Você está na página 1de 5
1- Resumir Escola Bisicn e Secunda de Velas TECNICAS DE RESUMO lum texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e 0 tipo de enunciacao, isto &, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulirio ¢ do estilo pessoais. 2- Metodologia 0 trabalho anilise do texto de | 1- Ler o texto; 2- Sublinhar as palavras-chave para identificar a rede semdntica (ignificado das palavras ou/e interpretagao de frases); 3- Identificar 0s articuladores do discurso e as relagSes que estabelecem entre si; 4- Identificar as ideias essenciais (as partes que constituem um texto); colocar alineas na margem e atribuir-lhe um titulo (de preferéncia 0 trabalho de! iguir 0 essencial do acessori: | organizacéo Organizar a sequéncia estrutural de um texto FO trabalho de | I- Respeitar a ordem por que o autor apresenta as ideias; redacgio 2 Evitar qualquer opiniao pessoal ou comentério. O resumo deve set | impessoal; 3- Respeitar a extenso do resumo; se ndo forem indicadas as palavras ‘ous linhas do resumo, este deverd ser um quarto do original; 4- Nao usar expresses ou frases inteiras (citagdes) do texto base; pode uusar-se a rede semantica identificada, colocando aspas; 5- Nao utilizar 0 didlogo. - Regras ll-Supressdo. de repetigées, de fSrmulas, interjeigées; de cemplos, citagoes, b- —Generatizagio: substituir alguns elementos, como palavras ou jeias, por outros mais gerais, 3- Selecgio: distinguir bem o essencial do acessério, suprimindo os elementos que exprimam pormenores ...; 4- Construgo: manter tempos e pessoas, respeitar a ordem do texto, fazer tantos pardgrafos quantas as partes que contiver 0 plano (as alineas, as ideias-chave ...), conservar a estrutura do texto de partida, ligar logicamente as frases redigidas. Técnicas 1- Substituir um grupo de palavras por uma dnica palavra: LL. Substituir um grupo de palavras por um nome; 1.2. Substituir um grupo de palavras por um adjectivo; 1.3. Substituir por verbo, advérbio, etc. 2- Substituir uma enumeragao por ou vérios termos englobantes; 3- Saber utilizar sinénimos; 4. Manter o sistema de enunciagio (utilizar 0 mesmo sistema pronominal - manter os mesmos pronomes pessoais; 5- Estabelecer as redes lexicais Um texto de um jovem professor sobre a educa¢do do presente e do futuro ~ e suas violéncias A Educagao do Futuro Matheus Fernandes Era inicio de um novo dia em Bacabal, cidade relativamente grande do interior do Maranhao. Embora habitada pelos seus mais de cem mil cidadaos, o local nao era tao desenvolvido ou chamativo assim. A vida lé seguia amena, monétona, com os dias sendo arrastados vagarosamente, dia apés dia, O sol jd erguia-se por dentre as densas nuvens cinzas que ocultavam-Ihe a luz, permitindo- Ihe apenas pequenos feixes de claridade, em um céu de cor azul Monte Sido que se revelava pocoa pouco. Os moradores da regido preparavam-se para deixarem seus respectivos lares e ingressarem para a labuta didria que.garantiria.osustento.da familia. Na rua, um senhor varria a calcada da casa em seu ritmo compassado, pais acompanhavam seus filhos & escola, cachorros vasculhavam o lixo deixado na esquina, enquanto homens de meia idade agrupavam-se na praca do Bom Pastor para conversar e jogar dominé. A cidade ‘aos poucos ganhava vida “Tic-Tac’ itis despertou um pouco mais tarde do que o habitual. Verificou apressadamente as horas do relégio na cabeceira ao lado e percebeu que ja eram sete e meia da manha. Estava atrasada. ~ Epaa! - praguejou ela, sobressaltando-se da cama e correndo apressadamente para 0 banho ina tefitativa de ainda conseguir recuperar aqueles minutos perdidos. Escolheu uma roupa aleatéria, fez um rabo de cavalo sem muita atencdo, organizou seu material e caminhou para o local de trabalho. Jé/@ramiquase dez anos naquela profissa0. Algo naquele dia aparentava