Você está na página 1de 11

Escola Técnica Estadual de Mauá Curso de Técnico em Administração

1º. Módulo

Prof. ME. André Luis da Silva


ESTUDOS DE ECONOMIA E MERCADO
629031369.doc

1. Questões Econômicas Fundamentais

A sociedade não dispõe de recursos produtivos em quantidade suficiente para produzir tudo o
que a população deseja.

Assim é que toda sociedade, qualquer que seja sua organização política, se defronta com três
questões econômicas básicas decorrentes do problema de escassez:

a) O que e quanto produzir?

Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos de
bens e serviços, a sociedade deve escolher entre as várias alternativas, quais bens e serviços
serão produzidos e em que quantidade. Devemos produzir mais automóveis do que roupas? Mais
roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos?

b) Como produzir?

Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido
será produzido. Normalmente os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinações de
recursos e técnicas. Nesse sentido, deve-se optar pela técnica que resulte no menor custo por
unidade de produto a ser obtido.

c) Para quem produzir?

Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade têm de tomar uma terceira
decisão fundamental: quem irá receber esses bens e serviços? Sabemos que a produção total de
bens e serviços deverá ser distribuída entre os diferentes indivíduos que compõem a sociedade.
De que maneira essa distribuição ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a mesma
quantidade de bens e serviços? Ou será que a distribuição de bens e serviços será feita segundo
a contribuição de cada um à produção? Ou a cada um segundo a sua necessidade?

2. Curva de Possibilidades de Produção

A análise das ilimitadas necessidades humanas e da escassez de recursos empreendida até aqui
conduz à conclusão de que a Economia é uma Ciência ligada a problemas de escolha. Esse fato
pode ser exemplificado através da utilização de gráficos e de exemplos aritméticos. Para fins de
simplificação, discutiremos o dilema da opção e suas possíveis soluções aplicados a um
empreendimento agrícola. Posteriormente, a questão da escolha será abordada no âmbito de
todo o Sistema Econômico.

Três hipóteses básicas são necessárias para que possamos desenvolver o modelo da "Curva de
Possibilidades de Produção":

a) Existência de uma quantidade fixa de recursos. A quantidade e a qualidade dos recursos


produtivos permanecem inalteradas (constante) durante o período de tempo da análise.
b) Existência de pleno emprego dos recursos. A economia opera com todos os fatores de
produção plenamente empregados e produzindo o maior nível de produto possível.

c) A tecnologia permanece constante.

Fazenda e sua Fronteira de Possibilidades de Produção

Consideremos inicialmente uma fazenda com uma determinada extensão de terra, um conjunto
de instalações, máquinas e equipamentos e um número fixo de trabalhadores. Consideremos
ainda que o proprietário dessa fazenda possua qualificações técnicas que lhe permitam se
dedicar a qualquer tipo de atividade agrícola. Ao decidir o que e como produzir, o fazendeiro
estará decidindo a maneira pela qual os seus recursos produtivos serão distribuídos entre as
várias combinações de bens possíveis. Quanta terra será destinada à pastagem? E à produção
de soja? Será conveniente utilizar parte da área destinada à lavoura de soja e parte para o plantio
de milho? Por que não introduzir também a cultura de arroz? De que modo os empregados serão
utilizados nas várias atividades?

Como a análise simultânea de tais problemas é bastante complicada, vamos, para simplificar,
supor que essa fazenda só produza dois tipos de bens: milho e soja.

Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área disponível para o plantio
de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de soja, utilizando-se de toda a
sua propriedade para este fim, não poderá plantar milho. Estamos diante de duas opções
extremas. Existirão, é claro, soluções alternativas intermediárias, com a utilização de parte das
terras para o plantio de soja, ficando a fração restante para a cultura de milho. As várias
possibilidades de produção podem ser ilustradas através de um exemplo numérico. Tomemos,
então, o seguinte quadro:

Suponhamos, então, que o fazendeiro decida utilizar toda a sua propriedade (e demais recursos)
no cultivo de milho. Nesse caso será possível produzir no máximo 8.000 quilos de milho
(alternativa A) e nenhuma quantidade de soja.

