a caminhonete, e nós dois olhamos para
Rad.
— Deixe-me lidar com isso, ele instrui, agarrando a maçaneta
da porta para sair.
— Qual o sentido de virmos se estivermos na maldita
caminhonete? Eu questiono. Ele olha por cima do ombro e me
prende com os olhos vermelhos. Rad está sempre alto, essa ocasião
não deve ser diferente, mas considerando onde estamos... isso me
deixa mais nervoso.
— Caso eu precise de você. Eu não preciso de você
agora. Olha, eles não conhecem vocês, então deixe-me lidar com
isso. Bem? Seu tom hostil e arrogante, balanço a cabeça e apoio as
pernas no banco de trás.
— Cara, os brancos são loucos, murmuro.— Que porra é
essa. Se apresse. Eu aceno para ele e puxo meu telefone para me
divertir.
A porta da caminhonete fecha e ouço Big Chief suspirar.

— O que? Eu relutantemente pergunto.


— Eu não sou do tipo que joga essa merda, mas meu intestino
me diz que não é assim que vocês costumam fazer as coisas. A
hesitação paira na ponta de suas palavras como um mergulho em
uma piscina fria.

— Não é, quem quer que seja, eles não são aprovados pelo
clube. Rad está atestando eles com base no crédito de rua, irmão.
Eu sorrio, folheando o Facebook. Piper tem uma foto dela e das
meninas no clube. Seus cabelos ruivos emolduram seu rosto, sua
língua saindo de brincadeira enquanto ela envolve Delilah e Addie
em seus braços. Nosso clube é o craque no que diz respeito a
mulheres bonitas.
Parece que desde que dormimos um com o outro, ela está na
minha frente mais nos dias de hoje. Ou talvez eu continue
pensando nela, mas como posso parar quando tudo me lembra
dela.
Deslizo para cima, irritada com o pensamento.
Meu coração foi enterrado há muito tempo; com a minha filha.

Minutos passam e eu fico entediado pra caralho. Empurrando


meu telefone no bolso, sento-me, descansando as mãos no assento
à minha frente.
— Ele precisa se apressar, eu preciso mijar. Eu gemo,
agarrando meu pau. Como se seus ouvidos estivessem zumbindo da
minha conversa sobre ele, a porta do velho galpão enferrujado se
abre e ele sai correndo com uma mochila escura embaixo do braço.
— Já era hora, diz Big Chief, exalando e ligando a
caminhonete.
— Vamos lá. Rad sobe sem fôlego, fechando a porta.
Jogando a bolsa no banco de trás comigo, Big Chief começa a
recuar para fora da garagem. Rad ri como um curinga, esticando as
pernas e batendo as botas no painel, fazendo uma bagunça
empoeirada da caminhonete de Chief.

— Que porra é essa, cara? Big Chief olha para ele, sua mão
gesticulando na direção do estrume que estraga seu interior outrora
limpo.

A comoção de frente chama nossa atenção. Um cara de


macacão e botas saiu, com os braços peludos pendurados no corpo,
parecendo um atacante do Kansas City Chiefs.
— Que porra é essa? Eu aponto para o cara. Rad não
responde. O cara desliza o polegar pelo pescoço, transmitindo que
ele cortará nossas gargantas. Meus olhos se arregalam quando meu
intestino se aperta. Algo sombrio aconteceu, eu sei disso.
— Porra, vá! Rad bate no painel animadamente, e o pé de Big
Chief bate no acelerador, nos jogando ao contrário.

— Droga, Rad! Não posso evitar a irritação envolvida em


minhas palavras.

— Ele não queria fazer o acordo. Seu chefe se importava com


ele e ele estava chateado. Ele vai superar isso. Apenas continue -
instrui Rad. Então, voltamos e voltamos para o clube. O céu sendo
escuro como breu além da lua lançando uma sombra
fantasmagórica através das janelas, eu abro o zíper da mochila. Há
cerca de um quilo de metanfetamina, segurando a bolsa
transparente, meus dedos percorrendo as pedras soltas. Jesus. Eu
largo e arrasto minha mão pelo meu rosto. Um arrependimento
morno percorre minhas bochechas. Por que estou voltando a essa
merda? Eu prefiro atirar maconha do que isso. Meth traz os filhos
da puta loucos. Você literalmente verá alguém se deteriorando,
visita após visita, compra após compra, e tudo o que você pode
fazer é vender a próxima correção e desviar o olhar. Eu odeio isso.
Sem mencionar a coragem invisível dos drogados. Não sei
quantas vezes uma cabeça de metanfetamina tentou me forçar a
dar-lhes meu produto e dinheiro. Eles não se importam se morrem,
tudo em que conseguem pensar é a próxima dose e farão tudo para
obtê-la.

Eu fecho a bolsa.
— Eu não posso fazer isso, desculpe, irmão.
Seus olhos estalam na minha direção com tanta força que ele
se vira na cadeira.
— Você está fodendo comigo? ele zomba, a cabeça inclinada
para o lado.
— Não, eu não estou fodendo. Todo o motivo pelo qual estou
no clube é que não preciso mais lidar com essas merdas — explico,
afastando a bolsa de mim.
— Você não acha que o clube joga essa porcaria? — Rad ri
zombeteiramente.
Eu dou de ombros. — Eu não sei, talvez eles façam. Mas eles
estão de volta um ao outro. Somos apenas nós agora e eu não vou
ser enganado ou atirado em alguma garagem feita de
metanfetamina, cara!

O silêncio cai sobre a caminhonete nos últimos quilômetros


até o clube. Quando Big Chief estaciona a caminhonete, ele se
recosta, com a mão embaixo do queixo enquanto olha para o para-
brisa.

Abro a porta e saio. Balançando a cabeça com o quão baixo


Rad está disposto a ir apenas por alguns dólares. O clube tem a ver
com lealdade e ser um prospecto mostra como confiamos que o
clube nos terá, mesmo quando parece que chegamos ao fundo do
poço.
Me afastando, eu posso ouvir Rad gritando comigo, me
chamando de boceta. Eu o ignoro. Ele pode ser tão difícil por
dinheiro, mas eu não sou. O que o Big Chief decide, é dele.

No clube, encontro Piper dormindo na mesa de bilhar com


Delilah, mas Addie não está aqui. Zane provavelmente a
levou. Caminhando até a mesa, a luz acima lança um brilho no
rosto de Piper. Os cabelos cor de brasa e a pele branca do inverno
lembram um incêndio no meio de janeiro.
Ela tosse e depois se joga sobre o lado da mesa, vomitando nos
meus sapatos.
Eu pulo para trás, mas não rápido o suficiente.
— Que porra é essa? Há pedaços amarelos no meu sapato.
Ela cai de costas e continua a vomitar, só que agora ela está se
afogando nela. O gorgolejo e o suspiro me fizeram agir rápido e eu a
rolei para o lado dela, para que o conteúdo que estivesse em sua
boca escorresse sobre a mesa. Jesus, ela pegou alguma coisa?

Colocando seu corpo em meus braços, eu a levanto da mesa.


— Jesus, Red, murmuro no lado de sua cabeça, carregando-a
pelo corredor para o meu quarto. Mesmo no seu pior, ela é linda pra
caralho. O cheiro dela fazendo meu pau mexer, querendo segundos
do que ela tem para oferecer.
Sentada aqui na minha cama, eu agarro sua blusa e a levanto
acima de sua cabeça, seu sutiã cor de lavanda segurando seus
seios perfeitos, meus olhos estão colados a ela antes que eu tenha a
chance de desviar o olhar. Seu peito coberto de sardas faz minha
mente instantaneamente voltar para quando estávamos na casa
dela e minha mão estava espalhada entre a clavícula. Ela era toda
minha naquela noite.
Olho para longe dela e noto pedaços em suas
calças. Merda. Eu não vou deixá-la dormir na minha cama com
isso. Agarrando seu traseiro, eu os deslizo para fora dela e
novamente, sua calcinha com estampa de leopardo causa um
gemido áspero na minha garganta. Inclinando, minha cabeça
apoiada na dela, suspiro alto antes de me forçar a ficar de pé. Olho
no meu armário uma camiseta e tento colocar nela. É como tentar
vestir uma pessoa morta. Ela é pesada e não está me ajudando.
Finalmente com minha camisa velha da escola, puxo meu
cobertor sobre suas pernas longas e quadris curvilíneos.
— Você está me matando aqui, Piper, eu sussurro, afastando
os cabelos dos olhos fechados. Esfregando o rosto, depois a nuca,
olho para o chão. Pego um travesseiro e o jogo no chão, enfiando-o
embaixo da cabeça antes de adormecer pensando nela.
PIPER
Acordei com minha cabeça latejando pelo quinto dia
consecutivo, e minha boca está muito seca como o inferno. Porra, já
passaram cinco dias? Isso tem que ser um recorde. Ugh, me sinto
mal do estômago. Esticando minhas pernas, um cobertor macio me
envolve me fazendo abrir os olhos. Eu estou na cama. Eu estava em
uma mesa de bilhar da última vez que me lembro.
Algo quente está embaixo de mim, é Delilah? Ela nos levou
para um quarto?
Sento-me e descubro horrorizada que estou deitada na cama
de Saint. No clube. Com ele! Minhas mãos deslizam pela minha
frente como se eu estivesse tentando sentir um sinal do meu sono
com ele. Eu não sinto como se estivesse com ele. Espere, essa não é
minha camiseta.
Puxando o tecido para longe de mim, encontro um logotipo da
escola desbotado na frente. Instintivamente, levanto-o ao nariz e
sinto o cheiro do tecido.
O cheiro de Saint cura minha cabeça latejante e meu coração
de luto. Ele cheira tão bem. Um perfume limpo misturado com
madeira e especiarias.
Mas jurei que não voltaria a dormir com ele. Merda! Minha
cabeça balança para trás, vergonha pesada no meu estômago, não
se acomodando bem com toda a bebida. Olho para ele dormindo ao
meu lado, sem camisa. Seu peito tem recortes perfeitos, como uma
barra Hershey. Rolando meus lábios um sobre o outro, não posso
deixar de querer correr as pontas dos dedos em seu peito macio. É
tão injusto que ele é tão bonito.
Levantando minha mão, meus dedos começam a tremer, meus
olhos se deslocam entre seus peitos imaculados e seus olhos
fechados.

Há uma batida leve na porta e eu rapidamente largo minha


mão.
Lip entra e chega a uma parada abrupta. Seus olhos
arregalados e mandíbula cerraram.
— Vista-se e tire sua bunda aqui agora! — ele ruge, acordando
Saint. Ele pisca algumas vezes antes de perceber o que está
acontecendo. Ou o que Lip acha que está acontecendo.
Ele tropeça na cama, quase caindo de cara enquanto persegue
meu padrasto para fora do quarto. Saindo da cama, eu sigo.
— Espere! Lip! Ele não para.
— Nós não fizemos nada! Eu grito, chegando a Lip e Saint
discutindo um com o outro no corredor.
—Ela não é apenas mais um ponto no seu cinto! Lip grita.
— Não é assim, cara. Ela estava fodida e eu ...
Lip bate com o punho no rosto de Saint, fazendo-o cair sobre
um joelho.
— Saint! Eu corro entre eles e empurro Lip para longe. —O
que há de errado com você? Peço uma respiração confusa.
Lip olha para mim com olhos decepcionados. — Por que você
está fazendo isso consigo mesma? Por quê?
As palavras têm um duplo significado. Ele tem vergonha de
mim, meu sono e paquera finalmente o fazem estalar. Ele nunca me
disse nada sobre isso, sempre olhando para o outro lado, mas eu
posso ver em seus olhos e voz que ele sempre quis dizer alguma
coisa.

— Com quem eu durmo não é da sua conta! — Eu bato meu


dedo em seu peito. Ele arrasta a palma da mão pelo rosto,
colocando as mãos nos quadris.

— Vá colocar umas calças, Piper —, ele zomba antes de se


virar e deixar nós e o resto do clube que estão olhando para mim e
Saint.
— O que diabos vocês estão olhando? Eu levanto uma
sobrancelha para todos eles e me viro para Saint. Ele está ajoelhado
no chão, com a mão na mandíbula. Lip o atingiu do nada, e pelo
som disso. Vai deixar uma marca.
Ajoelhado ao lado dele, coloco minha mão nas costas tatuadas
dele.— Você está bem?
Ele se encolhe com o meu toque, me deixando com raiva.
— Por que você não bateu nele de volta?
Olhos castanhos perturbados se erguem como se eu o tivesse
ofendido.

— Você não entende. Não é? Ele se levanta, e é quando eu


noto seu lábio machucado por uma fração de segundo antes de
voltar para o quarto e bater a porta.
Pés correndo o chão chamam minha atenção para Delilah, que
está vestindo uma camiseta amassada dois tamanhos grandes
demais para ela e suores cinza combinando.
— Ele não o bateu porque é um idiota em potencial. Se ele
revidasse, poderia dar adeus ao patch, ela informa com um tom
rouco.

Porra. Eu sabia. Suspirando alto, levanto-me e espano minhas


mãos.
— Você dormiu com ele? — Delilah pergunta à queima-
roupa. Eu olho para ela.
— Não. - Com quem você dormiu? Faço um gesto com o dedo
indicador em sua camisa de grandes dimensões.
Ela sorri, encolhe os ombros e se vira.
Ela provavelmente roubou, é assustadora demais para brincar.
Ela é louca.
16
PIPER
Dois dias depois

Na minha casa, olho o vestido preto, um baseado pendurado


na minha mão. É a minha roupa favorita. Material preto elegante
e fora do ombro que atinge o meio da coxa. É perfeito
para uma festa ou um funeral.

Vou usar meu batom vermelho que combina com meus saltos
de confiança e ter meus cabelos lisos. Hoje não há rímel. Talvez eu
coloque alguns desses cílios magnéticos, por isso, se eu chorar,
ainda tenho a aparência grossa de qualquer coisa que possa tirar
fotos. Eu nunca entendi pessoas que tiraram fotos de coisas
assim. Quem quer se lembrar de algo assim?
Hoje é o dia em que espalharemos as cinzas de Bull. Eu estou
bem, considerando o que o dia implica. Eu reuni minhas coisas na
maior parte do tempo. Quero dizer, não estou mais bebendo. Depois
que Saint e Lip brigaram por mim, foi um sinal de alerta. Ele
poderia ter perdido a chance de estar no clube.
Eu gostaria que ele não tivesse feito isso. Cuidado. Eu gostaria
que ele não se importasse comigo. Isso me faria aceitar o que
fizemos na outra noite como uma noite e seguir em frente. Mas
sentimentos estão se formando dentro de mim por ele. Ele me faz
sentir que posso reescrever minha história ou reconstruir os muros
que foram quebrados por tanto tempo.

— Merda, minha mãe está me mandando uma mensagem


—, Delilah assobia, entrando no meu quarto me tirando dos
meus pensamentos errantes. Seu sutiã preto sem alças
combinando com seu short preto. Tão pouco moleca, ela é.

— É isso que você está vestindo? — Delilah aponta para o meu


vestido.
Eu dou uma tragada no baseado.
— Sim.
— Minha mãe está tentando me vestir, ela me irrita. Ela se
senta na cama, as mãos acima da cabeça. O corpo dela é
perfeito. Não é muito magro, nem muito grosso. Eu poderia ganhar
mais alguns quilos se estivesse sendo honesta.
— É como se nossos pais pensassem que ainda somos
crianças ou algo assim. Dizendo o que vestir, com quem estar. Eu
ainda estou chateada com a cena que Lip causou no outro
dia. Porra embaraçoso.
—Sim, ela provavelmente tem um vestido ou alguma
merda para mim. — Ela pega o baseado de mim e a acerta com
seus lábios rosa naturais.
Eu ri. — Ela provavelmente também tem um vestido. Ela ri,
mas nós dois sabemos que sua mãe Dani provavelmente faz. Dani
tem tentado fazer Delilah feminina desde que éramos crianças. A
coisa mais próxima que Dalila já teve foi fazer aulas de ginástica.
— Diga a ela que você vai usar algo meu e vai encontrar algo
no meu armário, querida.— Eu aceno minha mão em direção ao
meu pequeno armário, tem tantas roupas jogadas em todos os
lugares que parece que uma venda no Maurice acabou de cair.

— Você falou com Saint desde, bem, você sabe?-— Delilah


pergunta casualmente, folheando minhas roupas.
Colocando meu vestido sobre meu corpo, o baseado
pendurado em meus lábios, olho para o meu reflexo.
— Não, hoje será a primeira vez desde aquela noite — digo a
ela.
Não vou mentir, estou nervosa.
Será que ele será o mesmo Saint eu não consigo parar de
pensar, ou ele vai ser mais determinado do que nunca para não
deixar minhas ações intervir com o seu patch e me ignorar como
deveria?

Saint
Montando minha moto, descanso as mãos no guidão,
enquanto Shadow diz a todos como a procissão deve acontecer na
estrada. Eu, sendo um prospecto, vou trás. Eu rezo para não ter
pedaços de Bull na porra dos dentes.

— Nós vamos passar a ponte principal, e eu vou chegar a uma


paragem. É quando Dani vira para trás na minha moto e libera as
cinzas enquanto eu dirijo lentamente. Todos vocês vão acelerar
suas motos durante esse tempo até que Bull seja completamente
libertado da urna. Então você continuará dirigindo até voltar ao
clube. Alguma pergunta?

Ninguém diz nada. Alguns acenos silenciosos e homens


olhando para baixo.
— Meu pau está grudado nas minhas bolas, cara.
—, reclama Rad ao meu lado, ganhando um olhar de
mim. Eles nos pediram para usar jeans e uma camisa preta sob
nossos cortes hoje. Com a porra do sol brilhando e a umidade, todo
mundo já está encharcado de suor. Rad é o único reclamando. Se
ele disser essa merda em torno de Zane? Agindo como uma
putinha?

Dani e Anahi saem do clube segurando a urna juntas. Chegou


ontem e estava sobre a mesa do clube para que todos se despeçam.
A falecida esposa de Bull, Anahi, está chorando, seu vestido de
renda preta combinando com os saltos amarrados. Ela é bonita,
com certeza. Não espero que demore muito para que outro filho da
puta tente entrar e levá-la. Ela é jovem demais para ser viúva.

Shadow cumprimenta Dani, beijando-a na bochecha


enquanto ele pega o vaso dela. Mais uma vez, ela está usando
um vestido preto, mas este chega às coxas antes que pequenos
desenhos de flores transparentes reivindiquem seus joelhos.

A renda me faz pensar em Piper, curioso de como ela está


aguentando. Eu não a vejo ou tenho notícias dela há alguns dias e,
quanto mais eu não estou perto dela, mais eu penso nela. Ela está
bem? Ela está bêbada ou está usando? Ou pior, tentando foder sua
dor em algum idiota que não merece sua dor.

