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Seção Especial

Os Simbolismos e c
Protótipos Usados no
Velho Testamento
(C-I) A Importância dos Símbolos Embora não possamos entender todos os desígnios do
Senho · ao assim proceder, as seguintes razões parecem ser
O grande escritor Thomas Carlyle escreveu certa vez:
de imj:'ortância fundamental:
" É através do uso de símbolos que o homem, consciente
ou inconscientemente, vive , trabalha e encontra sua razão
(C-4) A linguagem simbólica e figuras de estilo têm o
de ser . Além disso , as gerações que melhor souberem
poder de, com grande força e impacto transmitir
reconhecer o valor existente nos símbolos, e tiveram por
impori 'antes verdades em diferentes idiomas e às mais
eles maior apreciação , podem ser consideradas as mais
diversas culturas. A linguagem figurativa tem a capacidade
sublimes . " (Citado por Maurice H . Farbridge , em Studies
de fornecer uma poderosa impressão didática. Por
in Biblical and Semitic Symbolism. ) Não é de admirar,
exemp lo, em meio a extensos pronunciamentos proféticos ,
portanto, que a linguagem simbólica e as figuras de estilo
alertar.do Israel sobre os julgamentos que sobre ela
desempenhem um papel tão importante na religiãp , a qual
recairiam, Isaías apresentou àquele povo um ensinamento
preocupa-se com o destino eterno do homem . As
que, à primeira vista, poderíamos considerar como sendo
ordenanças e rituais religiosos são de natureza uma passagem de escritura sobremaneira difícil de se
profundamente simbólica, e nas escrituras , que contêm a
entender: " Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz;
palavra do Senhor revelada a seus filhos, encontramos atendei bem, e ouvi o meu discurso .
fartos exemplos de analogias , metáforas, parábolas , "Pc rventura lavra todo o dia o lavrador, para semear?
alegorias , protótipos e símbolos. O simbolismo nelas ou abr e e esterroa todo o dia a sua terra?
utilizado é tão profundo, e encontrado em tal abundância, "N�.o é antes assim: quando já tem gradado a sua
que, se não entendermos o seu significado, deixaremos de superLcie, então espalha nela ervilhaca, e semeia
compreender muitas verdades importantes e indispensáveis cominhos : ou lança nela do melhor trigo, ou cevada
ao nosso crescimento espiritual .
escolhi da, ou centeio, cada qual no seu lugar?
';'0 ;eu Deus o ensina, e o instrui acerca do que há de
(C-2) A Lei de Moisés: Uma Lei de Significado Simbólico
fazer.
Inúmeras pessoas do mundo em geral , e muitos "Pc rque a ervilhaca não se trilha com instrumento de
membros da Igrej a acreditam que o Velho Testamento trilhar , nem sobre os cominhos passa roda de carro ; mas
reflete as experiências de uma cultura anterior à época da como uma vara se sacode a ervilhaca, e os cominhos com
pregação do evangelho na terra, centralizada em torno do um pa l o
convênio mosaic q , que foi dado ao povo em lugar das leis "O trigo é esmiuçado, mas não s e trilha continuamente ,
do evangelho . Porém o Senhor declarou o seguinte a nem Sé esmiúça com as rodas do seu carro , nem se quebra
respeito da lei que os israelitas receberam , ao rejeitarem com o:; seus cavalos .
aquela natureza mais elevada: "E o sacerdócio menor "Até isto procede do Senhor dos Exércitos ; porque é
continuou, o qual possui a chave da ministração dos anj os maravJhoso em conselho e grande em obra . " (Isaías
e do evangelho preparatório; o qual é o evangelho do 28 :23-:19.)
arrependimento e do batismo, e da remissão dos pecados, As figuras utilizadas por Isaías nos ensinam uma lição
e a lei dos mandamentos carnais. " (D&C 84: 26-27 ; itálicos de grande poder instrutivo . Isaías usou como símbolo um
acrescentados .) A plenitude do evangelho foi retirada lavrad,)r e sua maneira de cultivar o campo e fazer a
dentre o povo de Israel ; porém , para substituí-la, foi colheit a, para demonstrar quais eram os desígnios de
apresentado aos filhos dos homens um evangelho Deus . No caso em questão , Israel é o campo de Jeová. Em
preparatório , contendo os seus princípios básicos e virtud(! de sua iniqüidade e apostasia, esse campo havia-se
fundamentais . Paulo ensinou aos santos da Galácia que o tornad o endurecido , incapaz de produzir frutos em
Senhor tomou tal medida para que os israelitas pudessem abund lncia . Assim como o lavrador prepara o solo ,
ser trazidos a Cristo : "De maneira que a lei nos serviu de quebwndo a sua superfície dura com a lâmina do arado,
aio, para nos conduzir a Cristo , para que pela fé fôssemos revolv. :ndo a terra e tornando-a apta ao plantio, assim
j ustificados . Mas , depois que a fé veio, já não estamos também os julgamentos e castigos derramados sobre o
debaixo de aio . " (Gálatas 3 : 24-25 . ) O Velho Testamento , povo cio convênio são como o arado e a grade do Senhor
especialmente em seus protótipos e símbolos, reflete de (comp ire com o que Mórmon ensina em Helamã 1 2 : 1 -6,
maneira muito rica o caráter preparatório da lei mosaica, sobre a natureza dos filhos de Deus) . Entretanto , observe
uma vez que ela continha o evangelho preparatório, cuja a pergunta formulada por Isaías : "Porventura lavra todo
finalidade era a de fazer com que Israel tivesse fé em seu o dia C < lavrador, para semear? " A resposta é não . Ele não
Redentor . ara a t �rra a todo momento . O lavrador o faz apenas o
suficie nte para deixar o solo na condição adequada para
(C-3) Por Que o Senhor Usa Tantas Figurações e Símbolos nele plantar a ervilhaca, o cominho (duas espécies de
nas Escrituras? herbác eas) e o trigo .
Da mesma forma, no simbolismo do lavrador, por
Por que o Senhor utiliza abundantemente de linguagem ocasião da debulha, acha-se ilustrado o processo
simbólica para ensinar a seus filhos? Por que não se limita discriminativo pelo qual Deus realizará seus j ulgamentos .
a apresentar claramente o que deseja que saibamos?
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Diferentes espécies de cereais são debulhados de diferentes pelo Salvador naquele momento não deviam ser
maneiras . O trigo era c.olhido com .uma debulhadeira, um entendidas como sendo apenas uma história agradável.
instrumento pesado que era trazido de arrasto por una rez Numa ocasião posterior, os discípulos chegaram-se a ele e
ou jumento. Porém, outros meios são usados para perguntaram: "Por que lhes falas por parábolas? "
debulhar as plantas mais tenras, como a ervilhaca e o (Mateus 1 3 : 10.) A resposta dada pelo Salvador pode
cominho, que seriam destruídas, caso sobre elas se parecer-nos, numa análise apressada, um pouco
colocasse excessivo peso . O Senhor age de idêntica equivocante. Ele esclareceu que assim ensinava, porque a
maneira. Os castigos por ele infligidos não se destinam a multidão se recusava a ouvir e entender as verdades de
esmagar o povo , e com isto destruí-lo . Se a iniqüidade em natureza espiritual . O Élder Bruce R. McConkie declarou
que ele se encontra requer apenas que seja punido "com o seguinte, salientando a razão por que o Salvador
uma vara" , então é somente tal aflição que o Senhor ensinava através de parábolas :
permite que lhe sobrevenha. Se, pelo contrário, for preciso " Nosso Senhor empregou parábolas em muitas ocasiões
usar um processo mais pesado para a debulhada, ele então de seu ministério, para ensinar verdades do evangelho. O
o fará. Em alguns casos extremos, como aconteceu p or seu propósito, entretanto, ao contar essas histórias curtas ,
ocasião do dilúvio , ou no caso de Sodoma e Gomorn, os não era apresentar as verdades do evangelho claramente,
campos provavelmente terão de ser queimados até o ,;hão, para que todos os ouvintes as compreendessem. Pelo
para que possa ser iniciado o novo plantio e colheita . contrário, eram contadas de modo que escondessem a
O Senhor poderia ter esclarecido de maneira mais direta doutrina envolvida, para que somente os letrados
sua forma de agir com seus filhos que se tornam rebe ldes, espirituais pudessem compreendê-las, enquanto as pessoas
alistando detalhadamente o que deviam entender. Pc rém de entendimento obscurecido permaneciam nas trevas .
as figurações têm maior poder de instrução que uma (Mateus 1 3 : 10- 1 7 . ) Não é adequado ensinar a uma pessoa
simples lista de requisitos ; elas têm a capacidade de SI: mais do que ela tem a capacidade espiritual de entender e
propagar por todas as partes do mundo , através de assimilar. " (Mormon Doctrine, p. 553 . Também em Vida
numerosas traduções, atingindo as mais longínquas e Ensinamentos de Jesus e Seus Apóstolos, p . 76.)
culturas . Como o Élder Bruce R. McConkie afirmou: Para aqueles dotados de parco discernimento espiritual,
"O Senhor utiliza simbolismos freqüentemente com o a parábola do semeador não passa de uma historieta
objetivo de gravar profundamente em nosso intelectcl os agradável. Entretanto, para os que se acham em sintonia
eternos princípios em que devemos crer e aceitar a fim de com o Espírito, e que conhecem bem as verdades do
sermos salvos; e para tornar mais impressivo seu evangelho, elas têm um significado bem maior. Assim
verdadeiro significado e importância, fazendo com isto sendo , a linguagem simbólica tanto pode revelar como
que, em nosso íntimo, fique gravada uma impressão que ocultar certos princípios, dependendo da acuidade de
jamais poderemos esquecer, e para que centralizemo�; a espírito daquele que a ouve.
nossa atenção nessas sublimes verdades redentoras . Os
princípios abstratos podem ser facilmente esquecidos e seu (C-7) O valor simbólico afeta profundamente as emoções e
significado profundo pode passar despercebido; poré m as atitudes do indivíduo. A bandeira nacional de um país não
representações visuais e experiências realmente vívida s passa, na realidade, de um grande pedaço de tecido, com
ficam registradas com tal clareza em nossa mente, qu e as cores formando um determinado padrão . Entretanto,
jamais conseguiremos esquecê-las . " (The Promised por causa desse pedaço de pano, lágrimas são derramadas,
Messiah, p . 377 .) pessoas vão à guerra, arriscam-se a sofrer,perseguições e
até mesmo a morte . Não é, obviamente, aquele pedaço
(C-5) O ato de transmitir verdades profundas em específico de pano que realmente importa, pois pode ser
linguagem simbólica, muito contribuiu no sentido de facilmente substituído . Seu real valor está no que significa
preservá-las da astúcia daqueles que procuravam reti(ar para o indivíduo. Seu simbolismo pode exercer uma
das escrituras as passagens claras e preciosas. Não re�;ta profunda influência em seu coração e mente. Só é preciso
qualquer dúvida de que muitas verdades claras e prec iosas ponderarmos sobre o sentimento e a emoção que tais
foram retiradas da Bíblia (veja 1 Néfi 1 3 : 26) . O Profeta objetos ou atos simbólicos fazem surgir no íntimo de
Joseph Smith ensinou : "Creio na Bíblia tal como se " nosso ser, basta que imaginemos o que significa para nós
encontrava ao sair da pena de seus escritores originai ; . Os um anel de noivado, o templo, o batismo, o sacramento, e
tradutores ignorantes , os copistas descuidados e os assim por diante, para que entendamos a razão pela qual o
sacerdotes intrigantes e corruptos cometeram muitos Senhor costuma nos ensinar por meio de símbolos.
erros . " (Ensinamentos, p. 3 1 9.)
Ele sugeriu que os textos bíblicos foram (C-8) Quando somos forçados a refletir e examinar o
propositadamente deturpados . Entretanto, os significado de uma representação simbólica com uma
ensinamentos transmitidos por meio de representaçõc!s atitude de busca, adquirimos com isto grande poder
simbólicas exigem que a pessoa tenha o "espírito de espiritual. Quando, em termos de esforço e sacrifício,
profecia" , ou "testemunho de Jesus" , para que possa pagamos um preço para obter alguma coisa, a apreciação
interpretá-los (Alma 25 : 1 6; Apocalipse 19: 1 0), e assim que teremos por ela será maior do que se nada fizéssemos
sendo, não puderam ser entendidos pelos "sacerdote ; para consegui-la. Para que o estudioso consiga desvendar
intrigantes e corruptos" , que acabaram por deixar ta is as grandes verdades espirituais que se acham ocultas nas
passagens basicamente intactas . escrituras em uma linguagem figurativa, é necessário que
examine e pondere. Todo conhecimento tem seu preço, e
(C-6) A linguagem figurativa pode transmitir verdades e quando conseguimos obtê-lo, torna-se muito mais
conhecimentos a todos os níveis de maturidade espiritual. satisfatório e valioso, que se o tivéssemos obtido de outra
Após ensinar à multidão que o seguia a parábola do forma.
semeador, Jesus advertiu-os, dizendo: "Quem tem Há ocasiões em que as pessoas tentam desestimular as
ouvidos para ouvir, ouça" (Mateus 1 3 : 9) . Esta decla:,"ação outras em seu intento de compreender o significado
deu a entender a- seus ouvintes que as verdades ensinadas simbólico das passagens de escritura. É óbvio que o
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indivíduo não deve lê-Ias, dando-lhes uma conotação símbol os usados n o Velho Testamento . A leitura do
diferente daquela pretendida pelo autor, porém ignorar o derramamento de sangue de animais sacrificados, e da
significado simbóliso onde ele existe, seria I?erder muito do maneira como o sangue era recolhido em bacias e
que é ensinado . O Elder Bruce R. ]\1cConk.le deu-n� s as aspergido sobre o altar, ou usado de outras formas
seguintes palavras de incentivo: "E uma atitude sadia e diferentes, pode ser ofensiva a certos leitores modernos.
adequada procurarmos encontrar protótipos de Cristo por Na época atual, o máximo que sabemos sobre a matança
toda a parte e usá-los repetidas vezes, no sentido de de animais é o que diz respeito ao açougue de um
mantermos nitidamente gravados em nosso íntimo seus supermercado, onde a carne é higiênica e atraentemente
maravilhosos exemplos e mandamentos. " ( The Promised acondi cionada em balcões frigoríficos . O sangue e as
Messiah, p . 453 .) entranhas dos animais jamais são vistos pelo público em
geral; assim sendo, quando alguns detalhes relativos a eles
(C-9) Algumas Diretrizes Importantes para Interpretarmos são tratados , como acontece no Velho Testamento, a
os Protótipos e Símbolos Contidos no Velho Testamento reação mais comum dos leitores atuais é a náusea ou
repulsa.
Em que ocasião uma atitude ou objeto usado nas
Denmos ter em mente duas coisas importantes.
escrituras deve ser interpretado de maneira literal ou de
Primei ro, para os povos do Velho Testamento. ta�s
forma figurativa? Os símbolos podem ser interpretados de '
prátic" s não eram ofensivas . A �atança de ammals I?ara
modo demasiadamente literal e seu verdadeiro significado