estar fora do comum, a comecar pela hora que acordara. Ela nunca havia se atrasado para o servico, tampouco tinha o costume de dormir mais que 0 flecessdrio, mesmo nos finside Semaha. Na rua, pessoas passavam-lhe por perto quase que irreais, translicidas. © sol, jé altivo e brilhante no)céu) Nao parecia/emanar nenhumicalor’a Sua pele. Fora 0 fato de ter acordado com um maldito som de ponteiro de reldgio impregnado na sua mente. No entanto, decidiu ignorar tudo aquilo e continuou seu caminho. Tudo aquilo era coisa da sua cabeca, pensou por fim. No percurso para o trabalho, observou por entre dois prédios um pequeno consultério, discreto ej velho, quase impossivel de ser notado devido as duas grandes construcdes que @rodeavam. De carater pouco convidativo, havia uma pequena fachada ja desbotada na entrada, que requeria esforco para identificar as gravuras. Apésiatentan bem Iris finalmente onseguiujlerias|inscricées:/"O)seulfuturovestajaqui’. F isso foi o suficiente para despertar uma confuséo na mulher, como se de alguma forma ela jé estivesse naquele local; o que era impossivel, visto a sua incredulidade e por nunca ter dado crédito a esse tipo de charlatanismo. Ao olhar mais atentamente, percebeu dois vultos na janela, mas nao conseguiu identificar quem eram e o que faziam a. Por fim, deixou aquilo de lado. Nao era de seu interesse e jé estava atrasada o suficiente para o oficio. “Tic-Tact _— Bom dia, senhor Sebastiéo. Tudo bem? - culnprimentou Iris ao encontrar 0 porteiro. Seria mais um dia daqueles e Sebastiao era um dos poucos naquele lugar que ainda mantinha um brilho e alegria que a confortava. : — Bom dia, dona fris. Tudo indo conforme a vontade de Deus ~ respondeu o homem como de costume, dando-lhe um sortiso simpatico. “Dona Iris", como era chamada pelo porteiro, seguiu adentro em direcao a tarefa rotineira. Outrora, sua profissao possuia destaque e grande valor. Era algo admiravel. Havia autoridade por quem a exercesse e todos os demais manifestavam profundo respeito. Violéncias, afrontas ou desrespeito inexistiam. Porém as coisas haviam mudado, e muito. Agora era um cargo cada vez mais ousado e poucos arriscavam, além dos que desistiam conforme o tempo, temerdrios por suas satides mentais e, sobretudo, por suas vidas. Enquanto refletia sobre essas coisas, ouvia-se os gritos, risadas estridentes, mesas sendo arrastadas; tudo isso em um som ensurdecedor presente em quase todas as salas dos corredores. “Mais um dia normal", pensou [ris ao chegar na entrada de sua sala, respirar profundamente e entrar. "Tic-Tac’ ZBom dia, turma = disse assin/ qué entrOU [ha Salaynotandovaizona que havia se instaurado durante a sua auséncia e praguejando mentalmente por ter se atrasado tanto nesse dia, = BOM DIA, PROFESSORA IRIS! - responderam os alunos com excessiva altura. Alguns por gozacao, outros por alegria ao vé-la. E isso era uma coisa que a professora aprendera a ponderar com o tempo e a saber o que ignorar. ~Na aula de hoje, - continuou a professora, colocando os livros sobre a mesa, enquanto todos silenciavam, - veremos sobre as palavras heteroseménticas, que nada mais s4o que palavras de grafias iguais ou semelhantes entre duas linguas, mas de significados diferentes. Em outras palavras, nem tudo o que parecer ser, sera. E estas foram umas das poucas palavras que a educadora conseguiu proferir durante toda aquela manhé. Pois pouco a pouc, o barulho e as conversas aleatérias foram ressurgindo diante daquelé’ aglomerado “de mais de (quarenta-alunos,-numa_sala_construida_para COmportar POUCO|Mais|de\triNta. Associado a isso, vinha o calor escaldante € as situagées precarias existentes nao sé na sala, mas em toda a escola. Carteiras e ventiladores quebrados, paredes riscadas com obscenidades ou demarcadas por simbolos de faces era © que constituia aquele lugar, construido primordialmente para a educacao e formacao humana. Com isso, todo o planejamento de aula e contetidos elaborados por Iris fora por gua abaixo. O cenario era agora dividido por grupos dos mais diversos, pouco se importando para a présehea OUlindo da [proféssora.