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Negociação Ao Alcance de Todos - Livro Da Prof. Xausa
Negociação Ao Alcance de Todos - Livro Da Prof. Xausa
Um guia prático
EDITORA UNISINOS
2013
APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS
SOBRE A AUTORA
CAPÍTULO 1
NEGOCIANDO OBJETIVAMENTE
Quando vamos negociar, logo pensamos em como melhor poderemos atacar e nos
defender. Vamos armados.
a. Pessoas
O primeiro ponto corresponde ao fato de que há pessoas envolvidas na
negociação e não posições (ou seja: certo x errado; bom x ruim etc.). Os
participantes devem trabalhar lado a lado, atacando o problema e não uns aos
outros, como ocorre na barganha de posições.
b. Interesses
O segundo ponto destina-se a superar a concentração nas posições, pois
devemos focar nos interesses da negociação, já que o objetivo desta é
satisfazer os interesses de ambas as partes, e não vencer a outra parte ou
provar que se está certo.
c. Opções
Neste item, o foco é a dificuldade de conceber soluções ideais sob pressão.
Por isso, antes de se chegar a um acordo é sempre bom criar uma variedade de
soluções possíveis que conciliem os interesses divergentes, mesmo que com a
pressão a criatividade seja inibida.
d. Critérios
No quarto item, o objetivo é que o acordo deva refletir algum padrão justo,
independente da vontade pura e simples de qualquer uma das partes.
Ao discutir esses critérios, antes das possíveis alternativas ou soluções,
nenhum dos lados precisa ceder ao outro; ambos podem acatar uma solução
justa.
Com esta visão, Fischer, Ury e Patton (2005) mudaram o foco da literatura e da
técnica de negociação, abandonado a abordagem de ataque/defesa para inserirem a de
solução de problemas, na qual a objetividade e a lógica conduzem o processo,
construindo acordos importantes e livres de jogos e de truques, através de uma
postura correta e de uma análise criteriosa dos problemas, dos interesses e das
possibilidades de solução.
Neste método, as negociações são consideradas desejáveis não mais quando
alguém sai declarado como vencedor, mas quando as partes envolvidas conseguem
atingir três importantes objetivos:
De que adianta estarmos com a razão, se não conseguimos atingir o que buscamos?
NA NEGOCIAÇÃO,
O MUNDO NÃO É DAQUELES QUE TÊM A RAZÃO,
MAS DAQUELES QUE MELHOR SABEM
CONSTRUIR A RAZÃO EM CONJUNTO.
M as, se mesmo assim você quiser insistir em provar que está certo, lembre-se
que não é no contexto da negociação que a gente deve provar que está certo, é na
justiça! Procure um bom advogado e inicie uma grande briga judicial! Não se esqueça,
porém, de que mesmo os bons advogados, muitas vezes, nos alertam através de outro
conhecido e antigo dito popular, a saber:
Há muitas situações em que é melhor um mau acordo do que uma grande briga.
Baseados nestes pressupostos, são ainda Fischer, Ury e Patton (2005) que nos
mostram, através de uma comparação bem didática, a diferença existente entre as
posturas de ser “bonzinho” ou de ser “durão” (adotadas na Negociação por Posições)
como a atitude “objetiva”1 (adotada na Negociação Baseada em Princípios), através da
análise de diferentes indicadores, tais como a visão dos participantes, a meta, as
concessões, as ofertas, as perdas, o acordo, as disputas de vontade e as pressões. Tal
comparação é evidenciada nas descrições abaixo e posteriormente explicitada no
Quadro 3, no qual ficam evidentes as vantagens da Negociação por Princípios no que
diz respeito à satisfação mútua, ao melhor alcance dos resultados, às possibilidades de
realização de outros acordos e à objetividade do processo em si.
a. Negociação por Posições:
Negociador “bonzinho”/afável: vê os participantes como amigos.
A meta é o acordo. Faz concessões para cultivar o relacionamento.
É “bonzinho” e afável com as pessoas e com o problema. Confia
nos outros. Faz ofertas. Aceita perdas unilaterais para chegar a
um acordo. Busca apenas uma resposta: a que eles aceitarão.
Insiste no acordo. Tenta evitar disputas de vontades. Cede às
pressões.
Negociador “durão”/áspero: vê os participantes como adversários.
A meta é a vitória. Exige concessões como condição de
relacionamento. É áspero com o problema e com as pessoas.
Desconfia dos outros. Aferra-se à sua posição. Faz ameaças. Exige
vantagens unilaterais como preço do acordo. Busca apenas uma
resposta: a que ele (o durão) aceitará. Insiste em sua posição.
Tenta vencer as disputas de vontades. Exerce pressão.
b. Negociação por Princípios:
Negociador objetivo: vê os participantes como solucionadores de
problemas. A meta é um resultado sensato, atingido de maneira
eficiente e amigável. Separa as pessoas dos problemas. É afável
com as pessoas e áspero com os problemas. Procede
independentemente da confiança nos outros. Concentra-se nos
interesses, não nas posições. Explora os interesses. Inventa
opções de benefícios mútuos. Desenvolve opções múltiplas
dentre as quais escolher e decide depois. Insiste em critérios
objetivos. Tenta chegar a um resultado baseado em padrões
independentes da vontade. Raciocina e permanece aberto à razão.
Cede aos princípios e não às pressões.
Um dos grandes – e talvez o maior – desafios para quem quer se tornar um bom
negociador, por mais estranho que possa parecer, não reside na negociação com os
outros, mas em negociar primeiramente consigo mesmo. E, neste contexto, talvez o
maior aprendizado seja o de aceitar, mesmo podendo, não vencer os outros, mas
vencer com os outros!
[…] Portanto, quando cercar o inimigo, deixe sempre uma saída livre. Não pressione
desesperadamente um adversário desesperado. Mostre-lhe que existe uma outra via de escape
[…]. (2010, p. 45-46)
Exercício
O Desafio da Queda de Braço:
Quantos pontos você é capaz de fazer?
