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Daniel
Daniel
CURSO DE PSICOLOGIA
São Luís
2022
ANDREIA REGINA CARDOSO ALVES
JOENESON ALVES PEREIRA
SÂNDILA SILVA ARAÚJO
São Luís
2022
AS CONSEQUÊNCIAS DO DIAGNÓSTICO TARDIO EM CRIANÇAS COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
RESUMO
1
Graduando em Psicologia pela UNINASSAU/SLZ. E-mail:andreiacardoso153@gmail.com
2
Graduanda em Psicologia pela UNINASSAU/SLZ. E-mail:joepereira753@gmail.com
3
Graduando em Psicologia pela UNINASSAU/SLZ. E-mail:araujosandila@gmail.com
4
Mestre em Saúde e Ambiente pela UFMA/MA e coordenadora do Departamento de Psicologia da
UNINASSAU – Campus de São Luís/MA. E-mail: @gmail.com
ABSTRACT
A primeira vez que o termo “autismo” foi usado data em torno do ano de 1911,
quando o psiquiatra suíço Eugen Bleuler nomeou como sintoma dos quadros mais graves de
esquizofrenia, designando a perda de contato com o mundo exterior que impossibilitava a
comunicação, estabelecendo sintomas relacionados à ambivalência afetiva (BRITES, 2019).
No ano de 1938, Leo Kanner (1943) iniciou a avaliação de uma criança com idade de
cinco anos e um mês de nome Donald Triplett que de acordo com observações do seus pais,
desde os primeiros anos de vida, Donald apresentava comportamento de auto-suficiência e ao
ser internado em 1937, aparentava sempre estar em um mundo unicamente seu. A partir do
estudo de 11 crianças com características semelhantes, incluindo Donald, Kanner (1943)
desenvolveu seu estudo, publicando em 1943 o artigo “Autistic Disturbances of affective
Contact” (distúrbio autista do contato afetivo).
Kanner (1943) apresenta características do quadro clínico peculiares associados com
movimentos estereotipados, inaptidão inata para contato afetivos, segregação alimentar,
ecolalia e interpessoalidade associada a obsessividade (BRITES, 2019), porém Kanner (1943)
apontou se tratava de um transtorno específico e não um quadro de esquizofrenia como
descreveu Bleuler.
Embora essas crianças tivessem aparência física comum, apresentavam
comportamento diferente das demais, cada uma delas exibia um isolamento extremo,
profundo afastamento autista, desejo obsessivo de preservação das mesmas coisas, uma boa
memória, expressão inteligente e ausente, mutismo ou linguagem sem real intenção
comunicativa, hipersensibilidade aos estímulos, relação obsessiva com objetos (HEWITT,
2006).
Ao descrever esse transtorno, Kanner (1943) definiu através das características de
incapacidade de relacionamento pessoal, falha no uso da linguagem para fins de comunicação
e interação social, resistência à mudança de rotinas, orientação para objetos em vez de
pessoas, boas capacidades cognitivas, ausência de respostas ao ambiente, rígida adesão às
rotinas, tumulto emocional quando os rituais eram perturbados, linguagem incomum e
utilização de pronomes inapropriadamente (VILLA et al., 2009).
Hans Asperger um ano posterior descreveu quadros de autistas leves e com menor
dificuldade no aprendizado e ausência no déficit de linguagem. Dessa forma, a definição de
Asperger era mais ampla e incluía quadros mais leves. Porém, sua pesquisa permaneceu
desconhecia durante anos e apenas no ano de 1981 o psiquiatra Lorna Wing descobriu uma de
sua tese de 1944 e divulgou sua tradução.
Atualmente a expressão “autismo” obteve consideráveis repercussões no que se refere
a classificação de diagnostico, antes classificado de forma distinta no DSM-IV. A partir do
lançamento do DSM-V (Manual dos transtornos mentais) lançado em maio de 2013 unificou-
se o autismo e a síndrome de Asperger, ambas fazendo parte do mesmo quadro de diagnóstico
clínico.
