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PROGRAMA DO CURSO MESTRADO EM TEOLOGIA


ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS DA RELIGIÃO

FASTE – FACULDADE TRANS-AMERICANA DE TEOLOGIA


CNPJ (MF) Nº 01.959.272/0001-86 www.teologiahoje.jimdo.com
C. Postal 74007 – Itaguaí – RJ – Cep 23801-970 E-mail; faste7777@terra.com.br

METODOLOGIA DA PESQUISA
INTRODUÇÃO

Neste primeiro módulo do curso de mestrado o aluno aprenderá como preparar os seus
trabalhos, isto é, as suas monografias. Durante o curso de bacharel as provas foram feitas
através de perguntas objetivas para que o aluno dissertasse sobre o assunto aprendido, no
entanto, no período de mestrado os trabalhos são feitos de forma diferente. Em qualquer
curso de pós-graduação, os trabalhos são apresentados através de monografias. Neste
primeiro módulo sobre metodologia da pesquisa, estaremos ensinando como o aluno deverá
fazer suas monografias. Sem exceção, sobre cada módulo o aluno deverá fazer as
monografias rigorosamente dentro dos padrões da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) ou pelo menos, aproximar as medidas o máximo possível. Todo o
trabalho deverá ser datilografo ou copilado no computador. Nenhuma monografia
escrita a caneta será considerada. Todo trabalho terá o mesmo padrão de apresentação.
É algo fácil, que o aluno poderá constatar por si mesmo. Segue em anexo um modelo de
monografia para que o aluno possa sempre comparar como modelo para seus trabalhos
posteriores. Todos os textos de estudos serão textos originais para que o aluno possa
conhecer o pensamento de seus autores. O aluno fará sua análise crítica, aprovando ou não
o que os autores disseram.

APRESENTAÇÃO DE UMA MONOGRAFIA

Uma monografia consta de:

a) Uma folha de rosto (01 Página)


b) Índice (01 Página)
c) Introdução (01 página ou mais)
d) Discussão ou dissertação (03 páginas ou mais)
e) Conclusão (01 página ou mais)
f) Bibliografia (geralmente uma página é o suficiente)

FOLHA DE ROSTO

Existe a capa e a folha de rosto, no caso, exigiremos apenas a folha de rosto que deve
constar os elementos que identificam o conteúdo da monografia. Na folha seguinte
apresentamos um modelo de folha de rosto de uma monografia. Todos os trabalhos
deverão seguir esta mesma apresentação:
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TRABALHO DE METODOLOGIA DA PESQUISA

Por

José de Tal

Monografia apresentada
em cumprimento às exigências
da matéria metodologia da pesquisa,
do curso de mestrado em teologia,
área: Ciências Sociais da Religião,
ministrada pela FASTE

FACULDADE TRANS-AMERICANA DE TEOLOGIA - FASTE


ANO 2008
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(01) TRABALHO DE METODOLOGIA DA PESQUISA

01) Neste espaço entre a margem superior da folha e título da monografia, deverá constar
de cinco toques da máquina de escrever no espaço 2 ou cinco toques do computador com a
fonte COURIER NEW (tamanho da fonte: 12).

(02) POR

02) Neste espaço entre o título da monografia e a palavra POR, deverá constar de quatro
toques dentro do padrão da máquina de escrever ou computador citados acima.

(03) JOSÉ DE SOUZA

03) Neste espaço entre a palavra POR e o nome José de Souza (aqui deverá ser o nome do
aluno), deverá constar de quatro espaços dentro do padrão da máquina de escrever ou
computador já citados.

(04)
Monografia apresentada
em cumprimento às exigências
da matéria metodologia da pesquisa,
do curso de mestrado em teologia,
área: Ciências Sociais da Religião,
ministrada pela FASTE

04) Neste espaço entre o nome do aluno e a expressão “MONOGRAFIA


APRESENTADA” deverá constar de oito toques dentro dos padrões citados. OBS: Os
dizeres deverão constar tal como apresentados nesta parte do meio da folha de rosto.
Naturalmente, acima está citado “em cumprimento as exigências da matéria metodologia
da pesquisa”, porém, quando se tratar de outra matéria, então o nome desta outra matéria
sobre a qual a monografia for concernente, deverá substituir o nome da matéria enfocado
acima.

(05) Caso o aluno use máquina de escrever, o espaço final deverá constar de 2,5
centímetros entre a margem inferior (fim da folha em baixo) e a data 2000. No computador
deve-se usar os dois espaços (ou linhas) finais.

(05)FACULDADE TRANS-AMERICANA DE TEOLOGIA - FASTE


ANO 2000
OBS: Caso o aluno tenha dificuldades com estas medidas citadas, pelo
menos deverá apresentar as monografias, aproximadas o mais possível dentro do padrão
citado.
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O ÍNDICE

No índice o aluno deve expor todas as divisões que consta a monografia, tal como
encontramos em qualquer livro. Geralmente o índice, apesar de ser a primeira folha, após a
folha de rosto, deverá ser escrito após o aluno fazer todo o trabalho, porque nele deve
constar o número da folha em que começa cada capítulo. Segue um exemplo abaixo do
índice da monografia que segue em anexo :