Enunciado
Após ter consolidado os conteúdos de negociação, apresentamos a você um
grande desafio:
FAZER O M AIOR NÚM ERO DE PONTOS QUE CONSEGUIR, NO
TEM PO DE 1 M INUTO
Preste bem atenção às regras
Convide para o exercício uma pessoa com tamanho e força compatíveis com
os seus. Dirijam-se a uma mesa e, após terem clareza das regras, iniciem o exercício.
A mesa deverá estar limpa (sem objetos) e cada um dos dois participantes
ficará de frente para o outro e utilizará um dos braços para fazer o exercício,
apoiando o cotovelo sobre a mesa e colocando o antebraço na posição vertical, de
forma a entrelaçar a sua mão à mão de seu convidado.
Tempo
Após estarem posicionados, convidem uma terceira pessoa para controlar o
tempo, ou cronometrem vocês mesmos com o auxílio de um relógio, delimitando o
prazo de 1 minuto (60 segundos) para o exercício.
Objetivo
O objetivo é você fazer o maior número de pontos no prazo estipulado.
Contagem de pontos
Cada vez que o braço de seu convidado ficar totalmente na posição horizontal
na mesa (encostando o punho e a mão dele na mesa) você ganhará um ponto. Cada
vez que o seu braço (encostando o punho e a mão na mesa) estiver na posição
horizontal, ponto para o seu convidado
Questões para avaliar
1. Quantos pontos você fez?
2. Quantos pontos fez seu interlocutor?
3. O que fez você conseguir fazer pontos?
4. O que dificultou?
5. Qual o número máximo de pontos que seria possível de você fazer
no prazo de 1 minuto neste exercício?
6. O que seria necessário para você conseguir fazer todos estes
pontos?
7. O que este exercício tem a ver com a Negociação por Princípios X
por Posições?
Reflexões
a. Você vem querendo vencer ou compor com as pessoas com as quais negocia?
b. Sua postura tem sido de adversário ou solucionador de problemas?
c. Quando pode, você faz valer o seu poder/força ou hierarquia como forma de
pressão?
d. Você utiliza prioritariamente a força ou a inteligência?
e. O quanto para você é importante que os outros reconheçam que você está
certo?
f. O quanto você foca a negociação no resultado a obter?
g. O quanto você consegue separar as pessoas dos problemas?
h. Quando é possível vencer o outro, você cogita compor com os demais ou não
se preocupa com isso?
i. Ao negociar, o seu foco é fazer com que o outro aceite a solução proposta
por você, ou há a preocupação em levantar várias opções em conjunto para
decidir depois?
j. Quando negocia, há a preocupação em definir critérios objetivos
primeiramente, para depois decidir?
Propostas de Aperfeiçoamento
Com base nos conteúdos deste capítulo, indique três ações importantes a
fazer a fim de que você se torne um melhor negociador:
1a. ____________________
2a____________________
3a____________________
CONCEITOS
Negociadores não são adversários, mas solucionadores de problemas!
Negociação não é um ato força, mas de inteligência.
Não há uma batalha de A contra B, mas de A + B contra um problema.
Não interessa quem está certo, mas o que poderá ser feito em benefício
de ambas as partes.
Negociação é a arte de construir o possível.
Negociação é uma situação que envolve duas partes na resolução de
problemas e cujo desfecho passa pelo acordo entre elas.
M ÉTODO
Pessoas: separar pessoas do problema.
Interesses: concentrar-se nos interesses.
Opções: criar variedade de possibilidades antes de decidir.
Critérios: insistir em padrões objetivos.
OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO
Acordo sensato.
Ser eficiente e eficaz.
Aprimorar, ou não interferir nem prejudicar, a relação.
Fonte: Xausa (2010, p. 74) (material virtual), elaborado com base em Fischer, Ury; Patton (2005).
A pessoa do orador é o centro das atenções. No final da argumentação, a outra parte sai com a
sensação de que atingiu (parcialmente ou
No final da oratória, o resultado é admiração do totalmente) um resultado almejado e muda o seu
público para com o orador. curso de ação por desejar agir de outra forma.
Fonte: Xausa (2010, p. 10).
Argumentos racionais:
explicação: você mostrar como algo ocorre;
justificativa: mostrar o motivo (o porquê) de algo;
precedente: basear-se em jurisprudência, precedentes, situações
semelhantes anteriormente ocorridas, conferindo legitimidade à
proposta e segurança ao interlocutor;
critérios legais/objetivos: fundamentar-se na legislação, em regras, em
normas, em manuais ou em qualquer tipo de regulamentação e/ou
referência objetiva sobre o assunto, tais como preço de mercado,
padrões de concorrência;
atributo: descrever os atributos e características de algo;
dados técnicos: apresentar as especificações e justificativas técnicas
que legitimem a proposta;
lógica: partir de premissas para levar o outro a uma conclusão, ou
construir junto com o outro esta conclusão. Trata-se provavelmente
do argumento racional mais eficaz, e a conclusão é percebida como
tendo sido alcançada por nosso interlocutor (e não é sentida como
proposta por nós).
Argumentos emocionais:
benefícios a obter: mostrar o que a outra parte tem a ganhar com o que
você propõe;
perdas a evitar: mostrar o que o outro poderá deixar de perder;
elogio: valorizar e exaltar as qualidades e/ou feitos da outra parte;
contato: muitas vezes, não é o conteúdo em si, mas a atenção que
você dá ao outro, a quantidade de visitas etc., que fazem a real
diferença;
proteção das aparências: mesmo que o outro esteja em posição
desfavorável, é fundamental proteger a sua reputação e, se você assim
o fizer, o outro poderá lhe ser extremamente grato;
histórico favorável: lembre-se de que bons acordos conduzem a uma
expectativa de bons acordos, ou seja, busque sempre começar pelos
assuntos mais fáceis, pois, após o outro destinar longo tempo em uma
negociação com bons resultados parciais, os impasses tenderão a se
reduzir e a probabilidade de firmar novos acordos será aumentada;
prestígio: associar a proposta a alguém com reconhecido destaque e
valorização no ambiente, conferindo prestígio e status ao que está
sendo ofertado.