alimen to a visão do sangue e a limpeza da carne faziam
pode-se perder numa grotesca i�itação da real�dade . Por
parte ele � uas experiências cotidianas . Qualquer família
outro lado, pode-se, ainda, esqUivar-se de explicar o
típica daquela época criava animais e os matava para
verdadeiro significado de uma passagem, alegando que ela
alimen to . Até mesmo nas grandes cidades , as pessoas
foi dada apenas no sentido figurativo. As seguintes
compr avam carne em feiras ao ar-livre, onde
diretrizes podem ser proveitosas para nos ajudar a
para q ue a carne fosse fresca. Tal costume ainda � comum
freqüeritemente os animais eram mortos no próprio local,
interpretar corretamente os protótipos e símbolos usados
nas escrituras.
nos países do Oriente Médio . Em segundo lugar, � o que
tais práticas denotam que geralmente ofende ao leitor
(C-lO) Identificar o que existe por trás do símbolo
urbanizado de hoje em dia. Porém , quando procuramos
mencionado, para descobrir com que sentido nos foi dado.
entender o que existe por detrás do simbolismo , a
Os símbolos tanto podem denotar como conotar um
conot2,ção que ele deseja transmitir, então a repulsa se
significado especifico . A denotação de um símbolo é o que
transforma em apreciação das verdades que estão sendo
ele realmente representa. Por exemplo, uma gravura do
ensinadas .
Templo de Lago Salgado denota um edifício diferente,
(C-lI) Será que as próprias escrituras revelam qual � a
amplo e bem construído, contendo seis t �rres e agulhas
ornamentais nas cumeeiras, uma das quais, adornada com
interpretação de um determinado símbolo ? Há ocasiões
a figura dourada de um personagem trazendo uma
em qUI: as pessoas criam desnecessária polêmica em torno
trombeta na boca. Todavia, considerando-o
do sigllificado de certo símbolo, quando as próprias
simbolicamente, o Templo de Lago Salgado também
escrituras revelam claramente qual é a resposta correta. O
conota um significado especial. Conotação é o que �m
que Sifnificam os sete castiçais de ouro mencionados no
símbolo sugere através de associação, mesmo que tais
livro de Apocalipse? O Senhor respondeu diretamente a
exemplo, o símbolo em questão conota, ou da ! l� eIa de
associações não façam parte do próprio símb ? lo .. r:?r
essa questão; portanto, não temos a menor necessidade d�
criar c1)fijeturas (veja Apocalipse 1 :20) . O que Jesus quena
casamento no templo, santidade, beleza, reverenCia, ou
dizer, quando falou a respeito da parábola do semeador?
um lugar onde se pode obter conforto espiritual . O
Ele esc lareceu especificamente o significado deste
Templo de Lago Salgado também acabou se tornando
simbolismo (veja Mateus 1 3 : 1 8-23). Que representava a
uma representação de nossa Igreja. Ao olhar-se para. ele,
grandf estátua que Nabucodonosor viu em sonho? (Veja
não se vê o casamento no templo como parte do projeto
Daniel 2: 36-45 .) Há centenas de outros exemplos de
arquitetônico . Tal idéia é apenas conotada pelo ou
interpretações diretas . Através de um estudo cuidadoso
associada ao edifício, quando se tem tal símbolo em
das escrituras, podemos encontrar muitas delas com a
mente . Freqüentemente a conotação de uma imagem dá à
maior facilidade. Porém, é mister que o leitor pague o
escritura um significado mais realista do que a passagem
devido preço, se desejar descobri-Ias, pois, muitas vezes,
consegue denotar. Por conseguinte, devemos atentar, além
encont ram-se em outra parte das escrituras .
do que o símbolo transmite, à conotação implícita na
passagem.
(C-12) Procure identificar o Salvador nos símbolos e
Ao estudar um determinado símbolo , entretanto, o
protótipos apresentados nas escrituras. Considerando que
indivíduo não deve deixar-se influenciar pelas limitações
Jesus Cristo e o sacrifício expiatório são a parte central e
impostas por sua própria cultura, a ponto de não entender
mais importante de nossa religião, não é de admirar que
as figurações que a ele se acham associadas. Por exemplo,
virtualmente todos os símbolos das escrituras sejam
embora a pessoa tenha sido criada numa grande
centralizados em Cristo . Poderíamos dizer que todas as
metrópole, e jamais haja desfrutado de qua!q�er
parábCllas, símbolos, metáforas e protótipos têm o
experiência rural, isto não quer dizer �ue seja �ncapaz �e
objetivo de ensinar aos filhos de Deus o que devem fazer,
apreciar devidamente as figuras e símIles extra�dos d� Vida
a fim e le que o sacrifício infinito de Cristo se torne parte
agrícola de uma época antiga. Sem que necessite mUito
integrante de sua vida, e consigam obter uma reconciliaç.ão
estudo e reflexão, qualquer pessoa pode entender o que
perfeit 3. com o Pai Celestial. Este conceito é tão verdadeiro
significa o ato de semear, colher, joeirar, debulhar,
no Vel ho Testamento como nas demais escrituras. Néfi
espremer uvas e outros exemplos semelhantes.
ensino cl a respeito da natureza abrangente dos
Talvez o problema mais difícil que algumas pe� soas
simbolismos, quando declarou: "Eis que minha alma se
encontram, sej a o de identificar a natureza dos diversos
regozija em confirmar a meu povo a veracidade da vinda
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de Cristo; pois para este fim foi dada a lei de Moisés: e verdadeira bola de espinhos de apa:rência compacta e
todas as coisas que foram dadas por Deus aos homer.s, ameaçadora. Na realidade, a planta tem sua base muito
desde o começo do mundo, são símbolo dele. " (2 Né1'i fraca, e pode facilmente ser carregada pelo vento . O som
1 1 :4; itálicos acrescentados). da galgaI seca, rolando impulsionada pela brisa, é uma
Amuleque ensinou o mesmo princípio da seguinte experiência inesquecivel para aqueles que vivem nos
maneira: "E eis que este é o significado total da Lei, cada lugares em que elas existem .
ponto indicando aquele grande e último sacrifício; e aquele "Ao cria:r uma metáfora utilizando a galgai, o Salmista
grande e último sacrifício será o Filho de Deus, sim, está pedindo ao Senhor que torne os inimigos de Israel
infinito e eterno." ( Alma 34: 1 4.) como aquela planta: que, embora tenham uma apa:rência
O Rei Benjamim nos deu um ensinamento idêntico ao atemorizante, sua base seja fraca. A planta toda pode ser
de Abinádi (veja Mosias 3 : 1 4- 1 5 ; 1 3 :29-3 1 ) . (Para levada pelo vento, pa:ra bem longe.
maiores esclarec imentos sobre a natureza abrangente da "Uma analogia com a planta galgai é feita também em
idéia de um Redentor divino no Velho Testamento, v eja a Isaías 1 7 : 1 3 :
Leitura l -S . ) " 'Bem rugirão as nações, como rugem as muitas águas,
Mórmon nos revelou uma chave pela qual podemo ; mas ele repreendê-Ias-á e fugirão para longe; e serão
entender o verdadeiro significado da lei mosaica: "Ora, eles afugentadas como a pragana dos montes diante do vento,
não acreditavam que a salvação lhes viesse por meio da lei e como a bola diante do tufão . '
de Moisés; a lei de Moisés, porém, serviu para forta ecer­
. " A 'bola' . . . é a galgai. ' Bola' , no caso, traduz somente
lhe a fé em Cristo; e assim, por meio da fé, mantinhan a parte do significado da palavra. Nesta alegoria, o profeta
esperança da salvação etema, confiando no espírito d e está, na verdade, prevendo a destruição do império assírio ,
profecia que falava dessas coisas futuras." (Alma 25 : 1 6; um inimigo assustador, mas com bases muito fracas, e que
itálicos acrescentados). O Senhor ensinou a João que o poderia facilmente ser soprado para longe, pelos ventos do
"espírito de profecia" consiste no "testemunho de Jes us" Senhor. " (Anivoam Danin, "Plants as Biblical
(Apocalipse 1 9 : 1 O). Sem possuir tal testemunho, uma. Metaphors" . Biblical Archaeology Review, maio/junho de
pessoa é incapaz de entender o pleno significado das leis e 1 979, p. 20.)
ordenanças mencionadas no Velho Testamento. Assim, podemos observar que o entendimento vem com
o exame criterioso do objeto utilizado como símbolo . O
(C-13) Permita que a natureza do objeto usado com(' estudo da história e cultura desses povos também nos
símbolo contribua para um melhor entendimento de seu ajuda a compreender o significado dos objetos usados e
significado espiritual. Os povos do Oriente Médio tin ham seu profundo impacto espiritual .
grande apreciação por figurações e costumavam criar
figuras e símiles utilizando coisas que existiam ao seu (C-14) Uma verdade pode ser ensinada através de
redor. Para tanto, usavam examinar as característica:; inúmeros símbolos; um símbolo pode tipificar inúmeras
naturais de um objeto para ver se elas transmitiam verdades; e, conquanto o Senhor possa mudar os símbolos
verdades espirituais . Por exemplo, em Salmos 83: 1 3 , que usa para ensinar verdades, as verdades, em si, nunca
lemos o seguinte: "Deus meu , fa:ze-os (os inimigos) c omo mudam. Às vezes, ao descobrirem a interpretação de
que impelidos por um tufão, como a palha diante do determinado símbolo , as pessoas se satisfa:zem com aquilo
vento. " O vocábulo tufão é traduzido da palavra hebraica que conseguiram encontrar, e não procuram aprofundar­
galgaI, que serve para designar uma planta espinhosa, -se no assunto; ou ainda, acontece de fica:rem confusas ao
natural do Oriente Médio . Um grande comentador d i acharem outro símbolo que transmite a mesma verdade.
Bíblia explicou esta metáfora da seguinte forma: Tão amplas e profundas são as verdades contidas no
"Galgai é unia planta espinhosa, da família das A1 ter Evangelho de Jesus Cristo, que seria necessário usar
(Asteracea ou Compositae) . A galgaI é um arbusto in erte milha:res de figurações, protótipos e símbolos para
durante os meses secos do verão. Após caírem as primeiras transmiti-Ias . Por exemplo, são tantos e tão variados os
chuvas de inverno, das robustas raízes perenes brota llma aspectos da vida e missão terrena de Jesus, que ele é
roseta de folhas . . . Os cachos de flores, ou inflorescências, representado ou simbolizado como o Cordeiro (veja
se desenvolvem entre o final do inverno e início da João 1 : 29), a Luz (veja João 1 :7-8), o Advogado (veja
primavera, produzindo o fruto com suas sementes . Depois D&C 45 :3-5), a Pedra (veja I Coríntios 1 0:4) , o Bom
desse ciclo, a planta morre - sendo isto pa:rte do pro cesso Pastor (veja João 10: 1 1 , 1 4) , a Videira Verdadeira (veja
através do qual suas sementes se dispersam para outT>JS João 1 5 : 1 -5), o Verbo (veja João 1 : 1 , 14) , o Leão (veja
luga:res. As hastes geram folhas rígidas, que possuem Apocalipse 5 : 5) , a Pedra de Esquina (veja Efésios 2:20), o
nervuras de tal natureza, que as folhas se assemelham a Pão Vivo (veja João 6 : 5 1 ) , o Amém (Apocalipse 3 : 1 4) , a
asas voltadas pa:ra todas as direções. O arbusto tem a Resplandecente Estrela da Manhã (veja Apocalipse 22: 1 6),
forma redonda; por isto, quando seco, é capa:z de rolar o Sumo Sacerdote (veja Hebreus 3 : 1 ) , o Esposo (veja
como uma bola. Quando chega a época em que as Mateus 25 : 1 - 1 3) , Aquele que Pisa o Laga:r (veja
sementes da fruta morta estão prestes a serem espalhadas, D&C 1 3 3 : 50), e o Fogo Consumidor (veja Hebreus 1 2 : 29) .
a base do talo se desliga das fortes raízes, através de um Uma cuidadosa reflexão das conotações desses títulos
tecido mais fraco que, na ocasião certa, se desenvolv<: no proporciona um significativo esclarecimento. sobre o
luga:r em que sofrerá a rutura. Ao sepa:ra:r-se, a planta Salvador e sua grande missão .
começa a rola:r, levada pelo vento, dispersando suas Da mesma forma, um só símbolo pode ensinar
sementes pelas estepes e campos. (A palavra galgaI numerosas verdades espirituais. Por exemplo, a oliveira foi
também significa roda, em hebraico; o nome da planta usada como símbolo da casa de Israel (veja Jacó 5 : 3 ) .
provavelmente se originou dessa ca:racterística que elél tem Colocando e m prática a diretriz d e examinar a natureza do
de rola:r pelos campos como uma roda.) simbolo utilizado, a oliveira, podemos identificar muitos
"Um pouco antes de o a:rbusto redondo se desligau de conceitos importantes :
suas raizes, seu aspecto é deveras assustador - uma 1 . Ela é uma coisa viva, e produz muitos frutos .
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2. Para que seja produtiva, requer que seja ilumim,ção, para ungir o corpo, cozinhar, como
periodicamente podada, a fim de que os novos galhos que ingredi,mte básico de cosméticos e para fins medicinais .
dela brotam se tornem fecundos . Sem esse trabalho Muit os dos sinais e símbolos dados na época do
constante, a árvore se transforma numa oliveira brava, convên io mosaico foram posteriormente substituídos, mas
que não passa de um amontoado de troncos e ramos, que isto não quer dizer que fossem de natureza inferior . O
produzem apenas frutos pequenos, amargos e sem Senhor ordenou aos isràelitas que usassem franjas nas
nenhum valor. bordas de suas vestes, para que se lembrassem do
relaciollamento que tinham com o Senhor (veja
Númews 1 5 : 38-39; Deuteronômio 1 2 : 1 2) . Respondendo a
um erudito que afirmou ser esta maneira peculiar de se
vestir os toscos rudimentos e evidências de um povo
espiritualmente imaturo, certo comentador da Bíblia
escreve'] o seguinte:
"A h umanidade veste-se das maneiras mais diversas e
estranh as para seguir os estilos ditados pelo mundo. O que
há de tilo problemático ou 'tosco' em trajar-se de
conformidade com o que ordena o Senhor, ou usar
qualquer modelo de vestuário especificado por Deus? Nada
existe de invulgar ou difícil nesta lei, nem qualquer
caractel"Ística absurda ou impossível. "
O au tor então teceu os seguintes comentários a respeito
de tais !:ímbolos:
"O u so de franjas nas vestes não é observado
atualmt:nte pelos cristãos, porque tal costume, como o da
circunc .são, de guardar o dia do sábado, e outros aspectos
da aliança feita através de Moisés, foram substituídos por
novos sinais do convênio, conforme fora renovado por
Cristo. A lei do convênio ainda permanece; o que mudou
foram os ritos e os sinais do convênio . Porém, a forma
dos sinais do convênio na época de Moisés não é menos
honrosa, profunda ou bela do que a forma cristã. A
mudanca não conota ou representa um avanço evolutivo,
nem uma relação de superioridade ou inferioridade. O
convêni o foi cumprido em Jesus Cristo; entretanto, Deus
não pas sou, por isso, a considerar Moisés , Davi, Isaías,
Ezequid ou qualquer outra pessoa com a qual fizera os
convêni os do Velho Testamento como seres inferiores à
sua vista., ou de habilidade infantil, portanto carentes de
receber 'toscos rudimentos' em seus rituais . "
Uma oliveira (Rushd,)ony, Institutes 01 Biblical Law, p . 23 .)