\Conversas sobre o fim de semana, contacdes de piadas, alunos de cabeca baixa com fones de ouvido e outros no uso de smartphones era o que se encontrava ali. Dois ou trés alunos ainda mantinham o olhar fixo na professora, esperando quelesta fizesse algo em relagaoyaquele|pandeménio) E isso era algo impossivel. Todos sabiam, — SOCORRO! TEM UM ALUNO FERIDO AQUI! ~ Gritou uma voz vinda da diregéo do patio Eeniral dalescola’ Dois segundos foram o suficiente para deixar toda a turma em siléncio e estado de alerta, até todos romperem desgovernadamente ao encontro da voz que pedia por ajuda. iris tentou ainda controlar a saida desenfreada dos alunos, mas ja era tarde. “Tie-Tac’ Quando todos chegaram no local, uma multidao j4 cercava 0 corpo agora moribundo. Um golpe de faca provocara o ferimento, encharcando aos poucos a camisa branca do defunto de um vermelho ViV6. Ficara apenas a expresso de terror gravado no semblante do corpo que ali se encontrava sem vida. Olelhar do garoto eralagora delUmivaziojtalvez mirandolem séUS\Ultimos momentos @ direcao eimique SéU assassino fugifa. Provavelmente teria sido acerto de contas ou apenas rivalidade entre faccdes, cochichavam os alunos, enquanto toda a coordenacao tomava providéncias e fazia ligacdes. Oldesesperollelolmedo! eram perceptiveis no Olhar dos quélalilse encontravalti)Afinal, era de conhecimento a existéncia de pequenos grupos criminosos e rivais formado por alunos, até mesmo do uso de drogas j8 flagrados atras do ginasio. Aquélelambientels6 tornava cada dia mais hostill Nao era a primeira vez que a escola presenciava atos violentos ou de vandalismo por ali. No pouco tempo em que iris fora transferida para aquela nova instituicdo, jayera de conhecimento interno 0 relato de professores ameacados por alunos, ou de alunos portando armas brancas para acertos de contas entre alunos de outras salas. Vez ou outra tais ocorridos eram noticiados nos telejornais da regido, causando indignagéo.e _medo na populacdo. Afinal, quais|Seriam as providéhcias a serem tomadas pelos governantes? PargUntavalse a populagdo. E quais seriam as medidas das autoridades e das familias desses alunos? Indagavam-se os professores. - Naquele dia, as aulas foram suspensas e todos foram liberados. O quadro psicolégico dos docentes agravava-se cada vez com os rumos que a educagao percortia. Sessées de tratamento psiquitrico, indices de depressao e ansiedade cresciam assustadoramente para aqueles que lecionavam em sala de aula. (0 medo!@ 0 Us6!délremédi6s lantidepressivos faziam partelda|vidaldesses|profissionals. Ser professor significava se colocar cada vez mais em perigo. Aquela vida era como um pesadelo em que nao se via a hora-de despertar. iris desejava que tudo aquilo nao fosse nada mais que isso: um pesadelo. E que logo iria acordar e ver que nada daquilo era real. = Isso € um manicémio. = lamentou outra professora enquanto se retirava, agredida fisicamente na semana passada, quando uma aluna ficou inconformada com a nota que obteve. A garota recebera total apoio da mae. "Tic-Tac’ Percorrendo 0 mesmo caminho para casa, [ris caminhava agora lentamente enquanto refietia sobre tudo que acontecera naquela manhé, e qual seria o destino da educacao e de professéres:aypartinide|agoranA realidade que vivia era totalmente diferente das teorias e cursos utdpicos que preenchiam as faculdades e palestras educacionais que participara. Depois de andar alguns minutos, novamente passou em frente & casa que prometia a revelacao do futuro em apenas alguns minutos. Algo