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BUENO, Cássio Scarpinella.

‘Amicus curiae’ no processo civil brasileiro: um


terceiro enigmático. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.1

Faltava na literatura processual pátria uma obra que se ocupasse


especificamente do tema do amicus curiae. Apresentada para a obtenção do
Título de Livre-Docência em Direito Processual Civil da PUC de São Paulo
em 2005, o autor — doutor e docente pela mesma instituição — supriu
esta lacuna em obra de fôlego, que conta com pouco mais de 700 páginas.
A obra ora resenhada alcança a sua segunda edição. Estruturalmente,
divide-se em 8 capítulos, que são examinados a seguir.
Nos dois primeiros capítulos, o autor apresenta o estado da arte da
hermenêutica no Direito Processual Civil. Constata, em primeiro lugar,
a abertura do sistema jurídico e que a postura do juiz frente ao fenômeno
jurídico alterou-se completamente. A atividade deste não se resume ao
uso da técnica da subsunção a partir do conhecimento passivo dos fatos
jurídicos, mas exige que o ato de julgar seja conscientemente criador
e valorativo. Para o autor, o grande desafio para o exercício legítimo
da jurisdição é saber como capturar os valores, ideais e angústias que
estão dispersos na sociedade (p. 13). Consciente da crise do positivismo
legalista, a obra ressalta a importância da interpretação e a concretização
de normas jurídicas, especialmente as que contêm conceitos vagos e
indeterminados. Assim, palavras equívocas podem permitir uma maior
abertura do direito para a realidade social (p. 19-24). O julgador não deve
agir discricionariamente, mas precisa saber compreender os fatos que
autorizam a aplicação da consequência jurídica prevista. Nesta linha de
raciocínio, o amicus curiae — portador de diversas vozes caracterizadoras
da sociedade brasileira — pode auxiliar o juízo ao trazer informações
inacessíveis ao magistrado e, ao mesmo tempo, legitimar a produção da
decisão jurisdicional (p. 35-36).
O autor apresenta, no segundo capítulo, uma segunda outra cons-
tatação: a constitucionalização do processo civil. Isto quer dizer ser impossível
pensar o sistema processual civil sem que se tenha como ponto de partida a
Constituição. Após considerar o modelo constitucional de processo, lem-
bra — apoiado no princípio do contraditório — que a participação das par-
tes para influir na decisão judicial não está na esfera de disponibilidade
1
Colaboraram na revisão do texto Mário Henrique de Araújo Ciraudo (Monitor de Direito Processual
Constitucional) e Samuel Gerchenzon (Monitor de Direito Processual Civil), ambos da Faculdade de Direito
da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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das partes (p. 54). Entretanto, o autor está atento para o fato de que as
partes, por serem sujeitos parciais na relação processual, não têm tal como
o juiz imparcial, iguais interesses refletidos no contraditório. Isto não eli-
de a existência de um interesse comum capaz de provocar a cooperação e
diálogo dos sujeitos do processo: resolver a questão pendente (p. 55-56).
Neste sentido, após repudiar a distinção entre “verdade formal” e “ver-
dade material”, considera que o amicus curiae pode cooperar com o juízo
na busca de elementos de convicção do magistrado (p. 59-60). Embora a
intervenção do amicus curiae acarrete inevitavelmente um prolongamento
da marcha processual, o autor sustenta haver plena compatibilidade com
a garantia da efetividade do processo, se essa garantia significar “bem
decidir, mesmo que de forma menos rápida” (p. 73). Em outro giro, o
autor chama a atenção para a necessidade de se pensar a processualidade
também no âmbito do Legislativo e do Executivo, a partir de uma teoria
geral do processo estatal (p. 74-75). Exemplificativamente, o autor sustenta
a existência do amicus curiae no processo administrativo (Lei nº 9.784/99,
arts. 31-33). Ao encerrar o capítulo, o autor conclui que o amicus curiae é
uma imposição ou consequência necessária do princípio do contraditório.
É no terceiro capítulo que o autor estuda o amicus curiae à luz do
direito comparado. O autor traz a controvérsia sobre a origem do instituto.
Teria o amicus curiae origem no direito inglês medieval ou derivado da
figura do consilliarius do direito romano? Ao examinar diversos países da
common law, o autor observa que a transposição do amicus curiae do direito
inglês para o norte-americano determina a perda de uma das suas mais
importantes qualidades: a neutralidade. Neste sentido, o amicus assume
a posição de ente interessado na causa (p. 99-100). Daí haver a distinção
entre amicus curiae privado ou litigante — que defende os próprios
interesses — e amicus curiae governamental. Este sim agiria em nome
da coletividade. O autor ainda faz referência ao direito francês, italiano,
argentino, examinando, ainda a regulação do instituto no Transnational
Civil Procedure Code e no âmbito dos Tribunais Supranacionais.
O quarto capítulo é iniciado com uma definição de amicus curiae:
“sempre foi e continua sendo um terceiro que intervém no processo por
convocação judicial ou livre iniciativa para fornecer ao juízo elementos
reputados como importantes, úteis, quiçá indispensáveis, para o julga­
mento da causa” (p. 125). Ao examinar o instituto no direito brasileiro, o
autor revela que a expressão aparece em apenas um único ato normativo

