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de São Paulo
100 anos a serviço do Brasil
HMASP
Fagner Moura
1ª Edição
São Paulo
2020
© 2020 Hospital Militar de Área de São Paulo
ISBN: 978-85-64200-01-2
Todos os direitos reservados. A reprodução parcial do texto desta obra pode ser
utilizada desde que citada a fonte. Nenhuma imagem contida nesta obra pode ser
reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio, sem
a permissão expressa e por escrito dos detentores de seus direitos autorais.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-64200-01-2
CDD 355.72098161
Exército Brasileiro
Hospital Militar de Área de São Paulo
Rua Ouvidor Portugal, 230
CEP 01551-000 - São Paulo - SP
www.hmasp.eb.mil.br
General de Brigada Médico
João Severiano da Fonseca
PATRONO DO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO BRASILEIRO
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Militar de Área de São Paulo acessando
pelo QR Code.
HMASP
anos
HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020
Sumário
Página
Prefácios e Prólogos 10
Introdução 14
4. A nomeação do físico-mor 36
e do boticário do Real Hospital Militar
7
13. Um novo hospital se instala 72
no alto do Morro da Pólvora
14. A solenidade de inauguração 74
do Hospital Militar da 2ª Região
8
Sumário
29. A construção do novo 174
Hospital Geral de São Paulo
30. A evolução do Hospital Geral de São Paulo 188
Posfácio 260
Epílogo 262
Agradecimentos 264
Denominações 266
9
Prólogo
General de Exército
Marcos Antonio Amaro dos Santos
Comandante Militar do Sudeste
Havia uma nobre missão a ser cumprida quando, em 1766, foi instalado o hospital mi-
litar na Capitania de São Paulo, inicialmente instalado no pátio do colégio jesuítico, que
também abrigava a sede do Governo da Província. Seria o primeiro estabelecimento
médico da cidade. A independência dos Estados Unidos ocorreria 10 anos mais tarde.
Não havia evidências de que em pouco mais de 20 anos, com a queda da Bastilha, na
França, teria início a Era Contemporânea.
Na primeira fase da sua história, que vai de 1766 até 1919, o hospital militar testemu-
nhou importantes acontecimentos. Observou o florescimento dos Estados Unidos da
América; os acontecimentos que levaram à Revolução Francesa; viu Tiradentes, patro-
no cívico da Nação, ser imolado na luta pela Independência; presenciou a chegada da
família Real, em 1808, e a elevação da colônia à condição de metrópole. Tratou dos sol-
dados, dos escravos da coroa e da população em geral. Foi o responsável pelo primeiro
regulamento hospitalar do Brasil e pelo primeiro curso de cirurgia em terras brasileiras.
10
Iniciou-se, então, uma nova fase da sua história.
Nos últimos cem anos, o HMASP foi responsável por grandes feitos da medicina brasi-
leira. Destaca-se o combate à epidemia de febre tifoide, em 1925, a primeira cirurgia para
correção de defeito vascular, em 1956, a criação do banco de olhos e a primeira cirurgia
de transplante de córneas de São Paulo, em 1961. Mais recentemente, a realização de ci-
rurgias inéditas na América Latina no campo da Neurocirurgia e a consolidação das resi-
dências médicas nas áreas de Neurocirurgia, Anestesiologia, Clínica Médica e Urologia.
11
Prefácio
General de Divisão
João Chalella Júnior
Comandante da 2ª Região Militar
A História do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) mostra, desde a sua
criação, uma vocação para dar assistência e cuidar do doente. Sua gênese está no Pá-
tio do Colégio Jesuítico junto à sede do Governo da Capitania de São Paulo, cuja missão
primeira era prestar o atendimento médico aos militares e aos escravos da capitania. Há
que se lembrar que nesta quadra da História os mais abastados tinham a assistência em
domicílio e os demais eram assistidos pelos religiosos da Irmandade da Misericórdia, cuja
terapia estava baseada na utilização de ervas medicinais da cultura indígena.
Desde então, o Hospital passou por várias sedes. Em cada uma delas, há uma História
e curiosidade que, após anos de pesquisa, este livro conta de maneira simples, atrativa e
instigante, por intermédio de textos cuidadosamente elaborados, fotos e cópias de docu-
mentos.
A obra divide a história do hospital em dois momentos distintos. O primeiro, a fase em-
brionária que nos traz os fatos que vão de 1766 a 1919 e, o segundo, a fase moderna que
aborda o período de 1920 até os dias atuais. O que torna a leitura interessante são os fatos
narrados com profundo embasamento e algumas curiosidades, como o capítulo denomi-
nado “A suntuosa sede que não saiu do papel.”
Desde sua fase embrionária, o então Real Hospital Militar e atualmente HMASP viveu de
forma ativa a evolução da Capitania de São Paulo, do Exército Brasileiro e do Brasil. Teve
participação efetiva nos mais importantes momentos da nossa História, uma vez que,
além da sua missão precípua de atendimento aos militares, escravos da coroa e à popu-
lação em geral, ainda foi o responsável pelo primeiro regulamento hospitalar do Brasil e,
em 1804, realizou o primeiro curso de cirurgia do País. Ainda, nesta fase embrionária, foi
expectador privilegiado de importantes momentos históricos na América e Europa, mas
foram os fatos internos que viveu e participou, como a assistência aos convalescentes e
feridos na Guerra do Paraguai, que ajudaram a forjar o alicerce e aprofundar as raízes do
hoje denominado Hospital Militar de Área de São Paulo.
Após várias mudanças de sede, em 1918, o Gen Div LUIZ BARBEDO, comandante da
então 6ª Região Militar (atual 2ª Região Militar) destina o Morro da Pólvora para a insta-
lação de um, nas palavras do autor do livro, “hospital moderno, construído com madeiras
importadas dos Estados Unidos e que contava com sofisticados equipamentos vindos da
Europa. Sua fachada simples e sóbria como o seu interior, resplandecia de beleza”. Este
mesmo ano também marcou a participação do Exército Brasileiro na Missão Médica Bra-
sileira para atendimento aos feridos da primeira Guerra Mundial, com um médico pau-
lista sendo nomeado para esta missão.
12
Já na fase moderna, em 03 de maio de 1920, em cerimônia que
contou com a presença do Presidente do Estado de São Paulo,
Dr WASHINGTON LUÍS, de diversas autoridades civis e mi-
litares, de veteranos da Guerra do Paraguai e dos diretores dos
principais hospitais paulistano, o Hospital Militar da 2ª RM é
inaugurado em SÃO PAULO. Neste momento, o futuro HMASP
já estava plenamente integrado à 2ª Região Militar, cuja parti-
cipação na História assumiu relevância, sendo protagonista em
todas as missões que cumpriu, seja no atendimento das tropas
de Arthur Bernardes, na Revolta Paulista de 1924 ou no aten-
dimento aos feridos da Revolução Constitucionalista de 1932,
juntamente com médicos e outros profissionais de saúde civis voluntários.
Na Segunda Guerra Mundial (2ª GM), realizou as inspeções de saúde dos militares que
seriam incorporados à Força Expedicionária Brasileira e teve participação efetiva nos
combates em terras italianas, com envio de militares do 2° Batalhão de Saúde, organiza-
ção militar de apoio ao hospital.
Na história mais recente, pontua-se a sua participação efetiva na esfera internacional, seja
nas missões de Paz no TIMOR LESTE e HAITI, seja em apoio a ajuda humanitária pres-
tada aos refugiados venezuelanos no estado de RORAIMA.
O então Hospital Geral de São Paulo não limitou o seu trabalho nas esfera assistencial,
médica e ambulatorial. Já em 1958, atuava no campo da ciência, quando foi criado um
Centro de Estudos, que permitia a discussão de casos e busca de soluções a partir da
pesquisa científica, cujo exemplo de resultado concreto foi a criação do primeiro Banco
de Olhos de São Paulo e a realização, em 1961, do primeiro transplante de Córneas do
Estado.
Ao lermos esta obra, vamos percorrer a rica História do Brasil, do Exército Brasileiro e
do Hospital Militar de Área de São Paulo, cuja evolução foi assentada nos ombros de
profissionais competentes e dedicados, que, compreendendo a grandeza de sua missão,
atendem aos pacientes de maneira humanizada, colocando-os em primeiro plano, aper-
feiçoando as técnicas de tratamento, buscando atender as necessidades do usuário como
um todo.
13
INTRODUÇÃO
General de Brigada Médico
Sergio dos Santos Szelbracikowski
diretor do hospital militar de área de sáo paulo
É com grande satisfação que aproveitando as comemorações dos 100 anos de constru-
ção do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) no antigo morro da Pólvora,
no bairro do Cambuci, instalações estas que vieram do bairro de Santana, onde hoje fica
o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, fazemos o lançamento deste
livro comemorativo, onde a história deste secular hospital é contada desde os seus pri-
mórdios há 254 anos no Pátio do Colégio dos Jesuítas, no centro histórico de São Paulo.
Muito provavelmente o primeiro hospital da antiga capitania de São Paulo, com certe-
za um dos mais antigos hospitais militares do país, evoluiu de sua sede inicial no Pátio
do Colégio dos Jesuítas, fundado em 1766, para instalações no Vale do Anhangabaú em
1801 já com a denominação de Real Hospital Militar, local onde posteriormente seria
construído o prédio dos correios. De 1832 a 1919 funcionou no bairro de Santana, sendo
construído o antigo prédio hospitalar já no forte Cambuci entre os anos de 1919 e 1920,
quando foi inaugurado no local que hoje abriga o Forte Cambuci. Este prédio original foi
todo demolido entre os anos de 1979 e 1986, quando foram inauguradas as novas instala-
ções do moderno Hospital Geral de São Paulo, instalações estas portentosas e que foram
construídas a fim de tornar este um hospital de grande porte!
A contar de 2010 passa a se denominar Hospital Militar de Área de São Paulo, passando
a se constituir no último elo de evacuação médico-hospitalar do Comando Militar do
Sudeste e a partir da sua transformação em hospital quaternário (dedica-se ao tratamento
da alta complexidade médico-hospitalar e também ao ensino e pesquisa na área de saúde)
em 2015, com a oficialização pelo Ministério da Educação da sua primeira Residência
Médica em Neurocirurgia, decisivamente este passou a ser o segundo maior hospital do
Exército Brasileiro, ladeando com o Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro como
os dois únicos quaternários da plêiade de 28 hospitais que compõem o Serviço de Saúde
do Exército.
14
Com este crescimento, houve a decisão do Alto Comando do Exército, em reunião de
fevereiro de 2018 de passar a Direção do HMASP a comando exclusivo de Oficial General
Médico, o que foi oficializado por Decreto Presidencial de 19 de julho de 2019.
Hoje o HMASP se constitui no segundo maior hospital do Exército Brasileiro, com mais
de 40.000 metros quadrados de área construída, com três andares de internação com 120
apartamentos e capacidade para 180 leitos, totalmente modernizados, com uma UTI com
capacidade de 10 leitos e 1 isolamento, dentro da mais moderna arquitetura e tecnologia
hospitalar, com centro cirúrgico com 8 salas e capacidade de executar cirurgias dentro do
padrão ouro do atual estágio do conhecimento médico, área ambulatorial com consultó-
rios modernos tanto para todos os tipos de especialidades médicas, como odontológicas,
o que tornou este hospital referência para todo o país, recebendo evacuações de pacientes
de todas as Regiões Militares para aqui se tratarem!
Portanto é com muito orgulho que Dirijo o Hospital Militar de Área de São Paulo pela
segunda vez, agora como Oficial General, e tenho a oportunidade de fazer esta introdu-
ção deste livro que marca indelével os 100 anos da instalação do mesmo aqui no Forte
Cambuci!
HMASP!
SAÚDE, BRASIL!
15
Pintura de Benedito Calixto
1766: o início da
medicina militar em São Paulo
NASCIMENTO DO HOSPITAL MILITAR
1 O inicío do Hospital Militar
No governo do Marquês de Pombal foram criados os Reais Hospitais Militares, os quais foram
instalados nas edificações outrora pertencentes à Companhia de Jesus, expulsa de Portugal e
Colônias em 1759. O Governo de D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, o quarto Morga-
do de Mateus, à frente da Capitania de São Paulo, se deu no período de 1765 a 1775. Ele chega
a Santos em 1765 e em abril do ano seguinte vem a São Paulo instalar-se no então Palácio do
18
Governo da Capitania de São Paulo, situado no Pátio do Colégio que abrigava anteriormente o
Colégio dos Jesuítas, reformado para se tornar a sede do Governo da Capitania.
Conforme BERLOTTO, em que pese o período já estabelecido durante a sua passagem pela
cidade de Santos, o termo de posse do Morgado de Mateus indica que essa ocorreu no dia 07
de abril de 1766, perante a Casa do Senado e Câmara, tendo o novo governador se instalado no
Palácio do Governo. Também foi implantado nesta data o que pode ser considerado o primeiro
Hospital Militar em São Paulo, e possivelmente no Brasil.
Em mensagem enviada a Lisboa, em 04 de abril do mesmo ano, citada por MORAES (1979), o
governador Morgado de Mateus informava o Conselho Ultramarino que:
“(...) mandei fazer quase de novo a torre deste Colégio, todo o alpendre da
portaria, as prisões do Corpo da Guarda deste Governo, hospital dos sol-
dados e dos negros, retalhar por diferentes vezes e a cada passo (pelo perigo
que correm as paredes por serem de terra), grande quantidade de consertos
particulares e precisos, uma varanda que era muito necessária para desafogo
dos corredores que são abafadiços, etc.” 1
Nessa época, os militares dispunham de enfermarias nos próprios alojamentos das tropas e nos
aquartelamentos para o atendimento médico.
A política de Marquês de Pombal para o Ultramar atendia aos seguintes princípios: defesa do
território, expansão econômica e fortalecimento do poder Real Português. Com o incentivo
ao recrutamento e a formação de tropas e o consequente aumento da população militar, na
verdade uma enfermaria do Palácio do Colégio, em pouco tempo tornou-se insuficiente, o
que levou o governo de Martins Lopes Lobo de Saldanha a alugar casas contíguas à Igreja da
Misericórdia e instalar as enfermarias militares, em 1775.
A instalação desta enfermaria nas casas da Misericórdia era uma solução temporária, o pró-
prio governador Lobo de Saldanha reconhecia que as instalações eram insuficientes para o
atendimento dos soldados:
“Também se precisa fazerem-se Quartéis por não haver ne-
nhum, e o Hospital aproveitando o território, e casa principia-
da do defunto Bispo, que dá o atual gratuitamente: pois não há
mais aqui que um pequeno principiado Hospital particular da
Misericórdia, em que tenho alguns soldados doentes, e por não
caber nele os mais, tenho alugado casas particulares, em que é
inevitável o incômodo, a irregularidade e ainda a despesa de
mais Enfermeiros.” 2
Igreja da Misericórdia no Século XVIII. O local sugerido para a construção do hospital militar era a
Aquarela de Tharcillo Filho (2010)
MUSEU DA SANTA CASA DE casa do Bispo de São Paulo Frei Antônio da Madre de Deus
MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO Galvão (1697-1764), que assumiu a cúria paulistana no ano
1. D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão havia recebido uma ordem Real em 17 de março de 1766 para preservar o patrimônio dos Jesu-
ítas que foram expulsos em 1759. Muitas edificações já apresentavam sérios desgastes após sete anos de abandono.
2. Ofício nº 45, de 14 de novembro de 1775 (DI 25-28, p. 149).
19
de 1750, onde permaneceu até o seu falecimento. Desde que o hospital militar foi retirado do
Palácio do Governo, havia uma preocupação em construir uma sede própria, algo que só viria
a ocorrer no final do Século XVIII.
Carta de 30 de outubro de 1766 do provedor da Fazenda Real da capitania de São Paulo, José Honório de
Valadades e Aboim ao rei D. José I, sobre o pagamento do bacharel de medicina Joaquim José Freire da
Silva, que atendia o Hospital Militar na cidade de São Paulo.
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa)
20
Localização da Igreja da Misericórdia, existente desde 1709 na confluência da Rua do Comércio
(atual Álvares Penteado) e da Rua Direita. Planta da Cidade de São Paulo: 1810.
Destaques de Karina Jorge. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antigo -
Plantas da Cidade; São Paulo, 1954 - Editora Melhoramentos.
21
2 A suntuosa sede
que não saiu do papel
22
acesso à entrada principal com o intuito de preservar o assoalho da umidade e evitar que o
ambiente se tornasse insalubre. A planta possuía 58 repartições, levando a capacidade máxima
de 116 leitos.
O local previsto para a construção do Hospital Militar era afastado do núcleo urbano, ao Norte da cidade em direção à Luz. Também era
previsto a construção do Jardim Público e a Casa de Correção no local. Destaques de Karina Jorge. Planta da cidade de São Paulo-1810.
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antigo - Plantas da Cidade; São Paulo, 1954. Editora Melhoramentos.
Segundo CAMPOS, a análise desta planta pode trazer uma clara ideia da estrutura do hospital
projetado por João da Costa Ferreira. Nos tempos em que os hospitais militares, na sua maio-
ria, ocupavam casas convencionais para a realização dos atendimentos, tendo suas enfermarias
improvisadas de forma inadequada - esta seria a primeira edificação desenvolvida para o aten-
dimento hospitalar na cidade. Deste modo, sem adaptar uma construção pré-existente.
ALA FRONTAL: Na entrada principal, daria o acesso a um espaçoso “Salão de Entrada”. À es-
querda, encontramos a Enfermaria dos Presos; a Enfermaria dos Inferiores e Particulares (po-
dendo ser considerado a região de acolhimento dos pacientes provenientes da Misericórdia); a
Enfermaria dos Feridos; e Convalescência (enfermaria dedicada para a observação dos pacien-
tes). À direita, daria o acesso à Sala de Cirurgia; o aposento do Oficial-de-Dia; e o alojamento
dos funcionários residentes (que seria o chefe maior do hospital e seu adjunto, o que viria a
ser o físico-mor e o cirurgião-mor) que eram constituídos de sala, cozinha, “camerim” (quarto
menor) e “camara” (quarto principal) - diferenciando apenas o tamanho destes aposentos de
acordo com a hierarquia estabelecida. Na sequência: a “Casa da Fazenda” (correspondente à
Tesouraria do Hospital); a “Saleta da livraria” (biblioteca); e a Botica (espécie de farmácia para
o preparo dos medicamentos).
ALA SUL: Esta região onde haveria a menor predominância solar, seria constituída por: uma
23
enfermaria para pacientes com Sífilis (Enfermaria do Galático) – doença de grande predo-
minância no Século XVIII; e outra enfermaria com maior capacidade de ocupação para os
pacientes acometidos por “febre” (Enfermaria das Febres).
ALA NORTE: Esta região era a mais seca durante o inverno, devido a maior predominância
solar. No projeto era constituída pelo “Armazém das Drogas” (estoque de medicamentos); por
um local destinado para as aulas (Curso de Cirurgia); e pelo “Laboratório Químico” (outro
espaço destinado para manipulação de fórmulas). Na mesma ala, mais voltada ao Sul, haveria
um espaço destinado para a cozinha e para a “sala de jantar” (refeitório). Na sequência do la-
boratório foi destinado um espaço separado para os escravos da Botica e para outros escravos
que trabalhariam no Hospital Militar.
ALA OESTE: Esta região que seria a mais desconfortável do hospital, principalmente pela alta
predominância solar - sobretudo no verão, destinada aos Serviços Gerais. Na parte externa
haveria um espaço reservado ao galinheiro (uma vez que as galinhas eram necessárias para o
preparo dos caldos e da carne branca para os pacientes, e para o preparo da canja prescrita ex-
clusivamente aos pacientes mais graves); dotava ainda do depósito de madeira (utilizado como
lenha para a cozinha) denominado de “Casa da Lenha”; da “Casa dos Mortos” (necrotério); da
“Casa de Banhos”; da Cozinha (esta utilizada para o preparo da dieta dos pacientes); da “Enfer-
maria dos Escravos”; da “Casa dos Escravos Serventes”; da “Casa da Anatomia” (voltada para
as dissecações dos cadáveres); e finalmente as “Comuas dos Particulares”4.
Segundo JORGE, essa construção chegou a ser iniciada e foi interrompida logo em segui-
da pelo governo. Parte do terreno onde seria construído o Hospital Militar foi cedido para a
construção do Jardim da Luz, em 28 de setembro de 1792, e a outra parte atualmente abriga a
Pinacoteca do Estado de São Paulo5.
24
Planta do Hospital Militar da Capitania de São Paulo
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa)
25
O Real Hospital Militar
no Século XIX
VANGUARDA NA MEDICINA BRASILEIRA
P oucos anos após o Governo desistir do projeto da construção do Hospital Militar da Ca-
pitania de São Paulo, na região da Luz, o governador e capitão-general Antônio Manuel
Melo e Castro de Mendonça recebeu em 19 de novembro de 1799 a ordem do vice-rei D.
Rodrigo de Souza Coutinho para criar e cercar o terreno do Horto Botânico - nos moldes do
que ocorrera na capitania do Grão-Pará. Ao perceber o intuito da Coroa de manter um espaço
dedicado para a preservação das plantas, sejam elas exóticas ou medicinais – sobretudo aque-
las utilizadas tradicionalmente pelos índios, Castro de Mendonça acreditou que este seria o
momento oportuno de unificar o projeto de construção do Hospital Militar ao Horto Botânico.
Iniciaria então um novo projeto. O hospital que seria construído na Luz sairia muito caro para
ser erguido na época - um dos motivos para o abandono da obra. A Capitania de São Paulo
não poderia incluir em seu orçamento tamanho empreendimento, nem poderia onerar a Real
Fazenda. Precisava encontrar outros meios para financiar o projeto.
28
A partir deste ponto, o Governo inicia a escolha do terreno - aquele que fosse o mais econômi-
co para a construção da sede do Hospital Militar. Em sua concepção original, o local abrigaria
ainda o Quartel da Legião e a Casa de Trem:
“A criação desta Real Ordem pela qual a custa da Real Fazenda se deter-
minava aquele estabelecimento, fez-me aliar na ideia de ligar a este Horto
Botânico, com o que junto ao Hospital Militar daria existir para a cultu-
ra, conservação das plantas, meramente Oficina, onde achando o Bacha-
rel Francisco Vieira Goulart, a quem dei a comissão de escolher o terreno
próprio para este fim, haver suficiência, no que fica além da referida Ponte
(do Marechal), tanto por não ter a extensão necessária como por ser árido,
e bastantemente pedregoso, foi escolher as terras que se acharam devolutas
no Campo da Luz, que fazem frente pela parte do Norte com a Praça dos
Exercícios Militares, e pela nascente com a Rua Direita que desta cidade con-
duz para o Rio Ilumente da Luz, denominado de Cunha, e pela ponte com
a cubra Rua, que inde da Villa de Santa Ifigênia, dá servidão às pequenas
chácaras, que existem na terra adjacente.”
Com a “Carta de Luta” em mãos - documento que servia de título de posse do terreno, inicia o
cerco da propriedade, atendendo a ordem recebida da Coroa para a criação do Horto.
O terreno escolhido para a construção do Hospital era árido e a água era um recurso funda-
mental para o andamento das obras e para o abastecimento do Hospital e do Horto. A fonte
mais próxima ficava em uma ermida no Recolhimento da Luz.9 Seria necessário remanejar
parte dessa água que passava por três chácaras da região, para que o abastecimento fosse possí-
vel. O governador negociou pessoalmente com os proprietários das chácaras sobre o fluxo e a
divisão do recurso hídrico. A mais próxima, pertencia ao coronel Francisco Pinto do Rego, este
atendeu prontamente ao governador, registrando em escritura pública seu comprometimento
em consertar o aqueduto e ceder metade da água que corria em sua propriedade para a obra,
desde que o governo arcasse com a metade dos custos do reparo e se responsabilizasse com a
conservação do aqueduto.
7. 3,5 libras – equivalente a 1.600 gramas.
8. Alqueire: antiga unidade de medida portuguesa correspondente a 80 quilos.
9. Ermida do Recolhimento da Luz – pequena capela que ficava no Mosteiro da Luz.
29
As demais chácaras por onde passavam as águas pertenciam aos coronéis Joaquim José Pinto
de Moraes Leme (filho do coronel Francisco) e ao senhor Miguel Carlos Aires de Carvalho.
Esta água era em parte de direito do Recolhimento da Luz, o que gerou um impasse nas ne-
gociações sobre a divisão do recurso hídrico, levando o coronel Moraes Leme a se abster da
negociação.
10. SÃO PAULO (Estado). Assembleia Legislativa. SÃO PAULO: A imperial Cidade e a Assembleia Legislativa Provincial. São Paulo: Di-
visão do Arquivo Histórico, 2005. p. 32
11. Ofício nº 29, de 13 de maio de 1801 (AHU-São Paulo, CX 15, Doc 8)
30
3. Antônio Pereira de Araújo – posto de tenente-coronel, agregado ao 2º
Regimento de Cavalaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação
de dois escravos qualificados para trabalhar nas obras do Hospital Mili-
tar, correspondendo o valor de 200$000 réis cada, totalizando a doação de
quatrocentos mil réis;12
31
da Costa20 e Julião de Moura Negrão21 - vinculados ao Regimento de Infan-
taria da Villa de Cunha.
O governador Antônio Manuel Melo e Castro de Mendonça inaugurou parcialmente o Hos-
pital Militar em janeiro de 1802, com as enfermarias, a cozinha e algumas oficinas já emadei-
radas. O Quartel da Legião e a Casa de Trem (planejados anteriormente), sequer tiveram suas
obras iniciadas conforme registrado na Memória escrita por Mendonça:
“Além de Hospital Militar e mais oficinas anexas tinha projetado fazer um
novo Quartel para a Legião e Casa de Trem, para cujas obras tinha reservada
toda a frente do Jardim, que forma o lado oriental e setentrional dele, mas
esta obra se devia ter lugar quando se completassem as primeiras, por quanto
não tendo o Quartel da Legião como suficiente para a Cavalaria, como indis-
pensável fazer se o novo Quartel em que estivesse toda a dita Legião ficando
o Regimento de Infantaria desta Cidade o Quartel em que atualmente se con-
serva, e certamente não há um mais próprio e nem mais adequado para este
emprego do que o que escolhi e se acha destinado para ele. Não há dúvida que
esta obra demanda muito tempo e despesa, mas ela é necessária. E uma vez que
a Fazenda Real não tem meios, é indispensável que quem Governa se sirva ou
de subscrições, ou de donativos voluntários, ou de qualquer outro meio decente
para se realizar este e outros semelhantes projetos.”
Comparado ao projeto de 1792, era uma construção mais simples desprovida do requinte ar-
quitetônico, não contava com a designação de enfermarias especiais para os doentes de galáti-
co (sífilis), febre ou sarna.
Após deixar o governo da Capitania de São Paulo em 1802, Castro e Mendonça foi nomeado
pela Corte como governador geral de Moçambique, assumindo o cargo no ano de 1809, per-
manecendo até sua morte em 1812.
32
Aquarela do artista francês Jean-Baptiste Debret
(1768-1848) realizada em 1827, da Ponte de
Santa Ifigênia com vista privilegiada do
Real Hospital Militar.
Localização do Real Hospital Militar, implantado fora do núcleo urbano, em uma das saídas à oeste da cidade de São Paulo. O acesso a esse
caminho se fazia através da passagem sobre o Ribeirão Anhagabaú, pela Ponte do Marechal ou pela Ponte do Beco do Sapo. Pela rua do
Hospital, tinha acesso ao Caminho da Luz ao norte. Destaques de Karina Jorge. Detalhe da Planta da Cidade de São Paulo (1810) levantada
pelo Engenheiro Militar Rufino José Felizardo e Costa. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antiga - Plantas da
Cidade; São Paulo, 1954 - Editora Melhoramentos.
33
Instruções dadas por Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça sobre o governo
da Capitania de São Paulo a Antônio José da Franca e Horta na forma das Reais Ordens.
Documento de 14 de janeiro de 1803. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa).
34
Memória Relativa ao Estabelecimento do Hospital Militar e
Jardim Botânico da cidade de São Paulo. Documento de 14 de janeiro de 1803.
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa).
35
4 A nomeação do físico-mor
e do boticário do Real Hospital Militar
Como justificativa à Real Fazenda, Mendonça informou ao Conde de Linhares as demais atri-
buições conferidas ao Dr. Amaral. Além de físico-mor do Hospital Militar, deveria ministrar
as aulas de cirurgia e acompanhar qualquer paciente dos demais estabelecimentos sanitários
da Capitania de São Paulo, uma vez que seu honorário seria proveniente da “contribuição paga
pelos povos”.
Os pacientes que deveriam ser atendidos no Hospital Militar foram relacionados em seu ofício:
36
Em 1803, São Paulo enfrentou uma epidemia de varíola, obrigando o físico-mor Mariano José
do Amaral a realizar um plano de isolamento dos pacientes infectados e uma campanha de
imunização, com vacinas recebidas de Londres e Lisboa no mesmo ano e em 1804, da Bahia.
Os 39 pacientes (entre escravos, libertos e brancos) eram tratados pelos ajudantes de cirurgia,
sob a sua orientação. Este fato demonstra a ação do físico-mor da capitania de São Paulo e
responsável pelo Real Hospital Militar, diante da saúde pública paulista.
Após deixar o Real Hospital Militar de São Paulo, Mariano José do Amaral é transferido para
o Hospital Real Militar e Ultramar (atual Hospital Central do Exército), na Corte, onde atuou
como primeiro-médico graduado, no ano de 1827, além de compor a Sociedade de Medicina
do Rio de Janeiro como membro honorário.
Para Botica do Hospital Militar, foi nomeado o português Francisco Vieira Goulart (1765-
1838), responsável pela escolha do terreno para a construção do hospital e também pela com-
pra das ferragens. Goulart atuava como professor régio de Filosofia na cidade de São Paulo e
foi sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa.
“E porque todo o bom êxito deste projeto consiste na escolha de um Boticário
fabril, certamente prático em todas as preparações químicas e farmacêuticas,
e assim mais na boa e acertada compra das Drogas que não são indígenas do
País, julguei dever dar à comissão da escolha do dito Boticário e das referidas
drogas ao Bacharel Francisco Vieira Goulart, que fez o Plano para o Regula-
mento da mesma Botica (...)”23
Goulart permaneceu na instituição até a chegada da família real ao Rio de Janeiro, sendo no-
meado por D. João VI para dirigir o Laboratório Químico-Prático, projeto descontinuado em
1819. Também foi um dos primeiros diretores da Imprensa Nacional e redator da Gazeta do
Rio de Janeiro.24
Segundo SANTOS FILHO, o Real Hospital Militar era dirigido pela mais alta localidade local,
o capitão-general ou o Governador da Capitania, que delegava poderes administrativos ao
físico-mor e ao almoxarife. Copunha o quadro de funcionários do Real Hospital Militar: um
físico-mor, dois ou três cirurgiões, um ou dois boticários, o enfermeiro-mor e até três enfer-
meiros, serventes, almoxarife, um oficial administrativo e o corpo de soldados da guarda.
37
5 O primeiro regulamento
hospitalar do Brasil
No Regulamento transcrito a seguir,25 merece destaque em seu 19º parágrafo, que descreve a
principal característica do seu administrador. Este documento foi elaborado com a premissa
de garantir a qualidade do serviço de saúde prestado pela instituição e maior transparência nas
prestações de contas para a Fazenda Real da Capitania de São Paulo.
