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Apresentacao.. Primeiras palavras .. Delimitagao da area. ewe Zonas Especias de Iteesse Social (Zes) Estudos para etura da vulneabldade soca urbana Participagao.. Conhecer 0 territério. Por dentro da comunidade .. Conhecimento da area de intervengao (Microarea ou poligonal) Cartogratia Vetorizagéo Numeraggo ou selagem Pesquisa socioeconémi Diagnéstico Rapido Urbano Participativo (Drup) Preparagé Levantamento em campo 29 Processamento e sistematizagao final os dados. 31 Produtos do DRUP 32 Pesquisa das associages da sociedade civil Identificacao das organizagdes 6 Realizacao da pesquisa, 7 Mapeamento do mercado de trabalho 40 Panorama Grupos focais, Indicagao dos cursos . Dados ¢ resultados Estudo .. Investir no planejamento Projeto de Trabalho Social (PTS) .. Planode Desenvolvimento Socioterritorial (PDST) Produtos do Trabalho Social Glossario Siglas ... A partir da ultima década, com 0 Programa de Aceleragdo do Crescimento (PAC), em 2007, ¢ 0 Programa Minha Casa, Minha Vida, em 2009, passamos a vivenciar um contexto de expressivo crescimento do volume de investimentos federais no setor habitacional e o consequente aumento dos investimentos no Trabalho Social em projetos habitacionais e de urbanizagao de assenta- mentos precérios Diante dos desafios da produgao habitacional em larga escala para familias de baixa renda, o Trabalho Social coloca-se, cada vez mais, como um componente estratégico, visando promover a participagdo social, a melhoria das condigdes de vida, a efetivagao dos direitos humanos dos benefioiérios e a sustentabilidade das interveng6es habitacionais. © Trabalho Social com as familias beneficiadas pelos projetos ~ componente obrigatério das in- tervengdes habitacionais - ganha reconhecimento e visibilidade, envolvendo varias agées, que se iniciam antes da obra e continuam apés a mudanca dos moradores. Pode-se afirmar que ha um reconhecimento consolidado sobre a necessidade de 0 Trabalho Social ser realizado em suporte as familias beneficiadas € como condigdo para sustentabilidade dos programas habitacionais, Contudo, percebe-se a necessidade de aprimorar metodologias ¢ instrumentos que permitam atu- ar na escala da proviso habitacional hoje promovida, além de maior investimento no conhecimento do territorio, sua conexéo com o restante da cidade, a necessidade da intersetorialidade da inter- vengao € ampliagao do seu campo de agao e abrangénoia ‘A publicagao de manuais de orientagdo, dentre os quais 0 presente documento, intitulado “Traba- tho Social em Programas € Projetos de Habitagao de Interesse Social’, insere-se na estratégia do Ministério das Cidades para promover o fortalecimento @ a ampliacio do repertério de metodolo- gias sociais a serem aplicadas nas intervengdes decorrentes de seus programas. Este conjunto de publicagées foi elaborado com 0 apoio da Alianga de Cidades e a colaboragao do Projeto de Apoio Técnico e Social, financiado pelo Governo da Italia, 0 qual ter como entidade executora a Fundagéo AVSI, que, em conjunto com a equipe da Secretaria Nacional de Habitagao, sistematizou suas praticas mais relevantes, adaptando-as para que pudessem servir como referéncia metodolégica para os programas de habitagao de interesse social em escala nacional, contibuindo para avancos na melhoria da qualidade do Trabalho Social na politica habitacional brasileira Inés Magalhaes Secretaria Nacional da Habitacdo do Ministério das Cidades 3 Manual Metodolégico e Pratico - Conhecimento e Planejamento Integrados faz parte do kit tematico Trabalho Social em Programas e Projetos de Habitagao de Interesse Social. Este material foi desenvolvido com base na experiéncia da Fundacao Avsi? no Brasil, a partir da parceria do Ministerio das Cidades com a Alianga de Cidades, ¢ 0 apoio da Cooperagao Italiana. ‘A Avsi atua hd 30 anos em programas de urbanizagao de assentamentos precaiios no pals. Em seu trabalho, a fundacéo sempre teve como ponto de partida a visdo de que a cidade deve ser capaz de oferecer servigos necessérios para o desenvolvimento integral das pessoas, buscando também a Integragao entre a cidade formal e a informal. As cidades, cada vez mais, tém miultiplos desafios para conseguir oferecer servigos adequados ‘a0 desenvolvimento integral dos seus habitantes. Entre eles estao: a garantia da qualidade de vida; a capacidade de se adaptar aos processos de migragao; ser sustentavel; ¢ ainda preservar aidentidade cultural Para enfrentar tais desafios, € necesséiria uma abordagem ambiciosa, em escala ampla e multisse- torial. Isso implica superar a ideia de que a urbanizagao é um elemento setorial. E preciso reforgar a capacidade de estimular a participagao de outros atores publicos privados de forma articulada no terttério Nessa viséo de cidade, 0 desenvolvimento social ¢ 0 urbano devem ser pensados conjuntamente, promovendo uma forte integracao das agées de infraestrutura basica e de habitagao com oferta de servigos essenciais & populago, como educagao, satide, assisténcia social, formagao e trabalho, acesso & energia, ambiente, cultura e seguranga. 3A Fundagao Avsi é uma organizagao néo governamental (ONG) sem fins luerativos, com sede na Ita e filial no Brasil cuja missao é apoiar 0 desenvolvimento humano nos paises em desenvolvimento, com atengfo especial A educagdo e a [promogao da dignidade da pessoa em todas as suas expressdes. Esté presente em 8 paises, sendo que no Brasil iiciou seus trabalnos em 1982 4 Estudos realizados pela AVSI*, com o objetivo de entender as relacdes entre algumas das varidveis mais significativas para 0 patriménio local (moradia, trabalho e renda, satide, educagao, familia e organizagao comunitéria), mostraram que, para a melhoria da qualidade ca habitacao, é necess4- rio fortalecer, de forma integrada, agdes de geracao de renda, oportunidade de trabalho estavel, melhoria da escolarizacao dos adultos (especialmente das mulheres) e redugéo do analfabetismo. Esses estudos apontaram que a melhoria da qualidade da casa esté estreitamente ligada a varios outros aspectos de desenvolvimento. Por isso, além das intervengdes que buscam a redugao da pobreza e a moradia digna para a populacdo, também é preciso investir em outros aspectos para que os beneficios habitacionais sejam mantidos. Com essa visao integrada, € possivel evitar 0 dascuido da casa por parte dos beneficidrios Nessas trés décadas de atuagao no Brasil, a AVSI esteve focada em areas urbanas de grande pobreza de diferentes capitais (Regidio Metropolitana de Belo Horizonte - MG, Salvador - BA, Re- gi8o Metropolitana de Recite - PE). Os trabalhos sempre buscaram a construgao de projetos de desenvolvimento urbano em macroareas, com a intengao de fortalecer 0 seu componente social, As experiéncias acumuladas nesse periodo se basearam na necessidade de se pensar novas metodologias para: i) conhecimento e planejamento integrado; i) execugao direta de agdes sociais (destaque para fortalecimento da sociedade civil e geragao de trabalho e renda); e ii) estratégias interinstitucionais para garantir que o desenvolvimento urbano seja parte de um processo mais amplo e articulado com outros atores publicos e privacios, buscando, assim, contribuir para o de- senvolvimento de pessoas na sua integralidade. Com Programa de Aceleragao do Crescimento (PAC), a partir de 2007, e o Programa Minha Casa, Minha Vida, ce 2009, os investimentos, executados e previstos em Trabalho Social em projetos ha- bitacionais e de urbanizacao de assentamentos precérios cresceram muito. Em 2012, foram R$ 1,5 bilhdo para a area, 0 que aumentou significativamente o nimero de intervengdes em todo o Pais. Assim, os municipios contam com diversos projetos sendo desenvolvidos em areas préximas, que, em geral, apresentam uma grande vulnerabilidade urbana e social. Essa proximidade de comuni- dades com niveis de pobreza seme- [5 Ihantes em um determinado territério facilta a adogdo de intervengdes em escala de macroa Por que atuar na macroarea © Atende um maior nimero de moradores, otimizando os re- cursos para Trabalho Social © Facilta @ intersetovialidade. Trabslhando em regides gran- des da cidade € mais provavel encontrar e se articular com ‘Ao longo da experiéncia de atuagao no setor, chegou-se a conclusdo de que um caminho efetivo na promogao do desenvolvimento local ¢ a valori- zagao das inimeras associagoes de pessoas (organizagées da sociedade civil) j& presentes na area. Elas esto programas @ servigos de outros setores * Promove o diglogo com a cidade, pois, por se trabelhar ‘em uma dimensao maior do territéro, torma-se necesséria uma leitura dé suas necessidades, considerando as inter- vengdes de caréter supralocal (mobilidade urbana, acesso 208 servigos, patrimonio ambiental, cultural, entre outros) engajacias em dar respostas concretas as necessidades ca populagao 4AYSI, 2004. Andlise Estatistica de Dados Socioecondmicos, Plano de Desenvolvimento Social e Ambiental do Programa Ribeira Azul TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL A atuagao do Estado tendo como interlocutor uma sociedade civil madura ¢ fortalecida gera uma parceria indispensavel para 0 desenvolvimento e, principalmente, para a sua sustentabilidade, bem como permite aleangar, através da irradiagao no territorio das entidades, pessoas situadas em lugares que as poltiicas piblicas, mesmo com seus avangos, ainda nao conseguem alcancar. ‘A geraco de trabalho e renda representa também uma instancia fundamental para a autonomia das pessoas, a0 mesmo tempo em que nao se pode ignorar que o beneficio de uma nova casa gera obrigagdes (prestagdes do imdvel, contas de agua e energia, entre outras). Isso implica a ne- cessidade de apoiar os moradores a terem condigées de assumir ¢ honrar os novos compromissos. Este manual € destinado Aqueles que levardo adiante esses desatios, construindo nos territorios, ‘com as comunidades, uma cidade capaz de promover o desenvolvimento local de forma sustentavel Com 0 propésito de auxiliar estados @ municipios a incorporar novas praticas, esta publicagao foi organizada em trés volumes tematicos: Conhecimento e Planejamento Integrados; Fortalecimen- to da Sociedade Civil e Geragao de Trabalho e Renda. Para melhor compreenséo da proposta, sugere-se a leitura do conjunto, pois so complementares entre si Neste volume, sdo apresentadas metodologias relacionadas ao conhecimento e planejamento integrados: Delimitagao da Macroarea; Participagao; Conhecimento da Area de Intervengao Fisica - cartografia, numeracdo, pesquisa socioeconémica, georreferenciamento e retrato socioeconémico; Diagnéstico Répido Urbano Participativo - DRUP; Pesquisa das Organizagées da Sociedade Civil; Mapeamento do Mercado do Trabalho; e Planejamento - Projeto de Trabalho Social e Plano de De- senvolvimento Socioterntoral inclui uma ou mais areas de intervencdo fisica, proximas e seu entorno, com o qual tal(ais) rea(s) de intervengao interage(m) para acesso a servigos e equipamentos publicos, ao mer- cado de trabalho e a organizag&es sociais (comunitérias, ONGs e movimentos sociais). A macrod- rea é oterritério onde se concebe o plano de desenvolvimento socioterritorial e na qual se realiza o Trabalho Social mais abrangente ¢ de longo prazo. Mesmo que, inicialmente, o Projeto de Trabalho Social esteja focado somente na area de intervengao, gradualmente o Trabalho Social devera se apropriar da macroarea, elaborando diagnésticos de tal regio, assim como um plano de desenvol- vimento em articulagao com outros setores. Portanto, a macrodrea é a base para um planejamento voltado a atingir os objetivos ultimos da intervengao urbana, de desenvolvimento territorial e inclu- 840 social ¢ econdmica. A macroarea 6 uma regio relativamente homogénea de vulnerabilidades ¢ riscos sociais, que A delimitagao da macroarea idealmente sera realizada na fase inicial da intervengao, inclusive buscando economias de escala entre diversas intervengdes numa mesma regiao. Entretanto, 6 facultado aos executores delimité-la durante a propria intervengao, quando da elaboragao do Plano de Desenvolvimento Socioterritorial Ao delimitar urna macroarea como base de planejamento ¢ possivel ampliar os beneficios das inter- vengées de urbanizacao de assentamentos precarios. Os resultados da agao alcangam um maior ter- Titorio @ o seu entorno, consequentemente o impacto é maior para uma parcela significativa da cidade Atualmente esto & disposigao no Brasil instrumentos de planejamento das cidades que permitem auxiiar na definigo de mactoareas, reduzindo o tempo da sua delimitagao e economizando recur- s0s para 0 projeto. Neste manual foram selecionadas duas metodologias, entre as diversas alter- nativas existentes, ficando a cargo do municipio optar pela que mais se encaixar & sua realidade TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL COMO FAZER Conhega os instrumentos de planejamento das cidades que podem ser utilizados na delimitagaio da macroarea. Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) As Zeis fazem parte do rol de instrumentos da politica urbana previstos na Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, o Estatuto das Cidades. De acordo com a definigao dada pela Lei 11.97/09 (Lei de criagao do Programa Minha Casa, Minha Vida), as Zeis so uma “parcela de drea urbana insti- tuida pelo Plano Diretor ou definida por outra lei municipal, destinada predominantemente moradia de populagao de baixa renda e sujeita a regras especificas de parcelamento, uso e ocupagao do solo” No proceso de construgao de uma nova ordem urbanistica, fundada no principio da fungéo social da propriedade, as Zeis se consolidaram como um tipo especial de zoneamento, cujo principal ob- jetivo 6 a inclusdo da populagdo de menor renda, fazendo valer o direito A cidade e a terra urbana servida de equipamentos e infraestrutura. Elas podem ser delimitadas tanto em éreas previamente ocupadas por assentamentos precarios, quanto em vazios urbanos e iméveis subutilizados. Apés suas delimitagdes, as areas sdo destinadas a producdo de novas moradias populares. Este manual esta focado nas Zeis que caracterizam as areas ocupadas por assentamentos preca- rios. So Areas que podem ser identificadas e de- marcadas, apresentando situagdes inadequadas de urbanizacdo, como a falta de infraestrutura ba- siva (saneamento, luz, agua encanada etc), loca- lizagao em dreas de risco, auséncia de transporte publico eficiente, entre outros problemas. Objetivos das Zeis, * Estabelecer condig6es urbanisticas especiais para 4 urbanizacdo e regularizacdo fundidria dos assentamentos precérios; * Ampliar a oferta de terra para orodugdo de habitagao de interesse social (HIS); * Estimular @ garantir a participagéo da popu- aco em todas as etapas de implementacao. A partir da identificagdo dessas areas, caracteri- zadas por uma vuinerabilidade social associada & Fonte: Ministério das Cidades, 2009. Como delimitar @ regulamentar Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS de Vazios Uroanos. Acesse esse documento em hp: cidades.gov.b/imagesistories/ArquivosS- NH/ArquivosPOF/Guia_ZEIS final pat falta de infraestrutura e habitagao adequada, sera possivel estabelecer uma macrodrea. Assim deali- mita-se um territério com um grau de vulnerabilida- de semelhante sujeito a intervengdo fisica € social RECONHECIMENTO DA AREA Estudos para leitura da vulnerabilidade social e urbana Alguns municipios brasileitos tm [ Sai5res cancliatios Gesenvolvicdo ou vém adotando | 9 setor censitério 6 a menor unidade territorial, com limites fisicos instrumentos a partir de setores | identiicéveis em campo, com dimenséo adequada a operago censtérios do IBGE, que pemi- | 62 pesqusasecuo cont abrango a tales do Taio lacional, 0 que permite essegurar a plena cobertura do Pais tem uma leitura espacial da vulne- | 5055. mites fisicas identlicavels em campo que respeitam os rabllidade social no territorio. Es- | mites da divisdo poltico-administrativa, do quadro urbeno e rural ses dados podem ser referéncias | legal e de outras estrutures teritoriais de interesse, além de um para a delimitagao da macroarea, Salas de ssa pens ee : }s setores censitérios so demarcados pelo IBGE, cbedecendo a exemplo do Mapa da Vulnerabili- | caine de ‘operacionalizagao da ae dados, de tal manei- dade Social, ra que abranjam uma 4rea que possa ser percorrida por um Unico recenseador em um més e que possua entre 250 e 360 domictios (em dreas urbanas), J estéo disponiveis os dados sobre 03 setores censitérios do Genso 2010. Veja mais sobre operagao censitéria em hita fwwwibge.gov.br] home/presidencia/naticias/quia_do_censo_2010_operacao.php Mapas de Vulnerabilidade Social © Mapa da Vuinerabilidade Social ¢ resultado de trabalho desenvolvido entre o Centro de Estudos da Metrépole (CEM), vinculado ao Centro Brasileiro de Andlise e Planejamento (Cebrap) ¢ a Secre- taria de Assisténcia Social do Municipio de yjaya da Vulnerabilidade Social S80 Paulo Seres Canis do Muri de So Paulo - 2004 Utiizando os dados do Censo 2000 do IBGE, foram construldos mapas que refle- tem a situagao de vulnerabilidade social. Com 0 Mapa da Vulnerabilidace Social (ou metodologia semelhante), 0 gestor pode identificar, de forma espacial, a vuinerabi- lidade social do territério municipal, hierar- quizando os niveis de privagéo: altissima, alta, média/alta, média, média/baixa, baixa @ baixissima. Assim, é possivel selecionar as areas com os maiores deficits de infraes- trutura e habitagao. Considerando que 0 objetivo é atuar em parte significativa da cidade, a macroarea ser composta de um conjunto de setores censitarios contiguos com niveis de priva- brs 40 semelhantes, Possivelmente, a Seleg30 Fonte: pnw preter s go repaid. da macroarea englobara varias microéreas EER Tes eaNF ORNS, ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL gue coincidiréo com as areas de vul- Identificando a pobreza Para. elaboracdo do Mapa da Vulnerablidade Social, foram | "erabilidade, ligadas a falta de infra- selecionadas 11 variéveis que caracterizam as miltiplas di- | estrutura e selecionadas para as Zeis. mensdes da privagao e pobreza, por exemplo, condicces de habitagao, renda, escolaridade, género, dade e estrutura familiar, Em sequica, foram analisadas as veridveis mais re- levantes e produzidos mapas de cada uma delas. Sete das | Conhecimento direto do territério variaveis dizem respelto privagao socioeconémica e qua- Municipal e intervengoes previstas {10.2 dimensao do ciclo de vide familiar. Também foi produzi- | (método empirico) do um mapa-sintese com cito grupos de setores censitérios definidos a partir da situagao de privacdo. Hoje, no Brasil, b0a parte dos muni- Para conhecer mais: htpAvaw9 prefetura sp.govibrsemplalmm/ | cipios, principalmente nas regioes Index.php?texto=corpostema_cod=6 metropolitanas, j4 possui um grande volume de informagoes sobre as are- as de assentamentos precatios ¢ vulnerabilidade social. Em parte, isso ocorre devido ao estorgo feito pelos municipios para apresentar projetos para pleitear recursos do PAC. Algumas prefeitu- ras também dispoem de estudos anteriores, elaboradios para outras intervengdes, além de elabo- rarem instrumentos de planejamento essenciais, como Plano Diretor e Plano Local de Habitacéo de Interesse Social (PLHIS). Planos Locais de Habitagao de Interesse Social A Secretaria Nacional de Habitago do Ministério das Cidades (SNH/MCidades) vem traba- lhando na consolidacao do Sistema Nacional de Habitagdo de Interesse Social (SNHIS), @ uma das agdes mais importantes tem sido 0 apoio a elaboracao dos Planos Locais de Habita- 40 de Interesse Social (PLHIS) Entre 2008 e 2010, a SNH realizou, em diversos estados, oficinas presenciais de capacitacdo para elaboragao desses planos, além de promover, de 2009 a 2011, trés ediodes do curso de Ensino a Distancia (EAD-PLHIS). Ao todo, foram capacitados mais de 6.500 agentes publicos. Até maio de 2012, aproximadamente 1.100 (mil e cem) planos foram apresentados pelos mu- nicipios. Eles também devem servir como material de referéncia para a identiicagto de assen- tamentos precdirios nas cidades. Veja mais em wwm.capacidades.gov.br Esse conhecimento da realidade jé sistematizado credencia planejadores municipais a delimitar a macroarea, sem precisar realizar novos estudos. 10 RECONHECIMENTO DA AREA Visita em campo: Macroérea Pituacu - Areas com maiores niveis de privapao Joh (1) O Projeto de Apoio Técnico e Social (Pats) SFP sinha como cbjeiva geral apoiartecricamen- z te @ do ponto de vista social a implementacdo do programa governamental de reducao de pobreza urbana Ribeira Azul (2002-2006), em lua rea com 136 mil pessoas do Subdrbio Fertovirio de Salvador (BA) ¢ orgamtento de 60 milndes de dolares, gerido pela Companhia de Desenvolvimento Lirbane do Estado da Bahia (Conder). O Pats fol financiado pelo Governo da Italia, por meio de canal mutleteral da Alan- ga de Cidades, com execugao do Governo da Baia @ Fundagao AVS! in ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Genso 2000 - Ribeira Azul Censo 2010 - Ribeira Azul PP Rede era de esgoto ‘PP -Rede gral de esgto ima 708 410%, 12 ara promover e fomentar 0 desenvolvimento social, a equipe técnica deve adotar mecanismos @ processos para estimular a participagdo das pessoas e das organizagdes que atuam na macrodrea. Esse envolvimento faz com que todos se sintam responsaveis pelo seu terrtério, garantindo a sustentabilidade das agdes financiadas pelo programa, mesmo apés 0 seu término ‘A contribuigao das pessoas para a melhoria das condigGes de vida da comunidade onde vivern, de forma ativa, consciente e responsavel, é 0 que melhor representa o significado da participacaio comunitaria, Para 0 sucesso do projeto, 6 necessério 0 envolvimento de todos os atores participan- tes da intervengao: moradores, entidades locais, equipe técnica, prefeituras municipais, governos estaduais e da Unido, cada um com suas capacidades e possibilidades. ‘A comunidade nao ¢ vista como o Unico ente responsavel pela proposigao, execugao e monitora- mento das agdes, assim como os técnicos, parceiros e governo também nao detém 0 monopolio do conhecimento ou a resposta as necessidades dos moradores. Na visdo proposta, o melhor projeto € resultado das contribuigdes de todas as partes: a vivencia das necessidades e potencialidades dos moradores @ associagées locais, ¢ o conhecimento técnico e a experiéncia de intervencoes sociais em outras areas por parte dos executores e financiadores do programa. Nesse sentido, 6 preciso garantir espagos de interlocugao comunitaria ¢ desta com outros entes puiblicos e privados que tenham responsabilidade sobre a iniciativa. E importante prever um arranjo institucional que garanta esses niveis de participagao. 13 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL u PARA PROMOVER A PARTICIPACAO Confira abaixo um arranjo institucional possivel Grupo de Organizagdes da Sociedade Civil: Dada a dimensao do territorio, torna-se im- possivel para a equipe do projeto relacionar-se diretamente com toda a populagao. Assim, ideal é eleger as organizacdes locais como as interlocutoras do projeto. Essa escolha leva em consideragao que 0 conjunto das organizagées locais tem uma presenga disseminada ‘em campo, conhecendo as necessidades e potencialidades locais, e jé atuando e se rela~ cionando diretamente com distintos grupos de moradores. O convite a todas as entidades (formais @ informais) para integrar essa insténcia, e nao somente a algumas liderancas, torna-a mais representativa, minimizando o risco de que in- teresses individuais sejam interpretados como representativos de uma coletividade. Quanto maior for a participagao, maior serd a possibilidade de que as opinides € posi¢des expres- sadas nos encontros correspondam as verdadeiras necessidades da populacao. Dessa for- ma, serd possivel tanto direcionar o andamento da iniciativa, como influenciar, tratando-se de um ambito institucional, a formulagao de politicas publicas mais préximas dos desejos das pessoas dos beneficiérios ali representados Nessa insténcia sero compartilhados todos os estudos do projeto, 0 planejamento e 0 monitoramento das agGes. Serdo ainda realizados encontros periédicos organizados pela equipe técnica, com a participacdo de membros do Comité de Articulagao. Comité de Articulagdo: Uma das atividades do projeto de intervencao sera a construgaéo do Plano de Desenvolvimento Socioterritorial, que devera conter propostas de aces em conjun- to com outras areas (sera detalhado mais adiante). Promovido pelo ente publico responsavel pelo projeto (normalmente o érgéo municipal responsavel por habitaao), com o suporte da equipe técnica, o Comité deverd envolver outras secretarias municipais, especialmente as de Educacao e Satide, para definir a estratégia de desenvolvimento da area ¢ trabalhar para a ‘sua concretizagao. © Comité devera agir como catalisador do proceso de melhoria do territorio, implicando um trabalho de sensibilizagao @ atrag&o de outros érgaos publicos e privados. ara solicitagéo do contrato de repasse/financiamento do projeto de intervencao, © municipio deverd apresentar, & época das selegdes do Ministerio das Cidades, entre os documen- tos solicitados, a Proposta Pre- liminar do Trabalho Social. Este documento deve conter a carac- terizagao da populagao benef ciéria da intervengao fisica @ os abjetivos do Trabalho Social Com a assinatura do contrato, 0 trabalho de campo ¢ iniciado com a fase de conhecimento. Esta etapa ¢ fundamental para o éxito do projeto @ se desenvolve a0 longo do Trabalho Social, se operacionalizando primeiro no Projeto de Trabalho Social (PTS), @ depois no Plano de Desenvol- vimento Socioteritorial (POST). Ela permite entender como a area de intervengao se caracte- riza, suas especificidades (meio fisico, habitacional e infraes- trutura urbana, equipamentos @ programas sociais, relagdes de convivéncia, seguranca, co- mércio local, grupos populacio- nais especificos, entre outros), a presenga da sociedade civil, © mercado de trabalho, 0 perfil dos moradores e quaisquer ou- Projeto Preliminar de Trabalho Social OPTS-P deve conter, necessariamente: + identificagao: dados da intervengo, da equipe técnica, do r- 980 responsével; * dados da intervengdo: sintese da intervengao que demanda Trabalho Social; * caracterizagao socioterritorial: que podera ser obtida a partir de dados secundérios, abrangendo: ~a érea de intervengdo: desorever forma e temo de ocupa- ‘980, caracteristicas gerais das habitagdes e dos servigos piblicos e equipamentos comunitérios existentes, tipos de situagdo de risco; — a populagao: informar a quantitativo de familias @ seu peril so- cioaconémico, apresentando dados sobre faixas de renda, faixa etéria, escolaridade, ¢ outros dados considerados importantes, —no caso de intervengdes de prevengo de riscos, a caracteriza- ¢d0 socio-territoral deverd ebranger exclusivamente as éreas de risco em que houver deslocamento involuntério de familias. « justificativa: discorrer brevemente sobre 0 contexto e as neces- ‘sidades do Trabalho Social em relagao a intervencao a ser rea- lizada; * objetivos: detinir 0 objetivo geral do Trabalho Social em relagao 2 intervengao proposta; * custos: estimatva de custos de elaboragdo do PTS e PDST e da implementago do Trabalho Social, tendo como referéncia 0 custo total previsto