3 . Para que volte a produzir bons frutos, é mister podar (C-IS) Para que possamos entender plenamente o
completamente a oliveira brava e enxertar nela um ramo ensinamento que um símbolo pretende transmitir,
de oliveira boa. Através de cuidadosa poda e cultivo, a precisamos compreender as verdades espirituais que estão
árvore dentro de sete anos começará a dar frutos, sendo p or ele ensinadas. O Velho Testamento está cheio de
tornando-se completamente produtiva em cerca de catorze protótipos, símbolos, metáforas e símiles relativos a
para quinze anos. Cristo; não obstante, a maioria dos líderes de Judá, na
4. Embora seja necessário um longo período para fazer época de Cristo, rejeitaram a Jesus , quando este surgiu em
com que a árvore se torne fecunda, tão logo comece a seu mei,) . Eles conheciam a linguagem, a cultura, as
produzir, ela assim continua durante um admirável espaço expressi>es idiomáticas; no entanto, rejeitaram o
de tempo . Algumas árvores da Terra vêm produzindo significado dos princípios que as escrituras ensinavam e se
frutos abundantemente há mais de quatrocentos anos. recusavam a serem convertidos . Eles ignoravam as
5. Quando a oliveira finalmente envelhece e morre, das verdades do evangelho, que davam aos símbolos seu
raízes brotam inúmeros rebentos novos e verdejantes, os significado real .
quaís, quando adequadamente cultivados, poderão A rea lidade por trás dos protótipos e símbolos
transformar-se individualmente em árvores adultas . Desta apresen tados no Velho Testamento, é Jesus Cristo e seus
forma, a mesma planta pode continuar reproduzindo-se ensinamentos que nos levam à salvação . Quanto melhor o
por milênios. (Não podemos deixar de ver neste fenômeno entendermos, mais claramente seremos capazes de
um símbolo da ressurreição . Ele também nos leva a refletir compre,:nder o significado dos símbolos. Sem tal
nas diversas vezes em que os vários grupos da casa de compre,:nsão, a mensagem estará perdida.
Israel aparentemente morreram; todavia, novos ramos
brotaram de suas raízes, transformando-se depois (C-I6) Examinar, Estudar, Refletir e Orar
novamente em Israel.) É impossível entendermos tudo a respeito do
6. O fruto da oliveira fornece o alimento básico aos simbolü:mo usado no Velho Testamento com apenas uma
povos do Oriente Médio . Além de ser utilizado como rápida l eitura desse livro . Pode até mesmo ser necessário
alimento, o óleo extraído da azeitona, ou oliva, era usado
naquela época, e também hoje em dia, nas lâmpadas para
114