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(art. 23, §1º, da Resolução nº 390, de 17 de setembro de 2004, do


Conselho da Justiça Federal). Isto não impede, entretanto, que a figura
seja identificada em outros diplomas legais, como é o caso da Lei nº 9.868
de 1999, que se refere em seu art. 7º, §2º, à manifestação de “outros
órgãos e entidades”. O autor comenta, a propósito, os requisitos de
intervenção do amicus curiae em sede de controle de constitucionalidade.
Em primeiro lugar, exige-se a relevância da matéria, critério objetivo, de
que há necessidade de que outros elementos de convicção sejam trazidos
aos autos (p. 140). O segundo requisito refere-se à representatividade do
postulante. Para o autor, o legitimado para a propositura das ações
diretas de inconstitucionalidade pode intervir em processo de controle
de constitucionalidade não como assistente litisconsorcial (porque
não postula direito próprio), mas como amicus curiae, não se podendo
esquecer que certas entidades precisam apresentar pertinência temática
(p. 144-145). O autor prefere substituir a noção de interesse jurídico —
próprio do instituto da assistência no processo civil — pela expressão
interesse institucional. Assim, precisa-se verificar se o que está sendo
discutido em juízo guarda alguma relação com a finalidade institucional
da pessoa de direito público ou privado (p. 146-147). Perfilhando o
entendimento da doutrina majoritária, o autor entende que a intervenção
do amicus curiae é equiparável a um ato de instrução (p. 159). Defende que
o prazo para a intervenção não se confunde com o prazo de trinta dias para
que os réus prestem informações (art. 6º, Lei nº 9.868/99) e que o termo
final é fixado pela inserção do processo em pauta para julgamento (p.
161). Já o prazo para manifestação do amicus curiae só tem sentido, se fixado
um dies a quo — que deve ser identificado com a sua admissão expressa
nos autos (p. 166). O juízo pode limitar a quantidade de intervenções
para evitar o chamado “amicus curiae multitudinário” por aplicação
analógica do parágrafo único do art. 46 do Código de Processo Civil (p.
169). Sustenta o autor que apenas a decisão que indefere a intervenção do
amicus afigura-se recorrível por meio de agravo interno. Acrescenta que o
amicus tem legitimidade para recorrer das decisões liminares e finais em
sede de controle de constitucionalidade. (p. 171-173). As considerações
sobre a participação do amicus em sede de ADI valem tanto para a ADC
(p. 176-180) como para a ADPF (p. 180-191), apesar do silêncio legal.
Ainda em sede de jurisdição constitucional, o autor denuncia a convocação
de “audiências públicas” como forma de controlar os sujeitos processuais
que acessam o Supremo Tribunal Federal, inibindo a voluntariedade da
intervenção (p. 186-187).