As motos começam a roncar, Dani agora sentada atrás de


Shadow e Anahi andando atrás de Zane. Addie deve estar com as
meninas porque eu não a vejo.

Zane e Shadow partem primeiro e o resto de nós segue. Big


Chief começa a andar na minha frente e Rad faz questão de andar
na frente dele e pisar no freio.
— Você não está no clube, atrás da linha, idiota!
— Shadow quer que ele ande perto de mim, Rad, eu
argumento, meu rosto franzido de frustração. É como se Rad
não estivesse fazendo questão de Big Chief estar no clube. Ele é
mais do que um sujeito comum, e eu não ficaria surpreso se ele
manifestasse interesse em receber um Patch.
Chief balança a cabeça, acelera o moto e decola.
Estendendo a mão, dou um tapa em Rad de cima do capacete,
ganhando sua atenção. — Calma, cara. Você está agindo como uma
putinha! Deixo Rad para trás, e acelero certificando-me de colocá-lo
em último na linha de motos com a volta.

Quando finalmente chegamos ao trecho da rodovia, há clientes


alinhados em ambos os lados da estrada segurando cartazes e
flores. Pessoas normais. Aqueles que possuem lojas, as famílias que
Bull ajudou e as crianças que passavam por volta do Dia das
Bruxas e pegavam doces dele. É inacreditável como Bull tocou
tantas vidas nesta cidade. É claro que seu falecimento tocou mais
do que apenas o clube.
Tentando manter minhas emoções sob controle, tento me
concentrar na estrada, ou seja, até a ponte subir e os familiares
cabelos ruivos de Piper em pé, chamando minha atenção. Ela está
olhando para baixo, e acontece que é quando Shadow parou à
frente de nós, a linha tanto tempo que ele tem nos parar antes da
ponte em vez de passá-lo. Ou seja, eu posso olhar para Piper
durante este trágico evento. Eu gostaria que ela estivesse aqui na
parte de trás da minha moto, segurando meu corte com um aperto
mortal.
O silêncio cai quando os carros atrás de nós param, porque
subimos as estradas. Eles não podem passar e ter que esperar para
nós para ir para a frente antes de dirigir novamente.

—Ei!— Um cara pendurado do lado de fora da janela buzina.


O que estamos fazendo é inconveniente e provavelmente ilegal,
mas ele está sendo um filho da puta desrespeitoso! Ele pode
esperar cinco malditos minutos para que todos se despeçam! Ele
buzina novamente. Rad e Big Chief olham para trás, encarando o
homem que toca sua buzina. Eu decido que vou fazer algo sobre
isso. Saindo da minha moto, eu pego o caminho dele.
— Vamos, cara, eu tenho uma reunião para chegar! — ele
reclama para mim como se eu me importasse que sua bunda de
terno estivesse correndo atrás de algum trabalho na mesa. Eu não.
Puxando minha arma da cintura, a cor escorre de seu
rosto. Seu tronco pendurado na janela, pego sua gravata feia e bato
a coronha da minha arma em seu rosto. O som de metal e osso
racha um contra o outro alto o suficiente para avisar os outros que
não estamos brincando. Alguns olham, outros fecham
as janelas como se isso os mantivesse a salvo de mim. O homem
geme e chora segurando o nariz. Merda, há sangue na minha arma
agora. Eu limpo na manga do terno dele.

— Volte para a porra do seu carro e cale a boca.


Ele não se move, ele apenas geme e geme, pingando sangue
pela lateral da porta do carro. Eu o empurro para dentro da janela e
volto para a minha moto, assim que os meninos começam a
acelerar os motores para avançar. Shadow e Dani devem estar
liberando as cinzas. Um peso está no meu peito, um que eu acho
que nunca mais voltarei.
Montando minha moto, olho para Piper. Ela está me
encarando atentamente, aqueles lábios vermelhos formando um
sorriso. Eu pisco.
Mesmo na morte, um irmão tem as costas de um irmão.

Minha mão puxa o acelerador para trás, meu motor rosnando


com os outros. Os gritos dos Devil’s por seu rei perdido ecoando
pela estrada dos demônios perdidos. É o suficiente para enviar
calafrios pelas minhas costas no meio de uma onda de
calor. Percebo motos na minha frente avançando, então levanto
meus pés e dirijo o resto do caminho em silêncio. Dizendo minhas
despedidas finais a um homem que ninguém vai nunca ser capaz
de substituir.
RIP Bull.
PIPER
O luto suave e todos contando suas condolências terminaram
cerca de uma hora atrás. A música agora aumentou e as pessoas
estão começando a ficar barulhentas, o que é normal. Eu não vi
Saint o tempo todo, me pergunto se ele está aceitando isso
bem. Bem, da melhor maneira que alguém poderia, suponho. Ao
sair, noto as luzes da garagem do outro lado do pátio. Cruzando os
braços, vou nessa direção, meus calcanhares clicando ao longo do
concreto na noite.

Lá está ele.
Ele está curvado sobre um carro sem camisa, trabalhando em
um motor. Um pano vermelho paira no bolso de trás da calça jeans
e me ocorre que ele deve ter entrado, trocado e se escondido aqui
enquanto todo mundo estava de luto. Entendo, é difícil ouvir os
outros fingirem que conheciam Bull tão bem e sentirão falta
dele. Bull pode ter sido um cavalheiro para muitas pessoas, mas ele
era nossa família durante o bem e o mal.

— Aí está você.— Eu entro na baía.

Sua cabeça se levanta, aqueles olhos castanhos intensos


encontrando os meus. Borboletas enchem meu estômago e eu olho
para longe. Eu odeio esse sentimento, isso faz você dizer e fazer
coisas estúpidas. É como vodu.

— Sim, achei que seria melhor eu dar um tempo na bebida,


ele explica sua ausência, limpando a graxa dos dedos. Um homem
que trabalha em um carro de calça jeans baixa e graxa na pele traz
um significado totalmente diferente a sexy. Uma freira do caralho
estaria se abanando se estivesse ao meu lado agora.

— Mesmo. Se eu começar a beber, precisarei que você me


salve de afogamento no final da garrafa. Mais uma vez - observo de
brincadeira, ganhando uma risada dele em resposta.

A tensão sexual paira no ar, despindo-se e provocando nós


dois.
Encostado a uma caixa de ferramentas vermelha, com os
braços ainda cruzados, olho o carro em que ele está trabalhando.
— Este é seu?
Ele olha para o veículo.
— Não, apenas alguém que precisa de algum trabalho do
clube, imaginou se consigo descobrir de onde vinha o
vazamento. Ajudar, sabe? Ele levanta o ombro esquerdo em
resposta.

Balanço a cabeça com a gentileza dele. Eu nunca conheci um


prospecto voluntário para fazer um trabalho pesado.
— O clube tem sorte em ter você, Saint. É verdade. Mesmo os
membros que tem seus Patchs por anos não demonstram tanto
comprometimento quanto você.

Saindo do capô do carro, suas botas batem no chão


enquanto começa a andar em minha direção e aquelas borboletas
de vodu ficam mais fortes.
Eu largo minhas mãos e fico mais alto.

— Por que você tem que dizer coisas assim? Humm? Você faz
com que eu fique longe de você apenas sendo muito mais que
amigos, Piper — ele diz, sua voz áspera dançando ao meu redor e
me abraçando.

Envolvendo meus braços em seu pescoço, não posso deixar de


querer ele em troca. Ele é tudo em que penso.
— Podemos ser amigos com benefícios e não sermos
estranhos, Saint, eu minto. Isso é tão estranho. Como as
pessoas apenas fazem sexo e não se apegam?

Ele zomba. — Você está tentando me substituir,


baby? Humm. Você continua dizendo a si mesmo que me odeia e
que deseja nunca ter dormido comigo.

Abro a boca para responder, mas ele está certo. Eu estou


fazendo tudo isso. Estou querendo substituí-lo, encontrar
um cara para me fazer parar de pensar nele. Eu gostaria de nunca
ter dormido com ele, porque isso só vai acabar nos odiando.

Seus lábios repentinamente pressionam os meus e


os portões do êxtase se abrem sem hesitação. Eu o beijo de volta,
minha língua esfregando contra a dele. Suas mãos deslizam pelos
meus lados, atingindo minha bunda, ele agarra e me levanta em
cima da caixa de ferramentas. Um soquete cai no chão junto com
duas chaves de fenda, fazendo com que um ruído alto ecoe pela
garagem.

Ele empurra meu vestido pelas minhas coxas, seus lábios


deslizando pela minha mandíbula e pescoço. Ele descansa as mãos
na caixa de ferramentas em ambos os lados de mim e minha cabeça
balança para trás, minhas mãos nos pulsos.
Usando uma de suas mãos, seus dedos puxam minha
calcinha, usando minhas mãos na caixa, eu também me levanto
uma polegada, e ele lentamente as puxa pelas minhas coxas e
pernas, meus calcanhares presos no material rendado. Liberando
minha calcinha dos meus pés, ele ajunta o material antes de
empurrá-las no bolso da calça jeans.
— A última linha de defesa, baby, não há como me impedir de
ter o que eu quero agora.— Ele levanta o queixo no ar com
arrogância, e meu clitóris palpita com antecipação.
Agarrando a cintura da calça jeans, eu o puxo entre as minhas
pernas. Desabotoando seus botões, eu abro o zíper da calça dele,
e ele ajuda no frenesi, empurrando a calça e sua cueca para baixo
da bunda lisa. Seu grande pênis preto paira livremente, o seu pau é
longo e grosso. Estendendo a mão, corro a ponta do dedo ao longo
de seu comprimento e ele pulsa do meu simples toque,
convencendo-me a me inclinar e deslizar a ponta dele na minha
boca. O gosto de almíscar salgado enche minha boca e eu chupo
com mais força.
Ele assobia, seus dedos emaranhados nos meus cabelos para
controlar o ritmo, minha cabeça se movendo lentamente para cima
e para baixo por seu acordo. O perímetro de seu pênis é tão grande
meus lábios estão se estendendo até onde eles podem, tornando-se
um ajuste apertado. Os cantos da minha boca avisam que eles vão
se separar a qualquer segundo, mas eu quero mais dele. Anseio
senti-lo se contorcer de prazer.
— Ok, ok, ok — ele sussurra, libertando-se da minha
boca. Nossos movimentos se tornam urgentes, tocando sempre que
podemos, beijando com tanta força que nossos rostos estão por
toda parte ao mesmo tempo. Nossa respiração irregular e
movimentos frenéticos transmitem o quão ruim queremos um ao
outro. Ele levanta a mão entre nós, ele cospe em dois de seus dedos
e mergulha-los entre as minhas pernas, colocando a umidade na
minha boceta.

Seus olhos se voltam para os meus quando ele percebe que


estou mais do que molhada o suficiente para ele. Eu sorrio. Feliz
com minha excitação, ele afasta meus joelhos e desliza para dentro
de mim rapidamente. Seu pau me enche tão completamente que
tira o meu fôlego, me fazendo agarrar a ele. Minhas
unhas cravam na parte de trás de seu pescoço, e os saltos dos
meus sapatos empalam suas costas. Eu não quero feri-lo, mas ele
me fode tão forte que eu preciso de algo para me impedir de
cair fora da borda de aço frio. Toda vez que ele bombeia em mim, a
caixa de ferramentas bate contra a parede, e eu não posso deixar de
gemer em resposta, os sons ecoando pela garagem. Meu vestido
sobe no meu estômago com seu toque áspero e posso ver nossa pele
fazendo contato. A imagem penetra em meu coração e marca minha
alma como dele, enquanto silenciosamente dizemos foda-se à
sociedade a porra das suas opiniões para trás sobre quem devemos
amar.
Meus olhos se arregalam com o pensamento de amor. Eu
tenho sentimentos por Saint, sentimentos, a ponto de nos defender
a qualquer um que nos dê um olhar estranho. Desde quando nos
tornamos um nós?

— Foda-se, baby. — Ele grunhe, seus quadris empurrando


para frente e para trás provocativamente. Ele é tão bom,
seu pau grande me prometendo um clímax dos deuses. Ele está se
tornando meu novo vício. Apenas mais um solavanco de sua
presença para me levar para a próxima vez que estivermos juntos.
Mais um toque, olhe, beije. Mesmo quando eu sei que
isso vai só acabar em desgosto, eu não posso ajudar, mas começar
minha próxima dose.

Fogo nos dedos dos pés e incendeia meu corpo quando eu


chego ao clímax com tanta força que tremo. Ele grunhe, sua bunda
se tornando dura como pedra, segundos depois de mim.

Ainda assim, nossas respirações pesadas são o único ruído a


ser ouvido agora.
Ele me puxa lentamente, o vazio causando uma onda de
arrepios ao longo dos meus braços.

Agora vem a culpa. Merda. Por que estamos fazendo isso


conosco mesmos? Eu sei que ele não pode me amar depois do que
ele passou e ele sabe que eu sou incapaz de me comprometer com
ele. No entanto, aqui estamos nós novamente. Procurando o
conforto e a companhia um do outro.

Puxando meu vestido, pulo da caixa de ferramentas


no momento em que ele puxa as calças para cima, abotoando-
as. Meu corpo ainda nem esfriou e eu quero tocá-lo novamente, tê-
lo deitado ao meu lado em uma cama e ter uma conversa estúpida
até adormecermos. É clichê, eu sei disso, mas desejo isso. Estou a
ponto de querer arriscar uma amizade só para ver se conseguimos
resistir à tempestade do nosso passado e chegar ao outro extremo
do caos.
— Isso não vai acontecer novamente. Verdade ou mentira? Eu
pergunto a ele com respiração suspensa. Seu peito brilha de suor,
pingando até a forma de V que me deixa selvagem.

Lambendo o lábio inferior, seus olhos escuros olham para mim


atentamente, ele pega o pano gorduroso do carro, jogando-o por
cima do ombro e sai da garagem.

— Foda-se, eu sussurro para mim mesma. Não por causa da


esperança que paira no ar para Saint e eu, mas porque no calor do
momento, nenhum de nós nos lembrou da porra de um
preservativo. Eu tenho que ir obter a pílula do dia seguinte agora.
17
PIPER

Acordando na sede do clube, deslizo para o lado da cama e


olho para o Big Chief, que ainda está dormindo na minha cama. Eu
o empurro com raiva.
— Saia. Eu gemo.

— Está tão quente aqui! ele geme, jogando um dos travesseiros


que compunham a barreira que eu coloquei entre nós na noite
passada do outro lado do quarto.
— Você é um bebê. Eu bocejo, levantando-me para encontrar
algumas roupas para vestir. — Eu vou ficar na minha casa hoje à
noite, assim o quarto será todo seu, digo a ele enquanto recolho
minhas roupas sujas. Hora de trocá-las por outras limpas.
— Bom, talvez eu traga a doce Delilah aqui esta noite.

Olhando por cima do meu ombro, Big Chief está empurrando


sua pélvis no ar provocativamente, ganhando um olhar de mim.
— Não há nada doce em Delilah, você aprenderá isso. Eu
silenciosamente rio para mim mesma. Delilah é minha melhor
amiga e a única mulher que conheço que quebrará uma garrafa de
cerveja na sua cabeça por bater nela. Ela diz que é o jeito dela de
recusar um adiantamento.

— Ooh, ela é uma arma ? Ele descansa os braços atrás da


cabeça, sem fazer esforço para sair da cama.
-— Quem, pai ou irmão dela? Porque você vai descobrir,
garotão. Balançando a cabeça, fechei a porta. Espero que ele acerte
Delilah para que eu possa ver um dos três chutar sua bunda. Isso
seria um show.

Big Chief tem outra coisa a acontecer, se ele acha que Shadow
ou Zane vão se afastar e deixá-lo foder o D. Esse é um dos
principais motivos pelos quais Delilah está se mudando, para que
ela possa realmente ter um relacionamento; uma vida.

Falando em D, espero que ela ainda esteja aqui. Ela é minha


carona de volta para minha casa esta manhã. A putinha está
sempre querendo que eu fale com ela e depois me abandona.
Vestindo minha camisa fora do ombro e jeans azul, tiro meu
cabelo da camisa e abro a porta para pegar meu telefone e discar
para Delilah. Big Chief ainda está na cama, mexendo em seu
telefone.

Pegando meu telefone da cômoda, volto para o banheiro, mas


não fecho a porta completamente.

— Você ainda está aqui? — Piper


— Não. Por que, o que houve? — D

— Merda— eu rosno, digitando-a de volta.

— E aí? Big Chief pergunta por trás de mim, sendo


curioso. Eu daria um tapa nele se não tivesse começado a pensar
nele como um irmão mais velho.
— Minha carona furou, murmuro, começando a roer a unha,
pensando em como vou chegar ao meu carro. Mais alarmante, como
vou chegar à farmácia e tomar aquela maldita pílula do dia
seguinte? Não posso pedir para Lip me levar, isso abriria uma linha
de perguntas que não quero responder.

— Eu preciso ir para a cidade, você pode vir comigo — ele


oferece em uma expiração, virando-se. Suas costas tatuadas com
alguns machucados. Deve ser do touro, pena que meu amigo tenha
zoneado sua bunda. Aposto que ele se vira como os animais que
monta.
— Realmente? Podemos parar na farmácia no Walmart ou algo
assim? Eu olho para ele esperando que ele não pergunte para
quê. Seu grande peito largo fica em exibição por um mero segundo
antes de puxar uma camisa vermelha apertada sobre ele, cobrindo
sua guerra com a besta de dois chifres que ele monta.
— Sim, nós podemos fazer isso.— Ele tira o chapéu da mesa
de cabeceira.
— Doce, deixe-me pegar meus sapatos. Deslizo meu telefone
no bolso e o medo enche meu peito enquanto penso em ter que
tomar a pílula do dia seguinte. Felizmente, o Big Chief estará fora
fazendo outra coisa e não me perseguirá.
Colocando o cabelo atrás da orelha, olho para ele
nervosamente. E se ele insistir em vir comigo e me encontrar
comprando? O que vou dizer?
SAINT

Saindo do meu quarto esta manhã, ouço Piper, juro que a


ouço o tempo todo e confundo isso com outra pessoa, mas desta vez
é realmente ela. Indo para o final do corredor, a porta do quarto
está aberta, permitindo-me espiar apenas o suficiente para ver o Big
Chief deitado na cama, nu, e Piper sentada na beira.

Meus dentes rangem e as mãos se enrolam nelas mesmas. Que


porra é essa? Balançando a cabeça, eu me afasto e volto para o
carro na garagem para trabalhar, eu preciso dar às minhas mãos
algo para fazer antes de estrangular o Big Chief.

Arrancando um pano da caixa de ferramentas, a que eu peguei


Piper na noite passada, minhas narinas se alargam. Por que diabos
estou com tanta raiva? Ela não é minha, e eu sei disso. Na verdade,
eu tinha certeza de que ela soubesse disso. Não sei dizer quem
brinca com ela.
No entanto, aqui estou eu, exigindo que ela não veja ninguém
além de mim.