ÍNDICE

INTRODUÇÃO..............................................01

O DESCRÉDITO A TEOLOGIA.................................02

O HOMEM COMUM: O ERRO DOS FILÓSOFOS E DA TEOLOGIA.......04

OS PORTAIS DA VIDA RELIGIOSA FECHADOS DEFINITIVAMENTE...06

CONCLUSÃO...............................................08

BIBLIOGRAFIA............................................09

A INTRODUÇÃO

Caso o aluno ache por bem escrever logo de início a introdução de sua monografia, poderá
faze-lo sem maiores problemas, desde que tenha em mente praticamente o conteúdo
daquilo que irá desenvolver sobre o assunto. Em si mesmo, esse método não está errado, é
possível que um autor escreva a introdução de seu livro antes de escrever os seus capítulos,
porém, o ideal é deixar a introdução para ser escrita por último, porque nela o aluno poderá
comentar o geral daquilo que escreveu nos capítulos, além é claro, de ficar muito mais fácil
introduzir um assunto depois que se conhece tudo o que nele consta. Assim, a direção da
FASTE recomenda, para a própria facilidade do aluno, que o mesmo ao escrever uma
monografia comece imediatamente escrevendo cada capítulo, para que, por último, a
introdução fique bem mais fácil de ser escrita e de ser entendida por quem a ler. Um típico
exemplo de uma introdução escrita como última etapa de um trabalho monográfico
encontra-se na introdução da monografia em anexo. Apesar de colocarmos esta posição,
fica a critério do aluno decidir se deve ou não começar uma monografia escrevendo logo de
início a introdução. Somente primamos para o método de deixar a introdução ser escrita
por último, porque é mais lógico e fácil. Em nossa avaliação estaremos considerando a
lógica da introdução em relação aos capítulos da monografia. Na introdução deverá constar
o que contém os assuntos de cada capítulo. Geralmente o aluno ao escrever uma
monografia, ao começar pela introdução, ele gasta mais tempo, porque ainda não sabe na
íntegra todo o seu desenrolar; entretanto, quando os capítulos já estão prontos, a introdução
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rapidamente acontece porque será apenas um comentário daquilo que já está escrito. Nas
palavras escritas em uma introdução para abordar o assunto que escreveu, o aluno poderá
usar as seguintes expressões:

- “Na primeira parte desta monografia procuramos abordar...”


- “Na segunda parte enfatizamos...”
- “Por último em nossa conclusão...”
- “No primeiro capitulo desta monografia escrevemos sobre...”
- “No segundo capítulo procuramos expor...”
- “Finalizamos com nossa conclusão com uma análise pessoal sobre...”

Apesar das citações acima, o aluno poderá, caso queira, usar suas próprias palavras de
introdução.

A DISCUSSÃO

A discussão é o conteúdo ou o meio da monografia. A quantidade de capítulos depende do


aluno. Não existe um número obrigatório de capítulos. Para construir essa discussão, o
aluno deverá ler o texto a ser avaliado, sublinhar as partes que achar importante ou que lhe
venha chamar a atenção, e interpreta-las, e por fim, fazer uma análise crítica. Nos módulos,
para facilitar o aluno, transcrevemos os textos originais dos autores que achamos de grande
valia para serem comentados. No estudo anterior, no curso de bacharel, o aluno respondeu
à perguntas sobre a matéria dada, porém, num estudo de graduação, equivalente ao quarto
grau, no mestrado por exemplo, as provas não são feitas através de perguntas, e sim, através
de discussão ou dissertação sobre a matéria em pauta. O objetivo é levar o aluno a pensar.
Por isso, o aluno deverá usar a sua capacidade crítica de avaliação. O seu comentário
poderá ser aprovativo ou não, ao escrever os capítulos da parte discursiva de sua
monografia. O verbo que o aluno empregar em sua análise, deverá ser sempre na primeira
pessoa do plural (nós), jamais usando a primeira pessoa do singular (eu). O aluno deverá
dar nomes aos capítulos que escrever. Naturalmente, o título do capítulo deverá ter estreita
relação com o texto em pauta. A quantidade de folhas para cada capítulo deverá ser o
mínimo de uma página. Cada capítulo deverá sempre começar numa nova folha. Por
exemplo: Se aluno terminou de escrever um capítulo e este termina na metade da folha, o
outro capítulo deverá constar na página seguinte, jamais na mesma página onde terminou o
anterior (ver exemplo na apostila em anexo). Para melhor entendimento do aluno, vejamos
um exemplo abaixo na monografia em anexo, de onde o autor primeiro separou uma parte
do texto, em segundo lugar fez a análise (o comentário) e deu o nome ao capitulo:

“...Se nos reportarmos aos tempos em que a vida


religiosa florescia em seu máximo vigor, encontramos uma
convicção fundamental que agora não mais partilhamos e
em virtude da qual vemos fecharem-se para nós de uma vez
por todas os portais da vida religiosa: refere-se a
natureza e ao comércio com ela. Naqueles tempos ainda
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não se sabe nada de leis naturais; nem para a terra nem


para o céu há um ‘ter-de’; uma estação do ano, o brilho
do sol, a chuva, podem vir ou deixar de vir. Falta, em
geral, todo conceito de causalidade natural...”