O transtorno do espectro autista (TEA) engloba atualmente diferentes síndromes
marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, com três características
fundamentais, que pode se manifestar em conjunto ou de forma distinta, são elas: dificuldade
de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar
com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento.
O conhecimento acerca da presença de sinais comportamentais característicos do
Transtorno do Espectro Autista (TEA) que ocorrem cedo no desenvolvimento, tem
oportunizado o início de intervenções em tempo, constituindo um benefício para a criança
(Zwaigenbaum; Bry-son; Garon, 2013). Isso contribui não apenas para a redução do risco da
manifestação mais grave dos sintomas ao longo do desenvolvimento, como também para a
melhoria do prognóstico (Dawson, 2008; Helt et al., 2008).
Brito (2014) aponta que os significados e características abordados pelos autores
principiantes, como Bruno Bettleheim, Bernard Rimland e o próprio Kanner (1943)
prisioneiro de um campo de concentração se deram pela época à qual vivenciaram. Bettleheim
associa as crianças com autismo como vítimas de trauma ambiental, mais especificamente
negligência materna. Em sua opinião sintomas de autismo, sobretudo a apatia e retraimento
social, são ocasionados devido ao distanciamento emocional de mães “frias”.
A autora Supracitada explana que esta postura dos dois estudiosos sucedeu contraposta
por vários médicos e psicólogos, entre eles Bernard Rimland, que em 1964, citou pesquisas
que apontavam que os padrões da maioria dos pais não se enquadravam na caracterização que
Kanner e Bettleheim citavam: frios e distantes. Além disso, a maioria das crianças que tinham
irmãos com autismo, não eram autistas e a proporção de meninos autistas para meninas
autistas era de três ou quatro para cada caso.
Em suma, o DSM-V (Manual dos Transtornos Mentais), lançado em maio de 2013,
unificou a autismo e síndrome de Asperger, ambas fazendo parte do mesmo diagnóstico, O
Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes síndromes marcadas por
perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que
podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por
deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos,
dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
Bem como, no APA (1994) foram descritos critérios para o diagnóstico desta
síndrome que integra comprometimento significativo na interação social; padrões de
comportamento restritos, repetitivos ou estereotipados; funcionamento social restrito;
ausência de atraso significativo da linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. A
prevalência desta síndrome é estimada em 2 a 4 crianças a cada 10.000 nascidos.
De acordo com a nova proposta publicada no Manual de Diagnóstico e Estatística dos
Transtornos Mentais (2013), fazem parte desse grupo o Transtorno Autista (TA), a Síndrome
de Asperger (SA) e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação
(TGDSOE), antes descritos no DSM IV-R. Enquanto no APA (2002) os critérios diagnósticos
incluíam prejuízos na interação social, comportamento e comunicação, na proposta atual são
enfatizadas duas dessas características, ou seja, as desordens da interação e do
comportamento.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), não tem caráter progressivo, mas o
desenvolvimento do quadro associado a fatores de idade e crescimento varia bastante, sendo
suas características diferenciada em cada indivíduo, o que dificulta no diagnóstico desse
transtorno (CUNHA, 2020).
O DIAGNÓSTICO DO TEA
O PAPEL DA FAMÍLIA
Inicialmente, depois da descrição de Kanner em 1943, vários estudos de psiquiatria
infantil enfatizaram o modo de relação da criança autista com seus pais. Desse modo, é
importante compreender sobre o direcionamento da relação família e criança autista para uma
possível investigação dos fatores que atribui o autismo como um produto de estresse familiar
(KAST, VAN HECKE, 2012).