Subindo dentro do capô do carro, começo a afrouxar o


ferrolho, as articulações dos meus dedos se contraem quando giro o
soquete na mão.

Ainda assim, ele deveria ser meu irmão do


caralho. Certamente ele sabe que há algo entre Piper e eu. Então,
novamente, se ele sabe alguma coisa, tenho certeza que todo
mundo sabe.

Imagens minhas e de Lip discutindo no clube me vêm à mente,


e isso me deixa ainda mais chateado. Porque sim, a porra do Big
Chief sabia que eu e Piper estávamos transando. Ela não é puta do
clube e não é repassada como uma também.

— E aí irmão? — A voz do Big Chief faz os cabelos do meu


pescoço se esticarem. — Você ainda está trabalhando nesse pedaço
de merda? — Eu o ignoro, pois posso matá-lo, se eu me envolver.

Ele chuta o para-choque do carro.


— Ei! Estou falando com você.
Rangendo os dentes, coloco minha mão no capô e saio do
carro abruptamente.

— Por que você está fodendo Piper? — Eu digo. O rosto dele


empalidece. — Você sabe que eu estou transando com ela, então
que porra é essa? — Irritado e carrancudo, eu o empurro para
trás. Eu nunca estive tão perto de uma mulher antes e a primeira
vez que abaixei a guarda um pouco, tenho um idiota tentando
atrapalhar e para quê?

— E aí cara! — Big Chief empurra as palmas das mãos no meu


peito, me empurrando um passo para trás e minha raiva sai nos
jogando em uma briga.

Meu braço está em volta do pescoço dele, o dele em volta da


minha cintura antes que ele me coloque em um banco atrás de nós,
ferramentas caindo por todo o lugar.

— Eu não transei com ela, cara! — Big Chief resmunga


enquanto aperto seu pescoço como se fosse uma porra de uma bola
de estresse.
Uma picada irradia meu intestino quando seu punho colide
com ele. Usando o pé, empurro-o para longe e solto seu pescoço ao
mesmo tempo, nós dois lutando por um pulmão cheio de ar.
Nós olhamos um para o outro, carrancudos. Big Chief
descansa a mão no para-choque do carro, a cabeça inclinada para
trás enquanto ele calça.

— Você sempre gosta disso com vadias por quem você se


apaixona ou essa garota tem todos vocês fodidos na cabeça? -— Ele
geme.
Esfregando o queixo, eu desvio o olhar.
Usando meu antebraço, limpo a testa do suor pingando nos
meus olhos. — Não há outras cadelas. Minha voz rouca quando eu
o encaro.
— Não há mais camas, cara. Então, eu durmo lá. Ela não
gosta de mim, irmão. Ela se certificou disso com parede de
travesseiros entre nós.

Olhando para ele, dou um aceno silencioso, subitamente me


sentindo tolo. Piper está sob a minha pele muito mais do que eu
jamais imaginei. Acabei de atacar alguém pelo simples pensamento
dele tocando-a. Jesus Cristo.

— Vou levá-la para a casa dela porque Delilah a deixou para


trás esta manhã, mas sou apenas um amigo, cara. Você pode
confiar em mim.— De pé, ele estende a mão, querendo apertá-
la. Sua palavra é seu vínculo.
Deslizando meus dentes ao longo do meu lábio inferior, fecho o
espaço entre nós e aperto a mão dele.
— Sim, tudo bem, eu murmuro.

— Ela sabe que não deveria estar vendo mais ninguém ou isso
é unilateral? Big Chief aponta, abrindo buracos na pouca paciência
que me resta.

— Eu não sei mais nada, digo a ele sem rodeios, puxando o


pano do bolso de trás e esfregando a graxa dos dedos na tentativa
de me distrair.
— Sim, eu imaginei. Você pode querer que ela saiba o que está
sentindo. Essa é uma garota que não fica esperando. Levantando
uma sobrancelha para mim, ele dá um tapa na lateral do carro
antes de sair e sair do compartimento da garagem.

Fico com raiva e confuso. Tenho sentimentos por Piper, e algo


dentro de mim queima uma chama de culpa. Minha filha e a mãe
dela estão na parte de trás da minha cabeça, me lembrando como
eu as decepcionei. Eu nunca segui seguir em frente, não sei como e
nem sei o que vou fazer.
No entanto, em algum lugar ao longo da linha secretamente
encontrei sentimentos por Piper. Sua personalidade me faz sorrir,
me vendo observando-a do outro lado da sala e desejando que ela
estivesse ao meu lado e na minha cama à noite. Só não percebi
tudo isso até vê-la sorrir para outro homem.
Minha mente tem vontade própria. Meu coração sentindo um
peso que eu nunca havia sentido antes, e o instinto de fazer a dor
desaparecer pousou em Big Chief. Deus me ajude se Piper
menosprezar meus sentimentos por ela e decidir ficar com outra
pessoa. Especialmente depois que eu quase esganei o Big Chief por
estar perto dela.
18
PIPER

Subindo na traseira da moto de Big Chief, envolvo um braço


em volta dele e uso minha mão livre para segurar o assento. Seu
corpo está tenso e ele parece desapegado. Ele geralmente está
sempre flertando e contando piadas.

— Você está bem? Eu pergunto a ele, temendo que algo tenha


acontecido com o clube enquanto eu estava tomando café.

— Sim, ele diz e liga a moto. Olhando a cabeça por trás, noto
que seu pescoço está realmente vermelho. Como se ele esfregasse
demais... ou alguém o sufocasse.
— O que diabos aconteceu com seu pescoço? Eu corro meu
dedo sobre a pele irritada, e ele se afasta do meu toque. Franzo a
testa, isso é fora de personagem para ele.
— Estou bem, ele tenta gritar sobre o motor e decola sem dizer
mais nada. Pelo canto do olho, sinto alguém me encarando e
encontro Saint encostado na baia da garagem, com um pano
vermelho nas mãos enquanto olha para mim e o Big Chief. Ele
rapidamente vira as costas para mim e entra.

— Que porra está acontecendo com os homens por aqui hoje?


Eu me inclino para mais perto de Big Chief. — Saint disse algo
para você? Eu bato no ombro dele, mas ele não responde, ele
apenas passa para a próxima marcha.

O vento me dá um tapa na cara, o calor é incrível e me lembra


o quão bom é andar. Mastigando minha bochecha, não posso deixar
de me perguntar se Saint e Big Chief brigaram e porquê? Por minha
causa? Lançando meu cabelo do meu rosto, inspiro profundamente,
tentando não ficar animado com a ideia de Saint ficar com ciúmes
de mim dormindo ao lado de Chief. Então me lembro por que estou
na traseira da moto e essa emoção cai como a morte.

A pílula do dia seguinte.


Jesus, como podemos ser tão estúpidos? Qual a eficácia da
pílula? Oh meu Deus, e se não funcionar?
Big Chief acelera o motor para dividir as faixas, passando
entre os carros lentos, passando pelo tráfego parado e acelerando
pela estrada. Do jeito que ele está dirigindo, estaremos lá em pouco
tempo e eu posso olhar para o maldito pacote para minhas
respostas.

Ele sai em uma rampa de saída e vira à direita na estrada de


trás para passar o tráfego. Lançando meu cabelo para fora do meu
rosto, noto uma van cinza enferrujada logo atrás de nós pelo canto
do olho. A tinta cinza é arranhada, revelando ferrugem devorando-a
de todos os ângulos. O para-brisa está rachado e lascado como um
lago no meio do inverno, como eles podem ver qualquer coisa é um
mistério. Olhando para a van, eu me viro e tento aproveitar o
passeio. Mas sinto a van se aproximando. Que porra é essa? Olho
para trás novamente, eles não podem nos ver ou estão tentando
chegar tão perto de nós? Então me dei conta de que eles poderiam
estar nos seguindo desde que deixamos o clube. Os cabelos na
parte de trás do meu pescoço sobem quando um calafrio cai na
minha espinha.

— Ei, alguém está atrás de nós! — Eu tento contar ao Big


Chief, mas seu maldito cano de descarga é tão alto que eu sei que
ele não pode me ouvir. —Ei!
Ele fica tenso contra mim, mas não responde.
Virando-me, olho de soslaio para tentar ver através dos vidros
quebrados, mas a van de repente acelera, a fumaça do escapamento
se esconde atrás deles logo antes de pregar a parte traseira da
nossa moto com seu para-choque, enviando Big Chief e eu para o
chão.

Minhas pernas queimam como se a pele estivesse sendo


arrancada com uma faca de manteiga quando eu deslizava pela
calçada. A dor tão insuportável que tudo o que posso fazer é gritar e
cair como uma folha. Minhas mãos batem contra o concreto, o som
inconfundível de osso quebrado quase tão alto quanto meus gritos.
Minha visão gira e borra lembrando-me de quando eu era criança e
girando em um círculo muito rápido até que minha cabeça de
repente bate contra algo duro. O som dos pneus rangendo
desaparece quando tudo desliza em uma vasta escuridão.
19
SAINT

Saindo do carro em que ainda estou trabalhando, jogo a chave


no pedaço de merda. Está vazando e chocalhando agora. Eu não sei
o que há de errado com isso.

Agarrando minha garrafa de água da caixa de ferramentas,


vejo Kane inclinando-se para fora do clube fumando um cigarro.
Não sei quando foi a última vez que o vi, provavelmente quando eu
era criança. Ele é um nômade, indo e vindo como quiser. Dizem que
ele é gay, mas eu não pergunto a outro motoqueiro se ele é. Você
está apenas pedindo uma gritaria.
No entanto, é isso que eu amo no The Devil's Dust. A
diversidade. Fazer suas próprias leis e seu próprio caminho. Somos
líderes, porra.
Lip, Shadow, Bobby e alguns outros irmãos começam a correr
para fora do clube e a pular nas motos. Os cabelos na parte de trás
do meu pescoço aumentam com o comportamento frenético que eles
estão exibindo. Jogando minha garrafa, eu ando até o clube,
encontrando Kane encostado no clube fumando um cigarro. Ele
está sempre entrando e saindo, acho que ele é um nômade hoje em
dia.
— O que está acontecendo? Eu pergunto.
— Piper e Big Chief se acidentaram. Muito ruim pelo que eu
entendo — ele explica, afastando os longos cabelos do rosto.

Meu coração martela no peito, pensando em Piper machucada,


e meus pés começam a correr antes que minha mente se registre
para se mover. Montando em minha moto, eu ligo e saio para fora
do pátio para alcançar com os irmãos logo à frente. Porra do Big
Chief, eu sabia que ele era arrogante demais para andar com um
passageiro.
Se você não respeita a moto, a estrada não tem piedade de
você.

Entrando no estacionamento do hospital, estaciono minha


moto ao lado das motos dos irmãos. Parece que Lip já está lá
dentro, mas Bobby e Shadow ainda estão do lado de fora
conversando entre si.

Mãos nos bolsos, eu ando até eles. — Ei.— Erguendo minha


cabeça em saudação, eles fazem o mesmo.
— Vamos ver o que podemos fazer, rapazes, — Shadow instrui
com um tom sombrio, levando-nos dentro do hospital. O ar frio me
bate no rosto, como se as almas perdidas de cada andar estivessem
nos alertando para nos virarmos. Me deixa sem fôlego
por uma fração de segundo, enchendo meus pulmões com o cheiro
de antisséptico e o leve aroma de café do café no corredor, o tipo
barato e sujo tentando ajudar a equipe a fazer horas extras.

Entrando no elevador atrás de Shadow, torço minha mão


antes de enrolá-la em uma bola. Estou ansioso, pronto para ver em
que tipo de condição Piper está. Espero que seja apenas uma
erupção, nada sério. Observo os números acenderem no painel
acima das portas do elevador enquanto cruzamos cada andar até
ele tocar no quarto andar. As portas se abrem e saímos para o
ladrilho arranhado. A presença de homens do Devil’s Dust puxa
minha cabeça para a direita. Lá está Lip lá fora, com a cabeça
abaixada e segurando o queixo. Seus ombros estão tensos e com o
rosto pálido. Isso não pode ser bom.
Meu estômago revira como uma tempestade hostil que envolve
o oceano. Eu vou ficar doente.
Apressando-me, coloco minha mão em seu ombro, tentando
confortá-lo.
— Qual é a situação? Shadow pergunta em tom grave.
— Bateram e correram, Big Chief não deu uma olhada
em quem era —, Lip informa suavemente e rapidamente.
— Ele identificou o veículo? Bobby pergunta, olho para Lip,
curiosa.
— Van velha. Ele não podia ver a placa, ele nos diz. Você pode
ouvir o tremor na voz dele, e é arrepiante. Está acontecendo de
novo, alguém que está perto de mim sendo atropelado. É como déjà
vu tudo de novo. Eu não posso assistir Piper
morrer. Eu simplesmente não posso.
Contornando Lip, arrisco-me a ver Piper. Sua cabeça está
envolvida em faixa branca, e seus braços e pulsos estão enfaixados,
com manchas de sangue escorrendo. Seus olhos são negros e seu
rosto arranhou tudo para o inferno. Ela parece tão pequena e
quebrada sob o lençol branco do hospital, tudo o que quero fazer é
ficar ao lado dela. Protege-la. Para oferecer a ela algo que vem
crescendo dentro de mim desde o dia em que perdi minha
namorada e filha. A capacidade de curar e estar lá.
Então, novamente, há uma raiva ardente comendo nos meus
nervos para encontrar o idiota que fez isso com ela e cortou sua
porra de garganta.

Cherry está chorando, segurando a mão flácida de Piper


quando eu chego mais longe na sala.
— Como ela está? Minha voz parece alta em um espaço tão
pequeno. Cherry funga e olha para mim. Seus olhos estavam
vermelhos e o rosto vermelho de tanto chorar.
— Hum, ela hesita, olhando para a filha com preocupação.
É uma pergunta estúpida, eu sei disso. Olhe para ela, ela
obviamente não está indo bem. É uma questão de cortesia mais do
que qualquer coisa.
— Piper! O cheiro de perfume passa por mim, enquanto um
vislumbre de uma Delilah frenética passa por mim antes que ela
esteja ao lado de Piper.— Oh meu Deus, garota. Estou aqui. Merda,
estou aqui. Delilah começa a soluçar, ajoelhando-se ao lado de
Piper. Usando a outra mão, ela tira o cabelo do rosto, mostrando o
rímel escorrendo pelo rosto. Eu não acho que Delilah usasse
maquiagem, com sua moleca parecendo roupas e atitude, você
pensaria que ela não saberia a primeira coisa sobre isso.

Os olhos de Piper se abrem lentamente quando ela ouve


Delilah, mas seu olhar está em mim antes de olhar para
sua melhor amiga. A garganta de Piper treme, seus olhos
machucados se enrugam de confusão quando ela rapidamente
afasta a mão de Delilah antes de olhar para Cherry.
— Mãe, quem é essa? — Piper pergunta com uma voz
áspera. Minhas sobrancelhas franzem com pergunta.
— Sou eu, Delilah. Como assim, quem sou eu? Delilah parece
ofendida, e Piper começa a balançar a cabeça antes de começar a
chorar.
— Ela não sabe quem você é, querida. — Cherry soluça,
apertando a mão de Piper com mais força.
— O que diabos você quer dizer com ela não sabe quem eu
sou? As palavras surgem do nada, em algum lugar assustadas.
Cherry apenas me dá um olhar simpático, que me diz que não
vou gostar do que ela tem a dizer. Merda. Esfregando o rosto, dou
um passo em direção à porta. Se ela não conhece Delilah, ela
certamente não saberá quem eu sou.

— Mãe, minha cabeça está me matando, onde estou? Por que


estou aqui? Piper começa a ficar ansiosa, a emoção em sua voz me
quebrando em um milhão de pedaços aqui no chão da emergência.
Não posso fazer isso, não posso estar aqui e ficar bem com ela
sem saber quem eu sou. Não se lembrando do sexo que tivemos um
com o outro.

De volta ao quarto dela, eu me inclino contra a parede de


tijolos ao lado de um Lip irritado.
— Diga-me o que aconteceu, porque isso não está fazendo
sentido, mano, pergunto com moderação, porque estou a dois
segundos de encontrar uma enfermeira e ameaçá-la a me dar os
malditos registros do que aconteceu. Eu posso ser um prospecto, e
acabar com as coisas, fazer o que me disseram sem questionar. Mas
esse não é um daqueles momentos.
— A médica disse que ela bateu a parte de trás da cabeça e a
memória foi afetada. Eles nos mostraram seu cérebro em uma
tomografia computadorizada, ou o que quer que fosse o médico diz
que ela recuperará algumas de suas memórias com o tempo, mas
ela nunca será cem por cento a mesma, Lip nos diz com um olhar
solene.

— Jesus, murmuro, minha mão cobrindo minha boca. Eu nem


sei o que isso significa. Como ela não será ela mesma?
— O que a polícia está fazendo sobre isso? Shadow
interrompe, cruzando os braços.
— Eles têm a moto de Big Chief como evidência, fazendo
perguntas. É tudo o que sei agora. Encolhendo os ombros. Ah sim,
eu quase me esqueci do Big Chief, estava tão preocupado com
Piper. Que merda de irmão, eu sou.

— Onde está o Big Chief? Eu pergunto, curioso em que tipo de


condição ele está.
— Ele está em observação, com dois ossos quebrados na
perna. Terceiro andar, Lip nos informa em uma expiração. Ele está
tão acostumado a ser jogado ao redor, seu corpo está acostumado a
ser espancado.
Eu dou um tapinha no ombro de Lip.-Eu estou indo para ver
como ele está. Eu preciso me afastar do choro no quarto de
Piper. Não consigo ouvir sua família chorar por mais um segundo.
Entrando no quarto de Big Chief, é menor que Piper e cheira a
couro dos caras do clube. Sua perna está engessada e todo o lado
esquerdo do corpo é enfaixado.

— E aí, irmão? — Eu empino meu queixo ao entrar. Eu quase


ocupo todo o lado direito da sala.
Ele geme, tentando se sentar direito.
— Já estive melhor, ele tosse, segurando seu lado. Seu braço
esquerdo está todo machucado com IVs e ele tem braceletes
vermelhos no pulso.
— Calma, cowboy, a enfermeira avisa, entrando na sala, ela
olha por cima dos monitores.
— Como está sua dor?
— Merda, me dê um algo. Big Chief resmunga. Ela fixa
seus olhos para ele antes franzindo os lábios e sair.
— Um dos caras não tem uma garota que é médica? Big Chief
pergunta.
— Sim, Bobby está com alguém que todos chamamos de Doc,
ela está grávida e provavelmente não está de plantão hoje, explico.
— Merda, ele murmura.— Eu preciso de mais do que Tylenol
aqui. Ele bate a cabeça contra a cama do hospital.
Cruzando os braços, encosto na parede.
— Que porra aconteceu, cara?
Ele lambe os lábios secos, olhando a perna quebrada.
— Uma van bateu na moto, nos levando a atravessar para
outra pista. Eu fui atropelado, diz Big Chief em poucas ou
nenhuma palavra.
— Como atropelado?
— Depois que Piper e eu caímos na estrada, a van retrocedeu
pela lateral, tentando atropelar Piper. Eu a empurrei e eles me
atropelaram. Propositalmente. Não conseguiram passar com os
pneus por cima de mim, passaram por cima da minha perna — Ele
ri, e eu não posso lidar com o visual.
Caio de joelhos e vomito na lixeira. Ácido rasgando meu
estômago a ponto de parecer que meu esôfago pode
sangrar. Cuspindo o sabor final em um lenço de papel, levanto-me,
limpando a boca com as costas da mão.

