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Hospital Militar de Área

de São Paulo
100 anos a serviço do Brasil

HMASP

EDIÇÃO HISTÓRICA COMEMORATIVA AO CENTENÁRIO


DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO NO FORTE CAMBUCI
COM O RESGATE SOBRE OS 254 ANOS DE ATIVIDADE EM SÃO PAULO
Sergio dos Santos Szelbracikowski
Coordenador

Fagner Moura

Hospital Militar de Área


de São Paulo
100 anos a serviço do Brasil

1ª Edição

São Paulo
2020
© 2020 Hospital Militar de Área de São Paulo

Coordenador: Gen Bda Med Sergio dos Santos Szelbracikowski

Projeto gráfico e diagramação: Fagner Rodrigo do Nascimento Moura

Autor: Fagner Rodrigo do Nascimento Moura

ISBN: 978-85-64200-01-2

Todos os direitos reservados. A reprodução parcial do texto desta obra pode ser
utilizada desde que citada a fonte. Nenhuma imagem contida nesta obra pode ser
reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio, sem
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Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)


Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971

M929 Moura, Fagner


Hospital Militar de Área de São Paulo: 100 anos a serviço do
Brasil / Fagner Moura; coord. Sergio dos Santos Szelbracikowski. --- 1. ed.
--- São Paulo : HMASP , 2020 .
312 p. : il. ; 27 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-64200-01-2

1. Hospital Militar de Área de São Paulo - História . 2. Medicina Militar -


História - São Paulo (SP) . 3. Hospitais Militares - História - São Paulo (SP)
. I . Szelbracikowski, Sergio dos Santos. II . Título.

CDD 355.72098161

Exército Brasileiro
Hospital Militar de Área de São Paulo
Rua Ouvidor Portugal, 230
CEP 01551-000 - São Paulo - SP
www.hmasp.eb.mil.br
General de Brigada Médico
João Severiano da Fonseca
PATRONO DO SERVIÇO DE SAÚDE DO EXÉRCITO BRASILEIRO
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HMASP
anos

HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020
Sumário
Página
Prefácios e Prólogos 10

Introdução 14

1766: O início da Medicina Militar em São Paulo


nascimento do Hospital Militar

1. O início do Hospital Militar 18

2. A suntuosa sede que não saiu do papel 22

O Real Hospital Militar no Século XIX


Vanguarda na medicina brasileira

3. A construção do Real Hospital Militar 28

4. A nomeação do físico-mor 36
e do boticário do Real Hospital Militar

5. O primeiro regulamento hospitalar do Brasil 38

6. O primeiro curso de cirurgia do Brasil 46

7. A estrutura do Real Hospital Militar 48

8. Reorganização do Serviço de Saúde do Exército no 51


Império: fim do Real Hospital Militar

9. O Corpo de Saúde do Exército 53


no fim do Império

10. O Hospital Militar de 3ª Classe 55

11. A Missão Médica Brasileira 63


na Primeira Guerra Mundial

12. A necessidade de um hospital 68

1920: Inauguração do Hospital Militar da 2ª Região


no bairro do Cambuci

7
13. Um novo hospital se instala 72
no alto do Morro da Pólvora
14. A solenidade de inauguração 74
do Hospital Militar da 2ª Região

15. O primeiro Boletim Interno 88

16. Marechal Luiz Barbedo 91

17. Curiosidades do Hospital Militar 93


no início do Século XX

18. A Revolta Paulista de 1924 96

19. A Revolução Constitucionalista de 1932 98

20. O Hospital Militar promove seus primeiros 104


cursos na área de Saúde

21. A 2ª Formação Sanitária Regional 110

22. O 2º Batalhão de Saúde e a 2ª Guerra Mundial 128

Hospital Geral de São Paulo


1955-2009

23. O surgimento de novas 136


especialidades e serviços

24. 1956 - Primeira intervenção cirúrgica 138


de defeito vascular

25. No Hospital Geral de São Paulo 141


o milagre aconteceu

26. Acontecimentos do Hospital Geral de São Paulo 144

27. O Hospital Geral de São Paulo 146


no seu cinquentenário

28. Incêndio do Edifício Joelma: 156


a operação de resgate do HGeSP

8
Sumário
29. A construção do novo 174
Hospital Geral de São Paulo
30. A evolução do Hospital Geral de São Paulo 188

31. A Missão de Paz da Onu no Haiti 195

Hospital Militar de Área de São Paulo


A ciência a serviço da Família Militar

32. A transformação em Hospital Militar de Área 202

33. A evolução do HMASP na última década 206

34. Nasce um Hospital Quartenário: 220


a implantação das Residências Médicas

35. As Cirurgias que marcaram a história 227


do HMASP no Século XXI

36. A importância do Serviço Religioso na promoção da 258


Saúde

Posfácio 260
Epílogo 262
Agradecimentos 264

Denominações 266

Galeria dos Diretores 268

Linha do Tempo 278

Organizações Militares de Saúde 292


do Exército Brasileiro

Postos e Graduações das Forças Armadas 294

Referências Bibliográficas 296

Documentos Consultados 299

Fontes de Pesquisa 301

9
Prólogo
General de Exército
Marcos Antonio Amaro dos Santos
Comandante Militar do Sudeste

M ais de dois séculos e meio após o descobrimento do Brasil, Portugal transferiu


a capital da colônia, até então em Salvador, para o Rio de Janeiro, em 1763. O
território brasileiro tinha se estendido significativamente para o oeste no período da
união das coroas ibéricas (1580-1640), rompendo as amarras impostas por Tordesilhas.

Havia uma nobre missão a ser cumprida quando, em 1766, foi instalado o hospital mi-
litar na Capitania de São Paulo, inicialmente instalado no pátio do colégio jesuítico, que
também abrigava a sede do Governo da Província. Seria o primeiro estabelecimento
médico da cidade. A independência dos Estados Unidos ocorreria 10 anos mais tarde.
Não havia evidências de que em pouco mais de 20 anos, com a queda da Bastilha, na
França, teria início a Era Contemporânea.

Na primeira fase da sua história, que vai de 1766 até 1919, o hospital militar testemu-
nhou importantes acontecimentos. Observou o florescimento dos Estados Unidos da
América; os acontecimentos que levaram à Revolução Francesa; viu Tiradentes, patro-
no cívico da Nação, ser imolado na luta pela Independência; presenciou a chegada da
família Real, em 1808, e a elevação da colônia à condição de metrópole. Tratou dos sol-
dados, dos escravos da coroa e da população em geral. Foi o responsável pelo primeiro
regulamento hospitalar do Brasil e pelo primeiro curso de cirurgia em terras brasileiras.