Nieztche, definitivamente rompeu com qualquer princípio de


sentimento religioso. A vida religiosa agora lhe enoja e lhe
causa asco. A mentira ilusória de que agora, alienado a
qualquer tipo de religiosidade, passa a ser um espírito
superior’ – ‘espírito livre’, cheio da ‘verdadeira verdade’
passa a nortear seus delírios de grandeza e poder. A vida
comum não lhe interessa mais – Deus é morto pelos seus
conceitos, o bem não é natural, não há mais compromisso com a
eternidade – com o céu e a terra nada ‘tem-de’. Com certeza
falta em geral, sanidade nos conceitos nieztchianos.

O autor em sua análise crítica acima deu o seguinte nome para o título: OS PORTAIS DA
VIDA RELIGIOSA FECHADOS DEFINITIVAMENTE. Podemos reparar que o autor ao
ler o texto do filósofo Nieztche, separou aquela parte que lhe chamou a atenção,
transcreveu o texto e fez o seu comentário. O aluno deverá fazer o mesmo em sua
discussão monográfica. O aluno poderá transcrever dentro de um capítulo quantas partes
achar necessário, desde que, em seu comentário crítico, tenham estreito relacionamento
umas com as outras. Outro fator a ser reparado nos trechos transcritos são as reticências no
começo e no final da parte do texto que se separa e o modo compacto de separa-lo em
destaque para que seja logo identificado como uma citação de um autor. Este aspecto
compacto deve constar de uma margem fixa a partir de oito a dez toques da margem
esquerda da folha. Assim sendo, sempre que o aluno separar um trecho no meio de um
texto deverá usar as reticências no começo e no final, sendo usado também as aspas (“ ”)
para grifar a parte selecionada.

A CONCLUSÃO

Geralmente a conclusão de uma monografia é um resumo de tudo que foi escrito com a
opinião pessoal do aluno, que expressa seu comentário final, que pode ser de caráter
aprovativo ou negativo. O aluno, com certeza, não irá encontrar dificuldades ao construir
sua conclusão, já que depois de se ter analisado e interpretado as partes do texto, a visão
final conseqüentemente já deve estar em mente.

BIBLIOGRAFIA: Ver exemplo na Monografia em anexo.

A MONOGRAFIA EM ANEXO: (Monografia Para Servir de Exemplo Para as Demais)

A monografia que o aluno irá ler agora, foi uma escolhida pela direção da FASTE, que
obteve nota 10. O aluno deverá ler e analisar a habilidade do autor ao lidar com o texto.
Após a monografia, segue em anexo também um texto em que aluno deverá ler, avaliar e
construir a sua própria monografia como seu primeiro trabalho do curso de mestrado.
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TRABALHO DE METODOLOGIA DA PESQUISA

Por

José de Souza

Monografia apresentada
em cumprimento às exigências
da matéria metodologia da pesquisa,
do curso de mestrado em teologia,
área: Ciências Sociais da Religião,
ministrada pela FASTE

FACULDADE TRANS-AMERICANA DE TEOLOGIA - FASTE


ANO 2000
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INDICE

INTRODUÇÃO...............................................01

O DESCRÉDITO A TEOLOGIA..................................02

O HOMEM COMUM: O ERRO DOS FILÓSOFOS E DA TEOLOGIA.......04

OS PORTAIS DA VIDA RELIGIOSA FECHADOS DEFINITIVAMENTE....06

CONCLUSÃO................................................08

BIBLIOGRAFIA.............................................09
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INTRODUÇÃO

O homem comum é o alvo das críticas de Nieztche que o ataca


com impiedade gigantesca, ao relegar as interpretações tanto
da filosofia quanto da teologia. Naturalmente, muitas vezes
a filosofia parte da análise do homem natural para fazer
fluir os seus conceitos, enquanto que,a teologia vê algo de
eterno no homem, e parte de uma análise espiritual numa
linguagem metafísica-religiosa para as suas conclusões sobre
a complexidade humana. Nieztche em sua avaliação da
humanidade, tanto do ponto de vista filosófico quanto
teológico, não poupa terríveis farpas pontiagudas ao homem
natural, que ao seu ver está (ou sempre foi) aniquilado por
uma existência inferior. Em sua obra Humano, Demasiado
Humano, fica bem estampado o seu questionamento dos valores
do homem, quando demonstra mórbida aversão a tudo que possa
lembrar Deus tal como a teologia no-lo apresenta. Procuramos
dividir esta monografia em três partes, sendo a primeira uma
ênfase ao descrédito nieztchiano pela teologia. Na segunda
parte foi enfocado o homem comum como o erro da análise tanto
dos filósofos como dos teólogos. Na terceira e última parte
foi abordado o rompimento definitivo de Nietzche com a vida
religiosa. Naturalmente, procuramos encontrar o mesmo tom
usado por Nieztche para o contestarmos numa análise de suas
próprias palavras. Com efeito, reconhecemos sua grande
capacidade intelectual inquestionável, porém a discórdia
aconteceu em face do seu negativismo humanista.
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O DESCRÉTIDO A TEOLOGIA

Nietzche deixa bem descortinado em seus escritos sua aversão


a teologia – não a considera como digna de alguma coisa
louvável. Somente a crítica exacerbada aos princípios
teológicos trarão, a seu ver, alguma luz aos “espíritos
inferiores”, os limitados pela fé em Deus.