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O quarto capítulo ainda apresenta a figura do amicus nos incidentes:


a) de inconstitucionalidade (§§1º, 2º e 3º, do art. 482, CPC); b) de
uniformização de jurisprudência perante os Juizados Especiais (§7º, do
art. 14, da Lei nº 10.259/2001). Neste último diploma, o autor comenta
a polêmica manifestação do STJ, prevista no §4º do art. 14, que tem a
sua constitucionalidade questionada (p. 203-207). O autor oferece, ainda,
valiosas observações sobre a intervenção a título de amicus curiae: a) das
pessoas jurídicas de direito público (art. 5º, da Lei nº 9.469/97); b) da
Comissão de Valores Mobiliários – CVM (art. 31, da Lei nº 6.385/76); c) do
Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI (arts. 57, 118 e 175,
da Lei nº 9.279/96); d) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
– CADE (art. 89, da Lei nº 8.884/94); e) da Ordem dos Advogados do
Brasil (art. 49, da Lei nº 8.906/94).
Examinar o amicus curiae à luz de outros institutos similares constitui
a proposta do quinto capítulo. O autor aproxima, inicialmente, a figura do
perito com a da testemunha, porque possuem informações não jurídicas
relevantes para o julgamento da causa. Embora seja exigido de ambas
um relato dos fatos, a cobrança de informações do perito sofre maior
rigor, porque a informação precisa ser acompanhada necessariamente de
critérios científicos (p. 370-374). Assim como o perito e a testemunha,
o amicus curiae é portador de informações que não estão ao alcance do
magistrado (p. 405). Isto, no entanto, não faz do amicus curiae perito
ou testemunha. O autor, aliás, critica aqueles que apontam diferenças
marginais para diferenciar o agir do amicus curiae da função que exerce
o Ministério Público na qualidade de custos legis, como a intervenção
obrigatória e a indisponibilidade do direito (p. 407). Nesta ordem de
raciocínio, o autor busca aproximar os regimes jurídicos de alguns sujeitos
processuais sem, todavia, igualá-los, preparando o leitor para buscar os
elementos essenciais caracterizadores do amicus curiae no sexto capítulo.
Entre os sujeitos processuais, acomoda o autor o instituto do
amicus curiae entre os terceiros, e não entre as partes. O autor separa dois
modelos de intervenção do amicus curiae como: a) fiscal da lei; b) sujeito
qualificado de prova (p. 435-437). Insiste que, em ambos os casos, o
móvel da intervenção desse terceiro se funda em um interesse institucional.
Para o primeiro caso, traz como exemplo o INPI, esclarecendo que é
de seu interesse zelar pela aplicação correta e adequada do direito da
propriedade industrial (p. 432). No segundo caso, sustenta que o amicus

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curiae prestará informações meta ou extrajurídicas para a formação de


convencimento do magistrado (p. 436). No que concerne ao instituto
da assistência, simples ou litisconsorcial, aduz que o assistente atua de
modo egoísta, em prol do assistido, mas buscando beneficiar interesse
próprio, enquanto o amicus curiae age de forma altruísta, sem destinatário
individualizado, porque defende interesse institucional (p. 442-443). De tal
arte, a intervenção no processo do amicus curiae ocorre em conformidade
com determinada finalidade institucional para que o direito objetivo seja
corretamente aplicado e o eventual benefício do autor ou do réu será
consequência de sua atuação, e nunca a causa (p. 444). Prefere o autor
evitar — o que classifica de “deformação indesejada” — a figura norte-
americana do litigant amicus curiae (terceiro interveniente que pretende
exercer os mesmo poderes das partes com o objetivo de obter um resultado
que lhe seja favorável) para que não haja confusão com o instituto da
assistência litisconsorcial (p. 445).
No sétimo capítulo, o autor propõe classificar o amicus curiae quanto
à: a) natureza jurídica (público ou privado); b) intervenção (provocada
e espontânea); c) tipicidade da intervenção (vinculada, procedimental e
atípica). Importa registrar que o autor admite a intervenção não só de
pessoa jurídica, mas também de indivíduo como amicus curiae (p. 520). No
que tange à tipicidade, talvez fosse melhor rotular a intervenção vinculada
de “intervenção típica com sujeito determinado” (ex.: lei estabelece a
intervenção da OAB, INPI, CADE e CVM) e a intervenção procedimental
de “intervenção típica sem sujeito determinado” (ex.: procedimento das
ações do controle abstrato de constitucionalidade). Diga-se, aliás, que o
autor defende a tese de que os entes legitimados à propositura das ações
diretas de inconstitucionalidade (art. 103) podem intervir na qualidade de
amicus curiae, e não como assistentes litisconsorciais (p. 524-525). No que
diz respeito ao regime jurídico do amicus curiae, o autor lembra que a lei
não estabelece qualquer tipo de prazo para a sua intervenção e recomenda
a aplicação subsidiária da disciplina da assistência simples e litisconsorcial
do CPC (p. 534-535). Insiste o autor que a intervenção do amicus curiae
pressupõe a imparcialidade, podendo ser aplicado o regramento da sus­
peição e impedimento, nos termos dos arts. 134 e 135 do CPC (p. 537-
541). O momento da intervenção deve ocorrer após a manifestação das
partes, por aplicação analógica do art. 31, §1º, da Lei nº 6.358/76, que
prevê a intimação da CVM (p. 545). Para o autor a presença de advogado