da intervengao e as necessidades estimadas; + estratégias de execugdo: para o desenvolvimento dos eixos do Trabalho Social; * regime de execugao: definir a opgao de regime de execugao, direta ou mista, descrevendo a programagao do procedimento licitatério para as agdes executedas de forma terceirizada; € * cronograma: Com 0 tempo de execugdo de todas as atividades inerentes a Fase Pré-Obras e, quando for 0 caso, das etepas previstas para 0 seu proceso licitatéro, 15 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL tros aspectos identificados pela equipe no decorrer do trabalho considerados importantes para @ proposigao de acces relevantes. ‘A tase de conhecimento € preparada com a preocupagao de refletir uma viséo abrangente do ter- ritério @ de seus moradores, superando um olhar setorial Além de subsidiar a equipe técnica, os estudos realizados nessa fase séo Uiteis para a propria comunidade se conhecer melhor. Isso porque, geralmente, parte significativa dos moradores nao possui uma visdo integrada da area. Os encontros promovidos para realizagao e devolugo dos estudos contribuem para um maior conhecimento do patriménio existente na comunidade, bem como os principais desafios, favorecendo uma maior organizagéio comunitéria, ‘Além da questo técnica, essa etapa marca 0 inicio do relacionamento com a comunidade. Nesse sentido, deve-se tentar que a equipe técnica seja responsdvel pela execugao direta dos estudos caso ndo seja possivel, que acompanhe de forma muito proxima o trabalho de consultores que vie- rem a ser contratados. Uma “boa entrada’ em campo facilita muito a qualidade do relacionamento da equipe com os moradores no restante do projato. Valorizar 0 positivo Para conhecer é preciso dar visibilidade ao que esta marginalizado e valorizar o positiv. Partir do positivo nao significa ignorar os problemas existentes numa comunidade, ou n&o estudar sua vulnerabilidade, mas significa analisar, junto a vulnerabilidade, os recursos (pa- triménio) existentes colocados em jogo pela comunidade, para depois tentar fortalecé-los e reforgé-los. 16 na macroarea. Confira abaixo as etapas em cada uma delas e, a seguir, como colocé-las A: agoes de conhecimento devem ser realizadas na(s) poligonal(is) de intervengao(s) fisica em pratica. NTC ; carne Gai Ech TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Conhecimento da Grea de intervencio (Microdrea ou poligonal) ‘As agbes nas reas de intervengao sao apresentadas antes das agoes da macrodrea para melhor entendimento do leitor, mas podem ocorrer de forma paralela aos estudos da macroarea. CONHECIMENTO DA AREA DE e INTERVENGAO Retrato socioeconémico da comunidade Georreferenciamento e@ de mapas Pesquisa e socioecondmica Numeragao ‘ou selagem © canogratia atualizada Objetivos © conhecimento da érea de intervengao permite: + definir universo das familias a serem beneficiadas pela urbanizagéo: + realizar 0 cadastto fisico e socioecondmico censitério das familias; + espacializar as informacées da pesquisa com o Sistema de Informagtes Geograficas (SIG); * produzir um retrato das famflias; * permitir 0 congelamento da area * subsidiar os estudos setoriais. POR DENTRO DA COMUNIDADE. COMO FAZER Cartografia Uma das primeiras agdes importantes é a obtengao de cartografia atualizada da area de interven- ¢¢40. Nos titimos anos diversos municipios brasileiros fizeram um grande esforco para produzir car- tografias atualizadas das cidades. Esse proceso deve ser atualizado periodicamante, requerendo uma avaliagéo adequada sobre a necessidade de se produzir nova(s) cartografia(s) ou atualizar a(s) existente(s) por meio de ortofoto ou imagens geradas por satélites. Programa Brasil em Cidades O Ministerio das Cidades, por meio do programa Brasil em Cidades, doa imagens em alla resolugao para as prefeituras, Sao imagens dos satéltes QuickBird e Ikons com resolugdo espacial igual ou superior a 1,0 m. Alé 0 presente, as imagens adquiridas pelo MCidades abrangem 1.808 municipios. Para obler essas imagens 0 municipio deve entrar em contato através do e-mail brasilemcidades@ cidades.gou.br e vertficar a disponibilidade. Verificada a disponiblidade da imagem 0 Ministéio das Cidades encaminha um Termo de Doagao 20 municipio soicitante para ser assinado em duas vias, bem como rubricado em todas as paginas pos- terior encaminhamento a0 Ministério. Em seguida é feta a assinatura do Doador (¢ suas testemunhas), ‘que encaminha 0 Termo de Doagao em duas vies, rubricado em todas as paginas e posteriormente tencaminhado ao Diério Oficial para publicagao e, ent, 0 envia 40 municipio com o Contrato de Liosnga @ um DVD contendo a imagem. Veja mais em www.brasilemcidades.gov.br A ortofoto ou imagem gerada por satélite contribui para gerar 0 “marco zero” do projeto e instru- mento de acompanhamento e avaliagao das transformacdes promovidas pelo programa compa- rando as fotos ex-post Vista aérea de Novos Alagados, Salvador (BA), 1996 e 2003. Fonte: Conder (Bahia) 19 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Vetorizacao A pattir da ortofoto serao extraidos em forma de linhas poligonos (vetorizagao) os perimetros das projegdes em planta das unidades habitacionais e equipamentos comunitarios existentes (creche, associagao, entre outros), gerando o mapa com a delimitagdo das casas, sistema vidrio principal elementos geograticos principais (rios, canais, mar, entre outros). Numeracao ou selagem Segue-se a vetorizagdo dos dados, a numeragao ou selagem dos domiclios. Esta consiste em associar um numero ao poligono da unidade habitacional que esta na cartogratia e verificar em campo a existéncia de uma ou mais unidades, em caso de verticalizagao, naquele poligono, bem como a localizagao dos equipamentos comunitarios E preciso dividir a area de intervengao em quadras, facilitando 0 controle da qualidade da nume- raga. A partir dessa diviséo, o(s) pesquisacior(es) sai(saem) em campo supervisionado(s) por um especialista em cartogratia para localizer o poligono e transcrever o numero ern mapa, marcando a casa com gabarito e tinta spray (pode ser um numero pintado na casa, uma plaqueta pregada, um adesivo, ou qualquer outra forma de identificagao definida pela equipe técnica). A realizagao da selagem possibilita levantar 0 numero das unidades habitacionais da intervencao, localizando-as em mapa. A medida que as unidades habitacionais s4o numeradas, os técnicos 20 POR DENTRO DA COMUNIDADE. v0 inserindo os nimeros no mapa segundo a disposigao realizada em campo, gerando um mapa digital com a identificagao dos domiotlios equipamentos comunitarios, Exemplo de selagem - Alagados Vi - 2000 - Salvador, BA. Sage Mamaraeo de denen Pesquisa socioeconémica Com a finalizagéo da numeragao, a pes- quisa socioecondmica € realizada. € aplicado um questionério com questoes sociogconémicas e de condi¢ao da mo- radia junto a todas as familias das unide- des habitacionais seladas/ numeradas. A pesquisa permite identiicar o numero exato de familias residentes nos domici- lios numerados, realizar o retrato socio- econémico da comunidade e conhecer as condigées fisicas, orientando a ela- oragdio do projeto urbanistico @ de in- terven¢6es sociais. Ainda contribui para gerar indicadores socioecontmicos, possibiltando a realizagao de mapas tematicos e futuras avaliagdes ex-post. Fonte: AVSI, 2000. eigen Naar se comin AUTORRECENSEAMENTO: Exemplo de metodologia que pode complementar a fase de conhecimento O autorrecenseamento é um censo feito pelos préprios mora- dores de uma area. Ele inclui desde informagées tradicional- mente presentes em cadastros municipais, ais como dados demogréticos e peril sociceconémico, bem como dados que a prépria comunidade escolhe incluir, como por exemple a quantidade de pessoas com necessidades especiass, doses, com dificuldade de lacomogao, entre outros. © autorrecenseamento tem se mostrads bastante eficaz como feramenta ce mobiliza¢ao comunitéria e na eproxima- do das pessoas e na forego de conhecimento coletiva Este conhecimento ¢ essenciel para o fomento de agdes democraticas tanto com 0 poder ptblico, como com outros agentes, Os moradores tém, dessa forma, a oportunidade de reconhecer @ identficar suas necessidades e prioridades, assim come utilizar a informagdo obtida para se aproximar de representantes pUblicos e privados para didlogos mais qualilicados e negociagdes mais bem instrumentalizades. a ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Para a aplicagdo da pesquisa ¢ muito importante estruturar uma equipe de coordenagao € su- pervisdo qualificada ¢ com experiéncia neste tipo de trabalho, Esta deverd elaborar um manual da pesquisa contendo a metodologia, 0 processo da pesquisa, as fungdes dos técnicos e 0 or- ganograma das responsabilidades. O manual deverd reportar a definigao clara de cada varidvel presente no questionario. Antes do inicio da pesquisa em campo se faz necessério um treinamento dos pesquisadores, bem ‘como uma aplicacao pratica do questionario (ver modelo no site www.cidades gov.br/snh) acom- panhada da equipe de supervisao. pesquisador localiza 0 domictlio no mapa, dentro do setor de atuagao selecionado para cada pesquisador. Verifica 0 numero indicado no préprio mapa e no domictlio (posto durante a fase de Numeragao ou selagem) e identifica o questionério. Ou seja, o ntimero de identificagao do ques- tionario é o mesmo numero aplicado na selagem. Normalmente a aplicagao de cada questionario requer um tempo entre 1 ¢ 1 hora e meia, consi- derando que para garantir a qualidade da aplicagao da pesquisa, é indicado realizar no maximo 5 questionarios por dia. Ao final do dia de trabalho os pesquisadores deverdo preencher um formulério reportando as fichas produzidas. Os supervisores sucessivamente analisarn todas as fichas para verificar eventuais incon- sisténcias nas informagdes. Uma vez aprovada, a ficha sera enviada ao técnico de informatica para ‘© langamento dos dads no sistema. Caso a ficha apresente pendéncias, o supervisor responsével pode diretamente voltar ao domictio ou entregar novamente a ficha ao pesquisador para a atualizagao. Para langar as informagées no sistema informético sera necessério elaborar um bance de dados No qual serdo langadas as informagoes. Também neste momento sera possivel detectar eventuais incongruéneias dos dados exigindo um retorno em campo da ficha ‘A pattir da conclusao do trabalho em campo e do langamento das informagdes no sistema informa tico, sera elaborado pelo coordenador da pesquisa um relatério final cuja finalidade é demonstrar @ qualidade cientifica da coleta das informagées. Além disso, sera produzido um documento de dados brutos da pesquisa através de graficos e tabelas evidenciando a leitura de todas as varia- veis reportadas no questionério. Paralelamente serdo produzidos os mapas tematicos do Sistema de Informagdes Georreferenciadas (SIG) para uma leitura espacial das informacées. 22 POR DENTRO DA COMUNIDADE Exemplos de mapas teméticos que podem ser gerados a partir da realizacao da pesquisa: APRESENTAGAO 1. Uso do domicitio 2, Ramo de atividade (comercial, misto, servigo, industrial) 3, Domictlios de uso comunitério MORADIA Tipo de domiciio Regime de ocupagao do imovel Documentagao de propriedade do imével Estagio de construgdo do domiciio Estado de conservagao do imével Numero de pavimentos Numero de cémodos Numero de quartos por domicitio Numero de pessoas por domicilio 10.Tempo de residéncia do chefe de familia no domic 11-Tempo de residéncia do chefe de familia no municipio, 12,Propriedade de outros imoveis, 13.Caracteristicas das paredes 14.Tipo de cobertura 15.Tipo de piso 16.Unidade sanitéria 17.Esgoto sanitario 18.Fomecimento de agua 19. Acondicionamento de agua 20.Fomecimento de energia elétrica 21.Depésito de lixo ©enoneons TRABALHO 1. Situagéo ocupacional dos membros da familia em idade economicamente ativa 2. Tempo que trabalha por dia 3, Local de trabalho 4, Profissdes 5. Atividade exercida no momento 6. Renda total do domicilio 7. Renda per capita do domicilio EDUCACAO 1. Grau de instrugao dos membros da familia em idade economicamente ativa 2, Evasao escolar SAUDE 1, Situagao em que procura o servigo de satide 2.0 que faz em caso de doengas 3. Instituigao de satide que procura com mais frequéncia 4, Problemas com servigo pilblico de satide 5, Conhece ou participa dos programas de sade 6. Pessoas com deficiéncia em casa 7. Domiotlios onde ocorreram ébitos nos titimos 10 anos 8 Tipo de agua que bebe 9. Falta d'aqua nos ultimos meses 23 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL ORGANIZAGAO COMUNITARIA 1. Conhece alguma organizago comunitéria 2. Jd fo lider comunitario 3. Conhece projetos para melhoria da comunidade 4. Quem procura para resolver problemas pessoais 5, Demanda da comunidade por equipamentos sociais RELAGOES FAMILIARES 1, Sexo 2. Idade em que teve o primeito fiho 3. Estado civil 4, Religizo 5. Domicilios com presenca de criancas até 6 anos 6. Domicilios com presenca de criancas/adolescentes entre 7 ¢ 14 anos 7. Domicflios com presenca de jovens entre 15 a 29 anos 8. Domicilios com presenga de pessoas a partir de 60 anos De posse dos dados tabulados e com o SIG pronto, ser elaborado o Retrato Socioeconémico da Area de Intervengao. O documento deve, ao menos, ser integrado por: * Caracterizacao da Area de intervengao; * Leitura das dimensdes urbana e socioeconémica levantadas; * Localizagao das éreas com maior caréncia de infraestrutura ¢ habitagao, * Leitura espacial do territorio através dos mapas do SIG; * Matriz reportando as ages estratégicas ligadas as tematicas urbana, social e ambiental mw POR DENTRO DA COMUNIDADE. Diagnéstico Rapido Urbano Participative (Drup) Historia As metodologias do Diagndstico Rapido Urbano Participativo (Drup) comecam a aparecer € se estru- turar nos anos 1970, sob impulso do Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento da Universidade de Sussex (Inglaterra), inicialmente com aplicagdes em éreas rurais (principalmente na Africa Oriental ena India) e, sucessivamente, também no €mbito urbano. Essas metodologias surgem como uma reagao aos métodos tradicionais dle pesquisa (survey) — pesados, demorados ¢ caros - @ ao viés antipobreza fre- uente no conhecimento profissional e no modus operandi dos projetos de desenvolvimento da época. Na nova abordagem proposta, a énfase é dada ao compartilhamento do saber da comunidade e dos profissionais, € a interago social como método de conhecimento, voltado para o planejamento e a agao*. Entretanto, é s6 a partir do inicio dos anos 90 que metodologias de Diagnéstico Rapido Urbano Participative se consolidam, inclusive no Brasil, onde ~ na versao aqui apresentada, integrada a mé- todos de Mapeamento e Geoprocessamento Participativs - comegam a ser aplicadas, primeiro na area de satide publica’ e sucessivamente em outros setores, inclusive no desenvolvimento urbano®. Conhega os objetivos do Drup + Possibilitar a leitura geral da macrodrea, bem como as especificidades das subareas; * Levantar de forma participativa as demandas e potencialidades do territorio, dando “voz” as comunidades que vivem la; * Formatar em mapas e bases de dados as informagées diagnésticas, de maneira a torné-las efetivamente utilizaveis em processos de planejamento e gestéo complex * Gerar um espaco de interlocugao entre comunidade e poderes publicos; + Apoiar a focalizagao das agbes pliblicas nas Areas socialmente mais criticas dos assentamen- tos precéirios; + Facilitar, por meio de informagdes espacializadas de areas que se tornam alvos comuns as diversas secretarias setoriais envolvidas, a integracao intersetorial de politicas publicas — ma- pas so integradores naturals de informagoes. 