A família é o grupo social primário que interfere na formação afetiva, cognitiva e
psicológica do ser humano, sendo os pais o principal suporte. Quando uma criança é
diagnosticada com alguma deficiência, patologia ou alteração, isso traz consequências na vida
dos pais, principalmente na vida das mães que assumem a responsabilidade de cuidar dessa
criança, alterando sua rotina e gerando desgaste psicoemocional (GALVÃO; LEONARDO,
2016; SEGEREN; FRANÇOZO, 2014).Nesse sentido, os cuidadores são submetidos a uma
sobrecarga devido à responsabilidade pelo bem-estar e prestação de cuidados ao autista que,
consequentemente, fica sujeito ao estresse, mas também às satisfações em relação ao familiar
ajudado (MISQUIATTI, 2015).
De acordo com Martins (2016), o responsável pelo autista e todo o ambiente familiar
sofre uma alteração tanto em sua rotina quanto em questões emocionais. A relação familiar
costuma ser saudável, no entanto, o filho saudável sofre pressões pessoais quanto a se sentir
responsável pelo outro irmão com o transtorno, além de sentir-se a ausência de atenção
voltada para si, podendo prejudicar seu rendimento escolar e interação social.
A participação dos pais como co-terapeutas é uma exigência dos programas de
intervenção. Grande parte da programação é levada a cabo em casa por eles e devem ocorrer
diariamente. O modelo DIR, por exemplo, prevê uma média de, pelo menos, sete horas diárias
em casa (GREENSPAN; WIEDER, 2000).
As famílias compostas por alguém com TEA possuem alto nível de preocupação e,
desde a orientação médica estão conscientes de sua importância ativa no tratamento do autista
para um bom desenvolvimento, gerando inseguranças em muitos cuidadores (MIELI;
AMATO, 2016).
Desse modo, há uma alteração na dinâmica familiar. Que causa muitas vezes,
sentimentos de negação, frustração e confusão. Além disso, a luta da família para aceitar e
cuidar de forma satisfatória da criança com TEA, pode causar uma aproximação muito grande
entre a própria família, permitindo-se concluir que os fatores positivos são maiores que os
negativos. Contudo, a experiência de ter um filho com TEA desenvolve a capacidade de
adaptação, resiliência e paciência e promove o descobrimento de um amor incondicional
(MISQUIATTI, 2015).
No caso das famílias de crianças com TEA, há mudanças em três aspectos: no ciclo
de vida, na doença e nos aspectos familiares que envolve múltiplas variáveis e ocorre de
forma não linear e progressiva. Estudos apontam que pais de crianças com o diagnóstico
tardio do autismo, referem preocupações precoces com o comportamento social, a
comunicação e o modo de brincar manifestados já nos primeiros meses de vida. Diante disso,
a demora na formalização de um diagnóstico também é um fator descrito, preponderante e
estressor que faz com que quando o diagnóstico é finalmente formulado, acontece uma
redução no nível de estresse familiar (KAST; HECKE, 2012).
Ao receber um diagnóstico de TEA, várias alterações são desencadeadas no meio
social da família, pela razão de que a criança deverá ser acompanhada, para que sua evolução
alcance os melhores patamares possíveis. O diagnóstico de qualquer doença crônica
principalmente quando envolve a criança, causa grande impacto que reflete nas mais diversas
mudanças do ambiente familiar. Dessa forma, entende-se que o vínculo familiar desde os
primórdios do conhecimento do diagnóstico é de extrema importância e influenciará
diretamente no desenvolvimento global das crianças com TEA, para que elas possam alcançar
evolução e progresso satisfatório (EBERT; LORENZINI; SILVA, 2013).
A notícia do diagnóstico pode ser de forma complexa, o que pode despertar nos pais
uma vivência de luto que são nomeados por estágios. O estágio inicial de luto é de choque, no
segundo estágio há descrença e negação, no terceiro tristeza e ansiedade, no quarto o
equilíbrio, apresentando admissão e por último, o estágio de reorganização por
reconhecimento (EBERT; LORENZINI; SILVA, 2013).