dedicarmos toda a nossa existência à árdua tarefa dt todas as coisas , tanto acima, como abaixo da terra; todas
examinarmos e refletirmos sobre seus ensinamentos, para dão testemunho de mim . " (Moisés 6:63 . )
que o Senhor nos revele plenamente até que ponto e le A o estudarmos o Velho Testamento, principalmente os
encheu essa arca do tesouro de ensinamentos simból icos . protótipos e simbolismo da dispensação mosaica, devemos
Observe o que ele disse a Adão : pagar o preço que de nós será requerido no que concerne a
"E eis que todas as coisas têm sua semelhança e todas as um estudo cuidadoso, reflexão e orações . Veremos , assim,
coisas são criadas e feitas para dar testemunho de m im; que o Senhor revelará aos nossos olhos muitas verdades
tanto as coisas temporais como as espirituais; coisas que claras e preciosas . O Velho Testamento está repleto de
estão acima nos céus , coisas que estão sobre a terra, coisas ensinamentos que representam a Jesus Cristo , e para
que estão na terra, e coisas que estão embaixo da ter ra, e descobri-los , tudo o de que precisamos é ter olhos para ver
e ouvidos para ouvir.
Êxodo 25-30; 35-40

A Casa do Senhor 13
no Deserto
(13-1) Introdução capítulos onde se encontra a revelação, e as adições
significativas registradas nos capítulos que tratam de sua
Dos trovões que estrondeavam no Sinai, o Senhor
construção , serão abordados quando necessário .)
revelou um plano glorioso, através do qual poderia redimir
os filhos de Israel . O Senhor abriu os céus para Moisés , e
( Êxodu 25 : 1-9. Um Coração Desejoso
através dele, estendeu a Israel a oportunidade de alcançar
a plenitude de sua glória, provar do seu amor , e É bé .sta nte expressivo o fato de que , antes de revelar o
verdadeiramente se tornar um povo de Sião (veja padrãe . segundo o qual seria construído o tabernáculo , o
Êxodo 25 : 8 ; 29:43 ; D&C 84:23-27) . Durante os quarenta Senhor disse a Moisés que o povo de Israel teria que
dias de jejum que passou no Monte, Moisés recebeu , com demon strar disposição de fazer os sacrifícios necessários
todos os pormenores , as informações de que necessitava para construir o santuário do Senhor (veja o vers o 2) .
para construir um tabernáculo , uma casa do Senhor, onde Mórillt)n ensinou que, se uma dádiva ou sacrifício é
Israel poderia vir e receber as chaves da salvação e oferecido a Deus com má vontade, ele não apenas é
exaltação . recusado pelo Senhor, mas também se torna um gesto
É inequívoca a ligação entre este tabernáculo e os indigno (veja Morôni 7 : 6- 1 0) . A menos que Israel tivesse
templos dos últimos dias . Como os templos modernos, o uma at itude correta ao sacrificar um pouco de seus bens
tabernáculo foi criado para ser uma casa onde se podiam materiais , de nada lhe valeria. Os leitores atuais devem
encontrar "todas as coisas necessárias " (D&C 1 09: 1 5 . ) record, lr-se de que, apesar de suas outras faltas e
Seria "uma casa de oração , casa de jejum, casa de fé, casa transgresS-es (o incidente do bezerro de ouro ocorreu
de glória e de Deus " , para que "todas as entradas do teu quando Moisés se encontrava no monte, recebendo esta
povo nesta casa sej am em nome do Senhor; e que todas as revelaç ão) , quando Israel soube o que o Senhor pedia,
suas saídas sejam em nome do Senhor" (D&C 1 09: 1 6- 1 8 ; correspondeu com jubilosa liberalidade ao que ele
vej a também Levítico 9:23 ; 1 0: 8- 1 1 ) . E assim , através do solicitava. Seus corações foram de fato tocados (veja
poder da revelação , Israel poderia aprender palavras de Ê xodo 3 5 : 20-22 , 25-26, 29) e, finalmente , Moisés teve de
sabedoria" e procurar "conhecimento pelo estudo e restrini�ir-Ihes a bondade, pois doaram muito mais do que
também pela fé " (D&C 1 09: 1 4) . era necessário para construir o tabernáculo (veja
Existe u m profundo significado n o que diz respeito às Êxodo 36: 5-7) .
dimensões físicas e à planta do tabernáculo . Elas tinham o Em Êxodo 25 : 8 , o Senhor revelou claramente qual era o
propósito de refletir os padrões espirit uais também obj etiv o do tabernáculo - ele seria a casa do Senhor. A
transmitidos nos templos de hoje em dia. O estudo e a palavra hebraica traduzida como "tabernáculo " realmente
meditação fervorosa aj udá-lo-ão a compreender a significa "tenda" ou "habitação " (Wilson , Old Testament
importância dessa antiga morada do Senhor. Word Sludies, verbete "tabernáculo " , p. 434) .
A fr ase "conforme a tudo o que eu te mostrar " (vers . 9)
Instruções aos Alunos parece estar indicando que Moisés realmente teve uma
visão d o tabernáculo e de seu mobiliário, e que não apenas
I . Ao ler Êxodo 25-30; 35-40, utilize o auxílio que as recebeu uma descrição verbal .
Notas e Comentários podem oferecer-lhe. O éfode, mencionado no versículo 7, será tratado com
2. Complete a seção de Pontos a Ponderar, porme lores na Leitura 1 3 - 1 3 .
conforme as orientações que lhe forem fornecidas pelo
professor . (Os alunos que estudam individualmente (13-4) Êxodo 25 : 10. Que Significam o s Termos Cetim
devem completar toda a seção . ) (A cáci.7) e Cávado?
O ce tim (acácia) (shittim, em hebraico) é o nome de uma
NOTAS E COMENTÁRIOS árvore de acácia do deserto, conhecida em todo o Egito e
SOBRE ÊXODO 25-30; 35-40 no Ori ente Próximo (Smith, Dictionary oi Bible,
pp . 62· �-25 ) . Por ser uma espécie de madeira muito dura,
(13-2) Êxodo 25-30; 35-40. Por Que Existem no Êxodo de grande durabilidade e ótimo polimento , era ideal para a
Dois Relatos Sobre o Tabernáculo? construção do tabernáculo .
As d imensões do santuário são descritas numa unidade
Q uando se encontrava no monte Sinai , Moisés recebeu de meclida chamada côvado, equivalente a cerca de 45 cm .
uma revelação indicando os detalhes da planta do (O aluno deve examinar o gráfico de pesos e medidas , que
tabernáculo (veja Ê xodo 25-30) . Ao descer, ele reuniu se enCC lntra na seção de Mapas e Gráficos .)
Israel e começaram a construí-lo (veja Ê xodo 35-40) . Visto A m aior parte da mobília do tabernáculo era feita de
que Moisés usou a revelação para orientar a construção , cetim (acácia) e coberta de ouro , para dar-lhe a aparência
há um estreito paralelo entre as duas descrições que se daquel e precioso metal. Caso elas tivessem sido feitas de
acham em Ê xodo. (Observação: Para fins de comentário, ouro maciço, seriam muito pesadas para carregar .
toda a atenção será focalizada em Ê xodo 25-30, ou seja, os
148