3 Chambers, Robert. The Origins and Practice of Paticpatory Rural Appraisal. World Development, Vol22, No.7, pp.953. 969, Pergamon Press, Oxtotd 1994 4 Notarpartolo di Vilarosa F., A Estimativa Répida e A Diviséo do Terrtério em Distros Sanitarios: Manual de instrugdes, Série Desenvolvimento de’ Servigas de Satde 11, OPAS, Brasla, 1993; — information, Management and Particiation -a rnew approach from Public Healt in Brazil, Frank Cass Publishers, Mord Essex and Portland OR 1998. 5 Notarbartolo di Villarosa F., “Monitoramento e Avaliagdo de Programas de Acdo Integrad em Assentamentos Precaios” ‘em Denaldi R. (01g), Curso & Distncia - Agdes integradas de Urbanizacao em Assentamentos Precarios, Ministerio das Cidades/Alianga de Cidades, Brasia’So Paulo 2008, 99.353-379, 5 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Diretrizes © Drup 6 um conjunto de métodos diagnésticos baseados na observacdio das caracteristicas do territério @ em entrevistas com informantes-chave locais. As informagdes assim coletadas s4o constantemente referenciadas ao mapa do territorio, até que esse Ultimo resulte subdividido em sub-assentamentos ou "sub-Areas” relativamente homogéneas no que concerne &s condigbes de vida. A cada sub-area geoprocessada é associada uma base de dados com as principals caracteristicas da mesma Dessa forma, 0 Drup integra métodos participativos e tecnologia da informacao - conhecimento da comunidade e conhecimento profissional. Além disso, oferece uma visao integrada do territério, inclusive faciltando 0 compartihamento das informagdes com a comunidade (mapas séo instru- mentos visuais e facilmente interpretdveis) Como fazer 1. PREPARACAQ Selegao dos pesquisadores e treinamento: idealmente, o Drup 6 realizado pelos mesmos profissio- nais que fazem parte da equipe do Trabalho Social - o Drup representa uma oportunidade para eles “se apropriarem” do (erritério antes do inicio da intervengao; eventualmente, podem ser complemen tados por estagidrios ou juniores. De qualquer maneira, ¢ importante ressaltar que a realizagao do Drup implica, por parte dos pesquisaciores, uma elevada capacidade de tomar decisdes e de interagir socialmente com os beneficiérios, nao se limitando, como 6 o caso numa survey, 4 aplicagéo mecénica de um questionério. Normalmente, 0 treinamento nessa metodologia pode ser realizado em cinco dias. Mapas: é de fundamental importéncia ter disponiveis mapas da regio a ser pesquisada ~ pos- sivelmente atualizados e em formato digital (godem ser utlizados mapas do Google Earth). Tais mapas devem ser impressos num tamanho que permita aos pesquisadores se localizarem no temi- 26 POR DENTRO DA COMUNIDADE. trio e terem referéncias para isso (ex.: nomes de ruas, equipamentos etc.). © mapa impresso deve também ser grande o suficiente para permitir aos pesquisadores fazerem anotagdes no mesmo Caso 0 mapa nao esteja atualizado, podera ser complementado em campo pelos pesquisadores (mesmo sem respeitar a escala), Logistica: deve ser escolhido no local da pesquisa um lugar de apoio da equipe de campo, como uma escola, um centro comunitario ou preferencialmente o escritério do projeto. Em determinados contextos, é importante tamibém estar disponivel pelo menos um veiculo para transporte da equipe dentro e fora da érea de pesquisa. A partir da matriz apresentada (ver Exemplo 1), faz-se o levan- tamento de dados secundarios - ¢ portanto, dos deslocamentos que serdo necessérios - para a caracterizacao geral da macrodrea Identificacao preliminar dos temas a serem investigados e elaboraco de formulérios para coleta de dados: a equipe do Drup, juntamente com os responséveis da intervencéo, deve identificar as informagoes consideradas relevantes (6 recomenclavel partir da matriz apresentada como referéncia das informagoes potencialmente interessantes, dentro da qual podero ser selecionadas para o Drup aquelas identiicadas como relevantes em cada contexto local ~ Exemplo 1) e, sucessivamente, para a coleta dos dads primérios, preparat formulérios a serem utlizados como roteiros para coleta dos dads (se tratando de metociologia semi-estruturada e qualtativa, os instrumentos de coleta de dados funcionam mais como “roteiros” que como questiondrios propriamente ditos). Exemplo 1 - Matriz com informagées identificadas como relevantes: Easy 1 g6es e car Delimitagao da area a ser pesquisada (macroarea compreendendo uma ou mais poligonais de intervenao fisica e seu entorno) Delimitagdo e nomenclatura dada pela comunidade as subdivisdes internas da macrodrea Populagdo estimada Localizagio e inseredo no tecido urbano da cidade Quando e como foi ocupada e quando/onde foi eventualmente urbanizada 0 Fi itacional e Infraestrutura Urbar Topogratia Infraestrutura para mobilidade: tipos de vias presentes (carrogaveis, becos, vielas, escadarias, passarelas etc.) @ seu estado de conservacao Meios para mobilidade: meios de transporte pablico (inclusive elevadores, teleféricos, planos inclinados), informal (mototaxi, kombis etc.) - acessibilidade aos pontos de parada, destinos, frequéncia Padrao das moradias: material de construcao, né de andares, adensamento, alinhamento com as ruas Abastecimento de agua: rede oficial, igagdes clandestinas, bicas, pogos ou nascentes ete: frequéncia do abastecimento Sistema de esgoto: rede oficial, ossas, em valas ou canaletas, na vegetago, em rios ou canais, na rua a céu aberto et, a7 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Drenagem: rede oficial, rede nao oficial (feita pela comunidade), naturalmente em encostas, nas ruas Coleta de lixo: coleta oficial, coleta pela comunidade (garis comunitarios), presenga e localizagao de ca- cgambas e contéineres (em nimero e com capacidade suficientes ou nao), se hd pontos de acumulo de ixo {lixGes), se ha lixo nas ruas, entre as casas, em rios ou canais; caso haja coleta, qual a frequéncia Jluminagao pitblica: presenga e estado de conservagao de pontos de iluminacao publica; se ha locais nao iluminados Energia elétrica nas casas: oficial, nao oficial (ligagdes clandestinas), eventuais programas para regularizacao Pontos de risco (alagamentos, deslizamentos, desabamentos ete.),e se hd construcdes em areas de risco € necessidades de relocagdo Problemas ambientais prioritarios Regularizacdo urbanistica, construtiva, fundidria:situagao, se ha programas de regularizagdo, orientagao a opulagao; se hd sinalizagao, placas com nomes das ruas. 4. Equipamentos e Programas Sociais Presenga, localizagdo, estado de conservagdo e equipamentos das pragas, espagos de convivencia e esporte (piblicos e comunitarios) Presenga, acessibilidade, estrutura, abrangéncia/cobertura,atividades e clientela de equipamentos educacio- nais: creches, escolas de ensino fundamental e médio, ensino técnico, faculdades Presenca, acessibilidade, estrutura, abrangéncia/cobertura,atividades e clientela de equipamentos de said: PSF/PACS (¢ sua cobertura), pronto atendimento, hospitais Presenga, acessibilidade, estrutura, abrangéncia/cobertura,atividades e clientela de outros equipamentos ¢ programas: de assisténcia social (CRAS ¢ CREAS), culturais, de esporte, qualiicagao profissional etc. SitvagOes de vulnerabilidade: se ha familias em aluguel social; se o Bolsa Familia atende totalmente ou par- cialmente ou nao atende as familias elegiveis; etc. 5. Convivéncia Como so, em geral, as relacdes de vizinhanga (confianga, abertura, ajuda reciproca...) Quando uma familia passa dificuldade ou tem problemas, quem procura (parentes, amigos, vizinhos, lideres, associacoes, igrejas, poder paralelo, vereadores ou deputados, Secretarias, Administragdes Regionais, servi- G06 locals, midi...) Qual o grau de importancia percebida das regras de convivéncia e em que medida sao respeitadas (ex: som alto, jogar lixo, motoqueiros, pichagao, vandalismo, etc.) 6. Seguranga Nivel percebido de seguranca da area Tipos de crime ¢ violéncia que ocorrem: violéncia cotidiana; confito inter-generacional; abuso de criangas; violéncia doméstica entre adultos; criangas de rua; delinquéncia e roubos; gangues; trafico de drogas; crime organizado; violéncia institucional; roubos, assaltos, assassinatos, toque de recolher, desova de corpos, etc Mapeamento de locais de ocorréncia de crime e violéncia, e de locais potencialmente inseguros Como sao as relagdes entre vizinhos em relagao a violéncia (interferem, mediam, apaziguam, denunciam...) Existem ‘rixas” entre balrros ou dreas e consequentes delimitacOes de teritério Estrutura, localizacao, cobertura, atuagao da seguranca pilblica ¢ relacionamento com a policia 7. Comércio Presenca e porte do comércio local. E suficiente para atender os moradores ou estes tém que se deslocar até... (indicar onde) 8 POR DENTRO DA COMUNIDADE ‘8. Grupos populacionais espeeilicos Identificar, com os informantes adequados, os principais problemas enfrentados por: a) Jovens _b)Criangas _c) Idosos__d) Mulheres _ e) Pessoas com deficiéncia. Obs.: as informagdes referentes a organizagdes socials, associagdes comunitérias, ONGS etc. so trabalhadas na Pesquisa das Associacdes da Sociedade Civil; aquelas relativas a vocages produtivas @ demandas de mao de obra, no Estudo do Mercado de Trabalho (que sera apre- sentado mais adiante). Com base na matriz de informagées - conforme Exemplo 1 ~ s40 prodiuzidos dois tipos de formuld- rios para coleta de dados: (i) formulério para observacdo e entrevistas em campo; e (i) formulrio para equipamentos e servigos sociais. Modelos destes formulérrios estao disponiveis no site www. cidades.govbrisnh 2. LEVANTAMENTO EM CAMPO Reconhecimento visual do territério e hipé- tese de divistio em sub-dreas: a area de pes- quisa ¢ percortida de carro @ a pé ¢ € obser- vada sistematicamente, por meio de anotagoes no mapa. Na observagao presta-se atengao as ceracteristicas visiveis, como material e padrao das casas, pavimentagao ¢ drenagem, densida- de habitacional, esgotos a céu aberto e acimulo de lixo,infraestrutura e servigos, entre outros. To- d das as informagbes s4o referenciadas no mapa. No final do dia, a equipe se rene para identificar preliminarmente os tipos de assentamentos huma- nos presents, “esquadrinhando” a area de pesquisa em "sub-éreas” 29 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Entrevistas aprofundadas com informantes-chave da comunidade e dos programas e servicos locais: Informantes-chave so pessoas que, pelo tempo de residéncia elou a rede de relacdes, tém conhecimento detalhacio da area. Podem ser lideres comunitarios, moradores antigos, profissio- nais dos servigos locais, etc. Por meio destes, so aprofundadas gradualmente, ¢ enriquecidas com detalhes subjetivos, as informagdes levantadas no inicio do Drup através do reconhecimento do territério. E im- portante ressaltar que os informantes- -chave fornecem aos pesquisadores do Drup informagoes sobre a area ‘onde eles moram, e nao sobre a pro- pria familia (como seria 0 caso numa pesquisa do tipo survey). A selegao de quais informantes-chave entrevis- tar é um processo de construcdo de uma amostra ‘intencional” ~ no alea- toria, mas direcionada progressiva a finalidade 6 construir uma amostra socialmente diferenciada, de diferen- tes tipos de informantes, de forma que seja representativa de diversos pon- tos de vista. As entrevistas so feitas seguindo 0 mesmo formulario-roteiro da observagao do territorio, deixando 0 didlogo fluir espontaneamente, mas mantendo-o direcionado sobre os as- suntos relevantes; as informagdes sao registradas no formuldrio, por sub- area, @ referenciadas a0 mapa. As en- trevistas sao intercaladas com novas ‘observagdes em campo. Reconhecendo as condigées de vida Mesmo numa area considerada