Novamente, são Fischer, Ury e Patton (2005) que nos socorrem, lembrando que
podemos (e até devemos) iniciar uma negociação bem preparados, já trazendo um bom
leque de diferentes argumentos previamente elaborados, porém os autores são radicais
em nos mostrar que é inadequado (e um dos principais equívocos dos negociadores
inexperientes) despejarmos uma “avalanche” de argumentos no nosso interlocutor, o
que só desgastará (a nós e à outra parte), além de confundir e dispersar o outro.
Por tudo isso, lembram-nos os autores de que:
O outro nos mostrará como nos dirá o sim, nos indicará o caminho, basta estarmos
atentos aos seus sinais.
E neste ponto reside outro dos principais erros de muitos negociadores: esquecer
do outro e presumir que os argumentos que convencem a nós mesmos irão
automaticamente convencê-lo.
E o pior é que, com frequência, chegamos a repetir um mesmo argumento várias
vezes, como se a insistência na nossa visão fosse mudar a posição de nosso
interlocutor. E o que pode ocorrer é que, ao contrário do esperado, de fazermos tantas
vezes reiteradamente o mesmo discurso, corremos o risco de até acabarmos cansando a
outra parte, podendo desgastar a relação e até prejudicar ainda mais o alcance dos
resultados!
M uitas vezes, ficamos tão envolvidos com a nossa visão sobre o assunto que
sequer percebemos qual é realidade de nosso interlocutor. E, quando este não aceita o
que estamos propondo, dizemos em alto e bom tom, que ele não entendeu o que
dissemos e que ele tem de concordar conosco.
M esmo sendo pessoas inteligentes e experientes, podemos chegar a agir como se
fôssemos cegos e surdos, não atentando para o fato de que somente quando
entendermos o outro na sua essência é que passaremos a saber o que o move, para
recolocarmos os nossos argumentos ajustando-os às suas necessidades e motivações.
De nada adianta repetirmos algo e insistirmos no mesmo ponto como se nosso
interlocutor tivesse problemas de entendimento e/ou de audição. Não é inteligente
insistir no que não deu certo!
COLONO:
Padre, eu posso fumar enquanto estou rezando?
Zeloso de suas obrigações, porém indignado e decepcionado, o padre
vociferou do alto de sua autoridade eclesiástica:
PADRE:
M eu filho, que vergonha… Você não deveria jamais utilizar o nome
de Deus em vão! Volte para o seu lugar e resigne-se, reze uma
penitência para se arrepender… E jamais ouse novamente pensar
nesta heresia!
Constrangido e envergonhado, o colono saiu da igreja e, ao encontrar seu
compadre, comentou com ele o ocorrido, jamais imaginando que uma coisa tão
simples pudesse ser tão grave…
Ao escutar com atenção, o compadre o desafiou:
COM PADRE:
Você quer apostar comigo que eu vou à Igreja, pergunto a mesma
coisa para o padre, e ele irá concordar comigo?
Ainda sob o impacto e a vergonha, o colono tentou, sem sucesso, demover o seu
compadre, e, após tentativas frustradas, acabou por concordar com a aposta.
E o compadre foi à igreja e, de forma humilde e obediente, dirigiu-se ao reverendo e
lhe fez a pergunta conforme o combinado.
Qual não foi a surpresa do colono quando viu seu compadre sendo elogiado pelo
mesmo reverendo que o havia repreendido minutos atrás, e, mais ainda, quando
escutou o reverendo dirigir as seguintes palavras ao seu compadre:
PADRE:
M eu filho, que fé! Que desprendimento! Você é um exemplo a
todos! Não precisaria nem ter me perguntado… E sempre que
desejar fazer o que me pede, o faça sem temor nem
constrangimento!
Diante de uma objeção, cabe sempre a pergunta: até que ponto um não recebido
será sempre um não?
Pois bons negociadores não se assustam ao receberem um não, já que sabem que
o não é primeiro passo para construir o caminho do sim!
NÃO!
Lembre sempre que a negociação não tem um movimento linear, mas funciona
como se fosse um funil elíptico, no qual, através de várias ações de ir ao encontro do
outro, você termina gradativamente se aproximando cada vez mais dele, transformando
seus nãos em sims, e utilizando as palavras dele como apoio para a sua contra-
argumentação.
POR QUÊ?
Superando objeções:
O casamento da filha do Bill Gates
CONCEITOS:
Argumentação é a arte de obter uma ação da outra parte.
Argumentar com pessoas diferentes requer que utilizemos tipos e
formas de diferentes de argumentos.
Os argumentos que convencem a nós mesmos não necessariamente
convencem aos outros.
Devemos utilizar somente um argumento: aquele que convencerá o
outro!
O outro nos mostrará como nos dirá o sim, basta estarmos atentos aos
seus sinais.
SUPERANDO OBJEÇÕES
Não tenha medo de receber um não! você já o tem.
Negociação é o processo de transformar o não em sim.
Pergunte por quê?
Coloque-se na ótica do outro:
Benefícios a obter;
Perdas a evitar.
Personalize a argumentação com palavras do outro.
Encare impasses como desafios e não como problemas.
Use a técnica da negociação ao pé do ouvido
Adote a regra dos 3 Rs:
Reconhecer,
Repetir
Reverter
PREPARANDO A NEGOCIAÇÃO
1. imprescindíveis;
2. desejáveis;
3. dispensáveis.
Aspectos principais
1. Tema “A”:………….
2. Tema “B”:………….
Aspectos secundários
1. Tema “C”:………….
2. Tema “D”:………….
3.7 Estabelecer a proposta inicial e sua justificativa
Há uma diferença entre o que você quer realmente – a meta – e como você vai
fazer para alcançá-la. Esta diferença é fundamental para o desenvolvimento da
negociação, já que o processo de interação consiste, em grande parte, no movimento de
barganha e de concessões, o popular “toma lá, da cá”.