P lano de Regulamento do Real Hospital de São Paulo, de que por ordem do Ilmo. Sr. Antô-
nio José da Franca e Horta, Governador e Capitão General desta Capitania foi incumbido
Mariano José do Amaral, bacharel formado em Filosofia e Medicina pela Universidade de
Coimbra, e físico-mor da mesma Capitania, por Sua Alteza Real.
25.
Realizada correção ortográfica, mantendo o teor original do Regulamento. Todas as notas de rodapé foram escritas por Mariano José do
Amaral
38
§1
Sendo essa constante o quanto interessa ao bem público a instituição de um Hospital bem
conduzido, regulado, por que têm por fim o melhoramento da mais triste situação do gênero
humano, aqui se constitui os primeiros mananciais da formação de um sistema nacional para
o progresso da ciência médica cirúrgica. Aqui se estuda a economia animal desordenada por
qualquer causa externa, aqui enfim, o influxo sobre a moralidade resplandece ao mesmo tem-
po que se promove a conservação da saúde e vida de inumeráveis membros da sociedade hu-
mana, está claro qual deverá ser o primeiro ou principal golpe de vista em um tão humilhante
atilo da humanidade sofredora.
§2
§3
Tendo de determinar número suficiente das pessoas que se devem empregar para exercerem os
seus empregos, aqui deve ser relativo a grandeza e extensão do instituto, a quantidade, e quali-
dade dos enfermos, todavia, atento o estado atual do Hospital e a circunstâncias da Capitania,
se poderão reduzir um Inspetor, um Administrador, um ajudante deste, um Escrivão, Enfer-
meiros, Serventes, Cozinheiros. Nos resta agora entrar no detalhe das obrigações respectivas
de cada um deles.
§4
Primeiro que tudo para se prevenir o abuso de uma licença ilimitada, não se admitirá pessoa
alguma a visitar os enfermos no Hospital, sem ordem expressa do Professor respectivo ou em
geral do Físico,26 não por quê se entende vedar acesso a quem por obrigação ou amizade aí for a
esse fim, mas porque deve haver maior vigilância, em que os doentes não receberão dos amigos
que os visitam coisa alguma, tampouco deles saibam notícia que lhes possam ser nocivas e por
26.
Este preceito interessa muito, e por isso as Guardas terão nele um especial pente de Vista, para não acontecer o mesmo que até aqui, que os
Soldados não só facultarão a quem queiram; mais eles mesmos pelas Enfermarias vagaram, essa para vir ver o Professor na entrada da visita
acompanhadas de uma grande comitiva quando em tais casos só deve existir com ele a gente precisa, para que se tirem bem as indicações,
tenha lugar alguma reflexão não ruírem por fora notícias vagas, e enfim os de fora não saibam das queixas dos Enfermos, quando nenhuma
precisão há. O Comandante da Guarda terá nisto suma vigilância; sobre que também deve referir o Oficial de Inspeção, pois, que dá falta
deste preceito é; que procede tanta desordem, como vê. que certas visitas que aí se fazem as horas de Comidas, havendo então nos doentes um
sintoma quase constante de comer tudo, quanto lhes devam, e ainda mais, a ponto de que se queixarão de fome ao Oficial de Inspeção, este
tinha o é de/não sei porquê direito/de mandar acrescentar o que eles queriam; e nos Serventes existia fome canina, tudo lhes em pouco: o mais
é contra as vizitas não se encontravam só da gente plateia... deixo de falar de certas visitas, que pertencia o mito.
39
isso esperaram a hora de visita do médico ou do cirurgião, segundo enfermo estiver naquela
ou nesta Enfermaria.
§5
A hora de visita de manhã será certa e determinada, porém desencontrada da de cirurgia, para
que os praticantes da mesma se aproveitem de uma e outra lição, entretanto que as visitas do
resto do dia não se podem, nem se devem restringir a horas certas, porque a frequência do
Professor é muitas vezes tão benéfica, como sua esperada repetição, e haverá casos em que elas
sejam urgentes ainda mesmo de noite.
§6
Qualquer doente ou convalescente não sairá do Hospital, nem ainda de uma casa27 para outra
sem licença do professor respectivo que lhe proporá o regime, que constantemente deve seguir,
sem que já não fique ao seu arbítrio a quantidade e qualidade do alimento: desinteirando-se
por este modo além da falta de economia; para que tanto se deve atender, certas bebidas, que
o voraz apetite; mas enganador deseja; alimentos frios, carnes salgadas, defumadas, queijos,
coisas estas que nunca pertencerão à dieta dos doentes, nem de convalescentes.
§7
Como nos Hospitais não é possível prescrever a cada doente, em particular a sua dieta, é esses
convenientes que entre no Regulamento deste Hospital preceitos que circunstancialmente ex-
pliquem o sentido de certos termos dietéticos gerais, e breves; e por isso admitirão três quali-
dades de dietas larga, estreita e estreitíssima.
§8
Por dieta larga entende-se ao jantar uma libra de carne fresca cozida, um quarto de arroz, havia
tigela de caldo, um pratinho de farinha, e para a ceia meia libra de carne, meia quarta de arroz,
um pratinho de farinha, e para almoço o mesmo que a ceia, menos arroz, e menos quantidade
de carne, que será uma quarta. Poderá se alternar esta dieta, segundo intenção do Professor,
declarando, por exemplo, em lugar da carne a ceia ou almoço, canjica, a sorda, ou arroz com
açúcar, ou mesmo carne assada, segundo bem lhe parecer, em atenção ao estado do doente; o
mesmo acontecerá com a mudança de farinha em pão, quatro onças para a ceia, e o mesmo
para o almoço, que vem a corresponder os três pães de Hospital, podendo se indicar por este
modo - Dieta larga com pão, e querendo o Professor dar mais ou menos pão, dará expressa
menção.
27. Para eles até aqui não se precisava de ordem alguma de Professor para saírem das Enfermarias; antes pelo contrário, com toda a sua liber-
dade, correndo por todo o Hospital indo à cozinha acompanhando a visita faziam então o que queriam, de maneira que até por negócio se
podia ir ao Hospital.
40
§9
Por dieta estreita entende-se para o jantar de galinha cozida um quarto, uma tigela de caldo,
e um prato de farinha, o mesmo para a ceia, e almoço; está sujeita assim mas alterações que a
dieta larga, de que há modificação.
§ 10
Dieta estreitíssima consiste de caldos simplesmente, quatro ao menos por dia, a não haver nova
declaração, que aumente o número, ou mande em frutas secas cozidas, ou caldos de arroz, ce-
vadinha, panadas, tapiocas, etc.
§ 11
Tal deve ser a base de todo o Regulamento dietético sempre inalterável, à exceção se o Pro-
fessor declarar, como se disse nos parágrafos 8º, 9º e 10º, com relação ao modo de viver das
pessoas, hábitos inveterados, temperamento, estado de doença e etc., evitando-se por este meio
os inumeráveis a respeito da escolha do alimento dos doentes, o objeto este dos principais, de
que depende a sua melhora.
§ 12
Além disso, os doentes devem ter regularmente as horas certas de almoço, jantar, ceia, sendo
às sete da manhã o almoço, às onze o jantar, às sete da tarde a ceia nos dias grandes, ou as seis
nos dias pequenos.
§ 13
§ 14
Dos mesmos em cada semana entrarão Dons no Hospital onde efetivamente residirão28 servin-
do um na enfermaria de medicina, outro na de cirurgia, estes são os que realmente merecem
o nome de Enfermeiros, a cujo cargo está de tratarem os doentes com todo o zelo e caridade.
Subministrarão lhes os remédios nas horas determinadas, assistindo a hora de se dar o alimen-
to, o qual se não comerem, ou lhes sobrar, terão tido cuidado em que se recolha o dito alimento
28. Aqueles que aí residem, são a quem o Hospital tem a obrigação de dar a noção, e o mais preciso, como se diz no parágrafo 27, o Livro das
Despesas diárias donde surge que disto ficam excluídos os Praticantes do Mapa, cuja fatura deve ser feita por oficio.
41
ou resto para dentro do Hospital.29 Observarão as novidades para comunicar ao professor de
quem receberão com atenção o que devem praticar a respeito dos mesmos enfermos que lhes
estão incumbidos sendo enfim “exatíssimos” executores as ordens do Professor respectivo.
§ 15
É supérfluo dizer-te, o quanto devem cuidar no asseio dos Enfermos os quais apenas foram
admitidos para dentro, segundo a sua doença pertencer a Medicina ou Cirurgia, assim o En-
fermeiro respectivo depois de os fazer lavar pelos Serventes os pés ao menos, tendo visto feito,
vestir roupa lavada, estarão a cama com os pertences todos feita, e preparada de lençóis lava-
dos, se com todo o cuidado, e desvelo no asseio deles, e de toda a Enfermaria, que será corrida
todas as manhãs pelos mesmos Serventes, a quem o Hospitaleiro determinar tendo escrito um
papel na parede à cabeceira do doente, o dia de entrada, o nome, onde depois da primeira visita
se por a também a dieta e os remédios.
§ 16
E assim como estará obrigado a dar roupas, trastes, e mais móveis que forem precisos para os
asseios, trato e cura dos doentes, aos Enfermeiros, assim estes ficam responsáveis por tudo de
quanto recebem, ou darem conta do consumo que levaram; e terminada a sua semana, darão o
rol do recibo existente e consumido ao caixa; que tomará conta para entregar aos novos, coisas
que não levem descaminho, e ao Administrador nas suas contas não alegue pretextos privados,
de nenhum momento.
§ 17
Os dois praticantes que na semana do Hospital são os verdadeiros enfermeiros pelo parágrafo
14º terão obrigação de fazerem as sangrias, que aí se oferecem, o mesmo se entende a respeito
da assistência aos partos, da extração de dentes e outras quaisquer operações de cirurgia, para
alguma das quais, sentindo se eles pouco aptos, darão parte ao cirurgião-mor do mês do Hos-
pital para dirigir, enquanto esses precisem da assistência do Físico, ele não se poupará.30
29. Para não acontecer o que se tem observado guardando os doentes a comida para darem, e metendo a farinha, ou pão debaixo dos lençóis
ou travesseiros para comerem, quando lhes parecer, ou por fim dispunham ao seu arbítrio.
30. É para notar que sendo os Hospitais umas escolas de onde se deve banir todo, e qualquer abuso, neste se conservem ainda não poucos,
como por exemplo, pagar o Hospital nos partos a uma mulher sem princípios, sem nada saber daquilo mesmo, a quem a lei expressamente
proíbe, em muitas vezes só porque. tem visto muitos daqueles atos, se persuade ela que é muito entendida, como lhe chama o vulgo por outra
parte o amor de ganho, ou a sua Fantasia de mente nessa parte a arrasta ou para nada fazer, o que é comum a outra qualquer, ou para fazer
mal a Parturiente, apressando o parto antes do tempo, ou com certos remédios particulares, ou com movimentos violentos, e desordenados,
ou enfim com certos cortes, como mesmo tendo sido espectador: evitem-se pois estes abusos, atenda-se economia; os Praticantes apliquem-se
este ramo de Cirurgia tão importante, e tão pouco conhecido neste País, qualquer mulher mesma das diferentes do Hospital que se tenham
visto nestes atos, é bastante para pegar no feto, e fazer aquilo que lhe mandar. O que direi eu, de pagam o Hospital aos Praticantes quando
há precisão de se tirar dentes, se os miseráveis enfermos porém não a admita, quando mesmo o Hospital até chega a pagar a fatura da barba
dos doentes, e o mais é, havendo dentro um barbeiro servente, ele escravo. Tem-se enfim provido a má administração, e a desordem que até
aqui reinava, entretanto que os gastos continuam crescendo só servirão de haver o Real Erário sem que redundassem a menos em proveito
dos miseráveis enfermos; e por menos entender mais, simplesmente deve perguntar, que motivo há, ou qual a razão particular, porque qual o
Professor, que tem de obrigação curar no Hospital Real aos que aí forem admitidos, precedo as ordens necessárias; qual a razão digo porque
este deve demais a mais tomassem partido a parte para a cura dos escravos de Sua Alteza partindo que até aqui se fazia um cirurgião-mor
para este curar os escravos dos ex-jezuítas da Fazenda de Santana, hoje pertencente à Real Coroa, advertindo porém que era preciso a ordem
dos escravos entrassem para dentro dos Hospitais. Por ventura não só igualam é de Sua Alteza. Estes bens que quer que fosse a sua origem,
não pertencem atuados a um mesmo senhor, tal uma falta da lei econômica. Destes e outros gastos supérfluos não faltavam e se tivessem
antes empregados em outras coisas precisas, de onde resultasse para os enfermos utilidade, honra aos Professores, é vantagem para o Estado.
42
§ 18
§ 19
Enquanto o Administrador ou Hospitaleiro deverá ser um homem de boa fé, conhecida probi-
dade para desempenhar o seu emprego, em que tem de despender dinheiro a bem do Hospital,
onde se deve olhar para toda economia que não é outra coisa mais que a compra dos objetos
necessários com a mínima despesa possível, de maneira que todos os gastos supérfluos devem
ser evitados; porém os trastes absolutamente precisos não devem faltar: por exemplo, neste
nosso Hospital pode-se prescindir de Comprador; porque há Serventes bastantes, e Cativos
de Sua Alteza, que podem trazer o que o Administrador comprar; e o mesmo se estende de
Lavadeiras alugadas, Cozinheiras, etc.
§ 20
Será portanto muito conveniente haverem ajustes com os Vendedores do preciso para o Hos-
pital, dando por exemplo a carne, que o Hospitaleiro pedisse para cada dia deverá ser feito, e
assinado por si, e pelo Escrivão do mesmo Hospital, que no parágrafo 22 se dirá, e rubricado
pelo mesmo Inspetor, no qual o documento o vendedor da carne, ou pão fará menção da re-
messa, e do importe, assinando-se, e remeterá pelo servente, acompanhado de um soldado,
na forma do costume para o Escrivão lançar no livro da descarga diária, que abaixo se dirá,
apresentando depois ao Inspetor tudo para conferir; consignar; e poderá fazendo-o assinar no
mesmo Livro de Descarga.
§ 21
Enquanto aquelas coisas, que não se compram diariamente; mas que se devem comprar por
junto, ajustará o Administrador mesmo, pagando logo à vista e por isso deverá ser o mais cô-
modo e recebendo o recibo o Escrivão lançará no Livro competente, levando depois ao Inspe-
tor para conferir e assinar.
31. São todos os dias eleitos um Oficial de Patente como seu Inferior, estes chamados de Oficiais de Inspeção, que terem preciso ao corte das
lições, e fazer observar constantemente o que os Professores respectivos determinam a respeito dos doentes, e o que em geral no Hospital
demanda a observar. O Oficial Superior deve mandar ao Inspetor todos os dias o Mapa de que se trata.
32. A guia do Comandante deve declarar o dia, uma se por a nota de entrar para o Hospital o Soldado para se carregar no Livro de Matrícula
onde feito o assunto, de para o doente de vencer soldo nunciamento.
43
§22
O Hospitaleiro vigiará com desvelo sobre todos os serventes do Hospital, assistirá ao repar-
timento as rações, a que será justo também assista o oficial da Inspeção, será debaixo do seu
mando a um ajudante que será o Escrivão do Hospital.
§ 23
O mesmo não poderá fazer gasto algum extraordinário, ainda que relativo ao bom trato e
asseio dos Enfermos, além ao diário, sem que primeiro participe ao Inspetor para aprovar e
assinar, aliás senão lhe levará em conta será obrigado a dar conta dos trastes, roupas, e mais
móveis do Hospital; e por isso antes de entrar a servir o seu lugar o Ajudante, que é segundo
se disse no parágrafo 22, o Escrivão do Hospital, fará inventário de tudo na presença dele, e do
Inspetor, que todos assinando no Livro competente.
§ 24
O mesmo (Hospitaleiro) deverá receber imediatamente para dentro do Hospital qualquer en-
fermo militar que for conduzido por um oficial inferior apresentando certidão do cirurgião-
mor do regimento, uma guia do seu Comandante32 assim como quando sair por ordem do
Professor respectivo do Hospital que assinará os dias de convalescência, que deve ter fora do
Hospital, isento do Real serviço, o dito Hospitaleiro dando outra guia.33
§ 25
O mesmo pagará exatamente em cada mês aos Serventes Assalariados, que devem ser os me-
nos possíveis pela razão exposta no parágrafo 19, e a soma desta em toda a mais despesa diária
apresentar ao Inspetor para conferir, e assinar: deste modo dará contas a Real Junta todos os
meses sem falta, bem como para a cobrança do seu ordenado levará uma atestação do mesmo
Inspetor, de que têm servido com zelo e caridade, não faltando a alguma das obrigações im-
postas.
§ 26
Daqui deve, qual deverá ser o caráter e obrigação do Inspetor; ele será usado pela Real Junta;
deve ser um homem hábil, cheio de toda a satisfação, zelo e caridade, que se interesse quanto
for possível no bem do seu semelhante que exige sobre a conduta dos seus súditos, olhando
sempre para o governo econômico; que faça visitas inesperadas no Hospital, indagando sobre
as faltas que houveram, exatíssimo em tomar as contas do Administrador, alguém dará todas
as providências precisas para o bem do Hospital, a cujo fim a Real Junta dará dinheiro preciso
ao Administrador, que pedirá com consentimento do Inspetor passando recibo assinado por
33. A guia do Administrador deve declarar o dia da saída do Hospital para se dar alta no Regimento ficando esta lançada no mesmo Livro de
Matrícula para certas confrontações se forem precisas.
44
si, e pelo mesmo Inspetor.
§ 27
Finalmente falta examinar quais Livros serão precisos para a Escrituração do Hospital.
1º Será o Livro de Receita e Despesa dos móveis, que servirá não só para se carregarem roupa
que houver precisamente no Hospital, e que para o futuro houver, para o Serviço do mesmo;
mas também para se lançar o que se tiver legalmente consumido; o qual Livro rubricado pela
Real Junta, bem como todos os mais, será assinado pelo Escrivão, Administrador e Inspetor
para ter todo Crédito por responda o Hospitaleiro.
2º Será o Livro das despesas diárias, que devem encerrar todas as despesas feitas já com os do-
entes, já com os Enfermeiros, Serventes, e mais pessoas empregadas no Hospital, e que aí resi-
dem quem o mesmo Hospital deve se dar preciso, entrando na obrigação do Inspetor, o Orde-
nador ao Administrador o que, quando, e quanto devem ter de noção cada um será igualmente
assinado pelos três referidos para merecer todo o crédito, que se disse a respeito do primeiro.
3º Será o Livro da Matrícula em que se carregarão todos os enfermos Militares que entrarem
com as Certidões dos cirurgiões-mores dos respectivos Regimentos, e com as guias dos seus
Comandantes, declarando-se o nome dos Soldados, o seu Regimento, a Companhia, e o dia de
entrada assim como na saída do Hospital o dia com a guia, que dará o Administrador; e os dias
de convalescença doados pelo Professor competente: será também o livro em que se matricule
todo o enfermo paisano, lançando-se pelo mesmo teor o nome do doente, a sua naturalidade e
ocupação, a ordem porque entrou, o dia da entrada, da saída, e os da convalescença.
Conforme o Original
Luiz Antônio Neves de Carvalho
14 de janeiro de 1803
45
6 O primeiro curso de cirurgia
do Brasil
A inda durante o governo de Antônio José de Franca e Horta, foi instituída uma “Aula de
Cirurgia”, tendo como professor o físico-mor Mariano José do Amaral. Em 1803, seis
estudantes realizariam este curso no Real Hospital Militar.
Segundo CAMPOS, este pode ter sido o primeiro curso médico oficial instituído no Brasil,
apesar de sua curta duração e de possuir apenas um mestre.34 O curso de cirurgia, conforme
pode se depreender do Regulamento do Hospital, não se diferenciava muito dos ensinamen-
tos da Escola de Medicina que seria instalada mais tarde, em 1808, na Bahia por D. João VI.
TAUNAY, FARINA e SADI & FREITAS consideram este feito o primeiro curso de medicina
46
brasileiro. HERSON, citando Divaldo Gaspar de Freitas, também relembra sobre os exames da
Aula de Cirurgia realizados no Palácio do Governo, na presença do governador da capitania.
Ainda segundo SANTOS FILHO, esses hospitais apresentavam as mesmas dificuldades que as
Santas Casas. O cirurgião-mor do Real Hospital Militar de São Paulo possuía em 1804 para
amputações uma única serra de carpinteiro. E os outros “ferros”, além de mal conservados,
eram guardados sem os devidos cuidados.
Aluno ilustre
Enveredou para a política. Foi deputado da Assembleia de São Paulo por três legislaturas e elei-
to deputado da Assembleia Geral (do Império) em 1833. Foi nomeado presidente da província
do Rio Grande do Sul, por Carta Imperial, onde governou no período de 30 de novembro de
1840 a 17 de abril 1841. Mesmo sem atuar no jornalismo, é considerado o pai da imprensa
campineira, por levar à cidade a primeira máquina de tipos móveis.
Faleceu na cidade de Niterói em 04 de julho 1846, aos 54 anos de idade. Seu nome foi dado
ao município paulista de Álvares Machado (localidade antes denominada de Brejão), em sua
homenagem.35
35. Com informações do jornal Correio Paulistano, edição nº1.723 – 31/01/1862. Álvares Machado é um município paulista localizado na
microrregião de Presidente Prudente, no oeste do estado.
47
7 A estrutura do
Real Hospital Militar
O almoxarife do Real Hospital Militar era pessoa protegida do governador e este funcionário
não se preocupava com as péssimas condições da instituição. Até as condições de higiene do
prédio estavam prejudicadas e faltavam vidros nas janelas. Não havia quem realizasse a desin-
48
fecção das roupas dos pacientes. Motivos estes que ocasionaram grandes desentendimentos
entre o governador e o físico-mor neste período.
Os doentes atendidos no Real Hospital Militar nada pagavam, exceto aqueles enviados pela
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, que contribuía com 160 réis diários pelo tratamento
de cada paciente.
A crise entre o físico-mor e o governador da capitania foram superadas após o relatório ter
sido entregue ao físico-mor do Exército de Portugal, que enviou seu parecer em 11 de outubro
de 1811: “dirimidor da áspera contenta”. Posteriormente, Franca e Horta deixa o governo da
Capitania e o físico-mor João Álvares Fragoso permanece à frente do Real Hospital Militar.
Em 1814 um novo regulamento foi escrito. TAUNAY ao analisar o documento concluiu que
o Dr. Fragoso “era homem de inteligência aberta aos progressos e conquistas da ciência e da
higiene”. Este regulamento preconizava que somente urinóis de vidro poderiam ser utilizados,
uma farta quantia de roupas brancas para os pacientes e roupas de cama deveriam ser disponi-
bilizadas, as seringas de clisteres deveriam ser fabricadas de estanho ou de borracha (diferente
daquelas encontradas no hospital que eram de couro costurado), deveriam utilizar vasilhames
especiais para a alimentação dos pacientes, para as bebidas e para o recolhimento dos dejetos.
Todas as enfermarias deveriam ter candeeiros com um tubo que conduziria a fumaça para fora
do hospital. Também incluía a adoção de relógio, barômetro e termômetro, que seriam utili-
zados para dar maior precisão nas anotações sobre a evolução dos pacientes. A enfermarias
seriam separadas para evitar o contágio e a distância dos leitos dos doentes que não poderiam
ir às latrinas, deveriam ser de quatro pés para garantir um maior asseio.
As enfermarias e as latrinas seriam caiadas duas vezes por ano com cal virgem e água. Os pavi-
mentos deveriam ser lavados com “água de cal” para desinfetar o ambiente. As tinas de banho
seriam armazenadas em carretas limpas e não poderiam ser utilizadas em outras enfermarias
- senão aquela de origem. A água do banho dos pacientes seria despejada nas latrinas. Os
ambientes receberiam vapores de ácidos acético, muriático e nítrico para a purificação do ar,
sendo proibido o uso de alfazema ou qualquer outro perfume. As roupas dos doentes seriam
desinfetadas com vapores de enxofre e ácidos minerais. As enfermarias seriam arejadas antes e
após as visitas. A enfermaria das febres e sarnas, varridas antes da visita dos médicos. Os cura-
tivos, deveriam ser realizados duas vezes por dia.
49
As panelas utilizadas para o preparo dos alimentos, deveriam ser de ferro ou de barro. Proibin-
do o uso das panelas de cobre, que além de caro, poderia trazer risco à vida dos pacientes por
causa da oxidação.
Segundo TAUNAY, estas observações eram importantes “em dotar os hospitais da capitania
de legislação capaz de competir com a dos centros mais adiantados do Universo.” Em 1824,
SAINT-HILAIRE que esteve na cidade de São Paulo, teve no entanto, uma boa impressão sobre
o Hospital:
“(...) uma escadaria dava acesso a ele, havendo no centro do prédio um pátio
quadrado. Na farmácia, cuja porta dava para a rua, vendiam-se remédios ao
público, em benefício do hospital. A farmácia era grande, muito limpa, organi-
zada, encontrando-se nela um sortimento completo de medicamentos”.
Ainda segundo TAUNAY, durante a visita o naturalista francês pode observar que “a Santa
Casa tinha insuficiente renda e o Militar lhe levava a vantagem pela excelente botica fornida de
quase tudo quanto a farmacopeia coletânea podia dispor”.
A existência de uma enfermaria feminina no Real Hospital Militar é explicada pelo naturalista
francês Sant-Hilaire: a Santa Casa de Misericórdia, na época, não estava internando os pacien-
tes, encaminhando-os para o hospital militar e “ficando a diária por conta da confraria”.
50
Reorganização do Serviço de
Saúde no Império: fim do
Real Hospital Militar
8
O Real Hospital Militar permaneceu no Vale do Anhangabaú até 1830, e a sua sede passou a
ser ocupada pelo 7º Batalhão de Caçadores por três anos. A Botica permaneceu no local,
fornecendo medicamentos para a Santa Casa de Misericórdia.
51
Dr. Jayme Serva e o padre Júlio Marcondes de Araújo e Silva era o responsável pela capelania.
Após a desativação do seminário no prédio do Real Hospital Militar, a edificação permaneceu
abandonada e foi demolida em 1920, dando espaço para o Palácio dos Correios e Telégrafos,
projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, existente até hoje no Centro da capital paulista.
Em 1830, o atendimento médico das tropas passou a ser realizado numa chácara no Alto de
Santana, um convento em ruínas que pertencia aos jesuítas. Neste local, abrigava todo o con-
tingente do Exército na cidade de São Paulo no final do século XVIII.38
No Decreto de 17 de fevereiro de 1832, que determinou a extinção dos Reais Hospitais Mi-
litares e a criação dos Hospitais Regimentais, foi estabelecido que estes hospitais deveriam
atender o mais próximo possível dos quartéis. Deveriam ser compostos por pelo menos duas
enfermarias para o atendimento dos militares - sendo limitado o número de pacientes assistido
entre 25 a 30 pacientes em cada uma delas. O Hospital Regimental deveria ter um depósito
de aparelhos e instrumentos para as grandes cirurgias. A partir deste decreto, a subordinação
do diretor do hospital passa a ser ao Comandante das Armas. Desde a sua criação em 1766,
o hospital militar esteve subordinado diretamente ao governador da Capitania de São Paulo.
Os hospitais militares tiveram grande importância e relevância por ocasião da Guerra do Para-
guai (1861-1867), no cuidado aos convalescentes e feridos de guerra, entrando em decadência
nos anos seguintes. Em relação à cirurgia, a medicina praticada pelos militares segundo SAN-
TOS FILHO, estava limitada quase que exclusivamente às amputações, entre os casos opera-
tórios.
38. Refere-se ao Centro Preparatório de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR-SP), quartel inaugurado em 1917, situado a rua Alfredo
Pujol.
39. Ocupava a 13ª posição de antiguidade na patente de Primeiro-Cirurgião. Pela hierarquia, se reportava ao General de Brigada Médico João
Severiano da Fonseca.
40. Ocupava a 13ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
41. Ocupava a 14ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
42. Ocupava a 92ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
43. Revista do Exército Brasileiro, 1885.
52
O Corpo de Saúde do Exército
no fim do Império
9
N os últimos anos do regime imperial de D. Pedro II, com o Exército sob o comando do
Marechal Conde d’Eu, a hierarquia do Corpo de Saúde possuía uma dinâmica diferente
da contemporânea. No ano de 1883, a constituição do Corpo de Saúde do Exército era a se-
guinte:44
1) Cirurgião-Mor do Exército: Conselheiro Barão de Souza Fontes – che-
fe do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro no período Imperial;
53
5) Segundos-Cirurgiões: composto por 94 militares da ativa;
54
O Hospital Militar de 3ª Classe
10
Neste período, São Paulo contava apenas com uma guarnição de infantaria e um regimento de
cavalaria e por possuir um pequeno contingente, o então Hospital Regimental (que funcionava
de forma precária, assimilando a uma simples enfermaria) foi classificado e denominado como
Hospital Militar de 3ª Classe, dentro do organograma das organizações de saúde do Exército,
atrelando ao tamanho do efetivo em cada localidade. O antigo Hospital Real Militar e Ultra-
mar, situado na capital do país, foi classificado como o único Hospital Militar de 1ª Classe, de-
nominado Hospital Central do Exército, se tornando a principal instituição de saúde da Força
até os dias de hoje. A distribuição geral foi a seguinte:
a) 01 hospital de 1ª classe: Hospital Central do Exército;
b) 12 hospitais de 2ª classe, nas localidades onde haviam mais de um corpo
ou regimento; e
c) 26 hospitais de 3ª classe, onde havia apenas uma guarnição.
O Corpo de Médicos do Exército, nesta ocasião, possuía o seguinte efetivo:
a) 01 Inspetor Geral do serviço sanitário (General-de-Brigada);
b) 03 Médicos de 1ª Classe (Coronéis);
c) 09 Médicos de 2ª Classe (Tenentes-Coronéis);
d) 27 Médicos de 3ª Classe (Majores);
e) 85 Médicos de 4ª Classe (Capitães); e
f) 74 Médicos Adjuntos (Civis com honras de Tenentes).
55
O Corpo de Enfermeiros era constituído por:
a) 14 Enfermeiros-Mores (Sargentos);
b) 104 Enfermeiros (Cabos); e
c) 114 Ajudantes de Enfermeiros (Soldados).
Ainda contavam com 87 farmacêuticos, sendo:
a) 01 Tenente-Coronel;
b) 02 Majores;
c) 08 Capitães;
d) 32 Tenentes; e
e) 44 Adjuntos (com honra de Alferes).
O Inspetor de Saúde (cargo correspondente ao Diretor de Saúde do Exército nos tempos atu-
ais) General Dantas deixa o cargo repentinamente, assumindo por antiguidade esta função o
General de Brigada Médico João Severiano da Fonseca. Segundo SILVA,47 o patrono do Ser-
viço de Saúde em sua primeira Ordem do Dia, relembra a importância desta reestruturação:
“Nesta data assumo esta Direção. Tem sido ela até hoje tarefa bem difícil
por ver-se a cada passo contrariada pelo egoísmo, comodismo e empenho.
Na reorganização do Serviço Sanitário buscou-se obviar completamente essa
dificuldade a maior de todas que infelizmente ultimamente reapareceu. En-
tretanto não me pouparei esforços para bem servir; e se for eficazmente coad-
juvado pelos chefes de serviços e mais companheiros de classe, no exato cum-
primento das leis, fio que o serviço se fará com interesse, justiça, moralidade
e suavidade. A dificuldade hoje mais séria para mim é adquirir competência
para preencher a falta imensa que à nossa corporação vai fazer o chefe ilus-
trado, zeloso, enérgico e integérrimo que em tão má hora nos deixou.”