Com a Independência do Brasil, ocorrida em 1822, e com a constituição de 1824, in-


corporou-se formalmente à estrutura do Exército Brasileiro. Ofertou suporte sanitário
aos feridos das revoltas internas e aos que foram defender a Pátria nas guerras externas,
com destaque para a Campanha da Tríplice Aliança (1865-1870). Assistiu à sanção da
Lei Áurea, a Proclamação da República e viu o País ser governado por reis e presidentes.
Contribuiu, ainda, com o envio de um médico para a Europa, compondo missão mili-
tar médica francesa para o atendimento aos feridos da 1ª Guerra Mundial.

Em 1918, o General de Divisão Luiz Barbedo, comandante da então 6ª Região Militar


(atual 2ª Região Militar), percebeu a deficiente estrutura para atendimento às tropas em
São Paulo. Destinou, então, o Morro da Pólvora, no bairro Cambuci, para a construção
de um novo hospital, que foi instalado em 03 de maio de 1920.

10
Iniciou-se, então, uma nova fase da sua história.

Nos últimos cem anos, o HMASP foi responsável por grandes feitos da medicina brasi-
leira. Destaca-se o combate à epidemia de febre tifoide, em 1925, a primeira cirurgia para
correção de defeito vascular, em 1956, a criação do banco de olhos e a primeira cirurgia
de transplante de córneas de São Paulo, em 1961. Mais recentemente, a realização de ci-
rurgias inéditas na América Latina no campo da Neurocirurgia e a consolidação das resi-
dências médicas nas áreas de Neurocirurgia, Anestesiologia, Clínica Médica e Urologia.

O HMASP também se orgulha de ter participado do apoio aos legalistas na Revolução


Paulista de 1924, na Revolução Constitucionalista de 1932, no envio de militares para
compor o 2º Batalhão de Saúde da Força Expedicionária Brasileira e das diversas missões
de caráter humanitário, no Brasil e no exterior.

Verificamos, portanto, que a trajetória desta singular Organização de Saúde, além de


brilhante, é ascendente. Seja nos seus primórdios, seja mais recentemente, o HMASP é
protagonista da sua própria história.

É um privilégio verificar o alto nível no atendimento aos militares da ativa, na inativi-


dade e aos pensionistas, que usufruem de um hospital moderno, eficiente e adequado às
demandas da família militar.

Caros integrantes do HMASP, ao comemorarem o primeiro centenário de funcionamen-


to deste magnífico hospital em suas atuais instalações, tenham a certeza de que muito
há que se orgulhar e celebrar. Na condição de Comandante Militar do Sudeste, cumpri-
mento-os com a certeza de que engrandecem o legado deixado por nossos antepassados
e mantém viva, às gerações atual e futuras, uma rica história de honra e tradições do
Exército e do Brasil.

11
Prefácio
General de Divisão
João Chalella Júnior
Comandante da 2ª Região Militar

A História do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) mostra, desde a sua
criação, uma vocação para dar assistência e cuidar do doente. Sua gênese está no Pá-
tio do Colégio Jesuítico junto à sede do Governo da Capitania de São Paulo, cuja missão
primeira era prestar o atendimento médico aos militares e aos escravos da capitania. Há
que se lembrar que nesta quadra da História os mais abastados tinham a assistência em
domicílio e os demais eram assistidos pelos religiosos da Irmandade da Misericórdia, cuja
terapia estava baseada na utilização de ervas medicinais da cultura indígena.

Desde então, o Hospital passou por várias sedes. Em cada uma delas, há uma História
e curiosidade que, após anos de pesquisa, este livro conta de maneira simples, atrativa e
instigante, por intermédio de textos cuidadosamente elaborados, fotos e cópias de docu-
mentos.

A obra divide a história do hospital em dois momentos distintos. O primeiro, a fase em-
brionária que nos traz os fatos que vão de 1766 a 1919 e, o segundo, a fase moderna que
aborda o período de 1920 até os dias atuais. O que torna a leitura interessante são os fatos
narrados com profundo embasamento e algumas curiosidades, como o capítulo denomi-
nado “A suntuosa sede que não saiu do papel.”

Desde sua fase embrionária, o então Real Hospital Militar e atualmente HMASP viveu de
forma ativa a evolução da Capitania de São Paulo, do Exército Brasileiro e do Brasil. Teve
participação efetiva nos mais importantes momentos da nossa História, uma vez que,
além da sua missão precípua de atendimento aos militares, escravos da coroa e à popu-
lação em geral, ainda foi o responsável pelo primeiro regulamento hospitalar do Brasil e,
em 1804, realizou o primeiro curso de cirurgia do País. Ainda, nesta fase embrionária, foi
expectador privilegiado de importantes momentos históricos na América e Europa, mas
foram os fatos internos que viveu e participou, como a assistência aos convalescentes e
feridos na Guerra do Paraguai, que ajudaram a forjar o alicerce e aprofundar as raízes do
hoje denominado Hospital Militar de Área de São Paulo.

Após várias mudanças de sede, em 1918, o Gen Div LUIZ BARBEDO, comandante da
então 6ª Região Militar (atual 2ª Região Militar) destina o Morro da Pólvora para a insta-
lação de um, nas palavras do autor do livro, “hospital moderno, construído com madeiras
importadas dos Estados Unidos e que contava com sofisticados equipamentos vindos da
Europa. Sua fachada simples e sóbria como o seu interior, resplandecia de beleza”. Este
mesmo ano também marcou a participação do Exército Brasileiro na Missão Médica Bra-
sileira para atendimento aos feridos da primeira Guerra Mundial, com um médico pau-
lista sendo nomeado para esta missão.

12
Já na fase moderna, em 03 de maio de 1920, em cerimônia que
contou com a presença do Presidente do Estado de São Paulo,
Dr WASHINGTON LUÍS, de diversas autoridades civis e mi-
litares, de veteranos da Guerra do Paraguai e dos diretores dos
principais hospitais paulistano, o Hospital Militar da 2ª RM é
inaugurado em SÃO PAULO. Neste momento, o futuro HMASP
já estava plenamente integrado à 2ª Região Militar, cuja parti-
cipação na História assumiu relevância, sendo protagonista em
todas as missões que cumpriu, seja no atendimento das tropas
de Arthur Bernardes, na Revolta Paulista de 1924 ou no aten-
dimento aos feridos da Revolução Constitucionalista de 1932,
juntamente com médicos e outros profissionais de saúde civis voluntários.