No outro extremo, imaginemos que todos os recursos (terra, trabalhadores etc.) sejam investidos
na produção de soja. Nesse caso, o volume máximo a ser produzido seria de 5.000 quilos,
enquanto a produção de milho será zero (alternativa F).

O Quadro 1 nos fornece uma escala numérica, com algumas possibilidades intermediárias (B, C,
D, E), que refletem a disposição do produtor de optar pela produção conjunta de ambos os bens.
Devemos observar que na hipótese de plena utilização da terra (e demais recursos) aumentos na
produção de soja ocorrerão somente mediante utilização das áreas destinadas à cultura do milho.
Logo, reduz-se a produção de milho em benefício da lavoura de seja.

Vamos, a seguir, representar graficamente a escala de possibilidades de produção entre milho e


soja (Figura 1). Para tanto, utilizaremos um sistema de eixos cartesianos. O eixo das ordenadas
(vertical) representará a quantidade de milho que a fazenda pode produzir. No eixo das abscissas
(horizontal) representaremos a quantidade de soja que pode ser obtida.

O ponto A indica uma situação em que toda a terra está sendo utilizada na produção de milho.
Nesse caso, a produção de soja é zero. O ponto F indica o outro extremo, ou seja, quando toda a
terra é usada exclusivamente para plantar soja; logo a produção de milho é anulada. Os pontos B,
C, D e E indicam possíveis combinações intermediárias ao alcance do produtor na hipótese de a
terra (e demais recursos) estar sendo plenamente utilizada.

Podemos, agora, unir os pontos de A até F. A linha resultante denomina-se "Curva de


Possibilidades de Produção" (ou Fronteira de Possibilidades de Produção) e nos mostra todas as
combinações possíveis entre milho e soja que podem ser estabelecidas, quando todos os
recursos disponíveis estão sendo utilizados (significando estar havendo pleno emprego de
recursos). A Figura 2 nos fornece a representação gráfica desse nosso exemplo.
Fazenda e sua Fronteira de Possibilidades de Produção

No nosso exemplo, a fazenda estará funcionando de maneira eficiente sempre que, ao


aumentarmos a produção de um bem, tivermos de reduzir a produção de outro bem.

Assim, teremos eficiência produtiva somente se estivermos situados sobre a fronteira (ao longo
da linha AF), na qual aumentos na produção de soja deverão vir, necessariamente,
acompanhados de diminuições na produção de milho.

Imaginemos, então, que a fazenda esteja operando no ponto D. Nesse ponto são produzidos
5.000 quilos de milho e 3.000 quilos de soja. Se o fazendeiro optar por um aumento na produção
de soja, a fazenda poderá passar a operar, por exemplo, no ponto £, no qual serão produzidos
4.000 quilos de soja. Entretanto, esse aumento de produção de 3.000 para 4.000 quilos) só será
possível se parte dos recursos (como, por exemplo, parte das terras), anteriormente destinados à
produção de milho, forem desviados rara a produção de soja. Conseqüentemente haverá uma
diminuição na produção de milho, de 5.000 para 3.000 quilos.

Custo de Oportunidade

Acabamos de verificar que, se a fazenda estiver usando eficientemente seus recursos (o que
indica uma situação de pleno emprego), um aumento na produção de soja somente ocorrerá
mediante diminuição na produção de milho. Assim, o custo de um produto poderá ser expresso
em termos da quantidade sacrificada do outro.

"Custo de Oportunidade" é expressão utilizada para exprimir os custos no que se refere às


alternativas sacrificadas. Ainda de acordo com o nosso exemplo, se estivermos no ponto C da
curva (6.500 quilos de milho e 2.000 quilos de soja) e quisermos passar para o ponto D,
aumentando a produção de soja para 3.000 quilos, esse aumento só será conseguido mediante o
sacrifício de 1.500 quilos de milho. O "Custo de Oportunidade" desses 1.000 quilos adicionais de
soja será dado pelos 1.500 quilos de milho a serem sacrificados.