Dessa forma, General Severiano da Fonseca reconhece a sensibilidade que era este momento
de reestruturação do Serviço de Saúde, marcada também por grandes transformações estrutu-
rais do Exército no início da República.
No primeiro grupo, os uniformes do Corpo de Saúde do Exército em 1894. Em seguida, o uniforme dos farmacêuticos no mesmo período.
Ilustrações de José Wasth Rodrigues. Extraída do livro “Uniformes do Exército Brasileiro - 1730-1922 - Publicação oficial do Ministério da
Guerra comemorativa do centenário da Independência do Brasil”, de Gustavo Barroso. Editora A. Ferroud-F. Ferroud. Paris, 1922.
47. SILVA. Alberto Martins da. General João Severiano da Fonseca: uma vida dedicada ao Serviço de Saúde do Exército e ao Brasil. p. 87.
56
DISTRIBUIÇÃO DOS HOSPITAIS MILITARES POR GUARNIÇÃO EM 1890
HOSPITAL MILITAR DE 1ª CLASSE
1. Hospital Central do Exército
Rio de Janeiro, Distrito Federal
(atual estado do Rio de Janeiro)
7. Recife -
Estado do Pernambuco
16. Paraíba
3. Natal Estado da Paraíba
Estado do Rio Grande do Norte
(atual João Pessoa, PB)
21. Livramento
8. Rio Pardo Estado do Rio Grande do Sul
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Santana do Livramento, RS)
25. Nioaque
12. Cáceres Estado do Mato Grosso
Estado do Mato Grosso
(atual Estado do Mato Grosso do Sul)
57
Transcrição parcial do Decreto Nº 307,
de 07 de abril de 1890
CAPÍTULO V
HOSPITALIZAÇÃO – LABORATÓRIO DE DEPÓSITO DE MATERIAL SANITÁRIO –
FARMÁCIAS – AMBULÂNCIAS 48
Art. 54. Haverá na Capital Federal um hospital de 1ª Classe, sob a denominação de Hospital
Central do Exército; e nas diferentes guarnições hospitais de 2ª e 3ª classes, conforme o numé-
rico das forças nelas estacionadas.
Art. 55. O diretor do Hospital Central será um médico de 1ª ou de 2ª classe e de inferior ca-
tegoria o seu vice-diretor. Suas funções serão, mutatis mutandis, as dos comandantes e fiscais
dos corpos do Exército.
Art.57. A escrituração a cargo do atual escrivão passará a ser feita na secretaria; sendo que
aquele serventuário, mudando apenas de qualificação, não sofre alteração nos encargos, direi-
tos e deveres que lhe cabem.
Art. 59. Haverá nos hospitais um posto médico, onde diariamente se darão consultas e remé-
dios gratuitos aos militares, com parte de doente, cujas enfermarias não os eximam de sair à
rua, aqueles que tenham permissão para tratar-se em domicílio e às pessoas de suas famílias
legítimas.
Art. 60. Para autenticar a identidade legal das pessoas e poder-se cumprir as ordens estabeleci-
das, o interessado apresentará a ordem de socorro passada pela autoridade de quem depender.
Art. 61. O diretor designará o médico ou os médicos efetivos para o serviço do posto médico.
As horas de consultas serão das 8 às 12 da manhã.
Art. 62. Quando por seu estado de saúde o enfermo não possa vir à consulta, o encarregado do
posto dará parte ao diretor, que designará um médico para ir vê-lo e tratá-lo.
Art. 63. Na forma das leis militares, será responsabilizado o oficial de saúde que, por desídia ou
negligência, deixar de cumprir os seus deveres, e por maior razão se dessa negligência resultar
prejuízo à Fazenda Nacional.
48. Fonte: Senado Federal. Transcrição realizada com atualização das normas ortográficas, sem prejuízo do teor original.
58
Art. 64. O médico e o farmacêutico de dia ao hospital serão socorridos com alimentos aí pre-
parados e correspondentes em preço à dieta mais forte em gêneros, de conformidade com a
tabela que o diretor organizar.
Art. 65. Do mesmo modo poderá ser socorrida a guarda do estabelecimento; tendo o coman-
dante, se for oficial, alimentação igual à dos oficiais de saúde, descontando-se todos a respecti-
va etapa e aos adjuntos a quantia correspondente.
Art. 66. Nos hospitais onde houver irmãs de caridade o serviço será feito conforme as cláusu-
las do seu contrato.
Art. 67. O diretor do hospital poderá, em casos de urgência, ordenar incontinente a compra de
qualquer medicamento não prescrito no formulário militar, ou meio de curativo não existente
no laboratório, e cuja necessidade seja reconhecida.
Art. 68. Todas as manhãs, terminas as visitas, o vice-diretor ou quem suas vezes fizer reunirá
os facultativos e o encarregado da farmácia; tomará conhecimento das ocorrências havidas,
relativas ao serviço clínico, e determinará o que for necessário.
Art. 70. Todas as outras repartições do hospital estarão abertas a essa hora, para atender-se a
qualquer urgência do serviço clínico, que não pode sofrer demora. Esse trabalho durará até 1
hora no verão, e 2 horas no inverno, salvo urgências do serviço.
Art. 72. O vice-diretor do hospital central, os diretores dos outros e do depósito de material e
laboratório químico-farmacêutico deverão morar nos respectivos estabelecimentos ou em casa
próxima a eles.
Art. 73. São suprimidas as enfermarias e farmácias dos estabelecimentos militares cuja proxi-
midade dos hospitais permita, sem grave transtorno, dificuldade ou perda de tempo, o trans-
porte dos enfermos.
Art. 74. Em ocasião de epidemias criarão hospitais de convalescentes, além dos especiais para
o tratamento da moléstia, com o fim de evitar que os dela curados vão convalescer nos quartéis
ou hospitais gerais, onde poderão por essa forma ser transmissores de contágio.
59
fora do serviço.
Art. 77. Ao depósito de material sanitário será recolhido todo o material cirúrgico existente
em demasia nos hospitais e enfermarias e portanto aí desnecessário
Art. 78. A repartição sanitária estabelecerá padrões para as diferentes caixas do instrumental
cirúrgico, cuja aquisição será feita nessa conformidade; devendo as caixas, e se possível for,
cada instrumento trazer como marca o emblema da repartição.
Art. 79. Sempre que na Comissão de Melhoramentos do Material de Guerra tratar-se de assun-
to que interesse a higiene do soldado, como barracas, fardamento, certas peças de equipamen-
to, etc., deve ter audiência o inspetor geral de saúde, ou um médico por ele designado.
Art. 80. Sendo muito comuns os causas criminais que entendem com a medicina legal, e que
somente o médico poderá elucidar em proveito da justiça, o inspetor sanitário terá assento no
Conselho Supremo Militar.
Art. 81. Se o Governo encontrar mais fácil e vantajosa a hospitalização civil, em alguma guar-
nição, contractal-a-há; mas sempre sob a inspeção e fiscalização das autoridades militares res-
pectivas.
Art. 82. Haverá na farmácia do hospital central e na do laboratório, se necessário for, quatro
oficiais de farmácia, farmacêuticos ou praticantes, que serão ajudantes dos farmacêuticos do
estabelecimento; tendo um deles a seu cargo a escrituração da farmácia.
Art. 83. O Governo conservará ou criará ambulâncias nos estabelecimentos cujas enfermarias
são suprimidas
Art. 84. Sendo as gratificações de exercício inerentes aos postos, suprimem-se as atribuídas aos
diversos empregos no serviço sanitário, para exercício, casa ou especiais.
Art. 85. O serviço sanitário dos estabelecimentos militares nas guarnições ou localidades onde
haja delegado ou chefe superior daquele serviço, será considerado simplesmente anexo a esses
estabelecimentos na mesma razão dos hospitais para as guarnições; e como os dos hospitais e
seu pessoal sob as ordens imediatas das autoridades sanitárias; cumprindo, tanto aos médicos
como aos chefes daqueles estabelecimentos, auxiliem-se mútua e eficazmente, no interesse do
serviço.
Art. 86. Enquanto não for reformado o regulamento dos hospitais, ficarão em vigor as dispo-
sições não alteradas na presente lei.
60
Distribuição do serviço
Pessoal:
Dois coronéis e nove tenentes-coronéis: dos quais um será inspetor do material, um diretor
e um vice-diretor do hospital central, seis delegados do inspetor geral nas grandes guarnições,
dois inspetores de serviço sanitário nos Estados.
44 adjuntos: coadjuvantes nos hospitais, sendo dois no hospital central e três no laboratório.
Em cada hospital uma seção de enfermeiros.
61
Diário Oficial da União, 25 de março de 1890.
Acervo: IMPRENSA NACIONAL (Brasília)
62
A Missão Médica Brasileira
na Primeira Guerra Mundial
11
Foto oficial da Missão Médica Brasileira com o Presidente Wenceslau Brás (ao centro). 1918.
O posicionamento do Brasil começa a mudar após o bloqueio da Alemanha, que decidiu tor-
pedear qualquer navio que entrasse na zona de bloqueio, independente que fosse oriundo
de um país neutro. No dia 05 de abril de 1917 o navio Paraná – um dos maiores da marinha
mercante brasileira, carregado de café, que era o principal produto de exportação, afundou
nas proximidades do Cabo Barfleur, na França. Três marinheiros brasileiros morreram neste
ataque. Em maio, foram torpedeados os navios Tijuca e Lapa e no mês de outubro os navios
Acari e Guaíba.
63
Os movimentos formados por intelectuais e políticos que se identificavam com a causa dos
Aliados da Entente (como a Liga Brasileira dos Aliados) e a comoção popular gerada pelo ata-
que aos navios mercantes brasileiros, pressionavam o governo brasileiro a tomar um posicio-
namento do país diante do conflito. As relações comerciais com a Alemanha foram interrom-
pidas em fevereiro de 1917 e em abril do mesmo ano o Brasil rompe as relações diplomáticas
com a Alemanha. Em 26 de outubro de 1917 foi declarado o Estado de Guerra, iniciado pelo
Império Alemão contra o Brasil. O Estado de Guerra entre o Brasil e a Alemanha reforçou a
necessidade de posicionamento do governo brasileiro, colaborando com os Aliados da Entente.
Assim, foram assumidos os compromissos de enviar a Divisão Naval em Operações de Guerra
(DNOG) para incorporar-se à esquadra britânica em Gilbraltar; o envio de aviadores da Ma-
rinha e do Exército para serem treinados pela Real Força Britânica; e o envio de uma Missão
Médica Militar composta por militares e médicos civis comissionados em patentes militares
para atuar em um hospital de campanha na Primeira Guerra. Conforme HOCKMAN (2006)
e OLIVEIRA (1990), levar médicos para o conflito bélico significava que o Brasil possuía uma
ciência capacitada, sobretudo construindo um hospital no país da medicina e se inserindo na
modernidade internacional pela Saúde.
64
Henrique Ferreira Chaves (subordinado à antiga 6ª Região Militar – hoje 2ª Região Militar,
que atendia na Fábrica de Pólvora sem Fumaça em Piquete-SP), Dr. Galdino Ferreira Martins
(lotado em São João Del Rey-MG) e Dr. Alberto de Sousa (lotado na cidade do Rio de Janeiro).
Também foram nomeados os farmacêuticos: primeiro tenente Antônio Joaquim Damásio e o
segundo tenente Manuel Vieira da Fonseca Júnior (ambos do Hospital Central do Exército –
Rio de Janeiro); os intendentes: primeiro tenente João Ferreira Filho (lotado no Rio de Janeiro)
e o primeiro sargento Paulo de Mello Andrade (amanuense da 3ª Seção do Estado-Maior do
Exército no Rio de Janeiro).
A escolha dos médicos civis ficou a cargo do deputado federal, cirurgião, professor de Gineco-
logia e diretor do Hospital da Gamboa, Dr. Nabuco de Gouvêa. O jornal Correio da Manhã do
dia 18/04/1919 (p. 3), relata o critério das escolhas dos médicos a compor a missão brasileira
na Primeira Guerra Mundial:
“O ministro da Guerra exigiu apenas uma pequeníssima representação de
médicos do Exército e da Marinha, limitando-se sabiamente a nomear a
grande maioria dos membros de acordo com as indicações do chefe escolhido.
Com essa liberdade de ação, a responsabilidade deste crescia sobremodo, mas
em compensação, o êxito era mais certo dado o bom conhecimento que este
tinha da classe médica brasileira, entre a qual poderia fazer uma escolha
inteligente.”
Os médicos civis paulistas que foram indicados pelo diretor da Faculdade de Medicina e Ci-
rurgia, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho foram os doutores Benedicto Montenegro (lente de
Anatomia da Faculdade de Medicina), comissionado ao posto de tenente coronel; Rafael Pen-
teado de Barros (professor substituto de Física), Adolpho Corrêa Filho (professor de Anatomia
Cirúrgica) e Christiano de Souza (assistente de cirurgia) comissionados ao posto de capitão; e
Raul Vieira de Carvalho, comissionado ao posto de primeiro tenente.
Dos trinta soldados destinados para realizar a guarda do hospital brasileiro na França, seis
eram do 43º Batalhão de Caçadores, Organização Militar sediada em São Paulo-SP, vinculada
à 6ª Região Militar. São os soldados Antônio Machado Florence, Francisco Ribeiro do Valle,
Paulo Ribeiro Villela, Mário Paes de Barros Filho, Fausto Ferraz de Camargo e Álvaro Novaes
Filho.
65
Entre militares do Exército, da Marinha e médicos civis comissionados em postos militares,
foram enviados 112 componentes para a Missão Médica Brasileira na França. O embarque
ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, a bordo no navio francês Plata, em 18 de agosto de 1918.
Segundo KROEFF, o navio que seguiu rumo à França deveria atracar em Dacar, no Senegal,
mas após o risco de ataque dos alemães teve que seguir para o porto da colônia inglesa de Free-
town, para abastecer de carvão a embarcação. Com dois dias de atraso, chegaram na cidade
de Dacar, onde foram recebidos com festa em comemoração à entrada do Brasil na Primeira
Guerra Mundial. A chegada dos militares brasileiros à França ocorreu em 24 de setembro de
1918, no porto de Marselha.
O deputado federal Dr. Nabuco Gouvêa, comissionado ao posto de coronel, chegou a Paris
no dia 27 de setembro de 1918, acompanhado por uma pequena comitiva, incumbido de es-
tabelecer um plano prático de apoio de saúde. Este plano incluía um serviço de Ambulâncias
Cirúrgicas Autopropulsadas (Auto-chir) para evacuar os feridos no front e evacuar para um
hospital central com 500 leitos de capacidade. Esta ambulância era equipada com uma sala
cirúrgica móvel, com recurso de aquecimento, iluminada e limpa. A área preparatória possuía
autoclave, lavatórios com água fervida, aquecimento, eletricidade, salas de radiografia e uma
área de internação para cem feridos.
66
de Wenceslau Brás. Finalizado, o hospital era composto por salas de operações, enfermarias,
salas de curativo, salas de radiologia, fisioterapia, rouparia, refeitório, biblioteca e vestiário. Nos
anexos possuía a sala de banho, cozinha a vapor e sala de hidroterapia.
Na concepção do hospital a direção do hospital foi designada ao Dr. Paulo da Silva Paranhos
(filho do Barão do Rio Branco), que era cidadão franco-brasileiro, nascido e criado em Paris.
67
12 A Necessidade de um Hospital
Antigo Quartel de Santana em 1915, que abrigava a sede da então 6ª Região Militar e onde o
Hospital Militar de 3ª Classe realizava os atendimentos aos soldados.
Gradativamente o efetivo militar começava a crescer e novas organizações militares eram cria-
das. Entre elas, destacamos a 2ª Região Militar. Criada em 04 de janeiro de 1908 como Região
de Inspeção, posteriormente seria transformada em I Região de Inspeção (em 06 de agosto de
1908); em 6ª Região Militar (em 23 de fevereiro de 1915) e finalmente em 18 de julho de 1919
no Quartel General da 2ª Região Militar.
A Casa da Pólvora foi instalada no terreno cedido pelo Ministério da Fazenda ao Ministério
da Guerra no ano de 1884. Posteriormente esta localidade seria destinada para a construção
do hospital militar.
O General de Divisão Luiz Barbedo percebeu que as condições do então Hospital Militar de
3ª Classe eram péssimas. O atendimento médico aos soldados era resumido a uma instalação
sem condições de higiene e conforto e que não daria conta de atender o efetivo que começava
a crescer desde 1916. General Barbedo logo consegiu uma autorização do Ministro da Guerra
Marechal José Caetano de Faria para construir o hospital.51
49. O bairro passou a se chamar Cambuci no ano de 1906.
50. Relatório do Ministério da Guerra (1902).
51. General Barbedo assumiu a então 6ª Região Militar em 11/10/1916.
68
A pedra fundamental do novo hospital foi lançada em 28 de junho de 1918. No dia ante-
rior, General Barbedo publicava no Boletim Regional nº 144 o segunte texto: “convido todos
os oficiais da Guarnição nesta Capital, para assistirem amanhã, às 10:00 horas, em uniforme de
flanela caqui, a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do Novo Hospital Regional, no
alto do Cambuci, junto ao Stand de Tiro nº 3”. O projeto foi realizado pelo Major Antônio José
da Fonseca que participou “em todos os seus trabalhos técnicos desde o lançamento da pedra
fundamental até a finalização”.
Para amenizar o impacto do atraso da inauguração do Hospital Militar, previsto para meados
de 1919, uma enfermaria foi montada na Rua Marechal Hermes, em Santana, o tenente-co-
ronel médico Dr. Sylvio Pellico Portella chefiava o Serviço de Saúde da 6ª Região Militar. No
município paulista de Lavrinhas, no Vale do Paraíba, as tropas contava com o atendimento
médico realizado pelo Sanatório Militar, dirigido pelo major médico Dr. Manoel Marcillac
Motta. No Estado de São Paulo estavam instalados os quartéis 6º Regimento de Infantaria (Itu),
43º Batalhão de Caçadores (São Paulo), 53º Batalhão de Caçadores (Lorena), 6ª Companhia
de Metralhadoras (Rio Claro), 10ª Companhia de Metralhadoras (Piquete), 4º Corpo de Trem
(Pindamonhangaba), 7º Regimento de Artilharia Montada (São Paulo), 4º Grupo de Obuzes
(São Paulo), 4º Batalhão de Engenharia (Fazenda Amarela, em Lorena) e a 3ª Bateria de Arti-
lharia de Costa (Santos).
Com o atraso para a entrega da obra, General Barbedo participa de uma reunião no Rio de
Janeiro com o General Cândido Rondon (diretor dos
Serviços de Engenharia) e o Ministro da Guerra Mare-
chal José Caetano, antes de deixar a pasta em outubro de
1919. A liberação da verba da construção do hospital foi
formalizada pelo Decreto nº 13.655, sancionado no dia
18 de novembro daquele ano. Este decreto cria oficial-
mente o Hospital Militar de São Paulo.
52. Monumento do Ipiranga foi projetado pelos arquitetos Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi, inaugurado parcialmente em 1922 em
ocasião ao centenário da Independência. A obra foi finalizada em 1926. O valor da construção equivale a 12.682,35 dólares americanos ou
48.772,63 reais (cálculo de conversão réis/dólar, inflação dólar e câmbio para real realizado em 27/06/2019). O valor em 1919 correspondia
a 900,90 dólares.
69
Vista aérea do Hospital Militar de São Paulo e vista parcial da Vila Monumento, c. 1940.
1920: Inauguração do
Hospital Militar da 2ª Região
no bairro do Cambuci
13 Um novo Hospital se instala
no Alto do Morro da Pólvora
U m hospital moderno, construído com madeiras importadas dos Estados Unidos e que
contava com sofisticados equipamentos vindos da Europa. Sua fachada simples e sóbria
como o seu interior, resplandecia de beleza. Na entrada principal, a porta entalhada a canive-
te revelava riquíssimos detalhes, dando acesso a um belo saguão com piso de mármore. Nos
muros próximos à antiga Estrada do Ypiranga, se tornaram um grande mural pintado pelo
modernista italiano Alfredo Volpi, trabalho feito no começo da sua carreira ao lado do mestre
Orlando Quartínio. O hospital encantava os visitantes que passavam pelo bairro do Cambuci
para acompanhar os eventos de comemoração ao centenário da Independência.
A previsão inicial era de ter inaugurado entre o começo de maio ou o final de junho de 1919. O
Diretor de Saúde havia sugerido o nome do tenente coronel médico Dr. Breno Bráulio Muniz
para ser o primeiro diretor e o major médico Dr. José Afonso de Souza Figueredo para a sub-
direção. No dia 03 de maio de 1920, o Hospital Militar da 2ª Região foi finalmente inaugurado.
A lavanderia do hospital ainda estava em processo de licitação para a sua montagem. Alguns
equipamentos hospitalares não haviam chegado da Europa. A Rua da Independência53 ainda
estava em obras e seria inaugurada pela prefeitura posteriormente.
Sua sede era composta por um edifício principal de dois andares, de janelas altas e estreitas,
assoalho de madeira e corredores largos, que abrigava no térreo a administração e os laborató-
72
rios. No andar superior, ficavam as enfermarias dos oficiais de alta patente - com a capacidade
de trinta leitos em quartos isolados. Um outro pavilhão abrigava uma enfermaria coletiva para
os praças, a enfermaria de isolamento, o centro cirúrgico, o gabinete bacteriológico e farmaco-
lógico. A instituição também dotava de uma sala de radiologia – que foi organizada pelo capi-
tão médico Dr. Pedro de Alcântara Pessoa de Melo, que chegaria do Rio às vésperas da inau-
guração. Os anexos abrigavam o Corpo da Guarda, o rancho, o necrotério, a sala de necrópsia,
duas salas mortuárias, o alojamento e o almoxarifado. Contabilizando o prédio principal e seus
anexos, o hospital possuía a capacidade para 150 leitos.
Para as enfermarias, camas metálicas foram compradas. Colchões, travesseiros, mesas de ca-
beceira, mesas para os doentes e operados graves, enfim tudo fornacido por empresas paulis-
tas - os melhores fabricantes da época. A notícia sobre a inauguração do novo hospital militar
rapidamente ocupou as páginas dos jornais e revistas, com merecido destaque.
73
14 A solenidade de inauguração
do Hospital Militar da 2ª Região
Major Ferreira - primeiro diretor do Hospital Militar da 2ª Região; Dr. Washington Luís - presidente do estado de São Paulo e General
Barbedo - Comandante da 2ª Região Militar. 03 de maio de 1920. Reprodução: Revista A Cigarra/DA Press
O nze da manhã do dia 03 de maio de 1920. O toque da corneta ecoa no alto do Cambuci
em continência ao senhor presidente do Estado de São Paulo Dr. Washington Luís Perei-
ra de Souza. O automóvel do chefe do Estado entra nas dependências do Hospital Militar. A
banda do 4º Batalhão de Caçadores abrilhanta o evento. O General de Divisão Luiz Barbedo
recebe o governador acompanhado das demais autoridades militares do Exército Brasileiro. A
comitiva entra no hospital e segue para a sala da Direção. Dr. Washington Luís comenta com o
comandante da Região que deseja percorrer as instalações do novo hospital. General Barbedo
prontamente guia o ilustre visitante.
53. Na lista telefônica da Companhia Telephonica do Estado de São Paulo de junho de 1918, consta como “ Hospital Militar da 6ª Região -
Estrada Ypiranga”, O número de telefone possuía apenas três dígitos: era o 117.
54. O jornal impresso “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro foi o primeiro a noticiar o fato, em 27 de abril de 1920. Posteriormente os jornais “A
Platea”, “Correio Paulistano”, “O Estado de São Paulo” e a revista “A Cigarra” publicaram matérias sobre a inauguração.
55. Adaptação da narrativa publicada no jornal Correio Paulistano, de 04/05/1920, p.3, reproduzindo com fidelidade a solenidade e os dis-
cursos.
74
otorrinolaringologia. Adentram a secretaria, que por sua vez possui na parede um retrato do
General Luiz Antônio Cardoso, em seguida visitam a sala anexa à Direção, onde há um retrato
da D. Ana Nery com uma placa metálica com os dizeres “Homenagem da Região Militar à D.
Anna Nery (Mão dos Brasileiros). 1920.” e um retrato do capitão Antônio Fonseca, autor da
planta e construtor do hospital.
Seguem para a primeira enfermaria e os gabinetes anexos. Percorrem a sala inferior, nas tercei-
ras e quartas enfermarias - a cargo do médico Dr. Alfredo Jesuíno Maciel e Dr. Luiz de Lima
Bittencourt. A terceira enfermaria com doze enfermos, a quarta com dezessete. Visitam a sala
de operações, o xadrez, o refeitório, a copa, a cozinha, o serviço de limpeza e outros serviços
da unidade.
Na parte superior do edifício, visitam as enfermarias para os oficiais, a sala de refeições, a sala
de palestras e os demais ambientes. Todos estavam no mais absoluto asseio, equipados com o
que havia de melhor para a época. Apenas a enfermaria coletiva encontrava-se incompleta. Os
equipamentos que viriam da Europa, encomendados pelo chefe do Serviço de Saúde do Exér-
cito, não chegaram a tempo da inauguração.
Retorna a comitiva ao gabinete do Diretor. Diante das mais altas autoridades do Ministério da
Guerra, o excelentíssimo senhor General de Divisão Luiz Barbedo é o primeiro a discursar:
“Suas excelências, disso que via finalmente, com a cerimônia a que então
procedia, atingindo um velho desideratum pelo qual se batera de há tanto
tempo. Achava excusado referir-se de novo as necessidades de que o Hospital
vinha atender, acolhendo em suas enfermarias os soldados de toda a Região.
A homenagem que com a colocação do retrato de Dona Anna Nery na sala
da diretoria do estabelecimento prestava o comando da Região a respeitável
matrona patriota, desejava vê-la generalizada em todo o hospital, isto é, que
o nome da heroína brasileira que morrera com o peito coberto de medalhas,
figurasse em cada sala, como um exemplo de vida, de civismo e de acondrado
amor à Pátria.”
75
Após o discurso, o General Barbedo agradeceu às autoridades presentes e deu por inaugurado
o Hospital Militar da 2ª Região. Uma salva de palmas acolheu calorosamente vossas palavras.
Nesse sentido ainda preciso, se torna que a nação de quem tem responsabili-
dades do estado sanitário das tropas seja mais extensa, de modo a influir na
prática e duração dos exercícios militares, estabelecendo o treinamento calcula-
damente gradual e progressivo, afim de evitar o estafe dos soldados.
76
combate; é preciso que os orçamentos satisfaçam às necessidades da grande
causa que é o progresso do Brasil, que precisa de homens fortes e sadios, para
desbravar as suas enormes e infinitas riquezas, podendo assim ser em breve
o celeiro do mundo.
No meio civil, está criado o serviço de profilaxia rural, que tão bons resulta-
dos vêm produzindo, com o apoio da população.
Não posso, nem devo calar o nome do major de Engenharia Antônio José da
Fonseca, autor e executor do projeto, em que foram mútiplas as manifesta-
ções do seu talento e dedicação, vencendo dificuldades mil, para apresentar
este belo hospital que custou ao governo 360 contos de réis.
Após o discurso do general Ferreira do Amaral, faz o uso da palavra o senhor Major Médico
Dr. João Afonso de Souza Ferreira, diretor do Hospital Militar:
77
tradições do Exército, oferecendo condigno agasalho e assistência médico-ci-
rúrgica aos militares quando combalidos pela doença ou varados pela metra-
lha, no campo da honra, em defesa da Pátria. Tal anseio, porém, fez-se tardar
demasiadamente, e, sem querer aprofundar as suas causas determinantes, che-
gamos a uma era mais promissora, que coincide com a frase de modelação do
Exército nos últimos anos, mercê dos ensinamentos colhidos na Grande Guerra
e da nossa situação de beligorantes. O senhor general Luiz Barbedo, ao assumir
o comando da então 6ª Região Militar, encontrou a guarnição carecendo de vá-
rios desideratos um dos que mais me impressionaram foi a má hospitalização
de seus comandados, num velho pardieiro, desprovido de higiene e de conforto,
sem meios materiais que permiti-lhes pudessem tratar ou sarar convenente-
mente seus males.
O hospital que tudo deve a vossa excelência, a sua existência, que começa sob
tão vibrantes auspícios, a figura-se me, decorrerá brilhante, e não deixará mais
de perpetuar a lembrança da ação vigorosa e humanitária do seu grande e
78
excelso benfeitor.
Mas, ainda não está paga a dívida de gratidão do hospital para com os seus
benfeitores. Falta ainda realçar a diligente atuação do senhor Diretor de Saú-
de da Guerra, General Dr. Ferreira do Amaral, no ponto de vista técnico mé-
dico-cirúrgico, secundando a iniciativa e os esforços do senhor General Bar-
bedo, junto ao poder competente, para a realização deste empreendimento.
Tive a honra de ser de sua excelência um dos reais atentos discípulos, com o
meu querido mestre, insigne cirurgião, refiz toda a minha educação cirúrgica
durante a sua fulgurante passagem no Hospital Central do Exército. Não era
pois, de estranhar que o seu discípulo buscasse inspirar-se nas luzes, na expe-
riência e no exemplo tão emérito mestre e comprovado administrador. Assim
fiz os seus bons conselhos muito me valeram o facilitaram a organização des-
te estabelecimento. Deve ainda o hospital ao Sr. Dr. Amaral todo o moderno
aparelhamento que possui e vai possuir encomendado na Europa, e do que só
parte agora chegou, de toda a magnífica rouparia, louças e bateria de cozinha
(grande parte em níquel puro) vindos do ‘Au Bon Marché de Paris’. A efígie
de vossa excelência Sr. Dr. Amaral, que terei lá, diante dos meus olhos, servirá
de preciso estímulo, numa constante evocação de exemplo da administração
modelar de vossa excelência no Hospital Central do Exército, para bem me
desempenhar do árduo cargo que começa já a pesar-me nos ombros.
Alivia a alegria que sentimos, a mágoa que temos por não estar todo conclu-
ído o hospital.
79
O isolamento das moléstias infectocontagiosas e a lavanderia, esta com todo
o material aqui já depositado, procedente do Hospital Militar Brasileiro, em
Paris, não foram encetados; mas, resta-nos o consolo de podermos inaugurar
essas duas seções ainda este ano, portanto atualmente correm editais de con-
corrência para a sua construção.
Na sequência, discursa brevemente o presidente do Estado de São Paulo Dr. Washington Luís:
“Não podia deixar que terminasse a cerimônia sem que agradecesse ao senhor
General Barbedo o convite com que havia distinguido para assistir aquela so-
lenidade. Andará bem o senhor general convidando-o e a todas as autorida-
des médicas, profissionais que se interessavam pelo acontecimento. Com efeito,
como acabara de dizer o General Barbedo, todos os que tivessem de entregar,
doravante, os seus filhos ao Exército o fariam confiantemente. Certos de que ali
seriam tratados, em caso de uma adversidade, com o mesmo carinho com que
deles cuidariam o lar paterno.”