—Lip sabe disso? Eu pergunto. — Sobre a van tentando matar


vocês dois?
— Ainda não o vi, ele geme, tentando se endireitar.
Chegando mais perto, eu agarro sua mão, é pegajosa.
— Vamos descobrir quem fez isso, irmão, eu prometo.
Ele olha para mim.
— Porra, vamos, assim como da última vez, irmão.
20
SAINT

Mais tarde naquela noite

De volta ao clube, sento-me no bar e tomo uma bebida, o dia


está quase no fim, enquanto o sol se põe atrás das colinas. Estou
com uma dor de cabeça dos eventos do dia. Os policiais têm a moto
de Big Chief para investigar, mas não deram a mínima para
ninguém sobre quem poderia ter feito atropelamento. Para eles, é
apenas mais uma violência entre gangues, para eles não importa.
Teremos que descobrir o acidente por conta própria ou pagar
alguns idiotas no final.

Delilah corre pelo clube com livros na mão e papéis caindo no


chão. Ela está vestindo uma camisa rasgada da banda de rock
metal e um jeans de grife. Ela é a garota mais sexy que eu já vi. Sua
pele bronzeada, cabelos escuros e temperamento curto são
atraentes. O pai e o irmão dela devem ser a razão de ela não ter sido
tomada ainda.

— O que você está fazendo? Eu pergunto, levantando a cerveja


na minha boca, tomo um grande gole.
— Li no Google que montar livros ilustrados ajudaria Piper a
recuperar sua memória, tirei fotos de todos e montei o que pude no
curto espaço de tempo que tenho. Ela bufa, pegando as coisas que
deixou cair no chão. Ela realmente é uma bagunça

— Deixe-me ver isso. Pego um dos livros de figuras debaixo


dos braços dela e abro. Há fotos de Delilah, Addy e Piper quando
eram mais jovens. Piper está revirando os olhos em uma foto, com
um cigarro preso entre os lábios. Ela não devia ter mais de treze
anos. Ela se destaca como uma fênix entre um bando de pombos.

— Eu, eu peguei o iPod dela no quarto dos fundos também,


Addie informa, vindo do corredor. Eu nem a vi entrar, estava tão
perdida na foto de Piper. O vestidinho branco de Addy que ela usa
se encaixa em como ela é angelical em comparação com Piper e
Delilah. Eles são um trio estranho.

— Jesus, pessoal. Ela vai ficar bem — Rad resmunga, batendo


uma garrafa de cerveja no balcão.
— Ei, foda-se! Delilah assobia, pegando o livro do balcão. Olho
Rad para baixo, curioso onde diabos ele esteve durante esse tempo
todo. Sem mencionar que o tom dele é desrespeitoso.
Ele ri da reação dela quando abre uma cerveja, me dando um
olhar ilegível quando Delilah e Addie saem, ambas xingando
baixinho Rad.
Com olhos brilhantes, levanto uma sobrancelha na direção de
Rad.

— Qual é o seu negócio, cara? A melhor amiga delas se


machucou.
Seus olhos zombeteiros passam na minha direção. Ele toma
um gole e engole.
—O que? Seu comportamento insensível, tão irritante quanto
minutos atrás.
— Você percebe que é um candidato em potencial agindo como
um idiota por uma das filhas do membro ter sofrido um acidente
grave?
Ele bufa. — Certo, e você está defendendo o pequeno acidente
de Piper porque ela é enteada de Lip ou porque você está transando
com ela?
Eu arremesso sobre a porra do bar, agarrando-o pela parte de
trás do pescoço, e bato seu rosto no balcão. Sua cerveja cai no chão
quando ele agarra meu pulso, puxando-se por cima do bar.
Caímos no chão começamos a lutar, socando onde quer que
eu possa dar um soco.
— OK! Rad geme, me afastando dele com o uso do pé. Nós dois
sentamos no chão, sem fôlego, olhando um para o outro.
Ele passa as mãos pelos cabelos loiros, olhando para o chão.
— Jesus, cara, eu estava apenas brincando.

Correndo minha mão pelo meu rosto, eu levanto. Não posso


ficar com esse idiota. Ele vai nos custar os dois patches.

— Ei, Saint. Há quanto tempo você conhece este clube? Rad


pergunta do nada, como se não tivéssemos apenas brigado no meio
do clube.
Balançando a cabeça, eu não respondo. Ele está me atraindo
para outra discussão, eu sei.
Em vez disso, desço o corredor para longe dele.
Eu não sei muito sobre Rad e isso está começando a aparecer
quando eu questiono o personagem dele. Zane me disse que
costumava dormir na praia porque ele e sua família brigavam. Ele
disse que Rad disse que o oceano era a única família que ele
precisava.
Dentro do meu quarto, eu me deito na cama e descanso os
braços atrás da cabeça. Estou exausto, mas tenho muito em mente
para dormir. A picada em meus dedos me fez levantar a mão e
inspecionar a pele rachada de bater em Rad. Meu telefone toca,
tirando minha atenção da minha mão e de Rad. É minha mãe
— Como vai você? Eu ouvi sobre a morte de Cow!.
— Bull, o nome dele era Bull e eu estou bem.
— Eu sei qual é o nome dele, só estava tentando trazer
algum humor. Você vem ver sua mãe?
— Em breve.

Minha mãe e eu mantemos contato, eu a visito com


frequência, mas não estou muito presente, desde que eu e Piper
estamos saindo. Meu pai faleceu por overdose de drogas, deixando
minha mãe cheia de dívidas. Se não fosse Bull me ajudando a tirá-
la do gueto, eu provavelmente teria perdido minha mãe também.

Shadow entra no meu quarto parecendo derrotado. Ele tem


bolsas embaixo dos olhos e seu cabelo parece que ele está puxando.
— E aí? Eu pergunto.
Ele bufa. — Acabei de voltar do hospital. Hum, Lip quer que
você fique vigiando da noite para o dia — explica Shadow,
inclinando-se contra o batente da porta. O gelo tilinta no copo que
ele segura na mão esquerda, fazendo nós dois olharmos para ele.
— Eu? Eu questiono com confusão. Por que Lip me quer? Na
verdade, ele queria que eu ficasse longe de Piper.
— Sim, ele responde, a borda do copo paira logo antes de seus
lábios.
Levanto-me, pegando minha arma na cômoda. Ninguém vai
chegar perto de Piper se eu a vigiar.
— Tudo bem, eu vou lá.
Não consigo dormir, então estar ao lado de Piper é a próxima
melhor coisa. Eu preciso estar lá, vê-la viva e saber que ela vai ficar
bem.
Dirigindo-me para a minha moto, pego o olho de Rad falando
em seu telefone. Ele gira seu olhar em minha direção, seus olhos
sujos me fazendo torcer os lábios.
Algo está me dizendo para não confiar naquele filho da puta.
Todos os túmulos atingidos recentemente pelo clube, não posso
deixar de procurar sua reação e encontrá-lo zombando de humor.
Por quê?
21
SAINT

No hospital, passo lentamente para o quarto de Piper, o cheiro


do lugar, as luzes, tudo isso é apenas um lembrete do que perdi
anos atrás. Eu quero me virar e sair, apenas esquecer. Uma cadeira
do lado de fora do quarto de Piper chama minha atenção, e tenho
mais certeza de que é onde minha bunda ficará pelo resto da
noite. Inspirando fundo, passando as mãos pelo rosto, enfio minha
perda profundamente e lembro-me de que Piper precisa de mim. Ela
precisa se proteger, e se alguém é a pessoa para o trabalho, sou
eu. Eu sei como é perder alguém, e eu serei amaldiçoado se eu
deixar isso acontecer novamente.
Deve ser por isso que Lip me escolheu para cuidar de Piper.
Olhando em volta da moldura da porta, encontro Delilah,
Addy, Lip e Cherry conversando com Piper. Cherry e Delilah estão
sentadas na cama, mostrando a Piper um livro de fotos, e Addie e
Lip ficam observando, com o rosto esperançoso, mas o olhar cheio
de preocupação.
Meus olhos se concentram em Piper. Metade da cabeça está
raspada dos pontos, e sua pele está mais pálida do que o normal,
fazendo as sardas estalarem com uma
vingança. Aqueles olhos cinzentos parecem zangados e derrotados
enquanto ela olha para as fotos perdidas no nevoeiro.

Cruzando os braços, eu me inclino contra a moldura da porta


e a observo. A maneira como a ponta da língua desliza entre o lábio
inferior, o nariz torcido enquanto ela tenta se lembrar dos rostos
enfiados na frente dela. Ela finge um sorriso para sua família, mas
no fundo ela não tem ideia do que está acontecendo. Ela está à
beira do choro. Olho para o chão, tentando reviver meu coração
dolorido. Toda essa situação me levou a um mundo que tentei
esquecer, mas aqui estou... nadando no fundo do poço com uma
mulher com quem me preocupo.

Minha mãe costumava me dizer: — Não se apaixone por


garotas tristes, Saint. Elas o arrastarão para as profundezas de um
mundo destruído que somente elas entendem. Olhando para Piper,
posso dizer que, de alguma forma, cheguei ao fundo do poço com
ela, mas, felizmente para nós, só resta um caminho a seguir. Para
cima.
Lip vira, notando-me pela primeira vez desde que
cheguei. Seus ombros se erguem com uma inspiração,
como se ele estivesse feliz em me ver.
— Você está aqui. Bom — ele murmura, seu tom mole de
emoção.
Esfregando as mãos, eu passo mais para dentro da sala. Piper
olha para mim e não posso deixar de olhar para trás. Ela se lembra
de mim? Será que ela sabe que eu estou aqui para ajudar?

— Senhoras, por que não deixamos Piper descansar? — Lip


sugere para o quarto. Addie olha para cima como se estivesse
ofendida.
— Lip? Cherry hesita, instintos de sua mãe dizendo-lhe para
ficar com sua filha. Não a culpo, não gostaria de deixar minha filha
assim. Pensando em ter a chance de ficar com minha filha depois
que ela sofresse um acidente. Segurar a mão dela e informá-la que
seu pai estava lá.
— Baby, ela já passou por muita coisa. Você passou pelo
inferno. Precisamos ir para casa e deixar Piper descansar.
— Lip explica, irritando as mulheres. Seu coração está em um
bom lugar. Só de olhar para Piper, você pode dizer que o pouco de
sanidade que ela deixou está prestes a desfazer.

Uma enfermeira de repente entra, empurrando a cortina


branca em frente à porta. É tentativa de dar Piper e sua
privacidade.
— Tudo bem, família e amigos. O horário de visita
terminou. Vocês podem voltar amanhã às oito da manhã. Ela
informa a todos, sem se importar em parar e nos explicam por que
há horas de visitas em um momento tão crítico, enquanto ela limpa
o balcão ao lado da cama de Piper com gaze e soro fisiológico.

— Eu tenho alguém que vai ficar com Piper durante a noite,


para sua proteção, Lip informa a enfermeira, sua voz forte de volta
com força total. Todo mundo olha para a mulher que parou em seu
caminho e está olhando Lip com os olhos arregalados. Medo
ondulando em seu rosto básico. Lábios redondos, pálidos e finos.

— Senhor, eu receio.

— Não há negociação para isso. Lip dá um passo em sua


direção, a cabeça inclinada para o lado enquanto ele se aproxima
da enfermeira. — Lip, Cherry assobia, tentando convencê-lo.

— Posso garantir, senhor, que temos segurança...


— Sim, algum Paul fodido Blart que poderia dar uma merda
menos sobre o nosso tipo de pessoas. A voz de Lip começa a subir,
fazendo a enfermeira tremer.

— Eu não vou atrapalhar, tranquilizo-a suavemente, tentando


difundir a situação. Estou sendo legal, mas não vou sair desta sala
hoje à noite, não sem luta. Não apenas para Lip, mas porque eu
quero estar aqui. A enfermeira olha para mim, esfregando a nuca
nervosamente.

— Hum. Ela hesita antes de engolir em seco. — Eu acho que


serei a enfermeira de Piper hoje à noite, então se você ficar aqui
onde ninguém pode vê-lo, tudo ficará bem. Ela me dá um sorriso
fraco, e eu sorrio em troca. Grato que a situação não precisa
aumentar.

— Isso também é para você, senhorita. Saint cuidará de você


e também cuidará de Piper. Não sabemos quem fez isso, mas e se
eles voltarem? Delilah questiona, e Cherry se levanta
abruptamente.

— Eu não vou embora. Cherry se assusta com as palavras de


Delilah e Lip a pega em seus braços e sussurra algo em seu
ouvido. Seu corpo relaxa visivelmente com o que ele disse e ela
assente.
Lip se inclina sobre a cama de Piper e dá um beijo casto na
testa. — Ok, descanse um pouco.

De pé ao pé de sua cama, espero que todos se despeçam,


deixando o quarto em um silêncio espesso. Girando nos
calcanhares, pego a cadeira do corredor e a coloco no lado esquerdo
da cama dela.
Tirando um dos livros de fotografia do colo dela, abro e olho
para eles. Eu posso senti-la olhando para mim, então lancei meus
olhos para ela, em vez da foto de Bull virando a câmera.
Suas sobrancelhas vermelhas franzem, o rosto tenso de
curiosidade.
— Onde nós... Juntos? — ela pergunta com a voz mais
doce. Eu tenho que desviar o olhar para não rir.
Esfregando a palma da mão suada no meu jeans, sento-me em
linha reta. — Uh, por que você diz isso?
Ela balança a cabeça, seus dedos se atrapalhando
nervosamente.
— Eu não sei. É só quando você está perto de mim que sinto
alguma coisa. Tipo, uma conexão ou algo assim. Você sabe? Olhos
cinza opacos me procuram para esclarecimentos.
— Uh. Eu esfrego meu queixo.— Quero dizer, nós nos
conectamos algumas vezes, mas nunca fomos oficiais nem nada. Eu
tento explicar.
— Isso foi por sua causa ou por mim? Nós não estamos
cometendo?
Mordendo o lábio, não sei como responder a essa
pergunta. Um pouco de nós dois, suponho.
— Porque, eu posso dizer que você é importante para mim. Eu
sinto. Ela sussurra quase para si mesma como se não entendesse o
que estava sentindo.
Alcançando os álbuns, eu agarro sua mão. Piper antes desse
acidente preferia cortar a língua do que revelar como se sentia por
mim. Este é um grande passo, revelando que sou importante para
ela, e mais ainda através da névoa da amnésia.
Como diabos eu deveria fingir que eu não sou doce em volta
dela. Que eu não quero nada além de estar aqui com ela,
protegendo-a como se ela fosse minha garota.
— Bem, eu estou aqui agora.
Barulho na porta puxam meu foco para o movimento, Lip e
Cherry estão nos observando. Eles apenas testemunharam tudo o
que foi dito entre Piper e eu. O rosto de Lip é suave e mantém um
olhar que eu nunca vi antes.
Preocupação. Ele está preocupado com a confissão de
Piper. Eu também estou.
Não sei se minha consciência me permitirá amar
novamente. Mas quem sabe, eu me importo com Piper e nunca
pensei que iria me importar com alguém de novo.
22
PIPER

Dois dias se passaram desde que eu acordei neste hospital na


pior dor do mundo e perdi minha memória. Minha cabeça ainda
dói, o que disseram por um tempo, e meu corpo dói e queima ao
longo do dia. Principalmente à noite, quando estou tentando
dormir. Ferimentos de acidente de estrada não é brincadeira, e eu
não desejaria isso para meus piores inimigos. Dói e coça. Eu nem
quero pensar nas cicatrizes. Eu me recuso a olhar no espelho.
Folheando os livros de fotos que minha família montou, eu
torço meus lábios profundamente em pensamentos. Eu me lembrei
muito dos últimos dias, como quem é Delilah, minha mãe, padrasto
Lip e até alguns flashbacks de Saint e eu. Mas é aí que é
complicado. Sei quem são todos, mas não me lembro de toda a
nossa história. É como uma colcha de retalhos, cada quadrado com
uma lembrança do meu passado que leva até o meu presenta.
Alguns quadrados estão faltando, outros estão soltos e
totalmente desconectados. É frustrante tentar entender
completamente. É ainda pior quando alguém fala comigo como se
eu me lembrasse deles ou de um evento que aconteceu entre nós, e
eu não recordo.
— Essa foi a noite mais engraçada! Delilah ri do meu lado,
fazendo-me pular no meu lugar. Eu me ajeito, a cama do hospital
se tornando cada vez mais desconfortável quanto mais tempo fico
aqui. Ela aponta para uma foto dentro da capa de plástico, uma
noite que estou tentando lembrar. Há Addy, Delilah e eu sentadas
em um bar em algum clube. Todos nós sorrindo, e eu tenho uma
cerveja na mão. Meus olhos estão meio fechados, meu cabelo
perfeitamente liso. Estou usando um vestido que é mais do que
revelador e faz meu lábio superior enrolar.
Sinto o cheiro do perfume e ouço a música na minha cabeça,
mas não me lembro daquela noite ou por que é tão engraçado para
Delilah. Talvez eu vomitei? Um peido saiu?

Minha cabeça começa a latejar e fico quente e confusa. Fecho


o livro e esfrego o rosto com as mãos. Eu não posso fazer isso.
— Você se lembra? Addie pergunta, colocando um fio de cabelo
dourado atrás da orelha. Ela é tão bonita e cheira a mel. Fazendo-
me sentir ainda mais enjoada sentada aqui todo cheirado a sangue
seco e enfaixado.
— Não, eu digo mais do que pretendo.
— Ok, então um cara veio bater em você.
— Parecia que ele poderia vender seguro ou algo assim, era
interessante! Addie interrompe.
— Sim, e ele usou uma linha de coleta perguntando a você sua
pedra de nascimento, e você respondeu que ele deve ser uma pedra
de crack se ele pensou que estava chegando a algum lugar com
você naquela noite. Delilah continua rindo ao longo da história. Eu
bufo. Quero dizer, é engraçado, mas não tão engraçado. No entanto,
eu me pego cobrindo minha boca com a mão quando surge uma
risada histérica, cheia de tristeza e humor. Não sei dizer se estou
feliz ou triste agora. Addie e Delilah me olham com olhos
preocupados, e tento controlar minha loucura. Deito com um bufo
angustiado, estou perdendo. Minhas emoções são em preto e
branco, aqui e ali. Estou mentalmente esgotada e quero sair desse
maldito hospital.