Para tanto, é importante que a proposta inicial não seja necessariamente igual à
meta, a fim de que exista uma margem de concessões que lhe permita abrir mão de algo
e que, assim mesmo, a negociação se torne satisfatória. Ela não deve, por outro lado,
ser muito distante da meta, para que você tenha como sustentá-la.
É imprescindível que, para cada proposta ou concessão que você fizer, exista
uma justificativa consistente para solicitá-la e um motivo razoável para abrir mão de
parte do solicitado, com vistas a assegurar a sua seriedade e credibilidade junto aos
seus interlocutores
1. Concessão “A”…………..
2. Concessão “B”…………..
3. Concessão “N”…………..
1. Concessão “A”…………..
Contrapartida:…………..
2. Concessão “B”………….
Contrapartida:……………
3. Concessão “N”…………
Contrapartida:…………….
Informações a apresentar:
1. Informação “A”……………..
Evidências a apresentar:…
2. Informação “B”………………
Evidências a apresentar:…
Informações a obter:
1. Informação “X”………..
Fontes de pesquisa:……
2. Informação “Y”………..
Fontes de pesquisa:……
Prováveis objeções
1. Proposta “A”………..
Objeção 1:…………..
Objeção 2:…………..
Objeção “N:…………
2. Proposta “B”………..
Objeção 1:…………..
Objeção 2:…………..
Objeção “N”:…………
a. Curso de ação:
Indica o curso de ação de nossa preferência, caso não haja um consenso e
a negociação não se concretize a bom termo.
b. Visão de impacto e consequências:
Indica a consciência de se saber o que vai acontecer se não conseguirmos
chegar a um acordo na negociação em pauta, em termos de impacto e de
consequências nos nossos objetivos/resultados.
c. Probabilidades de acordo favorável:
“Plano B” forte: possibilita a que condições mais favoráveis
sejam negociadas, sabendo-se que há algo melhor “fora” da
negociação, caso não seja possível chegar a um consenso.
“Plano B” fraco ou inexistente: deixa o negociador em uma
posição desfavorável, tendo pouca chance de movimentação e
ficando praticamente “dependente” das condições
apresentadas pela outra parte.
ETAPAS DA NEGOCIAÇÃO
I. Planejamento
II. Abertura
III. Sondagem
IV. Argumentação
V. Superação de Objeções
VI. Acordos Parciais
VII. Fechamento
VIII. Honrar
IX. Avaliação
Fonte: Fonte: elaborado pela autora com base em Junqueira, 2002, Fischer et alii, 2005, e Carvalho,
1996.
Estas etapas são dinâmicas, cada uma exercendo impacto e influenciando
substancialmente a seguinte, como podemos ver na figura abaixo, que demonstra a
interação das sete etapas impactantes na reunião.
4.1 Preparação
É importante considerar todos os aspectos listados no início deste capítulo, item
3.1, com ênfase em:
Objeto
Zona de negociação: M eta × M argem × M ínimo
Pontos fortes e fracos
Propostas × Prioridades
Informações
Argumentos × Objeções × Contra-argumentos
Concessões
Plano B
4.2 Abertura
“Você nunca terá uma segunda chance
de causar uma primeira boa impressão.”
Dito popular
Quadro 19 – Abertura
Cordialidade.
Definir o tom/postura propositiva.
Focar no objetivo.
Gerar predisposição ao acordo.
Objetivar a dinâmica da reunião.
Não antecipar propostas.
Evitar pontos de conflito.
Fonte: elaborado pela autora, com base em Junqueira (2002),
Fischer et alii (2005), Carvalho (1996), Lourenço (2006), e Sanches (2010).
4.2.1 Cordialidade
O início de uma reunião é sempre delicado, uma vez que é o momento de contato
em que os participantes se defrontam para debater divergências e conflitos.
Quanto mais impactante for o conflito, mais importante deve ser a abertura no
sentido de criar um clima receptivo ao acordo, reduzindo tensões e “quebrando o
gelo”.
Civilidade, cordialidade e educação não são sinônimos de subserviência, mas de
sensibilidade e inteligência. Pode-se ter uma visão firme em relação ao problema e nem
por isso ser áspero ou grosseiro com as pessoas.
Até diante de conflitos extremamente graves e que nos geram grandes apreensões
e sofrimentos, como no caso de negociações referentes a guerras, sequestros ou crimes,
há de se ser cordial com os interlocutores, separando as pessoas dos problemas e
focando nossa atenção na solução; afinal, foi em busca de um acordo que você marcou
a reunião e não de uma briga!!
E, nesta mesma linha de ação, por mais que você até não goste ou não confie em
seu interlocutor, de nada adiantará destratá-lo.
Divergir não significa atacar o outro, nem lhe dá o direito de não o tratar com
educação, até porque, se isso ocorresse, não seria útil e favorável ao processo, pois só
acirraria e aumentaria o conflito que você quer resolver.
Uma coisa é não ter afinidade; a outra é não respeitar o outro. Retomando os
ensinamentos de Fischer et alii (2005), sejamos “duros com os problemas e afáveis
com as pessoas”.
Divergências por natureza já despertam tensão e fazem com que as pessoas se
dirijam à reunião com nervosismo e apreensão. M uitos creem que negociação é como
se fosse uma batalha, vindo prontos para atacar e para se defender. Logo, se você
ainda reforçar esta tensão, estará dando “munição” ao outro para o ataque, realmente
instituindo a batalha e atrapalhando o caminho da solução de problemas. Ao contrário,
se iniciar o encontro com acolhimento e educação, em vez de aumentar esta tensão,
poderá reduzi-la, desarmando a outra parte e criando o clima favorável ao acordo.
M esmo que o outro inicie o encontro com algum ataque, não se assuste e nem
responda a agressões com agressões. Entenda que ele está tenso e que é sua
responsabilidade propiciar um clima adequado para um desfecho que você tanto
precisa. Desarme-o deixando claro que vocês estão ali para um acordo e que poderão
construí-lo de forma respeitosa, não sendo necessário atacar ou se defender.
Especialmente se você ainda não conhecer pessoalmente seu interlocutor, tenha a
sua atenção redobrada, já que esse primeiro encontro poderá interferir em todos os
contatos posteriores, positiva ou negativamente. Lembre-se do dito popular: “Você
nunca terá uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão”.