“...De fato, eu mesmo não acredito que alguma vez alguém


tenha olhado para o mundo com uma suspeita tão profunda,
e não somente como ocasional advogado do diabo, mas
também, para falar teologicamente como inimigo e
litigante de Deus”

Suas palavras não poupam profundas alfinetadas a um mundo


onde os homens andam pelos princípios da fé no criador, não
acreditando que alguém tenha alguma vez olhado para o mundo
dentro de uma perspectiva negativista – tal como ele o faz
estampadamente como inimigo de Deus.

“...Não se pode desvirar todos os valores? E bom é


talvez mau? E Deus apenas uma invenção e refinamento do
diabo? É talvez tudo, no último fundo, falso? E se
somos os enganados, não somos por isso mesmo também
enganadores? Não temos de ser também enganadores?”

Pelo modo como Nietzche aqui enfatiza as suas palavras


escoimadas de alergia aos valores normais, ele se revela,
por pretensão descabida, digno de desnortear a verdade que é
Deus. Deus, em sua opaca concepção, é uma invenção que homem
achou necessário idealizar, e que, com isso, os homens foram
enganados, e, se assim aconteceu, então por que ele mesmo não
poderá ser um enganador? Todos os valores são demasiados
humanos, em seu entendimento, e por isso o bom e o mau
concebido pela experiência humana não tem realmente os seus
valores reais. Neste ponto, blasfema contra o Criador e
atribuindo-lhe ser uma realidade última, porém, realidade
falsa. Se torna vítima que sofreu o engano de uma
invencionice, e que por isso tem o direito de também falsear
o verdadeiro em nome de um crime de mentira no qual lhe
transmitiram um dia quando lhe afirmaram a existência de
Deus. Tudo faz crer que o desvairado e lúgubre espírito
nieztchiano não tem mais noção da necessidade humana da fé e
se delicia no vômito da incredulidade.
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“...e quanto de doença se exprime nos selvagens ensaios


e excentricidades com que o que se livrou, o libertado,
procura doravante demonstrar seu domínio sobre as
coisas! Ele ronda cruelmente, com uma cupidez
insatisfeita; o que ele pilha tem de pagar pela perigosa
tensão de seu orgulho; ele estraçalha o que o atrai.
Com um riso maldoso ele revira o que encontra encoberto,
poupado por alguma vergonha; ensaia como seria o aspecto
dessas coisas quando viradas no avesso é arbítrio, se
talvez ele dispensa agora em seu favor ao que até então
tinha má reputação...”

Percebemos que Nietzche considera doença os conceitos dos


pensadores, dos quais, ele, a seu próprio ver, o libertado,
os rejeita in totum, garantindo assim os “louros” da
conquista filosófica. Naturalmente, aqui se estabelece a
mediocridade sem limites, de um negador dos valores
teológicos.
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O HOMEM COMUM: O ERRO DOS FILÓSOFOS E DA TEOLOGIA

Podemos observar que, de uma lógica natural, os filósofos


partem de uma análise do espírito humano para criar os seus
valores filosóficos, no entanto, Nieztche, desdenha este
ponto de partida dos filósofos e lança a descrédito suas
interpretações do homem.

“...Todos os filósofos têm em si o defeito comum de


partirem do homem do presente e acreditarem chegar ao
alvo por uma análise dele. Sem querer, paira diante
deles, ‘o homem’, como uma ‘aeterna veritas’, como algo
que permanece igual em todo o torvelinho, como uma
medida segura das coisas. Tudo o que o filósofo enuncia
sobre o homem, entretanto, nada mais é, no fundo, do que
um testemunho sobre o homem de um espaço de tempo muito
limitado. Falta sentido histórico é o defeito
hereditário de todos os filósofos; muitos chegam a
tomar, despercebidamente, a mais jovem das configurações
do homem, como tal surgiu sob pressão de determinadas
religiões, e até mesmo de determinados acontecimentos
políticos, como a forma firme de que se tem que partir.
Não querem aprender que o homem veio a ser, que até
mesmo a faculdade de conhecimento veio a ser...”

Sem nenhuma sensibilidade pelos valores da filosofia


encontrada nas palavras de pensadores que traduziram
conceitos a partir de uma análise do homem em sua humanidade,
Nieztche, num desmiolado descortinar de uma vã filosofia
pagã, ataca sem piedade os filósofos que nos transmitem
interessantes interpretações do humano, tal como é natural no
homem. Com isso, ele assina sua sentença de culpa diante do
que é racional e lógico.

“...A teologia inteira está edificada sobre o falar-se


do homem dos últimos quatro milênios como de um eterno,
em direção ao qual todas as coisas do mundo desde o seu
início tenderiam naturalmente. Mas tudo veio a ser; não
há fatos eternos: assim como não há verdades
absolutas.”

Com efeito a teologia se ocupa do homem e seu relacionamento


com o eterno, entretanto, o grande filólogo se acha no
direito de escarnecer o lado espiritual ou eterno da criação.
Niezche não concorda que o homem em sua eternidade possa ser
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o centro das atenções do filósofos. Naturalmente, diante de


um ateísmo que tem como princípio descartar qualquer tipo de
verdade que se apresente como absoluta, mesmo que esta
verdade seja a realidade imutável de Deus, era de se esperar
que este filósofo negativista, não pudesse enxergar qualquer
tipo de valor divino expressado pela teologia. Se endossarmos
tais palavras podemos chegar a conclusão que tudo é ilusão e
repudiável, menos o sentimento medíocre de “poder” que vamos
encontrar no contexto de suas palavras antinaturais.