Com grande entusiasmo, o novo presidente do Estado saúda o general Luiz Barbedo, a quem
sempre admirava pelo civismo, pela competência e pelo zelo que o comandante da 2ª Região
Militar tinha com os seus subordinados. Relembra o ainda sobre sua amizade com o general
desde os tempos que ocupava o cargo de prefeito da cidade de São Paulo:
“Foi um dos melhores dias da minha vida aquele que, em nome da cidade que
governava, oferecera a bandeira ao bravo pugilo de moços que constituem o
43º Batalhão de Caçadores, que uma bela tradição de civismo e de disciplina
ajuntará aos foros do patriotismo de São Paulo. Nunca poderia esquecer aquela
solenidade, que tão fundo calará na alma de patriota e amigo do Exército.
56. A partir de 1930 já constaria nos relatórios do Ministério da Guerra como Hospital Militar de 1ª Classe.
80
Dessa amizade aliás, dera somente sua excelência, as melhores provas já ma-
nifestadas mais de uma vez em várias ocasiões, em conversa com o chefe da
Região, e já comprovadas em atos públicos, dentre as quais poderia citar, com
júbilo, o fato de haver fornecido ao Exército o edifício da Câmara Municipal
para nele verificar o sorteio militar.
Finalizando, Washington Luís brada um enérgico viva, percebendo que suas palavras foram
recebidas de forma calorosa e foram bem aceiras pelas personalidades presentes. O coman-
dante da 2ª Região Militar dá novamente o uso da palavra ao major Ferreira, para a leitura da
Ata inaugural:
“Aos três dias do mês de maio de mil novecentos e vinte, nesta cidade de
São Paulo, com a presença dos excelentíssimos senhores presidente do Estado,
general de divisão Luiz Barbedo, comandante da 2ª Região Militar, ou 2ª
Divisão de Exército, o representado o senhor ministro da Guerra, o general
médico, Dr. Antônio Ferreira do Amaral, Diretor de Saúde da Guerra, co-
ronel médico Dr. Virgílio Tourinho Bittencourt, diretor do Hospital Central
do Exército, de chefes do Serviço do Quartel General, de altas autoridades
federais e estaduais, representando os poderes executivo, legislativo, judici-
ário e municipal, do coronel comandante da Força Pública, do tenente-co-
ronel médico diretor do Hospital Militar da Força Pública, de autoridades
superiores sanitárias, da diretoria da Cruz Vermelha de São Paulo, diretores
de faculdades superiores do ensino de São Paulo, de diretores de repartições
públicas federais e estaduais, dos médicos militares e demais pessoas, declara
o excelentíssimo senhor general comandante da 2ª Região Militar, solene-
mente instalado o Hospital Militar da 2ª Região, no bairro do Cambuci, des-
ta cidade. Foi autorizada a sua construção e concedido o respectivo crédito
pelo excelentíssimo senhor general graduado José Caetano de Faria, então
ministro da Guerra, por iniciativa e esforços do comandante da outrora 6ª
Região Militar, sendo o projeto e a construção do senhor major engenheiro
militar Antônio José da Fonseca, que lhe lançou a pedra fundamental a 28 de
junho de 1918, e dirigiu todos os trabalhos técnicos até seu final acabamento,
em 31 de dezembro de 1919, com a mais absoluta solidez e perfeição, aliada
à maior economia, resultando serem as despesas da construção no total de
trezentos e sessenta e nove contos e quatrocentos e sessenta e cinco mil réis
(369.465$000).
81
E para constar, de ordem do excelentíssimo senhor general Barbedo, mandei la-
vrar, eu, major médico Dr. João Afonso de Souza Ferreira, que recebo o Hospi-
tal como seu primeiro diretor interino, esta ata, que foi escrita por mim, sargen-
to ajudante João Francisco Osório, no impedimento do primeiro escriturário, e
vai assinada pelas pessoas citadas e por outras presentes.
Após a leitura do documento, assinaram os senhores: Dr. Washington Luís – presidente do Es-
tado; Dr. Francisco Cardoso Ribeiro – secretário de Justiça e da Segurança Pública; monsenhor
Dr. Emílio Teixeira – vigário geral, representante do Arcebispo Metropolitano; Dr. Arnaldo
Vieira de Carvalho; general Bento Bicudo; Dr. Washington de Oliveira; Dr. Luciano Gualberto
Arruda Sampaio; coronel Manuel Soares Neiva – comandante geral da Força Pública; coronel
Odilon Bacellar; e demais presentes.
Nesta ocasião, o major médico João Afonso de Souza Ferreira assumiu interinamente a direção
do Hospital Militar da 2ª Região; os capitães médicos Bruno Bráulio Muniz, Leopoldo Félix
de Sousa, Luiz de Lima Bittencourt, Alfredo Jesuíno Maciel e Pedro Pessoa de Mello assumi-
ram a chefia das enfermarias; e o primeiro tenente Celestino de Oliveira assumiu a chefia da
farmácia, tendo como adjunto o primeiro tenente Gaspar da Fonseca. O primeiro diretor do
Hospital Militar retornaria a esta função em 13 de novembro de 1924, ocupando o posto de
tenente-coronel.
Ao centro: general Sócrates. Na imagem: coronel Odilon Barcellos - comandante do 4º Batalhão de Caçadores, coronel
Christiano Klingelhoefer, capitão Espíndola de Castro - assistente da 2ª Região, monsenhor Emílio Teixeira - representante do
Arcebispo Metropolitano e outras autoridades militares. 03 de maio de 1920. Reprodução Revista A Cigarra/DA Press
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1. VistaPanorâmica. 2. Frente do Hospital Militar da 2ª Região. 3. Enfermaria de Oficiais. 4. Enfermaria dos Praças. 5. Sala de Cirurgia.
Reprodução - 1. Eu Sei Tudo (09/1922) / 2 a 5. Correio Paulistano de 03/05/1920. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
87
15 O primeiro Boletim Interno
88
A visita do presidente da República
Justa Homenagem
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Inauguração de retratos
A cerimônia foi aberta pelo major médico Dr. Ezequiel Antunes de Oliveira, que dirigia o
hospital naquela data. O general Hastimphilo de Moura esteve presente e discursou no singelo
evento. Treze alunos médicos do Curso de Aplicação do Serviço de Saúde do Exército e os
majores médicos Jeanneat (da Missão Militar Francesa e instrutor de “Serviço de Saúde Mi-
litar em Campanha), Mário Bittencourt (catedrático de “Higiene Militar) e o tenente-coronel
médico Alarico Damásio (professor de “Espidermiologia Militar”) e demais autoridades civis
e militares, acompanhavam a solenidade. A secretaria da presidência da república enviou um
telegrama ao diretor agradecendo a homenagem:
Raro registro fotográfico dos participantes da solenidade de inauguração dos quadros em 1928.
Reprodução do jornal Correio Paulistano. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
90
Marechal Luiz Barbedo
(1857-1929)
16
M arechal Luiz Barbedo nasceu em 02 de abril de 1857, no estado de Santa Catarina. Filho
de Basílio Siqueira Barbedo e Guilhermina Wildt Barbedo, assentou praça em 11 de
janeiro de 1875, aos 21 anos de idade. Militar de Artilharia, também cursou engenharia geo-
gráfica na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Barbedo foi um dos mais conceituados artilheiros da antiga Comissão Técnica Militar Con-
secutiva. Foi instrutor da Escola Prática do Exército, cargo que conquistou por concurso. Foi
nomeado pelo presidente da república Marechal Floriano Peixoto para comandar a Força Po-
licial do Estado do Rio de Janeiro em 1893. Foi diretor da Fábrica de Cartuchos e ajudante
do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro. No posto de major, comandou o 5º Regimento de
Artilharia, quando em 1897 participou da última expedição na Guerra de Canudos, onde foi
ferido gravemente no morteiro assalto, no fatídico dia 28 de junho, na cidadela de Antônio
91
Conselheiro. Sua bravura resultou na promoção ao posto de tenente-coronel.
Marechal Luiz Barbedo era casado com a Sra. Mathilde Shimidt Coutinho Barbedo, com quem
teve cinco filhos: Alberto Barbedo (capitão do Exército), Edgard Barbedo (cônsul do Brasil no
Paraguai), Guilherme Barbedo (dentista); Maria Barbedo (casada com o major Genserico de
Vasconcelos) e Mário Barbedo (aviador do Exército, morto em serviço).70
62. Posteriormente denominada de Escola Militar do Brasil, uma das instituições antecessoras à Academia Militar das Agulhas Negras.
63. Um dos fatos marcantes neste período foi o acompanhamento do presidente Hermes no funeral do Barão do Rio Branco (em Itatiaia-RJ)
e a recepção do então novo embaixador americano Edwin Morgan no Palácio do Catete, ambos em 1912. Amigo de Hermes da Fonseca,
também o acompanhava nas inúmeras visitas ao túmulo de sua esposa.
64. Representou o Brasil como Embaixador no funeral do presidente argentino Roque Saenz Peña, morto a 09 de agosto de 1914 em Buenos
Aires.
65. A 4ª Divisão de Exército correspondia às tropas do estado do Mato Grosso (atuais estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). A sede
deste comando ficava na cidade de São Paulo-SP.
66. Permaneceu no cargo até 23 de abril de 1921, quando pediu demissão ao ministro da Guerra Pandiá Calógeras.
67. A visita do rei belga Alberto I e de sua esposa Isabel da Baviera ao Brasil ocorreu entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920.
68. A imperatriz Tereza Christina faleceu em 28 de dezembro de 1889 na cidade do Porto (Portugal). O Imperador D. Pedro II faleceu num
quarto de hotel em Paris (França), em 05 de dezembro de 1891. Suas últimas palavras foram “Que Deus conceda-me estes últimos desejos
– paz e prosperidade para o Brasil.” Os despojos dos imperadores chegaram ao Rio de Janeiro em 08 de janeiro de 1921, que repousam no
Mausoléu Imperial, na Catedral de Petrópolis.
69. Marechal Luiz Barbedo faleceu em sua residência na Rua Conde de Bonfim, 46 – Tijuca - Rio de Janeiro-RJ.
70. Detalhamento sobre a constituição familiar do marechal Barbedo no momento do seu falecimento. Naquela ocasião, a esposa Mathilde
encontrava-se em Paris acompanhando a filha Maria e seu genro Genserico.
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Curiosidades do Hospital Militar
no início do Século XX
17
S ão inúmeros os casos de atendimentos médicos realizados pelo Hospital Militar no início
do Século XX. Essa assistência não se limitava apenas às verminoses ou outras doenças que
afetavam aos soldados naquele período. O Hospital Militar também prestava apoio às outras
instituições públicas. Neste capítulo, estão presentes os fatos e curiosidades relacionados ao
Hospital Militar, que tiveram destaque nos jornais durante os primeiros anos de funcionamen-
to no bairro do Cambuci.
Dentadura Entalada
Em 1922, um soldado de Caçapava, do 6º Regimento de Infantaria deu entrada no Hospital
Militar da 2ª Região por um motivo pouco convencional: ele havia se engasgado com a própria
dentadura. Ele foi atendido pelo otorrinolaringologista Dr. Oswaldo Puissegur, que o encami-
nhou prontamente para a radiologia. Constatado o local do corpo estranho, o médico iniciou
a extração da prótese dentária, abrindo mão da esofagoscopia e utilizando os “modernos apa-
relhos de Bariage”.
A cautelosa intervenção foi acompanhada por todo o corpo clínico do Hospital Militar, que se
surpreendeu pela rápida resolução. Em dez minutos, o Dr. Puissegur retirou a dentadura que
estava alojada na garganta do soldado. Todos felicitaram o médico pela “complexa cirurgia” e
pela agilidade do profissional.
Inspeções de Saúde
O Hospital Militar realizava inspeções de saúde dos militares do Exército que serviam em
São Paulo, e também realizava exames para a admissão de funcionários de outras instituições,
como por exemplo, os Correios – que encaminhava os candidatos no final dos anos 1920.
Nesta época, a cidade de São Paulo registrou 396 óbitos motivados pelo grupo tifo paratifo A
e B. No ano de 1925, 279 pacientes baixaram ao Hospital Militar, acometidas de paludismo.
93
Soldado brigão
Em 1935, o soldado Marcelino Romão, da 2ª Formação de Intendência, abordou um desco-
nhecido na esquina da Rua dos Gusmões com a Rua dos Protestantes, afirmando que este era
amante de sua esposa. Assustado, o transeunte chamado José Avelino Rosa, tentou fugir, mas
logo foi alcançado e entrou em luta corporal. Rosa retirou uma faca da cintura e feriu o solda-
do. Na delegacia, ambos foram retidos e o militar, após atendimento no posto médico daquele
local, foi encaminhado para o Hospital Militar no Cambuci.71
Detefonização
Em 1946, o Hospital Militar realizou
a “detefonização” de suas instala-
ções. O estranho nome, nada mais é
que a detetização dos ambientes. Ta-
manha novidade, tornou o simples
ato em um evento grandioso, com
direito à presença de autoridades e
da imprensa. O jornal carioca Diá-
rio da Noite, de Assis Chateaubriand,
elogiou a ação: “essa desinfecção no
Hospital Militar no Cambuci prova o
carinho e zelo que a 2ª Região Militar
toma pela saúde de nossos soldados. Militar,
O tenente coronel médico João Nominando de Arruda- diretor do Hospital
acompanha o trabalho de desinfecção realizado por uma prestadora de
Com a ‘detefonização’ no Hospital serviços, na enfermaria dos praças. Reprodução: Diário da Noite/DA Press
Militar do Cambuci, está lançado o exemplo que deve ser seguido por todas as organizações”.
Irmãs de Caridade
Em 1933 o major médico Dr. José Valente Ribeiro, diretor do Hospital Militar Divisionário,
encaminhou um ofício solicitando a autorização para a contratação de religiosas, para auxiliar
no atendimento nas enfermarias. A autorização se deu 25 de março daquele ano, pelo Ministro
da Guerra General de Brigada Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso. A casa das irmãs de
caridade, seria construída nos fundos do hospital no ano de 1935.72 Cinco religiosas da Ordem
de São Vicente foram nomeadas para trabalhar a partir do dia 1º de junho de 1941. Cada reli-
giosa recebia o salário mensal de 500$000 réis e foram destinadas para trabalhar nos serviços
de Lavanderia, Cozinha, Rouparia, na Sala de Operações e nas Enfermarias.
94
Tragédia no Campo de Marte
No retorno ao Campo de Marte, às 16 horas, o avião começou a perder força. O piloto tentava
fazer uma nova volta para efetuar o pouso, quando o equipamento se chocou contra o solo.
Os oficiais do Exército presentes no momento, rapidamente realizaram o socorro do tenente
Perdigão, que foi encaminhado ao Hospital Militar, no Cambuci, com múltiplas fraturas e em
estado de coma. A equipe de salvamento constatou a morte do sargento Rubens no local, que
foi encaminhado ao necrotério do mesmo hospital. Este foi o primeiro registro de atendimento
a um ferido por um desastre aéreo realizado na instituição.74
Outro acidente
Em 04 de setembro de 1936, um avião Waco C.T.O.
prefixo 1-1-04, utilizado para o transporte de corres-
pondências com destino à Curitiba, caiu no Campo de
Marte por volta das 13:15 horas, vitimando os tenentes
Octávio de Alencastro Guimarães, 23 anos, e Affonso
Fernandes de Araújo, da mesma idade, ambos do 5º
Regimento de Aviação do Exército. Os corpos foram
encaminhados ao Hospital Militar Divisionário, de
onde saiu rumo ao Rio de Janeiro, transportados em
Destroços do Waco CTO 1-1-04, em 04/09/1936.
Reprodução Correio Paulistano.
um vagão especial de trem. O acontecimento gerou
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro) uma grande comoção local, aglomerando centenas de
curiosos nos portões do Hospital Militar, no Cambuci, em busca de informações.
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18
A Revolta Paulista de 1924
A Revolução de 1924 (ou Revolta Paulista de 1924) foi o maior conflito bélico de São Paulo.
Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, teve a participação de vários te-
nentes com o objetivo de depor o presidente Arthur Bernardes. Esta segunda revolta tenentista
reivindicava o voto secreto, a instauração do ensino público e o acesso gratuito à justiça.
O Hospital Militar manteve-se ao lado dos legalistas, prestando atendimento aos feridos da
Revolta Paulista de 1924. Durante os bombardeios, o hospital sofreu detrimentos nos telhados,
vidros e pequenas avarias. Durante a revolta, os pacientes que faleceram no Hospital Militar
eram enterrados provisoriamente no terreno da instituição. Em 02 de agosto de 1924, o servi-
ço funerário da cidade de São Paulo recolheu sete corpos, transferindo-os para os cemitérios
municipais.
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Sequência de fotos da Revolução de 1924:
1. Incêndio provocado após bombardeamento pela tropa legalista.
2. Confronto na cidade de São Paulo.
3. Trincheira na Rua Conselheiro Cispriano com a Avenida São João.
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19 A Revolução
Constitucionalista de 1932
Em 23 de maio de 1932, um protesto na cidade de São Paulo terminou na morte de quatro es-
tudantes: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza
e Antônio Américo Camargo de Andrade, baleados pelas tropas federais. Após este episódio,
foi criado o grupo MMDC (com as iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), que
começou a conspirar contra o governo, articulando com outros grupos políticos o início de
uma revolta. Um quinto estudante baleado naquele protesto – Orlando de Oliveira Alvarenga,
morreu em 12 de agosto.
98
O levante de 09 de julho marcou o início da Revolução
que durou até 02 de outubro de 1932. O movimento foi
liderado por Pedro de Toledo (governador do Estado de
São Paulo); Vespasiano Martins (governador do Estado
de Maracaju – unidade federativa criada no período re-
volucionário, que reclamava o território do Mato Grosso
do Sul); Borges de Medeiros (ex-presidente do Estado do
Rio Grande do Sul); pelos generais Bertoldo Klinger, Isi-
doro Dias Lopes (que havia liderado a Revolução de 1924
e neste período comandava a 2ª Região Militar), Euclides
Figueiredo (pai do ex-presidente João Batista de Oliveira
Figueiredo) e Basílio Taborda; pelo major Ivo Borges (da
Força Aérea Brasileira); e pelos coronéis Herculano de
Carvalho e Silva e Júlio Marcondes César Salgado (ambos
da Força Pública de São Paulo).
Por determinação do General Isidoro, o coronel Euclides Figueiredo assume a 2ª Região Mili-
tar no dia do levante. No Boletim do Exército nº 161, de 09 de julho de 1932 (republicado no
Boletim Interno do HMD nº 160, de 11 de julho de 1932, consta o seguinte registro:
99
Essa mudança no comando também foi noticiada pela Rádio Record, que leu a seguinte nota
dos revolucionários:
“De acordo com a Frente Única Paulista e com a unânime aspiração do povo
de São Paulo e por determinação do General Isidoro Dias Lopes, o coronel
Euclides Figueiredo acaba de assumir o comando da 2ª Região Militar, tendo
como chefe do Estado Maior o coronel Polinécio de Rezende.” 75
O Hospital Militar Divisionário teve uma forte atuação diante da Revolução Constitucionalista
de 1932. No dia 09 de julho, dois militares da instituição foram designados para atuar para a
causa constitucionalista: o 1º Tenente João Vicente Pereira, contador do hospital e o 1º Sargen-
to Manoel Marques da Rocha, almoxarife-pagador, destinados para o Serviço de Intendência
organizado na cidade de Mogi das Cruzes.76
Soldados paulistas e voluntárias da Cruz Vermelha que prestavam apoio aos feridos da Revolução.
A imagem foi utilizada em propaganda para convocação dos adeptos à Revolução de 1932.
Os feridos da revolução foram atendidos no Hospital Militar, sem distinção se esses eram da
causa constitucionalista ou das tropas do governo. No dia 22 de julho, o Diretor do Hospital
Militar Divisionário solicitou à 2ª Região providências a respeito do pagamento do tratamen-
to realizado aos revolucionários baixados, visto que naquele momento faltavam relações da
remessa das unidades, o que poderia dificultar no âmbito administrativo o controle desses
gastos. Em resposta, General Isidoro remete uma mensagem do comandante das tropas re-
volucionárias General Klinger: “Requisitar à Delegacia Fiscal o pagamento, independente de
relação dos Corpos”.77
A Superintendência dos Serviços Auxiliares de Saúde foi criada, com sede no Grupo Escolar
Maria José no bairro da Bela Vista, para dar conta do atendimento aos feridos no combate.
75. Diário de São Paulo, 10 de julho de 1932.
76. Bol Reg nº 161, de 09 de julho de 1932 e Boletim Interno HMD nº 160, de 11 de julho de 1932.
77. Mensagem enviada em 28 de julho de 1932 pelo General Klinger, publicada no Boletim Interno HMD nº 179, de 1º de agosto do mesmo
ano.
100
Esta repartição era responsável por receber os profissionais de saúde voluntários para o atendi-
mento. Diariamente, inúmeros médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos se alistavam e
eram encaminhados ao Hospital Militar Divisionário. Entre esses profissionais, podemos citar
os estudantes de medicina Sérgio Aranha Pereira e Plínio Bove e o massagista Paulo Todal,
que foram destinados para trabalhar no Serviço de Ortopedia. A população também enviava
à Superintendência material hospitalar que seria repassado ao Hospital Militar no Cambuci.
O jornal A Gazeta realizou a campanha “Fones e Fios”, recebendo doação de rádios pela po-
pulação e entregando-os aos revolucionários internados no Hospital Militar. O jornal também
era responsável pela divulgação da lista dos feridos em parceria com as rádios que abrangiam
os locais tomados pela revolução, formando uma rede de notícias revolucionária.
101
A revolução terminou em 02 de outubro de 1932, com a vitória do governo provisório, mas in-
fluiu na convocação da Assembleia Nacional Constituinte realizada em 1933 e na promulgação
da nova Constituição no ano de 1934. O major médico Oscar Pinto de Carvalho, no dia 07 de
outubro de 1932, publicou no Boletim Interno a seguinte mensagem:
“Terminada a luta, que por quase três meses derramou o sangue generoso e
bravo da gente brasileira, semeando dor, luto e sofrimento no solo da Pátria
comum, faz-se mister que todos os brasileiros, esquecendo ódios, ressentimen-
tos e outros sentimentos subalternos, acorram com os melhores de seus esforços,
com a máxima dedicação e sacrifício, a fim de que o Brasil possa restaurar-se
do grande abalo sofrido.
Em agosto de 1967 o hospital foi agraciado com medalha e diploma pela Sociedade dos Vete-
ranos de 32 MMDC. O tenente-coronel médico Dr. José Antônio Cajazeiras, diretor da insti-
tuição no período da Revolução, recebeu homenagem póstuma.
102
GRATIDÃO DO INTERVENTOR
C om a criação do Estado Novo por Getúlio Vargas, o Dr. Adhemar Pereira de Barros foi
nomeado interventor federal do estado de São Paulo, assumindo o cargo em 27 de abril
de 1938.
Em 24 de maio daquele ano, o Hospital Militar Divisionário realizou um almoço com os seus
oficiais em homenagem ao interventor, reunindo importantes autoridades do Exército e do
governo paulista. Estiveram presentes o chefe da Casa Militar do estado de São Paulo major
Menna Barreto; o comandante da 2ª Região Militar general Silva Júnior; o chefe do Estado
Maior da Região coronel Dermeval Peixoto; o auditor de Guerra Dr. Garcia Pires; e o Dr. Isidro
Gonçalves diretor do departamento de municipalidades em representação ao prefeito da cida-
de de São Paulo Prestes Maia. O capitão médico Antônio Muniz de Aragão, no impedimento
do diretor (coronel médico Oscar de Castro Loureiro), realizou um breve discurso em nome
dos oficiais presentes saudando o comandante da 2ª Região e o interventor federal. Em segui-
da, o comandante da 2ª Região Militar fez o seu discurso.
103
20 1942: O Hospital Militar promove
seus primeiros cursos na área de Saúde
N os anos 1940, o Hospital Militar Divisionário ainda não possuía seu Centro de Estudos.
O primeiro Curso de Medicina Militar foi desenvolvido sob as diretrizes da Diretoria de
Saúde, em conjunto com a 2ª Região Militar e a Direção de Saúde Regional. Também foram
realizados cursos voltados para a Farmácia, Odontologia e para o atendimento ao ferido em
combate, com o apoio da 2ª Formação Sanitária Regional, que ministrava as aulas práticas de
saúde em campanha, primeiros socorros, imobilização e transporte dos pacientes para as vo-
luntárias da Cruz Vermelha. O ano de 1942 foi um marco para as primeiras realizações na área
de Ensino e Pesquisa realizado pela instiuição.
Sobre a realização deste curso, o coronel Sampaio Viana relatou à Agência Nacional:
“Preliminarmente, convoquei uma reunião dos diretores das Faculdades Mé-
dicas e presidentes das sociedades científicas desta capital, tendo compareci-
do os professores Benedito Montenegro, diretor da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo; Rubião Meira, presidente da Associação Paulista
de Medicina; José Afonso de Mesquita Sampaio, presidente da Sociedade de
Medicina e Cirurgia de São Paulo; e Álvaro Guimarães Filho, diretor da Escola
Paulista de Medicina, aos quais espus a necessidade de organização, nesta ca-
pital, do “Curso de Medicina Militar para médicos civis” e pedia colaboração
das entidades que representavam. Todos hipotecaram a sua adesão e a formal
promessa de cooperação integral.
104
o curso o tenente-coronel Luiz César de Andrade, atual diretor do Hospital
Militar de São Paulo, tendo designado, também, para secretário-geral o pro-
fessor Ciro de Barros Rezende docente da Faculdade de Medicina e oficial
médico da reserva e o senhor Plínio de Toledo Piza para secretário auxiliar.
O curso foi realizado na sede da Associação Paulista de Medicina, de forma gratuita aos médi-
cos paulistas e teve a duração de dois meses, com três sessões semanais e duas conferências por
sessão. O curso contou com a inscrição de 390 médicos e teve sua abertura realizada no Teatro
Municipal de São Paulo, em uma solenidade que também homenageou o Diretor de Saúde do
Exército, General João Affonso de Souza Ferreira (médico que inaugurou o Hospital Militar
em 1920).
Chegada do Diretor de Saúde, General Souza Ferreira e sua comitiva à cidade de São Paulo, em 29
de outubro de 1942, para participação na abertura do Curso de Medicina Militar.
Reprodução jornal Correio Paulistano. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
105
Programa do Curso de Medicina Militar
I - HIGIENE MILITAR (03 conferências)
1) Higiene militar e midicina militar
- Importância do decurso da história militar.
Cap Med Nelson Soares Pires
- Dever profissional e dever militar.
- Contribuição científica dos médicos militares.
2) Seleção dos contingentes
- Dados biométricos.
- Escolha dos soldados para as diferentes armas.
Ten Med Elias Farah
- Inspeção de saúde: sua contribuição ao aperfeiçoamento da
raça e à saúde pública.
- Destino dos incapazes.
3) Higiene dos acampamentos, acantonamentos, bivaques e
trincheiras. Cap Med Benjamim Rodrigues
- Higiene do campo de batalha.
II - Organização e funcionamento
do Serviço de Saúde em Campanha (09 conferências)
1) Introdução ao estudo do Serviço de Saúde em Campanha.
- Organização geral dos exércitos.
- Grandes unidades. Ten Cel Med Romeiro da Rosa
- Grandes situações táticas.
- Características e desenvolvimentos.
2) Fins do Serviço de Saúde em Campanha.
- Conjunção de elementos táticos e princípios técnicos. Ten Med Abelardo Lobo
- Diretrizes.
3) Princípios Gerais de organização dos serviços de Saúde
Militares. Cap Med Arnaldo Massilac
- Seu dispositivo geral no terreno.
4) Organização em material do Serviço de Saúde Brasileiro
Cel Med Florêncio de Abreu
em Campanha.
5) Organização em pessoal do Serviço de Saúde em
Campanha.
Ten Med Camilo Borges de Castro
- Mobilização do Pessoal de Saúde.
- Subordinação Militar e dependência técnica.
6) Funcionamento do Serviço de Saúde nas fases preliminares
Cap Med José Pio da Rocha
do combate e na ofensiva.
7) Funcionamento do Serviço de Saúde na defensiva e na
Ten Med Abelardo Lobo
manobra em retirada.
8) Articulação do Serviço de Saúde com a defesa passiva das
Cap Med Osvaldo Luiz Rosário
populações civis.
9) Demonstrações de resolução de temas do Serviço de Saúde Cap Med Benedito Mota Mercier
III - PROGRAMA COMPLEMENTAR
1) Agressivos químicos de guerra. Cap Med José de Oliveira Ramos
2) Visitas aos estabelecimentos do Serviço de Saúde Militar e estabelecimentos de saúde civis.
106
3) Demonstrações e trabalhos práticos. Com a colaboração da 2ª
Formação Sanitária Regional
(2ª FSR)
4) Instrução especial constante da leitura e comentário de
tópicos importantes das seguintes obras: RISG (Regulamento
Interno dos Serviços Gerais); RDE (Regulamento Disciplinar do Cap Med Paulo Chaves
Exército); RCont (Regulamento de Continência); e RSS (Regula-
mento do Serviço de Saúde) em tempo de paz.
5) Psicoses de Guerra. Prof. Antônio Carlos Pacheco e
Silva
6) Serviço de Saúde da Força Policial A cargo da Força Pública
7) Serviço de Saúde da Guarda Civil A cargo da Guarda Civil
IV - EPIDEMIOLOGIA MILITAR (07 conferências)
1) Infecções disentericas. Prof. José Afonso de Mesquita
Sampaio
2) Grupo coli-tífico. Prof. Rubião Meira
3) Malária. Prof. Almeida Prado
4) Meningocócias. Prof. Ovídio Pires de Campos
5) Febre Amarela. Prof. Oscar Monteiro de Barros
6) Peste. Prof. Celestino Bourroul
7) Doenças examtemáticas. Maj Med Augusto Marques
Torres
V - CIRURGIA DE GUERRA (teórica e prática)
1) Introdução ao estudo da Cirurgia de Guerra.
- Características e dificuldades.
Prof. Benedito Montenegro
- Agentes vulnerantes bélicos.
- Classificação das feridas de guerra)
2) Organização e repartição do trabalho cirúrgico na Guerra.
Prof. Benedito Montenegro
- Constituição das equipes cirúrgicas
- Casos sobre as suturas e material correspondente
3) Biologia da ferida de guerra. Cap Med Guilherme Hautz
4) Anestesia da ferida de guerra. Dr. Pedro Aires Neto
5) Complicações da ferida de guerra.
Prof. Alípio Correia Neto
(Choque, Tétano e Infecções.)
6) As feridas das partes moles e seu tratamento.
- Condições de realização da sutura primitica.
Prof. Bernardes Oliveira
- Indicações e contra-indicações de ordem técnica e de ordem
militar.
7) Feridas ósseas e articulares.
- Desdobramento do tratamento cirúrgico dentro do dispositivo
Ten Cel Med Marques Porto
geral do Serviço de Saúde
- Tratamento provisório ou aparelhamento de transporte
8) Tratamento ortopédico definitivo das fraturas de guerra. Prof. Godoy Moreira
107
9) O problema da amputação imediata. / Amputações tardias.
- Métodos. Prof. Edmundo Vasconcelos
- Reeducação funcional dos mutilados.
10) Feridos vasculares.
Prof. Sebastião Hermeto Júnior
- Aneurismas arteriais e artério-venosos.
11) Transfusão de sangue em Cirurgia de Guerra.
Ten Med Rui Barbosa de Faria
- Organização e funcionamento de um Serviço Nacional.