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só é dispensável nas hipóteses de intervenção provocada, porque não há


atos postulatórios (p. 554). Na dinâmica processual, o amicus curiae aparece
como sujeito processual auxiliar do juízo, mas a ele devem ser assegurados
certos poderes de atuação (apresentar memoriais e informações de fato e
de direito, interpor recursos e oferecer sustentação oral). Não pode, no
entanto, oferecer exceção de incompetência. A coisa julgada não lhe atinge,
porque não deduz direito seu em juízo. Como não é parte, nenhum ônus
financeiro lhe pode ser atribuído. Para o autor, quando a intervenção for
provocada, o sucumbente deverá se responsabilizar por eventuais gastos
do amicus curiae, inclusive pelos honorários advocatícios (p. 602).
No último capítulo, sobre “o presente e futuro do amicus curiae no
processo civil brasileiro”, o autor assevera que o Ministério Público “talvez
seja o nosso maior e mais tradicional exemplo de amicus curiae” (p. 624).
Como se pode perceber, o livro de Cássio Scarpinella Bueno é um
verdadeiro tratado sobre o tema do amicus curiae. Entre os vários aspec-
tos abordados, dois merecem especial atenção. O primeiro diz respeito a
certas hipóteses de intervenção atípica (procedimento monitório, processo
cautelar e Juizados Especiais). Neste ponto, não estamos convencidos,
pelas próprias limitações procedimentais relativas ao regime probatório,
da necessidade de se estabelecer a figura do amicus curiae. Mesmo a atua­
ção como custos legis não parece estar justificada por conta da brevidade
procedimental.
O segundo se refere ao requisito da imparcialidade para a diferencia-
ção do amicus curiae de outros institutos. Essa imparcialidade acaba por
esta­belecer, no entanto, um limitador desnecessário do contraditório e
quiçá da qualidade da informação, pois isso significa excluir diversos
sujeitos processuais que representam adequadamente grupos sociais.
Assim, por exemplo, não haveria, no âmbito da jurisdição constitucional,
representantes religiosos para os temas relativos às pesquisas com células-
tronco ou aborto, simplesmente porque já sabemos de que lado suas opi-
niões estarão. Nesta linha de raciocínio, associações de defesa do consu-
midor não poderiam participar de processos que envolvessem relações
de consumo. Também teríamos de excluir o Instituto Nacional de Câncer
(INCA) e a Aliança de Controle do Tabagismo para causas referentes ao
fumo. Caso este requisito seja realmente positivado,2 aqueles atores com

2
O requisito da imparcialidade não aparece no anteprojeto do Código de Processo Civil apresentado pela
Comissão de Juristas instituída pelo ato do Presidente do Senado Federal nº 379, de 2009: “art. 320.