“...ele (o homem) está tão firmemente implantado nas


paixões, na linguagem, na religião e em geral em tudo
aquilo que empresta valor a vida, que não se pode
extraí-lo sem com isso danificar irremediavelmente essas
belas coisas. São somente os homens demasiadamente
ingênuos que podem acreditar que a natureza do homem
possa ser transformada em uma natureza puramente
lógica...”

Dentro da clareza de suas palavras cheias de veneno a vida,


Nieztche se irrita ao constatar que o homem está ligado as
paixões e a tudo que se relaciona a vida, valorizando a
existência humana, vivendo nela e para ela. Este pensador de
mente cauterizada pelo obscuro e insensato sentimento de
estupidez, acusa de ingênuos todos aqueles que acreditam que
o homem possa ter uma natureza lógica ao dedicar-se a vida em
sua essência. Com certeza uma mente afetada pelas lesões do
ódio a natureza, a vida e ao homem natural, somente
poderíamos esperar que palavras desvirtuadas de bom senso
pudessem ser escritas através de mãos que nunca escreveram
para contribuir com algum valor humano.
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OS PORTAIS DA VIDA RELIGIOSA FECHADOS DE VEZ

Sem Deus, sem amor, sem “humanidade”, sem sentido, assim


segue Nieztche, menosprezando à sua frente tudo o que é
decente e moral. O culto religioso, que para muitos é uma
fonte de liberdade cheia de benefícios para o espírito
humano, encontra em Nieztche seu adversário mortal, seu
arquiinimigo por excelência. O que o homem valoriza como
sentimento altruísta, a filosofia nieztchiana nega e ainda
com orgulho se sobrepõe como se fosse uma atitude única a ser
praticada pelo homem.

“...Se nos reportarmos aos tempos em que a vida


religiosa florescia em seu máximo vigor, encontramos uma
convicção fundamental que agora não mais partilhamos e
em virtude da qual vemos fecharem-se para nós de uma vez
por todas os portais da vida religiosa: refere-se a
natureza e ao comércio com ela. Naqueles tempos ainda
não se sabe nada de leis naturais; nem para a terra nem
para o céu há um ‘ter-de’; uma estação do ano, o brilho
do sol, a chuva, podem vir ou deixar de vir. Falta, em
geral, todo conceito de causalidade natural...”

Nieztche, definitivamente rompeu com qualquer princípio de


sentimento religioso. A vida religiosa agora lhe enoja e lhe
causa asco. A mentira ilusória de que agora, alienado a
qualquer tipo de religiosidade, passa a ser um espírito
superior’ – ‘espírito livre’, cheio da ‘verdadeira verdade’
passa a nortear seus delírios de grandeza e poder. A vida
comum não lhe interessa mais – Deus é morto pelos seus
conceitos, o bem não é natural, não há mais compromisso com a
eternidade – com o céu e a terra nada ‘tem-de’. Com certeza
falta em geral, sanidade nos conceitos nieztchianos.

“...O cristianismo, por sua vez, esmagou e alquebrou o


homem, e o mergulhou como que em um profundo lamaçal:
então, no sentimento da total abjeção, fazia brilhar de
repente o esplendor de uma piedade divina, de tal modo
que o surpreendido, aturdido pela graça, lançava um
grito de embevecimento e por um instante acreditava
carregar o céu inteiro sobre si. Sobre esse doentio
excesso de sentimento, sobre a profunda corrupção de
cabeça e coração necessária para isso, atuam todas as
invenções psicológicas do cristianismo: ele quer
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aniquilar, alquebrar, aturdir, inebriar, ele só não quer


uma coisa: ‘a medida’e por isso é, no sentido mais
profundo, bárbaro, asiático, sem nobreza, não grego.”

O cristianismo, por sua vez, torna-se culpado e esmagador do


homem, que segundo Nieztche, é razão no aniquilamento humano
e do lodo em que afundara todos aqueles que nele creram.
Pelo ponto de vista natural, o cristianismo foi benéfico,
humanizou o bárbaro e deu alma a uma civilização dotada de
crueldades e corrompida pelo ódio. O cristianismo levou o
amor, a paz e a tolerância. Quando aconteceu o contrário, o
culpado foi o cristão desvirtuado da fé e não o cristianismo,
mas, parece que o filósofo não entendeu, e culpa os
princípios do cristianismo pelo sentimento de condolência com
os fracos o que Nieztche deixa bem claro, que é um sentimento
inferior. Nieztche conclui serem invenções psicológicas as
afirmações do cristianismo, somente esqueceu que foram essas
“invenções psicológicas” que mudaram o homem por dentro e
ainda hoje continuam sendo tão eficientes como do passado, ao
passo que suas palavras cheias de baboseiras inconcebíveis e
inebriadas de sórdido veneno pelo sentimento de ‘poder’ já
não convencem mais, ou se é que alguma vez convenceram
aqueles viveram um sentimento humano normal.
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CONCLUSÃO