Na Segunda Guerra Mundial (2ª GM), realizou as inspeções de saúde dos militares que
seriam incorporados à Força Expedicionária Brasileira e teve participação efetiva nos
combates em terras italianas, com envio de militares do 2° Batalhão de Saúde, organiza-
ção militar de apoio ao hospital.

Na história mais recente, pontua-se a sua participação efetiva na esfera internacional, seja
nas missões de Paz no TIMOR LESTE e HAITI, seja em apoio a ajuda humanitária pres-
tada aos refugiados venezuelanos no estado de RORAIMA.

O então Hospital Geral de São Paulo não limitou o seu trabalho nas esfera assistencial,
médica e ambulatorial. Já em 1958, atuava no campo da ciência, quando foi criado um
Centro de Estudos, que permitia a discussão de casos e busca de soluções a partir da
pesquisa científica, cujo exemplo de resultado concreto foi a criação do primeiro Banco
de Olhos de São Paulo e a realização, em 1961, do primeiro transplante de Córneas do
Estado.

Na última década, o HMASP se aprofundou na área do ensino com o Programa de Re-


sidência Médica nas áreas de Clínica médica, Neurocirurgia, Anestesiologia e Urologia,
além da Pós-Graduação em Implantodontia, a partir do Programa de Capacitação e Atu-
alização Profissional dos Militares do Serviço de Saúde (PROCAP – SAU).

Ao lermos esta obra, vamos percorrer a rica História do Brasil, do Exército Brasileiro e
do Hospital Militar de Área de São Paulo, cuja evolução foi assentada nos ombros de
profissionais competentes e dedicados, que, compreendendo a grandeza de sua missão,
atendem aos pacientes de maneira humanizada, colocando-os em primeiro plano, aper-
feiçoando as técnicas de tratamento, buscando atender as necessidades do usuário como
um todo.

Como comandante da 2ª Região Militar, Região da Bandeiras, ao contemplar a História


deste último século vivido pelo HMASP, cumprimento todos os seu integrantes, de ontem
e de hoje, pelo trabalho e dedicação, concitando-os a, como diz a canção do Serviço de
Saúde, “continuar pelejando ao lado da ciência, pela glória e pela honra do Brasil.”

13
INTRODUÇÃO
General de Brigada Médico
Sergio dos Santos Szelbracikowski
diretor do hospital militar de área de sáo paulo

É com grande satisfação que aproveitando as comemorações dos 100 anos de constru-
ção do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) no antigo morro da Pólvora,
no bairro do Cambuci, instalações estas que vieram do bairro de Santana, onde hoje fica
o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, fazemos o lançamento deste
livro comemorativo, onde a história deste secular hospital é contada desde os seus pri-
mórdios há 254 anos no Pátio do Colégio dos Jesuítas, no centro histórico de São Paulo.

Muito provavelmente o primeiro hospital da antiga capitania de São Paulo, com certe-
za um dos mais antigos hospitais militares do país, evoluiu de sua sede inicial no Pátio
do Colégio dos Jesuítas, fundado em 1766, para instalações no Vale do Anhangabaú em
1801 já com a denominação de Real Hospital Militar, local onde posteriormente seria
construído o prédio dos correios. De 1832 a 1919 funcionou no bairro de Santana, sendo
construído o antigo prédio hospitalar já no forte Cambuci entre os anos de 1919 e 1920,
quando foi inaugurado no local que hoje abriga o Forte Cambuci. Este prédio original foi
todo demolido entre os anos de 1979 e 1986, quando foram inauguradas as novas instala-
ções do moderno Hospital Geral de São Paulo, instalações estas portentosas e que foram
construídas a fim de tornar este um hospital de grande porte!

A contar de 2010 passa a se denominar Hospital Militar de Área de São Paulo, passando
a se constituir no último elo de evacuação médico-hospitalar do Comando Militar do
Sudeste e a partir da sua transformação em hospital quaternário (dedica-se ao tratamento
da alta complexidade médico-hospitalar e também ao ensino e pesquisa na área de saúde)
em 2015, com a oficialização pelo Ministério da Educação da sua primeira Residência
Médica em Neurocirurgia, decisivamente este passou a ser o segundo maior hospital do
Exército Brasileiro, ladeando com o Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro como
os dois únicos quaternários da plêiade de 28 hospitais que compõem o Serviço de Saúde
do Exército.

14
Com este crescimento, houve a decisão do Alto Comando do Exército, em reunião de
fevereiro de 2018 de passar a Direção do HMASP a comando exclusivo de Oficial General
Médico, o que foi oficializado por Decreto Presidencial de 19 de julho de 2019.

Hoje o HMASP se constitui no segundo maior hospital do Exército Brasileiro, com mais
de 40.000 metros quadrados de área construída, com três andares de internação com 120
apartamentos e capacidade para 180 leitos, totalmente modernizados, com uma UTI com
capacidade de 10 leitos e 1 isolamento, dentro da mais moderna arquitetura e tecnologia
hospitalar, com centro cirúrgico com 8 salas e capacidade de executar cirurgias dentro do
padrão ouro do atual estágio do conhecimento médico, área ambulatorial com consultó-
rios modernos tanto para todos os tipos de especialidades médicas, como odontológicas,
o que tornou este hospital referência para todo o país, recebendo evacuações de pacientes
de todas as Regiões Militares para aqui se tratarem!

Portanto é com muito orgulho que Dirijo o Hospital Militar de Área de São Paulo pela
segunda vez, agora como Oficial General, e tenho a oportunidade de fazer esta introdu-
ção deste livro que marca indelével os 100 anos da instalação do mesmo aqui no Forte
Cambuci!

HMASP!
SAÚDE, BRASIL!

15
Pintura de Benedito Calixto
1766: o início da
medicina militar em São Paulo
NASCIMENTO DO HOSPITAL MILITAR
1 O inicío do Hospital Militar

E sse hospital tem origem nos Reais Hospitais Militares do


tempo do Império e o Brasil Colonial, destinado ao aten-
dimento das tropas, pois até o Século XVIII, os locais de in-
ternação no Brasil resumiam-se a umas poucas Santas Casas
de Misericórdia que atendiam a população carente, dado que
o atendimento médico dos mais abastados se fazia nos domi-
cílios. Desta forma, durante muitas décadas a assistência aos
doentes carentes, em São Paulo, esteve restrita à enfermaria
dos padres jesuítas, no Pátio do Colégio.