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reconhecido grau de representatividade ficariam de fora do jogo demo-


crático e isto seria um retrocesso. Em doutrina, há até quem diga, com ra-
zão, que a o amicus curiae não precisa demonstrar interesse jurídico, posto
que sua intervenção é de natureza política e seu interesse é ideológico.3
A vingar o requisito da imparcialidade, chegaríamos a uma situação
esdrúxula. Mesmo sendo a OAB dotada de legitimidade para a ação direta
de inconstitucionalidade, ela não poderia intervir na qualidade de amicus
curiae em processo que se questiona a constitucionalidade da dispensa do
advogado em determinado procedimento, caso outro legitimado houvesse
proposto a ação. Isto, por certo, iria contrariar a própria posição do autor
do livro, que admite que os legitimados para a propositura da ADI e ADC
também tenham legitimidade para intervir como amicus curiae.
Diga-se, aliás, ser, na perspectiva do autor, o altruísmo, o desejo de
“ajudar ao próximo”, que motiva a intervenção do amicus curiae (p. 219).
E aqui estamos plenamente de acordo. E embora isto possa caracterizar
uma visão um tanto romântica do instituto (porque pretender ajudar ao
próximo não significa querer ajudar necessariamente quem tem razão),
fato é que esses entes, por defenderem interesses parciais (e por que
não institucionais?), podem deter informações mais qualificadas, o que
justifica a intervenção a título de amicus curiae.4
Independentemente das considerações aqui apresentadas, o livro
fornece argumentos sólidos capazes de provocar a reflexão de todos os
interessados pelo assunto. É definitivamente um clássico que merece leitura.

O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a


repercussão social da lide, poderá, por despacho irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes, solicitar
ou admitir a manifestação de pessoa natural, órgão ou entidade especializada, no prazo de dez dias da sua
intimação”.
3
CABRAL, Antonio do Passo. Pelas Asas de Hermes: a intervenção do amicus curiae, um terceiro especial: uma
análise dos institutos interventivos similares: o amicus e o Vertreter des öffentlichen Interesses. Revista de
Processo, São Paulo, v. 29, n. 117, set./out. 2004. Nesta linha, CARDOSO, Oscar Valente. O amicus curiae nos
juizados especiais federais. Revista Dialética de Direito Processual, São Paulo, n. 60, p. 107, mar. 2008, concebe
o amicus curiae como um “amicus partis”; MEDINA, Damares. No Brasil, Amicus curiae só é amigo da parte.
Consultor Jurídico, 7 set. 2010. Entrevista concedida a Rodrigo Haidar. Disponível em: <http://www.conjur.
com.br/2010-set-07/entrevista-damares-medina-advogada-constitucionalista>.
4
Neste sentido, NOGUEIRA, Gustavo Santana. Do amicus curiae. Revista de Direito do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, n. 63, p. 21, abr./jun. 2005, exclui o requisito da imparcialidade ao lembrar
que “na ADI 2937/DF os clubes de futebol que requereram o ingresso na qualidade de amicus, ainda que
intempestivamente, na ação que visa a declaração de inconstitucionalidade da lei conhecida como Estatuto
do Torcedor, o fizeram defendendo a tese da inconstitucionalidade, porque esta lei impõe aos clubes a adoção
de uma série de medidas, que protegem o torcedor, que atingem diretamente os clubes, e como estes não
possuem legitimidade para a ADI, podem requerer seu ingresso como terceiro para defender a tese que lhes
interessa, principalmente por força do efeito vinculante das decisões nessas ações. Trata-se da defesa dos
interesses da instituição”.

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Fernando Gama de Miranda Netto


Doutor em Direito pela Universidade Gama Filho. Prof. Adjunto de Direito Processual da Uni­
versidade Federal Fluminense.

Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira


de Normas Técnicas (ABNT):

BUENO, Cássio Scarpinella. ‘Amicus curiae’ no processo civil brasileiro: um terceiro


enigmático. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. Resenha de: MIRANDA NETTO, Fernando
Gama de. Revista Brasileira de Direito Processual – RBDPro, Belo Horizonte, ano 19, n. 75,
p. 239-246, jul./set. 2011.

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