(13-5) Êxodo 25: 10-22; 37: 1-9. A Arca do Concerto evento , veja a Leitura 1 5-8.) Tanto Paulo como João
disseram , que Jesus "é a propiciação pelos nossos
A arca do concerto era um baú , ou caixa, feita de cetim
pecados " (veja I João 2:2; 4: 1 0; Romanos 3 :25) . O
(acácia) e recoberta de ouro . Media aproximadamente um
vocábulo grego hilasterion, traduzido como
metro de comprimento por 68 cm de largura e 68 cm de
"propiciação " , também foi usado, para interpretar o
altura. Dois varais de madeira, um em cada lado da arca,
termo hebraico kapporeth ("assento ou lugar da
permitiam que os sacerdotes a levassem sem precisar tocá­
expiação " ) no Velho Testamento grego . Certo estudioso
-la. Em seu interior eram guardadas as tábuas da lei
da Bíblia nos deu a seguinte definição da palavra
recebidas por Moisés no monte Sinai (veja o vers o 1 ( ;) . Por
hilasterion:
isso , era chamada de arca do testemunho, ou arca d D
"Todos os substantivos gregos terminados com erion
concerto . Numa ocasião posterior, também foram ali
significam o lugar onde sefaz algo. Dikasterion, quer dizer
colocados um vaso contendo maná e a vara de Aarã o, que
o lugar onde se faz dika, ou justiça, portanto um tribunal .
milagrosamente florescera (veja Hebreus 9:4) . A arc a era
Thusiasterion significa o lugar onde se faz thusia, ou
guardada num dos aposentos internos do tabernácu ,o ,
sacrifício , ou seja, o altar . Portanto Hilasterion
conhecido como o lugar mais sagrado, ou Santo do�,
certamente só pode se referir ao lugar onde se faz
Santos . Os israelitas a tratavam com profunda rever ência,
hilasmos, ou expiação . Devido ao fato de que tanto no
e cada vez que era necessário mudá-la de lugar , proferiam
Velho como em o Novo Testamento a palavra hilasterion
orações antes de fazê-lo (veja Números 1 0:35-36).
tem um sentido uniforme e técnico , ela sempre significa a
tampa de ouro colocada sobre a arca, sendo conhecida
como propiciatório . Em Êxodo 25 : 1 7 começam a ser
descritas as mobílias do tabernáculo : " farás um
propiciatório, (hilasterion) de ouro puro . ' Essa palavra só
é usada em um outro lugar do Novo Testamento , em
Hebreus 9 : 5 , onde o autor fala dos querubins que cobriam
o propiciatório . A palavra é usada, com este sentido , mais
de vinte vezes no Velho Testamento grego .
Se considerarmos que hilasterion significa propiciatório ,
e que Jesus foi o nosso hilasterion , ou fez a propiciação
pelos nossos pecados , isto significa, por assim dizer, que
Jesus é o lugar onde Deus e o homem se encontram , e que
ele, (Cristo), especialmente, é o local onde os pecados
humanos se unem ao amor expiatório do Senhor . "
(Barelay, The Mind of St. Paul, pp . 87-8 8 . )
Assim, evidentemente, a arca do concerto era u m dos
obj etos mais importantes do tabernáculo , tanto pela sua
importância para a antiga Israel , como pelo valor
simbólico.

A arca d o concerto
(13-6) Êxodo 25 :17. Por que Foi Usado Ouro no
Tabernáculo e Em Seu Mobiliário?
A tampa, ou cobertura, da arca se acha descrita e m O ouro sempre foi grandemente valorizado pela
Êxodo 27 : 1 7-22. A palavra hebraica kapporeth (qm : humanidade, desde as épocas mais remotas , e, portanto ,
significa propiciatório, ou lugar de expiação , é traduzida possui um significado tanto simbólico como monetário .
também como "assento da misericórdia" . O propic iatório "O ouro é freqüentemente mencionado nas escrituras
era de ouro puro , e em cima dele havia a figura de d ois como um emblema do que é divino , puro , precioso ,
querubins , cuj as asas se estendiam por cima dele e o sólido , útil , incorrutível, duradouro e glorioso"
cobriam . (Fallows , Bible Encyc/opedia, VaI . 2, p . 723). Esse
A palavra querubim geralmente se refere aos guardiães simbolismo explica, de maneira inequívoca, por que era
das coisas sagradas . Embora não saibamos o significado usado na arca do concerto .
exato da palavra, a maioria dos eruditos concordam que A prata e o cobre também foram usados em outras
eles representavam " a humanidade redimida e partes do tabernáculo e de seu mobiliário . Esses dois
glorificada" ou os " santos e anjos glorificados" (W ilson, metais possuem um valor simbólico e também funcional .
Old Testament Words Studies, verbete "querubim" , A Encyc/opedia Judaica faz a seguinte observação:
p . 75). Considerando que os santos dos últimos dia1 não "A relatividade do grau de santidade se evidenciava pelo
acreditam que os anj os possuam asas , conforme sãc material empregado . Ouro puro foi usado na confecção da
apresentados nas obras artísticas cristãs , o mandamento de arca, do propiciatório , da mesa da proposição e seus
formar asas nos querubins certamente levanta algumas utensilios, do castiçal e seus acessórios, do altar do incenso,
controvérsias . Outra revelação indica, todavia, que lS asas e das vestes do sumo sacerdote . O ouro comum foi
simbolicamente representam o poder para se mover e agir utilizado na confecção das molduras , das argolas e varais
(veja D&C 77 : 4) . O Senhor disse a Moisés que, no meio da arca, da mesa e do altar do incenso; dos colchetes das
desses querubins, viria falar e se comunicar com ele , As cortinas ; das barras e das tábuas ; das colunas e colchetes
revelações deelaram que os anj os permanecem como do véu ; também de algumas partes das vestimentas
sentinelas, guardando a presença de Deus (veja sacerdotais . A prata era destinada às bases das tábuas , às
D&C 1 32: 1 9) . bases das colunas do véu , e molduras para o pátio do
O sangue do cordeiro d e Jeová era aspergido sobre o tabernáculo . Além desses dois materiais, havia também o
propiciatório durante o sagrado dia da Expiação . (Para cobre, de que era feito o altar dos holocaustos e seus
um debate completo sobre o santo significado desse
149
utensílios , as bases do tabernáculo e também as pias . O sementt :s parcialmente intactas), sendo feitas doze
mesmo se aplicava aos tecidos bordados e de linho torcido . unidad( :s de tamanho considerável - duas dízimas
" O mesmo sistema de gradação se aplicava aos três equival, !riam a cerca de 7 litros de farinha (vej a
tipos de pessoas que poderiam entrar no tabernáculo . Levítico 24: 5 ; Novo Dicionário da Bíblia, p. 1 1 74) . Assim
Aos israelitas era permitido entrar somente até o pátio ; os sendo, , :ada um deles devia pesar pelo menos cinco quilos.
sacerdotes serviam no Lugar Santo ; apenas o sumo Os pãe5 eram colocados em duas fileiras , e sobre cada uma
sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, e isto ainda delas punha-se um pouco de incenso puro , que
uma vez por ano - no Dia da Expiação . " (VaI . 1 5 , posteriormente era queimado no altar dos incensos "como
p . 687 . ) oferta c ueimada" ao Senhor (Levítico 24: 7 ; vej a também
o vers o 15). Os pães eram trocados por novos cada Dia do
(13-7) Êxodo 25:23-30; 37: 10-16. A Mesa da Proposição e Senhor, e os que foram removidos eram comidos pelos
Seus Instrumentos sacerdo tes (vej a Levítico 24: 8-9) . Foi desse pão que Davi
se alime ntou ao fugir do rei Saul (vej a I Samuel 2 1 : 1 -6;
A segunda peça de mobiliário descrita pelo Senhor foi a
Mateus 1 2:4) .
mesa da proposição . Como a arca do concerto, ela
A mdoria dos eruditos e a tradição j udaica concordam
também era feita de cetim (acácia) e recoberta de ouro (veja
que o v nho também era colocado sobre a mesa,
os vers o 23-24) . Possuía uma coroa e moldura
juntamente com os pães, embora os registros bíblicos não
(provavelmente um rebordo) de ouro no topo ou
mencionem esse fato especificamente . As colheres eram
superfície , e também argolas e varais , para que fosse
realmeLte vasos ou taças , e não colheres semelhantes às
facilmente transportada. Media mais ou menos um metro
que con hecemos hoje em dia; eram , provavelmente,
de comprimento, por 50 cm de largura e 75 cm de altura.
recipien tes para conter líquidos . Vemos assim que os itens
Diversos utensílios, chamados de colheres , pratos,
postos wbre a mesa da proposição encontram um paralelo
cobertas e tigelas , foram feitos para serem usados com a
distinto nos emblemas do sacramento .
mesa.
(13-8) Ê xodo 25 :31-40; 37: 17-24. O Castiçal de Ouro
A luz que iluminava o tabernáculo provinha do castiçal
sagrado , chamado menorah em hebraico, palavra que
significa "lugar das luzes " (Fallows, Bible Encyclopedia,
VI. 1 , p . 332) . Em suas extremidades não eram postas
velas , mas sim sete recipientes em forma de cálice , cheios
de óleo de oliva puro , nos quais se colocavam e acendiam
pavios . Feito de ouro puro , o menorah era apoiado num
pedesta: que descansava sobre três bases . Sua haste central
surgia da base, e era decorada com copos (ornamentos
esférico s) , cálices (dilatações proporcionais ao tamanho
dos copos, e sobre as quais havia corolas de amêndoas) e
flores (dilatações esféricas representando o formato de
pétalas de nor de amêndoa) . Cada um dos ramos do
menora � era coroado com uma lâmpada de azeite, a qual
iluminava o lugar santo , ou o primeiro aposento do
taberná,:ulo .
O número sete possui significação sagrada no Velho
Testamento, conotando integridade e perfeição . Visto por
este asp �cto, o lume que brilhava na casa do Senhor
representava a luz perfeita.
O óleo que alimentava as sete lâmpadas tinha que ser
óleo puro de oliva (veja Ê xodo 27 :20) , especialmente
consagr ado para aquele propósito . A festa judaica do
Hannukah , ou Festa das Luzes , comemora a época em
que Jud as Macabeu finalmente conseguiu expulsar os
A mesa da proposição gregos cio templo de Jerusalém , por volta do ano 1 65 A . C .
D e acor do com a tradição judaica, o s Macabeus
Recebeu esse nome devido aos doze pães que eram nela . encontr. lram óleo consagrado suficiente apenas para
colocados . O Senhor chamou-os de pães da "proposição " alimentar as lâmpadas por um dia . A cerimônia da
(vers . 30), traduzido literalmente da palavra hebraica que consagnção de mais óleo levaria oito dias ; contudo,
significa "o pão das faces " , ou "o pão da presença" , milagro ;amente , o parco suprimento queimou até que
significando que aquele pão era colocado diante da face do outro pudesse ser adequadamente preparado.
Senhor, ou em sua presença (Wilson , Old Testament
Word Studies, p. 388; Novo Dicionário da Bíblia,
p. 1 1 74) . O pão era feito com flor de farinha (isto é, com
farinha de trigo bem moída, da qual não se deixaram as
150