Assim, antes de iniciar a reunião, principalmente se esta ocorrer no seu ambiente
de trabalho (que é um território estranho ao seu interlocutor), procure colocá-lo à
vontade, descontraindo o ambiente através de assuntos amenos, como, por exemplo,
pontos de convergência e interesses comuns. As pessoas tendem a se defender menos
quando encontram tópicos de afinidade que as façam sentir familiares, os quais atuam
como redutores de barreiras de relacionamento. Dessa forma, se, por acaso, você já
souber algum elo – como pessoas conhecidas em comum, torcerem pelo mesmo time,
serem formados na mesma faculdade etc. –, poderá ressaltá-lo se o momento for
favorável e se você se sentir à vontade.
Nesse momento, o ambiente da reunião também conta, como móveis
acolhedores, ausência de pessoas que possam tumultuar a relação, oferta de cafezinho,
água, biscoitos etc., pois esses elementos contribuirão para seu interlocutor formar
uma imagem interna do contexto de acolhimento ou de afastamento em que está se
inserindo. Tão importante quanto o que você disser será como e onde fazê-lo, já que
serão a sua atitude aberta e receptiva e a sua forma de receber (mais ou menos tensa,
formal ou informal), que definirão o clima de acolhimento ou de afastamento.
Todos esses aspectos sobre o que dizer e não dizer, o que fazer e não fazer, são
somente dicas, mas que não podem se sobrepor à sua naturalidade e espontaneidade. É
muito mais importante você se sentir à vontade no que faz do que agir como um robô
cumpridor de regras de forma rígida.
Da mesma forma, nada que seja dito ou feito para aproximar o outro deve ser
realizado se não for sincero, pois será negativo tanto para você quanto para o outro.
É melhor deixar de falar algo do que falar sem sentir. Há um antigo ditado que diz
que “falsidade fede”. Ninguém gosta de ser recebido com flores e elogios e perceber
que são falsos; o “tiro sai pela culatra”, pois o outro se sentirá muito mal, como se
você estivesse tentando envolvê-lo, o que, em vez de diminuir, acirrará mais ainda o
clima de tensão e de disputa. Por tudo o que vimos, muito mais do que você pensar no
que quer dizer ou não dizer, pergunte-se sobre qual é o seu objetivo nesta abertura, ou
seja:
Não dá para supor que o seu interlocutor sabe, sente, pensa ou considera algo se
você não enfatizou a ele, nem conferiu se ele efetivamente entendeu e processou.
O nivelamento de informações e de percepções é uma condição básica para que
qualquer comunicação seja eficaz.
Para falar ou debater sobre algo, temos de ter certeza, primeiramente, de que
estamos falando sobre o mesmo assunto, bem como de que estamos tratando sob a
mesma ótica e partindo dos mesmos dados e fatos.
Há de se decretar ao que se veio para a eficácia da reunião.
E, ao fazê-lo, devem-se considerar quatro aspectos em especial: a forma, o
conteúdo, o foco e o momento.
a. forma: apresente o objetivo de uma maneira confiante e positiva, com firmeza
e objetividade. Assim você mostrará que se leva a sério e que também
respeita o outro, seu tempo e suas necessidades, incentivando-o a seguir em
busca do acordo.
b. o conteúdo: deixe claro que veio à reunião para buscar um acordo, mas que
não é qualquer acordo, obtido sob pressão ou ameaças. É importante que as
condições mínimas para que um acordo seja considerado como aceitável sejam
afirmadas, que são justiça, razoabilidade e que atendam as necessidades de
todos os envolvidos. Assim, enfatize claramente o propósito:
Acordo justo
Atender necessidades de ambas as partes
Obtido de maneira respeitosa
M uito pior do que antecipar propostas é tocar, desde o início, nos pontos de
conflito entre as partes.
M uitos o fazem com a desculpa de não perderem tempo; a história nos mostra,
porém, que é justamente assim que perdem tempo!
Ora, se vimos anteriormente que é necessário conhecer o outro e entender suas
motivações para fazer propostas, muito mais importante o é no caso da resolução de
conflitos entre as partes.
Também já abordamos no segundo capítulo, ao tratarmos da Técnica de
Argumentação – Superação de Objeções, que um histórico de bons acordos aumenta a
probabilidade de novos bons acordos; e que, ao contrário, abordar tópicos conflitantes
de saída gera afastamento.
Por tudo isso, não somente é arriscado, como desaconselhável, abordar tópicos
conflitantes logo na etapa de abertura, a menos que se deseje pôr tudo a perder!
Novamente, há de se controlar a ansiedade e aprender, pois, como se diz
popularmente, “é devagar que se anda ligeiro”!
4.3 Sondagem/Exploração
“Temos dois olhos, dois ouvidos e uma boca,
para falar mais, ouvir mais e falar menos.”
“Falar é prata; calar é ouro.”
“Cautela nunca é demais.”
Ditos populares
Figura 11 – Sondagem.
Fonte: Xausa (2011, p. 14).
Não é engano não, é falar quatro vezes menos mesmo, pois não custa repetir o
que já afirmamos nos diferentes capítulos deste livro, de que o bom negociador não é o
que muito fala, mas o que fala o adequado no momento certo!
A base da sondagem é deixar o outro falar e lançar iscas para que ele cada vez fale
mais, o que significa, antes de mais nada, fazer perguntas abertas e ouvir
adequadamente.
Eis, portanto, algumas dicas importantes para falar, perguntar, escutar e observar
o outro:
a. Para falar:
Fale o mínimo possível, somente para estimular o outro.
Não tome posição sobre qualquer assunto. O momento é de você
“mapear o terreno em que pisa” e não de já sair pisando sem saber
o que lhe espera.
Em termos de fala, não é o seu momento, mas o do outro!
Faça o checklist abaixo antes de falar qualquer coisa:
É realmente necessário falar?
Vai agregar valor à negociação?
Vai contribuir para o objetivo?