Os pais entram em um processo de adaptação, em que se observa uma instabilidade
emocional, apresentada por meio de oscilações entre aceitação e rejeição, até se sentirem mais
seguros para lidar melhor com a criança e aproximarem-se afetivamente dela
(RABINOVICH, 2006).
Diante desse processo de adaptação e aceitação das famílias acometida da criança
com TEA, há serviços e recursos que podem ser solicitados pelas famílias de crianças autistas.
A Lei, (Nº 12.764/2012), adverte que, pessoas autistas têm assegurados os mesmos direitos
que as pessoas com deficiência no sistema público de saúde. Por esse motivo, mesmo as
famílias sem convênio contam com direitos que garantem o acesso ao diagnóstico e
intervenção para o TEA pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Bem como, o diagnóstico
precoce e a intervenção por meio de equipe multidisciplinar. Sendo assim, as pessoas
cuidadoras de crianças autistas podem solicitar pelo SUS o acompanhamento com
profissionais da psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional (BERENICE; PIANA,
2012).
O papel da família está relacionado com o desenvolvimento global do indivíduo com
autismo, e este vínculo pode ser considerado como a busca e a manutenção da proximidade de
um indivíduo com outro. Uma criança, por exemplo, quando tem ao seu alcance uma figura
de apego, vivencia sentimentos de segurança e tranquilidade. Diante disso, uma família que
apresenta um bom funcionamento psicossocial possui um bom equilíbrio na coesão e na
adaptabilidade familiar (ROTTA, 2016).
Dessa forma, entende-se que é justamente o papel da família que irá interferir no
desenvolvimento global da criança com Autismo, pois, auxiliando na interação social e na
comunicação da criança, o engajamento da família no tratamento garante que os objetivos
terapêuticos sejam ampliados em contexto domiciliar, proporcionando assim uma maior
sincronicidade e contingência comunicativa e social entre a criança e seus interlocutores, o
que, ao mesmo tempo que empodera a família, também diminui sua sobrecarga emocional
(EMILY; GRACE, 2015).
O transtorno do espectro autista tem ganhado grande destaque nos últimos anos. Antes
ele era um transtorno pouco diagnosticado, mas atualmente um crescente número de
diagnósticos têm chamado atenção para o diagnóstico e o caminho do mesmo (BRACKS,
2018). Considerando que os primeiros sinais desse transtorno são visíveis ainda na fase de
desenvolvimento do indivíduo, em torno dos 12 aos 24 meses, e por se tratar de um transtorno
global que atinge o neurodesenvolvimento da criança, se questiona sobre as consequências do
diagnóstico tardio (FREITAS; REVOREDO, 2022).
Diante disso, dentre as características do comportamento da criança com transtorno do
espectro autista (TEA) está a dificuldade da socialização com as pessoas ao seu redor, o que
pode acarretar prejuízos significantes nas interações sociais não verbais, como contato visual
direto, gestos, posturas corporais, nas relações interpessoais. Também sendo presente a
seletividade alimentar em alguns casos, movimentos estereotipados, hipersensibilidade e
outras características (SANTOS et al., 2018).
Desse modo, Rotta, Filho e Bridi (2016), discorrem sobre as diferentes consequências
causadas pelo tardar do diagnóstico da criança com TEA, dentre as quais está:
[...] o prejuízo linguístico, que envolve problemas de comunicação não verbal,
problemas simbólicos, dificuldade na fala, assim como problemas pragmáticos. Há
falhas em habilidades que precedem a linguagem, como o balbucio, a imitação, o
uso significativo de objetos e o jogo simbólico. Há também falhas na compreensão
da fala, falta de gestos, mímica e do apontar.
Além disso, cerca de 50% das crianças com autismo nunca fizeram uso da fala ou
apresentam alguma dificuldade na fala considerada anormal para o desenvolvimento típico de
uma criança na mesma faixa etária (RUTTER; SCHOPLER, 1978). Sendo importante pautar
que não se trata apenas de prejuízo na habilidade linguística, mas sim de um desvio no curso
do desenvolvimento que ultrapassa o atraso.