(13-9) Êxodo 26: 1-14; 36:8-38. As Cortinas do


Tabernáculo
Em virtude de, naquela época, o povo israelita andar
vagando pelo deserto , o tabernáculo tinha que
necessariamente ser portátil. As paredes eram formadas de
painéis que podiam ser armados (Veja Êxodo 26: 1 5 - 1 6) .
Depois d e armadas, a s paredes e o teto eram cobertos com
quatro camadas diferentes de panos .
O tecido da cobertura interior era de linho fino torcido .
A palavra hebraica traduzida por "linho" não é somente
uma designação do tecido , mas também significa
"brancura" (Wilson , Old Testament Word Studies, p. 255 ;
também e m Fallows , Bible Encyclopedia, Vol . 2 ,
p . 1 068) . O s eruditos acreditam que s e tratava d e u m pano
fino de algodão ou fibra de linho . Devido ao comprimento
do tabernáculo , eram necessárias dez cortinas, ou peças de
tecido, para cobri-lo . A camada interna deveria ter
bordados representando querubins (anjos), e além da
tonalidade branca, deveria ter também as cores azul ,
púrpura e carmesim .
As cortinas tinham uma ourela especial, feita em toda a
extremidade de cada parte costurada, impedindo que se
desfiassem . A orla geralmente era de fios de tamanhos
diversos, às vezes de urdidura diferente do resto da
cortina.
As orlas ou extremidade das cortinas eram presas umas
o menorah, ou castiçal sagrado às outras por meio de ganchos ou alfinetes de ouro ,
chamados colchetes, dando a impressão de que eram uma
Outras escrituras indicam que o óleo de oliva representa só peça de tecido cobrindo o tabernáculo .
o Santo Espírito, provavelmente porque oferece fogo , As outras três espécies de cobertura consistiam em uma
calor e luz, quando queimado nas lâmpadas (veja de pelos de cabra, uma de peles de carneiro tingidas de
D&C 45 : 56-57). Assim sendo, o menorah era uma _
vermelho , e outra de peles de texugo (veja Exodo 26: 7 ,
representação ou símbolo da verdadeira fonte de luz 1 4 ) . A natureza desta última não é bastante clara; todavia,
espiritual, ou seja, o Espírito Santo , ao prestar testemunho os entendidos parecem concordar que não se tratava
do Pai e do Filho . realmente de peles de texugo . A palavra hebraica implica

o tabernáculo n o deserto
151

mais cor do que a espécie de tecido usado . Alguns Santos instrumentos de sacrifício. O caldeirão era uma
eruditos acreditam que ela provavelmente era feita de peles grande travessa de cobre colocada sob o altar para receber
de toninhas ou focas que existiam no Mar Vermelho, as as cinzas que dele caíam .
quais dariam ao tabernáculo uma proteção exterior Para esvaziar os caldeirões eram usadas pás feitas de
impermeável. cobre . ,
As bacias eram recipientes usados para recolher o sangue
(13-10) Êxodo 26: 15-30. Em Que Consistiam as Bases e do sacrifício .
Couceiras? Os garfos eram utensílios d e três dentes que o s
sacerdotes usavam para mergulhar no recipiente sacrificial.
As couceiras eram dois grandes tarugos retangulares de
Aquilo que com eles conseguissem tirar, serviria para
madeira, colocados na extremidade inferior de cada uma
seu uso pessoal .
das tábuas . Elas encaixavam numa base dupla chamada
Os braseiros eram os recipientes onde se mantinha
soquete que podia fazer cada tarugo deslizar
continuamente aceso o fogo do sacrifício .
independentemente, para cima e para baixo . Como todas
Pia. Como o altar dos sacrifícios, era também feita de
as tábuas eram unidas firmemente lado a lado, formando
cobre.
uma parede sólida, os soquetes repousavam sobre o solo,
Estava situada entre o altar dos holocaustos e o
mesmo quando este era irregular. Não podemos deixar de
tabernáculo .
ficar impressionados, logo de imediato , com a riqueza de
Os sacerdotes a usavam para se purificarem ,
detalhes que o Senhor forneceu a Moisés, concernentes ao
preparando-se para entrar no tabernáculo.
lugar de sua morada.
Na época de Salomão , quando foi construído um
templo permanente, a bacia foi colocada no dorso de doze
(13-11) Êxodo 26:31-37
bois (veja I Reis 7 : 23-26) .
Os dois véus, ou cortinas, aqui descritos , eram a porta
exterior ao tabernáculo (entrada principal) e o véu que (13-13) Êxodo 28; 39: 1-43. As Vestes Sacerdotais e Seu
separava o lugar santo , ou primeira sala do aposento Significado
interno, que era o Santo dos Santos . Este último véu é
Quando os filhos de Israel perderam o direito ao
adequadamente chamado de véu do tabernáculo .
sacerdócio maior e às bênçãos e responsabilidades a ele
inerentes, o Senhor estabeleceu entre eles o Sacerdócio
(13-12) Êxodo 27: 1-19; 30: 17-21 ; 38:1-20. O Pátio
Levítico (veja D&C 84: 1 8-27) . Através desta ordem do
Exterior e Seu Mobiliário.
sacerdócio , Israel desfrutava dos principios do evangelho
Ao redor do tabernáculo , havia uma grande área preparatório. Os israelitas eram lembrados constantemente
cercada, protegida por painéis de tecidos presos a uma do sacrifício expiatório do Salvador, o qual era
parede móvel . Neste pátio, estava localizado o altar dos simbolicamente representado diante deles na pessoa que
holocaustos (altar do sacrifício) e a pia de cobre, que oficiava como sacerdote (cruze referência com
servia para a lavação simbólica das mãos e dos pés . Levítico 8 : 5- 1 0; 2 1 : 10 ; Hebreus 7 : 1 1 - 1 2. 2 1 ; D&C 107: 1 ,
Qualquer membro da casa de Israel tinha permissão de 1 3-20; Hebreus 5 : 4; Joseph Smith 2: 68-72) .
trazer sacrifícios até este lugar , mas somente os sacerdotes Assim como o projeto do tabernáculo , o padrão do
podiam entrar no tabernáculo . (Há ocasiões, entretanto , vestuário oficial do sumo sacerdote , ou autoridade do
em que o tabernáculo mencionado no Velho Testamento se Sacerdócio Aarônico (não se tratava do ofício de sumo
refere a todo o conjunto , inclusive ao pátio, e não apenas sacerdote do Sacerdócio de Melquisedeque), foi dado
à tenda.) através de revelação , e possuía um significado tanto
Cada coluna do pátio do tabernáculo era cingida prátíco como simbólico . As vestes consistiam dos seguintes
horizontalmente com faixas de prata, que consistiam em itens :
fitas retangulares que envolviam as colunas , tanto para O éfode. "Era uma peça de vestuário sagrada, que os
proteger a madeira como para embelezá-Ia. As cortinas, sumos sacerdotes do Sacerdócio Levítico usavam . O Senhor
ou tecido de que eram feitas as paredes externas do pátio , instruiu que não deviam usar roupas comuns ao
eram presas ao topo das colunas e afixadas na parte executarem seus serviços , mas sim 'vestidos santos ' feitos
inferior por colchetes de prata às bases de cobre, fincadas por pessoas a quem o Senhor havia 'enchido do espírito da
solidamente no chão . O mobiliário do pátio exterior era o sabedoria' (Êxodo 28 :2-3). Estas vestes santas deviam ser
seguinte: legadas de pai para filho, juntamente com o ofício de
A ltar dos holocaustos. Todos os holocaustos realizados sumo sacerdote ( Êxodo 29:29).
no tabernáculo eram oferecidos sobre este altar . "O éfode, usado sobre um manto azul, era feito de um
Ele era de formato côncavo , de cinco côvados de material que, além dessa cor, possuía as tonalidades
comprimento , por cinco de largura e três de 'altura, ou púrpura e carmesim , com desenhos feitos com fios de
seja, media cerca de 2 , I Om x 2, I Om x 1 , 5Om . ouro , habilmente urdidos no próprio tecido. Esse
Era feito de madeira de cetim revestida de lâminas de vestuário era preso em cada ombro e possuía um cinto
cobre . esmeradamente trabalhado , com o qual era cingido ao
Havia quatro pontas , uma em cada canto . Sobre elas o redor da cintura. Nas ombreiras, engastadas em encaixes
sacerdote colocava com o dedo um pouco do sangue do de ouro , havia pedras sardônicas nas quais se achavam
sacrifício . Agarrando-se a elas , uma pessoa poderia gravados os nomes dos doze filhos de Israel , como uma
encontrar refúgio e segurança (veja I Reis 1 : 50; 2:28), 'memória' ao sacerdote ao servir diante do Senhor. (Veja
exceto se fosse culpada de crime premeditado (veja Êxodo 28:6- 1 4 e 39:2-7 . ) Preso ao éfode, havia um peitoral
Êxodo 2 1 : 14) . Algumas vezes, as pontas eram usadas para em que o Urim e Tumim podiam ser colocados
nelas amarrar o animal ou sacrifício que se pretendia (Êxodo 28: 1 5 -30) .
oferecer.
152