Seguindo essa linha de raciocínio, o "Custo de Oportunidade" de se aumentar a produção de soja


de 3.000 para 4.000 quilos (passagem do ponto D para o ponto E da curva de possibilidades de
produção) será de 2.000 quilos de milho.

Sintetizando, para que tenhamos a ocorrência de "Custo de Oportunidade" é preciso não só que
os recursos sejam limitados, mas que estejam sendo plenamente utilizados.

Qualquer que seja o movimento ao longo da curva de possibilidades de produção, fica claro que
haverá uma "troca" entre soja e milho. Essa "troca" é conhecida em economia como "Custo de
Oportunidade".

O "Custo de Oportunidade" é definido como sendo o valor da próxima melhor alternativa que deve
ser sacrificada quando uma escolha é feita. Cabe-nos, aqui, fazer uma análise um pouco mais
aprofundada a respeito desse importante conceito na teoria econômica.

“Aprendemos desde muito cedo que as pessoas têm de fazer escolhas porque existe escassez.
Devido às nossas ilimitadas necessidades em face dos limitados recursos existentes, algumas
dessas necessidades não serão satisfeitas. Devemos, então, fazer escolhas. O maior valor da
oportunidade ou alternativa não escolhida vem a ser o que chamamos de custo de oportunidade.
Toda vez que fazemos uma escolha, incorremos em um custo de oportunidade. Você pode,
por exemplo, fazer uma escolha: jogar futebol. Ao fazer essa escolha, você negou a você mesmo
os benefícios que obteria ao fazer qualquer outra atividade. Certamente, você estará deixando de
lado uma série de outras coisas que também gostaria de fazer: ler um livro, ir ao cinema, assistir
a uma novela na televisão etc. Qualquer coisa que você escolha fazer ao decidir não jogar futebol
é o seu custo de oportunidade de jogar futebol. Exemplificando: se você optar por ir ao cinema
em vez de jogar futebol - supõe-se que você ao não jogar futebol optou por aquilo que considera
a próxima melhor alternativa, uma vez que age racionalmente, e não iria escolher uma alternativa
pior -, então o custo de oportunidade de jogar futebol é ir ao cinema".

Desemprego

Pode acontecer, muitas vezes, que a fazenda esteja produzindo abaixo de suas possibilidades.
Isso pode ocorrer porque os recursos produtivos estão ociosos (terras inativas, trabalhadores
desocupados).

Essa situação é representada pelo ponto G no interior da curva de possibilidades de produção


(Figura 2). Nesta hipótese, a produção de milho ou a de soja ou ambas podem ser aumentadas
até alcançar a curva, simplesmente utilizando o serviço dos fatores ociosos. Fazendo assim
poderemos, por exemplo, passar ou do ponto G para o ponto C (com a mesma produção de soja
e uma quantidade maior de milho), ou do ponto G para o ponto E (com a mesma quantidade de
milho e uma produção maior de soja) ou então do ponto G para o ponto D, quando então teremos
uma produção maior de ambos os bens.

Em contraposição, pontos situados além da curva, tais como o ponto H, são inatingíveis, uma vez
que envolvem uma combinação de milho e soja que a fazenda, em virtude dos recursos e
tecnologia disponíveis, não pode produzir. Conclui-se, portanto, que pontos situados além da
fronteira só poderão ser alcançados mediante aumento na disponibilidade de fatores de produção
(a incorporação de novas terras, por exemplo) e/ou mediante evolução tecnológica (a introdução
de sementes melhoradas, por exemplo) que permita aumento nas possibilidades de produção
com os mesmos recursos produtivos.

Curva de Possibilidades de Produção de uma Sociedade


Trabalhamos até agora com um cenário no qual uma fazenda, com certa dotação fatorial e certo
nível tecnológico e que produzisse apenas dois bens, teria uma determinada curva de
possibilidades de produção. Vimos também as opções de produção existentes à disposição do
fazendeiro e várias situações decorrentes da utilização de seus recursos produtivos. Veremos
agora que o dilema da escolha no âmbito do Sistema Econômico é, em essência, semelhante ao
do proprietário da fazenda.