De uma certa forma, independentemente de se concordar ou


não, Nieztche dos deu uma interessante visão do homem, mesmo
questionando os argumentos dos filósofos e teólogos. Cremos
que todo o aspecto ferino de suas palavras tenha sido fruto
de uma experiência pouco feliz com a vida e com o ser humano
a sua volta, e sendo assim, ele faz transparecer toda a sua
revolta indomável cheia de aversão a vida e ao próprio Deus.
Nieztche em sua filosofia é um tanto intrínseco, esquisito e
difícil para uma lúcida compreensão. Suas palavras são
admiradas, não pela sua profundidade ou beleza, mas, pela sua
coragem e pela forma com que as expõe. Ele é um gigante que
ao passar esmaga tudo aquilo que considera fraco e
aniquilado, porém, sem se dar conta que está praticamente
sozinho em seu mundo, ou no máximo, influenciando alguns que
também quiseram ou se fizeram de gigantes, mas que, por muito
alto que colocaram sua visão, não alcançaram mais a noção do
sólido chão a seus pés, e caíram num tombo fatal.
Chegamos então a uma conclusão com um questionamento a
cerca de sua interpretação da vida: Será que valeu a pena
denegrir tanto ao homem como a Deus? Será que o fraco
precisa ser aniquilado, extirpado de vez para que o homem
seja realmente homem? Será que os filósofos não estavam
corretos ao analisar a existência humana a partir do homem
comum? Será que a teologia não contribui para que o homem
tivesse noção de que tem uma alma? Se não tivermos também
uma visão espiritual do homem, sobra apenas o vazio, finito,
sem esperança dentro de cada ser humano. Talvez fosse por
isso que tanto procuramos refutar os pensamentos de Nieztche.
Não encontramos em suas palavras coerência para ajudar o
homem em seus valores, até mesmo nos mais simples. Fica ao
mesmo tempo a admiração e o lamento por uma filosofia rica em
palavras e coragem, porém, vazia de verdade e de tudo que é
coerente.
17

BIBLIOGRAFIA

NIEZTCHE, F. Humano, demasiado humano, Abril Cultural, 1983


18

TEXTO PARA TRABALHO MONOGRÁFICO

O texto abaixo transcrito aconteceu em um encontro no congresso em Dar es Salaam, na


Tanzânia, em 1976 com a presença de vinte e dois teólogos procedentes da África, Ásia e
América Latina. O tema foi sobre uma reflexão teológica nos países do Terceiro Mundo.
O texto foi extraído do livro “O Evangelho Emergente”, publicado pela Edições Paulinas
(organizadores: Sergio Torres e Virgínia Fabella). O texto em pauta, não é um texto
evangélico, é um texto ecumênico; refere-se a teologia na Ásia, enfatizando de certa forma,
a posição do Concílio Vaticano II com referência ao relacionamento do cristianismo com as
demais religiões:

“Se quisermos falar de um novo enfoque teológico e de uma nova visão da Igreja da Índia,
temos que compreender a realidade da Índia e dentro dessa realidade interpretar o papel e a
função da Igreja.
É a Índia o berço de grandes religiões que são antigas, vivas e contam numerosos
seguidores.
A Índia se acha num processo de libertação e desenvolvimento, ansiando por caldear esta
vasta população numa nação bem integrada e criar uma sociedade justa e humana.
Conseqüentemente, ao falarmos de uma nova teologia precisamos fazer inventário do
universo indiano em termos de antigas tradições religiosas e do empenho moderno pelo
desenvolvimento. Estes dois fatores são dois sinais dos tempos, entre muitos outros.
Temos, assim, que reconhecer neles a presença de Deus, discernir os desígnios de Deus
para os nossos tempos e deduzir claramente como a igreja deve preencher nesta situação a
sua missão profética.
Estes dois fatores são as duas principais realidades da Índia, as duas fontes da teologia.

Compreensão teológica das tradições religiosas

Queremos, primeiramente, considerar o ensino autêntico do Vaticano II sobre as grandes


tradições, seu pleno alcance e suas implicações. Em seguida levaremos em conta os
progressos subseqüentemente feitos pelo Seminário Teológico de Bombaim (1964), pelo
Simpósio Sedos de Teologia, em Roma (1969), pelo congresso Teológico de Nagpur
(1971). Destes, o mencionado por último fez o maior avanço, e isso em terreno firme; sua
declaração é compreensiva e criadora.

1. A revelação e a realização do plano universal de Deus para salvar o gênero humano


são mais antigas que a igreja; são mais amplas que a estreita, linear e limitada
história judeu-cristã de quatro mil anos. Conquanto seja único o seu papel, embora
ocupe um lugar especial nesta história da salvação e tenha a plenitude dos meios de
salvação, não pode a igreja limitar e nenhum tempo ou espaço a presença salvífica
de Deus, nem exaurir a ação salvadora de Cristo através do seu Espírito. A
presença e a ação do Cristo cósmico, Senhor do universo, Salvador da humanidade,
Mestre da história humana, norma e juiz da existência humana são universalmente
operativas e eficientes no tempo e no espaço e, por conseguinte, anteriores a
fundação da igreja institucional por Cristo e fora dela também hoje. Devem-se,
19

assim, encarar as religiões do mundo e as realidade da ordem temporal como


incluídas no universal plano salvífico de Deus e sua realização histórica.
Conseqüentemente, a relação entre a igreja e as outras religiões não pode mais ser
de branco e preto, verdade e erro, bom e mau, salvação e condenação, Deus e o
demônio; não pode ser uma relação de contraste e oposição, mútua exclusão e
agressão, com vistas à conquista, à subordinação ou a proselitização.
É e deve ser uma relação positiva, de mútua compreensão e estima, respeito e confiança,
diálogo e cooperação. Numa palavra, o confronto deve ceder o passo ao diálogo. Essa
atitude dialógica deve resultar em uma nova visão de um único mundo criado pelo Deus de
amor, recriado pela obra redentora de Cristo, plenificada e guiada pelo seu Espírito. Deve
também exprimir o reconhecimento da universal presença e ação de Deus através do
Espírito de Cristo no mundo e na história, em outras religiões e povos religiosos.