Eu posso senti-lo me encarando, Saint. Ele tem esse


magnetismo que eu posso sentir. Arriscando um olhar em sua
direção, eu o encontro olhando para mim do canto do quarto. Ele
está sentado em uma cadeira, com as pernas abertas e os cotovelos
apoiados nos joelhos enquanto ele se ocupa com o telefone. Seu
chapéu preto está torcido para trás, dando-lhe um apelo agudo de
bad boy. Seus olhos silenciosamente me dizendo que ele expulsará
todo mundo daqui se eu precisar de um tempo. Ele está aqui desde
o primeiro dia e, quando não está aqui, me sinto mais perdida do
que o normal. Ele me situa, é a única coisa que me lembro — ou
devo dizer, sinto mais. Ajustando o Patch, ele olha para as garotas
que estão falando sobre outra foto que não me lembro.
Mordiscando minha unha Lembro-me do clube, conheço o
Devil’s Dust, mas não me lembro de tudo. A lembrança mais antiga
que tenho do clube são as meninas e eu escondendo uísque no bar.
Fazíamos isso com frequência.
Fechando os olhos, tento pensar em quando eu era criança.
Minha mãe... eu aperto minhas pálpebras com mais força, tentando
imaginar o clube. Ainda vejo minha mãe, mas não consigo me
lembrar de mais nada.
Meus olhos se enchem de lágrimas, estou frustrada e me sinto
burra. Eu vou ser assim para sempre?
Botas batendo no chão me fazem levantar a cabeça para
encontrar Lip e minha mãe em pé na sala.
Lip, por que eu o chamo Lip e não pai. O pensamento
desaparece quando eu evoco a memória de que ele não é meu pai de
verdade. Eu tenho um pai e posso ver o rosto dele quando fecho os
olhos, mas não consigo me lembrar de nada sobre ele. Meu
intestino torce e um buraco negro se abre, causando um arrepio
gelado ao longo da minha espinha. Um arrepio me sacode, e me
envolvo em meus braços. Meu corpo não quer mais saber sobre
meu passado. Eu posso dizer que não é um conto de fadas.
Acho que não quero me lembrar da garota que eu era antes
disso.
— Como você está se sentindo hoje? Lip pergunta, chamando
minha atenção para longe dos sentimentos estranhos crescendo
dentro de mim.
— Hum, eu estou pronta para sair daqui, murmuro, puxando
o lençol duro do hospital até o queixo.
— O médico disse que pode deixá-la ir para casa amanhã!
Mamãe aplaude, batendo palmas de emoção.
Sentando, compartilho sua alegria. — Graças a Deus! Espera.
Onde fica minha casa!
23
SAINT

Sentado em um tijolo do lado de fora do clube, Big Chief ao


meu lado, Shadow puxa sua moto. Eu juro que toda vez que ele
aparece em torno de um vasto frio de ar sobre a área. O filho da
puta tem problemas que nem eu posso começar a dissecar.
Passando as mãos pelos cabelos negros, seus olhos caem
sobre mim.
— Pensei que você estaria no hospital, Shadow pergunta.
— Não, tenho que voltar daqui a pouco, digo a ele. Lip e
Cherry queriam algum tempo a sós com ela, eu mentiria se dissesse
que não fico sentado fora da sala por uma hora antes de arrastar os
pés o resto do caminho para fora do hospital.
— Como estão os machucados? Shadow aponta para os
curativos do Big Chief. Eu olho para ele também, ele parece infeliz.
Sua perna está quebrada e com um tom de camuflagem, e seus
braços e pescoço parecem como se alguém jogasse uma panela de
água fervente sobre ele.
— Dói pra caralho, Big Chief resmunga em resposta. A merda
que eles me deram não está fazendo efeito. Ele pega um frasco
laranja de comprimidos do bolso e o sacode.
Shadow dá um tapinha no ombro dele. — Vou ver se Bobby
pode encontrar Doc, ver se conseguimos algo mais forte.
Indo para o clube, ele se vira para nós.
— Oh, e Piper chega em casa amanhã. Tire sua merda do
quarto dos fundos, ela ficará aqui até estar segura de estar sozinha.
Shadow informa-nos casualmente como se ele tivesse acabado de
nos mandar checar o correio. Piper passaria a noite algumas vezes
na semana anterior, mas tê-la morando no clube será desagradável
para os irmãos. Eles terão que reinar em seus estilos de vida de
solteiro, se não quiserem que Piper os veja.
O silêncio cai quando Shadow sai, e não posso deixar de me
perguntar se Big Chief tentará dormir ao lado de Piper como ele
estava.
Eu não estou bem com isso. De modo nenhum. Espere, ela
saberá quem ele é? Seria desconfortável ter um estranho dormindo
ao lado dela. Suspirando, eu sei que estou apenas me enganando
tentando agir como se meu ciúme fosse para seu benefício e não
para mim.
Ela está se tornando minha, mesmo sabendo que não posso
salvá-la de seus demônios porque também preciso salvá-la dos
meus.
— Tire suas merdas do quarto desta vez. Não vai dormir ao
lado dela, cara. — Exijo para Big Chief.
Ele olha na minha direção, mas eu não faço contato visual.
Não vou dar aquele sorriso de merda que ele dá bem e vou quebrar
a outra perna.

— Acha que ela quer me ver? ele pergunta. Não sei dizer se ele
está sendo tímido ou sério. Eu quero dizer que não, mas ser muito
territorial não é uma cor que combina comigo, então eu inflo seu
ego.
— Por que ela não iria?
Ele esfrega o queixo, sua pele machucada parece que ele deu
um mergulho em um vulcão.
— Porque sou eu quem fez essa merda. Eu estava dirigindo,
cara! Ele levanta a voz, claramente se culpando pelo acidente.
Balançando a cabeça para ele, levanto-me. — Não seja
estúpido. Você não bateu na sua própria traseira.

Ele resmunga. — Você sabe que eu liguei para a delegacia


para ver se eles ainda tinham pistas sobre quem bateu, e eles
disseram que não, para ir buscar minha moto!
— Não é surpreendente, irmão. Você está correndo conosco,
eles simplesmente assumem que é uma gangue em guerra de
gangues e um desperdício de mão-de-obra para tentar resolver algo
que não fará nenhum bem no final.
— Jesus, como vocês fazem essa merda? Pegue todos que o
tratam como se não importasse, que você não é um maldito ser
humano pagando impostos e tudo mais?
Eu rio, esfregando meu queixo.
— Irmão, eu não sei se você viu as pessoas à espreita em torno
deste clube, mas estamos longe de qualquer cidadão normal
trabalhando pela cidade. Somos diferentes e vestindo um Patch, as
pessoas sentem essa merda. — Eu explico.
Ele suspira, antes de pegar as muletas encostadas na parede e
tentar se levantar.
— Então, você quer pegar sua moto? Eu pergunto.
Ele ri e gesticula em direção à perna quebrada com as duas
mãos.
— Você viu minha perna? Como diabos eu vou colocá-lo na
traseira de uma caminhonete?
— Oh, “tenho certeza de que será um momento de ‘segurar
minha cerveja’, mas vamos conseguir. ” Eu sorrio, indo em direção
a sua caminhonete.

No setor de investigações, seguimos para dentro das grandes


construções de tijolos cinza. Big Chief conversa com a senhora da
recepção, que parece preferir fazer algo do que trabalhar na mesa.
Fico de lado e deixo que ele fale. Eu odeio estar perto de autoridade,
isso me deixa desconfortável. Eu juro que eles estão sempre me
olhando, esperando que eu estrague tudo. Eu sou um desajustado e
eles sabem que tenho certeza de que vou colocar algemas.
Big Chief se vira, enfiando um pedaço de papel no bolso de
trás.
— Temos que voltar e carregá-lo, ele informa e passa
mancando por mim.
Lá fora, o sol está começando a se pôr, as luzes da cidade se
acendem lentamente para quem mora na noite.

Pulo atrás do volante da caminhonete e Big Chief sobe no


banco do passageiro, com as muletas do jeito que eu as empurro
para o banco de trás. Ele aponta para a cerca bloqueando veículos
da esquerda pública do prédio e eu luto no volante dessa maneira.
Parando no portão, um segurança nos abre a cerca. Permitindo a
entrada. Colocando a caminhonete no estacionamento, saio e Big
Chief pega as muletas do banco de trás. Percebo a moto destruída
imediatamente. Está fodido.
— Puta merda, irmão, como vocês sobreviveram a isso?" Eu
pergunto com descrença. Eu corro minha mão ao longo do para-
choque esmagado, o pneu pendurado no eixo dobrado.
— Eu não sei. Big Chief suspira, seus olhos ficando escuros
como se estivesse revivendo todo o acidente novamente.
Há tinta cinza riscada na lateral do para-choque. — Isso é da
van que bateu em vocês, aponto para ele. Ele se agacha ao meu
lado e eu esfrego minha palma ao longo das cores arranhadas.
— Você acha?
— Oh! sim.
— Então, por que os policiais não fizeram uma porra de
verificação da tinta? Cada veículo tem uma cor específica para cada
marca e modelo. Eles poderiam executá-lo e reduzi-lo...
— Eles não se importam, se descobrirem quem fez isso, terão
que nos dizer e sabem que vamos retaliar.
— Você provavelmente está certo, ele murmura. — E agora?
Ele se levanta, colocando as mãos na cintura.
— Vamos levá-lo de volta à sede do clube e ver quem temos de
pagar pela pintura, digo a ele.
— Não tenho o dia todo! — o segurança assobia atrás de nós.
Olhando para ele, pergunto:
— Você quer me ajudar a colocar isso na traseira? Eu aponto
meu queixo em direção à caminhonete.
O cara olha para Big Chief e, em seguida, a moto do Big Chief
não pode subir com essa coisa pelas costas, mesmo que ele tente.
— Sim claro. Eu acho — ele suspira pesadamente.
24
PIPER

Lip me leva para fora do hospital em uma cadeira de rodas e


sinto tonturas pelo ar fresco. Uma enfermeira nos segue, lendo as
instruções para cuidar dos meus machucados, e se eu tiver algum
sintoma piorando de perda de memória para voltar.
Minha mãe diverte a enfermeira, balançando a cabeça e
pegando a papelada.
— Isso parece familiar? Lip pergunta, me empurrando para
um carro preto. Minha cabeça lateja quando uma lembrança entra
em minha mente.
Saindo do clube, há um carro preto com um grande laço
vermelho em volta dele. É uma imagem perfeita pra caralho. Jogando
minhas mãos sobre minha boca, eu gritei e bati meus pés em
emoção. Eles me compraram um carro! Eles me deram um maldito
carro no meu décimo sexto aniversário!
— Isso significa que você gosta? Lip perguntou, me puxando
com um braço em volta do meu ombro, ele beijou minha têmpora.

— É perfeito! Meu queixo caiu com admiração. Eu andei ao


redor do carro e olhei dentro das janelas, o couro interior emitindo
aquele novo cheiro de carro. Mas o pequeno rasgo no assento diz que
é usado. Eu não ligo, é perfeito.

— E a melhor parte... não há muito espaço no banco de trás. Lip


sorriu, batendo a mão em cima do teto do carro. Minha mãe bateu na
parte de trás da cabeça. Revirei os olhos para o comportamento
protetor de Pai.

— Vamos passear de carro! — Eu sugeri. Mamãe de repente


desapareceu e o rosto de Lip empalideceu de horror.
— Lip, dê um tempo para ela, querido. Isso tem que ser
avassalador. —A voz da minha mãe me interrompe da
memória. Eles realmente me surpreenderam com aquele carro. Eu
pensei que teria que trabalhar para o meu próprio carro, ou mamãe
iria me dar seu horrível inseto vermelho.
— Você me comprou este carro no meu aniversário de
dezesseis anos, murmuro, e os dois se entreolham como se eu
tivesse acabado de lhes dizer as coordenadas para o tesouro
enterrado.
— Isso é tão bom, Piper! Mamãe aplaude e eu sorrio com a
emoção dela. É irritante, mas engraçado como ela fica louca quando
me lembro de algo.
Lip me seguram pela mão para me ajudar a sair da cadeira de
rodas, minhas pernas fracas oscilam com o peso do meu corpo, e o
sangue corre de repente para minha cabeça, piorando a dor ao
redor dos meus grampos. Mas é bom estar de pé, coço os dedos dos
pés no chão duro, desejando que minha pele absorva o calor que o
sol nasceu no estacionamento durante o dia.
— Calma, vá devagar e não se apresse. Não estamos com
pressa — mamãe murmura, me ajudando a sentar no banco de trás
do carro. Meus machucados doem quando me sento no banco, e
lágrimas enchem meus olhos.
— Eu entendo, eu gemo, entrando. Estou com fome. Estou
com sede e mais do que tudo, estou muito cansada. Acabar de
entrar no carro me desgastou.
— Vamos levá-la ao clube, querida. — Lip fala mais para si do
que para mim, enquanto entra no volante.
— Trouxemos seu carro para buscá-la porque o médico disse
que se você tiver coisas familiares a ajudará a se lembrar das coisas
mais rapidamente, informa mamãe, sentando no banco do
passageiro.
— É por isso que você vai ficar no clube por um tempo, é
familiar e seguro. Lip olha por cima do ombro para mim antes de
olhar para a estrada.
— Espere, — Franzo a testa, por que vou ficar na sede do
clube? Não tenho casa? Lembro-me de uma casa, um peixe de
estimação — começo a divagar. Eu sei que tinha um peixe de
estimação e... É tudo o que me lembro, mas sei que tinha meu
próprio lugar. O clube está cheio de garotas e homens, selvagens
que procuram diversão. Não somos permitidas lá, então por que eu
ficaria lá?
SAINT
— Sim, eu tenho alguém que podemos pedir um teste de tinta,
Shadow diz à mesa. Voltando ao clube, mostrei a ele e Zane o que
Big Chief e eu havíamos encontrado na moto e eles convocaram
uma reunião imediatamente.
— Alguma palavra na rua sobre qualquer retaliação, ou
tentativas de consertar desde que Bull morreu? Bobby pergunta à
mesa, curioso para saber o que levou Piper e Big Chief a bater e
correr. Ele trava os dedos tatuados, esperando que alguém nos
traga boas notícias.
— Não, eu não ouvi nada. Mas ainda estamos recebendo flores
da cidade pela morte de Bull, então a merda ainda não atingiu no
ventilador. Zane levanta a mão gesticulando para a mesa nas
costas cheia de uma variedade de flores.
— Isso não faz sentido. Bobby geme, passando as mãos pelo
rosto.
— Talvez tenha sido apenas um acidente? Rad murmura por
trás. Seus pés estão levantados sobre a mesa, a areia da praia
ainda presa entre os dedos dos pés. Seu cabelo loiro para baixo,
sombreando seu rosto.
— Bem, quem diabos fez isso vai se arrepender quando
encontrarmos a bunda deles — informo a mesa, meus olhos em Rad
e meu tom agudo.
Os gritos de Delilah e Addie do lado de fora do clube filtram
pela janela, alertando-nos da chegada de Piper.
— Falando no diabo — Zane afirma, esfregando as mãos.
Estamos todos prontos, prontos para ajudar a receber o Piper
em casa. Não posso deixar de me perguntar como ela está aceitando
tudo isso.
Parada na porta do clube, eu assisto as meninas correrem
para o carro, animadas ao ver Piper. Bobby e Zane a
cumprimentam também, e Shadow fica comigo. Observando.
Piper fica de pé instável, seus cabelos soprando ao vento
enquanto ela sorri para todos. Ela é tão bonita, e eu não quero dizer
o tipo de beleza que todo cara diz a uma mulher. Piper é o seu tipo
de pessoa bonita. Um incêndio violento com uma sede insaciável de
queimar pontes e fazer o seu próprio caminho na vida.
Seus olhos pegam os meus e eu a encaro. Tanta coisa sendo
dita entre nós sem uma única palavra.
— Então, onde diabos eu durmo de novo? — Big Chief
pergunta, entrando na minha frente.
Suspirando, esfrego o queixo e cruzo os braços.
— Nós vamos descobrir um lugar — Shadow diz a ele.
De volta para dentro, me inclino contra o bar, pegando a
cerveja que estava bebendo e lentamente tomo um gole enquanto
vejo Piper entrar e todo mundo bajulando ela. Eu tento agir como se
não estivesse tão interessado. Eu não sei por que, acho que no caso
de haver uma chance de ela não estar me sentindo do jeito que
estou nela. Rejeição não é algo com o qual estou acostumado ou
que queira experimentar.

— Muito obrigado a todos, mas acho que só preciso me deitar


— afirma Piper em uma voz fraca. Minhas costas se endireitam
com a promessa de dar um tapa em todos para longe dela como
moscas pairando, dada a palavra. Ela olha para mim com olhos
esperançosos, silenciosamente me dizendo que quer que eu me
esconda com ela. Eu só quero jogá-la por cima do ombro e levá-la
para o meu quarto, onde eu posso cuidar dela.
Agarrando minha cerveja com força, eu tomo o último gole.