12) Tratamento das lesões de tórax. Ten Cel Med Gilberto Fontes
Peixoto
13) Tratamento das lesões traumátivas do abdômen. Prof. Benedito Montenegro
14) Lesões do crânio, ráquis e medula em cirurgia de guerra. Prof. Carlos Gama
15) Queimaduras de guerra. Prof. José Maria de Freitas
16) Tratamento de urgência dos ferimentos órbito-oculares de
Prof. Ciro de Rezende
guerra.
17) Cirurgia plástica aplicada às feridas de Guerra.
- Conceito geral Prof. Antônio Prudente
- Fundamentos
18) Prótese maxilo-facial. Prof. Souza Cunha
19) Localização de corpos estranhos em Cirurgia de Guerra. Prof. Rafael de Barros
A parte prática do módulo de Cirurgia de Guerra, foi realizada com demonstrações em cadáver,
na realização de vias largas de acesso para ligaduras dos troncos vasculares e
de vias de acesso às cavidades, além da demonstração das vísceras principais.
108
Curso de Saúde em Campanha para as
Voluntárias da Cruz Vermelha
O coronel Sampaio Viana, chefe do Serviço de Saúde da 2ª Região Militar, falou à reportagem
da Agência Nacional sobre a participação das voluntárias: “O preparo e dedicação demonstra-
do muito me orgulharam, pois vejo que essas jovens estão cabalmente compenetradas de suas
obrigações e do seu dever para com a pátria”.
Voluntárias da Cruz Vermelha acompanham a instrução de Saúde Militar em Campanha realizado do Hospital Militar. 1942.
Reprodução. Fotos pulicadas no jornal A Manhã (RJ): 1. Em 15/12/1942 / 2. Em 04/10/1942 / 3. Em 19/02/1942.
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
109
21 A 2ª Formação Sanitária Regional
A Formação foi extinta em 1970. Em seu curto período de existência, mudou de denominação
duas vezes: na década de 1940 passou a se chamar 2º Batalhão de Saúde e em 1956 - 2ª Com-
panhia de Intendência de Saúde. O local passou a abrigar a 3ª Companhia do 2º Batalhão de
Guardas (2º BG) que permaneceu até o final dos anos 1980. O local foi cedido para a Compa-
nhia de Guarda da Base Administrativa e Apoio da 2ª Região Militar (Ba Adm Ap/2ªRM) onde
permaneceu até 2005, quando as antigas instalações foram desativadas e demolidas. No local
foram construídos o Hotel de Trânsito do Cambuci e os edifícios residenciais General Meira
Mattos e Tenente Amaro.
110
2ª Formação Sanitária Regional em 1941.
111
112
Turma de médicos e samaritanas da 2ª Formação Sanitária Regional. 1941. 113
O 1º Tenente Médico Rui Barbosa de Faria organiza a ficha biométrica de um soldado
da 2ª Formação Regional, no gabinete de biometria Gen Dr. Álvaro Tourinho.
114
Demonstração de resgate ao militar ferido em campanha. 1941. 115
116
Demonstração de montagem do carrinho padiola. 1941.
117
Gabinete odontológico da 2ª SFR. 1941.
118
Almoxarifado da 2ª SFR. 1941.
Júlio se recordava que enviou duas fotos (acima) para o seu pai. Uma foi enviada ao jornal A
Gazeta, que publicou o registro do breve momento de descontração dos soldados de Saúde na
2ª Guerra em outubro de 1944. A outra, ficou guardada por longos anos e cedidas especialmen-
te para o trabalho de resgate histórico do HMASP.
O pelotão formado pelos militares de Saúde era responsável pelo resgate dos soldados feridos
no combate, caso houvesse a necessidade de resgatar um corpo, existia o “Pelotão de Sepulta-
128
mento” formado pelos militares da arma de Infantaria.
Júlio contou que quando chegaram na Itália, ainda a caminho da tomada de Monte Castelo,
a população local estava traumatizada pela presença dos alemães. Ao ouvirem os ruídos do
carros e das tropas avançando eles gritavam;
Este fato o marcou por entender que os italianos também perceberam que a FEB estava presen-
te para devolver a paz naquele momento.
À direita, o soldado Sebastião Cerrato - morto em combate em 1944. Acima, a descrição “lembrança de Porreta Terme”,
comuna italiana da região de Emilia-Romagna, província de Bolonha. Acervo Pessoal Júlio do Valle.
Sebastião Cerrato foi o único soldado do Corpo de Saúde a morrer em combate. Natural de
Espírito Santo do Pinhal-ES, serviu no mesmo batalhão que Júlio do Valle, em São Paulo, e foi
um dos últimos a incorporar na FEB, pelo 1º Batalhão de Saúde. Cerrato foi designado para
completar a equipe de apoio de saúde, juntamente com o 2º Sargento Francisco Firmino Pi-
nho e os soldados Antônio Durval de Moraes e José Higashino, quando se envolveram em um
acidente automobilístico no Monte della Casellina, na missão de tomada do Monte Castelo.
Sebastião Cerrato morreu em 03 de dezembro de 1944. Seu corpo encontra-se sepultado no
cemitério de Pistoia. O herói tombado foi condecorado com as medalhas Sangue do Brasil,
Cruz de Combatente de 2ª Classe e Medalha de Campanha. Em 15 de março de 1945, foram
concedidos títulos de pensão às irmãs solteiras e maiores de idade de Sebastião Cerrato - Maria
129
e Filomena Cerrato, pagos pelo Estabelecimento de Fundos da 2ª RM.
Nas comemorações do Dia do Soldado do ano de 1948, o 2º Batalhão de Saúde realizou uma
homenagem especial ao pracinha, com a presença do seu pai Carmino Cerrato. O Pavilhão de
Transporte foi batizado com o nome deste soldado de Saúde que morreu nas operações bélicas
de Monte Castelo. No mesmo dia, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Sr.
Mariano Ferraz, realizou uma sessão solene no Salão Roberto Simonsen, em homenagem ao
Dia do Soldado, ao patrono do Exército - Duque de Caxias e em memória ao Soldado Cerrato.
O General de Divisão Renato Paquet, comandante da 2ª Região Militar, compareceu ao evento.
O Hospital Militar organizou uma Junta de Inspeção e de seleção para os convocados à FEB em
1944. Em 1945 construiu pavilhões de atendimento aos militares feridos na 2ª Guerra Mundial.
Em depoimento registrado no livro “História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial -
Tomo 3”, oranizado por Ariclides de Moraes Motta, o ex-combatente Júlio do Valle enfatiza a
coragem do soldado brasileiro na guerra:
“Jamais vi um brasileiro covarde, nunca vi um soldado se recusar a qual-
quer coisa, a ir para uma patrulha, ir para um ataque, ou o que for, pe-
gávamos os feridos onde estivessem. Nunca senti medo em meus compa-
nheiros, porque, às vezes, a gente trocava de padiola, eu nunca ouvi eles
dizerem não, eu não vou, estou com medo, nada disso.”
Durante a Segunda Guerra Mundial, a FEB contabilizou 11.617 baixas na campanha da Itália,
sendo 448 por morte em combate, 8.480 por doenças e os demais feridos em ação ou em aci-
dentes. Oito praças de Saúde faleceram. Cerrato foi o único Soldado de Saúde de São Paulo
morto em campanha.
Símbolo da Força
Expedicionária Brasileira.
Identidade de Guerra do soldado Júlio do Valle, expedido peo Soldado de Saúde presta atendimento
1º Batalhão de Saúde. ao ferido na 2ª Guerra Mundial.
Acervo Pessoal Júlio do Vale.
130
Emocionante reencontro dos soldados do 1º Batalhão de Saúde da Força Expedicionária Brasileira
com os familiares no Rio de Janeiro. 1945.
Dois soldados que viajavam no vagão de segunda classe ficaram feridos e foram encaminhados
à enfermaria do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava. No vagão correio, o soldado Mário
Ovídio Ramos da Silva ficou gravemente ferido e foi encaminhado para o Hospital Militar no
Cambuci. Este é o primeiro registro de um ex-combatente da FEB atendido pelo hospital após
a guerra. Outro soldado que estava no mesmo vagão – José Francisco de Melo, que morava em
Mogi das Cruzes, faleceu no local.80
78.A estação D. Pedro II (RJ) mudou seu nome para Central do Brasil em 1998.
79. As estações Eugênio de Mello e Martins Guimarães ficam no município de São José dos Campos, próximo à estrada velha Rio-SP.
80. Jornal O Dia (PR), edição 6.724, de 26 de julho de 1945.
131
Corpo Clínico do Hospital Militar em 1941.
132 Desfile nas dependências do Hospital Militar. Destaque para o Estado Maior do Hospital. 1956
Parada diária em frente à Casa das Irmãs de Caridade. 1956
H Ge S. Paulo
23 O surgimento de
novas especialidades e serviços
Em 08 de julho de 1955, o Hospital Militar têm a sua denominação alterada para Hospital Ge-
ral de São Paulo, a partir da Portaria nº 284. É a mais longeva fase desde a sua implantação no
bairro do Cambuci. O primeiro diretor da instituição com esta nomenclatura é o tenente co-
ronel médico Dr. Hermes Santos Pimentel, em sua gestão foi criado o serviço de Cardiologia.
Durante a direção do coronel médico Dr. Tito Ascoli de Oliva Maya, foi criado o Centro So-
cial do Hospital Geral de São Paulo (CESO), em 1962; no ano seguinte um novo pavilhão foi
inaugurado, composto pela Clínica Médica, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Ginecologia,
Urologia e Farmácia do ARSE (Anexo Reembolsável de Saúde do Exército). Em 1965 o Serviço
de Arquivo Médico e Estatística (SAME) foi criado.
Ao longo da história, apenas três ex-diretores do Hospital se tornaram Diretor de Saúde, são
eles: General de Brigada Médico Dr. João Affonso de Souza Ferreira (dirigiu o HMSP entre
1920/1921 e 1924/1925 - 16º Diretor de Saúde); General de Divisão Médico Dr. José Vieira Pei-
xoto (dirigiu o HMSP entre 1941/1942 - 19º Diretor de Saúde); e o General de Divisão Médico
Dr. Achiles Paulo Galloti (dirigiu o HMSP entre 1943-1944 - 20º Diretor de Saúde).
136
Hospital Geral de São Paulo nas instalações originais. 1970. 137
24 1956 – Primeira intervenção cirúrgica
de defeito vascular
Esta cirurgia provocou um grande impacto no meio científico e na imprensa, pelo arrojo e pe-
rícia da equipe médica do HGeSP. O paciente, uma criança de quatro anos (filho do 1º sargento
Antônio Geraldo, do Serviço Militar Regional), era portadora de persistência do canal arterial.
A cirurgia correu dentro dos preceitos técnicos, o canal arterial muito curto, apresentava um
centímetro de diâmetro por um centímetro e meio de cumprimento, o que permitia a passa-
gem de grande quantidade de sangue venoso da artéria pulmonar para a aorta e vice-versa,
criando grande débito na nutrição do paciente, acarretando assim atraso acentuado no seu de-
senvolvimento. Não foi possível selecionar o canal arterial, mas foi feita a sua ligadura com três
fios de seda preta nº 1. O paciente apresentou uma boa recuperação. Este tipo de procedimento
foi realizado por mais seis vezes pela mesma equipe, em crianças e adultos portadores de lesões
cardíacas graves, resultando sempre em um grande sucesso.
138
O procedimento foi transmitido ao vivo pela RecordTV. Era a primeira vez na América Latina
que uma cirurgia foi transmitida pela televisão. A emissora utilizou um transmissor reserva,
que do alto do Morro da Pólvora, onde se encontra o hospital, colocou o canal no ar - época em
que não existia tecnologia para os links de reportagem. A narração ficou por conta do principal
apresentador da emissora – Dr. Paulo Planet Buarque, que relembrou o fato:
“Estou honrado com o significativo convite, mas começo por dizer que,
mesmo depondo creio que não lembraria com exatidão todos os detalhes
concernentes àquela que foi, sem dúvida, a primeira transmissão ao vivo,
de uma cirurgia através da televisão, à então Televisão Record, onde eu
trabalhava em transmissões especiais como aquela, além de ser apresenta-
dor de programas de auditório e, ainda, comentarista de futebol da mesma
emissora.
Sei também que a cirurgia foi coroada de sucesso, que o paciente se recu-
perou e que os médicos cirurgiões ficaram, além do mais, particularmente
felizes no saber que, por sua vez era também para eles a primeira oportuni-
dade que podiam mostrar suas habilidades através das imagens! Sei, repito,
que se tratou de um momento muito especial para o jovem, que começava a
sua carreira de homem de televisão, hoje já com oitenta e quatro anos, que
se iniciaram no último dia oito de outubro!
139
Sem dúvida, uma conquista épica, pois nunca, antes, se apresentara através do
vídeo algo semelhante, que fica portanto com o Exército essa glória imensa e,
mais que isso, os meus agradecimentos, claro, que pela oportunidade que me
foi dada pois marco na história da televisão do nosso País! Mais detalhes não
poderia dar senão agradecer, efusivamente, ser lembrado de tantos anos de
algo, que, claro, sempre muito me orgulhou!” 81
81. Depoimento concedido em 05 de outubro de 2010 para o livro “244 anos de Medicina Militar / Hospital Militar de Área de São Paulo 90
anos de história”. Paulo Planet Buarque, advogado e jornalista, atualmente está com 93 anos de idade.
140
No Hospital Geral de São Paulo
o milagre aconteceu
25
nhada para o Serviço de Oftalmologia. Ela ficou cega aos dois anos de idade, após um jato de
areia tê-la deixada cega, com as córneas danificadas entre 60 a 80%. Ela estudava no Instituto
de Cegos Padre Chico e a esperança para recuperar a sua visão estava diante do Hospital do
Exército, devido aos trabalhos iniciados naquele ano do Banco de Olhos.
O coronel médico Dr. José Bresser da Silveira, chefe do Serviço de Oftalmologia, foi o respon-
sável por acompanhar o caso clínico da paciente e por realizar o procedimento cirúrgico. No
centro cirúrgico, além do coronel Silveira, a equipe era formada pelo tenente Dr. José Furman,
também oftalmologista e pelo médico Dr. Otaviano Dias Lopes - médico civil anestesista. As
enfermeiras que cuidaram da paciente foram as religiosas Irmã Inês e Irmã Maria José.
Seis dias após a cirurgia, os médicos acompanhavam atentamente a evolução da menina, que
fluía dentro da normalidade. Passaram-se vinte e cinco dias do procedimento e era chegada a
hora de retirar os pontos. A visão começava a melhorar. A menina que antes estava cega rece-
bia aquele que foi o seu maior presente: enxergar o rosto dos seus pais, o médico que a assistia
atento a cada detalhe, a forma e as cores que antes estavam apenas em sua imaginação.
Este acontecimento se tornou um documentário realizado pela TV Cultura dos Diários Asso-
141
ciados82 transmitido em setembro de 1961. São Paulo acom-
panhava a história como se fosse um capítulo de novela.
Muitas pessoas rezaram para que a menina voltasse a en-
xergar e pela mão do homem, o milagre aconteceu. Emocio-
nados, muitos empresários fizeram doações para a família
daquela menina e para o Instituto Padre Chico.
82. O documentário foi exibido em setembro de 1961 pelas emissoras Cultura 2, TV Itacolomi, TV Tupi Rio e TV Brasíla (todas dos Diários
Associados) e reexibida em outubro daquele ano na Cultura 2, devido à solicitação do público que desejava rever a história, após a grande
repercussão do caso.
83. O oftalmologista Hilton Rocha realizou o primeiro transplante de córnea do Brasil, em 1954, no Hospital São Geraldo do Hospital das
Clínicas da UFMG.
142
Serviço de Olhos
escrito pelo Dr. José Furman
texto extraído da revista “Hospital Geral de São Paulo - Jubileu de Ouro 50º Aniversário”, de 1970.
O enxerto da córnea é uma das maiores conquistas da Cirurgia Oftalmológica. A ideia surgiu
no Século XVIII, não tendo conseguido êxito na época. Somente em 1877, quando Von Hippel
fez trabalhos com córneas de olhos enucleados, alcançou-se o sucesso esperado. Anterior-
mente era usado enxerto heterólogo ou de outras substâncias. Depois dos estudos de Filatow,
em 1922, recomeçou-se a ceratoplastia, devido à possibilidade de uso de córnea de cadáver.
Usamos muito a ceratoplastia em ceratocone, leucomas grandes de córnea, tipos de úlceras,
ou melhor, afecções que comprometam a córnea prejudicando ou impossibilitando a visão do
paciente.
Em dois anos e meio fiz dezenove casos, todos de oito milímetros perfurantes, em ceratocones
com baixa visão (percepção de vultos) sem correlação, pacientes entre 16 e 31 anos, todos com
bons resultados estético e funcional. As intervenções foram realizadas no Hospital do Exército
em São Paulo, Brasil.
Apresento fotografias de um dos casos mais antigos, M.H.S., 20 anos, sexo feminino, cerato-
cone com percepção de vultos em ambos os olhos. Operada Transplante perfurante de oito
meses, mantendo-se até hoje perfeita transparência dando visão de unidade.
Tive vários outros casos em outras afecções da córnea, também publicados, sendo que em um
dos casos foi feito um vídeo tape diretamente do Hospital do Exército, com consentimento do
Diretor do Hospital e Comandante, da época, do II Exército. A operação, e o resultado, foram
divulgados em todo o Brasil pelas Emissoras de Televisão.
Além dos transplantes de córneas, o Dr. José Furman realizou no Hospital Geral de São Paulo
outros importantes trabalhos no campo da Oftalmologia como o desenvolvimento de uma nova
técnica do cristalino (operação de catarata com gelo selo), estudos sobre glaucoma, estrabismo
e assuntos sobre a crio-extração, publicada em congresso sobre “Epicanto com Ptose Palpebral”.
143
26 Acontecimentos do
Hospital Geral de São Paulo
144
Uma onça no porão
Um fato extremamente inusitado tomou conta das rodas de con-
versa e das páginas dos jornais no ano de 1957. Um filhote de onça
resolveu se instalar no porão do Hospital Geral de São Paulo. Nes-
te tempo, havia uma grande concentração de mata, que tornava o
local mais agradável para o felino que rondava a área externa do
HGeSP durante a noite, caçando cães e gatos que encontrava pelo
caminho.
Marechal Albuquerque Lima foi responsável pela construção da atual sede do Círculo Militar
de São Paulo, onde era presidente de honra. Faleceu em 17 de janeiro de 1968 no Hospital
Geral de São Paulo. Seu corpo foi velado na Biblioteca Científica do Pavilhão Cultural da ins-
tituição e sepultado no cemitério São João Batista (Rio de Janeiro-RJ).
Inaugurações Especiais
Durante as comemorações do Dia do Exército
em 1975, o Hospital Geral de São Paulo inaugu-
rou uma série de obras importantes: o Bloco Ci-
rúrgico “Cel Med Dr. José de Oliveira Ramos”
onde ficava a enfermaria de oficiais e depen-
dentes, as novas instalações do pavilhão “Ma-
rechal Dr. Emmanuel Marques Porto” destina-
da aos ex-combatentes da Força Expedicionária
Brasileira, e a casa de força com a iluminação
externa a mercúrio.
145
27
Casa das Irmãs
2º Batalhão de Caridade
de Saúde
Seção de Manutenção
e Transporte
10ª Enfermaria
Isolamento
8ª Enfermaria
Venéreos
Ambulatório
Sala de recuperação
dos Sargentos
6ª Enfermaria
Clínica Geral
Farmácia
Alojamento do ARSE
Rouparia Oficiais e Sgt
Almoxarifado
Prótese
Pavilhão de Contingente Sanitários Dentária
Neuropsiquiatria
Junta Militar
de Saúde
Entrada
Ari Cajado
146
O Hospital Geral de São Paulo
no seu cinquentenário
Pátio Interno /
Heliponto
Lavanderia
Cantina
Laboratório de
Gabinete de Análises Clínicas
Raio X
3ª Enfermaria
Cirurgia
Aprovisionamento /
4ª Enfermaria Refeitórios
Ortopedia
1ª e 2ª Enfermarias
Otorrinolaringologia
SAME
Enf. de Oficiais (Sup.)
Centro de Estudos (Inf.)
Maternidade (Sup.) Portaria Geral
Administração (Inf.)
Dependências do Hospital Geral de São Paulo em 1970. Fonte: Revista “Jubileu de Ouro - 50º Aniversário” 147
Clínica Cirúrgica
Centro Cirúrgico do
Hospital Geral de São
Paulo em 1970.
1ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OFTALMOLOGIA
Funcionava sob a supervisão dos oftalmologistas Dr. José Furman e sua equipe composta pelos
médicos Constantino Szymanski, José Francisco Gomes Ribeiro e Jorge Prado Homsi. Esta
equipe realizava técnicas avançadas em córnea, crio extração do cristalino, transplantes de
córnea e pesquisas relacionadas à inclusão da dentina em córnea de coelho, crio-ciclo-coagu-
lação, etc.
2ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA
Era chefiada pelo capitão médico Dr. Marcílio da Silva Prôa. No ano de 1968, iniciou a realiza-
ção da cirurgia da stapedectomia para tratamento da surdez. A equipe contava com a contri-
buição do médico Dr. Arno Ruy Fisher.
3ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DOS PRAÇAS INTERNOS
Era chefiada pelo capitão médico Dr. José Justo Lanna de Souza, auxiliado pela equipe do mé-
dico Dr. Akiyhiro Tukiama. Era o pavilhão com a maior concentração de cirurgias do hospital.
148
4ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
O serviço era supervisionado pelos capitães médicos Dr. José Ribeiro Farias de Albuquerque
e Dr. Manoel Francisto Martis, a equipe contava ainda com o primeiro sargento massagista
Bruno Fraçon, o segundo sargento auxiliar de cirurgia Laert Gonçanves Barbosa, a enfermeira
civil Maria de Lourdes Feijó e as serventes Elvira Miguel e Herondina.
9ª ENFERMARIA
SERVIÇO DESTINADO AOS OFICIAIS E DEPENDENTES
Era chefiado pelo major médico Dr. Aubri João Batista Amprino. Era uma clínica cirúrgica
voltada para diversas especialidades, com exceção da otorrinolaringologia e da oftalmologia,
que atendiam exclusivamente em suas respectivas enfermarias.
11ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA
Era chefiado pelo major médico Dr. Justo Claret Nogueira. Prestava assistência às parturentes
e às pacientes portadoras de afecções ginecológicas atendidas pelo Serviço de Ambulatório.
Em 1967 foi realizada a primeira aplicação de enxerto autógeno-autoplástico pelo capitão mé-
dico Dr. José Justo Lanna de Souza e também foi realizada uma estapedectomia e timpanoplas-
tia pelo capitão médico Dr. Marcílio Silva Proa, procedimentos inéditos na medicina militar
brasileira, por ocasião de um grave acidente de instrução envolvendo alunos do Centro de
Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR-SP).
149
Centro de Estudos
P arte do sucesso do Hospital Geral de São Paulo diante das cirurgias realizadas, pode estar
relacionado com a inauguração do Centro de Estudos, ocorrido em 15 de março de 1958,
que possibilitou à instituição discutir os casos e buscar soluções a partir da pesquisa científica,
proporcionando uma maior eficácia do atendimento médico.
A sessão inaugural do Centro de Estudos contou com a presença do Diretor - coronel médico
Dr. José de Oliveira Ramos, do chefe de Saúde Regional da 2ª Região Militar coronel médico
Dr. Carlos de Paula Chaves, do Prof. Dr. Edgard Braga e de todos os oficiais médicos, dentistas
e farmacêuticos do Hospital Geral de São Paulo. O primeiro debate ocorrido naquela ocasião
foi apresentado pelo chefe dos serviços de Ginecologia e Obstetrícia – capitão médico Bene-
dito Homero Aquino Marques, relatando o seguinte caso: “prenhez tópico com abortamento
incompleto acompanhado de prenhez tubária rota com processo inflamatório de falópio direi-
ta, ovário direito e extremidade livre do apêndice vermiforme” – amplamente discutido pelos
oficiais médicos Edgard Braga Filho, Homero Camargo e Carlos Cozzupollite.
O Centro de Estudos foi criado com o intuito de promover o desenvolvimento científico e cul-
tural dos oficiais. Atualmente é responsável pela organização de cursos de aprimoramento das
áreas técnicas e dos serviços de atendimento aos usuários do HMASP.
Em 31 de março de 1967, foi criado o Pavilhão Cultural do Hospital Geral de São Paulo, com
o objetivo de desenvolvimento da ciência médica. O pavilhão era dotado por uma biblioteca
científica e foi batizada com o nome do General de Divisão Médico Dr. Olívio Vieira Filho,
Diretor de Saúde na época. Também era composto por um auditório com capacidade para 130
ouvintes.
Em 05 de julho de 1968, foi criado o Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental. A data foi
escolhida por ocasião do aniversário de 50 anos da inauguração da pedra fundamental do
Hospital Militar no Cambuci.
General Oscar Lopes da Silva, comandante da 2ª O coronel médico Aquino Marques, diretor do HGeSP, discursa durante
Região Militar, assina o pergaminho de inauguração o evento de inauguração do Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental.
do Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental. 1968.
1968.
150
Como funcionavam as Enfermarias
do HGeSP até 1982
1ª e 2ª Enfermaria
Cabos e Soldados com problemas oftalmológicos e otorrinolaringológicos - atendimento tam-
bém aos dependentes de militares e pensionistas, possuindo um pequeno Centro Cirúrgico
destinado aos casos de Otorrinolaringologia.
3ª Enfermaria
Cabos e Soldados baixados para casos cirúrgicos - possuía também um pequeno Centro Ci-
rúrgico. Caso houvesse a necessidade de realizar uma cirurgia de porte maior, o paciente era
destinado à 11ª Enfermaria que possuía mais recursos.
4ª Enfermaria
Cabos e Soldados baixados com problemas ortopédicos e traumatológicos. Os casos mais gra-
ves eram encaminhados para a 11ª Enfermaria.
5ª Enfermaria
Subtenentes e Sargentos internados em observação pela Clínica Médica ou para tratamento.
6ª Enfermaria
Cabos e Soldados internados em observação pela Clínica Médica ou para tratamento.
7ª Enfermaria
Funcionava o xadrez do HGeSP, que foi desativado durante a direção do coronel médico Dr.
Aroldo Taranto Reis.
8ª e 10ª Enfermaria
Cabos e Soldados internados com doença infecto-contagiosa.
9ª e 11ª Enfermaria
Maternidade e Centro Cirúrgico principal. Também possuía salas para exames, apartamentos
individuais e uma enfermaria masculina para recuperação pós-cirúrgica.
12ª Enfermaria
Destinada aos ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) portadores de enfer-
midades e destinada como asilo para os desagregados da família.
13ª Enfermaria
Destinada para os casos psiquiátricos ou neurológicos. Nos casos mais graves, os pacientes
eram transferidos para o PNP do Hospital Central do Exército (Rio de Janeiro-RJ) ou para
outro hospital conveniado ao Exército.
151
Maternidade
Dona Laura do Amaral Lott
Com o apoio do Comando da 2ª Região Militar, a execução deste empreendimento foi reali-
zado pelo Serviço de Obras Regional, sendo inaugurado em 11 de dezembro de 1950, sobre a
ala direira do Pavilhão A. A Maternidade passou a se chamar “Dona Laura do Amaral Lott”,
em reconhecimento ao apoio do então comandante da 2ª RM. O primeiro chefe a assumir o
serviço foi o capitão médico Dr. João Fernandes Batista Lannes.
A Maternidade Dona Laura do Amaral Lott funcionou nestas instalações até a segunda metade
da década de 1970.
152
Centro Social do Hospital Geral de São Paulo
(CESO)
O Centro Social do Hospital Geral de São Paulo (CESO) foi uma entidade criada em 1962
na direção do coronel médico Dr. Tito Ascoli de Oliveira Maya. Tinha como objetivo
prestar apoio aos colaboradores e pacientes a partir da gestão de uma série de serviços na ins-
tituição. Seu portfólio era composto por:
FARMÁCIA DO ARSE
A Farmácia do ARSE (Anexo Reembolsável de Saúde do Exército) realizava a venda de medi-
camentos produzidos pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) para os
pacientes e servidores a baixo custo, tornando mais acessível o tratamento.
CANTINA
No início dos anos 1970, a cantina deixou de ser arrendada e passou a ser administrada pelo
CESO, responsável pela sua reforma naquela época. O lucro obtido era revertido para o hos-
pital.
LAVANDERIA
A Lavanderia atendia às demandas do Hospital e também prestava apoio às outras Organi-
zações Militares, com o repasse de recurso dessas unidades. Em outubro de 1967, alcançou a
marca de 7.700 peças lavadas.
153
Imagens do aniversário do HGeSP
há 50 anos
Inauguração do retrato
do Diretor de Saúde.
1970.
General Olívio Vieira Filho (Diretor de Saúde) e General Solenidade de aniversário dos 50 anos do
Oscar Lopes da Silva (Comandante da 2ª Região Militar). Hospital Geral de São Paulo. 1970.
1970.
Cerimônia realizada no Centro de Estudos. 1970. Almoço realizado no Cassino dos Oficiais. 1970.
154
Interior da Farmácia Hospitalar. 1970.
155
28 Incêndio do Edifício Joelma:
a operação de resgate do HGeSP
156
manhã. Os resgatados eram levados para o heliponto da Câmara Municipal de São Paulo, que
foi utilizado como base, onde outros dois helicópteros disponibilizados pelas empresas Pirelli
- comandado pelo piloto Carlos Alberto Alves, e pela Indústria de Papel Simão (atual Votoran-
tim Celulose e Papel) - comandado pelo coronel R1 Telmo, com uma equipe médica do HGeSP
em cada um dos aparelhos, realizava o translado das vítimas até o Cambuci.
A farmácia ficou responsável pelo controle dos medicamentos utilizados durante a operação. A
equipe da portaria era responsável pela identificação das vítimas que foram atendidas e inter-
nadas no HGeSP. A equipe da secretaria era responsável pelo suporte documental em caráter
de urgência. As Irmãs de Caridade, liderada pela Irmã Superior Mafalda Prestes, realizava o
serviço religioso e uma equipe foi montada para receber as bolsas de sangue fornecidas pela
Colsan.
Neste 1º de fevereiro, a Operação Joelma contou com uma equipe formada por 118 pessoas -
civis e militares, composta pelo corpo clínico,
pelo serviço de aprovisionamento (responsá-
vel pelo preparo da dieta prescrita às vítimas
internadas) e pelo pessoal administrativo; por
cirurgiões plásticos do Hospital dos Defeitos
da Face (atual Hospital da Cruz Vermelha Bra-
sileira), por enfermeiros voluntários que traba-
lhavam no Hospital Cruz Azul e no Hospital
do Servidor Público, pelas Irmãs de Caridade e
por militares do 2º Batalhão de Guardas e do 2º
Batalhão de Polícia do Exército, que realizavam
157
o apoio de segurança naquela ocasião.
Dezenove vítimas do Joelma foram transportadas por helicóptero e atendidas pelo HGeSP.
O soldado Cid Dias Vieira, do 2º Grupamento de Artilharia Anti Aérea, sofreu queimaduras
de primeiro grau na região dorsal e na planta dos pés, além de algumas escoriações durante a
operação de resgate do Joelma e foi transportado por ambulância. Este é o único registro de um
militar do Exército ferido naquela ocasião.