ali a puxava como um ima, em um mist6 dé curiosidade e mistéfio. No entanto, thais uma vez decidiu ignorar aquela sensacao e ir para casa esquecer de vez aquele dia insano. Quanid6/seul campo dé\visa6 ja ia deixand6) de encontro com aquela casa, percebeu novamente que aquelas duas figuras ainda permaneciam la dentiay Em um assalto de curiosidade, esforcou-se para ver melhor através da janela e descobrir a identidade daquelas pessoas. Umajestavalsentada, Segurand6lalgo que parecia um péndulo entre as mos, enquanto a outra pessoa estava deitada sobre um ‘sofé, Uma figura de mulher, aparentemente adormecida. Ao‘notamelhoryiris percebeu que ali se encontrava nada mais que ela mesma naquele lugar. Foi quando sua viséo escureceu e ela desmaiou. "Tic-Tac’ = Eu quero que vocé atente-se bem para o som dos ponteiros do relégio, e quando eu contar até trés, abra os olhos lentamente. - Falava uma voz a qual [ris ouvia como de fundo, aindalsémilconseguir abrir'os olhos e enxergar alglimale6iga. Como se estivesse em um profundo sono, porém consciente. ~— Um, ~ continuou a estranha voz ~ dois... trég. Acorde lentamente, iris. ‘Ao ouvir a ordem, a professora abriu os olhos sonolentos e percebeu-se confusa em uma espécie de consultério, deitada sobre um sofé de couro vermelho-vinho. © ambiente era razoavelmente pequeno, com uma prateleira abarrotada de livros, alguns cheios de po ou com pequenos danos feitos pelo tempo e por tragas. Acima do mével, um relégio de parede marcava quase meio-dia. Estavalldiantéldaliprofessora Um homem delestaturalimedians, trajando um terno preto fosco, encarando-a silenciosamente. Ao vé-lo, aos poucos a meméria tornou-Ihe a mente e logo lembrou de como e porque estava ali - Tome - disse o homem oferecendo-lhe um copo com agua, ao que Iris aceitou com um pequeno sorriso em agradecimento. ~ O que a fez procurar esse lugar? Com todo respeito, a senhora me parece excessivamente cética em relagdo a essas coisas, Jé a vi parada algumas vezes observando o consultério do OUtF|adO. Sua expresso dizia por si so. —Eestd certo, - disse a professora devolvendo-Ihe 0 copo 7 Mas as coisas chegaram a tal ponto, ~ prosseguiu principalmente em minha carreira, que ja no duvido de mais nada. Ainda mais agora, com tudo 0 que vi. ~ Entendo. - respondeu © homem, olhando-a fixamente, na espera que que a cliente falasse Alg@lfhais. No entanto, a professora aparentaya estar imersa em pensamentos, balancando vagarosamente a cabeca, como se concordasse com alguma voz interior. E nisso seguiu um siléncio que durou algum tempo. "Tic-Tac’ Osom do reldgio trouxe-e de volta parala/realidadé. O siléncio no ambiente jé era incémodo. [ris notou_o pequeno péndulo balancando suavemente na mao do homem. ‘alfiais imaginara-se em consultas de astrologias, cartomantes, previsdes de futuro ou coisas do tipo. Mas agora, diante da situacao que enfrentava todos os dias na sala de aula, quem sabe nao valesse a pena saber sobre 0 que a aguardava na profiss4o que escolhera. Se nada daquilo fosse verdade, ela também nao teria nada a perder. Preferiu arriscar. Ao pensarniss0, viusse\findoldalsituagao] embora parecesse impossivel achar graca naquilo. O1qUe "foi? = perguntou Olhipnologo — E sobre o que vocé viu? = Uma coisa é engracada, pra nao dizer o contrario. = Respondeu a professora. - Pois se eu soubesse o que eu veria, nao teria vindo aqui, - Por qué? = perguntou curiosamente o homem ‘Apés um siléncio que pareceu uma eternidade, a professora encarou 0 homem com um olhar quase vazio, as palpebras baixas, cansadas, quase sem vida, como a do provavel aluno morto que ainda perturbava-Ihe a mente. uinda finalmente proferiu de forma cortante: = Porque esse “futuro”, meu amigo, jé existe. E eu o vivencio todos os dias! Siléncio profundo na sala. "Tic-Tac’.

Você também pode gostar