em geral ‘pobre’, existem graus de pobreza e vulnerablidade muito diferenciados - dda pobreza de uma classe que podemos chamar de assa- lariados de baixe renda até sitvagies de miséria absoluia Essas ciferengas nas condigbes de vida s€o determinadas no somente pela renda e pelos ativos materiais ¢ imateriais. das pessoas, mas também pelo acesso a infaestrutura & a0s servigas da cidade - em realidade, trate-se de duas faces da mesma moeda, que andam quase sempre juntas. ‘Ademais, 0 acesso a infraestrutura (inclusive moracia dig- 1 servigos se distibui no teritério conforme determina- dos padres espacials ~ em cuttes palavras, uma regié0 “geraimente pobre’ & composta por diferentes "manchas” ou subregides, caracterizadas por maior ou menor cisponi- bilidade de infreestrutura e servigos. Teis menchas podem ser identificadas e mapeadas em campo. O resultado des- 88 mapeamento 6 a subdiviséo da érea “geralmente pobre” fem “subareas homogéneas no que se refere as condigoes de vida’, pois trela-se de areas relativamente pequenas, fem cada uma das quais @ populago compartihha condi- (6es de renda, educagao, ativos, infraestrutura @ servigos parecidas entre si, mas diferenciadas daquelas de outras sub-éteas, inclusive proximes. Um dos cbjativos do Drup & idenificar e deseninar tais sub-dreas e constuir diagnést- 008 sobre as caracteristicas de cada uma delas Sistematizacao das informacdes durante o trabalho em campo: O trabalho de campo 6 con- duzido de forma circular, néo linear. Isso significa que as sub-dreas so construidas por aproxi- mages sucessivas, partindo da hipétese inicial formulada no reconhecimento em campo — que, normalmente, € ajustada na medida em que o Drup avanga. A cada dia é analisado: quais porgdes: da drea e quais itens do questionario estao cobertos; e quais tipos de informantes-chave tm sido contatados; 0 trabalho do dia seguinte planejado em consequéncia. A fluidez deste processo cit- cular @ indutivo deve ser gerenciada sistematicamente, por meio de uma “criatividade ordenada’ POR DENTRO DA COMUNIDADE 3, PROCESSAMENTO E SISTEMATIZACAO FINAL DOS DADOS Uma vez concluido 0 trabalho de campo, os dados coletados sao processados e sistematizados. As sub-dreas so desenhadas no mapa de acordo com o seu formato final, ¢ as informagSes s40 consolidadas em tabelas nas quais a cada coluna corresponde uma sub-area. Exemplo de tabela com dados das suba-reas (UE12, Olinda, Drup Projeto Comunidade Viva, AVS! 2009) rrr) PUT) Sit) Comunidade vive de | Area bastante Rua do Condor: Comunidade Xuxa: — Algumas casas forma precaria; hd | critica, quando 0 rio. Segundo moradores | as casas séo de possuem um melhor muitos barracos de | enche a agua chega a maior rua de alvenaria, porém padrao habitacio- papeléoe madeira |a1,20m.Areade —Peixinhos, nao ha foram construidas _ nal, de alvenaria € poucas casas de | extrema pobreza _pavimentagdo e sé desordenadamente- com 2 pavimentos, alvenaria, 0 esyoto | com varios barracos hd um acesso para | quase um verdade!- _ porém torna-se area corre a céu aberto | de papelao as mar- carro, 0 que dificulta | ro labirinto, alagada em fungao praticamente dentro | gens do io que se alocomocdo das. 5 tom agua en- $2 broximidade do dos barracos. Nao | tornou uma canaleta pessoas, principal- ae rio que foi aterrado haaguaencana- | de esgoto. O esgoto | mente as doentes. ua aeaiticn para ocupacao de daeaenergiaé —|corre acéu aberlo Mesmo assim, ode ssgtoe abides irregu- clandestina. Aagua |praticamonte dentro éadinicaruada | ESE AU ares; Av. Beira Rio: usadavem deum —|dos barracos e ha localidade que nao | ANS er caracterizada por ‘cano mestre que fica| varios pontos de _alaga. A rea possui e ech Ae to e | Um padtao habita- préximo ao esgoto. | aciimulo de lixo. 0 melhor padrao cional de madeira heabitaconal, com | 4uando chove entra | icing com total Na Rua Santo fe nas casas; segundo : casas de alvenaria : auséncia de infraes- ‘Amaro, o padrao moradora, “todos que possuem ener- trutura, condenada Bee ia létrica «gua | 10am doentes Quan 2 sminente rico, nc noten, te encanada, doa chuva acaba’. Esgoto a ctu aberto casas de alvena- . Huma area que é com varios pontos Tia que possuem Final da uaapre- |permanentemente —$9',0, ‘gua encanada e sentaum padréo | alagada. . energia elétrica, mas habitacional um ‘também é uma rea pouco diferenciado, alagavel com habitagdes precarias localizadas na Beira Rio. Para a checagem final, s40 comparados ‘verticalmente" os dados de cada sub-drea, 0 que permite verificar a homogeneidade interna entre elas. Os dados das diversas sub-areas sao comparados horizontalmente” para verificar as diferengas entre as mesmas. Se as diferengas entre as sub- -4reas sao mais significativas que as semelnangas dentro de cada sub-area, as tabelas sao confir- madas; caso contrério, devem ser feitas as modificagoes oportunas Os dados contidos nas tabelas das sub-Areas sao basicamente qualitativos e discursivos. Com a finalidade de permitir uma andlise e comparagdes mais imediatas, sao atribuidas pontuagdes as vari- veis de cada sub-4rea. Normalmente sao atribuidas quatro pontuagdes: bom, médio, ruim, péssimo. As pontuagdes so, obviamente, relativas ao contexto onde foi aplicado © Drup, € ndo a padroes absolutos - por exemplo, casas pobres, mas de dois andares, de alvenaria com reboco, podem 31 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL ser consideradas “boas” em relagao aos padrées de moradia da regido. Para definicao e atribuigao das pontuagées, séo listadas todas as situagdes encontradas para cada variavel, identificando, em primeiro lugar, respectivamente a melhor e a pior, &s quais sao atribuidas respectivamente as pon- tuagdes "bom" e “péssimo’. As demais situagdes intermedidrias sao inseridas no ranking entre os dois extremios nas categorias "médio" e “ruim’, com base no consenso entre os membros da equipe. Georreferenciamento dos dados: num Sistema de Informagao Geogrdfico (SIG) é feito o desenho das sub-dreas, so georteferenciados os servigos e equipamentos conforme sua localizagdo no mapa, e so inseridas em bases de dados, associadas aos objetos do mapa, as informagdes das microéreas anteriormente sistematizadas em tabelas. Com base nas pontuagées atribuidas, so elaborados mapas tematicos no SIG Enfim, os resultados do Drup so compartithados com a comunidade e outros setores da adminis- tracdo publica, para validagao e identificacao preliminar de prioridades de intervengao 2 ———nna> Dados oficiais e Drup E comum, ao aplicar Drup, aparecerem falhas nos dados oficiais disponiveis. Por exemplo, de acordo com os dados do Censo de 2000, cerca de 92% do Morro do Borel, no Rio de Ja- nero, ¢ atendido pela rede de esgoto. A realidade encontrada em campo é muito diferente, ja que tal rede foi se deteriorando e nao esté mais funcionando, ¢ a maioria dos moradores esta despejando os residuos liquidos no sistema de dranagam pluvial, em muitos casos em valas acéu aberto. Consequentemente, o esgotamento sanitario, que — conforme os dados oficiais = seria um problema secundario, na realidade 6 um dos problemas prioritérios da rea. 4-PRODUTOS DO DRUP (Os produtos finais do Drup sao os seguintes: Texto descritivo contendo, ao menos: * Caracterizagao geral da macrodrea: * Histérico da ocupagao da regido e sub-areas; * Caracterizagao do ambiente ¢ tipos de ocupagao; * Caracteristicas socioecondmicas; * Aspectos principais da violéncia; * Mapeamento dos bolsdes de pobreza; * Atuagao das instituigdes — programas e politicas puiplicas/ Identificagao de equipamentos € programas publicos instalados; + Mapas georreferenciados e fotos 2 POR DENTRO DA COMUNIDADE. Mapas com as seguintes indicacées: * Referencias espaciais utilizadas pela comunidade, com sua nomenclatura; * Sub-éreas identificadas e suas varidveis; * Localizacdo dos equipamentos e servigos publicos. Bases de dados associadas as feicdes correspondentes dos mapas: » Dados qualitativos das variaveis das microareas; * Pontuagées atribuidas as sub-éreas e suas varidveis; * Dados dos equipamentos e servigos pliblicos pesquisados. Exemplo: mapa de sub-areas, Morro do Borel, Rio de Janeiro, Programa UPP So- cial, Instituto Pereira Passos, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e ONU-Habitat ~ dados preliminares TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Exemplos de diferentes tipos de sub-dreas encontradas em assentamentos precd- rios e identificados no Drup. uM POR DENTRO DA COMUNIDADE 35 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Pesquisa das associagdes da sociedade civil © trabalho direto com as associagées locais presentes no territério 6 um fator de dxito nao sé para a execucdo da intervengo, mas ainda um fator de sustentabilidade apos sua conclusdo. As associagées constituem-se em um dos patriménios da comunidade, que j4 estio oferecen- do respostas concretas as necessidades das pessoas, possuindo uma grande capacidade de itradiar-se no territério®. Assim, junto com as ages previstas no Diagnéstico Répido Urbano Participativo, é proposta a rea lizagao de uma pesquisa censitaria das organizagdes da sociedade civil presentes na macroarea. Isso favorece o reconhecimento do seu papel por parte do poder piiblico ¢ da propria comunidad, respeitando e reconhecendo essa presenca Sao objeto da pesquisa todas as agregagdes de pessoas, grupos, associagées de baitro, culturais, artisticas, religiosas, esportivas, educativas, cooperativas, mesmo aquelas nao formalizadas, volta- das para 0 beneficio da comunidade. A pesquisa favorece nao apenas 0 melhor conhecimento do territério da intervengao por parte do poder puiblico, mas das proprias associagdes e comunidade que, em geral, ignoram 0 conjunto dos servigos oferecidos pelas mesmas. COMO FAZER Identificagao das organizacoes a) Na apresentagao da equipe 4 comunidade, ja nas reuniGes iniciais, deve-se mencionar a in- tengao de realizagao da pesquisa junto as organizagées da sociedade civil ¢, aproveitando 0 momento, agendar as primeiras entrevistas com as associagées disponiveis. b) No encontro com as entidades contatadas, solicitar indicagdes de outros grupos, ampliando 0 universo da pesquisa a ser realizada. c) Apresentar a iniciativa da intervengao aos conselhos municipais e secretarias setoriais, demons- trando a intengao de valorizar a atuagao da sociedade civil e solicitar o apoio dos conselhos mu- nicipais mediante a disponibilizacao das listas com nomes, telefones e enderegos das entidades localizadas na macroarea ou atuantes nela 6Em uma macrodrea de 62.508 habitantes do municipio de Olinda, por exemplo, foram identiicadas 80 entidades que juntas atendiam 10.000 pessoas (AVSI, 2010) 36 POR DENTRO DA COMUNIDADE. Realizacao da Pesquisa a) Preparar 0 questionéirio: no site www. cidades.gov.br/snh encontra-se uma proposta de ques- tionério. O usuario deste manual deverd analisar ¢ verificar se ele pode ser aplicado na integra ou se sao necessdiios alguns ajustes Questionarios Estao disponiveis para essa pesquisa dois questiondrios distintos: um para a entidade e outro para projetos que ela desenvolva. O primeiro permite entender a situacao da organi- zagao do ponto de vista formal (natureza institucional, estatuto, certificagao publica, regis- tro, CNPJ, alvara, sede, patriménio, n® de colaboradores, custo mensal) e de sua atuacao (servigos, dificuldades, perspectivas, articulagdes, recursos, principais encaminhamentos, projetos desenvolvidos e em desenvolvimento, expectativas). O segundo é voltado para aprofundar as iniciativas @ aces em curso da entidade, gerando informag6es como principais areas de atuacdo, perfil dos colaboradores, perfil dos bene- ficiétios, dificuldades ¢ expectativas. ESTE QUESTIONARIO SO DEVE SER APLICADO SE HOUVER ACOES EM ANDAMENTO OU PRESTES A INICIAR. ') Apés trabalho interno com 0 questionario, deve ser feito um teste com, pelo menos, duas orga- nizagoes para verificar sua aplicabllidade e necessidade de novos ajustes. c) O questiondrio deve ser aplicado mediante visita pré-agendada na sede da entidade e com al- guém da diretoria. O tempo médio de sua aplicagao é de 2 horas. De cada entidade deve ser feitas totografias, inclusive da fachada da sede. d) Os dados dos questionarios devem ser langatios em banco de dados para respectiva tabulagao. 2) Com 0s dados tabulados, a equipe deve produzir oretrato das associagdes, por meio de gréficos getados a partir dos dados constando, ao menos: © Numero de entidades pesquisadas; * Numero de entidades que executam projetos; * Tempo de existéncia das entidades; + Natureza institucional (se s40 associagées, cooperativas, entidades religiosas, entre outros), 37 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL * Entidades que possuem estatuto registrado, CNPU; * Conselhos aos quais as entidades sao filiadas; * Sitvagdo da sede (se é prépria, alugada, doada, em regime de comodato, entre outros); * Setores de atuagdo (educagao; sade; cultura, esporte e lazer; trabalho e qualificagao profissional; meio ambiente; assisténcia social, entre outros); * Tipos de atividades realizadas pelas entidades no respectivo setor de atuagao (ex. en- tidade que atua no setor de educagao - tipos de alividades possiveis: reforgo escolar, educacao infantil, alfabetizagao de adultos, pré-vestibular, entre outras); * Modalidades de contratagao dos colaboradores (termo de voluntariado, prestacao de ser- vigos, CLT, entre outros); * Custo mensal das entidades; '* Origem do apoio financeiro das entidades (6rgao publico federal, érgao publico estadiual, 6rg0 puiblico municipal, empresas, instituigdes privadas sem fins lucrativos, entre outros): * Modalidade de repasse dos recursos financeiros (convénio, doagao mensal, doagao anual, doagao esporédica, contrato, entre outros); * Perspectivas das entidades (ampliar parcerias, obter mais financiamentos, melhorar a sede, aluar em outros setores, entre outros); * Principais dificuldades encontradas pelas entidades (recursos financeiros, estrutura fis ca, numero de colaboradores, baixa qualificagao dos colaboradores, entre outros). Em relagao aos projetos das entidades, deve-se apresentar a0 menos as seguintes informa- es, ilustradas por graficos e fotos: * Namero de projetos; * Setores de atuagao dos projetos: * Idades dos beneficiarios (0 a 6 anos, 7 a 12 anos, 13. 