Sabemos, de antemão, que um sistema econômico é capaz de produzir milhares de produtos,


desde que conte com adequada dotação fatorial. Sabemos também que se a Economia deve
decidir como os escassos recursos serão distribuídos entre as inúmeras possibilidades de
produção de bens e serviços, o dilema da escolha torna-se bastante complexo. É por essa razão
que proporemos uma hipótese simplificadora: a de que a economia a ser estudada produza
apenas dois bens econômicos. O raciocínio a ser elaborado a partir de agora será semelhante
àquele desenvolvido no caso da fazenda.

Consideremos então uma sociedade que produza apenas dois tipos de bens: alimentos,
provenientes da agricultura, e minério de ferro.

Suponhamos que essa sociedade disponha de uma quantidade fixa de fatores produtivos: um
número fixo de indivíduos, uma determinada quantidade (fixa) de fábricas e instrumentos de
produção e uma quantidade também fixa de recursos naturais (terra, minérios etc.).
Consideremos, também, a existência de um determinado grau de conhecimento técnico, e que
ele irá permanecer constante, ou seja, não sofrerá mudanças no decorrer de nossa análise. Além
disso, devemos supor que a mão-de-obra, assim como os outros fatores de produção, pode ser
empregada na produção de alimentos ou minérios, ou em diferentes combinações de ambos.

O Quadro 2 contém um exemplo hipotético das possibilidades de produção dessa economia.

Se empregássemos todos os recursos disponíveis na produção de minério, obteríamos, no


máximo, 500.000 toneladas desse bem. Se todos os recursos estivessem sendo utilizados na
produção de minério, não poderia haver produção de alimentos e, portanto, ela seria igual a zero
(alternativa A).

Por outro lado, poderíamos direcionar todos os recursos para a produção de alimentos obtendo, 4
milhões de toneladas. Nesse caso, a produção de minério seria zero, uma vez que não existiriam
recursos disponíveis para esse fim. Essa seria a alternativa E do nosso quadro. É evidente que se
pode produzir, também, combinações dos dois bens. Dessa forma, poderíamos alocar parte dos
recursos para a produção de alimentos e parte para a produção de minérios, obtendo, entre uma
infinidade de possibilidades, as combinações B, C e D.

Podemos agora representar esses dados em um gráfico (Figura 3). O eixo vertical será utilizado
para representar a produção de minério, enquanto o eixo horizontal representará a produção de
alimentos.

A linha que mostra todas as combinações possíveis dos bens que a economia está apta a
produzir - a partir de um determinado nível de conhecimento tecnológico e pressupondo-se a
plena utilização dos limitados recursos produtivos - passa pelos pontos A, B, C, D e E.

Como é de nosso conhecimento, ela se denomina "Curva de Possibilidades de Produção" e nos


mostra as combinações máximas entre dois bens que a sociedade está apta a produzir.

Do mesmo modo que no exemplo da fazenda, produzir em um ponto dentro da curva de


possibilidades de produção, tal como F, significará que os recursos não estão sendo plenamente
empregados. Pontos situados fora da curva, tais como o ponto G, representam combinações de
bens impossíveis de se obter com a atual disponibilidade de recursos e grau de conhecimento
tecnológico. Pontos situados na curva de possibilidades de produção indicam uma situação de
pleno emprego.

Na situação de pleno emprego, para se produzir mais alimentos, devemos desistir de uma
determinada quantidade de minério, a fim de liberar recursos utilizados na produção de minério
para a produção de alimentos. Estamos novamente às voltas com o conceito de custo de
oportunidade. Nesse caso, o custo de quantidades adicionais de alimentos pode ser expresso em
termos da quantidade sacrificada de minério.

Se, por exemplo, a economia estiver operando no ponto C, com uma produção de 350.000
toneladas de minério e dois milhões de toneladas de alimentos, e a sociedade decidir passar para
o ponto D, qual será o custo de oportunidade do alimento? O custo de oportunidade será dado
pelas 150.000 toneladas de minério que a economia deixará de produzir para que se produza um
milhão de toneladas a mais de alimentos.
Custo de Oportunidade Crescente

O fenômeno dos custos crescentes verifica-se quando, para obter as mesmas quantidades
adicionais de um bem, a sociedade deve sacrificar quantidades cada vez maiores de outro bem.