Embora existisse como Irmandade desde 1562, foi apenas


em 1717 que a Irmandade de Misericórdia de São Paulo con-
tratou o capitão Pedro Fernandez para a construção de uma
Igreja com a sacristia e um hospital anexo, no pequeno largo
formado pelo entroncamento da atual Rua Álvares Penteado
com a Rua Direita, conhecido como o Largo da Misericórdia.
As obras iniciaram-se pela Igreja.

Segundo FARINA, em 1742 foram adquiridas quatro mora-


dias contíguas a Igreja, para o lado da Rua da Quitanda, vi-
D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão -
sando a ampliação da enfermaria e efetivamente instalar um O IV Morgado de Mateus (1722-1798).
hospital anexo à Igreja, Neste exato local, hoje Largo da Misericórdia, localiza-se o edifício
“Ouro para o bem de São Paulo”.

No governo do Marquês de Pombal foram criados os Reais Hospitais Militares, os quais foram
instalados nas edificações outrora pertencentes à Companhia de Jesus, expulsa de Portugal e
Colônias em 1759. O Governo de D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, o quarto Morga-
do de Mateus, à frente da Capitania de São Paulo, se deu no período de 1765 a 1775. Ele chega
a Santos em 1765 e em abril do ano seguinte vem a São Paulo instalar-se no então Palácio do

18
Governo da Capitania de São Paulo, situado no Pátio do Colégio que abrigava anteriormente o
Colégio dos Jesuítas, reformado para se tornar a sede do Governo da Capitania.

Conforme BERLOTTO, em que pese o período já estabelecido durante a sua passagem pela
cidade de Santos, o termo de posse do Morgado de Mateus indica que essa ocorreu no dia 07
de abril de 1766, perante a Casa do Senado e Câmara, tendo o novo governador se instalado no
Palácio do Governo. Também foi implantado nesta data o que pode ser considerado o primeiro
Hospital Militar em São Paulo, e possivelmente no Brasil.

Em mensagem enviada a Lisboa, em 04 de abril do mesmo ano, citada por MORAES (1979), o
governador Morgado de Mateus informava o Conselho Ultramarino que:
“(...) mandei fazer quase de novo a torre deste Colégio, todo o alpendre da
portaria, as prisões do Corpo da Guarda deste Governo, hospital dos sol-
dados e dos negros, retalhar por diferentes vezes e a cada passo (pelo perigo
que correm as paredes por serem de terra), grande quantidade de consertos
particulares e precisos, uma varanda que era muito necessária para desafogo
dos corredores que são abafadiços, etc.” 1
Nessa época, os militares dispunham de enfermarias nos próprios alojamentos das tropas e nos
aquartelamentos para o atendimento médico.

A política de Marquês de Pombal para o Ultramar atendia aos seguintes princípios: defesa do
território, expansão econômica e fortalecimento do poder Real Português. Com o incentivo
ao recrutamento e a formação de tropas e o consequente aumento da população militar, na
verdade uma enfermaria do Palácio do Colégio, em pouco tempo tornou-se insuficiente, o
que levou o governo de Martins Lopes Lobo de Saldanha a alugar casas contíguas à Igreja da
Misericórdia e instalar as enfermarias militares, em 1775.
A instalação desta enfermaria nas casas da Misericórdia era uma solução temporária, o pró-
prio governador Lobo de Saldanha reconhecia que as instalações eram insuficientes para o
atendimento dos soldados:
“Também se precisa fazerem-se Quartéis por não haver ne-
nhum, e o Hospital aproveitando o território, e casa principia-
da do defunto Bispo, que dá o atual gratuitamente: pois não há
mais aqui que um pequeno principiado Hospital particular da
Misericórdia, em que tenho alguns soldados doentes, e por não
caber nele os mais, tenho alugado casas particulares, em que é
inevitável o incômodo, a irregularidade e ainda a despesa de
mais Enfermeiros.” 2
Igreja da Misericórdia no Século XVIII. O local sugerido para a construção do hospital militar era a
Aquarela de Tharcillo Filho (2010)
MUSEU DA SANTA CASA DE casa do Bispo de São Paulo Frei Antônio da Madre de Deus
MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO Galvão (1697-1764), que assumiu a cúria paulistana no ano
1. D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão havia recebido uma ordem Real em 17 de março de 1766 para preservar o patrimônio dos Jesu-
ítas que foram expulsos em 1759. Muitas edificações já apresentavam sérios desgastes após sete anos de abandono.
2. Ofício nº 45, de 14 de novembro de 1775 (DI 25-28, p. 149).

19
de 1750, onde permaneceu até o seu falecimento. Desde que o hospital militar foi retirado do
Palácio do Governo, havia uma preocupação em construir uma sede própria, algo que só viria
a ocorrer no final do Século XVIII.

Carta de 30 de outubro de 1766 do provedor da Fazenda Real da capitania de São Paulo, José Honório de
Valadades e Aboim ao rei D. José I, sobre o pagamento do bacharel de medicina Joaquim José Freire da
Silva, que atendia o Hospital Militar na cidade de São Paulo.
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa)

20
Localização da Igreja da Misericórdia, existente desde 1709 na confluência da Rua do Comércio
(atual Álvares Penteado) e da Rua Direita. Planta da Cidade de São Paulo: 1810.
Destaques de Karina Jorge. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antigo -
Plantas da Cidade; São Paulo, 1954 - Editora Melhoramentos.

Igreja da Misericórdia (em estilo barroco), Largo da Misericórdia e o Chafariz Público


desenhado por Miguelzinho e construído pelo preto Thebas em 1788 (e desmontado em 1866).
Foto: Militão Augusto de Azevedo (1862).