18, 19 a 25, 264 40, 41a 59,4 partir dos 60 anos); * Recursos materiais dos projetos (computadores, linhas telefénicas, iméveis, automoveis, entre outros); + Residéncia dos colaboradores (na macrodrea, sub-area, em outras areas, etc); * Capacitagao dos colaboradores (se 0 projeto atua na capacitagao dos colaboradores, articula-se com parceiros para profissionalizé-los, etc); * Dificuldades encontradas na execugéio dos projetos (recursos financeiros, situagao da sede, numero de colaboradores, baixa capacidade gerencial/ administrativa, violencia, entre outros) 1) Ao final, no relatorio da pesquisa devem constar, pelo menos, os seguintes itens: i) introducao; ii) descrigao da pesquisa; ili) principais resultados (llustrados com os gréfices); ¢ iv) conside- ragdes gerais. POR DENTRO DA COMUNIDADE Exemplos de Graficos do Estudo das Associagées da Sociedade Civil, Olinda. AVSI, 2009 ATUACAO DAS ENTIDADES - POLIGONAL 56% 32% 11% 28% t t = t Educacéo Trabalhoe Saide Cultura, Meio Assisténcia Seguranga Outros Qualificagao Esportes Ambiente Social Profissional e Lazer e Habitat Fonte: AVSI, 2009. NIVEL DE ARTICULACAO DAS ENTIDADES - POLIGONAL 62% > od fd 15 Nao ‘Sim, em nivel Sim, em nivel ‘Sim, em nivel Sim, em nivel ‘comunitario ‘municipal estadual nacional AVSI, 2009, De posse dos dads brutos, a equipe técnica deve organizar um encontro com todas as organiza- Ges com a finalidade de apresentar os resultados da pesquisa, bem como as primeiras observa- 0es de leitura. Esse momento é fundamental, pois permite compartilhar as informagoes coletadas com a realidade dos pesquisados A partir do encontro, a equige geraré 0 retrato das organizagdes que seré apresentado a elas novamente, bem como a outros atores, como érg4os piiblicos, conselhos municipais, universida- des, potenciais financiadores, entre outros, iniciando um trabalho de divulgagao e reconhecimento desse patriménio, E importante que o documento produzido seja disponibilizado para todas as organizag6es pes- quisadas, 39 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Exemplo de Mapa de Localizagao das Asso- ciagdes da Sociedade Civil - Ribeira Azul/ PATS, AVSI, 2004. Mapeamento do mercado de trabalho Os moradores de areas de assentamentos pracérios encontram-se em uma situacao de vulnera- bilidade social. Varios sao os fatores negativos a que estao expostos: baixa escolaridade, falta de Qualificagao profissional, preconceito quanto & condigdo racial e ao fato de ser morador de periferia ou favelas. Esse perfil dificulta 0 acesso aos postos de trabalho formais Deve ser realizado um estudo especitico para orientar 0 projeto sobre estratégias de insergao de jovens e adultos no mercado de trabalho formal, considerando as demandas do mercado e o perfil da populagao. Faz-se necessério 0 conhecimento de algumas variaveis provenientes de dados primatios @ secundérios, como o grau de escolaridade, as expectativas dos jovens e adultos, ben como as demandas do mercado e a existéncia de entidades formadoras qualificadas Cestudo orienta a identificacdo dos cursos a serem oferecidos pelo projeto de forma a qualificar 08 jovens € adultos da érea de intervened, para que possam atender as demandas do mercado 40 POR DENTRO DA COMUNIDADE. de trabalho. Indica-se que sejam destinadas aos jovens capacitagdes no émbito da Lei da Apren- dizagem; aos adultos, qualificagao socioprofissional’. Ambas as capacitacdes se caracterizam por uma carga hordria consideravel, disciplinas de formagao humana (abordagem de temas transver- sais que complementam a formagao técnico-profissional) e acompanhamento por parte da equipe, junto com ages de insergéo no mercado de trabalho. Como fazer Panorama O primeiro passo ¢ levantar os dados secundérios existentes ¢ realizar entrevistas com informan- tes-chave para entender o panorama do mercado de trabalho do municipio e seu entorno. Se este se encontrar em alguma regiao metropolitana, aborda-se também a regiao. Deve-se estar atento para identificar os setores mais aquecidos e que mais absorvem mao de obra, considerando © perfil socioecondmico dos moradores do projeto. As principais fontes sao: * IBGE (www.ibge. gov.br) - 0 IBGE divulga mensalmente pesquisa de emprego em seis regides metropolitanas da Federacao; * Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - MTE divulga mensalmente o Cadastro Geral de Empre- go € Desemprego (Caged) em todos os setores da economia; * Agéncias estacuais e municipais de planejamento e de intermediagao de mao de obra; + Federagao das indistrias, Sistema S, sindicatos, associagbes + Estudos setoriais —~-+—_— Na elaboragao do panorama do mercado de trabalho nao podem faltar indicadores como: Pessoas em Idade Ativa (PIA), Passoas Economicamente Ativas (PEA), Pessoas Ocupadas (PO), Participacéo dos homens e mulheres no mercado de trabalho, Taxa de desemprego entre homens ¢ mulheres @ Evolugo do emprego por setor de atividade (¢ por subsetor). Grupos focais Realizagdo de grupos focais sobre potencialidactes profissionais e interesses dos moradores (caso seja necessario, deve-se contratar um consultor com experiénoia nesse tipo de metodolo- gia), realizando incluindo trabalho especifico com jovens ¢ adultos - destacando a participagdo feminina em ambos os grupos. 7 Para mais detalnes sobre como fazer a capacitagao de jovens e adultos, veja o volume 3 deste Kit, que trata da Geragao de Trabalho e Renda, 41 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Indicacgao dos cursos A partir das demandas do mercado de trabalho selecionadas de acordo com 0 perfil socicecondmico dos moradores e a existéncia de entidades formadoras, bus- ca-se compatiblizar as demandas mani- festadas pelos jovens @ adultos da area do projeto. O resultado dessa leitura indicaré os cursos a serem oferecidos. ‘A equipe pode identificar alguma de- manda do mercado compativel com o perfil dos moradores e que nao foi men- cionada por estes durante a realizado do grupo focal. Nesse caso, a equipe deve considerar a demanda e verificar a existéncia de entidade formadora. Em caso positivo, a equipe pode sensibilizar 08 moradores quanto a oportunidade encontrada. Dados e resultados Montar uma tabela com os dados coleta- dos (demandas do mercado, comunida- de e existéncia de entidade formaciora) pode auxiliar na visualizagéo dos resul- tados. Veja exemplo ficticio a seguir. Sobre entidade formadora ny Maury + DUE UCL Cet Pe Pe) de trabalho DET SU TELS TES A entidade formadora deve ter 0(s) curso(s) reconhecido(s) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Priorize entidades do Sistema S, no caso, Senai e Senac - que tém expertise reconhecida, bem como dispGem de recursos proprios para oferecer cursos. Veja mais informagées sobre entidade formadora no Vol. 3 — Geragao de Trabalho e Renda deste kit. PORDENTRO DA COMUNIDADE Exemplo: Municipio X - Quadro de Demandas da Comunidade, Mercado e Entidade Formadora DESPA Tt, 13 SOVENS DEOL SP nase) SOVENS a Ua Le JOVENS JOVENS Montador de palcos, aes ee Nao foram encontrados dados ‘sobre demandas do setor cultural Formagao de guias turisticos Auxiliar de cozinha, bartender (preparador de drinks no bar), commim (auxiliar de gargom) de bar e restaurante, atendente de lanchonete, camareira e gestor de pequenos hotéis e pousadas in Manutengao de computado- res e redes e Webdesign Produtores de software ‘SIM p/hardware; [NAO p/software Formagao para pintor Pedreiro, pintor, encanador, mar- ceneiro HOMENS HOMENS HOMENS HOMENS Eletricista, encanador, aaa pintor, encanador, mar- = reiro Conserto de automoveis: AS toe expressivos no setor | Sil MULHERES: MULHERES MULHERES MULHERES: Auxiliar de er ‘Auiliar de enfermagem (et.) SIM SIM ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Municipio X - Quadro de formagées a serem oferecidas SOVENS Padaria, pastelaria, confei- taria Auxiliar de cozinha, bartender (preparador de Pedreiro, pintor, encanador, drinks no bar), commim (auxiliar de gargom) de | marceneiro bar ¢ restaurante, atendente de lanchonete, ca- ‘mareira e gestor de pequenos hotéis @ pousadas Pedreiro, pintor, encanador, marceneiro Pedreiro, pintor, encanador, marceneiro Comentérios sobre o quadro: As formagées aqui tratadas consideram a carga horéria no &mbito da Lei da Aprendizagem (cerca de 920 horas) para jovens e qualificagdo socioprofissional (160-200 horas) para adultos e estao voltadas para o mercado formal Por conta disso, no exemplo do municipio X foram descartados * 0 setor cultural ~ por nao haver dados do setor cultural ¢ existéncia de entidade formadora. Se estivéssemos considerando 0 setor informal, poderia ser inserido, assim como os do curso de mecanica; + osetor de satide ~ Técnico em Enfermagem para mulheres por ser um curso técnico com carga horéria de 1.800 horas distribuidas ao longo de 2 anos. Entretanto, caso 0 projeto tenha recursos « tempo para promover 0 acesso a cursos técnicos, nao ha problemas. Ainda observando 0 exemplo, é possivel perceber que o setor de turismo para jovens permaneceu, entretanto, sem a formagao para guias, visto que nao havia uma demanda expressiva para essa atividade, Estudo De posse de todas as informagdes, pode-se redigir o estudo especifico para orientar o projeto sobre estratégias de insercao de jovens e adultos no mercado de trabalho formal, no qual devem constar, pelo menos: i) Introdugao; ii) Metodologia; ii) Panorama do mercado de trabalho; iv) And- lise dos dados primarios e secundérios; v) Consideragées gerais. 44 preveem a construcdo das estratégias de intervengao na microdrea ou paligonal e na macro- ‘rea compartlhada pelos diversos atores envolvidos no territério, propondo agées de desen- volvimento urbano e social, de valorizacdo da sociedade civil e de articulagao com demais poliicas publicas e setor privado. A 6s as respactivas atividades de conhecimento, iniciam-se as fases de planejamento, as quais Partindo da premissa de que o desenvolvimento implica a patticipagao do Estado, sociedade civil e setor privado, o planejamento compreende agdes a serem protagonizadas por todos os atores, valorizando 0 patrimbnio ja existente na comunidade. Busca-se, por um lado, apoiar ¢ fortalecer este patriménio e, por outro, a articulagao com outros atores (pUblicos € privadios) € recursos para que, em parceria, possam contribuir, cada um com seu papel @ capacidade, para o desenvalvi- mento da area. A primeira etapa gera 0 Projeto de Trabalho Social (PTS), contendo a sistematizagao das infor- magées do diagnéstico da(s) area(s) de intervengao com base na pesquisa socioeconémica familiar e uma proposta de agdes conforme os quatro eixos do Trabalho Social previstos na normativa, que aprova o Manual de Instrugdes do Trabalho Social nos Programas e Acées do Ministério das Cidades. Também é produzido o Plano de Desenvolvimento Socioterritorial (PDST), estruturado em obje- tivos e ages de curto e médio prazo, promovendo a continuidade e ampliacao dos processos implantados. Em relagao ao Plano de Reassentamento e Medidas Compensatorias, 0 Ministério das Cidades publicou uma normativa especifica (Portaria N° 317, de 18 de julho de 2013) que traz medidas @ procedimentos a serem adotados nos casos de deslocamentos involuntarios de famflias de seu local de moradia ou de exercicio de suas atividades econémicas em programas de urba- nizagao de assentamentos informais. Ver em: http://www.cidades.gov-br/index.php/o-ministerio/ noticias/2906-portaria-define-procedimentos-em-casos-de-deslocamentos-de-familias-por-con- ta-de-obras-do-pac. 45 ‘TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL COMO FAZER As atividades de planejamento devem ser voltaclas primeiro para a area de intervengao e depois para a macroarea, sendo 0 Projeto de Trabalho Social ¢ o Plano de Desenvolvimento Socioterritorial 0 principais instrumentos. OPTS e 0 PDST dever ser instrumentos nos quais a comunidade também se reconhega, € que ela aprove. Para que 0 PTS e 0 PDST sejam participatives, tendo 0 reconhecimento da comunidace como produtos construidos conjuntamente entre os técnicos @ os beneficiérios, durante sua elaboracao imprescindivel 0 acompanhamento de todas as suas etapas pela comunidade/ associagoes. Sen- do assim, cada etapa so sera dada como concluida apés ter sido apresentada, discutida, muitas vezes modificada, e, finalmente, aprovada pelos interlocutores da comunidade Projeto de Trabalho Social (PTS) Para criar estratégia de desenvolvimento da area de intervengo, importante elaborar 0 Projeto de Trabalho Social (PTS). O documento deve reunir: i) diagndstico da(s) area(s) de intervengao - basicamente, a pesquisa sociofamiliar censitaria ou, nas intervencoes de saneamento, amostral; il) definigdo das diretrizes para o desenvolvimento social, e ii) proposta de aces sociais a sere realizadas na(s) area(s) de intervengao. Etapas 1. Diagnéstico da rea de intervencao, com base na pesquisa socioaconémica familia. Informagées minimas a serem inseridas: * nlmero de habitantes ¢ composigao por sexo € faixas etarias, pessoas com deficiéncia, compo- sigdo familiar, coabitagao involuntéria e adensamento excessivo; * perfil de renda @ composiggo do gasto familiar, necessicade de tarifa social, subsidio para liga- es intradomiciliares, oferta de kits sanitarios e insergao em outras polticas publicas; * a escolaridade dos membros da familia, a profissao e situagao de emprego dos que percebem renda, justificando a necessidade de articulagao com a assisténcia social e educagao; + nivel de informagao da populagao sobre a intervengao proposta e opiniao sobre os servigos pu- blicos existentes e expectativas quanto aos que sero disponibilizados; + impactos ambientais. 