Do mesmo modo, existe apontamento para consequências na imitação de
comportamentos na criança com TEA como um fator central do perfil neuropsicológico desse
transtorno. De acordo com Tuchman e Rapin (2009), crianças com autismo costumam imitar
menos e cometer erros específicos quando comparadas tanto com crianças típicas quanto com
controles clínicos. Esses déficits têm sido observados em indivíduos com TEA tanto com alto
como com baixo funcionamento e em ampla faixa etária, sugerindo que o prejuízo na imitação
pode ser um déficit fundamental do transtorno (ROTTA et al., 2016).
Eventualmente, os problemas na imitação impedem o estabelecimento da sincronia
emocional, e é isso o que está por trás do déficit de relacionamento no autismo. Pois é a partir
do contato com o meio, e principalmente com os pais, que ocorre a experiência de contágio
emocional e a coordenação afetiva que, por sua vez, permitem o desenvolvimento de alguns
aspectos da atenção compartilhada, comunicação intencional, empatia e jogo simbólico
(ROGERS; BENNETTO, 2000).
A princípio, diversos autores apontam que a dificuldade de imitação é em certo grau
uma das características especificas do transtorno do espectro autista, podendo ser um
diferencial de outros transtornos da infância (TUCHMAN; RAPIN, 2009). Estudos revelam
que crianças com autismo demonstram fraquezas e erros específicos em tarefas de imitação
quando comparadas a crianças com outros transtornos que possuem características
semelhantes.
Ao mesmo tempo, crianças com TEA apresentam super ou hiporreatividade sensorial
que leva a uma indisponibilidade afetiva, sendo perceptível desde os primeiros anos de vida a
existência de dificuldades sensoriais e motoras no desenvolvimento de muitos autistas, com
variabilidade nos sintomas. São notados problemas de processamento auditivo, podendo
ocorrer hipo ou hiper-respostas na mesma criança e respostas sensoriais anormais a estímulos
sociais (ROTTA et al., 2016).
Pesquisas apontam que duas áreas são bastante comprometidas quando se fala da
criança com Tea: a comunicação e a socialização. Na primeira, observa-se o atraso na fala
com vocalização estereotipada e repetitiva. Na segunda, a criança apresenta uma falta de
expressões faciais, imitação, déficit no contato visual etc. (CERVANTES et Al. 2016).
Castanha (2016) aponta que o diagnóstico precoce depende de muita atenção e
acompanhamento para que sejam feitas intervenções corretas capazes minimizar certos
comportamentos típicos da criança com TEA, caso contrário eles podem desencadear
dificuldades na sua conivência ou no seu desenvolvimento intelectual.
Estudos apontam que muitas crianças não são diagnosticadas antes do período escolar,
fazendo com que elas não sejam alcançadas por programas de intervenções e que os pais não
recebam orientações adequadas para lidar com o tratamento, o que resulta em um diagnóstico
tardio (DAVIDOVITCH, 2015).
Em decorrência desse diagnóstico tardio, houve muita cristalização dos sintomas e o
tratamento de autistas com mais de 6 anos torna a eficácia das intervenções mais difíceis, pois
o contato com a criança é mais raso e limitado, resumindo o tratamento apenas ao seu objetivo
terapêutico (CAMPANÁRIO; PINTO, 2006).
As consequências de um diagnóstico tardio não encerram quando os autistas passam
para a vida adulta. Howlin, Begger, Arciuli e Brock (2015) afirmam que na vida adulta as
pessoas com TEA apresentam grandes dificuldades nas relações com seus pares e empregos.
Além de terem dificuldade em ter independência na vida acadêmica e educacional,
necessitando de apoio durante essa etapa da vida.