21
2 A suntuosa sede
que não saiu do papel

N o documento datado de 14 de janeiro de 1803, em que o governador da Capitania de


São Paulo, capitão-general Antônio Manuel de Castro e Mendonça relata os feitos de sua
administração para o seu sucessor, dedicou uma longa e detalhada memória que relatava as
motivações, o financiamento e os desafios encontrados para a construção da sede do Hospital
Militar da Capitania de São Paulo. No primeiro parágrafo, relembra o governador:
“Quando cheguei a esta Capitania, servia de Hospital uma casa contigua à
Igreja da Misericórdia, pertencente à mesma que tinha na Rua da Quitanda:
esta casa foi tomada para o Hospital pelo Sr. Martins Lopes Lobo de Saldanha,
e ali se conservava até quase o ano de 1801. Instituição leal da mesma casa,
posta no Centro da Cidade, a falta de comida a ainda de um ar puro e facil-
mente renovado e outros tantos fundamentos, assim fundamentais para me
fazer intentar a crença de um Hospital, onde pudessem ser tratados os Soldados
daquela forma que Sua Alteza Real quer e o bem da humanidade exige.”
O primeiro projeto para construção do Hospital Militar da Capitania de São Paulo foi desen-
volvido pelo coronel João da Costa Ferreira (1750-1822). Durante muito tempo, Ferreira foi
considerado o único engenheiro militar a quem se poderia confiar obras de grande vulto. Ini-
ciou sua carreira após o terremoto de Lisboa (ocorrido em 1755), atuando na reconstrução da
Baixa Pombalina. Em terras lusitanas realizou importantes obras como o Palacete Monserrat
I e o edifício do Gabinete de História Natural, ambos em Coimbra, em 1779. Foi trazido para
São Paulo pelo governador da capitania Bernardo José de Lorena, no ano de 1788, onde se
radicou.3
Neste primeiro projeto de construção do Hospital Militar (1792), planejado para ser erguido
na região da Luz próximo ao Horto Botânico (cuja planta atualmente se encontra no acervo do
Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa), Ferreira projetou uma fachada principal em estilo
neoclássico, com 28 aberturas de expansão. Um porão foi incorporado sob a escada que dava
3. CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o império: aspectos da formação da cultura burguesa em São Paulo. 1997. 814f Tese
(Doutorado em Arquitetura) – FAU USP. São Paulo. 4v. p. 64.

22
acesso à entrada principal com o intuito de preservar o assoalho da umidade e evitar que o
ambiente se tornasse insalubre. A planta possuía 58 repartições, levando a capacidade máxima
de 116 leitos.

O local previsto para a construção do Hospital Militar era afastado do núcleo urbano, ao Norte da cidade em direção à Luz. Também era
previsto a construção do Jardim Público e a Casa de Correção no local. Destaques de Karina Jorge. Planta da cidade de São Paulo-1810.
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antigo - Plantas da Cidade; São Paulo, 1954. Editora Melhoramentos.

Segundo CAMPOS, a análise desta planta pode trazer uma clara ideia da estrutura do hospital
projetado por João da Costa Ferreira. Nos tempos em que os hospitais militares, na sua maio-
ria, ocupavam casas convencionais para a realização dos atendimentos, tendo suas enfermarias
improvisadas de forma inadequada - esta seria a primeira edificação desenvolvida para o aten-
dimento hospitalar na cidade. Deste modo, sem adaptar uma construção pré-existente.

Se erguido, o Hospital Militar da Capitania, teria a seguinte composição:

ALA FRONTAL: Na entrada principal, daria o acesso a um espaçoso “Salão de Entrada”. À es-
querda, encontramos a Enfermaria dos Presos; a Enfermaria dos Inferiores e Particulares (po-
dendo ser considerado a região de acolhimento dos pacientes provenientes da Misericórdia); a
Enfermaria dos Feridos; e Convalescência (enfermaria dedicada para a observação dos pacien-
tes). À direita, daria o acesso à Sala de Cirurgia; o aposento do Oficial-de-Dia; e o alojamento
dos funcionários residentes (que seria o chefe maior do hospital e seu adjunto, o que viria a
ser o físico-mor e o cirurgião-mor) que eram constituídos de sala, cozinha, “camerim” (quarto
menor) e “camara” (quarto principal) - diferenciando apenas o tamanho destes aposentos de
acordo com a hierarquia estabelecida. Na sequência: a “Casa da Fazenda” (correspondente à
Tesouraria do Hospital); a “Saleta da livraria” (biblioteca); e a Botica (espécie de farmácia para
o preparo dos medicamentos).

ALA SUL: Esta região onde haveria a menor predominância solar, seria constituída por: uma

23
enfermaria para pacientes com Sífilis (Enfermaria do Galático) – doença de grande predo-
minância no Século XVIII; e outra enfermaria com maior capacidade de ocupação para os
pacientes acometidos por “febre” (Enfermaria das Febres).

ALA NORTE: Esta região era a mais seca durante o inverno, devido a maior predominância
solar. No projeto era constituída pelo “Armazém das Drogas” (estoque de medicamentos); por
um local destinado para as aulas (Curso de Cirurgia); e pelo “Laboratório Químico” (outro
espaço destinado para manipulação de fórmulas). Na mesma ala, mais voltada ao Sul, haveria
um espaço destinado para a cozinha e para a “sala de jantar” (refeitório). Na sequência do la-
boratório foi destinado um espaço separado para os escravos da Botica e para outros escravos
que trabalhariam no Hospital Militar.

ALA OESTE: Esta região que seria a mais desconfortável do hospital, principalmente pela alta
predominância solar - sobretudo no verão, destinada aos Serviços Gerais. Na parte externa
haveria um espaço reservado ao galinheiro (uma vez que as galinhas eram necessárias para o
preparo dos caldos e da carne branca para os pacientes, e para o preparo da canja prescrita ex-
clusivamente aos pacientes mais graves); dotava ainda do depósito de madeira (utilizado como
lenha para a cozinha) denominado de “Casa da Lenha”; da “Casa dos Mortos” (necrotério); da
“Casa de Banhos”; da Cozinha (esta utilizada para o preparo da dieta dos pacientes); da “Enfer-
maria dos Escravos”; da “Casa dos Escravos Serventes”; da “Casa da Anatomia” (voltada para
as dissecações dos cadáveres); e finalmente as “Comuas dos Particulares”4.

Segundo JORGE, essa construção chegou a ser iniciada e foi interrompida logo em segui-
da pelo governo. Parte do terreno onde seria construído o Hospital Militar foi cedido para a
construção do Jardim da Luz, em 28 de setembro de 1792, e a outra parte atualmente abriga a
Pinacoteca do Estado de São Paulo5.

Jardim Público (atual Jardim da Luz) em 1887.


Foto: Militão Augusto de Azevedo.