De acordo com o nosso exemplo, a produção do primeiro milhão de toneladas de alimentos


"custa" 50.000 toneladas de minério, que é a quantidade desse bem que terá de ser sacrificada
(com a economia passando do ponto A para o ponto B da curva de risibilidades de produção).

Se, por acaso, a sociedade optar por um milhão de toneladas de alimentos a mais passando do
ponto B para o ponto C e totalizando 2 milhões de toneladas de alimentos), esse segundo milhão
de toneladas "custará" 100.000 toneladas de minério, que é a quantidade de minério que deixará
de ser produzida.

O custo de alimentos em termos de minério é cada vez maior, fato este que determina o formato
da curva de possibilidades de produção: côncava em relação à origem. Isso ocorre porque os
recursos utilizados em uma atividade podem não ter a mesma eficiência quando transferidos para
outra atividade.

Vejamos, então, como isso acontece.

Normalmente, é de se esperar que as terras adequadas à produção de alimentos sejam pobres


em minério de ferro, e que as terras que contenham grandes quantidades de minério sejam
inadequadas ao plantio.

Se fizermos a suposição de que toda a terra esteja sendo utilizada na extração de minério, a
economia estará produzindo uma grande quantidade desse produto (500.000) e nada alimentos.
Entretanto, se parte das terras férteis for liberada para o plantio de produtos destinados à
alimentação, haverá uma pequena redução na produção de minério (uma vez que os solos férteis
são também pobres em minério de ferro) e uma grande expansão na produção de alimentos.

Essa escolha é representada por um movimento de A até B na curva de possibilidades de


produção e indica diminuição de 50.000 toneladas de minério e aumento de 1 milhão de
toneladas na produção de alimentos.

Se desejarmos continuar aumentando a produção de alimentos, disporemos cada vez menos de


terras férteis, e seremos obrigados a utilizar cada vez mais terras inadequadas para a agricultura,
mas ricas em minério de ferro.

Desse modo, para conseguir o mesmo aumento na produção de alimentos, teremos de renunciar
a quantidades cada vez maiores de minério de ferro. Assim, para aumentar a produção de
alimentos em mais um milhão de toneladas (passando do ponto B para o C da curva), teremos de
renunciar a 100.000 toneladas de minério de ferro. Verificamos então que o custo de
oportunidade de alimentos aumenta cada vez mais, o que reflete as características
especializadas dos recursos produtivos.

Mudanças na Curva de Possibilidades de Produção: Crescimento

Observando o exemplo anterior, verificamos que os pontos situados à direita da fronteira de


possibilidades de produção (tais como o ponto G, por exemplo) eram inatingíveis, dada a
tecnologia existente e a limitação de recursos produtivos.

Ocorre, entretanto, que a capacidade de produzir bens e serviços pode aumentar com o passar
do tempo, devido a aumentos na dotação de recursos produtivos da economia. Assim, aumentos
na força de trabalho, expansão do número de fábricas e instrumentos de produção etc.
determinarão um aumento nas possibilidades de produção da economia, por meio de uma
tecnologia em constante evolução. Isso implicará um deslocamento para a direita da curva de
possibilidades de produção.

Podemos observar na Figura 4 a curva cheia, mostrando as possibilidades de produção


referentes ao ano de 2000, quando o ponto F era inatingível. Depois do crescimento, não só o
ponto F pôde ser alcançado, como também uma série de combinações pôde ser estabelecida
(curva pontilhada, referente ao ano 2010).

Da mesma forma, progressos tecnológicos, tais como a descoberta de um fertilizante que


aumente a produtividade na agricultura ou o aperfeiçoamento no processo de extração de
minério, poderão causar aumento nas possibilidades de produção de ambos os bens e um
deslocamento para a direita da curva de possibilidades de produção, mesmo que a quantidade de
fatores tenha permanecido inalterada. Se os fatores que causam deslocamentos da curva de
possibilidades de produção forem mais favoráveis na direção de um bem do que na do outro,
maior será o deslocamento da curva em favor desse bem. A Figura 5 mostra um caso em que o
progresso tecnológico foi mais favorável à produção de alimentos do que de minérios.