"Desconhece-se qual seria a função exata do éfode. O Urim e Tumim. Como observamos acima, o Urim e
Como o Presidente Joseph Fielding Smith observou , as Tumim era carregado em um bolso que se formava,
informações relativas a essas antigas ordenanças 'jamais quando o peitoral era dobrado para cima (veja
foram registradas em seus menores detalhes, pois sil.o Exodo 28:30). Foi dado a muitos profetas em todas as
sagradas e não se destinam ao conhecimento do mundo . ' épocas, exercendo um efeito transcendental no que
(Improvement Era, novembro de 1 955, p . 794)" (Rich ard concerne à obtenção de maior luz e conhecimento.
O . Cowan, "I Have a Question " , Ensign, dezembro de "O Urim e Tumim consiste em duas pedras especiais,
1 973 , p . 33.) chamadas videntes ou intérpretes . As palavras hebraicas
Este "avental " , nome com que às vezes é traduzido, urim e tumim, ambas plurais, significam luzes e perfeições.
possuía um maravilhoso conceito simbólico . Usand o as Presume-se que uma das pedras se chama Urim e a outra
duas pedras sardônicas que prendiam o éfode a seu:; Tumim . Geralmente elas são levadas num peitoral sobre o
ombros, o sumo sacerdote (um símbolo de Cristo e coração (Êxodo 28: 30; Levítico 8 : 8) .
também de seus representantes autorizados) entrava no " . . . Abraão a s possuiu e m sua época (Abraão 3 : 1 -4), e
tabernáculo (a casa do Senhor, ou presença de Deu ;) também, Aarão e os sacerdotes de Israel, de geração em
levando Israel sobre seus ombros (veja Êxodo 28: 1:�) . geração . (Êxodo 28:30; Levítico 8:8, Números 27 :21 ;
O peitoral. Preso a o éfode com cadeias d e ouro ou Deuteronômio 3 3 : 8 ; I Samuel 28 :6; Esdras 2:63 ;
engastes (colchetes ou ganchos), o sumo sacerdote t razia o Neem . 7:65 . )
peitoral (veja os vers . 1 3-29) . Não devemos confund ir o " ... Am6n declarou o seguinte a respeito dessas pedras:
peitoral usado por Aarão e os sumos sacerdotes 'esses objetos são chamados, intérpretes e nenhum homem
subseqüentes, com aquele que o Profeta Joseph Srr.ith os pode olhar, a menos que lhe seja ordenado, para que não
usou ao traduzir o Livro de Mórmon . O peitoral de Aarão procure o que não deve e pereça. E quem quer que receba
era feito de. tecido, e não de metal, e confeccionadc com o ordem para olhá-los é chamado vidente. ' (Mosias 8 : 1 3; .
mesmo material de que era constituído o éfode (vej ii o 28: 1 3 - 1 6.)
verso 1 5) . Tinha duas vezes o comprimento da largua, e "A existência e uso do Urim e Tumim como
quando dobrado, tornava-se uma espécie de bolso instrumento de revelação continuará entre os seres
quadrado em que se colocava o Urim e Tumin . Na metade exaltados na eternidade. " (McConkie, Mormon Doctrine,
do peitoral que ficava exposta, havia pedras precioi;as , pp . 8 1 8- 1 9.)
sobre as quais se achavam inscritos os nomes de cada uma O Urim e Tumim de Aarão não era o mesmo usado por
das tribos de Israel . Dessa forma, o sumo sacerdote' levava Joseph Smith , pois o Profeta recebeu aquele que fora
"os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o usado pelo irmão de Jared . McConkie , Mormon Doctrine,
seu coração . . . para memória diante do Senhor p. 8 1 9.)
continuamente" (vers. 29) . O manto. Era de cor azul (para conhecer o significado
O simbolismo do sumo sacerdote levando Israel : ;obre o dessa tonalidade, veja a Leitura 13-9) e tecido sem
seu coração dá maior significado à promessa de qUI ! dia costuras, tendo no centro uma abertura, por onde se
virá em que o Senhor escolherá suas "jóias " (D&C 60:4; enfiava a cabeça (veja Êxodo 28 : 3 1 -32) . Jesus, o Grande
101 :3). Sumo Sacerdote, vestia uma roupa também sem costura,
antes de ser crucificado (veja João 1 9:23). Ao longo da
barra do manto, eram colocados , alternadamente,
campainhas de ouro e urdiduras de franjas semelhantes a
romãs . Certo erudito deu o seguinte significado ao manto
e seus ornamentos :
" (O manto era) tecido numa só peça, dando a idéia de
totalidade ou integridade espiritual. A cor azul escura
indicava a origem celestial e caráter do ofício associado ao
manto . Se quisermos conhecer o verdadeiro sentido do
manto , todavia, devemos procurá-lo nos ornamentos
peculiares que pendiam da barra, cujo significado pode ser
encontrado nas instruções análogas dadas em
Números 1 5 :38-39), onde cada israelita foi instruído a
fazer franjas nas bordas de suas vestes, feitas de cordão
azul, para que, quando olhassem para elas , se lembrassem
dos mandamentos de Deus e obedecessem a eles . De
acordo com essa idéia, devemos também procurar
reconhecer alusões à palavra e testemunho de Deus nos
pendentes de romãs e nas campainhas que ornamentavam
as franjas do manto do sumo sacerdote. A analogia
encontrada em Provérbios 25 : 1 1 , onde a palavra é
comparada a uma maçã, sugere o conceito de que as
romãs, com seu aroma agradável , seu sumo doce e
refrescante, e o sabor exótico de suas sementes, eram
símbolos da palavra e testemunho de Deus , no sentido de
que esta era um suave e aprazível alimento espiritual, que
vivifica a alma e refresca o coração (comparar com
Salmos 1 9 : 8- 1 1 , 1 1 9-25 , 43 , 50; Deuteronômio 8 : 3 ;
Provérbios 9:8; Eclesiastes 5 : 3) , e que a s campainhas
representavam o ressoar da palavra, ou a revelação e
proclamação da palavra de Deus . Vestindo o manto e os
153
atavios que nele existiam , Aarão simbolizava o recebedor e pessoa só pode se aproximar da presença de Deus através
intermediário da palavra e testemunho que veio dos céus ; da ora\ :ão , pois outras escrituras indicam que o incenso é
era por esta razão que ele não ·podia aparecer diante do um sím bolo da oração (veja Apocalipse 5 : 8 ; 8 : 3 -4;
Senhor sem o sonido das campainhas , ou perderia a vida Salmm 1 4 1 :2) .
(veja Êxodo 28 :35). Tal penalidade não era imposta
simplesmente porque ele pareceria um homem comum ,
caso se apresentasse sem tais ornamentos , pois ainda
estaria trajando as vestes sagradas de sacerdote , embora
não portasse os adornos oficiais de um sumo sacerdote;
mas , sim , porque um simples sacerdote não tinha a
permissão de entrar na presença imediata do Senhor . Esse
privilégio era reservado à pessoa que representava toda a
congregação , ou seja, o sumo sacerdote; e ele só podia
fazer isso , quando estivesse usando o manto da palavra de
Deus , como o portador do testemunho divino , sobre o
qual se baseava o convênio de companheirismo com o
Senhor . " (Keil and Delitzsch , Commentary, Vol . 1 : 2 ;
pp . 202-3 . )
As tiaras de ouro e a mitra. A mitra (ou chapéu , ou
barrete) era feita de linho fino (veja Êxodo 28: 39), e todos
os sacerdotes usavam-na. Além desse ornamento , o sumo
sacerdote levava também uma lâmina de ouro em frente
da mitra, presa à testa. Nela se achava gravada a frase
" Santidade ao Senhor" (vers . 36; veja também os
vers o 37-38), simbolizando, em primeiro lugar , que o sumo
sacerdote deveria ser caracterizado por este atributo, e em
segundo, que Cristo, o Grande Sumo Sacerdote , seria
perfeitamente santo diante de Deus .

(13-14) Êxodo 29
Para maiores esclarecimentos sobre os rituais de
purificação dos sacerdotes , e a respeito do Dia da
Expiação , veja a Seção Especial D, "As Festas e o altar d" incenso
Comemorações" .
(13-18) Êxodo 30:22-33. Por Que o Senhor Mandou
(13-15) Êxodo 29:7 Moisés Ungir o Tabernáculo e Todo o Seu Mobiliário?