4. Comuas: espécie de latrina, privada.


5. MARTINS, op. cit. p. 128.

24
Planta do Hospital Militar da Capitania de São Paulo
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa)

25
O Real Hospital Militar
no Século XIX
VANGUARDA NA MEDICINA BRASILEIRA

Raríssima fotografia do casarão inaugurado em 1802, que


abrigou o Real Hospital Militar e o seu Jardim Botânico,
na ladeira do Açú (atual Av. São João). c. 1890.
3 A construção do
Real Hospital Militar

P oucos anos após o Governo desistir do projeto da construção do Hospital Militar da Ca-
pitania de São Paulo, na região da Luz, o governador e capitão-general Antônio Manuel
Melo e Castro de Mendonça recebeu em 19 de novembro de 1799 a ordem do vice-rei D.
Rodrigo de Souza Coutinho para criar e cercar o terreno do Horto Botânico - nos moldes do
que ocorrera na capitania do Grão-Pará. Ao perceber o intuito da Coroa de manter um espaço
dedicado para a preservação das plantas, sejam elas exóticas ou medicinais – sobretudo aque-
las utilizadas tradicionalmente pelos índios, Castro de Mendonça acreditou que este seria o
momento oportuno de unificar o projeto de construção do Hospital Militar ao Horto Botânico.

Iniciaria então um novo projeto. O hospital que seria construído na Luz sairia muito caro para
ser erguido na época - um dos motivos para o abandono da obra. A Capitania de São Paulo
não poderia incluir em seu orçamento tamanho empreendimento, nem poderia onerar a Real
Fazenda. Precisava encontrar outros meios para financiar o projeto.

A primeira medida do capitão-general foi convencer a elite paulista sobre a necessidade da


construção do Hospital Militar e obter apoio ao projeto na forma de uma subscrição voluntá-
ria.6 Foi deste mesmo modo que seus antecessores conseguiram financiar importantes obras na
capitania: José Raimundo Chichorro da Gama Lobo (governador interino entre 1786 e 1788)
construiu a Ponte do Marechal (uma ponte de pedra em forma de arco que servia de travessia
sobre o rio Tamanduateí - atual Viaduto de Santa Ifigênia), Bernardo José de Maria Lorena e
Silveira (que governou no período de 1788 a 1797) criou o Quartel da Legião e próprio gover-
nador Castro de Mendonça consertou o Caminho de Santos a partir deste modelo de parceria.
A adesão dos paulistas ao projeto fez o governo alcançar o donativo de 1:640$880 (um conto,
seiscentos e quarenta mil e oitocentos e oitenta) réis, sob a condição do governo conceder pa-
tentes honoríficas aos benfeitores.
6. Financiamento coletivo, semelhante ao crowfunding. Neste caso, os doadores seriam recompensados com a concessão de patentes militares.

28
A partir deste ponto, o Governo inicia a escolha do terreno - aquele que fosse o mais econômi-
co para a construção da sede do Hospital Militar. Em sua concepção original, o local abrigaria
ainda o Quartel da Legião e a Casa de Trem:
“A criação desta Real Ordem pela qual a custa da Real Fazenda se deter-
minava aquele estabelecimento, fez-me aliar na ideia de ligar a este Horto
Botânico, com o que junto ao Hospital Militar daria existir para a cultu-
ra, conservação das plantas, meramente Oficina, onde achando o Bacha-
rel Francisco Vieira Goulart, a quem dei a comissão de escolher o terreno
próprio para este fim, haver suficiência, no que fica além da referida Ponte
(do Marechal), tanto por não ter a extensão necessária como por ser árido,
e bastantemente pedregoso, foi escolher as terras que se acharam devolutas
no Campo da Luz, que fazem frente pela parte do Norte com a Praça dos
Exercícios Militares, e pela nascente com a Rua Direita que desta cidade con-
duz para o Rio Ilumente da Luz, denominado de Cunha, e pela ponte com
a cubra Rua, que inde da Villa de Santa Ifigênia, dá servidão às pequenas
chácaras, que existem na terra adjacente.”
Com a “Carta de Luta” em mãos - documento que servia de título de posse do terreno, inicia o
cerco da propriedade, atendendo a ordem recebida da Coroa para a criação do Horto.

Em 05 de junho de 1799, Mendonça encaminhou um ofício ao vice-rei informando sobre a


anexação dos projetos do Horto e do Hospital Militar e sobre a realização da subscrição. A
resposta viria em 04 de novembro do mesmo ano, aprovando a iniciativa e sugerindo que
novos caminhos fossem estudados pelo Governo para o financiamento dos projetos. Somente
as doações da elite não seriam suficientes para erguer a sede do hospital. Em consulta com a
administração da Fazenda da Capitania, o governo decidiu taxar o sal, aferindo lucro para a
continuidade da obra. A importância de se ter um hospital na cidade fez com que a população
não se opusesse em pagar mais caro pelo produto. Três libras e meia7 de sal, que era vendido
em Santos por 1$280 réis, passou a ser vendido na cidade de São Paulo por 2$000 réis. Isso
garantiu o lucro de cem mil réis por alqueire.8

O terreno escolhido para a construção do Hospital era árido e a água era um recurso funda-
mental para o andamento das obras e para o abastecimento do Hospital e do Horto. A fonte
mais próxima ficava em uma ermida no Recolhimento da Luz.9 Seria necessário remanejar
parte dessa água que passava por três chácaras da região, para que o abastecimento fosse possí-
vel. O governador negociou pessoalmente com os proprietários das chácaras sobre o fluxo e a
divisão do recurso hídrico. A mais próxima, pertencia ao coronel Francisco Pinto do Rego, este
atendeu prontamente ao governador, registrando em escritura pública seu comprometimento
em consertar o aqueduto e ceder metade da água que corria em sua propriedade para a obra,
desde que o governo arcasse com a metade dos custos do reparo e se responsabilizasse com a
conservação do aqueduto.
7. 3,5 libras – equivalente a 1.600 gramas.
8. Alqueire: antiga unidade de medida portuguesa correspondente a 80 quilos.
9. Ermida do Recolhimento da Luz – pequena capela que ficava no Mosteiro da Luz.

29
As demais chácaras por onde passavam as águas pertenciam aos coronéis Joaquim José Pinto
de Moraes Leme (filho do coronel Francisco) e ao senhor Miguel Carlos Aires de Carvalho.
Esta água era em parte de direito do Recolhimento da Luz, o que gerou um impasse nas ne-
gociações sobre a divisão do recurso hídrico, levando o coronel Moraes Leme a se abster da
negociação.