Crescimento e o Dilema entre Bens de Consumo e Bens de Capital

Como mo sabemos, o sistema econômico produz bens de consumo objetivando atender as


necessidades diretas da população; produz também bens de produção (ou bens de capital)
destinados à produção de outros bens.

Ocorre, no entanto, que as instalações, máquinas e demais bens de produção sofrem desgaste à
medida que vão sendo utilizados. Assim, para que o sistema pelo menos mantenha sua
capacidade produtiva, faz-se necessária a produção de outros bens de produção, a fim de repor
aqueles que se desgastaram ao longo do processo produtivo.

Além disso, é conveniente que a produção de bens de capital seja superior às necessidades de
reposição para que no futuro tenhamos aumento na capacidade de produção da economia, tanto
no setor de bens de consumo quanto no setor de bens de capital.
A importância do investimento (ou da formação de capital) pode ser mais bem compreendida
através da Curva de Possibilidades de Produção. Observemos, então, a Figura 6.

Nela o eixo vertical representa as possibilidades de produção de Bens de Capital, enquanto o


eixo horizontal representa as possibilidades de produção de Bens de Consumo.

O ponto A, situado na curva referente ao ano 2000, representa uma situação extrema, em que
todos os recursos são utilizados na produção de Bens de Capital. Nesse caso, a economia
produz muitas máquinas, fábricas etc., mas nenhum Bem de Consumo, o que não é interessante
para a população.

No outro extremo, representado pelo ponto B, todos os recursos estão sendo direcionados para a
produção de Bens de Consumo. Nesse caso, a produção de Bens de Consumo, visando a
satisfação imediata da população, é a maior possível. Ocorre, entretanto, que nesse ponto
nenhum Bem de Capital estará sendo produzido.

Essa situação também não é interessante, uma vez que com o correr do tempo torna-se
inevitável a quebra e o desgaste das máquinas, equipamentos, instalações etc. Por falta de
reposição dessas máquinas e equipamentos, a produção de Bens de Consumo começará a
declinar, diminuindo o atendimento às necessidades de consumo da população.

Constatamos, então, que nenhuma das situações extremas é desejável, uma vez que, cedo ou
tarde, implicarão sacrifícios para a sociedade.

Constatamos, também, outro fato: além de fabricar Bens de Consumo, é necessário produzir
Bens de Capital, não só para repor aquilo que se desgastou, mantendo assim o nível atual de
produção de Bens de Consumo, como também para ampliar a capacidade produtiva da
Economia. O ponto C, por exemplo, indica que a Economia está produzindo Bens de Consumo e
Bens de Capital. Essa situação possivelmente permitirá não só a produção de máquinas para
manter a capacidade produtiva da Economia, como também para ampliá-la. Parte da produção de
Bens de Consumo, porém, terá de ser sacrificada.
Com o passar do tempo, a fronteira de possibilidade de produção poderá deslocar-se para a
direita (ano 2010), como resultado do processo de crescimento. Tomando o ponto D como
referência, podemos verificar que de fato aumentaram as possibilidades de produção de ambos
os bens.

Esse exemplo serve para ilustrar o fato de que é necessário um sacrifício no consumo presente
para que no futuro as possibilidades de consumo se ampliem.

Assim, uma nação pode optar por direcionar parte dos recursos à produção de Bens de Capital,
acumulando bens como máquinas, fábricas etc. (que, como já vimos, chama-se processo de
formação de capital) e parte dos recursos para a produção de bens de consumo, tais como
roupas, rádios etc.

A questão que se coloca é: em que ponto da curva devemos nos situar? Próximo de B, com uma
produção maior de bens de consumo hoje, sacrificando talvez o consumo futuro? Ou próximo de
A, sacrificando o consumo presente tendo em vista a ampliação ias possibilidades de produção
no futuro?

3. Referência

PASSOS, Carlos Roberto M. & NOGAMI, Otto Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira,
1998. p. 48-58

Você também pode gostar