Vai gerar um clima positivo?
Vai atrapalhar o discurso de meu interlocutor?
b. Para perguntar:
Faça perguntas abertas, ou seja, aquelas que não permitem a resposta como
sim ou não somente, exigindo que o outro venha a discursar sobre algo.
Use expressões que conduzam o outro a falar, como:
“Fale mais sobre…”
“Como está…?”
“Descreva…”
“Que tal se…?”
“O que lhe parece…?”
“Qual a sua opinião sobre…?”
“Que consequências foram geradas por…?”
“O que aconteceria se…?
“Qual o seu ponto de vista sobre…”
“Detalhe mais um pouco este assunto…”
Use o condicional; pergunte sobre situações reais e hipotéticas.
Abuse de perguntas hipotéticas, pois o “se” abre caminhos.
c. Para escutar:
Deixe o outro falar livremente.
Escute sem interromper.
Escute o outro sem julgá-lo.
Não faça comentários; não concorde nem discorde; permaneça
neutro.
Procure realmente entender o outro sob o ponto de vista dele!
Coloque-se no lugar do outro. Tente sentir o problema dele.
Dê sinais de que está prestando atenção, utilizando, por exemplo,
o olhar, movimentos afirmativos com a cabeça, expressões de
ligação como “Anham…”; “Ok…”; “Sim”.
d. Para observar:
Observe todos os indicadores, pois o outro fala através do silêncio e da
linguagem não verbal. Preste atenção aos seguinte itens: reações, expressões
faciais, gestos, postura, uso do espaço, sinais de tensão, códigos gestuais,
comunicação não verbal com outros membros da equipe deles, reações à
pressão, temas que mobilizam o outro, documentos e materiais disponíveis,
expressões de nervosismo etc.
A fase de sondagem é aquela que permite o aquecimento e a aproximação de
todos os envolvidos na negociação, tendo como finalidades os aspectos abaixo
listados:
Quadro 20 – Sondagem
4.4 Argumentação
“Toda luta, em algum grau,
é uma luta entre diferentes pontos de vista
que iluminam a mesma verdade.”
M ahatma Gandhi
Importa ressaltar que é comum definir o que será feito e quem o fará, por vezes
deixando de delimitar o quando e o como. Cabe lembrar, portanto, uma máxima
sempre repetida nas faculdades de Administração de Empresas, que nos alerta que
“Não existe combinação sem prazo”. Sem definir prazo, as combinações serão meras
declarações de interesses, podendo ou não ser realizadas.
Logo, para ser compromisso, há de se definir criteriosamente um prazo e os
requisitos de aceite, a fim de que possam ser devidamente avaliados e cobrados, bem
como as “penalidades”, caso não venham a ser honrados.
4.7 Fechamento
“A união faz a força.”
Dito popular
4.8 Honrar
“Só acaba quando acabar.”
Dito popular
4.9 Avaliação
“Não adianta chorar sobre o leite derramado.”
Dito popular
ABERTURA
Cordialidade/definir tom
Focar objetivo/predisposição ao acordo
dinâmica da reunião/não antecipar propostas
Evitar conflito
SONDAGEM
Atenção/preparar terreno
Motivações e necessidades
Pontos em comum/testar hipóteses
Validar argumentos/triar propostas
Rechear argumentos/espelho
ARGUMENTAÇÃO
Ótica do outro/solução de problemas/benefícios x perdas
Um tema por vez/evitar competição
Evitar ser prolixo/ritmo
SUPERAÇÃO DE OBJEÇÕES
Motivo do não/“ pé do ouvido”
Regra 3 Rs/palavras do outro.
Ênfase nas concordâncias/trocar negociadores
Controle emocional/pausa/adiar/silêncio
Evidências/dirigir-se ao mais favorável
ACORDOS PARCIAIS
Amarrar um tema por vez
Disciplina/controle da ansiedade
Compartilhar visão: quadro/projeção
Definir 5w2h: o que/quando/quem/como/por que/onde/quanto
FECHAMENTO
Resumo das combinações: obrigações, prazos
Foco nos benefícios ao outro; ações de descumprimento
Formalizar acordo: assinar
Como divulgar?/destacar empenho do outro
Disposição para honrar, negociar novamente
Preservar reputação do outro
Clima cordial/mudar de assunto
HONRAR
monitorar
AVALIAR
Previsto x realizado
Lições aprendidas: melhoramento contínuo
Puderam falar? foram entendidos?
Reputação preservada?
Foi justo? cumprirão o acordo?
Voltariam novamente?
Recomendariam a outros?
Fonte: elaborado pela autora.
CAPÍTULO 5
ESTABELECENDO CONCESSÕES
a. Planejamento
b. Justificativa
c. Pouco impacto interno
d. Gradualidade: funil
e. Ritmo
f. Solicitada
g. Uso do condicional
h. Troca: se x então
Fonte: elaborado pela autora.
PLANEJAM ENTO
1º Concessão “A”…………..
2º Concessão “B” ………….
3º Concessão “N”………….
JUSTIFICATIVA
1º Concessão “A”…………. Justificativa:……………….
2º Concessão “B” ………… Justificativa:………………..
3º Concessão “N”…………. Justificativa:………………..
POUCO IM PACTO INTERNO
Acessórios para nós x importantes para o outro
GRADUALIDADE: FUNIL
Da maior para a menor
Não conceder em demasia
Funil x saco sem fundos
RITM O
Não muito no início
Não muito rápido
Não muito devagar
Não tudo ao final
SER SOLICITADA
Esperar o outro pedir
Não dar além do pedido
Não fazer caridade
USO DO CONDICIONAL
Apresentar hipóteses
Amarrar condições
O que aconteceria se?
Que tal se?
TROCA: SE X ENTÃO
1º concessão “a”…………. contrapartida a:……………….
2º concessão “b” ………… contrapartida b:……………….
3º concessão “n”…………. contrapartida n:……………….