Posteriormente o governador conseguiu celebrar um acordo entre as religiosas e os proprie-


tários das chácaras, partindo da extração da água da região mais alta, e as desviando pelas
planícies (de forma que houvesse menor perda) realizando a seguinte divisão: uma terça parte
destinada para o uso nos jardins do Recolhimento da Luz, outra terça parte para os proprietá-
rios das chácaras e a última para o uso do Hospital Militar e do Horto. Um pequeno aqueduto
e um açude para acondicionar a água para o Horto e para o Hospital foram construídos. Após
um aguaceiro que acometeu a cidade, parte deste açude desabou e foi necessário reconstruir o
reservatório, além de rebaixar o aqueduto que o alimentava. Somente o aqueduto, chegou a ser
construído por três vezes. Este trajeto das águas foi registrado pelo engenheiro José Jacques da
Costas Ourique, primeiro-tenente do Imperial Corpo de Engenheiros, em seu relatório sobre
o mapeamento do sistema de distribuição hídrica na cidade de São Paulo, datado de dezembro
de 1843:
“Do Tanque Reúno, que fica por trás da Consolação, nascem três canais. O de
cima, ou primeiro, vai por Sta. Ephigênia ao Jardim Público [atual Parque da
Luz]; (...) Acima destas está o encanamento que vem do Tanque Reúno para
o Jardim donde se tirava água para o Hospital Militar por um encanamento
praticado com esse fim;”10
O terreno escolhido para a construção do Hospital estava repleto de formigueiro, britas e de
raízes profundas e precisou passar por um longo trabalho de limpeza e de terraplanagem. Uma
pequena parte do terreno foi reservada para a construção de um tanque que servia para a rega
das plantas do Horto e para o cultivo de plantas aquáticas. Estas obras estruturais consumiram
boa parte do orçamento constituído pelos donativos da primeira subscrição voluntária e pelo
lucro da venda do sal.

Em cumprimento ao acordo para concessão das patentes, o governador encaminha um ofício


à Coroa detalhando as doações recebidas em prol do Hospital Militar:11

1. José Florêncio de Oliveira – ao posto de coronel, agregado ao 1º Regi-


mento de Infantaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação de um
conto de réis;

2. Antônio Moreira da Costa – ao posto de tenente-coronel, agregado ao 2º


Regimento de Infantaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação de
quinhentos mil réis;

10. SÃO PAULO (Estado). Assembleia Legislativa. SÃO PAULO: A imperial Cidade e a Assembleia Legislativa Provincial. São Paulo: Di-
visão do Arquivo Histórico, 2005. p. 32
11. Ofício nº 29, de 13 de maio de 1801 (AHU-São Paulo, CX 15, Doc 8)

30
3. Antônio Pereira de Araújo – posto de tenente-coronel, agregado ao 2º
Regimento de Cavalaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação
de dois escravos qualificados para trabalhar nas obras do Hospital Mili-
tar, correspondendo o valor de 200$000 réis cada, totalizando a doação de
quatrocentos mil réis;12

4. Manoel Antônio Rangel – posto de tenente-coronel, agregado ao Regi-


mento de Infantaria da Villa de Cunha, pela doação de vinte e cinco cava-
los, correspondendo o valor de 20$000 réis cada, totalizando a doação de
quinhentos mil réis;

5. Manoel Leite de Moraes – posto de tenente-coronel, agregado ao Regi-


mento de Infantaria Miliciana da Villa de Sorocaba pela doação de quatro-
centos mil réis;

6. Bento Manoel de Almeida Paes – posto de coronel reformado do 1º Re-


gimento de Cavalaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação de um
conto e duzentos mil réis; e

7. Matheus da Silva Bueno – posto de tenente-coronel reformado do 2º


Regimento de Infantaria Miliciana da cidade de São Paulo, pela doação de
duzentos e cinquenta e seis mil réis.13 14
Anos depois (1805), o governador subsequente não havia recebido a resposta sobre as conces-
sões das patentes. De Lisboa, Horta encaminha um ofício ao Visconde de Anadia reforçando o
pedido de promoção, acrescentando ainda o nome de seis militares:15
- Tenente-coronel Cláudio José de Camargo16 – vinculado ao 1º Regimento
de Infantaria Miliciana da cidade de São Paulo;

- Tenente-coronel Francisco Moraes Ferreira do Amaral17 - vinculado ao 2º


Regimento de Infantaria Miliciana da cidade de São Paulo;

- Tenente-coronel Francisco Antônio de Araújo18 - vinculado ao 1º Regi-


mento de Cavalaria Miliciana da cidade de São Paulo; e

- Coronel reformado José dos Santos Souza19 e os tenentes-coronéis João

12. O militar ocupava o posto de capitão.


13. A reforma do militar foi solicitada pelo governador por possuir o tempo de serviço necessário endossada realização da doação para a
construção do Hospital Militar.
14. Esta subscrição totalizou 4:256$000 (quatro contos e duzentos e cinquenta e seis mil) réis.
15. Ofício - AHU-São Paulo, Caixa 25, doc. 27
16. Ocupava o posto de capitão.
17. Idem 12
18. Idem 12
19. Ocupava o posto de tenente-coronel.

31
da Costa20 e Julião de Moura Negrão21 - vinculados ao Regimento de Infan-
taria da Villa de Cunha.
O governador Antônio Manuel Melo e Castro de Mendonça inaugurou parcialmente o Hos-
pital Militar em janeiro de 1802, com as enfermarias, a cozinha e algumas oficinas já emadei-
radas. O Quartel da Legião e a Casa de Trem (planejados anteriormente), sequer tiveram suas
obras iniciadas conforme registrado na Memória escrita por Mendonça:
“Além de Hospital Militar e mais oficinas anexas tinha projetado fazer um
novo Quartel para a Legião e Casa de Trem, para cujas obras tinha reservada
toda a frente do Jardim, que forma o lado oriental e setentrional dele, mas
esta obra se devia ter lugar quando se completassem as primeiras, por quanto
não tendo o Quartel da Legião como suficiente para a Cavalaria, como indis-
pensável fazer se o novo Quartel em que estivesse toda a dita Legião ficando
o Regimento de Infantaria desta Cidade o Quartel em que atualmente se con-
serva, e certamente não há um mais próprio e nem mais adequado para este
emprego do que o que escolhi e se acha destinado para ele. Não há dúvida que
esta obra demanda muito tempo e despesa, mas ela é necessária. E uma vez que
a Fazenda Real não tem meios, é indispensável que quem Governa se sirva ou
de subscrições, ou de donativos voluntários, ou de qualquer outro meio decente
para se realizar este e outros semelhantes projetos.”

A continuidade das obras se daria no governo do capitão-general Antonio José da Franca e


Horta, que assumiu o comando da capitania em 10 de dezembro de 1802. Ainda restavam
3.090$377 (três contos, noventa mil e setecentos e setenta e sete) réis - a maior parte corres-
pondente aos montantes não quitados pelos doadores.