Marilúcia Moreira da Silva e Marta Aparecida Siqueira Souza, ambas de 19 anos, chegaram
de helicóptero ao hospital e se encontravam em parada cardiorrespiratória. A equipe médica
tentou ressuscitá-las por mais de 45 minutos, sem sucesso. Seus corpos foram encaminhados
para o Instituto Médico Legal. As demais vítimas permaneceram internadas no Hospital Geral
de São Paulo até o restabelecimento de sua saúde. O incêndio do Joelma provocou a morte de
187 pessoas e deixou 300 feridos.
158
EQUIPE DE PRONTIDÃO NA “OPERAÇÃO JOELMA” - 01/02/1974
MÉDICOS DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
Coronel Médico Major Médico
Dr. Benedito Homero Aquino Dr. Gilvan de Moraes Pessoa
Marques Clínico Geral
Cirurgião e Diretor do HGeSP
Major Médico Major Médico
Dr. Remígio Loureiro da Silva Dr. Ronald Martins
Cardiologista Tisiologista e Dermatologista
Capitão Médico Capitão Médico
Dr. José Justo Lanna de Souza Dr. Argos Aécio Procopiak
Cirurgião Anestesiologista
Primeiro Tenente Primeiro Tenente
Dr. Luiz Carlos Viola da Silveira Dr. Emmanuel Antunes de Almeida
Urologista Mendes
Cirurgião
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. José Henrique Scabello Dr. Luiz Carlos Criado
Anestesiologista Oftalmologista
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. Alexandre Adauto Saqui Arndt Dr. Plínio Pereira Marques Garcia
Radiologista Neurologista
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. Marcelo Zugaib Dr. Octavio Rizzi Coelho
Clínico Geral e Ginecologista Cardiologista
Apirante a Oficial Médico Civil
Dr. lapércio Gomes de Matos Dr. Sergio Mauro Sana
Anestesiologista Cirurgião Ortopedista
CIRURGIÕES PLÁSTICOS DO
HOSPITAL DOS DEFEITOS DA FACE
Dr. José Antônio Veloso Bastos Dr. Francisco Chagas Ley
Dra. Maria Aparecida Carminha e
Costa
ENFERMEIRAS VOLUNTÁRIAS
Eliza Bela de Jesus Gildávia Maria dos Santos
Hospital Cruz Azul Hospital Cruz Azul
Maria Isabel Nogueira
Hospital do Servidor Público
SUBTENENTES E SARGENTOS DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
Subtenente 1º Sargento
Antônio Heleno Bruno Fraçon
1º Sargento 2º Sargento
Gil Fagundes Laert Gonçalves Barbosa
2º Sargento 2º Sargento
Adhemar José do Valle Merildo Pereira de Farias
2º Sargento 2º Sargento
Romeu Gibson de Mendonça Adilson de Oliveira Pinheiro
159
3º Sargento 3º Sargento
Orozimbo de Oliveira Ivo dos Santos Souza
3º Sargento 3º Sargento
Gladstone de Lucena Tavares Antônio Luiz Soares
3º Sargento
Hélio Lopes da Silva
FUNCIONÁRIOS CIVIS DO SERVIÇO DE APROVISIONAMENTO
QUE AUXILIARAM NA PARTE DIETÉTICA PRESCRITA ÀS VÍTIMAS INTERNADAS
Ary Ubaldo da Costa Antônio Carlos de Oliveira
Sebastião Ferreira da Silva Paulo Músico
Jovelino Gonçalves Henrique Firmino Campos
João Sabino da Silva José dos Santos Cardoso
João Batista Ferreira Arlindo Alves da Costa
SECRETARIA DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
2º Tenente QOE 2º Sargento
José Wellington Freire Neme de Oliveira Sardim
2º Sargento 3º Sargento
Galdino Rodrigues de Araújo Abdo Jorge Hatene
Cabo Servidor Civil
Antônio Tadeu Vasconcelos Campos Antônio Branko Troja
Servidora Civil
Sebastiana da Paz
MILITARES DO 2º BATALHÃO DE GUARDAS
QUE REALIZARAM A SEGURANÇA
Capitão Subtenente
Aroldo Benedicto de Faria Cursino Heitor Marques Fontes
1º Sargento 2º Sargento
Narley de Almeida Alfaro Gilberto de Oliveira Lima
2º Sargento 2º Sargento
Gilberto de Oliveira Lima Jicto Bezerra dos Santos
2º Sargento 3º Sargento
Gumercindo Ferreira Galvão José Roberto Pereira da Silva
3º Sargento 3º Sargento
José Guilherme Colombo José Osvaldo Trindade
3º Sargento 3º Sargento
Albino Rocha Martins Filho Leovaldo Luiz da Costa e Silva
Cabo Cabo
Francisco Santos Nascimento Jair Moreira
Cabo Cabo
Claudionor Alves Izidoro Alsergio Forner
Cabo Cabo
Joaquim Agnelo Cordeiro Alair Fernandes
Cabo Cabo
José Gonçalves Filho Almírio Goedert
Cabo Cabo
Carlos Antônio Pádua Geraldo Pedro Silva Filho
160
Cabo Cabo
José Roberto Cavalcante Euclydes Dyna Filho
Soldado Soldado
José Pedro Pedace Belmar Valério da Silva
Soldado Soldado
Benedito José Rocha Santos Fernando Ferreira Leite
Soldado Soldado
Clóvis Lopes da Silva Gérson Lobo da Silva
Soldado Soldado
Jorge Henrique da Silva Brito Rafael Sans Veiga
Soldado Soldado
Reginaldo Garcez Novaes Bastos Roberto Diniz
Soldado Soldado
Rubens Frank Negri Waldir Machado
Soldado Soldado
José Anastácio Ferreira Roberto Januário
Soldado Soldado
Adauto Gonçalves Clóvis Maria Amélia
Soldado
Seimo Constantino Walcow
MILITARES DO 2º BATALHÃO DE POLÍCIA DO EXÉRCITO
QUE REALIZARAM A SEGURANÇA
Cabo Cabo
Geraldo Pedro dos Santos Filho Gilberto Vestino
Cabo Soldado
Einstein de Jesus Teixeira da Costa Carlos Tadeu de Campos
Soldado Soldado
Zilton Jacinto Gomes Epifanio de Moura Castro
Soldado Soldado
Mario Luiz Garcia Messias Roberto Magno Forlan
Soldado
Reinaldo Garcez Novaes Bastos
FUNCIONÁRIAS CIVIS QUE PERMANECERAM DE PLANTÃO
EM 1º DE FEVEREIRO DE 1974
Ruth Magalhães Nicolina Ferrete
Carmen Gutierre Cleusa Ytuko Amamura
Dorotéa de Andrade Maria dos Anjos
Isabel Candido da Silva Carolina M. Catardo
IRMÃS DE CARIDADE QUE REALIZARAM ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
ÀS VÍTIMAS DO EDIFÍCIO JOELMA
Irmã Mafalda Prestes Irmã Joaquina Santiago
Irmã Superiora
Irmã Francisca Martins Irmã Maria Socorro Sampaio
Irmã Francisca da Costa Contigo Irmã Anes de Bertolli
Irmã Maria Augusta Irmã de Angeli (Irmã Gabriela)
161
162
163
164
165
166
Último registro da antiga frente do HGeSP antes da demolição. Registro de 1986. 167
168 Sala da Chefia da Enfermagem em 1986.
Corredor da enfermaria da Pediatria e da enfermaria dos homens em 1986. Esta construção ganhou o apelido de “Hospital de Madeira” 169
devido ao assoalho e os seus estalos característicos ouvidos por quem caminhava sobre ele.
Enfermaria dos Oficiais e Dependentes.
Bloco Cirúrgico “Cel Med Dr. José de Oliveira Ramos”. 1986.
Enfermaria dos ex-combatentes da FEB (12ª Enfermaria) - Pavilhão “Marechal Dr. Emmanuel Marques Porto”. 1986. 171
Antigo Contingente antes da demolição. 1984.
Para o HCE, o recurso foi alocado para a construção do laboratório e para a reforma dos
pavilhões, da cozinha e dos refeitórios. Para o Hospital Geral de São Paulo, foi possibilitada
a construção do Ambulatório, além da construção do prédio do Aprovisionamento, que foi
inaugurado em 21 de fevereiro de 1981. Essa mudança de planos culminou na implantação da
primeira fase da construção do novo hospital.
174
O ambulatório, com entrada pela Rua Ouvidor
Portugal, ocuparia uma região do Hospital que
era uma área verde preservada desde 1920, desti-
nada para o plantio de hortaliças nos anos 1950,
denominada de Granja Tenente Veiga. A orga-
nização do projeto de implantação por módulos
facilitou para que a conclusão do novo hospital
fosse mais célere.
175
Anteprojeto do Hospital Geral de São Paulo inaugurado em sessão solene em 1978.
O anteprojeto assinado pelos arquitetos Antônio José Monteiro Filho e Antônio Camionotto,
foi inaugurado em 1978 em sessão solene presidida pelo diretor do Hospital Geral de São Pau-
lo, coronel médico Dr. Benedito Homero Aquino Marques. Este ousado projeto esbarrou na
necessidade de desativar o hospital por um longo período. A construção se concentraria no
espaço onde atualmente abriga o pavilhão de internação e industrial, a entrada principal ficaria
voltada para a Rua Ouvidor Portugal.
Enfim, o projeto assinado pelos arquitetos João Carlos Bross, Altino Mário dos Santos, Ricardo
Júlio Leitner e Arnaldo Villares de Oliveira foi o mais adequado, por possibilitar uma execu-
ção gradativa, provocando um menor impacto sobre a desativação dos pavilhões do Hospital.
Neste projeto, as salas do Centro Cirúrgico possui uma disposição circular similar ao modelo
construído no hospital militar americano Walter Reed Army Medical Center (Washington D.C.).
176
Conta ainda o Bloco de Internação com um andar mecânico onde se loca-
lizam a Hotelaria, a Central Telefônica e o Setor de Pessoal. Este andar é
também o meio de circulação de material entre o Bloco Industrial e o Ambu-
latório/Internação. Assim toda a movimentação de materiais são realizadas
por este pavimento, sem cruzar com os pacientes ou os visitantes. Para a cir-
culação vertical existem duas prumadas distintas, ou seja, para pacientes e
visitantes e para o pessoal e material.
177
O Hospital foi construído em três blocos unidos por corredores centrais:
Em 1986, a área externa do HGeSP era composto por um amplo estacionamento, heliponto,
garagem, Contingente, Corpo da Guarda, barbearia, ponto de táxi, rancho, reserva de arma-
mento, playground, subtenência, gruta e pela Casa de Hóspedes.
178
Servidoras civis caminham pela alameda próxima à pérgola. Detalhe para a sede original antes da demolição (à direita). 1986. 179
180 Revista a tropa durante a cerimônia de passagem de Direção do HGeSP, do General Fayad ao Coronel Ubiratan. 1994.
181
182
Cerimônia de passagem de Direção. 1991. 183
184
Heliponto do Hospital. Na ocasião, ocorria uma obra de perfuração de um poço artesiano. 1992. 185
186
Corpo Clínico do Hospital Geral de São Paulo. 2000. 187
Acervo pessoal: 1º Ten R/2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski
30 A evolução do
Hospital Geral de São Paulo
188
Em 31 de março de 1994, o diretor do HGeSP Dr. Ricardo Agnese Fayad alcança o posto de ge-
neral de brigada médico, tornando-se o primeiro a oficial general a dirigir o hospital (por um
curto período), passando a direção para o coronel médico Ubiratan da Rocha Freitas, no dia
27 de abril daquele ano. No último mês de sua administração, homenageia a família Mofarrej,
batizando o Centro de Estudos com o nome do empresário libanês Nassib Mofarrej e de sua
esposa Helena Sayeg Mofarrej.
Cesárea realizada na maternidade do Hospital Geral de São Paulo. À esquerda Ten Denise e à direita Ten Leryane. 2001.
Acervo pessoal: 1º Ten R/2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski
189
Em 1997, o HGeSP realiza em caráter iné-
dito no âmbito do Exército Brasileiro a ci-
rurgia de videolaparoscopia, pelo major
médico Marcelo Paiva de Oliveira. Poste-
riormente este procedimento cirúrgico co-
meça a ser realizado no Hospital Central do
Exército (HCE), no Rio de Janeiro.
190
Na gestão do tenente coronel médico
Dr. Antônio Júlio Soares da Costa foi
criado o Posto de Vacinação do Hos-
pital Geral de São Paulo, em parceria
com a Secretaria de Saúde da Prefeitura
de São Paulo. Este posto possui gran-
de relevância por realizar a imunização
dos militares de São Paulo que são des-
tinados para missões no Exterior além
de atender a população civil que reside
próximo ao hospital. As doses são for-
necidas pela Prefeitura de São Paulo e o
posto é administrado pelo HGeSP.
Campanha de vacinação.
No ano de 2003, durante a administração do coronel médico QEMA Dr. Adamastor Dias Ma-
tos, o hospital começa a participar do programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar
(CQH) da Associação Paulista de Medicina (APM), possibilitando comparar seus resultados
com os principais hospitais paulistas, a partir da estatística hospitalar. Este período também
é marcado pela implementação do Programa de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro
(PEG-EB) e pela retomada das grandes cirurgias cardíacas, iniciadas em maio 2004. Foram
realizadas 36 cirurgias cardíacas (entre revascularização do miocárdio e cirurgias para corre-
ção de valvopatia), além de quarenta implantes de marcapasso. As cirurgias eram coordenadas
pelo chefe do Serviço de Cardiologia, tenente coronel médico Dr. Fernando Moreira Mesquita
e foram realizadas pelo médico civil convidado Dr. Luiz Boro Puig, doutor em Cirurgia Cardí-
aca pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (como cirurgião responsável),
contando com os trabalhos dos médicos Dr. Carlos Eduardo Tossunian e Dr. Fábio Antônio
Gaiotto em sua equipe. Esses procedimentos cirúrgicos foram realizados até janeiro de 2006.
Em 2005, durante a gestão do coronel médico Dr. Sidney Gomes, o Hospital Geral de São Pau-
lo consolida o PEG-EB a partir dos trabalhos realizados pelo Núcleo de Excelência Gerencial
(coordenado pelo tenente coronel farmacêutico Jorge Luiz Barbosa da Silva), da mensuração
dos resultados administrativos a partir do Escritório de Projetos (liderado pela servidora civil
Solange Gomes dos Santos) e dos resultados técnicos a partir do Setor de Estatísticas (chefiado
pela capitão QCO veterinária Liliana Elias Cardoso. O serviço de Aprovisionamento passa por
uma reestruturação técnica e administrativa com a chegada do capitão intendente Luiz Carlos
de Souza Fonseca Filho, introduzindo métodos eficazes de segurança alimentar, incluindo a
capacitação profissional dos servidores civis e militares lotados no setor. O setor de Almoxa-
rifado, sob a administração do mesmo capitão intendente, aprimora seus padrões logísticos e
de catalogação, tornando-se mais eficaz no atendimento às demandas hospitalares e cirúrgicas.
As melhorias do hospital catalogadas entre os anos de 2003 a 2006, apresentadas à equipe do
Instituto Instituto Paulista de Excelência da Gestão (IPEG) foram: a adesão e criação do Con-
trole de Qualidade Hospitalar (CQH), criação do Setor de Controle Estatístico, parcerias com
a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), criação da intranet do HGeSP, mudança
de localização da Ouvidoria, da Clínica Cardíaca, do Grupo Obesidade, da Cantina do Am-
191
bulatório, da Central de Entrega de Exames, da Central de Impressão e o Credenciamento do
Laboratório de Análises Clínicas (LAC) no sistema de Controle de Qualidade - CNPQ, com o
grau “Excelente”.
O IPEG conferiu o Prêmio Paulista da Qualidade da Gestão (PPQG) Categoria Bronze, referen-
te aos ciclos 2005/2006 ao HGeSP, adotando os seguintes quesitos como critério de avaliação:
Liderança; Estratégias e Planos; Ciências; Sociedade; Informações e Conhecimento; Pessoas;
Processos; e Resultados. Este período também é marcado pelo hospital ter se tornado referên-
cia em cirurgias traumato-ortopédicas e pela disponibilidade de realizar cirurgias de mão.
O HGeSP, recebe o Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão - categoria bronze 2005/2006, em 2006. (Da esquerda para direita) Coronel
Médico Dr. Sidney Gomes, diretor do HGeSP; Servidora Civil Solange Gomes dos Santos, do Escritório de Projetos do HGeSP; e General de
Divisão Sérgio Luiz Vaz da Silva, comandante da 2ª Região Militar. Acervo: IPEG - Instituto Paulista de Excelência da Gestão
Este período da última direção da fase HGeSP, administrado pelo coronel médico Dr. Fernan-
do Storte, foi marcado pelo compromisso com o meio ambiente - a área verde do Complexo
Cambuci foi recuperada, com o plantio de três mil mudas de árvores de espécie nativas (2008).
Um minucioso trabalho de mapeamento das espécies de aves e das árvores e plantas existen-
tes na área verde do HGeSP foi realizado pelo coronel farmacêutico Mário Sérgio Olyntho.
As instalações do hospital se tornavam mais agradáveis aos usuários, dentro da política de
humanização do atendimento. As Juntas de Inspeção de Saúde, a Odontoclínica, o Serviço de
192
Diagnóstico por Imagem, o consultório de Ginecologia e os apartamentos da Unidade de In-
ternação foram modernizados, proporcionando maior conforto para os pacientes.
O Hospital Geral de São Paulo gradativamente se preparava para um novo desafio que se inicia
a partir de 1º de janeiro de 2010 - quando se torna o Hospital Militar de Área de São Paulo
(HMASP).
Incorporação de Soldados
193
Em 02 de agosto de 2004 o Hospi-
tal Geral de São Paulo teve a incor-
poração de um grupamento espe-
cial, do Programa Soldado Cidadão.
Além dos 34 soldados incorporados
tradicionalmente para o efetivo do
grupamento B, mais 50 militares
integraram o grupamento C. Nesta
época, parte da instrução era reali-
zada na Base Administrativa e Apoio
da 2ª RM, que ocupava as instala-
Grupamento B e C/2004 no período de instrução básica. Setembro/2004.
ções construídas na década de 1930,
localizada aos fundos do HGeSP. O
último grupamento a frequentar este
local foi o B/2005. Posteriormente
essas edificações foram demolidas,
dando espaço conjunto de torres re-
sidenciais (PNR) e ao Hotel de Trân-
sito do Forte Cambuci.
194
A missão de paz da ONU no Haiti
31
A Missão de Paz da ONU no Haiti teve por finalidade restabelecer a ordem naquele país,
que passava por uma grave crise institucional, de segurança e alta condição de vulnerabi-
lidade social. O presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide havia sido deposto em 29 de agosto
de 2004 e exilado na República Centro-Africana. No dia 10 de setembro, o Conselho de Segu-
rança das Nações Unidas (CSONU) a partir da resolução nº 1542, cria a MINUSTAH (sigla
em francês para Mission des Nations Unies pour La Stabilisation en Haïti – Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti), com a finalidade de estabilizar e pacificar o país, desar-
mando os grupos guerrilheiros e rebeldes, além de fornecer alimento à população, formar o
desenvolvimento institucional e econômico e finalmente restaurar a democracia.
A primeira participação do Hospital Geral de São Paulo (HGeSP) na Missão de Paz ocorre no
segundo semestre de 2004, quando foi iniciado o processo seletivo para composição da Briga-
da Haiti que substituiria o primeiro contingente formado por militares do Rio Grande do Sul.
O segundo contingente era composto por militares do estado de São Paulo, organizado pela
12ª Brigada de Infantaria Leve – Aeromóvel.
195
Os voluntários de Saúde oriundos do HGeSP que participaram do segundo contingente da
Força de Paz foram: o major médico Carlos Eduardo Parra (cirurgião vascular, que participou
da Missão de Paz no Timor Leste em 2000); os capitães Dr. Daniel Gustavo Souza Barreto
(dentista), Odorico José Nogueira (bioquímico farmacêutico) e Dr. Luiz Carlos Burgarelli (mé-
dico especialista em Medicina Esportiva); o primeiro tenente médico temporário Dr. Marcelo
Tinliong Chen (ortopedista); os segundos tenentes médicos temporários Dr. Marcelo Talasso
Salim (cirurgião geral), Dr. Ricardo Del Manto (cirurgião geral) e Dr. Iversen Ferrante Boscoli
(cirurgião geral); e o segundo sargento de Saúde e Apoio Fernando José Berteles (técnico em
radiologia). Em outubro daquele ano, o efetivo iniciou os treinamentos no 6º Batalhão de In-
fantaria Leve, em Caçapava-SP.
Esta também é a primeira vez que o HGeSP realizou uma grande campanha de imunização do
efetivo para a missão de paz da ONU no Haiti. Foram aplicadas 8.210 vacinas, imunizando 980
militares contra o tétano, difteria, sarampo, caxumba, rubéola, hepatite tipo A e B, febre tifoide,
febre amarela, meningite A-C e sabin. A ação foi coordenada pelo capitão QCO enfermeiro
Maximiliano Seragioli Maimoni.
196
sendo substituídos pelos militares do Rio de Janeiro posteriormente (3º Contingente).
O hospital marcou presença na MINUSTAH em outras ocasiões. Seja no preparo da tropa, re-
alizando inspeção de saúde - incluindo exames laboratoriais, de imagem, avaliação psicológica
e imunização dos militares. O militar com maior número de participação na Missão de Paz no
Haiti é o coronel médico Carlos Eduardo Parra, que além da participação no ano de 2004 como
chefe do Destacamento de Saúde da 12ª Brigada Aeromóvel, ainda como major; no ano de
2007 como médico de combate do Destacamento de Forças Especiais e Comandos do Exército
Brasileiro no Haiti; e entre 2010 e 2011 como chefe do Destacamento de Saúde do Batalhão de
Força de Paz, do Comando Militar do Oeste. Suas ações foram louvadas pelo Comandante da
Brigada Brasileira de Força de Paz no Haiti, o General de Brigada João Carlos Vilela Morgero,
que destacava em seu texto:
“Com criatividade e capacidade de pronta resposta, esteve sempre à frente
dos incidentes que envolviam militares da Brigada e até mesmo civis hai-
tianos, vítimas de disparos de mulheres grávidas, crianças e idosos. (...)
A redução do nível de malária, com quase total erradicação, a completa
recuperação de todas as baixas ocorridas na Brigada, o entendimento com
o Hospital argentino foi, também, fato revelador do esmero com que o este
oficial desempenhou suas atividades rotineiras e extraordinárias. Auxiliou
o Hospital argentino, na cirurgia de um soldado do Nepal, que sofreu um
tiro na perna, demonstrando qualidades de um excelente profissional (...)“84
197
Pastoral da Criança. A segunda, por não ter se dirigido para o “Ponto Forte 22”, base militar
de três andares que ficou completamente destruída. O capitão Lázaro Mendes permaneceu no
Haiti até fevereiro, apoiando nas ações de resgate.
Outro militar na época vinculado ao Hospital Geral de Curitiba (HGeC), que também teste-
munhou este momento crítico da história, foi o coronel médico Dr. Roberto Bentes Batista
– atual subdiretor do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP). Médico cardiologista,
serviu na Missão de Paz como major, na função de chefe do posto médico.
Os serviços de saúde no Haiti eram precários, mesmo com o apoio da Cruz Vermelha Inter-
nacional e dos Médicos Sem Fronteiras. Após o terremoto, as dificuldades de atendimento à
população aumentaram. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha estimava que cerca de três
milhões de pessoas foram afetadas. O Ministro do Interior haitiano Paul Antoine Bien-Aimé
afirmava que o terremoto provocou entre cem a duzentas mil mortes. Coronel Roberto sinte-
tiza que vivenciou com a sua equipe os “horrores da guerra sem combate”. Havia dificuldade
para evacuação dos pacientes que necessitavam de tratamentos especializados, a equipe trei-
nada em Campinas-SP para ações de saúde operacional estava muito preparada para grandes
adversidades, mesmo surpreendida diante de um evento de tamanha proporção, manteve a
coragem e o profissionalismo para minimizar o sofrimento da população haitiana. A solida-
198
riedade dos militares brasileiros reforçou o espírito de corpo, fazendo-os ultrapassar todas as
barreiras, mesmo diante do desalento da população haitiana e da mínima estrutura remanes-
cente após o trágico evento.
O emocionante reencontro do cabo Carlos Pimentel com seu pai, no desembarque dos militares feridos pelo terremoto do Haiti
no aeroporto de Cumbica (Guarulhos-SP). 15/01/2010. Acervo pessoal: Carlos Michael Pimentel de Almeida
Dezessete militares do Exército faleceram por ocasião do terremoto, sendo dez do estado de
São Paulo. Os dezesseis militares feridos desembarcaram por volta das 12h30min do dia 15 de
janeiro de 2010 no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, onde foram recepcionados pelos
familiares e encaminhados para o HMASP, que esteve de prontidão para o atendimento. O
cabo Carlos Michael Pimentel de Almeida, do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena-SP, foi
um dos pacientes. No momento do terremoto estava em uma beliche no terceiro andar base
militar em Porto Príncipe, conhecida como “Casa Azul”. Conseguiu escapar dos escombros em
busca de ajuda. Das dezesseis pessoas que estavam no local, dez faleceram. Carlos permaneceu
internado no HMASP, cumprindo quarentena por três dias – para acompanhamento médico,
inspeção de saúde e realização de exames. Ele se recorda do bom atendimento realizado na-
quele momento e da dedicação de toda equipe de saúde.
O HMASP esteve presente ainda no 19º Contingente da Missão de Paz, em 2013, com a par-
ticipação do capitão QCO psicólogo André Gonçalves Mellagi; do 21º Contingente, em 2014,
com a participação da terceiro sargento Auxiliar de Saúde Roberta Daniele Franciscon Faria;
e no 26º Contingente, em 2017, com a participação do tenente coronel de Cavalaria Marcos
Aurélio Myrrha, do capitão farmacêutico Silvio Yoshio Tanaka, da segundo tenente temporária
(fisioterapeura) Renata Pereira Assad Salam e da terceiro sargento Marinalda das Chagas de
Souza (técnica em Enfermagem) para a desmobilização das tropas, no final da missão.
199
Foto: 2º Ten OTT Marcelo de Melo Marcon
Hospital Militar de Área
de São Paulo
A ciência a serviço da Família Militar
32 A transformação em
Hospital Militar de Área
Na prática, o então Hospital Geral de São Paulo (HGeSP) não teve impacto na relação logística
na abrangência do Comando Militar do Sudeste e da 2ª Região Militar - que territorialmente
estão delimitados no estado de São Paulo. Sua classificação em Hospital Militar de Área refor-
çou a sua importância por ser um hospital preparado para o atendimento de alta complexidade
instalado na cidade de São Paulo (localidade referência em Medicina na América Latina), com
uma demanda significativa de atendimento - referência em diversas especialidades, recebendo
pacientes de todo o País. A partir desta nova estrutura logística, os Hospitais Militares de Área
tiveram a seguinte distribuição:
COMANDO MILITAR DO LESTE (CML)
Sede: Rio de Janeiro-RJ
Criação: 1946
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
1ª REGIÃO MILITAR Hospital Central do Exército Hospital Militar de Resende
Região Marechal Hermes da (HCE) (HMR)
Fonseca (1891) Subordinação: 1ª RM Hospital de Campanha
Sede: Rio de Janeiro-RJ (HCmp)
Jurisdição: Rio de Janeiro e Hospital Geral do
Espírito Santo Rio de Janeiro
(HGeRJ)
4ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Juiz de Fora
Região das Minas do Ouro (HGeJF)
(1891)
Sede: Belo Horizonte-MG
Jurisdição: Minas Gerais
(exceto Triângulo Mineiro)
202
COMANDO MILITAR DO SUDESTE (CMSE)
Sede: São Paulo-SP
Criação: 1946
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
2ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área -
Região das Bandeiras (1908) de São Paulo
Sede: São Paulo-SP (HMASP)
Jurisdição: São Paulo Subordinação: 2ª RM
203
COMANDO MILITAR DO PLANALTO (CMP)
Sede: Brasília-DF
Criação: 1960
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
11ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área -
Região Tenente Coronel Luiz de Brasília
Cruls (1960) (HMAB)
Sede: Brasília-DF Subordinação: 11ª RM
204
COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA (CMA)
Sede: Manaus-AM
Criação: 1956
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
12ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área Hospital de Guarnição
Região Mendonça Furtado de Manaus de Tabatinga
(1948) (HMAM) (HGuT)
Sede: Manaus-AM Subordinação: 12ª RM Hospital de Guarnição
Jurisdição: Amazonas, Acre, de Porto Velho
Roraima e Rondônia (HGuPV)
Hospital de Guarnição
de São Gabriel da Cachoeira
(HGuSGC)
Abrangência territorial dos Comandos Militares de Área. Abrangência territorial das Regiões Militares.
Fonte: Exército Brasileiro Fonte: Exército Brasileiro
205
33 A evolução do HMASP
na última década
O primeiro diretor a assumir a administração do Hospital Militar de Área de São Paulo foi o
coronel médico Dr. Fernando Storte, que esteve a frente do antigo HGeSP desde 1º de no-
vembro de 2007. Esta fase é marcada pela melhoria das instalações das Unidades de Internação
(7º andar), reforma do Centro Cirúrgico, da sala de Fisioterapia, da recuperação dos elevado-
res e da Casa das Máquinas, da reforma da fachada do hospital e de outras obras de manuten-
ção do hospital. Também é marcada pela chegada de um moderno tomógrafo comprado pela
Diretoria de Saúde. O HMASP deixa de incorporar os Soldados do Efetivo Variável, recebendo
militares que serviram o ano obrigatório em outras organizações militares da guarnição de São
Paulo e que passariam a compor o efetivo do hospital a partir do primeiro engajamento.
206
Em 13 de agosto de 2011 foi inaugura-
da a Capela Nossa Senhora Desatadora
dos Nós, instalada no 3º pavimento do
HMASP, onde se localiza a administração.
A instalação da capela foi possível gra-
ças aos esforços do grupo de convivência
social Pioneiros da Colina, dirigido pela
servidora civil Vera Lúcia Vieira. A missa
inaugural foi presidida pelo tenente coro-
nel capelão Pe. Hércules Antônio de Lima
e contou com a presença do comandante
da 2ª Região Militar, General de Divisão
Missa de inauguração da Capela Nossa Senhora Sebastião Peternelli Júnior, e do capitão
Desatadora dos Nós. 2011 capelão Pe. Lázaro Teodoro Mendes.
Em 1º de agosto de 2011, o
HMASP recebe a visita especial
do Comandante do Exército, o
General de Exército Enzo Mar-
tins Peri, em caráter extra-ofi-
cial. General Enzo foi acompa-
nhado por sua comitiva, pelo
comandante militar do Sudeste,
General de Exército Adhemar
da Costa Machado Filho e pelo
comandante da 2ª Região Mili-
tar, General de Divisão Sebas-
tião Peternelli Júnior. Esta foi a
primeira visita do Comandante
do Exército ao hospital desde a
sua reclassificação. Visita do Comandante do Exército General Enzo ao HMASP. 2011
207
tração, as Unidades de Internação iniciam um amplo processo de recuperação. As instalações
elétricas do 7º Andar da Unidade de Internação foram atualizadas para atender a demanda
atual de equipamentos e os apartamentos passaram por uma ampla reforma, proporcionando
maior conforto ao paciente. Durante a sua administração, foi iniciado o processo de criação da
residência médica de Neurocirurgia com o apoio do alto escalão do Exército.
