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Resenha Amicus Curiae RBDPro - 75 (GAMA)
Resenha Amicus Curiae RBDPro - 75 (GAMA)
R. bras. Dir. Proc. - RBDPro, Belo Horizonte, ano 19, n. 75, p. 239-246, jul./set. 2011
das partes (p. 54). Entretanto, o autor está atento para o fato de que as
partes, por serem sujeitos parciais na relação processual, não têm tal como
o juiz imparcial, iguais interesses refletidos no contraditório. Isto não eli-
de a existência de um interesse comum capaz de provocar a cooperação e
diálogo dos sujeitos do processo: resolver a questão pendente (p. 55-56).
Neste sentido, após repudiar a distinção entre “verdade formal” e “ver-
dade material”, considera que o amicus curiae pode cooperar com o juízo
na busca de elementos de convicção do magistrado (p. 59-60). Embora a
intervenção do amicus curiae acarrete inevitavelmente um prolongamento
da marcha processual, o autor sustenta haver plena compatibilidade com
a garantia da efetividade do processo, se essa garantia significar “bem
decidir, mesmo que de forma menos rápida” (p. 73). Em outro giro, o
autor chama a atenção para a necessidade de se pensar a processualidade
também no âmbito do Legislativo e do Executivo, a partir de uma teoria
geral do processo estatal (p. 74-75). Exemplificativamente, o autor sustenta
a existência do amicus curiae no processo administrativo (Lei nº 9.784/99,
arts. 31-33). Ao encerrar o capítulo, o autor conclui que o amicus curiae é
uma imposição ou consequência necessária do princípio do contraditório.
É no terceiro capítulo que o autor estuda o amicus curiae à luz do
direito comparado. O autor traz a controvérsia sobre a origem do instituto.
Teria o amicus curiae origem no direito inglês medieval ou derivado da
figura do consilliarius do direito romano? Ao examinar diversos países da
common law, o autor observa que a transposição do amicus curiae do direito
inglês para o norte-americano determina a perda de uma das suas mais
importantes qualidades: a neutralidade. Neste sentido, o amicus assume
a posição de ente interessado na causa (p. 99-100). Daí haver a distinção
entre amicus curiae privado ou litigante — que defende os próprios
interesses — e amicus curiae governamental. Este sim agiria em nome
da coletividade. O autor ainda faz referência ao direito francês, italiano,
argentino, examinando, ainda a regulação do instituto no Transnational
Civil Procedure Code e no âmbito dos Tribunais Supranacionais.
O quarto capítulo é iniciado com uma definição de amicus curiae:
“sempre foi e continua sendo um terceiro que intervém no processo por
convocação judicial ou livre iniciativa para fornecer ao juízo elementos
reputados como importantes, úteis, quiçá indispensáveis, para o julga
mento da causa” (p. 125). Ao examinar o instituto no direito brasileiro, o
autor revela que a expressão aparece em apenas um único ato normativo
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O requisito da imparcialidade não aparece no anteprojeto do Código de Processo Civil apresentado pela
Comissão de Juristas instituída pelo ato do Presidente do Senado Federal nº 379, de 2009: “art. 320.
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