ESTRATÉGIAS E TÁTICAS
Este capítulo tem como objetivo apresentar algumas das estratégias e táticas
mais frequentemente adotadas pelos negociadores, viabilizando a correta
avaliação quanto a propriedade, objetivos, adequação e eficácia de seu uso,
como também o seu reconhecimento e reação, quando adotadas pelos nossos
interlocutores.
6.1 Estratégias
Figura 16 – Estratégias.
Fonte: Xausa (2013, p. 2).
a. Ganha-ganha
b. Ganha-perde
c. Transparência
d. Competição
e. Força
f. Bonzinho
g. Submissão
h. Solucionador de problemas
Fonte: elaborado pela autora.
6.1.1 Ganha-ganha
Postura de colaboração mútua que implica a construção de acordos que sejam
necessariamente bons para todas as partes envolvidas. Trata-se de um conceito muito
utilizado internacionalmente, tendo sido proposto por Reck e Long (1990) e por
Shapiro e Jankowiski (2002).
6.1.2 Ganha-perde
É aquela na qual uma das partes aceita somente um tipo de desfecho: a vitória.
Por se tratar de uma disputa, ela se prepara para a negociação a fim de atacar, fazendo
pressões e exigindo concessões da outra parte. Neste contexto, há grande desgaste de
energia e um inevitável impacto negativo nos relacionamentos, pois até os acordos
potencialmente adequados e que beneficiem todos os envolvidos são evitados, já que a
meta, em vez de ser a solução, é a vitória. É a posição adotada pelo negociador
durão/áspero, descrito no primeiro capítulo deste livro.
6.1.3 Transparência
Trata-se da total abertura de dados, partindo-se do princípio de que a melhor
solução é aquela na qual todas as variáveis, necessidades, motivações e sentimentos
foram explicitados. É a estratégia considerada pelos especialistas como aquela que
conduz ao acordo mais favorável, mas que, por outro lado, também é a que requer
mais condições, e condições muito especiais, para que possa ser adotada,
especialmente no que se refere à confiança entre os envolvidos.
6.1.4 Competição
Implica disputa de vontades e de posições, requerendo um desfecho
caracterizado pela vitória de uma das partes sobre as demais. Os interlocutores se
preparam para a negociação a fim de atacar e se defender, dirigindo a atenção para o
exercício das habilidades de luta e gastando muita energia neste processo.
É uma abordagem que não é inócua, impactando o relacionamento dos
envolvidos, de forma a não somente prejudicar a melhor solução na negociação em
questão (já que a soma não é uma alternativa), como também prejudicar as futuras
negociações.
6.1.5 Força
É a abordagem em que uma das partes tem mais força e poder do que as demais,
utilizando esta condição como forma de pressão para exigir que os outros façam o que
ela deseja.
Como em qualquer relação fundamentada na imposição e no autoritarismo, o
resultado obtido através da pressão, ainda que favorável no momento, gera uma reação
contrária por parte dos pressionados.
É possível comparar esta situação com a metáfora na qual uma pessoa “engole
um caroço indesejado”, de forma a que este caroço, embora não aparente, continue a
exercer efeitos indesejados e a incomodar quem o engolir. A parte subjugada cumpre as
demandas solicitadas pela outra, porém sem concordar ou desejar. E tudo o que
conseguimos pela força tem como contrapartida uma resistência permanente (mesmo
que silenciosa) que prejudica os resultados e relacionamentos presentes e futuros.
6.1.6 Bonzinho
É quando uma das partes prioriza o relacionamento aos resultados, sem
conseguir separar as pessoas dos problemas. Dessa forma, ela acaba por fazer
concessões desnecessárias.
Trata-se da total abertura de dados, partindo-se do princípio de que a melhor
solução é aquela na qual todas as variáveis, necessidades, motivações e sentimentos
foram explicitados. É a estratégia considerada pelos especialistas como aquela que
conduz ao acordo mais favorável, mas que, por outro lado, também é a que requer
mais condições, e condições muito especiais, para que possa ser adotada,
especialmente no que se refere à confiança entre os envolvidos.
6.1.7 Submissão
Também denominada de estratégia de negociação “cede-cede”, na qual a parte
que tem menos poder faz reiteradamente concessões à outra, para que o acordo seja
efetivado. É uma estratégia que só é eficaz quando a parte cedente tiver muita
necessidade do objeto de acordo, de modo a que aceite se subjugar à outra. É a
necessidade que é a medida do grau de submissão, já que o acordo não é construído de
maneira amistosa, sensata e objetiva.
6.2 Táticas
As táticas são artifícios momentâneos adotados ao longo da negociação e devem
ser coerentes com as estratégias escolhidas a fim de não prejudicar o êxito do próprio
processo. Assim, se adotamos uma estratégia de Transparência, por exemplo, será
inadequado e inviável utilizarmos táticas de Blefe e de Intimidação, as quais são
diametralmente opostas à mensagem passada na estratégia.
6.2.1 Cobertor
Solicitar vários itens de uma só vez, em um único “pacote” de dados, como se
fosse uma só solicitação.
6.2.2 Salame
Obter o que queremos “em fatias”, aos poucos, para não assustar.
6.2.3 Colchete
Afunilar as reivindicações da outra parte, trabalhando-as aos poucos, até chegar
naquilo que ele realmente quer e aí ver como atendê-lo. É um processo de priorização.
6.2.4 Fato consumado
Apresentar o desfecho da negociação já pronto, e, por vezes, até redigido e
formatado da forma a que convém a somente (ou prioritariamente) uma das partes,
coagindo a outra à aceitação automática, para evitar o desgaste de tempo e energia que
implicaria exigir reescrever os itens divergentes da maneira como efetivamente gostaria
(e até como, muitas vezes, realmente ficou acordado), ou mesmo até a contratação de
um advogado para requisitá-lo. É muito utilizado por instituições que apresentam
previamente contratos impressos e padronizados, tais como bancos, instituições de
ensino, imobiliárias etc.
6.2.5 Surpresa
M udança rápida e imprevista (para a outra parte) dos rumos da negociação,
podendo ser em abordagem, posição, conteúdo etc., de forma a deixá-lo sem ação e ter
um contexto mais favorável para obter concessões.