— Sim, claro, querida. Deixe-me pegar seu remédio. Você quer


que eu troque seus curativos ou algo assim? Cherry pergunta,
atuando em todas as partes da mãe em questão. Piper dá um
sorriso tenso, colocando um pouco de cabelo atrás da orelha, ela
segue Cherry pelo corredor, mas não antes de me dar uma rápida
olhada.
Horas depois, nem um som a ser ouvido ou uma luz a ser
vista, saio do meu quarto e abro a porta de Piper. Ela está
dormindo. Os cobertores enfiados entre as pernas e um braço
enrolado sob um travesseiro. Aproximando-me do lado dela da
cama, corro a ponta do dedo pela lateral da cabeça
raspada. Gostaria de saber quanto tempo ela ficou acordada e me
esperou?
— Você sabe que você é minha agora, certo? — Eu sussurro
em seu ouvido.
25
PIPER

Acordo, meu coração está batendo rápido e sinto que não


consigo respirar. Estou tensa, eu estou coberto de suor, e algumas
das minhas ataduras que cobrem os machucados coçam
desesperadamente, tornando-o ainda pior.
Quase hiperventilando, aperto a garganta com a mão e puxo
os fones de ouvido tocando uma música desconhecida dos meus
ouvidos. Eu desligo o iPod , o barulho me dá dor de cabeça.
Olhando para os lençóis encharcados, devo ter tido outro
pesadelo ou algo assim. Engolindo a confusão do que me acordou,
minha língua gruda no céu da minha boca, sedenta por algo para
beber. Jogo os cobertores fora de mim para encontrar algo legal
para beber.
Minha blusa branca gruda no estômago por causa do suor, e
meu short cinza subiu, tendo retirá-los entre as minhas pernas.
Abrindo a porta do meu quarto lentamente, o corredor está
escuro. Todos devem estar dormindo. Bom, não preciso me
preocupar com todo mundo ao meu redor me perguntando se eu me
lembro deles.
Meus pés estão apoiados no chão de madeira enquanto
caminho pelo corredor. Meus pés param em frente a uma porta
fechada e não sei por quê. Estendendo a mão, levemente coloco
minha mão na porta como se tudo o que estivesse do outro lado se
revelasse para mim.
Então eu lembro, meus olhos se abrindo mais. Este é o quarto
de Saint. Eu mordo meu lábio inferior querendo abrir a porta e
rastejar na cama com ele, mas ele não veio me ver hoje à noite. Eu
gostaria de poder lembrar tudo sobre nós.
Forçando meus pés a seguir em frente, lembro-me bem do
clube, a maior parte disso. Eu sei que costumava dormir muito
aqui, mas não consigo me lembrar por quê.
Vou para a cozinha, pego um copo do escorredor e encho com
água. Parando, olho o copo. Tem um gato soprando chiclete. É fofo,
me fazendo sorrir. Não é algo que você vê todos os dias. Um gato
com chiclete. Eu quase bebo o copo inteiro de água minha boca
está tão seca. Eu acho que a droga dos analgésicos que está me
dando boca seca. Um curativo no meu braço faz cócegas no meu
peito, e eu arquear minha cabeça para ver melhor. Merda, o suor
deve ter afrouxado. Usando a mão livre, eu puxo resto do caminho e
jogo o no balcão. A pele não é das mais bonita de se olhar, mas eu
acabei com esses malditos Band-Aid brancos.
Levando meu copo comigo, abro as portas da cozinha e
inspeciono o resto da casa do clube, curiosa para saber se mais
lembranças surgirão em minha cabeça. É o pior de tudo isso,
quando sei que me lembrei de tudo?
O bar está cheio de garrafas de cerveja e cascas de amendoim,
o cheiro de fumaça e almíscar pairando no ar pelos meninos. Tomo
um gole da minha água e passo levemente até a parede com um
monte de fotos penduradas. O cara que todos me falaram, Bull,
está lá em cima. Fechando os olhos, imprimo sua foto em minha
mente, desejando me lembrar de tudo sobre ele.
Paternal.
Protetor.
Lembro-me de que sempre que tínhamos reuniões, ele sempre
trazia doces em sua jaqueta de couro. Eu tive que lhe dar um
abraço e dizer o que eu estava fazendo, para conseguir. Até o dia
em que ele sofreu o acidente, ele ainda tinha doces para mim.
Lembrar dele faz um soluço descontrolado escapar da minha
garganta. Dói lembrar de Dani espalhando suas cinzas.
Afastando-me da foto de Bull, encontro a foto de um jovem
com o nome de Tom Cat. Eu franzo a testa, não lembrando
dele. Meus olhos caem na próxima foto de um homem com longos
cabelos loiros e um rosto pontudo. Locks. Ele parece familiar, mas
também não consigo me lembrar dele. Esse rosto, porém, é
como se fosse o próprio diabo, um que você nunca esquece e
reconhece em qualquer lugar.
É arrepiante.
— Esses são os fallen Devil’s.
Saint fica ao lado da mesa de sinuca. Suas mãos se
inclinavam para trás e suas pernas chutavam na frente dele
como se ele estivesse me observando por algum tempo. Ele está
vestindo nada além de um par shorts, o cós da sua boxer espreitar
acima. Eu posso ver o contorno de seu pau perfeitamente. Seus
olhos errantes caem no meu peito, minha camisa molhada
mostrando meus mamilos rosados.
Rolando meus lábios um no outro, eu me viro e olho as fotos.
— Achei que era algo assim, murmuro, observando as fotos.
— Eu não sei por que eles colocaram Locks lá em cima, ele era
um rato bastardo. Saint continua, ignorando a tensão sexual na
sala.
— Um rato? Eu questiono.
— Sim, ele não gostou da maneira como Bull dirigia o clube,
então ele tentou derrubá-lo. Ou algo assim. Ficou feio, eu sei
disso. Acho que a mulher de Bull foi morta entre tudo isso. Ele
explica.
Uma mulher com longos cabelos escuros e
um rosto redondo brilha nos meus olhos. Anahi.
— Espere, eu pensei que Bull estava com uma mulher
chamada Anahi? Eu perguntei confusa.
— Sim, ele estava agora. Só porque a mulher que ele amava
morreu, diz Saint.
Eu silenciosamente aceno com a cabeça em compreensão e
tomo outro gole da minha água. Então eu acho que a morte de Bull
reuniu ele e seu primeiro amor.
— Quer sair, tomar ar fresco? Você está com calor, observa
Saint.
Sentando o copo na mesa de bilhar, cruzo os braços e olho
para as portas. Estar do lado de fora parece tão estranho enquanto
eu estive deitada em uma cama de hospital.
— Sim claro.
Ele lidera o caminho, suas costas nuas e fortes me atraindo
para o exterior como mágica. A lua fica no alto do céu, mas o brilho
da garagem obscurece o brilho das estrelas. Meus pés queimam no
concreto quente enquanto caminho para a garagem.
Meus olhos percorrem a área coberta de graxa. Um carro com
capa, as ferramentas no chão e... a caixa de ferramentas. Minhas
unhas cravando nas costas de Saint, o som de sua respiração
pesada no meu ouvido brilha no fundo da minha mente. Nós
fizemos sexo lá. Incrível quente como sexo foda.

— Mmm você se lembra? Saint sussurra atrás de mim. Minhas


coxas tentam apertar a intensa pulsação entre minhas pernas para
uma provocação tolerável. — Você pode me ver dentro de
você? Você pode me sentir, baby? Seu hálito quente gruda no meu
pescoço, a hortelã se misturando com a minha e trazendo vida de
volta para mim. Assim, todo encontro que tive com Saint bate em
minha memória. O sexo no balcão da minha casa, a caixa de
ferramentas, os jogos mentais. Estou praticamente pingando só
de pensar em nós.
Minha cabeça pousa no ombro dele e seus braços me
envolvem.
— Eu lembro, eu sussurro.
— Sim você faz. Aqui está minha garota. Ele respira pesado,
empurrando sua virilha contra a minha bunda.
— Deus, eu senti sua falta, eu digo, algo animalesco bate no
meu coração para bater forte contra o meu peito, me fazendo sentir
viva, eu realmente sinto algo além de confusão desde a primeira vez
que acordei na cama do hospital.
Não sei se choro de alívio ou me viro e exijo que Saint me leve
novamente à caixa de ferramentas.
— Eu me lembro de tudo — digo toda ofegante. Suas mãos
abaixam a minha cintura e ele me pega. Minhas pernas o envolvem.
Minhas mãos em seu rosto, ele me beija mais do que nunca. Seus
lábios macios se encaixam nos meus perfeitamente, eu o beijo
de volta. Ele começa a nos levar em direção à garagem, mas ele não
entra antes que ele me jogue contra a parede de metal do lado de
fora. Sua boca suga e lambe meu pescoço, sua mão sob minha
camisa.
— Sim! — Eu sussurro, querendo muito mais.
— Você sabe o que eles dizem sobre dormir com um
motoqueiro? — ele pergunta, seus lábios ainda na minha pele
úmida.
— Humm?
— Não existe um grupo de autoajuda para foder um
motoqueiro, baby. Depois que você fode com um de nós, não há
outro pau que valha a pena.
Uma risada sai da minha garganta, uma que não está triste ou
confusa, mas feliz. Saint ri comigo, seu riso vibrando meu peito.
Empurrando minha camisa com as mãos ásperas, meu peito
alinhado com o rosto dele, ele desliza um mamilo na boca, e eu
corro minhas mãos ao longo de sua cabeça enquanto ele chupa, e
passa a língua entre o botão vermelho. Um formigamento atira no
meu estômago e no meu clitóris pelo contato intenso. Eu suspiro.
Sua mão esquerda desliza da minha bunda para a minha
coxa, e depois entre as minhas pernas, seus dedos mergulham na
minha umidade sentindo a pressão. Querendo mais dele.
Lentamente, ele puxa dois dedos para dentro e para fora, seu
polegar girando meu clitóris. É tão bom, quero mais. Eu o
quero. Deus, eu o quero tanto.
— Você gosta disso? Ele sussurra, minha umidade cobrindo
nós dois.
— Jesus, pare de me provocar, Saint, eu imploro.
Sua mão direita afrouxa, permitindo que meu corpo caia
alguns centímetros, alinhando-se perfeitamente com seu pau duro.
— Isto é o que você quer, certo baby? ele pergunta,
pressionando seu pau duro no meu clitóris. Eu lambo meus lábios,
minha boca seca de ofegar.
— Eu também quero isso, mas quero ter certeza de que você
se lembre de tudo de mim antes de levá-la novamente, Piper,
porque acho que não posso me afastar de você desta vez. Meus
olhos se arregalam com sua confissão. Nossos olhares se
encontraram. Antes do acidente, nós dois não admitíamos que
queríamos estar um com o outro, nossos próprios demônios em
nosso caminho.
— Quer dizer, você quer ser... como exclusivo? Eu esclareço.
Ele olha para baixo antes de olhar fora na sede do clube.
— Quero dizer... Ele não diz mais nada.
— Saint, e se eu dissesse que posso me apaixonar por você?
Ele olha para mim, seus olhos dançando entre os meus.
— Não.
Eu respiro fundo, a rejeição doendo mais do que os grampos
na minha cabeça agora.
Me pegando pelo queixo, ele levanta minha cabeça, me fazendo
olhá-lo nos olhos.
— Mas isso não significa que eu possa não estar sentindo o
mesmo.
As portas do clube se abrem e Lip sai, meu corpo esfria
instantaneamente, e Saint me deixa de pé.
— Piper? ele grita para mim, com os braços cruzados sobre o
peito nu enquanto olha em volta. Não demora muito para
que ele encontre eu e Saint.
— Merda, Saint sussurra.
Limpando minha garganta, eu puxo minha camisa para baixo
rapidamente.
— Amanhã, você está me levando de volta para minha
casa. Não suporto essa merda de babá. Eu gemo, passando por
Saint e para o meu padrasto.
Empurrando Lip, ele não diz uma palavra. Ele apenas olha
para Saint com as sobrancelhas franzidas, antes de me seguir.
— Piper, você precisa ter cuidado. Ele começa seu conselho
paternal.
— Sou adulta, sei o que estou fazendo. Eu zombei, andando
rápido pelo corredor.
— Sim, mas você não está bem.
Eu paro e me viro para ele.
— Não, eu não estou bem, e sim, não me lembro de tudo, mas
lembro dele. Aponto na direção geral de onde deixei Saint. Lembro-
me dele, então apenas deixe-me... deixe-me lembrar. OK? Lágrimas
enchem meus olhos e me deixa com mais raiva por mostrar minha
emoção. — Talvez ele quebre meu coração, talvez ele me levante
para um banco de pedais tão alto que só me deixa cair na porra do
meu rosto, mas me deixa sentir. Deixe-me sentir alguma coisa!
O rosto de Lip suaviza e ele esfrega as mãos como se estivesse
tentando controlar seu temperamento. Não querendo machucá-lo
mais do que eu, viro e volto para o meu quarto. Subo na minha
cama e empurro meus fones de volta.
Ariana começa a tocar Boyfriend. Eu desliguei isso antes de
sair, mas a música está pronta para eu pressionar play. Saint deve
ter vindo aqui me procurar antes de me encontrar na mesa de
sinuca.
Estas são as palavras que Saint quer dizer, mas não pode.
Puxando o travesseiro por baixo da cabeça, do lado oposto dos
grampos, fecho os olhos e tento não me lembrar de nada.

Ao acordar, sinto o cheiro de café.


Mmm.
Fico com água na boca e eu me sento na cama. Eu ainda
estou vestindo a camisa branca e shorts da noite passada. É
melhor eu mudar antes de ir lá fora e mostrar há todos meus
mamilos duros.
Esfregando o sono dos meus olhos, saio dos cobertores e olho
através da bolsa que minha mãe trouxe. Aceito
uma camisa cinza folgada e um jeans preto. Cara, meu corpo dói
esta manhã, eu poderia usar um remédio para dor.
Eu jogo meu cabelo em um coque bagunçado no topo da
minha cabeça e vou à procura de um café. Lembro que gosto muito
de café.
Abrindo a porta, encontro o Big Chief parado ali tentando se
equilibrar nas muletas, o rosto arregalado de surpresa.
— Ei. Ele levanta o queixo.
— Oi, eu murmuro. Lembro um pouco dele. Quero dizer, eu
sei que nós dois estivemos no acidente, mas é isso. Ah, e acho que
poderíamos ter sido amigos íntimos.
— Eu queria ir vê-la no hospital, mas eu sei que você tinha
muito, só queria lhe pedir desculpas. Pelo acidente. Ele olha para o
chão, erguendo os ombros. Não me lembro do acidente, mas eu sei
para um fato Big Chief não deve culpar a si mesmo.
— Não seja bobo. Não foi sua culpa e honestamente... acho
que esse acidente é uma benção disfarçada. — Estou vendo a
pessoa que eu era com novos olhos e, para ser sincero, não tenho
certeza se aprovo algumas das coisas que ela fez. Não me entenda
mal, eu posso me sentir profundamente dentro de mim. Ainda sou
uma criança selvagem que terá mais problemas do que não, mas a
maneira como eu pensei em mim mesma e a maneira como agi
sobre isso estava me oxidando. No melhor. Ele dá um sorriso
simples antes de se virar e seguir pelo corredor.
Eu ouço todo mundo falando antes de meus pés descalços
atingirem a área comum. Saint, Shadow e Zane estão todos
sentados no bar conversando, e Anahi fica atrás do bar
conversando com ele.
Deslizando atrás dela, pego uma caneca branca e preta, a
encho de café e tomo um grande gole.
— Mmmm.— Eu gemo, é como o primeiro gole que já tomei de
café. Essa é a vantagem de perder a memória. Você tem muitas
primeiras vezes, de novo.
Anahi se vira, a cabeça inclinada para o lado. Ela é bonita,
muito bonita. Cabelos escuros, olhos escuros, pele
perfeita. Sua camisa preta está bem baixa, mostrando seu decote
que poderia pertencer a uma garota de vinte anos, dificultando a
não encarar. — Hey querida, você se lembra de mim? Anahi
pergunta, colocando a mão no quadril. Lembro que ela estava com
Bull, e o quanto ela levou a morte dele. Fechando os olhos, vejo
seus olhos de aro vermelho e nariz sujo de cocaína do passado. Ela
parece muito melhor hoje. Sorrindo, aceno com a cabeça e ando
pelo bar antes que ela tente me abraçar. Esse é o próximo passo
depois que alguém pergunta se eu me lembro deles, um maldito
abraço.
— Eu estava apenas dizendo aos caras que acho que vou me
estabelecer no Arizona por um tempo, continua ela.
Saint se vira e olha para mim. Sua camisa branca está
apertada em volta dos ombros, seu Patch preto lhe parece muito
bom esta manhã. Não posso deixar de sorrir para ele. Ontem à
noite nós dois dissemos um ao outro que estávamos nos
apaixonando, de um jeito estranho. O filho de Bull, Maverick, fugiu
quando ele se machucou. Eles encontraram Maverick em algum
reformatório no Arizona. Então Anahi vai ficar lá até ele sair —
Saint me informa.
— Isso seria bom para ele, algum tipo de apoio. — Eu tento
socializar, mas realmente eu simplesmente não consigo parar de
pensar sobre o quão bom este café é. Eu quero experimentar todo o
café do mundo agora. Frio, misto, claro e escuro. Eu me viro em
direção à parede, enquanto eles continuam falando atrás de
mim. As fotos dos membros caídos me encarando. Um em
particular. Locks. O que há com esse homem? São os olhos
dele. Aqueles olhos azuis do oceano que alimentam as chamas do
medo. Eu já os vi antes. Mas onde?
— Você me escuta? — A voz de Anahi quebra meu transe e eu
me viro. O olhar dela apontou diretamente para mim. — Vejo você
tentando fugir com minha caneca de café! — Ela aponta para o
caneca na minha mão. Eu olho para ele. É isso mesmo, sou um
ladra de caneca de café. Eu sorrio e tomo outro gole.
— Veremos.— Eu dou de ombros.
— Você está saindo, o que você vai fazer, com todas as xícaras
de café? — Bobby ri, batendo no balcão com a palma da mão
grande. Bobby? Ah, sim, ele está com uma médica que ajuda o
clube. Lembro-me dos dois. Estou surpreso que Doc não esteja por
perto me cutucando desde que cheguei aqui.
— Verdade.— Anahi suspira. —Eu vou sentir falta de vocês,
mas eu acho que uma pausa a partir daqui vai me fazer o bem.—
Não posso deixar de me sentir mal por ela. Encontrando o amor de
sua vida, apenas para perdê-lo. Eu quero estar lá por ela, mas
tenho minhas próprias coisas para lidar agora. Como esta
escuridão sempre florescente enraizando-se no meu peito. Eu
continuo tentando ignorá-lo, mas apenas mantém ficando mais
forte. Não sei de onde ela se origina, mas não para. Eu preciso
descobrir o que é, realmente me amar de novo.
— Ei, Saint. Você pode me levar para minha casa?
Shadow se vira em seu assento. — Você pode verificar com Lip
primeiro, ele sugere.
— Está bem. Meu tom firme. Estou tão cansada de ficar
parada. Eu tive um acidente, eu não morri tempo e por sua vez,
preciso voltar a vida normal.
Saint olha para Shadow e Zane, apreensão enrugando sua
testa. É isso mesmo, Saint quer seu remendo, então ele faz tudo o
que os irmãos mais velhos mandam. De repente, me sinto culpada
por colocá-lo nessa posição embaraçosa. Não é justo da minha
parte fazê-lo escolher.
— Ok. Eu vou cuidar dela — Saint insiste, levantando-se. Eu
tenho que morder minha bochecha para não sorrir. Ele me
escolheu. Saint inferno.
Seus olhos caem nos meus pés descalços. — Pode pegar
alguns sapatos primeiro — Olhando para baixo, inspeciono meus
dedos pintados de vermelho, assim como todo mundo na sala. Eu
os mexo.
— Sim, tudo bem.
Começo a andar pelo corredor e ouço a voz profunda de
Shadow.
— É melhor você esperar que Lip não o pegue levando-a de
moto, garoto.
SAINT
Montando minha moto, espero por Piper. Essa mulher vai dar
um chute na minha bunda. Eu sei disso. Eu deveria estar
perguntando a Lip se está tudo bem em levá-la, mas Piper é uma
mulher crescida e todo mundo precisa se lembrar disso. Ela precisa
de uma folga de todos em cima dela, e eu pessoalmente acho
que vai lhe fazer bem estar sozinha. Então, diabos com isso. Estou
apaixonado pelo clube, mas isso não significa que estou entregando
minhas bolas. Além disso, eu protegerei Piper. Matarei qualquer um
que tentar se aproximar dela sem que eu saiba.
Meu telefone emite um bipe, então eu olho rapidamente
enquanto espero por Piper. É minha mãe de novo. Eu preciso parar
e vê-la antes que ela venha ao clube me procurando, fazendo uma
cena de merda.