Em 08 de janeiro de 2015 o coronel médico QEMA Dr. Sergio dos Santos Szelbracikowski
assume a direção do HMASP, com a missão de dar continuidade no processo de implantação
das residências médicas. A residência médica de Neurocirurgia é oficializada pelo Ministério
da Educação em 2015, e as residências médicas em Anestesiologia, Clínica Médica e Urologia
em 2016. A especialização odontológica em Implantodontia é criada, a partir do Programa de
Capacitação e Atualização Profissional dos Militares do Serviço de Saúde (PROCAP/Sau). A
primeira turma da residência médica em Neurocirurgia iniciou em 22 de março de 2016 e as
turmas das demais especialidades médicas em 1º de março de 2017.
Ainda em 2015, foi inaugurada a Divisão de Ensino e Pesquisa com amplas e modernas insta-
lações para recepção e acolhimento dos novos médicos residentes, com conforto médico, au-
ditório, biblioteca e sala de videoconferência - com transmissão ao vivo de cirurgias do Centro
Cirúrgico para a sala da Divisão de Ensino e Pesquisa.
Ainda em setembro de 2016, o HMASP recebeu a Dra. Cécile Mathieu Mezzorana, osteopata
posturóloga do CIES France (sigla em francês para Collège Internattional d’Étude de La Sta-
tique, em português Faculdade Internacional de Estudos da Postura – de Bandol, França), que
realizou uma palestra sobre “Posturologia e Reflexos Primitivos”. A Profª Vilma Bouratroff,
208
fisioterapeuta e posturóloga da mesma instituição realizou a tradução simultânea.
Ainda no ano de 2016, foram iniciadas as obras para a instalação do Serviço de Oncologia, no
1º andar das Unidades Hospitalares.
Em 03 de fevereiro de 2017 o coronel médico Dr. Mário Rosas Filho assume a direção do
HMASP. No dia 30 de maio, foi realizada a primeira Corrida e Caminhada HMASP, no Parque
da Independência.
Em agosto de 2017, foi inaugurado o Serviço de Oncologia - obra iniciada no ano de 2016,
na administração anterior. Além das consultas ambulatoriais em Oncologia, o serviço presta
atendimento aos pacientes seguindo os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT)
e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) de padrão internacional. Na Sala de Terapia
Antineoplásica é realizado os procedimentos de quimioterapia, hormonioterapia e imunotera-
pia, além de ministrar as medicações suplementares ao tratamento.
Em 11 de abril de 2018, o HMASP recebe seu primeiro diretor Oficial General. O Dr. Sergio
dos Santos Szelbracikowski retorna ao HMASP 432 dias após o fim de sua primeira adminis-
tração, iniciando um novo período, ocupando o posto de General de Brigada, nomeado pela
Reunião do Alto Comando do Exército (RACE) em 23 de fevereiro do mesmo ano, deixando o
209
210 General Szelbracikowski revista a tropa durante a cerimônia de passagem de Direção do HMASP. 2018.
211
seu primeiro cargo como Oficial General, o de Inspetor de Saúde do Comando Militar do Nor-
deste (CMNE). General Szelbracikowski também é o primeiro médico urologista a alcançar o
generalato. Apenas em 19 de julho de 2019, a partir do Decreto nº 9.925, assinado pelo senhor
Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, o cargo de Diretor do HMASP passa a ser ex-
clusivo de Oficial General Médico da ativa. Esta mudança se fez necessária após o HMASP ter
se tornado um hospital quartenário (ver capítulo 34).
Toda a Unidade de Paciente Externos (consultórios e ambulatórios) foi modernizada. Foi inau-
gurada a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF).
212
No âmbito da cultura militar, o HMASP re-
cebeu o seu primeiro Adjunto de Comando
em 16 de outubro de 2018. - o então primei-
ro sargento Ricardo Leal Nunes, militar que
chefiou o Tiro de Guerra de São Caetano do
Sul (TG-02-069). Este cargo é uma distinção
entre o subtenente ou o primeiro sargento, em
reconhecimento à sua carreira, pela compe-
tência profissional e ilibada conduta pessoal.
O Adjunto de Comando é responsável pelo
General Szelbracikowsi e Sargento Leal, na solenidade de assunção ao fortalecimento da disciplina militar, dos va-
cargo de Adjunto de Comando. 2018. lores éticos, pela motivação e fortalecimento
do espírito de corpo das praças diante da instituição, tornando-se um elo entre esses militares
e o comando. Em especial no Hospital Militar de Área de São Paulo, também é responsável por
estimular a importância do atendimento humanizado à família militar, destacando a missão
da promoção da Saúde.
A marcha percorreu a Estrada Velha de Santos, iniciando do Parque Caminhos do Mar, em São
Bernardo do Campo até o município de Cubatão. O evento teve como destino final o Forte dos
Andradas, local onde está instalada a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, no Guarujá.
213
214
215
Major Alexandre Fraga recebe medalha em reconhecimento
aos trabalhos desenvolvidos pelo Serviço de Aprovisionamento. 2019.
O Serviço de Aprovisionamento produz cerca de 1.500 refeições diárias, que atendem aos pa-
cientes, acompanhantes, servidores militares e civis da instituição e às demais Organizações
Militares pertencentes ao Forte Cambuci. Para os pacientes, são produzidos oito tipos de dieta,
entre diabética, hipossódica, pastosa, liquidificada, leve, entre outras, condiderando os precei-
tos da dietoterapia, onde o alimento se torna elemento importante para a recuperação da saúde
do paciente. A importância da alimentação como apoio terapêutico já era apontada desde o
primeiro regulamento hospitalar brasileiro, redigido pelo físico mor Mariano José do Amaral,
no início do Século XIX, responsável pelo Real Hospital Militar - instituição originária do
HMASP. Todas as refeições produzidas, sejam elas destinadas aos pacientes ou ao efetivo, pos-
sui acompanhamento nutricional.
217
A primeira experiência em Telemedicina
no âmbito do Exército Brasileiro
Monitoramento multiparamétrico do paciente, realizado na OPAN, com o apoio do HMASP no telemonitoramento. 2019.
No final de novembro de 2019, o Hospital Militar de Área de São Paulo inovou nos trabalhos
de assistência à saúde em campanha. Nas Operações Agulhas Negras (OPAN), realizada em
São João da Boa Vista, em São Paulo, o HMASP realizou a primeira experiência em telemedi-
cina no âmbito do Exército Brasileiro.
Foi montado no local das operações um computador equipado com uma câmera de alta defi-
nição com controle PTZ remoto (que possibilita ao médico operador do sistema no hospital a
conduzir a câmera para obter melhor visualização do caso abordado), dermatoscópio e micro-
fone para interação à distância. No mesmo sistema, um módulo de prontuário eletrônico foi
utilzado para que o médico de apoio remoto pudesse acompanhar em tempo real as evoluções
do paciente, os exames e os laudos disponibilizados no sistema.
Todo sistema de telemedicina foi integrado à rede EBNet, garantindo a segurança da infor-
mação, além da criptografia em cada terminal de acesso. No terreno de operações, o médico
generalista teve o apoio dos médicos especialistas do HMASP para solucionar cada caso clí-
nico, independente do grau de complexidade, seja no direcionamento da conduta médica, na
solicitação de exames complementares ou na orientação para a evacuação médica, garantindo
maior agilidade no atendimento médico e proporcionando maior segurança ao paciente, seja o
militar ferido em uma operação, independente da localidade onde se encontra.
218
Durante as Operações Agulhas Negras, o HMASP demonstrou os trabalhos de telemedicina
com o suporte de médicos nas especialidades de Cardiologia, Medicina Intensiva e Clínico
Geral.
219
34 Nasce um Hospital Quartenário:
a implantação das Residências Médicas
General Etchegoyen, Chefe do Estado-Maior do Exército, inaugura a Divisão de Ensino e Pesquisa do HMASP. 2016.
220
A implantação de um programa de residência médica transcendeu diversas administrações.
Durante a gestão do coronel médico QEMA Dr. Arno Ribeiro Jardim Júnior (entre os anos de
2013 a 2015), foi iniciado os processo de criação da residência médica em Neurocirurgia do
Hospital Militar de Área de São Paulo, que foi a primeira especialidade a se organizar para este
trabalho, sob a coordenação do capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo. O apoio do
General de Divisão Claudio Coscia Moura, comandante da 2ª Região Militar; do General de
Exército João Camilo Pires de Campos, comandante militar do Sudeste; e do General de Exér-
cito Sergio W. Etchegoyen, chefe do Departamento-Geral de Pessoal (DGP) e posteriormente
chefe do Estado-Maior do Exército (EME) foi fundamental para que o programa ganhasse for-
ça, até o credenciamento das especialidades no Ministério da Educação. Na sequência, foram
iniciados o processo das especialidades de Anestesiologia (coordenado pelo capitão médico
Dr. Antonedson Pinto França), Urologia (coordenado pelo primeiro tenente médico Ricardo
Luís Vita Nunes) e Clínica Médica (coordenado pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes). O cre-
denciamento pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Edu-
cação foi durante a gestão do coronel médico QEMA Dr. Sergio dos Santos Szelbracikowski,
sendo o de Neurocirurgia em 2015 e as demais especialidades no ano seguinte.
Além do credenciamento, o Hospital teve que adequar as suas instalações para atender à nova
demanda. Uma ampla reforma nas Unidades de Internação e na Unidade de Terapia Inten-
siva foi realizada. Equipamentos de última geração e instrumentais cirúrgicos dos melhores
fabricantes internacionais foram adquiridos para proporcionar maior segurança e eficácia nos
procedimentos. Em 22 de março de 2016 foi criada a Divisão de Ensino e Pesquisa do HMASP,
atualmente chefiada pelo coronel PTTC Amaro Juvenal Rainho Ramos e coordenada pelo co-
ronel PTTC Luiz Eduardo Mendes de Oliveira e pelo tenente coronel médico Dr. Sávio Reder
de Souza. O setor é responsável por toda conformidade administrativa dos programas de pós-
graduação realizados na instituição, atendendo aos conceitos técnicos e legais de cada especia-
lização, sejam no âmbito civil ou militar.
A partir de 19 de julho de 2019 o HMASP passa a ser dirigido exclusivamente por oficiais ge-
nerais médicos da ativa – posto exclusivo para diretores de hospital quartenário no âmbito do
Exército. O HMASP passa a ter um posicionamento compatível com os grandes centros mé-
dicos paulistanos, aliando a ciência no aprimoramento do seu atendimento. Um sonho antigo,
que começa a ser realizado.
221
Residência em Neurocirurgia
rurgias por ano. O DGP também realizou investimentos em equipamentos de última geração,
qual se destaca o microscópio cirúrgico Leica OH6, único na América Latina; e em instrumen-
tais cirúrgicos dos mais renomados fabricantes internacionais.
222
Em 2015, uma visita técnica foi realizada pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN),
que credenciou a especialização, sem a necessidade de ajustes. O Programa de Residência Mé-
dica em Neurocirurgia do HMASP tornou-se referência para a própria SBN. Na última edição
da prova nacional dos residentes obteve alta pontuação, ficando meio ponto de distância do
programa do Hospital das Clínicas (da Faculdade de Medicina da USP) e um ponto da UNI-
FESP, programas tradicionais e de referência no Brasil. A alta qualidade da formação dos resi-
dentes pelo programa do HMASP, proporcionou a eles as melhores colocações nas provas para
obtenção de título, além da premiação dos seus trabalhos científicos.
A residência médica em Neurocirurgia é coordenada pelo capitão médico Dr. Paulo Macio
Porto de Melo. Formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
em 1998, realizou a residência em Neurocirurgia na mesma instituição em 2002, onde atuou
como assistente até 2006. Oficial médico formado pela Escola de Saúde do Exército, possui
mestrado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (2015). É membro
do Comitê Executivo de Neurocirurgia Militar da World Federation of Neurosurgical Societes.
Participou da Scholar in Surgical Leadership pela Havard Medical School em 2019. É Presidente
do Departamento de Neurocirurgia Vascular e Presidente do Departamento de Defesa Pro-
fissional da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). No HMASP, é Chefe do Serviço de
Neurocirurgia, Presidente da Comissão de Residência Médica (COREME), fundador e super-
visor da residência médica de Neurocirurgia.
223
Aplicada na Clínica Médica, onde os alunos da EPCM realizam a etapa prática no HMASP,
com abrangência nas grandes áreas da Clínica Médica: Cardiologia, Neurologia, Geriatria,
Reumatologia, Pneumologia, Urgência e Emergência, Gastroenterologia, Endocrinologia, In-
fectologia, Imagem, Ciências do Esporte, Nefrologia e Hematologia.
A residência em Clínica Médica é coordenada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes - professor
titular do Departamento de Medicina da EPM-Unifesp, na disciplina de Clínica Médica; pre-
sidente fundador da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM); presidente fundador do
Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (BRCI), criador da Escola Paulista de Clínica Médica
(EPCM) e integrante da Comissão Julgadora do Prêmio CNMP do Ministério Público.
O Prof. Antonio Carlos Lopes foi listado na pesquisa do Datafolha como um dos melhores
médicos de São Paulo no ano de 2018. É ex-presidente do American College of Physicians –
maior entidade de clínicos gerais do mundo. Também é professor filiado ao Setor de Ensino e
Pesquisa do HMASP desde 2016.
224
Residência em Anestesiologia
No final da direção do Coronel Jardim (atualmente Ge-
neral de Brigada e Subdiretor de Saúde), o capitão médi-
co Antonedson Pinto França foi convidado para iniciar
os trabalhos de residência em Anestesiologia no Hospi-
tal Central do Exército, no Rio de Janeiro. Concumina-
temente o processo de credenciamento da residência em
Neurocirurgia do HMASP junto ao Ministério da Edu-
cação estava em trâmite, favorecendo a possibilidade de
iniciar a residência em Anestesiologia em São Paulo, au-
mentando o portfólio de especialidades médicas no âm-
bito acadêmico. A consolidação ocorreria na adminis-
tração subsequente - do então Coronel Szelbracikowski.
O curso é coordenado pelo capitão médico Dr. Antonedson Pinto França. Formado em medi-
cina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizou a residência médica em Anestesio-
logia nas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), na cidade de Salvador-BA. Médico de carreira, for-
mado pela Escola de Saúde do Exército (EsSEx). Serviu no Hospital de Guarnição de Tabatinga
(HGuT), no município de Tabatinga-AM, na fronteira entre os países Colômbia e Bolívia.
Residência em Urologia
Em 2016, a convite do então Coronel Szelbracikowski, diretor
do HMASP, foi iniciado os trabalhos para a instalação do cur-
so de residência médica em Urologia, organizado inicialmente
pelos tenentes Perrela, Vita e Manzano. Organizado em tempo
recorde, no ano de 2016 o programa de residência foi aprova-
do pelo Ministério da Educação e pela Comissão Nacional de
Residência Médica. O curso abrange toda especialiade de Uro-
logia, com exceção do transplante renal e Urologia Pediátrica.
Em 2020, está previsto o credenciamento pela Sociedade Bra-
sileira de Urologia. Para ingressarem na residência em Urolo-
gia, os alunos devem ter realizado anteriormente a residência
em Cirurgia Geral. O tempo de formação é de três anos.
Tenente Vita acompanha o residente
em Urologia. 2019.
225
O Serviço de Urologia do HMASP é referência no âmbito do Exército Brasileiro, recebendo
pacientes de todo o país para atendimento, inclusive em cirurgias de alta complexidade. Este
diferencial, proporciona ao residente uma melhor formação, com acesso à mais alta tecnologia
e com o acompanhamento de profissionais altamente qualificados.
A residência médica em Urologia é coordenada pelo primeiro tenente médico temporário Dr.
Ricardo Luís Vita Nunes. Formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Urologia/UNIFESP
e realizou residência médica em Cirurgia Geral e em Urologia na mesma instituição. Realizou
especialização em Disfunção Miccional pela Diviso di Disfunzione Minzionale del Policlinico
Borgo Roma dell’Università dI Verona (Itália), possui título de Especialista pela Sociedade Bra-
sileira de Urologia, é Doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo e Chefe do Departamento de Hiperplasia Prostática Benigna da Sociedade Brasileira de
Urologia.
Especialização Odontológica
em Implantodontia
O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
nível de Especialização Odontológica em
Implantodontia, pertence ao Programa de
Capacitação e Atualização dos Militares do
Serviço de Saúde (PROCAP/Sau), a estrutura
curricular foi elaborada pelo Hospital Militar
de Área de São Paulo e credenciada pela Di-
retoria de Saúde (D Sau) do Exército Brasilei-
ro e Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DCEx).
226
As Cirurgias que marcaram a história
do HMASP no Século XXI
35
Primeira cirurgia com Laser
para tratamento da Hiperplasia
Benigna da Próstata
Esta técnica proporciona menores riscos de Tenente Manzano realiza a primeira cirurgia com laser
sangramentos e outras complicações cirúrgi- para tratamento da HBP. 2018.
227
Cirurgia de Artrodese
Em 2010, a equipe de Neurocirurgia do HMASP, a partir do capitão médico Dr. Paulo Macio
Porto de Melo realizou a primeira cirurgia de Artrodese no âmbito do Exército Brasileiro. A
técnica é minimamente invasiva e consiste na fusão de vértebras adjacentes, realizando furos
invés de cortes. Esta cirurgia de coluna promove menos sangramento, preserva a musculatu-
ra e propicia uma recuperação mais rápida, sendo indicada para os pacientes idosos, ou que
possuam doenças graves associadas devido à maior comodidade para o paciente por este pro-
cedimento.
Cirurgia de Anastomose Cerebral “by pass”
Em 2016, a equipe de Neurocirurgia do HMASP realizou a primeira cirurgia de Anastomose
Cerebral, também conhecida como “By Pass”. Este procedimento é a ligação da artéria carótida
à artéria cerebral média. A Anastamose (ligação similar à ponte de safena - cirurgia cardíaca)
é realizada utilizando o fio cirúrgico 10.0 (dez vezes mais fino que um fio de cabelo). O pro-
cedimento foi realizado pelo capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo, com o apoio do
neurocirurgião Dr. Sérgio Tadeu Fernandes. Esta foi a primeira cirurgia “By Pass” realizada no
âmbito do Exército Brasileiro, procedimento restrito a poucos hospitais Brasil e no mundo.
228
casos de artrodeses de coluna, para prover
o apoio da vértebra anterior e auxiliar no
processo de fusão com a vértebra subse-
quente. Geralmente são implantados ca-
ges no tamanho do espaçamento entre as
vértebras (ou maior), gerando uma maior
trauma cirúrgico. A partir do uso do cage
expansível, é possível realizar a cirurgia
com maior comodidade ao paciente, devi-
do a possibilidade de ajustar o implante de
acordo com o espaçamento entre as vérte-
bras após a sua inserção. O tamanho uti-
lizado na primeira cirurgia foi de 7 mm. Dr. Óscar Alves explica por videoconferência o procedimento
de implantação do Cage Tlif Expansível. 2019.
O segundo procedimento realizado no HMASP foi coordenado pelo médico italiano Prof. Dr.
Massimo Balsano, cirurgião ortopédico especialista em coluna vertebral e Diretor do Departa-
mento Ortopédico do Hospital Universitário Integrado Verona (Azienda Ospedaliera Univer-
sitaria Integrata Verona - AOUI) e do Hospital Borgo Trento (Itália), com o acompanhamento
do capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo.
O aneurisma cerebral é uma dilatação da parede de uma artérea cerebral, que quando rompida
causa a morte de cerca de 30% dos pacientes. Também pode provocar sequelas, além de atingir
a alta taxa de mortalidade (70%) dos pacientes após trinta dias da ruptura. Tradicionalmente o
aneurisma é tratado através da cranitomia (abertura feita no crânio) ou por cateterismo. Além
229
da baixa eficácia do tratamento por cateterismo (que pode necessitar do procedimento de cra-
nitomia, dependendo da localização do aneurisma), o tratamento tradicional é muito agressi-
vo ao paciente. No procedimento de cranitomia é necessário a remoção de uma parte da órbita
e de uma parte da face - o arco zigomático. Além disso, é frequente a necessidade de remover
o osso clinoide. Este procedimento necessita utilizar uma broca a 70 mil rotações por minuto,
em uma área que fica muito próxima da artéria carótida, do nervo ótico, do cérebro e do pró-
prio aneurisma. Além da alta precisão do cirurgião, existe um risco considerável ao paciente.
A partir da microcirurgia endonasal, o paciente não sofre nenhuma incisão na pele. O acesso é
feito por um pequeno corte dentro do nariz, na base do crânio e com o auxílio de uma câmera
o aneurisma é clipado. No mundo, existe o relato de trinta casos resolvidos por este método,
ainda restrito a poucos centros médicos. No ano de 2019, o Hospital Militar de Área de São
Paulo realizou três cirurgias, sendo o único hospital da América Latina a adotar o procedi-
mento.
244
Serviço de Fisioterapia. 2019.
Coleta de Material - LAC. 2019.
245
Sala de Vacinação. 2019.
3º Sgt Lidiane Helena Fonseca, da Central de Material e Esterilização. 2020.
246 Equipe da Central de Material e Esterilização. Da esquerda para direita: SC Sergio e os terceiros sargentos Divino, Helena e Michael. 2020.
Gen Szelbracikowski (Diretor), Cel Roberto (Subdiretor), STen Leal (Adjunto de Comando),
Sgt Roma (Aux EMP) e equipe de apoio aos gabitenes da Direção e Subdireção. 2020.
254
255
256
Semana de Valorização dos Praças. 2018 257
36 A importância do Serviço Religioso
na promoção da Saúde
D esde os primórdios do Hospital Militar, o papel do religioso no apoio à saúde dos enfer-
mos sempre se fez importante. É citado por Mariano José do Amaral, no parágrafo 14
do primeiro regulamento hospitalar brasileiro, de 1803, como “os que realmente merecem ser
chamados de Enfermeiros, a cujo cargo está de tratarem os doentes com todo o zelo e carida-
de.” A assistência religiosa nas Forças Armadas surgiu oficialmente no tempo do Império de
Dom Pedro II, a partir do Decreto nº 747, de 24 de dezembro de 1850. E em meados da década
de 1930, o HMASP passou a contar com os trabalhos das Irmãs de Caridade da Ordem de São
Vicente de Paulo.
O atual Serviço de Assistência Religiosa nas Forças Armadas foi criado pela Lei nº 6.923, de 29
de junho de 1981. Diferente do período mais antigo, em que os religiosos realizavam os traba-
lhos que hoje estão a cargo do serviço de Enfermagem, é responsável por um papel de grande
importância dentro dos hospitais: o acolhimento da Família Militar, transmitindo mensagem
de esperança, dando o conforto necessário para os pacientes e seus acompanhantes nos mo-
mentos necessários.
O tenente coronel Reni Nogueira dos Santos, padre capelão do Comando Militar do Sudeste
(CMSE), é o responsável pelo Serviço de Assistência Religiosa do Exército (SAREx) no âmbito
do CMSE e presta todo o apoio religioso ao HMASP. Além dos aconselhamentos aos familia-
res e de ministrar os sacramentos aos enfermos, celebra missas semanais e em datas especiais.
Além do serviço religioso católico, o SAREx dispõe de capelão militar evangélico para atendi-
mento quando solicitado pelo paciente.
É notório por parte da ciência que a fé é uma grande aliada para o tratamento de saúde, agindo
na melhora da imunidade do paciente, na melhora aos processos de tratamentos contra o cân-
cer, auxilia no combate à ansiedade, depressão e distúrbios do sono e promove um bem estar
psicológico.. A assistência religiosa neste aspecto, torna-se uma importante aliada na promo-
ção da saúde, contribuindo com o cumprimento da missão do HMASP.
258
259
Coronel Médico
Roberto Bentes Batista
Subdiretor do HMASP
E m 2011 conheci o Hospital Militar de Área de São Paulo, na época não tive a oportunidade
de me aprofundar sobre a sua importância.
Já em 2018, fui surpreendido com o honroso convite do General de Brigada Médico Sergio dos
Santos Szelbracikowski, primeiro Oficial General Diretor do HMASP, para assumir a Subdire-
ção. Desde então constatei que entre as Organizações Militares de Saúde do Exército Brasileiro,
este foi um dos poucos Hospitais construídos para ser um ícone, com planta própria de hospital,
diferindo de muitas outras OMS do nosso Serviço de Saúde - algumas são sofríveis adaptações
dos quartéis das armas.
O HMASP além de sua sede arrojada, é uma Unidade que nasceu para ser grandiosa, com uma
enorme possibilidade de crescimento. Atualmente classificado como OMS Quartenária, por
agregar a atividade de Ensino e Pesquisa. Hoje desenvolve programas de residência médica nas
áreas de Clínica Médica, Urologia, Neurocirurgia e Anestesiologia; além da disponibilidade de
pós-graduação em Implantodontia e o projeto em andamento para a especialização em Masto-
logia - tudo a partir do Programa de Capacitação e Atualização dos Militares do Serviço de Saú-
de (PROCAP/Sau) - coordenado pela Diretoria de Saúde, lembrando que na área de pesquisa já
estamos nas adequações finais para que o HMASP seja considerado ICT (Instituto de Ciência
e Tecnologia), o que trará recurso e ampliará as fronteiras da missão quartenária do Hospital,
rumo ao seu futuro promissor e grandioso.
Estou certo de que o trabalho que é realizado aqui é motivo de orgulho para o Exército Brasilei-
ro. Marcamos a história da medicina em São Paulo, como a primeira Organização de Saúde no
Estado, e porquê não dizer - no Brasil, mantendo o padrão de nossos antepassados, trabalhando
hoje com excelência nas áreas de Urologia, Neurocirurgia e Cirurgia Toráxica, com reconheci-
mentos da sociedade médica paulista, trazendo grandes benefícios para os nossos usuários do
Fundo de Saúde do Exército (FuSEx).
pOSFÁCIO
Além dos projetos na área de Ensino e Pesquisa, o Hospital se prepara para implantar o serviço
de Cirurgia Cardiovascular, Hemodinâmica, Anatomopatologia, implementação da Quimiote-
paria - com adequação da manipulação de quimioterápicos, entre outros.
260
Ao longo de sua história, o HMASP sempre se colocou à frente do seu tempo, contribuindo
para o avanço da medicina brasileira e para o desenvolvimento do Brasil. É notório que per-
manecem presentes até os dias atuais suas características iniciais de um hospital de vanguarda.
Não podemos esquecer de recordar que além de sua missão assistencial à família militar, tam-
bém trata-se de uma OMS que integra o 4º Escalão de Saúde, com missão primeira de dar
todo apoio ao combatente, necessitando que se mantenha viva esta característica - lembrando
que atuou na campanha da Itália durante a Segunda Grande Guerra. Por esta razão recordo
ainda que no destaque nesta obra sobre o primeiro curso de Saúde em Campanha oferecido
por esta OMS em 1942 aos médicos civis, que foi um grande sucesso, assim como o trabalho
desenvolvido pela 2ª Formação Sanitária Regional, quando do treinamento às voluntárias da
Cruz Vermelha Brasileira. Em tempos de paz o HMASP deve sempre estar preparado para o
cumprimento de sua principal missão - que é o apoio ao combatente.
Carrego comigo o grande orgulho de estar participando como Subdiretor de parte impor-
tante da história deste Hospital. É uma pequena participação diante da grandiosidade de sua
História, que acumula duzentos e cinquenta e quatro anos, desde os primórdios no Pátio do
Colégio, na sede do governo da Capitania de São Paulo, e de seu primeiro centenário de esta-
bilização no Forte Cambuci.
261
Jornalista
Fagner Moura
Autor
Foi com imensa satisfação que aprofundei a história para um momento tão especial: o
primeiro centenário da sua estabilização no atual Forte Cambuci. Esta fase é um marco
por se tratar da inauguração de um hospital de alto padrão para o atendimento aos
militares, naquele três de maio de 1920. O General Luiz Barbedo, comandante da 2ª
Região Militar, teve a concepção de construir este hospital no alto do Morro da Pólvo-
ra. Este foi o primeiro militar apaixonado por esta instituição, que acompanhava cada
evolução da sua obra. Ao longo do trabalho de campo, pude encontrar outros tantos
apaixonados por este hospital. Servidores Militares e Civis que dedicaram longos anos
de suas vidas no cumprimento da missão do HMASP.
Meu intuito principal foi propiciar ao leitor uma maior compreensão do Serviço de
Saúde do Exército desenvolvido a partir do HMASP, mas não poderia deixar de lado as
suas origens, desde a instalação do Hospital Militar na sede do governo da Capitania
de São Paulo em sete de abril de 1766. Na totalidade são 254 anos de história, que con-
tribuiu para os avanços da medicina no Brasil. Intuitivamente o hospital sempre reen-
EPÍLOGO
262
Para contar esta história me debrucei sobre documentos (manuscritos e documentos
oficiais), publicações (livros, jornais e revistas) e realizei inúmeras entrevistas. Busquei
cada detalhe que pudesse enriquecer e principalmente registrar de forma definitiva a
trajetória daquele que é o primeiro estabelecimento médico em São Paulo, que sofrera
modernizações ao longo dos séculos sem abrir mão da sua missão: servir ao Brasil e
cuidar do próximo. A missão de um hospital é bela por natureza e os valores militares
apenas engrandecem a sua existência.
Este livro mantém uma estrutura bem definida sobre a contribuição do HMASP para
a medicina brasileira, os seus valores institucionais e a presença do Exército Brasileiro
em diversos momentos da história.
As boas histórias apaixonam a nós jornalistas e esta é uma das mais belas histórias que
eu poderia contar na minha carreira. Agradeço pela oportunidade de documentar esta
trajetória. Sempre serei o soldado “filho” desta instituição, onde aprendi a amar incon-
dicionalmente o meu País e ao próximo. Aos meus irmãos de arma, desejo sucesso na
missão e que se sintam honrados em fazer parte do Hospital Militar de Área de São
Paulo, como um dia tive a oportunidade. Aproveito para cumprimentar a cada um dos
servidores do HMASP (civis e militares), que sempre se dedicaram de forma extraordi-
nária para o cumprimento da missão desta instituição. A história do HMASP é escrita
no dia-a-dia por essas pessoas que não medem esforços para prestar um atendimento
humanizado e restabelecer a saúde da Família Militar, sem abrir mão dos valores pa-
trióticos, militares, da hierarquia e da disciplina. Como cidadão, me orgulho do nosso
glorioso Exército Brasileiro.
Desejo ao Hospital Militar de Área de São Paulo uma longa vida de sucesso e de con-
tribuição para a medicina brasileira. Que a sua história continue a resplandecer sob o
céu do Cruzeiro do Sul.
HMASP!
Saúde!
Brasil!
263
Professor Doutor
Antonio Carlos Lopes
Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
cursos, estágios e simpósios que tanto agregam aos profissionais de saúde desta OMS.
O apoio do Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes foi fundamental para a publicação do resgate
da história do HMASP, a partir do Instituto Professor Antonio Carlos Lopes, que realizou
a produção executiva deste livro, favorecendo o resgate dos valores e tradições deste que é o
estabelecimento médico mais antigo de São Paulo, com 254 anos de história e que
comemora seu primeiro centenário de instalação
no Morro da Pólvora, atual Forte Cambuci.