6.2.6 Reversão
Agir da forma oposta à esperada, muitas vezes colocando-se no lugar do outro e
mostrando outras maneiras de resolver o problema. Fazer com que, através da nossa
atuação, a postura e a ação do outro seja mudada para o oposto.
6.2.7 Abstinência
Postergar uma decisão até que se possa amadurecê-la da forma desejada.
6.2.8 Blefe/Drible
Dar a impressão de que se deseja algo quando na realidade o objetivo principal é
outro, desviando o foco para uma mais rápida obtenção do que se almeja.
ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO
Ganha-ganha
Ganha-perde
Transparência
Competição
Força
Bonzinho
Submissão
Solucionador de problemas
TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO
Cobertor
Debilitação
Salame
Data limite
Colchete
Proposta final
Fato consumado
Dentada
Surpresa
Pares
Reversão
Vaidade
Abstinência
M aneirismos
Drible
Informação
M ocinho x bandido
Privilegiada
Autoridade limitada
Trocar negociador
Retirada aparente
Intimidação
Silêncio
Espelho
PARA FINALIZAR
Este capítulo tem como objetivo apresentar algumas reflexões que se tornam
importantes após a leitura deste livro, destacando temas para o
aperfeiçoamento, bem como a importância da dedicação pessoal na preparação,
no treino e na realização de avaliações metódicas das negociações que
realizamos, com vistas à obtenção do sucesso dos objetivos que buscamos.
Após a leitura deste pequeno guia, esperamos que o leitor esteja se sentindo
mais seguro e instrumentalizado para realizar negociações em seu dia a dia, consciente
de que elas requerem a aplicação dedicada de uma criteriosa metodologia, que requer,
portanto, um logo tempo de preparação, muita prática e bastante treinamento.
Este livro visa a se constituir um guia inicial dos principais tópicos envolvidos
no processo de negociação, lembrando que se trata de uma capacitação que não se
esgota nos conteúdos ora apresentados, uma vez que eles se constituem na base para
um aprofundamento posterior. Dessa forma, há outros temas relevantes que abrem
espaço para um maior treinamento e capacitação, tais como: gestão do tempo em
negociação, negociação em diferentes contextos culturais; diferentes perfis de
negociadores; diferentes tipos de negociação: comercial, sindical, empresarial, pessoal;
negociações grupais x individuais; negociações no contexto organizacional: vertical x
horizontal; novas estratégias e táticas em negociação.
Cabe lembrar aqui os dizeres de Albert Einstein, de que o sucesso se deve a “99
% de transpiração e 1% de inspiração”. Logo, se você se leva a sério, tem aqui um
caminho a trilhar e muito trabalho a realizar antes e após cada negociação, mas,
repetindo a nossa afirmativa inicial deste livro, a caminhada é só sua!
M uito sucesso!!!
A autora.
CAPÍTULO 8
RESUMO GERAL
Este capítulo tem como objetivo apresentar uma síntese geral dos conteúdos
abordados no presente livro, fazendo uma compilação de todos os resumos
anteriormente apresentados, a fim de que o leitor tenha um roteiro objetivo,
simples e prático para realizar suas negociações.
Quadro 29
I. Negociação por princípios
I.1 CONCEITOS
Negociadores não são adversários, mas solucionadores de problemas!
Negociação não é um ato de força, mas de inteligência
Não há uma batalha de a contra b, mas de a + b contra um problema
Não interessa quem está certo, mas o que poderá ser feito
Negociação é a arte de construir o possível
Negociação é uma situação que envolve duas partes na resolução de problemas
I.2 MÉTODO
Pessoas: separar pessoas do problema
Interesses: concentrar-se nos interesses
Opções: criar variedade de possibilidades antes de decidir
Critérios: insistir em padrões objetivos
I.3 OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO
Acordo sensato
Ser eficiente e eficaz
Aprimorar ou não interferir nem prejudicar a relação
I.3 CARACTERÍSTICAS DO NEGOCIADOR POR PRINCÍPIOS
Participantes: solucionadores
Meta: resultado sensato, atingido de maneira eficiente e amigável.
Problemas: analisados separadamente das pessoas
Atitude: ser respeitoso com pessoas e duro com problemas
Confiança: a negociação é independente da confiança
Foco: nos interesses, não nas posições
Método: explorar interesses. opções de benefícios. decidir depois
Insistir: em critérios objetivos
Ceder: aos princípios e não às pressões
II. Argumentação e superação de objeções
II.1 CONCEITOS
Argumentação é a arte de obter uma ação da outra parte
Argumentar com pessoas diferentes requer tipos e formas diferentes de argumentos
Os argumentos que convencem a nós mesmos e não convencem aos outros.
Devemos utilizar somente um argumento: aquele que convencerá o outro!
O outro nos mostrará como nos dirá o sim, basta estarmos atentos aos seus sinais
II.2 ARGUMENTOS RACIONAIS
Explicação; justificativa
Precedente
Critérios legais/ objetivos
Atributos ou qualidades
Dados técnicos
Lógica
II.3 ARGUMENTOS EMOCIONAIS
Benefícios a obter
Perdas a evitar
Elogio
Contato
Proteção das aparências
Histórico favorável
Prestígio
III.1 PLANEJAMENTO
Objeto
Zona de negociação: meta × margem × mínimo
Pontos fortes e fracos: maximizar × neutralizar
Prioridades
Propostas: inicial × posteriores
Informações: obter × prestar
Argumentos × objeções × contra-argumentos
Concessões
Ambiente
Plano B
Síntese
III.2 ETAPAS
Planejamento
Abertura
Sondagem
Argumentação
Superação de objeções
Fechamento
Honrar
Avaliar
III.3 CONCESSÕES
Planejamento
Justificativa
Pouco impacto interno
Gradualidade: funil
Ritmo
Ser solicitada
Uso do condicional
Troca: se × então
IV. Estratégias e táticas
ACUFF, Frank L. Você pode negociar qualquer coisa em qualquer lugar do mundo . São Paulo:
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SOBRE A AUTORA
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