Piper sai do clube, o cabelo no alto da cabeça, a grande camisa


que está vestindo caindo sobre seu ombro apenas por isso,
mostrando a cinta preta do sutiã. O pó de sardas na clavícula está
escuro hoje e me deixa pronto para jogá-la no chão e lamber todos
os pontos; senti-la para baixo de mim.
Já era hora de nos familiarizarmos.

Ela para e olha minha moto impressionada. É isso mesmo,


ela acabou de se acidentar e provavelmente está com medo de
voltar de moto.
— Podemos pegar a caminhonete do Big Chief. Eu ofereço,
uma das minhas mãos no guidão.
— Não. Eu adorava andar antes, e não quero ter medo de algo
que me fez sentir tão bem. Você sabe? ela inclina a cabeça para o
lado, o sol brilhando em seus cabelos ruivos.
— Tem certeza disso? Eu realmente não me sinto confortável
com ela em uma moto. Apenas o pensamento de que ela poderia ter
morrido me faz querer que ela nunca mais volte para a
moto. Mesmo que seja comigo.

Ignorando a minha pergunta, ela levanta a perna atrás de mim


e desliza para o assento. Seus dedos apertando meu corte
de couro. Parece perfeito, como sempre deveria ter sido ela lá atrás.
— Tenho certeza. Apenas fique longe de outros
carros, se puder. Ela tenta parecer forte, mas posso dizer que está
assustada. Mordendo meu lábio inferior, aceno e ligo a
moto. Lentamente, saio da vaga e aumento gradualmente
a velocidade. Olho no espelho lateral para ver o rosto dela. Os olhos
dela estão fechados e a cabeça inclinada para trás. Ela está voando.
Eu conheço esse sentimento. Não há nada como isso. Tomando
minha mão direita fora do guidão, eu chego atrás de mim e pego
sua coxa, dando-lhe um pequeno aperto. Estou assustado que me
apaixonei por esta mulher.
Dirigindo para um bairro mais agradável do que eu jamais
cresci, olho para o espelho para verificar Piper, seu rosto está com
uma expressão vazia. Ela não tem ideia de onde ela está. Merda, eu
deveria ter dito a ela que estávamos parando na casa da minha
mãe.
Puxando em uma calçada perfeitamente pavimentada que
conduz a uma casa amarela de dois andares, eu estaciono a moto.
Bull me ajudou a tirar minha mãe dos projetos e a um bairro com
menor taxa de criminalidade. Bull fez muito por todos, eu não sei
como qualquer um de nós vai sobreviver sem ele.
— É aqui que eu moro? — Piper pergunta com espanto. Eu
sorrio, saindo da moto.
— Não, esta é a casa da minha mãe. Eu precisava parar aqui
bem rápido. Eu explico.
— Oh, ela me olha com preocupação, os lábios pintados de
batom vermelho.
— Vai ser rápido. Tomando-a pela mão, ajudo- a a sair da
moto. Ela retirou algumas de suas ataduras de seus machucados,
eu vejo. Algumas delas já estão cicatrizando, trazem uma nova pele
fresca.
A porta de tela da casa bate, o cheiro de fumaça de cigarro
flutuando.
— Senão é meu bom filho! Nem para ligar para a mãe dele! A
voz da minha mãe desce a varanda e atravessa o bairro.
Esfregando minha cabeça com a palma da minha mão
ansiosamente, sinto Piper me encarando. É apenas agora me
ocorreu, eu nunca trouxe uma garota para casa para a minha mãe.
— Desculpe mãe. Estive ocupado. Eu digo a ela, subindo as
escadas. Ela franze os lábios, me olhando como quando eu era
criança e ela bateu na minha bunda com um jornal quando eu agia
errado. Ela está com uma de suas perucas, um cabelo liso preto
com mechas vermelhas, e ela está usando um vestido longo roxo, os
quadris inchados fazendo-a parecer uma garrafa de geleia de uva
que está no sol há muito tempo.
Aproximando-se dela, beijo sua bochecha e sinto seu corpo
tenso quando ela percebe Piper pela primeira vez.
— Quem é essa, Saint? — sua voz é irreconhecível, um tom de
arranhão com um tom agudo.
— Esta é Piper, ela é do clube.
— Bem, o que diabos aconteceu com ela? Mamãe pergunta
sem filtro uma vez.
— Eu sofri um acidente. Piper afirma, cruzando os braços.
Mamãe olha para mim.
-— Vá em frente e leve essa garota branca para dentro antes
que as pessoas pensem que a sequestramos.
— Balançando a cabeça, abro a porta e conduzo mamãe e
Piper para dentro.
A casa está limpa, nem um grão de poeira a ser visto. Os
móveis florais amarelos são a merda mais feia que eu já vi, e o pisos
tão polidos que você pode ver seu reflexo neles.
— Pepper, você gostaria de um chá, querida? — Mamãe
pergunta, sua testa esboçada com rugas permanentes que meu pai
colocou lá quando ele estava vivo.
Levantando uma sobrancelha para minha mãe, eu a corrijo. —
É Piper! Ela acena não se importando.
— Aceito, obrigada. A voz de Piper é tão pequena e mansa que
nunca a vi assim antes. É bom pra caramba, e me faz querer fazer
coisas com ela.
— Saint, cozinha! Mamãe grita, agindo como se eu fosse uma
criança maldita. Seguindo-a até a cozinha, coberta
de porcelana branca e flores, ela fica na pia olhando para mim.
— Por que você não me disse que a estava trazendo? — ela
assobia, abrindo a torneira como se fosse abafar sua voz alta do
sul.
— Não achei que isso importaria. Dou de ombros, abrindo a
geladeira para comer.
— Baby, você nunca trouxe uma garota para casa
antes. Nunca. Quem é ela para você? Mordendo o lábio, ignoro a
pergunta dela e contemplo pegar um brownie de um prato.
Uma pancada quente bate na parte de trás da minha cabeça é
minha mãe me dando um tapa.
— Merda! Batendo a porta da geladeira, eu a encaro.
— Bem? Seus olhos expectantes se arregalam,
esperando eu responder.
— Eu não sei, ela é apenas é importante para mim. OK?
— Minha voz suaviza, e esse sentimento quente enche meu
peito, fazendo-me esfregar o calcanhar da palma da mão e cruzá-
lo. Dizer isso em voz alta para minha mãe torna o que estou
sentindo por Piper mais real do que nunca.
— Está bem. Ela sussurra. — É por isso que você não vem
para comer toda a minha comida!

— Jesus, aqui vamos nós. Ela vai fazer isso maior do que é.
— Não, eu apenas estive ocupado com o clube, você sabe como
é.
— Há quanto tempo vocês dois?
— Tchau mãe! Interrompendo-a, saio da cozinha e encontro
Piper olhando as fotos na prateleira. Ela olha para mim com
aqueles grandes olhos cinzentos.
— Esse é o seu pai? Ela olha para uma foto do meu pai
sentado em alguns degraus, parecendo degradado como o
inferno. Jeans rasgados, camisa untada e cabelos oleosos.
— Sim, é ele. Ele morreu.
Os lábios dela se separam. — Eu sinto muito.
— Não sinta, ele está melhor. — Eu digo, pegando a mão dela,
eu a afasto do meu passado.
— Tenho que ir mãe! Eu grito antes de sair pela porta de tela,
Piper a reboque.
PIPER

Depois de deixar a mãe de Saint, voltamos


à estrada principal e sinto Saint crescer dentro de mim. Eu não
posso deixar de sorrir, pensando em como sua mãe ainda o trata
como se ele fosse um garoto de doze anos. Eu gosto dela. Chegamos
a uma área familiar, com pequenas casas, todas seguidas. Eu sei
onde estou. É aqui que fica minha casa.
É claro que minha casa é a única com gramado descoberto, e
sorrio lembrando da minha vizinha sempre querendo decorá-lo.
Saint estaciona e desliga sua moto. Minha coxa ainda formiga
de onde ele me tocou no passeio, o que faz minhas pernas
tremerem quando eu saio.
— Parece familiar? Saint pergunta, olhando o lugar.
— Sim, eu sei onde estou, digo a ele. As pessoas me irritam
com todas as perguntas, mas quando Saint pergunta, isso não
acontece. Talvez seja porque ele não tem aquele tom sensível e fofo,
ele simplesmente pergunta.
A porta da casa ao meu lado se abre e uma senhora baixa com
uma camisola de flores aparece mancando, os pés cobertos
por chinelos cinza que parecem que nunca foram tirados.
— Piper! Ela levanta a mão no ar como se quisesse me
parar. Eu sorrio. É a senhorita Skitty. Sem fôlego, ela coloca a mão
no peito. Seus olhos se voltam para Saint por um segundo antes de
voltar para mim. — Eu só queria que você soubesse que pedi
algumas mães para os nossos quintais! — ela diz com entusiasmo.
— OK. Eu rio, sem saber o que diabos é uma mãe. Seus olhos
sulcam, rugas se formando em volta da boca enquanto ela franze a
testa.
— Você sofreu um acidente, querida?
— Conscientemente, toco o lado da minha cabeça onde estão
os grampos.
— Sim, eu sofri, murmuro. Ela olha para Saint, depois de
volta para mim.
— Humm. Bem, estou ao lado se precisar de algo,
querida. Sua velha voz tremula.
— Obrigada, eu aprecio isso. Eu quase sussurro antes de me
virar, tropeçando em um gnomo azul.
— Ah, eu adicionei um pouco mais de decoração ao seu
quintal enquanto você estava fora. Espero que você goste! Ela diz.
Sem dar contato visual, levanto minha mão em uma onda
preguiçosa, uma meia risada escapando dos meus lábios.
Subindo os degraus da minha casa, paro. Eu sei que escondo
uma chave por aqui em algum lugar. Olhando para o alimentador
de pássaros, duvido que esteja lá. Meus olhos caem no vaso com
flores mortas caindo pelas laterais, um sapo verde com tinta
lascada sorrindo para mim. Aí está. Inclino e pegando a chave que
escondo embaixo. É uma loucura a forma como algumas
coisas me acontecem, e outras em que preciso me lembrar.

Destravando a porta da frente, eu jogo a chave em uma mesa


lateral e entro. Aos poucos, tudo volta para mim. O cheiro, as luzes,
o sofá. Comprei aquele sofá numa venda de garagem no bairro
rico. Fiz Addie e Delilah me ajudarem a guarda-lo na traseira da
van do clube.
— Casa, eu sussurro, chutando meus sapatos fora. Eu coço
meu braço e assobio. Maldito machucado.
— Eu pensei que você odiava estar aqui sozinha? Saint
aponta. Meu rosto cai. Está certo. Eu costumava odiar este lugar.
Aquele sentimento sombrio dentro de mim ruge por sua
cabeça e eu coloco minha mão sobre meu estômago com medo de
vomitar.
— O que mais você sabe sobre eu não gostar de estar
sozinha? Eu pergunto. Ele se senta no sofá e deita a cabeça para
trás. — Humm. Ele para. Isso não é bom.
— É algo ruim, não é? — Mordo minha unha, com raiva, não
consigo me lembrar. Andando pelo sofá, olho para as minhas
bugigangas nas prateleiras. Velas, fotos, tudo que eu lembro, então
isso é bom. Nada se refere à escuridão que permanece dentro de
mim.
Olhando para a mesa do café, encontro revistas com o que me
parece nelas. Eu pego as revistas.
— Essa sou eu? Eu pergunto, meus dedos tocando a foto do
meu corpo seminu ao lado de uma moto.
— Hum, sim. Você esteve em várias revistas — ele me
informa. Deixando-os cair na mesa, balanço minha cabeça.
— Porque eu faria isso? Eu não entendo. As palavras saem um
mero sussurro.
— O que, você não quer mais fazer isso? — Saint
pergunta. Olhando para ele, meu rosto franze a testa.
— Eu não quero fazer um monte de coisas que eu fazia antes
do acidente.
Seus olhos escuros olham para os meus como se ele me
apoiasse, entendesse o que estou dizendo.
— Quero dizer, eu vou sentir falta de olhar para sua bela
bunda, mas eu entendo o que você está dizendo. Ele ri, mas não
acho humor nisso. Havia algo verdadeiramente quebrado em mim
antes, e isso me assusta saber o que me deixou tão insegura de
mim mesma que tive que obter a aprovação de todos.
— Eu preciso ir ao banheiro, afirmo, correndo para fora da
sala e caminho pelo corredor. Por que ele simplesmente não me diz
o que sabe? Estou tão cansada desses malditos jogos de
adivinhação. Empurrando a porta do meu banheiro, todos os meus
suprimentos de beleza estão no balcão, a familiaridade disso tudo.
Sentado no vaso sanitário, rolo um papel higiênico em volta da
minha mão e inspeciono o balcão. Há um cinzeiro com um baseado
meio queimado e meus dedos coçam para acendê-lo. Abro uma
gaveta, encontrando loção e fitas para o cabelo. Chegando, enfio os
arcos e os laços à procura de um grampo. Um pequeno laço
vermelho com manchas fica no fundo da gaveta, e eu congelo. Meus
olhos começam a se encher de lágrimas quando me lembro. Algo
tão pequeno, mas poderoso. Apertando o arco na minha mão, trago
para o meu colo.
Eu lembro desse arco. É o que eu tinha quando Devil’s Dust
veio me salvar na casa do meu pai.
Fechando os olhos, aquele monstro sinistro que se enrolou
dentro de mim tece em minhas veias com a memória do meu
verdadeiro pai.
O que ele fez comigo quando eu era criança. O jeito que eu
lidei com isso. Quem eu era.
Eu me lembro de tudo. As boates, os homens
estranhos. Puxando minha calça para cima, o arco ainda na minha
mão, eu me inclino contra o balcão do banheiro e seguro minha
cabeça. Lágrimas quentes rolam caem pelo meu rosto quando o
abuso de meu pai surge. Eu queria saber de onde vinha o
sentimento de desânimo e agora gostaria de nunca ter
lembrado. Eu não quero ser a pessoa que eu era antes. Eu não
estava vivendo, apenas tentando sobreviver.

Uma batida contra a porta me faz sentar reta. Passando a mão


debaixo do nariz para verificar se há ranho, eu fungo.
— Você está bem? Saint pergunta, entrando no pequeno
espaço.
— Sim. Estou bem. Minha voz revela que estava chorando e
Saint chega mais perto.
Seu rosto sombrio me olha e eu seguro minha palma com o
arco.
— Eu lembro. Lembrei-me por que não gosto de ficar
sozinha. Eu choro. — Estou com medo de homens, do meu pai.
— Saint fecha o espaço entre nós, passando os braços fortes
em volta de mim. Seu peito quente e segurança me fazem chorar
mais. Sua mão pressiona minha cabeça contra ele firmemente,
e ele beija minha cabeça.
— Está tudo bem, querida, ele sussurra.
— Não, não está. Eu não quero ser a pessoa que eu era
antes. Eu estava tão quebrada e perdida. Eu soluço.
Ele gentilmente me afasta braço e me olha nos olhos.
— Então não seja essa pessoa, Piper. Não deixe que seu
passado a defina, você é incrível e deixar um homem que esteve em
sua vida por um curto período de tempo apagar essa chama que
você queima tão intensamente seria um desperdício. Ele me diz, sua
voz tão forte e segura.
— Você faz parecer tão fácil, eu choramingo, enxugando uma
lágrima do meu rosto.
O rosto dele cai.
— Eu sei, que não é. De fato, por sua causa, estou tentando
não deixar que meu passado me defina, sabe? Ele estende a mão
para mim, seus dedos descendo pelo meu braço.
— O que? — Minhas sobrancelhas arqueiam.
— Sinto-me culpado por deixar minha namorada e minha filha
morrerem. Tanto que eu te afastei quando queria que você
ficasse. Ele desvia o olhar, sua vulnerabilidade o deixa
desconfortável.
Lembro-me da nossa conversa fora do clube, como sua filha
morreu por causa de um acidente.
Eu olho para ele boquiaberta. Eu estava em uma correria.
— Sim, eu sei que é assustador como a história pode se
repetir.
É como se Deus desse a Saint uma segunda chance de fazer
tudo de novo.
Deslizando no chão, ele agarra um baseado e senta ao meu
lado. Eu o vejo acendê-lo e depois o oferece para mim. — Estou
chapada o suficiente com os remédios para dor, eu resisto.
— Você já se viu tendo filhos de novo? Eu pergunto,
inclinando-me contra ele.
Segundos se passam antes que ele solte uma fumaça.
— Talvez um dia. Um passo de cada vez, sabia? Ele explica
antes de dar outra tragada. — Quando ouvi que você tinha se
machucado, vendo você naquela cama, derrubou os muros de culpa
que eu tentava escalar há anos. — Minha mente muda para a
primeira vez que ele e eu fizemos sexo, e ele usou camisinha. A
maneira como ele colocou e amarrou quando terminamos mostra
como ele estava preparado para evitar ter mais filhos. Ele ainda não
está pronto para esse caminho, mas quem está?
Meu peito se agarra e não consigo respirar. Meus olhos se
arregalam e me sento ereta. Eu estava na traseira da moto com o
Big Chief porque ia tomar a pílula do dia seguinte.
Que eu nunca consegui! Você tem que tomar a pílula dentro
de setenta e duas horas! Faz semanas!
26
PIPER