2. Uma vez que as outras religiões não devem ser contrapostas à igreja e sim entendidas e
avaliadas com referências a ela, não mais podemos designar essas religiões com os nomes
de “pré-cristãs” ou “pró-cristãs” – e muito menos “não-cristãs”. Estas três expressões
dizem, de um modo ou de outro, que elas não são ou ainda não são “cristãs”.
Reconhecemos, pelo contrário, que Cristo, como Senhor do universo e Salvador de toda a
humanidade está presente e ativo no seio de todos os povos, religiões, realidades, tempos e
lugares. Por isso o certo seria considera-las como “cristãs” de algum modo. Por dois
motivos não podemos, contudo, chamá-las de “cristãs”. Primeiramente porque desse modo
não poderemos distinguir terminologicamente o Cristianismo de outras religiões. Em
segundo lugar, as outras religiões não gostariam de ser chamadas de “cristãs” e perderem
assim a sua identidade; isto poderia ser um insulto no outro extremo. Decidimos, pois,
chamá-las simplesmente “as religiões”, “as religiões do mundo” (Seminário de Bombaim)
e “as grandes religiões da humanidade” ou “as tradições religiosas da humanidade”
(Congresso de Nagpur)

3. A declaração de Nagpur reconhece corretamente nas outras religiões a presença ativa de


Cristo e diz que o mistério de Cristo é operativo nelas como uma realidade. Nelas vemos,
em ação Cristo e sua graça. Um inefável mistério, centro e fundamento da realidade e da
vida humana, está sob diversas formas e maneiras ativo em todos os povos do mundo e
confere o sentido último à existência e às aspirações humanas. Este mistério, a que se dá
diversos nomes, mas que nome algum pode representar adequadamente, revela-se e
comunica-se definitivamente em Jesus de Nazaré. Como existe uma providência universal
que conduz todos os homens ao seu supremo destino e como a salvação não pode ser
alcançada só pelo esforço do homem, mas requer a revelação divina, a autocomunicação de
Deus não se confina à tradição judeu-cristã: estende-se a todo gênero humano de diversos
modos e em diferentes graus dentro da única economia divina.

O Vaticano II nos oferece a base para a formulação acima: “Essas religiões...não raro
refletem um raio daquela verdade que ilumina todos os homens”, a saber, de Cristo,
caminho, verdade e vida. Se somos cristãos, conhecemos o Cristo; podemos e devemos
também reconhecer o Cristo onde quer que ele esteja. Se somos realmente cristãos não
contestaremos esse reconhecimento. Por isso é que nos pedem, pelo próprio fato de sermos
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cristãos, de “no testemunho da fé e vida cristã, reconhecermos, preservarmos e


promovermos os bens espirituais e morais encontrados entre esses homens, bem como os
valores de sua sociedade e sua cultura”
A realidade do vínculo com o mistério pascal – o evento do Cristo salvífico – “vale não só
para os cristãos mas para todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça
trabalha de modo invisível. Porque, uma vez que Cristo morreu por todos os homens, e
uma vez que a vocação suprema do homem é, de fato, única e divina, devemos crer que o
Espírito Santo, de um modo que só a Deus é conhecido, oferece a todo homem a
possibilidade de se associar ao mistério pascal”
De um modo invisível trabalha a graça de Cristo nos corações humanos; de um modo só
conhecido por Deus – desconhecido de nós, portanto – o Espírito Santo associa o povo ao
mistério pascal.
“Mercê de sua graça...também podem alcançar a salvação eterna os que sem culpa
desconhecem o evangelho de Cristo ou a sua Igreja” (Lúmen Gentium nº 16)
Baseando-se nas declarações acima exaradas eis o que concluiu o Decreto Sobre as
Atividades Missionárias com referência à evangelização: “Deus, de maneiras a ele
conhecidas, pode conduzir os que sem culpa ignoram o evangelho àquela fé sem a qual é
impossível agradá-lo (Hb 11,6). (Ad Gentes nº 9). Deus está presente e já em atividade no
povo antes que o evangelho seja pregado; essa universal presença ativa de Cristo é
expressada pelos Padres como semina verbi, ou “as sementes da Palavra”; Deus conduz o
povo à fé não só através da pregação do evangelho, mas já por intermédio das sementes da
palavra.
“O Espírito Santo, que chama todos os homens a Cristo pelas sementes da palavras e pela
pregação do evangelho, desperta nos seus a obediente aceitação pela fé” (Ad Gentes, nº 15)