46 INVESTIR NO PLANEJAMENTO 2. Definig¢do das diretrizes © PTS deve apresentar propostas de melhoria para a érea de intervengao; para tanto, deve esta- belecer diretrizes - areas tematicas - para nortear as agdes a serem financiadas com recursos do projeto e eventualmente oriundos de articulagao com outros atores ptiblicos e privados. Recomen- damos as diretrizes de educagao, familia, trabalho, habitat e fortalecimento da sociedade civil (ver Box). Entretanto, a equipe técnica deve verificar a correspondéncia destas no territ6rio. SOBRE AS DIRETRIZES ‘As diretrizes recomendadas sao resultantes de pesquisas socioecondmicas censitérias e amostrais no ano de 1999/2000, realizadas em um programa de cooperagao internacional (PATS/ Ribeira Azul). O pro- grama gerou um banco de dados, permitindo a realizagao de estudos estatisticos dos quais emergiram estas diretrizes, que, a despeito do tempo decorrido, continuam atuais. As diretrizes selecionadas - educacdo, familia, trabalho ¢ habitat - partem das seguintes premissas: os recur- 0s do programa nao sao suficientes para atender a todas as caréncias identificadas, portanto, é necessario priorizar 4mbitos de atuacao que tenham um valor mais estratégico. A segunda premissa é que as aodes pro- piciem as condiobes basicas a partir das quais as pessoas atuardo em favor do seu proprio desenvolvimento. No estudo realizado fol definido como prioritério o investimento em educacao, por ser a componente ‘mais abrangente e a que mais reflete sobre os outros aspectos da vida das pessoas. Melhores indices de es- colaridade e educagao estao associados diretamente a uma maior renda familiar, a melhores condigoes. de vida, a indices de trabalho mais estaveis, menores indices de desemprego, melhor qualidade da casa, menor densidade habitacional, entre outros". Isto significa que as pessoas com melhores oportunidades. ‘educativas enfrentam a realidade de forma mais apropriada, obtendo melhores condigdes de trabalho & renda, melhores condigdes habitacionais e uma melhor qualidade de vida de forma geral.. ‘A educacao pode conter formas de atuagao muito distintas, mas todas possuem potencial de beneticios que vao além da agao especifica: a educagao infantil, por exemplo, ao mesmo tempo em que possibilita evidentes ocasides de desenvolvimento integral para a crianga, oferece também um servico fundamental para a familia, fornecendo cuidados aos filhos e permitindo que os pais trabalhem, ou, ainda, garan- tindo alimentagao uma ou duas vezes por dia para a orianga, sendo estas, frequentemente, as Unicas releigbes que a crianga recebe. Da mesma forma a educacdo fundamental, ao mesmo tempo em que proporciona conhecimentos e ocasides de aprender a lidar com a realidade de forma madura e res- ponsavel, prepara para uma futura formacao profissional, além de oferecer muitas vezes alternativas & vida na rua e, portanto, alternativas a violéncia e @ marginalidade. Isso ¢ também evidenciado na andi se dos dados sociveconémicos, demonstrando que a escolaridade influi na redugao do trabalho infantil HA, ainda, uma forte interrelagdo entre o nivel educacional e a pobreza, isto é, 0 investimento na educagao 6 fundamental para a redugao da pobreza e para o aumento na renda, além de estar associada a fertilida- de, pois para as mulheres quanto maior 0 nivel educacional menor a sua taxa de fertlidade. Observamos também que a diretriz educagao € a que abrange o maior numero e diversidade de agdes e de beneficiarios. ‘As agoes va0 desde a0 apoio a oreches, & construgao e/ou reforma e gestao de equipamentos (creches, escolas de nivel fundamental e médio) a cursos de capacitacao de professores, de educacao sexual para adolescentes, de alfabetizacdo de adultos etc. Os beneficérios ineluem criancas e adultos ou professores & alunos, além das associagdes locais. Outra importante diretriz ¢ a familia, que € a primeira “experiencia relacional que confere ao ser humano 08 atributos que o distinguem enquanto tal’. E em toro do ambiente familiar que o cotidiano das pessoas, 6 estruturado e, em dreas subnormais em que os servicos publicos séo precaiios, torna-se mais relevante ainda pois através dela séo enfrentadas as questées de moradia, educagao, nutrigéo e sade. Ha forte integracao da ‘varidvel” familia em todos os outros aspectos do desenvolvimento. Quando os pais possuem um bom nivel de escolarizagao, os filhos tendem a ter mais chances de estudar, mostrando que 840 05 pais, geralmente os mais sensibilizados sobre a importancia da educagao, que permitem ¢ moti- ‘vam que os filhos estudem. Da mesma forma, quando os pais possuem um trabalho mais estavel, os filnos tambem apresentam a tendéncia de buscarem e conseguirem melhores condigées de trabalho. O trabalho representa uma diretriz fundamental para o desenvolvimento, nao somente como fonte de ren- 47 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL da, mas, sobretudo, como possibilidade de realizagao e oportunidade de crescimento humano. A anéiise dos dados socioecondmicos, além de mostrar que 0 trabalho é diretamente relacionado com a instrucéo, mostra também que melhores condicdes de trabalho e, conseqentemente, de renda estéo diretamente relacionadas com uma melhor qualidade da habitaeao, menor densidade habitacional, melhores condi- ‘Gbes de vida da familia como um todo. Outta indicagao interessante oriunda da relacdo entre as variaveis dos dados socioecondmicos ¢ representada pela importancia do trabalho feminino na familia, 0 principal responsdvel pela educagao dos filhos e pelas melhorias na qualidade da casa nas areas carentes. A diretriz de desenvolvimento chamada habitat resume todos os aspectos relativos tanto & moradia bem ‘como a educagao sanitaria e ambiental, ao lazer, esporte e cultura @ a satide, sando estas variaveis di- retamente relacionadas entre si: moradias precarias condicionam tanto o meio ambiente, como também a salide dos moradores, que, por sua vez exige condigdes higiénicas adequadas e um ambiente sadio. ‘A boa conservacéo da unidade habitacional é condigéo basica essencial para o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos e para uma maior qualidade de vida. Melhores condigdes habita- cionais estao diretamente ligadas a questoes educativas, a uma maior atengao na educagao dos filhos, a maior renda da familia, trabalho mais estavel dos familiares, menor desemprego, escolarizacao mais elevada dos adultos (especialmente das mulheres) e menores indices de analfabetismo. Inversamente, a alta densidade habitacional (nimero de pessoas por quarto), como indice negativo de qualidade na moradia, esta ciretamente relacionada a elevados indices de abandono escolar, maiores indices de desemprego dos jovens, maiores indices de trabalho do menor, baixa qualidade do trabalho & baixa renda e stresse doméstico, ‘Além das diretrizes apresentadas, no decorrer da execugao de varios projetos de habitacao de interesse social, acrescentamos o fortalecimento da sociedade civil, indispensavel para a continuidade do processo dde methoria do territ6rio impulsionado pelo projeto e de sustentabilidade da intervengao. 3. Proposta de agées voltadas a(s) érea(s) de intervengao, para nortear as agbes a serem finan- ciadas com recursos do componente social do Ministério das Cidades OS EIXOS DO TRABALHO SOCIAL Qs Eixos do Trabalho Social indicados pelo Ministério das Cidades e passiveis de financiamento sao: 1 Mobilizagao, organizagdo e fortalecimento social - prevé processos de informagéo, mobilizacdo, organizagao e capacitagao da populago beneficidria visando ao fortalecimento das organizacdes exis- tentes no territério, & constituigao e a formalizagao de novas representagdes e novos canais de partici- ago e controle social. 2 Acompanhamento e gestdo social da intervencao — visa promover a gestdo das ages sociais neces- sérias para a consecugéo da intervencéo, incluindo o acompanhamento, a negociacao e interferéncias corridas ao longo da sua execugao, bem como preparar e acompanhar a comunidade para compreen- so desta, de modo a minimizar os aspectos negativos vivenciados pelos beneficiarios e evidenciar os ganhos ocasionados ao longo do processo, contribuindo para sua implementagao. 3 Educagao ambiental e patrimonial — visa promover mudangas de atitude em relagao ao meio ambien- te, ao patriménio @ a vida saudavel, forlalecendo a percepgao critica da populagao sobre os aspectos que influenciam sua qualidade de vida, além de refletir sobre os fatores socials, politicos, culturais econdmicos que determinam sua realidade, tornando possivel alcangar a sustentabilidade ambiental e social da intervencao. 4 Desenvolvimento socioeconémico - objetiva a articulagao de polticas piiblicas, o apoio e a implemen- taco de iniciativas de geragdo de trabalho e renda, visando a incluso produtiva, econdmica e social, de forma a promover o incremento da renda familiar e a melhoria da qualidade de vida da populagao, fomen- tando condigoes para um processo de desenvolvimento socioterritorial de médio e longo prazo. Os elxos 1 € 4 (Mobilizacao, Organizagao e Fortalecimento Social, e Desenvolvimento Econémico € So- 48 INVESTIR NO PLANEJAMENTO cial) sao voltados para toda a macroérea. Para a construgao de agdes nesses ambitos sugerimos con- sultar, respectivamente, 0 vol. I desse kit — Fortalecimento das Organizacdes da Sociedade Civil e 0 vol. Ill — Geracao de Trabalho e Renda. {Ja 0s eivos 2 ¢ 3 (Acompanhamento ¢ gestdo social da intervencao e Educaco ambiental e patrimonial), orientam ages voltadas para a(s) area(s) de intervencao. Cada aco financiada diretamente pelo MCidades deve ser acompanhada de justificativa, detalha- mento das atividades, definicdo da modalidade de execugdo (execugao direta da propria equipe ou contratagao de consuttoria) e orgamento, Ao final, o(s) demais capitulo(s) contemplara(ao) * Definigao e funcionamento dos arranjos para a participagao e o acompanhamento comunitario; * Descricéio de agdes previstas por eixos, através do uso de tabelas, reportando as atividades, metas e resultados esperados; * Metodologia para o monitoramento interno @ indicadores de resultados, * Organizagao do trabalho (equipe técnica, estrutura, logistica); * Cronograma de Atividades e Financeiro, * Orgamento das agoes. Projeto Aid roar A) ety + + ety Plano de Desenvolvimento Socioterritorial (PDST) A partir do conhecimento e vivéncia (..) Social, a equipe técnica deverd etaborar, até 0 inicio da fase de pOs-obra, um Plano de Desenvolvimento Sociotarritorial © PDST ¢ elaborado a partir da consolidacao do Trabalho Social em campo, da mobilizagao comu- nitaria @ das articulagées intersetoriais efetivadas, visando a inclusao social, ao desenvolvimento econdmico e a integracdo territorial dos beneficidrios e deverd conter, pelo menos * identificagdo das demandas da populagao beneficiéria por direitos sociais, em continuidade aos 8 atendidos ao longo do Trabalho Social e outros ndo contemplados; * identificagao dos atores/parceiros aptos a responder as demands levantadias; * agdes/atividades previstas por tipo de demanda; » estratégia de implementagao das agbes/atividades; * cronograma de implementagao das agoeslatividace de curto, médio e longo prazo; 49 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL * levantamento dos custos ¢ identificagao das fontes de recursos; * definigo de mecanismos de participagao e controle social na execucdo do Plano. Etapas 1. Faga um capitulo de contextualizacéio da macroarea e respectiva(s) area(s) de intervencdo. Informagdes minimas a serem inseridas: * Dados de populacao - pop. absoluta, densidade demogréfica, distribuigao espacial; * Dados sociveconémicos - educagao, salide, renda: * Mapa de localizagao da maoroarea e da(s) 4rea(s) de intervengao dentro do municipio. 