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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

CURSO DE TECNOLOGIA EM SECRETARIADO

Debora Rocha Sarges

NOGUEIRA et al, Rosana Maria César Del Picchia de A. PROFISSIONALISMO E


SECRETARIADO: HISTÓRIA DA CONSOLIDAÇÃO DA PROFISSÃO . 2013. 25p.

O artigo trata-se de uma análise da profissão de Secretariado ao longo de sua história,


remetendo-se à compreensão de como a profissão se consolidou nesse processo, evidenciando
as conquistas alcançadas por movimentos que a categoria de profissionais desta área
realizaram a fim de legitimar a profissão. Também aborda os entraves da inexistência de um
órgão regulador e disciplinador, o Conselho Federal de Secretariado.
A autora Rosana Maria César Del Picchia de Araújo Nogueira possui graduação em
LETRAS pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1986), Mestrado em Educação e
Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003), Doutorado em
Educação e Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007) e
Pós-doutorado em História (Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos),
pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP, 2016). Atualmente é professora de Ensino
Superior III da Faculdade de Tecnologia de Carapicuíba (FATEC de Carapicuíba) em cursos
superiores que incluem o Secretariado.
No decorrer do artigo a autora faz uma breve descrição sobre o termo profissionalismo
e como ele se estabelece no mercado de trabalho, narra ainda a trajetória da profissão de
Secretariado no Brasil, abordando as lutas que foram vencidas para que fosse reconhecida e
legitimada, destacando a criação de sindicatos estaduais, o surgimento da Fenassec - Federação
Nacional de Secretárias e Secretários, a elaboração do Código de Ética e a regulamentação da
profissão em 1985.
Para fundamentar a pesquisa, a autora se baseia principalmente nos conceitos da
sociologia das profissões, especialmente os utilizados por Freidson (1996), que buscava criar o
que ele pretendia ser um tipo ideal de profissionalismo, fazendo análise de recursos exigidos e
órgãos necessários para que ele se estabelecesse. Em sua teoria, Freidson (1996) aborda que
por meio da influência do conhecimento acadêmico, o credenciamento por diplomação em
nível superior é uma fase do profissionalismo de uma ocupação, pois controla o acesso à
prática de tal atividade, e também porque oferece base teórica favorável a posição de uma
profissão no mercado de trabalho.
No entanto, para que um profissional possua tal credenciamento é necessário possuir
um diploma devidamente registrado no Ministério da Educação e, tendo em posse este, pode
obter seu registro profissional no Ministério do Trabalho. Para os casos das profissões que não
possuem um Conselho Regional pertinente, que é o caso do Secretariado, já se encontram
aptos a exercerem a função e fica a critério do profissional se inscrever em sindicatos ou
associações profissionais. O que implica na não fiscalização sobre a forma de exercer a
profissão, recaindo o estado a responsabilidade sobre quaisquer ações cometidas por
profissionais da área.
O artigo relata sobre o histórico da criação do Conselho Federal e Conselhos Regionais
de Secretariado, um movimento que iniciou em 1996, com a atuação do Fenassec e dos
sindicatos. O projeto de lei foi aprovado por diversas Comissões da Câmara e do Senado, mas
recebeu veto da Presidência da República em maio de 2000, julgada procedente uma ação
direta de inconstitucionalidade que se referia ao artigo 58 da Lei 9.649/98, vigente na ocasião,
justificado pelo fato de o Projeto de Lei apresentar em seu texto a identificação da natureza
jurídica do Conselho como pessoa jurídica de direito privado, o que a Lei permitia na época,
porém os Conselhos Profissionais são considerados órgão de natureza autárquica, pois exercem
atividades típicas de Estado o que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que
se refere ao exercício de atividades profissionais, funções que só podem ser delegadas a
entidades de caráter público. Tendo a prerrogativa de cobrar tributos, assumem o dever de
prestar contas ao Tribunal de Contas da União.
Há referências a um novo projeto de lei que tramita entre o Ministério do Trabalho e
Casa Civil desde 2003, sem evolução significativa em seu processo. A autora recorre à
definição de Castelo (2007) sobre a necessidade da criação dos Conselhos, que destaca que a
FENASSEC e os Sindicatos de cada região poderiam realizar de forma mais eficiente e
positiva a Fiscalização e o Controle da Profissão, no tange principalmente ao cumprimento da
Lei de Regulamentação, usando de orientação e conscientização para que os empresários
possam exigir no processo de contratação dos profissionais de Secretariado o Registro
Profissional, o que evitaria possíveis fraudes e a ocupação por esses profissionais de cargos
com outras nomenclaturas.
Para fundamentar o artigo, a autora fez uso de revisões bibliográficas dos conceitos
relacionados ao profissionalismo e também à história da profissão de Secretariado no Brasil.
Nesse sentido, a autora conclui que a existência do Conselho Federal de Secretariado, alicerça-
do aos anseios da Fenassec, seria a única forma no Brasil capaz ter o controle sobre o
credenciamento profissional e a fiscalização dos profissionais registrados, tirando das mãos do
Estado esse controle.
O artigo tem como principal contribuição mostrar aos leitores de forma concisa e
organizada o processo histórico da profissão de Secretariado no Brasil, elencando
acontecimentos importantes para a consolidação da profissão, destacando ainda mais a
importância da criação do Conselho Federal e os benefícios que trará, visto que o texto possui
um embasamento teórico bem alinhado à proposta.
No entanto, para consolidar ainda mais a necessidade da criação do Conselho Federal
a autora poderia ter feito uma demonstração dos profissionais de Secretariado de uma ou todas
as regiões do Brasil que possuem graduação na área, a porcentagem dos que estão atuando na
profissão e os que não atuam ou trabalham em área diferente. Essa demonstração seria de suma
importância para quantificar os profissionais que necessitam desse controle do Conselho, assim
como poderia gerar uma mobilização mais ativa quanto ao movimento.
O texto é direcionado principalmente para estudantes e egressos de Secretariado, que
partilham da mesma inexistência de credencial, da luta para a criação de um órgão regulador e
da vontade de ter uma profissão completa, mas também é voltado para leitores que tenham
curiosidade sobre a profissão e sua história, e que abracem as causas e lutas dessa classe de
profissionais versáteis.

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