INTERVENÇÃO PRECOCE
3 METODOLOGIA
Utilizou-se o método de revisão bibliográfica narrativa a partir de análise de literatura
e coletas de artigos das bases de dados: Eletronic Library Online-Scielo, biblioteca virtual
brasileira, sites oficiais e livros relevantes para o desenvolvimento da temática. Usou-se dos
descritores “Autismo” AND “diagnóstico tardio”, sendo estabelecidos filtros como: artigos
apenas na língua inglesa e portuguesa. A seleção dos livros se deu perante a análise dos
conteúdos abordados nos capítulos e a relevância para a construção.
Além disso, foram excluídos artigos duplicados, artigos impossibilitados de tradução,
matérias incompletas e artigos que não contemplavam os objetivos deste trabalho. Após a
coleta e seleção dos achados, se realizou leitura minuciosa e se separou em pastas artigos e
livros a serem usados na construção de cada sessão do presente trabalho.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das pesquisas e estudos realizados durante a construção deste trabalho, foi
possível notar que o transtorno do espectro autista (TEA), que afeta diretamente o
neurodesenvolvimento da criança, ainda está caminhando quando se trata de formas eficazes
de realizar o diagnóstico precoce, sendo ainda um tema que apenas ganhou visibilidade social
e de pesquisa nos últimos anos, considerando o aumento de casos diagnosticado de crianças
no Brasil e em outros países.
Em contra partida, existem diversas dificuldades em torno do transtorno do espectro
autista, sendo que uma delas está presente na própria etiologia da doença. Pesquisas alegam
uma relação com fatores genéticos e o próprio contexto do ambiente a qual a criança está
inserida. Dessa forma, o processo de diagnóstico ainda é complexo, pautando que o TEA
possui características semelhantes a outros transtornos.
Nessa perspectiva, e diante da análise dos achados, percebe-se a complexidade em
torno do processo de diagnóstico, que inclui a rede familiar, o contexto de preparo, a
aceitação do diagnóstico, o processo do prognostico, profissionais especializados e
qualificados que abranjam as particularidades de cada criança com TEA, o acesso a
tratamentos por meio de redes públicas e campanhas que viabilizem fornecer informações a
sociedade acerca do processo de identificação dos primeiros sinais do autismo.
Dessa forma, o diagnóstico tardio é um fator consequente e preocupante, tendo em
vista que a criança com o transtorno do espectro autista apresenta dificuldade no
desenvolvimento de diversas funcionalidades neurológicas, tanto entre as mais simples quanto
entre as mais complexas. Quando não há intervenções que viabilizem a amenização desses
sintomas, a tendência é o agravamento, o que reverbera durante toda a vida do indivíduo que
possui TEA.
Por certo, é necessário um olhar atento para o transtorno do espectro autista,
ponderando que é através de intervenções precoces que se tem um resultado mais satisfatório
no desenvolvimento da criança. Nesse sentido, cabe às pesquisas futuras abranger de forma
concisa meios de comunicação que forneçam à sociedade maior embasamentos a respeito do
TEA, além de buscar por meio de intervenção que considerem a particularidade de cada
criança.
Apesar da complexidade do processo de diagnóstico e prognóstico, a criança com
autismo é capaz de desenvolver diversas habilidades, tendo algumas delas grande
desenvolvimento intelectual em áreas especificas. Cabe ressaltar ainda que o individuo com
TEA pode viver normalmente, dependendo do seu nível de gravidade e como foi o processo
de intervenção e aceitação no processo de prognóstico.
Por fim, espera-se após essa pesquisa que o transtorno do espectro autista continue
tendo esse enfoque em termos de divulgação e que sejam desenvolvidos meios de intervenção
precoce, sendo necessário que as avaliações, testes e meios de tratamento sejam traduzidos e
adaptados de acordo com o contexto de cada país, respeitando suas particularidades no que
tange principalmente ao fator socioeconômico e à acessibilidade de determinadas classes a
medidas de tratamento.
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