2. A seguir, ¢ feita a sintese dos estudos realizados ~ Drup, Pesquisa das Associagbes da Socie- dade Civil e Estudo do Mercado de Trabalho. Do DRUP, sero apresentados no Plano: * Descricao da metodologia; * Caracterizagao geral da macroarea e areas de intervengao; + Areas criticas * Caracterizago do ambiente relacionado aos tipos de ocupagao; * Histérico da ocupacao; + Equipamentos e programas sociais piblicos nas éreas de satide, educagdo, assisténcia social ¢ seguranga, com respectivos mapas de localizagao; * Sistema de mobilidade urbana: + Tabela de comparagao entre as sub-éreas da érea de intervengao dos seguintes aspectos: exten- 840 € populagdo, localizacao e acesso, ambiente e ocupacao, equipamentos publicos, trabalho e renda, demografia, escolaridade e renda; + Prineipais consideragoes; * Mapas ilustrando as gradagdes de pobreza na macroarea ¢ areas de intervencao; * Fotos. Da Pesquisa das Associacées da Sociedade Civil: * Descri¢ao da metodologia; + Principais resultados da pesquisa referentes s entidades e aos projetos existentes das mesmas. Sobre as entidades, 0 texto deve conter pelo menos as seguintes informagdes, ilustradas por graficos e fotos Numero de entidades pesquisadas v Numero de entidades que executam projetos; 50 INVESTIR NO PLANEJAMENTO Tempo de existéncia das entidades; ~Natureza institucional (se so associagdes, cooperativas, entidades religiosas, entre outros), vEntidades que possuem estatuto registrado, CNPJ; ¥Conselhos aos quais as entidades sao filiadas; YSituagao da sede (se € propria, alugada, doada, em regime de comodato, entre outros); vSetores de atuagdo (educagao; satide; cultura, esporte e lazer; trabalho e qualificagao profissional; meio ambiente; assisténcia social, entre outros); “Tipos de atividades realizadas pelas entidades no respective setor de atuagao (ex. en- tidade que atua no setor de educagao - tipos de atividades possiveis: reforgo escolar, educagao infantil, alfabetizacao de adultos, pré-vestibular, entre outras); Y Modalidades de contratagao dos colaboradores (termo de voluntariado, prestagao de ser- vigos, CLT, entre outros); ¥Custo mensal das entidades, ¥Origem do apoio financeiro das entidades (6rga0 pubblico federal, 6rgao puiblico estadual, 6rgo puiblico municipal, empresas, instituigées privadas sem fins lucrativos, entre outros) Modalidade de repasse dos recursos financeiros (convénio, doagao mensal, doacao anual, doago esporddica, contrato, entre outros); ¥Perspectivas das entidades (ampliar parcerias, obter mais financiamentos, melhorar a sede, atuar em outros setores, entre outros) ¥ Principais dificuldades encontradas pelas entidades (recursos financeiros, estrutura fisica, numero de colaboradores, baixa qualificagao dos colaboradores, entre outros). © Em relacao aos projetos das entidades, deve-se apresentar ao menos as seguintes informagées, ilustradas por graficos e fotos: Numero de projetos; vSelores de atuagao dos projetos, Yidades dos beneficiarios (0 a 6 anos, 7 a 12 anos, 13 a 18, 19.a 25, 26a 40, 41a 59,a partir dos 60 anos); Recursos materiais dos projetos (computadores, linhas telefénicas, iméveis, automéveis, entre outros); ¥ Residéncia dos colaboradores (na macroérea, areas de intervengao, em outras areas, etc); ¥Capacitagao dos colaboradores (se 0 projeto atua na capacitacao dos colaboradores, se busca parceiros para profissionalizé-los, etc); ¥ Dificuldades encontradas na execugao dos projetos (recursos financeiros, situagao da sede, ndmero de colaboradores, baixa capacidade gerencial/ acministrativa, violéncia, entre outros). © Anélise das informagoes * Consideragdes gerais * Lista das entidades pesquisadas com respectivos projetos * Mapa de localizacao das entidades. 51 TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL Quanto ao Mapeamento do Mercado de Trabalho, nao podem faltar: Panorama do mercado de trabalho com indicadores como: PIA (Pessoas em Idade Ativa), Pessoas Economicamente Ativas (PEA), Pessoas Ocupadas (PO), Participagéio dos ho- mens @ mulheres no mercado de trabalho, Taxa de desemprego entre homens e mulheres, Evolugéo do emprego por setor de atividade (e por subsetor); “Anélise da pesquisa de dados primarios e secundérios (Quadro de Demandas da Comu- nidade, Mercado e Entidade Formadora); ¥Consideragdes gerais. 3, Planejamento das agoes Cada agao do PDST deverd indicar suas fontes de financiamento - recursos proprios do Trabalho Sovial ou recursos de outros setores, nesse caso com consentimento explicito do setor envolvido. ‘Além disso, tais agdes deverao ser detalhadias em formato de projeto, conforme exemplo a seguir. Exemplo: FORMACAO PARA ORGANIZACOES DA SOCIEDADE CIVIL COM FOCO NO DESEN- VOLVIMENTO INSTITUCIONAL DIRETRIZ: FORTALECIMENTO DA SOCIEDADE CIVIL A) Justificativa O Projeto X (projeto ficticio) adota uma metodologia de attagao baseada no fortalecimento da socie- dade civil e dos servigos por ela oferecidos & populagéo, apostando no protagonismo das associa~ ‘gbes, no diélogo com 0 poder publico e nas parcerias com o setor privado, a fim de impulsionar a sustentabilidade dessas instituigdes, com objetivos de desenvolvimento local e das pessoas. Em andlise aos dados estatisticos obtidos por meio da pesquisa com as entidades da sociedade civil da poligonal de intervengao, foi verificado, no que se refere as perspectivas, que as entidades demonstram um equillbrio entre as opcodes de: melhorar a estrutura da sede (46%), aumentar 0 numero de beneficiérios (43%), ampliar parcerias (65%) e obter financiamentos (53%) ou ainda, adquitir sede prépria, obter algum tipo de financiamento e constitur-se formalmente (45%). Quan- do questionadas sobre as dificuldades enfrentadas, os resultados foram: 75% das instituigdes pon- tuam a falta de recursos financeiros, 65% a dificuldade de estrutura fisica e 47% das instituigdes afirmaram dificuldades em relagdo A elaboraco de projetos e captagao de recursos, inclusive havendo 0 reconhecimento de seus responsévels quanto a necessidade de formagao nessa area, Outro problema enirentado pelas entidades ¢ quanto as exigéncias dos financiadores, umas por que néo so constituidas formalmente, ¢ outras que so formais, muitas vezes esto com certidées, estatutos ou outros documentos necessérios desatualizados, Também é relevante destacar que a pesquisa revelou que a maioria dessas entidades executa um Unico projeto. Ou seja, 0 fim do pro- jeto pode significar a paralisagao (temporaria ou definitiva) da organizagao, o que esta diretamente relacionado a fragilidade em mobilizar recursos e em utilizar outras ferramentas de gestéo que garantam a sustentabilidade da instituigao 52 INVESTIR NO PLANEJAMENTO A combinagao dos dacios estatisticos de todo 0 contetido da pesquisa possibilitou conclusdes quan- to a aspectos relevantes dinémica ¢ organizagao das entidades da sociedade civil, inclusive subsi- diando a definigdo do eixo desta agao promovida pelo Projeto. A proposta pedagdgica da formagao em desenvolvimento institucional tem como enfoque principal a mobilizagao de recursos @ prevé relevantes aspectos transversais a um modelo de gestéo como 0 desenvolvimento organizacional, a sustentabilidade técnico-gerencial e financeira e outros instrumentos de mobilizagao de recursos B) Detalhamento da atividade As oficinas pedagégicas e o acompanhamento/monitoramento serao realizados junto as 80 entida- des pesquisadas, totalizando uma carga horaria de 92h, distribuidas ao longo de 10 meses, sendo 64h destinadas as oficinas pedagégicas e as 28h restantes apoiando as entidades na aplicagao do conhecimento tedrico ministrado, Serao realizados 7 encontros de 4h com 0 proposito de esclare- cet dividas e fazer mais exercicios simulados do cotidiano das organizagoes. As entidades serao estimuladas a trazer dlividas @ exemplos proprios para serem discutidos em salas Gan eure nase Méduto Tema Desenvolvimento | Sustentabilidade social e politica, com | Sustentabilidade social e politica; Organizacional _atencdo especial & questao da IDENTI- | Missao; Estratégias; Objetivas.. {6h DADE das organizagdes (quem somos, © que queremos, qual nosso papel) Sustentabilidade | “Setor” administrativo-financelro, | Regularizagdo das organizagbes: iministrativo- | pasando pela questo juridioa, = documentacdo; financeira Estardo em foco as quest6es legals ¢ + drgios responséveis; titucionais das entidades como: 05 = direitos e deveres das organizagGes; documentos necessarios para regulari-_» organizagOes socials e organizagdes 7za¢do, que érgéos devem ser procura- | comunitaias; dos, direitos e deveres das organiza-_* Desenvolvimento administrativo- | a4 08s, 0 que s40 organizagées sociais _-finanoairo; comunitias, além da importancia _» conceitos bésicos sobre despesas, do desenvolvimento administrativo e receitas; Conoeitos financeiros bdsicos. + fasas de um orgamento; + abertura de contas; + relator financeiro Desenvolvenda | Foco em elaboragao de projetos, com | Captagao de recursos; outros instrumentos | perspectivas para construggo de um _Elaboragao de projetos; tle mobilizagao de Plano de Mobilzacio de recursos. |» contexto recursos + justificativa + objetivos (geral ¢ espectticos), ~ marco légico + metodologia 24h + agbes « memétia de célculo/prestagao de contas + cronograma de atividades « releréncias bibliograticas + monitoramento e avaliagao TOTAL 64h TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL ‘A Formacao em Desenvolvimento Institucional seré realizaca por meio de execugao indireta (con- tratagao de consultoria. Nesse caso, 0 texto deve conter a apresentagao concisa da organizagao) @ terd 0 valor de R53,000,00 (cinquenta e trés mil reais), conforme quadro a seguir. OE NOR SL aso Pee Ee} Ro eee Oe Atividades Detalhamento Vala (R$) aoa orcarg ” | (RS1OQ/hora* Bdhras* 2 cursos) 16.000,00 Material didatico (R$200 * 100 participantes) 20.000,00 Lanche: (R$3,50 * 100 participates * 20 encontros) 7.000,00 Vale transporte (RS 500° 100 partipantes* 20 eneontros) 10.000,00 TOTAL 53.000,00 Ao final, deve ter um quadro-sintese com diretriz, ago, orgamento e possivel ator, Veja exemplo de quadio ficticio DIRETRIZ ACAO PRIORITARIA ATIVIDADES ESPECIFICAS ‘ATOR ‘VALOR (R$) HABITAT |Instlagdo de Baio Branco —Instlagao_Profeitra Municipal de | RS 40.000 espagos de lazer de quadra polisporiva XXX Bairo Amarelo—llumina- Prefetura Municipal de | RS 80.000 0 de praca 10x Bairro Azul — Criagao de Prefeitura Municipal de | RS 30.000 parque para criangas na Pea XXX da Arvore Verde TOTAL AS 150.000 = ciamento, o municipio aprasenta, no Ambito do componente social, a Proposta Preliminar de A imagem abaixo sintetiza a sequéncia das tases do Trabalho Social. Para obtengdo do finan- Trabalho Social, que pode ser construida a partir de dados secundérios. Com a aprovagao do recurso, ¢ dado inicio as etapas de conhecimento e planejamento deseritas neste volume, tendo como principal produto o Projeto de Trabalho Social (PTS), que orientara as ages da equipe na fase de obras e pés-obras. Apattir do PTS, deverd ser produzido, até o término da fase de obra, 0 Plano de Desenvolvimento Socioterritorial, cujo objetivo serd promover a continuidade e ampliagao dos processos implanta~ dos por meio do projeto de Trabalho Social PRE-OBRA OBRA ID =D TD yD = Proposta Frojete de Plano de Desenvolvimento liminar de Trabalho Social Socioterritorial Trabalho Social (*) Autorizagao de inicio de Objeto TRABALHO SOCIAL EM PROGRAMAS E PROJETOS DE HABITACAO DE INTERESSE SOCIAL GLOSSARIO APRENDIZAGEM: de acordo com 0 Manual da Aprendizagem do Ministério do Trabalho e Empre- go (MTE), @ aprendizagem € a formagaio técnico-profissional ministrada ao adolescente ou jovern segundo as diretrizes ¢ bases da legislagao de educacao em vigor, implementada por meio de um contrato de aprendizager. O Programa de Aprendizagem prevé a execugdo de atividades te6ricas, e praticas, sob a orientagao de entidade qualificada em formagao técnico-profissional metédica, com especificagao do publico-alvo, dos contetidos programaticos a serem ministrados, perfodo de duragao, carga hordiria tebrica e pratica, mecanismos de acompanhamento, avaliagao e certi- ficagdo do aprendizado, observando os parametros estabelecidos na Portaria MTE n? 615, de 13 de dezembro de 2007. Sao consideradias atividades tedricas aquelas desenvolvidas na entidace formadiora, sob orientagao desta. As atividades praticas so aquelas desenvolvidas na empresa ou na entidade formadora, conforme o caso. A entidade formadora deverd fornecer a empresa 0 respectivo plano de curso e orienté-la para que ela possa compatibilizar 0 desenvolvimento da pratica & teoria ministrada. AREA DE INTERVENCAO: area delimitada e ocupada predominantemente por familias de baixa renda, que demianda urbanizacéio ou desocupacado, total ou parcial, com vistas a adequagéo urbana @ habitacional, ¢ cuja populagao beneficidria em situagao de precariedade serviu para o calculo dos investimentos a serem realizados, Nos casos em que houver necessidade de remanejamento/ reassentamento, trata-se do local de origem das familias a serem remanejadas/ reassentadas. Nos empreendimentos de saneamento, é a rea delimitada pelo projeto que provoca mudangas nas con- digdes de vida da populagao ou na relagao de acesso das pessoas aos servigos de saneamento. ASSENTAMENTOS PRECARIOS : territdrios urbanos com dimensdes e tipologias variadas, habita- dos predominantemente por familias de baixa renda e caracterizados por uma ou mais das pacu- liaridades seguintes: i) irregularidade fundiaria e/ou urbanistica; ii) deficiéncia de infraestrutura; iii) ocupagao de areas suitas a alagamentos, deslizamentos ou outros tipos de isco; iv) altos niveis, de densidade dos assentamentos ¢ das edificagdes combinados a precariedade construtiva das unidades habitacionais; v) grandes distancias percorridas entre a moradia ¢ 0 trabalho associadas a sistemas de transporte insuficientes, caros @ com alto nivel de desconforto e inseguranga; vi) insuficiéncia dos servigos pUblicos em geral, principalmente de saneamento, educagao e saude. Podem ser classificados em: favelas, corticos, loteamentos irregulares de moradores de baixa ren- da e conjuntos habitacionais degradados. EQUIPAMENTOS COMUNITARIOS: sao considerados equipamentos comunitarios todas as cons- trugdes/estruturas realizadas por organizagées da sociedade civil nas quais é prestado algum atendimento & populagao. Estéo nessa categoria creches comunitarias, escolas, sedes de entida- des (desde que prestem algum atendimento), quadras desportivas, entre outros. EQUIPAMENTOS PUBLICOS: voltados ao atendimento das necessidades identificadas da popu- lacao beneficiéria, tais como: seguranca, educacao, desporto, lazer, comércio local, assisténcia social, convivéncia comunitéria, atenggo a infancia, a0 idoso, a pessoa com deficiéncia e A mulher responsavel pelo domictlio e geragao de trabalho e renda das familias beneficidrias 56

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