A Leitura 1 3 - 1 8 explica o que significava a unção com O ól(:o de oliva puro era um símbolo do Espírito do
óleo . Senhor (veja D&C 45 : 56-57» , e seu uso signi ficava a
santificação da pessoa ou obj eto ungido (veja
(13-16) Êxodo 29:20. Que Simbolizava Tocar com Sangue Ê xodo 30: 29) . A utilização de óleo para unção do
a Orelha, o Dedo Polegar da Mão e o do Pé? indivíduo também pode ser uma indicativa da existência de
pureza naquela pessoa, visto que o Espírito do Senhor não
"O sacerdote passava um pouco de sangue do sacrifício habitar i num tabernáculo impuro . O Presidente Joseph
sobre a ponta da orelha direita, o polegar da mão direita , e Fielding Smith declarou :
o polegar do pé direito da pessoa que estava sendo "De1de os primeiros tempos, a oliveira tem sido o
consagrada, para que o órgão de audição , com o qual ele símbolo de paz e pureza . Talvez tenha sido considerada
ouvia a palavra do Senhor, e os dedos que representavam mais sa grada do que qualquer outra árvore ou forma de
respectivamente as mãos e os pés que usava para agir e vegetaç ão pelos autores inspirados de todas as eras , através
andar de acordo com os mandamentos de Deus, pudessem dos quais recebemos a palavra do Senhor . Nas parábolas
ser assim santificados através do poder do sangue das escrituras , a casa de Israel ou o povo que fez convênio
expiatório do sacrifício " . (Keil and Delitzch , com o � ;enhor , tem sido comparada com a oliveira . "
Commentary, Vol . l :2, pp . 387-88, itálicos acrescentados .) (Doutrmas de Salvação, Vol . III, p . 1 83 . )
Assim sendo, o ato d e ungir até mesmo estes objetos
(13-17) Êxodo 30:1-10. O Altar do Incenso inanimados sugere que o tabernáculo e tudo o que tinha
A terceira peça de mobiliário que se encontrava no lugar ligação com ele era santificado pelo Espírito, em
santo , juntamente com o castiçal sagrado e a mesa do pão prepara ção para o serviço a Deus .
da proposição , era o altar do incenso . Ele estava situado
imediatamente defronte do véu (veja o vers o 6) . Como PONTOS A PONDERAR
acontecia à arca do concerto e à mesa do pão da
proposição , era feito de madeira de cetim coberta de ouro , (13-19) No discurso de abertura da conferência geral em
e possuía argolas e varais por onde era carregado. No altar outubro de 1 978, o Presidente Spencer W. Kimball
eram colocados carvões em brasa, e todos os dias , pela incumb iu a Igrej a com a responsabilidade de ser perfeita .
manhã e à noite (veja os vers o 7-8), o sacerdote nele Ele decl arou na ocasião que é possível alcançar essa meta,
queimava incenso . Este ritual parece significar que uma visto q11.e cada um de seus membros tem o poder de se
154
tornar como o Pai Celestial . Todavia, há alguns que ficam " Foi sobre este assunto que o Profeta Joseph Smith se
desanimados diante desse sacrifício , tendo em mente que o referiu , quando disse : "O princípio da salvação é dado
Senhor afirmou : "Pois eis que o mistério da divinda je mediante o conhecimento de Jesus Cristo " , e que "o
quão grande é ! " (D&C 1 9 : 10) . Conseqüentemente, conhecimento , mediante nosso Senhor e Salvador Jesus
aqueles que interpretam mal esse conceito , j ulgam que o Cristo , é a chave mestra que abre as glórias e mistérios do
" mistério da divindade" é por demais grandioso par a reino dos céus . ' " (Ensinamentos, pp . 289-90.)
que os mortais possam tão somente desej ar , quanto mais "Estas revelações , que são reservadas e ensinadas
alcançar. somente aos membros fiéis da Igreja nos templos
sagrados , se constituem no que chamamos de "mistérios
da divindade" . O Senhor declarou que dera a Joseph 'as
chaves dos mistérios e revelações seladas . . . (D&C 28 : 7 . )
Como recompensa aos santos dignos, o Senhor lhes
prometeu : 'E a eles revelarei todos os mistérios, assim,
todos os mistérios ocultos do meu reino desde os dias
antigos . . . ' (D&C 76: 7 . ) " (Lee, Ye A re The Light of the
World, pp . 2 1 0- 1 1 .)
Desde as épocas mais remotas , o Senhor tem desej ado
revelar-se aos filhos dos homens. Este capítulo demonstra
quão minuciosamente ele arquitetou planos nesse sentido
j unto à antiga Israel, através do profeta Moisés .
Estabelecido como uma representação simbólica, e
maravilhosamente retratado em progressivo esplendor, o
tabernáculo e seu pátio se tornaram uma escola onde as
coisas celestiais eram reveladas ao povo que o Senhor
escolhera. Pretendia-se que os israelitas passassem do pátio
exterior do tabernáculo ao recinto interno e sagrado, e que
ao fazê-lo , observassem que as obras artesanais e a
ornamentação iam-se tornando gradualmente mais
requintadas , elaboradas e reclusas , até que , finalmente , o
ritual os colocava perante a santa presença, mesmo o
Santo dos Santos . Indescritivelmente sagradas , protegidas
dos olhares de pessoas indignas , estas ordenanças tinham o
objetivo de ser, e realmente poderiam ter sido , o cimento
ou agente consolidador entre a j usta Israel e seu Deus .
Esta j ornada simbólica, entretanto , foi negada a Israel , em
virtude de seu próprio orgulho e rebeldia (veja
Êxodo 20: 1 8-20; 32: 1 ) . Por isto , ela perdeu o direito a
es sas grandes bênçãos e se tornou dependente dos
sacerdotes oficiantes que agiam como procuradores,
através de uma ordem menor do sacerdócio.
Essa perda de privilégios, porém , de forma alguma
implica que o tabernáculo tenha perdido o significado para
Israel . Vimos , na Leitura 1 2- 1 , que a lei mosaica foi
acrescentada ao evangelho , e era, na verdade, chamada de
evangelho preparatório . Embora fosse retirada de Israel a
plenitude da investidura do sacerdócio, o plano e a
construção do tabernáculo em si representava, ou
simbolizava, o progresso do homem rumo à perfeição ,
para que pudesse assim entrar na presença de Deus .
Observe a planta do tabernáculo e a colocação de seu
Moisés ordena Aarão, para que presida o sacerdócio
mobiliário .
A verdade é que, a menos que o homem volte os 'Jlhos
para o templo , o mistério da divindade sempre será uma
incógnita para ele .
155
em bus,:a da perfeição e admissão à presença de Deus .
Esta pr imeira etapa poderia ser comparada ao ato de ter fé
em Crü,to (tendo em mente o Último e Grande Sacrifício)
e arrependimento . Jesus ensinou aos nefitas que ele havia
cumprido a lei mosaica, e que agora o sacrifício que deles
se exigia era "um coração quebrantado e um espírito
contrito " , que os levaria a serem batizados com " fogo e
l ei � I com o Espírito Santo" (3 Néfi 9:20) . Vemos assim que os
Véu fogos sacrificiais do grande altar significavam que a
"purifi,:ação espiritual ocorreria através do Espírito Santo,
D
Altar do
incenso a quem o Pai enviaria por causa do Filho " (McConkie,
The Pr omised Messiah, p . 43 1 ) .

O
Mesa do
N o pátio, n a mesma direção, encontrava-se a pia, ou
pão da bacia com água, que era usada para lavamento e
cp
Castiçal
propo­
sição
purificc:,ção (veja Exodo 30: 1 9-20) . Como já foi
mencio:Jado, quando Salomão construiu um templo
sagrado perman ente, colocou a bacia sobre o dorso de doze bois
(veja I Reis 7:25), um simbolismo que passou aos templos
modern os e claramente se relaciona ao batismo .
Considerando que a pia batismal , por si mesma, é "em

O
similitu je à sepultura" (D&C 128: 1 3) , onde o "homem
velho" do pecado é sepultado (Romanos 6: 1 -6) , seu
Pia
simboli:;mo parece bastante claro . Tão logo o "homem
natural" (Mosias 3: 1 9) é sacrificado (morto através de um
coração contrito, ou do arrependimento sincero e
profundo), ele é purificado tanto pelas águas do batismo

D
como p �lo fogo do Espírito Santo (vej a 2 Néfi 3 1 : 17).
Altar dos Uma ve z feita esta purificação, ele está preparado para
. holocaustos
abando l1ar o mundo, ou a maneira telestial de viver , e
"nascer " (J oão 3 : 5) em um estágio mais elevado de vida
espiritual .
O lug ar santo (sala terrestrial) . Três peças de mobiliário
se encontravam na primeira sala do tabernáculo: a mesa
do pão j a proposição , o castiçal sagrado, e o altar do
o tabernáculo era constituído de três divisões ou áreas incenso , A mesa, em que p ão e vinho eram trocados a
principais: o pátio exterior, a primeira sala do próprio cada Dia do Senhor, era um símbolo equivalente aos
tabernáculo, ou lugar santo, e o aposento interior, ou emblem as sacramentais que conhecemos hoj e em dia . Eles
Santo dos Santos . Nos templos modernos, três níveis de representavam o corpo e o sangue do Filho de Deus, dos
vida são também retratados por salas específicas , ou seja, quais a pessoa espiritual partilha consistentemente, para
a sala do mundo, ou telestial; a sala terrestrial, e a sala que pos ,a ter vida esp irit u al em Cristo (vej a João 6: 53-56) .
celestial . O significado de tais aposentos é ,assim descrito: O castiç al, ou lâmpada, com seus sete braços e óleo de
Esta sala (telestial) retrata o mundo no qual nós vivemos oliva, si mbolizava a luz perfeita do Espírito (vej a
e morremos. Aqui são dadas instruções com respeito ao D&C 4: : : 56-57), através da qual o indivíduo
segundo estado do homem e às maneiras pelas quais ele espiritualmente renascido conhece toda a verdade (vej a
sobrepuja os obstáculos da mortalidade. João 14: 1 6- 1 7 , 1 5 : 26) . Nos convênios do sacramento ,
A sala terrestrial simboliza a paz que poderá ser obtida existe uma sólida relação entre os emblemas do corpo e
pelos homens ao sobrepujarem sua condição decaída, sangue do Salvador e o poder do Espírito, pois o Senhor
através da obediência às leis e ordenanças do evangelho . promete:u que, ao uma pessoa sempre se lembrar dele, terá
A sala celestial simboliza a alegria e a paz eternas eternamente consigo o seu Espírito (vej a 3 Néfi 1 8 : 7 , 1 1 ) .
encontradas na presença de Deus . Algo do espírito das O terceiro componente do lugar santo era o altar do
promessas infinitas de Deus aos obedientes foi captado no incenso, um símbolo da oração (vej a Apocalipse 5 : 8), o
planejamento desta bela sala" . (Narrativa do roteiro do qual fic : lva situado defronte ao véu . Este altar sugere o
Fi/me estático: "A Casa do Senhor ", quadros 43 , 48 e 5 1 .) terceiro aspecto dominante da vida em con formidade com
Se compararmos as três divisões do tabernáculo com os princípios e ordenanças do evangelho , ou seja, o de se
estes três níveis de vida espiritual, encontraremos alguns buscar c onstantemente o poder e revelação do Senhor por
paralelos e introvisões deveras interessantes. intermédio da oração . O fato de que o incenso era
O pátio externo (o mundo ou sala te/estia/). A primeira queimado sobre carvões em brasa nos sugere que até
coisa que a pessoa encontrava ao passar pelo portão mesmo nossas orações devem ser influenciadas pelo
principal era o altar dos holocaustos. Ali os vários animais Espírito Santo (veja 3 Néfi 19:24; Romanos 8 : 26) .
e outras ofertas eram mortos e oferecidos ao Senhor. O Santo dos Santos (sala celestial). Assim como a sala
Vemos assim que eram requeridos estrita obediência e celestial dos templos modernos simboliza o reino onde
sacrifício como o primeiro passo no progresso simbólico Deus habita, o mesmo acontecia ao santo dos santos do
156
antigo tabernáculo. A única peça de mobiliário da sala
interior era a arca do concerto , a qual o próprio Senhor
dissera ser o lugar onde se encontraria com Moisés , e
A presença Santo dos Santos estaria em comunhão com o povo (veja Ê xodo 25 :22).
de Deus.
Tanto no véu , que separava o lugar santo , do santo dos
Guardiães CELESTI AL santos, como na tampa da arca, havia querubins ou anjos.
angélicos. A utilização de anj os é uma bela representação do
Oração.
! (i � !
Véu
conceito ensinado nas escrituras modernas , de que
passamos pelos anj os a caminho da exaltação (vej a D&C
Viver pela luz
1 32: 1 9).
D
do Espírito, AJtar do
e pela carne Incenso Em resumo , o tabernáculo, sua planta e as ordenanças
e sangue de
Cristo.
que ali se realizavam , ilustram o grande e glorioso

O
Mesa do simbolismo do progresso ascendente do homem , de um
pão da estado em que esteve excluído da presença de Deus, até
cp
Castiçal
proposi-
ção
TERRESTI tIA L
alcançar outro em que vive em plena comunhão com ele.
Tenha em mente o seguinte diagrama, ao ler com todo o
sagrado cuidado Hebreus 9: 1 0, onde o apóstolo Paulo tão
maravilhosamente retrata o verdadeiro signi ficado espiritual
Lugar Santo do tabernáculo da antiga Israel .

O
Batismo e
remissão
dos pecados.
Pia

TELESTl AL

D
Obediência e
sacrifício Altar dos
holocaustos

Pátio Exterior

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