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CAPÍTULO V. MEDIDAS DE DISPERSÃO OU VARIABILIDADE

As medidas de dispersão auxiliam as medidas de tendência central (média ou


mediana) a descrever o conjunto de dados adequadamente.
A média tem a faculdade de representar uma série de valores mas não pode, por si
mesma, destacar o grau de homogeneidade ou heterogeneidade entre os valores de
um conjunto.
As medidas de dispersão abordadas neste material são são: a amplitude total; a
amplitude interquartílica o desvio médio, o desvio padrão e o coeficiente de
variação.

4.1. Amplitude Total

Uma primeira abordagem sobre a medição da variabilidade dos dados consiste em


comparar o máximo e o mínimo de uma variável, ou seja, medir a amplitude total,
cujo cálculo efectuámos no capítulo de distribuições de frequências.

AT = Xmax - Xmin

Este procedimento, afigura-se frequentemente sensível aos valores aberrantes da


variável, desprezando o facto de que uma parte considerável das observações pode
estar concentrada num intervalo muito mais estreito.

4.2. Amplitude interquartílica

Uma maneira de ultrapassar o inconveniente referido na amplitude total, consiste em


considerar um intervalo mais estreito, cujo limite inferior acumula 25% das
observações e cujo limite superior acumula 75% das observações, ou seja, considerar a
amplitude inter-quartil
Define-se por amplitude inter-quartil, o valor q que satisfaz a condição:

Aiq = Q3 – Q1

Tanto a amplitude total como a interquartílica, embora forneçam uma ideia sobre a
dispersão pecam por não tomarem em consideração as flutuações de densidade das
observações no interior do domínio da variável.

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Por: Firmino Alberto Guiliche
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4.3. Desvio médio

Face ao inconveniente das medidas anteriores, foram avançadas algumas propostas


que utilizam a média como valor de referência e calculam-se os “desvios” em relação
a esse valor, a partir dos quais se calcula o desvio médio.
Uma primeira ideia é considerar a média dos desvios, cujo valor é igual a zero por
comportar desvios negativos e desvios positivos, como se referiu nas propriedades da
média.
Para ultrapassar o inconveniente da neutralização dos desvios com sinais opostos,
consideremos os desvios em valor absoluto (ou em módulo) e assim obtemos uma
medida que chamamos de desvio-médio, cujo cálculo se faz pela fórmula:

para dados simples

 | Xi - X |
Dm =
n
para dados agrupados

 | Xi - X | fi
Dm =
fi

O desvio médio expressa o afastamento médio entre cada uma das variantes da
variável e a média.

4.4. Variância

Uma outra forma de evitarmos a neutralização dos desvios, é elevar os desvios ao


quadrado. Este procedimento leva-nos ao cálculo da Variância, que peca em
agravar os grandes desvios e desprezar os pequenos.

para dados simples

2 (Xi - X) 2
S =
n

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para dados agrupados

2 (Xi - X) 2 fi
S =
fi

Define-se, Variância de uma variável, como a média dos afastamentos quadráticos,


entre cada uma das variantes da variável e a média.

4.5. Desvio padrão

A aplicação da variância para caracterizar a dispersão conduz a que as unidades de


medida estejam elevadas ao quadrado. Para obter a medida na unidade de medida
original façamos a raiz quadrada da variância. A medida que resulta dessa operação
chama-se desvio-padrão.

S = S2

4.6. Coeficiente de variação

O coeficiente de variação é uma medida de dispersão relativa definida como a razão


entre o desvio padrão e a média.

S
CV = x100
X
O coeficiente de variação deixa de ser útil quando a média está próxima de zero.
Quanto maior for o seu valor, menos representativa será a média e optamos para
estes casos pela mediana ou moda.

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Exemplo de cálculo das medidas de dispersão para dados não agrupados:

X = (40, 45, 48, 62, 70), =53

Desvio médio

 | Xi - X | | 40 - 53 |  45 - 53 |  | 48 - 53 |  | 62 - 53 |  | 70 - 53 |
Dm =   10,4
n 5

Variância

(Xi - X) 2 (40 - 53) 2  (45 - 53) 2  (48 - 53) 2  (62 - 53) 2  (70 - 53) 2
2
S =   125,6
n 5

Desvio Padrão

S= S2 = 125,6 = 11,2

Coeficiente de Variação
S 11,2
CV = x100 = x100  21.1
X 53

Exemplo de cálculo das medidas de dispersão para dados agrupados:


Volume de vendas de pão de 10 Estabelecimentos, Mil Meticais

X fi Xi Xifi |Xi- X | |Xi- X |fi (Xi- X )2fi

4-6 2 5 10 4,7 9,4 44,2

6-8 3 7 21 2,7 8,1 21,9

8 - 10 5 9 45 0,7 3,5 2,5

10 - 12 6 11 66 1,3 7,8 10,1

12 - 14 4 13 52 3,3 13,2 43,6

Total 20 194 42,0 122,3

Média

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n
 xi fi 194
X= i 1
n
  9,7
 fi 20
i =1

Desvio médio

 | Xi - X | fi 42
Dm =   2,1
fi 20

Variância

(Xi - X) 2 fi 122,3
2
S =   6,12
fi 20
Desvio padrão

S = S 2  6,12  2,47
Coeficiente de variação

2,47
C.V. = .100  25,46
9,7

Os resultados apontam para um erro médio de cerca de 2,5 MT, cuja aceitação
depende do investigador.

Ao aceitar ou rejeitar qualquer das medidas de variabilidade estudadas, é


importante que tenhamos uma visão bem clara do que elas significam.

Exercícios:

1. Com base nos exercícios do Capítulo 2 e 3 calcule as medidas de variabilidade


estudadas.

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