Na sala de estar, tento não pensar na ideia de que possa haver


um ser vivo dentro de mim neste segundo, ou talvez não exista,
talvez o acidente tenha tirado a vida que estava tentando se
espalhar por dentro. Jesus, isso é deprimente, mas pode ser
verdade.
Mãos no balcão, eu respiro e olho para o aquário vazio na
minha frente. Eu inclino minha cabeça para o lado. Por que não há
água nele?
— Onde está o meu peixe? Aponto para o aquário sem água
virado de cabeça para baixo no balcão da cozinha.
— Hum, eu tenho certeza que ele morreu. Saint coça a testa,
inspecionando o aquário. Ugh, eu acredito nisso. Eu sou péssima
em manter peixes vivos. Tenho certeza que tive um gato uma vez, e
ele desapareceu. Imagino limpar meu armário um dia e encontrar
seu cadáver.
Minha cabeça começa a latejar com todas as informações que
vêm para mim. Gravidez, peixe morto, a casa.
— Eu sei o que você precisa — afirma Saint com um tom
sedutor. Andando até o aparelho de som, ele liga, passando para
Ginuwine — Pony. Não posso deixar de sorrir, ninguém pode
esquecer essa música. Colocando as mãos atrás da cabeça, ele
começa a empurrar os quadris para o ritmo, e eu me molho
instantaneamente. Agarrando sua camisa, ele a puxa pela cabeça e
a joga para mim. O cós da cueca mostra logo acima do jeans e é a
coisa mais sexy que já vi há muito tempo. Parece que ele poderia
estar em um videoclipe com esses abdominais. Mordendo meu lábio
inferior, me movo em direção a ele, e de repente ele me pega,
envolvo minhas pernas em torno dele e ele canta a letra no meu
ouvido, elas são sujas e pessoais, e o pensamento de estar grávida
desaparece. Tudo o que consigo pensar é em Saint e eu juntos
agora. Quero que ele substitua toda a minha dor pelo cheiro dele.
Dançando comigo em seus braços, ele me empurra contra a
janela, as cortinas se curvando e estalando atrás das minhas
costas. Ele beija meu pescoço, suas mãos tateando meu
peito. Minha cabeça cai para trás e um suspiro sai da minha boca
quando ele me toca por toda parte. Agarrando minha mão
esquerda, ele envolve a corta das cortinas em volta do meu pulso
direito, prendendo-o. Segurando o outro pulso, ele faz a mesma
coisa com o outro pulso. Ele faz um grande esforço para garantir
que o cordão não toque no meu machucado, são pequenos atos
como esse que mostram o quanto ele pode ser um cavalheiro.
— Pervertido! Eu ri.
— Você não tem ideia, baby. Ele morde minha clavícula.
Deixando-me cair de pé, ele puxa minhas calças para baixo e
eu as chuto para o lado. Ele desfaz o jeans e seu pau preto duro cai
livremente. Meus olhos se arregalam com o piercing em
lembrança. Puta merda.
Ele pega um preservativo e desliza-o em seu eixo. Acho que é
um pouco tarde para um desses, mas não digo nada. Não até que
eu saiba que estou grávida, até então eu só vou me concentrar em
nós. Ele me agarra pelas coxas, me levantando de volta. Assim que
minhas pernas estão ao redor dele, ele entra em mim. Enchendo-
me com cada centímetro até que ele esteja enterrado até o fim,
minhas mãos tentam agarrar às costas dele para segurar, mas elas
são contidas pelas cordas.
— Você não está rasgando minhas costas desta vez, baby. Sua
voz rouca sussurra contra o meu decote. Seus dentes beliscam o
tecido macio, me fazendo contorcer debaixo dele.
Ele entra em mim como um homem faminto, as cortinas
ameaçando abrir a janela a qualquer segundo. Cortinas acenam
para frente e para trás, e eu tremo da pressão crescendo dentro de
mim. Meu corpo está pronto para deixar o penhasco da dor e entrar
em um mar de prazer. Meus dedos do pé enrolam, e minha cabeça
cai para trás quando minha boceta espasma do seu pau
grosso. Cerrando os dentes, eu aperto meus quadris e o monto.
Para cima e para baixo, para frente e para trás, a música nos
leva ao clímax, bem na hora em que o pulso esquerdo pega tudo o
que pode e cai no chão. Levantando minha mão esquerda, a cortina
no chão ainda está presa à corda. Colocando meu rosto, sem fôlego,
levo meu olhar da cortina para ele.
— Você nunca mais vai me esquecer, Piper, ele sussurra.
— Eu nunca esqueci. Acho que nunca o esquecerei. Sempre
houve algo lá; me atraindo para ele.
Meu telefone toca e eu desembrulho meu outro pulso do
cordão, o recuo do aperto pressiona minha pele. Merda espero que
isso vá embora. Eu caio na ponta dos pés e rapidamente tiro meu
telefone do bolso da calça, é Delilah.
— Olá — Estou sem fôlego. Tenho certeza que ela sabe o que
estamos fazendo.
— Ei, você está voltando para o clube? ela pergunta, sem
mencionar que eu parecia ter corrido uma milha. Eu não ia, mas
preciso conversar com ela sobre possivelmente esse negócio de
pílulas do dia seguinte.
— Sim, você estará lá?
— Bom, peguei alguns cartões e todos nós vamos nos reunir e
sair, explica ela.
— Sim, tudo bem. Parece bom. Eu não me importo com cartas,
mas com o que quer que seja para termos algum tempo para
conversar. Desligando, Saint olha para mim o que está
acontecendo.
— Delilah e os outros estão se reunindo no clube. Eu finjo um
sorriso.
— Você quer ir? ele pergunta, puxando sua cueca.
— Quero dizer, seria bom para eu conhecer algumas pessoas
um pouco. Se não o fizer, Lip e minha mãe virão me procurar de
qualquer maneira, digo a ele, tentando encontrar uma desculpa boa
o suficiente para fazê-lo me levar de volta para ver Delilah.
Trancando a casa, espero Saint subir na moto e subo depois.
Não gosto de voltar, não como no caminho para cá, porque a
única coisa em que consigo pensar é fazer um teste de gravidez.
SAINT

Parando no clube Lip está do lado de fora com as mãos


cruzadas sobre o peito, parecendo mais cruel do que nunca. Sua
raiva dirigiu diretamente para mim. Merda.
Eu estaciono, e Piper me olha. — Vá em frente, eu ficarei bem.
Eu digo a ela, e ela faz. Inalando estalo meu pescoço, o som das
botas de Lip batendo mais alto a cada segundo.
— Você tem dois segundos para me explicar por que você a
levou na parte de trás da sua moto, antes de sair na sua bunda.
— Ele me fala com um tom áspero.
— Ela precisava de um descanso. Levantando meu queixo,
digo a ele como é.
— Uma pausa? ele parece estupefato.
— Sim, uma merda de folga. Todo mundo está em cima dela,
perguntando se ela se lembra disso ou daquilo. Ela queria sair, eu a
levei.
Ele vira as costas para mim, esfregando as mãos para cima e
para baixo do rosto como se estivesse prestes a explodir.
— Olha cara, você não será capaz de mantê-la fora de uma
moto. Esta é a vida dela, ela foi ensinada se cair, você se levanta de
novo.
Lip se vira, a mão no queixo, os lábios entreabertos como se eu
tivesse acabado de falar alguma merda da Bíblia.
Ele aponta para mim.
— Você a machuca e juro por Deus que vou enterrá-lo. Vou
me certificar de que não resta mais nada nesta cidade para você ou
sua mãe. Compreende? Ele ameaça. Mordo minha bochecha,
querendo dizer a ele para se foder, mas sou um Prospecto. Um dia,
quando receber meu Patch. Voltaremos a esta conversa e ele nunca
ameaçará minha mãe novamente.
— Eu entendi. Eu digo amargamente.
PIPER
De volta ao clube, quero dizer a Saint como estou assustada,
mas Lip estava lá fora esperando por ele, então corro para dentro
para encontrar Delilah. Ela está no bar rindo de algo com Addy.
Agarrando sua mão, eu a arrasto pelo corredor, interrompendo o
que ela e Addie estavam falando.
— Que diabos Piper? ela rosna, seus pés tropeçando em si
mesmos. Finalmente no meu quarto, fecho a porta com força e olho
para a cama.
— Eu hum, eu posso estar grávida.
— O quê!? Sua voz se eleva. Ela me agarra pelo ombro, me
fazendo olhá-la nos olhos.
— Eu ia tomar a pílula do dia seguinte quando sofri o acidente
com o Big Chief, mas nunca a tomei. Por razões óbvias. Seu rosto
está pálido, sua boca aberta como um peixe.
— Você sabe de quem é? — Eu olho para ela como a cadela
que ela é.
— Saint, — eu digo, odiando que minha melhor amiga tenha
que me perguntar isso. Eu devo ter andado muito por aí.
Caindo na cama, coloco a cabeça nas mãos. Lágrimas
enchendo meus olhos.
— Ei! Ok é isso que vamos fazer. Vou pegar uma bebida ou
batatas fritas. Algo, e eu vou trazer um teste. Vamos descobrir hoje
à noite! Delilah insiste, sentada na cama ao meu lado, ela dá um
tapinha nas minhas costas. Fungando, levanto minha cabeça e
encosto no ombro dela.
— Obrigada, você é a melhor. Eu soluço.
— Eu apenas aponto eu sempre soube que seria você primeiro!
Ela ri e eu dou um soco no braço dela.
— Não é engraçado! Eu digo, mas ela está certa. Quando
éramos crianças, ela e Addie sempre diziam que eu seria a primeira
a engravidar.
— Hum, uma voz masculina nos faz chicotear nossas cabeças
em direção ao banheiro. Big Chief fica parado, apoiado nas muletas.
— Que porra é essa? — Delilah está de pé, com o rosto
vermelho. Big Chief levanta as mãos em sinal de rendição.
— Eu não vou dizer nada!
Delilah agarra uma muleta pronta para bater nele.
— Se você disser alguma coisa, eu vou enfiar isso na sua
bunda. Compreende? Ela não está jogando, ela vai bater na cabeça
dele com isso. Ele assente, e eu cubro minha boca para não rir.
Sentado na área principal, vejo Zane, Saint e Lip colocarem
uma mesa e cadeiras. Addie está na cozinha preparando os lanches,
e minha mãe está sentada atrás de mim, trançando meu cabelo.
— Seu cabelo parece tão bom assim. Como uma viking. Sua
voz diminui, e tudo o que consigo pensar é no programa que
costumávamos assistir juntos. Havia uma mulher durona lá que
sempre tinha o cabelo trançado e torcido.
— Quer uma bebida? Saint oferece, seus olhos encapuzados
me olhando de cima a baixo. Sorrindo, eu pego, mas apenas seguro
em minhas mãos. Ainda sinto o cheiro da colônia dele em
mim. Olhando para a bebida, não vou beber, mas não posso deixar
de me perguntar se não vou consumir álcool pelos próximos nove
meses. Eu olho para a porta, esperando por Delilah. Eu gostaria
que ela se apressasse.
— Que diabos está acontecendo aqui? Rad entra pela frente,
com os braços estendidos. Ele não tem camisa por baixo do colete e
a calça jeans está rasgada. Seu cabelo loiro estava preso em um
coque, mostrando seu rosto afiado.
Meus dentes rangem, minha mão se curva. Há algo nele que
eu não gosto.
— Só um pouco de diversão aqui no clube. Tom baixo,
sabia? Lip explica, jogando algumas fichas de pôquer em cima da
mesa.
— Ninguém me convidou, hein? Rad zomba, contornando a
mesa até cair em uma cadeira. Ele é tão desagradável.
— Nós achamos que você apareceria — oferece Saint, sua voz
segurando um laço de aborrecimento.
As portas se abrem e Delilah entra. Eu quase suspiro de alívio,
sobre o tempo. Suas mãos estão cheias de sacolas e seus olhos
encontram os meus.
— Aqui, deixe-me ajudar. Deslizo do banquinho, meu cabelo
escorregando das mãos da minha mãe. Indo para a cozinha, ela
pega uísque e batatas fritas antes de me entregar um pacote rosa
no fundo da bolsa.
— Vá, eu estarei lá em um segundo, ela bufa sem
fôlego. Colocando a caixa debaixo da minha camisa, saio da cozinha
e bato em Big Chief. Seus olhos conhecedores encontram os meus.
— Você está bem? Sua pergunta tem duplo significado. Ele é
como um irmão mais velho, sei que posso confiar nele.
— Estou prestes a descobrir, eu sussurro, contornando ele,
volto para o meu quarto, fecho a porta e vou para o banheiro.
Minhas unhas rasgam o plástico, a caixa se dividindo para o
lado até que um bastão branco caia no chão.
Inclinando-me, pego e puxo minha calça para baixo com as
mãos trêmulas. O banheiro frio envia calafrios nas minhas pernas,
forçando-me a fazer xixi, puxo a tampa do teste de gravidez e a
insiro entre as pernas. Quando termino, enfio a tampa na parte
esponjosa e encharcada de xixi e a coloco no balcão. Eu limpo,
levanto minha calça e começo a roer nervosamente minha
unha. Meu coração está batendo uma milha por minuto, e sinto a
necessidade de fazer xixi novamente com a adrenalina correndo por
mim.
Uma batida na porta me faz virar quando ela se abre, Delilah
entra.
— Você fez isso? Ela sussurra.
— Eu apenas fiz xixi nele. Temos que esperar — digo a ela. Ela
refaz o rabo de cavalo, os olhos olhando para a caixa rasgada no
chão.
— Tudo o que diz, vamos superar isso, ok? Ela me puxa para
um abraço e envolvo minhas mãos em torno dela. O cheiro de couro
e frutas me fez fechar os olhos e amá-la ainda mais.
Me deixando ir, nós dois nós viramos e olhamos para o teste
no balcão.
Existem duas linhas rosa.
— Grávida, eu sussurro com forte hesitação.
Delilah se vira para mim.
— Merda, ela murmura, seus olhos tão assustados quanto os
meus.
Afastando-me do teste, me inclino contra a parede, com as
mãos na cabeça.
— Eu digo a ele? Eu... Começo a respirar com mais força. Isso
é demais, rápido demais.
— Calma! Delilah grita, me agarrando pelos braços, ela me tira
da minha histeria.
— Não precisamos fazer nada agora. Apenas respire fundo.
Sua voz diminui ao longo da frase.
Lambendo meus lábios, eu aceno.
— Você está se mudando, como você pode dizer — nós? Eu a
lembro. Eu vou ficar sozinha nisso.
Seus olhos verdes ficam um pouco mais escuros, seu rosto
tenso.
— Eu não vou a lugar nenhum agora. Entende!
Concordo, agradecida. Eu preciso dela. Eu preciso de tempo
para pensar sobre o que diabos fazer sobre isso. Mantenha, desista,
digo a ele?
— Vamos começar! Ouvimos gritos. Pego o teste no balcão e o
jogo no lixo como se fosse uma evidência incriminadora.
— Estamos indo! Delilah e eu gritamos ao mesmo tempo.
De volta à sala principal, Lip, Saint e Big Chief sentam-se à
mesa de pôquer rindo. Delilah fica ao meu lado no bar,
silenciosamente me ajudando a manter minha merda no controle,
segurando minha mão. Minha mão está suada pensando em estar
grávida. Saint vai querer ser pai? Eu sei que o passado dele o serviu
frio para seguir em frente. Meus olhos deslizam para Lip. Ele foi
seriamente o melhor pai que qualquer garota poderia pedir. Meu pai
era um pedaço de merda, um doador de esperma e nada mais. Lip
se aproximou e tomou o lugar de um pai quando não tínhamos DNA
correspondente. Certamente Saint não me abandonaria.
Rad está do outro lado do bar, de costas para nós, enquanto
assiste ao jogo.
Sabendo que estou grávida, é como se eu instantaneamente
sentisse o bebê dentro de mim, há um peso. Eu me pergunto até
que ponto estou. É menino ou menina? Saint vai querer mantê-
lo? Ele perdeu a filha e isso definiu sua vida inteira. Como ele se
sentirá por eu estar grávida? Isso pode mudar tudo entre nós.
Rad se vira de repente, e seus olhos penetram nos meus.
Eles são assustadoramente familiares. Minhas sobrancelhas
franzem e meu coração pula uma batida olhando para elas.
— O que? — ele corta com grosseria.
Balançando a cabeça, abro a boca para dizer algo, mas penso
melhor. Eu continuo olhando para os olhos dele até que eles me
arrastem de volta para o dia do acidente.
— Ei, alguém está atrás de nós! — Eu disse ao Big Chief, mas o
cano de descarga é tão alto que sei que ele não pode me ouvir. — Ei!
Ele fica tenso contra mim, mas não responde.

Virando de volta, olho de soslaio tentando ver através dos


vidros quebrados, mas a van de repente acelera, a fumaça do
escapamento embaixo deles logo antes de pregar a parte traseira da
nossa moto com seu para-choque, enviando Big Chief e eu
derrapamos.

Volto do flashback, os olhos de Rad parecem tão familiares


porque ele estava dirigindo a porra da van que nos atingiu! Dando
um passo para trás, minha boca aberta, o rosto de Rad empalidece
como se ele soubesse que eu sei que era ele. Rapidamente ele anda
pelo bar e olha para mim.
— Piper? — Um aviso ataca sua voz.
— Foi você — minha voz aumenta, chamando a atenção de
todos.
Rad olha para a sala, antes de voltar para mim.
— Era ele, ele bateu em Chief e eu! — Meus olhos se enchem
de lágrimas quando me lembro dos olhos vilões através do para-
brisa segundos antes de Big Chief e eu cairmos.
Lip pergunta.
— Do que diabos ela está falando, Rad.
Rad balança a cabeça como se estivesse entediado.
— Bem, porra. Eu realmente queria que isso fosse diferente —
Ele grita antes de me agarrar e virar as costas para o seu peito. Eu
grito, meus joelhos tremendo de medo.
— Piper! — Minha mãe chora quando Rad coloca uma arma na
minha cabeça. Eu endureci, meu sangue gelou para que eu
morresse neste segundo
— Calma, irmão, —Zane tenta falar com Rad, mas ele apenas
empurra o cano da arma mais forte na minha cabeça. Eu
estremeço.
Minha mãe de repente tira uma 45 de debaixo da mesa de
bilhar, apontando para Rad.
— Deixe-a ir ou juro por Deus!
Rad aponta a arma para ela e puxa o gatilho. Meus ouvidos
zumbem do tiro e minha mãe voa para o chão.
— Mamãe! — Eu tento correr para ela, mas Rad me puxa para
mais perto, não me deixando ajudá-la. Lip dá um passo à frente
para ir até ela, mas Rad aponta a arma para ele, fazendo-o parar.
— Este não é você, vamos falar sobre isso. — Saint se levanta
lentamente, a preocupação em seus olhos.
— E você me conhece? É isso que você acha? — Rad ri e choro
mais. Ele parece louco, nunca o ouvi soar assim antes.
— Verificando a realidade, filhos da puta. Estou neste clube há
quanto tempo, sou seu melhor amigo há anos, Zane, e nenhum de
vocês sabia que eu era filho de Locks! — Rad grita. Meus olhos
lentamente se erguem para a foto pendurada na parede de Locks,
os olhos do diabo que pareciam tão familiares.
Eles eram os próprios olhos do nosso inimigo.
— Locks não teve filhos — informa Shadow.
— Nenhum que vocês todos soubessem. — Rad zomba.
— O que você quer? —Zane pergunta com um tom suave,
como se estivesse falando com uma pessoa doente.
— Estou aqui para cobrar o que era do meu pai! — Rad
começa lentamente a caminhar em direção às portas do clube,
passando por cima de minha mãe sangrando e comigo refém. Ele
chuta violentamente Addie, que está ao lado da minha mãe,
fazendo-a cair nos bancos do bar. Zane ruge, mas é interrompido
quando Rad dispara sua arma contra ele, uma bala atingindo seu
peito.
Arrastada para fora, o braço de Rad firmemente em volta da
minha clavícula enquanto ele se dirige à caminhonete Big Chief.
— Vamos dar uma volta, Red.

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