4. Não basta dizer que Cristo está ativamente presente neles: temos que deduzir de que
maneiras essa presença se torna realidade. As tradições religiosas podem ser definidas
como ‘qualquer conjunto de crenças e práticas que incorporam os supremos valores do
homem, e às quais ele se entrega com fé e com a esperança de encontrar por meio delas a
sua plenificação final’. Tendo corpos e vivendo em sociedade podem as pessoas entrar em
contato com Deus e corresponder a ele, e deste modo só alcançam a salvação através dos
fenômenos históricos-sócio-religiosos ‘no contexto de suas tradições religiosas’. Por outras
palavras, as crenças e práticas devem originar-se de Deus. Logicamente concluímos daí
que a realidade da revelação é possível nas suas situações religiosas e de vida; a sua
Escritura deve ser inspirada deste ou daquele modo (analogicamente, pelo menos), e as suas
práticas religiosas (e.g. as samaskaras no Hinduismo) podem ser meios visíveis de
salvação: devem-se conceder e reconhecer neles, num sentido ou outro, a revelação, a
inspiração e a salvação se nos abrirmos às declarações do Vaticano II e somos coerentes
com elas. É o que afirmamos em Nagpur: ‘As diversas escrituras e ritos sagrados das
tradições religiosas do mundo podem ser, em graus diversos, expressões de uma divina
manifestação e serem úteis à salvação’. O relatório do seminário sobre o tema foi mais
categórico na sua declaração: ‘expressão da divina revelação e meio de salvação’.
Podemos travar intermináveis discussões sobre a diferença entre ‘manifestação’ e
‘revelação’ divina, entre ‘meios (ambientes) de graça’, ‘ocasião de garça’, ‘canais de graça’
e ‘meios (instrumentos) de graça’, entre ‘samaskaras’ e ‘sacramentos’. Semelhantemente
podemos de bater o caráter ambíguo e os defeitos inerentes das estruturas, sinais e
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formulações de uma religião. Em todo caso, a nossa presente incapacidade de formulá-las


devidamente não é razão para negar-lhes a realidade da ação salvadora de Cristo através
dos seus fenômenos sócio-religiosos.
(...) O importante é como compreender e formular, contra este fundo, a originalidade e
unicidade da igreja, e como achar expressões para isto nas estruturas e instituições
eclesiásticas, no seu estilo de vida e diferentes atividades, mormente na evangelização e
desenvolvimento. Analogamente, a motivação missionária que antes se baseava no fato de
que os seguidores de outras religiões não se salvavam e que as religiões deles não podiam
ser meio de salvação deve agora encontrar sua fonte de inspiração no fato de que a graça
salvífica de Cristo é operativa neles. Isto está formulado na Declaração de Nagpur do
seguinte modo: ‘Isto não mina de modo algum a unicidade da economia cristã, à qual foi
confiada a palavra decisiva proferida por Cristo ao mundo e o meio de salvação por Ele
instituído’. E prossegue: ‘Reconhecer a relação positiva das tradições religiosas da
humanidade para com Cristo, de modo algum diminui a urgência da missão cristã; é ela,
pelo contrário, reconhecida como mais cheia de sentido, mais humana e mais universal’ e
mais necessária. Porquanto ‘comunica o conhecimento explícito de Cristo e uma união
mais profunda com ele, que é o evento central na história da salvação. A evangelização é
necessária porque a comunidade cristã, sendo realmente universal e não amarrada a
qualquer cultura, raça ou nação, é um fator indispensável de paz e prosperidade no mundo,
compreensão entre os povos e justiça universal. A evangelização é, assim, a expressão da
fraternidade cristã que comunica aos outros o que foi confiado à igreja para ser repartido
com todos os homens’. Deste modo a igreja se pões totalmente a serviço das urgentes
necessidades da humanidade, em obediência a Cristo que veio servir e não ser servido.
Finalmente, é necessária a evangelização ‘porque a história humana não é um simples
progresso horizontal: contém uma dimensão escatológica de que o cristão é o ministro’.
(...) Por isso o Papa Paulo VI reafirmou que o reconhecimento de que Deus tem outros
meios de salvar as almas fora do cone da luz – isto é, da revelação e da salvação – por ele
projetado sobre o mundo, não autoriza os filhos da luz a deixar a Deus o desdobramento
dessa economia secreta de salvação, e abandonar os esforços pela propagação da luz.
À vista disto, o Congresso Teológico de Nagpur empreendeu com desassombro e seriedade,
uma discussão decisiva sobre a evangelização. Fazendo-o permaneceu, por uma parte, fiel
ao ensino autêntico do Vaticano II, de um modo dinâmico e criador; e por outra inventariou
o contexto do pluralismo religioso na sociedade.”

OBS: O aluno da Faculdade Sul-Americana de Teologia tem em mãos um texto polêmico


para a sua avaliação crítica. O mestrado em Ciências Sociais da Religião não pode deixar
de lado a visão teológica globalizada dos grandes encontros teológicos, sejam evangélicos
ou não. O aluno não está fazendo um ‘cursinho bíblico’, o aluno está num curso teológico
de nível superior, num mestrado em teologia, sendo assim, todas as informações para a sua
avaliação crítica (aprovativa ou não) são necessárias. Desejamos que o aluno faça uma
excelente monografia.

FASTE
C. Postal 74007
Itaguaí – RJ CEP 23801-970

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