264
Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica
Thomaz de Carvalho
No Século XIX, quando o Real Hospital Militar foi instalado no Vale do Anhangabaú,
era responsável pela fabricação dos medicamentos oferecidos aos pacientes, além de
vendê-los à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Mesmo após a sua desativação,
sendo transferido para a Fazenda Santana, a Botica do Hospital Militar permaneceu
por mais algum tempo para fornecer os medicamentos à Santa Casa.
No ano em que o Hospital Militar de Área de São Paulo comemora seu primeiro
centenário no Forte Cambuci, história esta que se iniciou em um tempo muito mais
remoto, em 1766, aproveitamos para agradecer ao senhor Ronaldo de Carvalho, filho do
Sr. Thomaz de Carvalho, que pode generosamente contribuir com a história da
medicina brasileira viabilizando a publicação desta obra, através do Instituto Brasileiro
de Pesquisa Clínica Thomaz de Carvalho.
265
Hospital Militar da Capitania de São Paulo
(07 de abril de 1766 a 31 de dezembro de 1801)
266
267
DENOMINAÇÕES
Hospital Militar da 2 Região
GALERIA DOS DIRETORES
major médico
1º Diretor
Dr. João Afonso
de Souza Ferreira
(03 Mai 1920-12 Abr 1921)
tenente-coronel médico
2º Diretor Dr. Rodrigo de Araújo Bulcão
(12 Abr 1921-07 Jul 1923)
tenente-coronel médico
3º Diretor Dr. Antônio Ribeiro Couto
(19 Ago 1923-15 Fev 1924)
tenente-coronel médico
4º Diretor
Dr. João Afonso
de Souza Ferreira
(13 Nov 1924-02 Jan 1925)
tenente-coronel médico
5º Diretor
Dr. Hermógenes Pereira
de QueirÓz e Silva
(26 Set 1925-06 Fev 1926)
268
Hospital Militar DivisionÁrio
(1926-1938)
269
Hospital Militar Divisionário
GALERIA DOS DIRETORES
(1926-1938)
tenente-coronel médico
13º Diretor Dr. Oscar de Castro Louveiro
(21 Fev 1938-17 Mar 1940)
tenente-coronel médico
14º Diretor Dr. José Vieira Peixoto
(17 Mar 1941-02 Jan 1942)
tenente-coronel médico
15º Diretor Dr. Luiz César de Andrade
(03 Mar 1942-04 Fev 1943)
270
Hospital Militar de São Paulo
(1938-1953)
tenente-coronel médico
16º Diretor Dr. Achiles Paulo Galotti
(12 Fev 1943-06 Mar 1944)
tenente-coronel médico
17º Diretor Dr. Arnaldo Nunes Cerqueira
(02 Mai 1944-02 Mai 1945)
tenente-coronel médico
18º Diretor Dr. João Nominando de Arruda
(02 Mai 1945-18 Mar 1947)
tenente-coronel médico
19º Diretor Dr. Arlindo Ramos Brandão
(10 Mar 1947-10 Out 1949)
tenente-coronel médico
20º Diretor Dr. Generoso de Oliveira Ponce
(02 Dez 1950-19 Mar 1951)
271
Hospital Militar de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES
(1938-1953)
tenente-coronel médico
21º Diretor Dr. Renato Varandas de Azevedo
(19 Mar 1951-03 Dez 1951)
tenente-coronel médico
22º Diretor Dr. Benedito Mota Mercier
(03 Dez 1951-15 Ago 1952)
tenente-coronel médico
23º Diretor
Dr. Meneleu de Paiva
Alves da Cunha
(1º Dez 1952-20 Jan 1953)
272
Hospital Geral de São Paulo
(1955-2009)
273
Hospital Geral de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES
(1955-2009)
274
Hospital Geral de São Paulo
(1955-2009)
275
Hospital Geral de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES
(1955-2009)
276
Hospital Militar de Área de São Paulo
(2010-atual)
277
04 de abril - O Governador e Capitão General da
Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, escreve
ao Rei de Portugal (D. José I), relatando sobre a refor-
ma do Colégio dos Jesuítas para que abrigasse o Pa-
lácio do Governo e que mandou criar o “hospital dos
soldados” dentro do palácio.
1766 1775
278
04 de novembro - O príncipe re-
gente D. João, cria o Aviso (carta régia)
que autoriza o governo da Capitania
de São Paulo a construir o Hospital Mi-
litar e o Jardim Botânico, e a receber
doações para as obras.
279
11 de outubro - O bacharel Francis-
co Vieira Goulart é indicado para com-
prar as drogas da Botica e as ferragens
para a construção do Hospital Militar.
22 de janeiro - Chegada da
Família Real ao Brasil.
280
O Real Hospital Militar é transferido para a
Fazenda Santana, onde atualmente está loca-
lizado o Centro de Preparação de Oficiais da
Reserva de São Paulo (CPOR/SP).
15 de novembro - Proclamação
da República.
07 de setembro - Pro-
clamada a Independência
do Brasil por Dom Pedro I. 22 de março - Regulamentação
do Serviço de Saúde do Exército
no período republicano. Criado o
Hospital Militar de 3ª Classe - São
Paulo.
281
General Barbedo assume o
comando da então 6ª Região
Militar.
28 de junho - Inaugurada a
pedra fundamental do Hospi-
tal Militar da 6ª Região.
05 a 18 de junho - O Hospital
Militar socorre aos feridos da Revolta
Paulista de 24.
282
O Hospital Militar inicia a contratação de servi-
dores civis.
283
Inauguração da 2ª Formação
Sanitária Regional e construção
da Casa das Irmãs de Caridade.
284
08 de julho - Recebe a denominação de Hospital
Geral de São Paulo, de acordo com o Decreto nº
284, de 08 de julho de 1955.
maio - Inauguração do
serviço de Ortopedia e
Traumatologia
285
13 de março - Inauguração
do Centro de Estudos.
286
05 de setembro - Recebe a visita do Conde Herme-
negildo Arruga Liró, catedrático da Universidade de Bar-
celona (Espanha), do professor Hiton Rocha da Univer-
sidade de Minas Gerais, do professor Henrique Melega
presidente da Associação Paulista de Medicina e Colégio
de Cirurgiões.
287
21 de fevereiro - Inauguração do
prédio novo do Aprovisionamento e
do Serviço de Nutrição e Dietética.
08 de dezembro - Inauguração
do prédio do Ambulatório.
288
Primeira participação do HGeSP na UNTAET -
Missão de Paz “Administração da Transição das
Nações Unidas no Timor Leste”.
289
Coronel Jardim assume a Direção
do HMASP e inicia os trabalhos
de modernização das Unidades
de Internação
Início da implementação
da residência médica em
Neurocirurgia.
1º de janeiro - Transformado
no Hospital Militar de Área de São
Paulo, de acordo com a Portaria
098-EME/1ª SCh, de 16 de outubro
de 2009.
290
03 de maio - O Hospital Militar de
Área de São Paulo completa 100 anos
de instalação no Forte Cambuci.
291
ORGANIZAÇÕES MILITARES DE SAÚDE
DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Hospital Central do Exército
HCE
Rio de Janeiro, RJ
OMS ESPECIAIS
Hospital Militar de Resende Odontoclínica Central do Exército
HMR OCEx
Resende, RJ Rio de Janeiro, RJ
Hospital de Campanha
H Cmp Laboratório Químico
Rio de Janeiro, RJ Farmacêutico do Exército
Instituto de Biologia do Exército LQFEx
IBEx Rio de Janeiro, RJ
Rio de Janeiro, RJ
HOSPITAIS MILITARES DE ÁREA
Hospital Militar de Área de São Paulo Hospital Militar de Área
HMASP de Campo Grande - HMACG
São Paulo, SP Campo Grande, MS
Hospital Militar de Área Hospital Militar de Área de Brasília
de Porto Alegre - HMAPA HMAB
Porto Alegre, RS Brasília, DF
Hospital Militar de Área de Recife Hospital Militar de Área de Manaus
HMAR HMAM
Recife, PE Manaus, AM
HOSPITAIS GERAIS
Hospital Geral do Rio de Janeiro Hospital Geral de Belém
HGeRJ HGeBe
Rio de Janeiro, RJ Belém, PA
Hospital Geral de Juiz de Fora Hospital Geral de Fortaleza
HGeJF HGeF
Juiz de Fora, MG Fortaleza, CE
Hospital Geral de Curitiba Hospital Geral de Santa Maria
HGeC HGeSM
Curitiba, PR Santa Maria, RS
Hospital Geral de Salvador
HGeS
Salvador, BA
HOSPITAIS DE GUARNIÇÃO - TIPO I
Hospital de Guarnição de Alegrete Hospital de Guarnição de Santiago
HGuA HGuSt
Alegrete, RS Santiago, RS
Hospital de Guarnição de Bagé
HGuBa
Bagé, RS
293
POSTOS E GRADUAÇÕES
DAS FORÇAS ARMADAS
294
MARINHA DO BRASIL EXÉRCITO BRASILEIRO FORÇA AÉREA BRASILEIRA
GRADUADOS
Taifeiro-Mor Cabo
Taifeiro de 2ª Classe
295
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298
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO - Lisboa, Portugal
DOCUMENTOS CONSULTADOS
Carta, São Paulo, 30 de outubro de 1766 (AHU-São Paulo, Caixa 5, doc. 17)
Do provedor da Fazenda Real da capitania de São Paulo, José Honório de Valadares e Aboim, ao
rei D. José I, sobre o ordenado do bacharel em medicina José Freire, que atende aos soldados e à
população em geral da cidade de São Paulo.
Ofício, São Paulo, 13 de maio de 1801 (AHU-São Paulo, Caixa 15, doc. 8)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio Manuel de Melo Castro e
Mendonça ao secretário de estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, sobre
a proposta de alguns oficiais que foram promovidos pelos donativos que fizeram para as obras do
Hospital Militar e Jardim Botânico da cidade de São Paulo na conformidade do aviso de 04 de
novembro de 1799.
Ofício, São Paulo, 15 de dezembro de 1801 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 8)
Do governador e capitão general Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça ao secretário de
estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, informando que o físico-mor da
capitania de São Paulo tem o dever de atender o Hospital Militar e o Hospital Público, assim como
dar aulas aos ajudantes de cirurgiões.
Ofício, São Paulo, 11 de outubro de 1802 (AHU-São Paulo, Caixa 17, doc. 12)
Do oficial da secretaria de governo da capitania de São Paulo Manoel Inocêncio de Vasconce los
ao secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e
Melo Meneses e Souto Maior, sobre a indicação do bacharel Francisco Vieira Goulart como pes-
soa preparada para comprar as drogas da Botica, também a compra das ferragens para o Hospital
Militar.
Ofício, São Paulo, 14 de janeiro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 2)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Meneses e Souto Maior, enviando, pela Secretaria de Estado, planos sobre a regulamentação do
Hospital Militar.
Ofício, São Paulo, 21 de fevereiro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 7)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário do reino D. Rodrigo de Sousa Coutinho, dando contas desde a sua posse, do estado das
finanças da capitania, detalhando tudo o relativo à arrecadação, à fiscalização e administração
das rendas reais, demorando-se nos gastos com os pagamentos com os diferentes professores das
várias cadeiras e aulas ministradas. Também informa sobre os pagamentos dos religiosos e suas
providências quanto ao estabelecimento dos Correios, do Hospital Militar, da Botica Real e do Jar-
dim Botânico. Dá contas também do estado dos gastos com o pessoal militar e com as munições.
Ofício, São Paulo, 03 de julho de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 19, doc. 9)
Do governador e capitão general da capitania da São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, relatando suas ativi-
dades para com o aproveitamento do antigo colégio dos jesuítas de Santos para alojar a Alfândega,
os armazéns de sal e outras repartições; para com a melhoria da navegação e dos portos de Santos
e São Sebastião, para com a organização do Hospital Militar e da botica com a maior arrecadação
das rendas reais.
299
Despacho, Lisboa, 07 de novembro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 20, doc. 16)
DOCUMENTOS CONSULTADOS
Do Conselho Ultramarino ordenando que passe portaria ao governador e capitão general da cap-
itania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta sobre o estado atual do Hospital Militar e do
Horto Botânico e declarando os meios utilizados para a construção daquelas obras.
Parecer, Lisboa, 16 de junho de 1804 (AHU-São Paulo, Caixa 13, doc. 14)
Do Conselho Ultramarino sobre o dinheiro para as drogas da botica e ferragens do Hospital Mil-
itar.
Ofício, São Paulo, 30 de março de 1805 (AHU-São Paulo, Caixa 24, doc. 9)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
sobre a devassa tirada pelo juiz ordinário desta capitania, o capitão João Gomes Guimarães, con-
tra o físico-mor da capitania, juiz Delegado da Real Junta do Pronto Medicato e encarregado da
Botica Real e Hospital Militar Mariano José do Amaral, que o mandara prender sem seguir as leis
determinadas pelo alvará de 22 de maio de 1648.
Ofício, Lisboa, 15 de abril de 1805 (AHU-São Paulo, Caixa 25, doc. 27)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Souto Maior, solicitando a confirmação das patentes das pessoas que contribuíram para os dona-
tivos na edificação do Hospital Militar e Jardim Botânico da capitania de São Paulo.
Ofício, São Paulo, 02 de junho de 1806 (AHU-São Paulo, Caixa 26, doc. 8)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Souto Maior sobre a criação de uma aula de cirurgia no Hospital Militar ministrada pelo físi-
co-mor e assistida obrigatoriamente pelos ajudantes dos regimentos no intuito de suprir a falta de
médicos nesta capitania; a dispensa do cirurgião-mor da Legião Manoel Meneses dos Santos Rego
e o concurso que se abriu para colocar outra pessoa neste posto.
300
JORNAIS
FONTES DE PESQUISA
A Capital (SP), de 03 de maio de 1920.
A Cidade de Barueri (SP), edição 1.986, de 28 de maio de 2011.
A Gazeta (SP), edição 4.951, de 08 de julho de 1922.
A Gazeta (SP), de 05 de dezembro de 1930.
A Gazeta (SP), de 06 de dezembro de 1930.
A Gazeta (SP), de 31 de julho de 1931.
A Gazeta (SP), de 17 de outubro de 1931.
A Gazeta (SP), de 20 de outubro de 1931.
A Gazeta (SP), de 22 de outubro de 1931.
A Gazeta (SP), de 12 de janeiro de 1932.
A Gazeta (SP), de 03 de agosto de 1932.
A Gazeta (SP), de 08 de agosto de 1932.
A Gazeta (SP), de 10 de agosto de 1932.
A Gazeta (SP), de 1º de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 07 de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 09 de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 12 de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 13 de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 21 de setembro de 1932.
A Gazeta (SP), de 1º de outubro de 1932.
A Gazeta (SP), de 16 de fevereiro de 1933.
A Gazeta (SP), de 02 de março de 1933.
A Gazeta (SP), de 21 de agosto de 1933.
A Gazeta (SP), de 24 de agosto de 1933.
A Gazeta (SP), de 15 de novembro de 1933.
A Gazeta Esportiva (SP), edição nº 9.945 de 27 de setembro de 1956.
A Manhã (RJ), edição nº 163, de 19 de fevereiro de 1942.
A Manhã (RJ), edição nº 356, de 04 de outubro de 1942.
A Manhã (RJ), edição nº 6.567, de 25 de abril de 1946.
A Manhã (RJ), edição nº 3.304, de 15 de maio de 1952.
A Noite (SP), edição nº 3.040, de 29 de maio de 1920.
A Noite (SP), edição nº 3.150, de 16 de setembro de 1920.
A Noite (SP), edição nº 3.262, de 07 de janeiro de 1921.
A Noite (SP), edição nº 3.366, de 23 de abril de 1921.
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A Noite (SP), edição nº 6.457, de 05 de novembro de 1929.
A Plateia (SP), de 03 de maio de 1920.
A Razão (CE), edição nº 741, de 22 de outubro de 1931.
A Razão (SP), edição nº 981, de 31 de agosto de 1919.
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A República (SC), edição nº 617, de 02 de novembro de 1932.
A República (SC), edição nº 81, de 33 de junho de 1934.
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Correio Braziliense (DF), edição nº 5.631, de 29 de junho de 1978.
Correio Braziliense (DF), edição nº 6.157, de 14 de dezembro de 1979.
Correio Braziliense (DF), de 16 de janeiro de 2010.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.000, de 26 de abril de 1918.
301
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.030, de 27 de maio de 1918.
FONTES DE PESQUISA
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Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.056, de 22 de junho de 1918.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.065, de 1º de julho de 1918.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.073, de 09 de julho de 1918.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.351, de 19 de abril de 1919.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.352, de 19 de abril de 1919.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 7.362, de 25 de abril de 1919.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 15.433, de 21 de fevereiro de 1945.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 15.449, de 13 de março de 1945.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 18.149, de 24 de maio de 1952.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 18.539, de 1º de setembro de 1953.
Correio da Manhã (RJ), de 19 de setembro de 1964.
Correio da Manhã (RJ), edição nº 23.078, de 05 de julho de 1968.
Correio da Manhã (RJ), de 15 de maio de 1969.
Correio de São Paulo (SP), edição nº 55, de 18 de agosto de 1932.
Correio Paulistano (SP), edição nº 1.723, de 31 de janeiro de 1862.
Correio Paulistano (SP), edição 19.770, de 21 de julho de 1918.
Correio Paulistano (SP), edição 19.774, de 25 de julho de 1918.
Correio Paulistano (SP), edição nº 19.775, de 26 de julho de 1918.
Correio Paulistano (SP), edição nº 20.409, de 28 de abril de 1920.
Correio Paulistano (SP), edição nº 20.411, de 20 de abril de 1920.
Correio Paulistano (SP), edição nº 20.413, de 03 de maio de 1920.
Correio Paulistano (SP), edição nº 20.414, de 04 de maio de 1920.
Correio Paulistano (SP), edição nº 20.416, de 06 de maio de 1920.
Correio Paulistano (SP), edição nº 24.052, de 23 de agosto de 1934.
Correio Paulistano (SP), edição nº 24.183, de 24 de janeiro de 1935.
Correio Paulistano (SP), edição nº 24.685, de 05 de setembro de 1936.
Correio Paulistano (SP), edição nº 24.950, de 15 de julho de 1937.
Correio Paulistano (SP), edição nº 25.109, de 18 de janeiro de 1938.
Correio Paulistano (SP), de 25 de maio de 1938.
Correio Paulistano (SP), edição nº 25.402, de 29 de dezembro de 1938.
Correio Paulistano (SP), de 21 de julho de 1939.
Correio Paulistano (SP), edição nº 26.307, de 09 de dezembro de 1941.
Correio Paulistano, edição nº 26.453, de 04 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.455, de 07 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.457, de 10 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.468, de 23 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.485, de 14 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.486, de 15 de junho de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.548, de 25 de setembro de 1942.
Correio Paulistano (SP), edição nº 26.555, de 03 de outubro de 1942.
Correio Paulistano, edição nº 26.566, de 11 de outubro de 1942.
Correio Paulistano (SP), edição nº 26.822, de 18 de agosto de 1943.
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Diário da Noite (SP), edição nº 8.547, de 25 de abril de 1946.
Diário da Noite (SP), edição nº 9.719, de 27 de setembro de 1956.
Diário da Noite (SP), edição nº 10.830, de 24 de maio de 1960.
302
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Diário da Tarde (PR), de 03 de novembro de 1932.
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REVISTAS
303
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FONTES DE PESQUISA
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Revista da Semana, edição nº 28, de 17 de agosto de 1918.
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Revista do Exército Brasileiro, 1885.
Revista Verde-Oliva, edição nº 214, primeiro trimestre de 2012.
Boletim do Exército nº 43, de 30 de outubro de 2009.
Boletim do Exército nº 50, de 18 de dezembro de 2009.
304
Boletim Interno nº 161, de 09 de julho de 1932.
Boletim Interno nº 230, de 07 de outubro de 1932.
Boletim Interno nº 222, de 06 de outubro de 1956.
Boletim Especial nº 03, de 29 de junho de 1968.
Boletim Especial nº 01, de 1º de fevereiro de 1974.
Boletim Interno nº 22, de 1º de fevereiro de 1974.
Boletim Interno nº 142, de 12 de agosto de 1982.
Boletim Interno nº 20, de 30 de janeiro de 1984.
Boletim Interno nº 144, de 03 de agosto de 2004.
Boletim Interno nº 162, de 30 de agosto de 2004.
Boletim Interno nº 164, de 1º de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 174, de 16 de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 184, de 30 de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 196, de 10 de outubro de 2004.
Boletim Interno nº 208, de 08 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 217, de 23 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 219, de 25 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 21, de 1º de fevereiro de 2005.
Boletim Interno nº 84, de 08 de maio de 2005.
Boletim Interno nº 114, de 22 de junho de 2005.
Boletim Interno nº 146, de 08 de agosto de 2005.
Boletim Interno nº 156, de 05 de setembro de 2005.
Boletim Interno nº 190, de 14 de outubro de 2005.
Boletim Interno nº 41, de 02 de março de 2006.
Boletim Interno nº 69, de 13 de abril de 2007.
Boletim Interno nº 76, de 25 de abril de 2007.
Boletim Interno nº 103, de 05 de junho de 2007.
Boletim Interno nº 123, de 05 de julho de 2007.
Boletim Interno nº 209, de 08 de novembro de 2007.
Boletim Interno nº 05, de 08 de janeiro de 2008.
Boletim Interno nº 40, de 02 de março de 2009.
Boletim Interno nº 42, de 04 de março de 2009.
Boletim Interno nº 109, de 18 de junho de 2009.
Boletim Interno nº 116, de 29 de junho de 2009.
Boletim Interno n 10, de 15 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 10, de 15 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 14, de 21 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 18, de 28 de janeiro de 2010.
Boletim Interno nº 22, de 03 de fevereiro de 2010.
Boletim Interno nº 24, de 05 de fevereiro de 2010.
Boletim Interno nº 89, de 19 de maio de 2010.
Boletim Interno nº 156, de 30 de agosto de 2010.
Boletim Interno nº 181, de 06 de outubro de 2010.
Boletim Interno nº 68, de 11 de abril de 2012.
Boletim Interno nº 228, de 04 de dezembro de 2013.
Boletim Interno nº 246, de 31 de dezembro de 2013.
Boletim Interno nº 61, de 31 de março de 2015.
Boletim Interno nº 106, de 10 de junho de 2015.
Boletim Interno nº 111, de 19 de junho de 2017.
305
Boletim Interno nº 185, de 03 de outubro de 2017.
FONTES DE PESQUISA
Boletim Interno nº 52, de 20 de março de 2018.
Boletim Interno nº 153, de 20 de agosto de 2018.
Boletim Interno nº 131, de 18 de julho de 2019.
Boletim Interno nº 133, de 22 de julho de 2019.
ACERVO ICONOGRÁFICO
ACERVOS DOCUMENTAIS
ENTREVISTADOS
306
Maj Int Alexandre Vieira de Fraga
Maj QCO Marília Santos Villas Bôas
Maj Dent Otávio Henrique Pinhata Baptista
Maj R1 Lázaro Teodoro Mendes
Cap Med Antonedson Pinto França
Cap Med Francyanne Campelo Vasconcelos
Cap Med Paulo Macio Porto de Melo
Cap Eng Deivson Fernando Soares Lima
Cap Med Renato Cunha Pena
Cap Med Ricardo del Manto
Cap QCO Sander Figueiredo Campos
Cap Farm Silvio Yoshio Tanaka
1º Ten QAO-Sau Antonio Cesar Pelegrine
1º Ten QAO-Sau Eloi dos Santos Cardoso
1º Ten SvTT Maurício Martins Martinez Segóbia
1º Ten Med Melissa Villardo
1º Ten Tmpr Reviane Westphal dos Reis
1º Ten Tmpr Ricardo Luis Vita Nunes
1º Ten R1 Júlio do Valle (in memorian)
1º Ten R1 Ivomar Gomes Duarte
2º Ten SvTT Marcelo de Melo Marcon
1º Ten R2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski
2º Ten SvTT Thaila Monique Machado de Paula Alves
S Ten Sau César Augusto de Lábio
S Ten Art Ricardo Leal Nunes
1º Sgt Com Eder Carlos Clemente
1º Sgt Sau Gabriel Roma
1º Sgt Sau Sidicley Hosken Leite
2º Sgt R1 Adilson José Antônio
Sd João Ricardo Pagano Pessanha
Ana Cannas
Ângela Maria dos Santos da Silva
Aparecida Manuli dos Reis
Ary Ubaldo da Costa (in memorian)
Carlos Michael Pimentel de Almeida
Cássia de Lourdes Gonçalves Pereira de Barros
Clóvis Costa
Cinthia Savino
Deise Moura Torres da Silva
Joel Monteiro
Jussara Izildinha da Paz
Maria das Graças Fontana
Nelson dos Santos Lutério
Dr. Paulo Planet Buarque
Vera Lúcia Vieira
William Mascarenhas Worth (in memorian)
Zelina Ramalho da Silva
307
General de Brigada Médico
Sergio dos Santos Szelbracikowski
Diretor do Hospital Militar de Área de São Paulo
COORDENADOR
Atuou como chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa no Hospital das Forças Armadas (Brasília-
DF), foi adjunto da Seção de Perícias Médicas e da Seção de Assistência à Saúde na Diretoria de Saúde,
atuou como diretor do Hospital de Guarnição de Florianópolis (HGuFl) e chefe da Seção de Saúde
Preventiva e Assistencial da Diretoria de Saúde no mesmo ano. Foi comandante da Escola de Saúde do
Exército no período de 2010 a 2012, chefe do gabinete da Diretoria de Saúde e assistente-secretário do
Diretor de Saúde em 2012. Dirigiu o Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) entre os anos de
2015 a 2017. No Exterior fez o Curso de Observador em Urologia no Walter Reed Army Medical Center,
em Washington D.C. (EUA), e o Curso de Doutrina do Corpo de Saúde das Forças de Defesa de Israel.
Como Oficial General, atuou como Inspetor de Saúde do Comando Militar do Nordeste (CMNE) entre
abril de 2017 a março de 2018, quando retornou à Direção do HMASP. General Szelbracikowski é o
primeiro Oficial General nomeado para a direção do HMASP, o primeiro médico urologista a chegar
ao generalato e o quarto diretor do HMASP a ocupar esta função por duas ocasiões em um século de
história. Também é o primeiro comandante do Forte Cambuci.
Autor
Serviu no Hospital Militar de Área de São Paulo no período de 2004 a 2011 como Soldado do Efetivo
Profissional. Realizou trabalhos em comunicação corporativa, entre os quais se destacam os projetos:
“Revista do HGeSP”, “Jornal do HMASP”, jornal “O Pioneiro” e o “Vídeo Institucional do HMASP”.
Atuou na campanha dos 90 anos do HMASP, resultando no livro “244 Anos de Medicina Militar/Hos-
pital Militar de Área de São Paulo - 90 Anos de História”, qual divide a autoria com o médico e pesqui-
sador Dr. Ivomar Gomes Duarte.
formato 20 cm x 27 cm
tipologia Trajan Pro (títulos)
Minion Pro (textos)
Castellar (capitulares)
papel miolo em couché fosco 115g/m2
capa capa dura
número de páginas 312
tiragem 1.000 exemplares
H Ge S P HMASP
HOSPITAL MILITAR
DA 2ª REGIÃO - SP
PESQUISADOR COLABORADOR
Dr. Ivomar Gomes Duarte
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Instituto Professor Antonio Carlos Lopes
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Departamento-Geral de Pessoal - DGP
Diretoria de Saúde - DSau
Comando Militar do Sudeste - CMSE
Comando da 2ª Região Militar - 2ª RM
Comissão Regional de Obras/2 - CRO/2
Cap R1 Oscar Castello Branco de Luca
Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes
Ronaldo de Carvalho
AGRADECIMENTOS
Academia Brasileira de Medicina Militar
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - ALESP
Associação de Poupança e Emprestimo (POUPEX)
Associação dos Veteranos MMDC
Biblioteca da Presidência da República Federativa do Brasil
Câmara dos Deputados
Diários Associados
Fundação Biblioteca Nacional
Fundação Cásper Líbero
Fundação Habitacional do Exército (FHE)
Governo do Estado de São Paulo
Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Instituto Paulista de Excelência da Gestão - IPEG
Instituto de Investigação Científica Tropical
(Arquivo Histórico Ultramarino)
Rádio e Televisão Record S/A
São Paulo Futebol Clube (Comunicação)
Sociedade Brasileira de Clínica Médica - SBCM
Senado Federal APOIO CULTURAL
The Church of Jesus Christ of Latter-Day-Saints
(Family History Center) Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica
Universidade Estadual Paulista - UNESP
University of California
Ana Cannas
Thomaz de Carvalho
Aparecida Manuli dos Reis
Cinthia Savino
Karina Karmaneiro Jorge
Maria Lúcia de Barros Mott (in memorian)
Nelson dos Santos Lutério
William Mascarenhas Worth (in memorian)
HMASP
anos
HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020
HMASP
REALIZAÇÃO
INSTITUTO PROFESSOR ANTONIO CARLOS LOPES - Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes / Rita Alves / Renata Beigler Ananias Fedeli -
COMUNICAÇÃO SOCIAL HMASP - Maj Marília Santos Villas Bôas / 1º Ten Luana Pinheiro Figueiredo Moreira / 2º Sgt Leandro
Melo de Lima / Sd Guilherme Chenedezzi Gonçalves / Ângela Maria dos Santos da Silva / Cássia de Lourdes Gonçalves Pereira
de Barros / Zelina Ramalho da Silva / HMASP 100 ANOS (Apoio) - Cap Deivson Fernando Soares Lima / 1º Ten Alexandre Pedro
da Silva Junior / 1º Ten Eloi dos Santos Cardoso / 1º Ten Felipe dos Santos Santana / 1º Ten Jorge Luís da Rocha Floret / 1º Ten
Maurício Martins Martinez Segóbia / 2º Ten David Ferreira de Andrade / 2º Ten Marcelo de Melo Marcon / S Ten Ricardo Leal
Nunes / 1º Sgt Gabriel Roma / 1º Sgt Sidiclay Hosken Leite / 2º Sgt R1 Everaldo Severino da Silva / 3º Sgt Gabriel Tadeu de
Oliveira Fontes / 3º Sgt Henrique Ladislao Marques Pinheiro / 3º Sgt Willian Roberto Nazareth Neves / Cb Bruno Rocha Santos /
Cb Elias da Silva Moreira / Cb Leonardo Ribeiro Santos / Cb Mateus de Almeida Ribeiro / Cb Rafael Fernandes Vieira Marques
/ Sd Andrey Andrade Ramos da Paz / Sd Caique Duarte Batista / Sd Daniel da Silva Bertelli Prado / Sd Daniel Souza Gomes / Sd
Diego de Souza Pinto de Almeida / Sd Hebert Pimentel dos Santos Silva / Sd Higor de Andrade Américo / Sd Italo Granh Silva
/ Sd Luccas Alves Thomaz / Sd Luiz Henrique Paes de Oliveira / Sd Marcos Paulo Gomes de Lemos Júnior / Sd Mateus da Costa
Sotana / Sd Mateus Xavier de Moraes / Sd Matheus Laudari Calascibetta Ferreira / Sd Robson Soares Siqueira / Sd Ronie Lucas
de Santana Faria / Sd Victor Moura Rosa / Sd Walid Costa Carvalho / Sd Welber Rodrigues da Silva
Impressão e acabamento
Janeiro de 2020
Impresso no Brasil
HMASP
anos
HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020
Thomaz de Carvalho