Comparado ao projeto de 1792, era uma construção mais simples desprovida do requinte ar-
quitetônico, não contava com a designação de enfermarias especiais para os doentes de galáti-
co (sífilis), febre ou sarna.

Após deixar o governo da Capitania de São Paulo em 1802, Castro e Mendonça foi nomeado
pela Corte como governador geral de Moçambique, assumindo o cargo no ano de 1809, per-
manecendo até sua morte em 1812.

20. O militar ocupava o posto de capitão.


21. Ofício – AHU-São Paulo, Cx. 23, doc 27.

32
Aquarela do artista francês Jean-Baptiste Debret
(1768-1848) realizada em 1827, da Ponte de
Santa Ifigênia com vista privilegiada do
Real Hospital Militar.

Localização do Real Hospital Militar, implantado fora do núcleo urbano, em uma das saídas à oeste da cidade de São Paulo. O acesso a esse
caminho se fazia através da passagem sobre o Ribeirão Anhagabaú, pela Ponte do Marechal ou pela Ponte do Beco do Sapo. Pela rua do
Hospital, tinha acesso ao Caminho da Luz ao norte. Destaques de Karina Jorge. Detalhe da Planta da Cidade de São Paulo (1810) levantada
pelo Engenheiro Militar Rufino José Felizardo e Costa. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; São Paulo Antiga - Plantas da
Cidade; São Paulo, 1954 - Editora Melhoramentos.

33
Instruções dadas por Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça sobre o governo
da Capitania de São Paulo a Antônio José da Franca e Horta na forma das Reais Ordens.
Documento de 14 de janeiro de 1803. ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa).

34
Memória Relativa ao Estabelecimento do Hospital Militar e
Jardim Botânico da cidade de São Paulo. Documento de 14 de janeiro de 1803.
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (Lisboa).

35
4 A nomeação do físico-mor
e do boticário do Real Hospital Militar

N o último ano de governo, do capitão-general Antônio Manuel Melo e Castro de Men-


donça, em 1802, inaugurou parcialmente o prédio do Hospital Militar. A obra que teve
início no ano de 1800, gerou uma preocupação por parte da rainha D. Maria I, que em 18 de
agosto envia uma ordem para a nomeação do físico-mor da capitania de São Paulo.

Essa nomeação seria informada em ofício datado de 15 de dezembro de 1801. O governador


escolheu o bacharel em filosofia e medicina Mariano José do Amaral, natural do Rio de Janei-
ro e formado pela Universidade de Coimbra no ano de 1796, estabelecendo o honorário de
500$000 (quinhentos mil) réis anuais - valor considerado altíssimo para a época, equiparado
aos valores pagos para os altos funcionários da Corte.

Como justificativa à Real Fazenda, Mendonça informou ao Conde de Linhares as demais atri-
buições conferidas ao Dr. Amaral. Além de físico-mor do Hospital Militar, deveria ministrar
as aulas de cirurgia e acompanhar qualquer paciente dos demais estabelecimentos sanitários
da Capitania de São Paulo, uma vez que seu honorário seria proveniente da “contribuição paga
pelos povos”.

Os pacientes que deveriam ser atendidos no Hospital Militar foram relacionados em seu ofício:

“(...) pois a serviço impôs ao referido físico-mor, certamente é a vultadíssmo o


partido de 500$000 réis que se lhe faz, só para tratar dos Soldados doentes, e
d’alguns Escravos de Sua Alteza Real, ou Índios que adoecem no serviço, que
são as únicas pessoas que se curam no Hospital Militar; o que não obstante Sua
Alteza a quem espero que V. Exª. se digne fazer presentes essas minhas refle-
xões, determinantes o que for mais do seu Real Agrado.” 22

22. Ofício nº 44, de 15 de dezembro de 1801 (AHU-São Paulo, CX 18, D. 897)

36
Em 1803, São Paulo enfrentou uma epidemia de varíola, obrigando o físico-mor Mariano José
do Amaral a realizar um plano de isolamento dos pacientes infectados e uma campanha de
imunização, com vacinas recebidas de Londres e Lisboa no mesmo ano e em 1804, da Bahia.
Os 39 pacientes (entre escravos, libertos e brancos) eram tratados pelos ajudantes de cirurgia,
sob a sua orientação. Este fato demonstra a ação do físico-mor da capitania de São Paulo e
responsável pelo Real Hospital Militar, diante da saúde pública paulista.

Após deixar o Real Hospital Militar de São Paulo, Mariano José do Amaral é transferido para
o Hospital Real Militar e Ultramar (atual Hospital Central do Exército), na Corte, onde atuou
como primeiro-médico graduado, no ano de 1827, além de compor a Sociedade de Medicina
do Rio de Janeiro como membro honorário.

Para Botica do Hospital Militar, foi nomeado o português Francisco Vieira Goulart (1765-
1838), responsável pela escolha do terreno para a construção do hospital e também pela com-
pra das ferragens. Goulart atuava como professor régio de Filosofia na cidade de São Paulo e
foi sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa.
“E porque todo o bom êxito deste projeto consiste na escolha de um Boticário
fabril, certamente prático em todas as preparações químicas e farmacêuticas,
e assim mais na boa e acertada compra das Drogas que não são indígenas do
País, julguei dever dar à comissão da escolha do dito Boticário e das referidas
drogas ao Bacharel Francisco Vieira Goulart, que fez o Plano para o Regula-
mento da mesma Botica (...)”23

Goulart permaneceu na instituição até a chegada da família real ao Rio de Janeiro, sendo no-
meado por D. João VI para dirigir o Laboratório Químico-Prático, projeto descontinuado em
1819. Também foi um dos primeiros diretores da Imprensa Nacional e redator da Gazeta do
Rio de Janeiro.24

Segundo SANTOS FILHO, o Real Hospital Militar era dirigido pela mais alta localidade local,
o capitão-general ou o Governador da Capitania, que delegava poderes administrativos ao
físico-mor e ao almoxarife. Copunha o quadro de funcionários do Real Hospital Militar: um
físico-mor, dois ou três cirurgiões, um ou dois boticários, o enfermeiro-mor e até três enfer-
meiros, serventes, almoxarife, um oficial administrativo e o corpo de soldados da guarda.

23. Ofício nº 44, de 15 de dezembro de 1801. (AHU-São Paulo, CX 18, D. 897)


24. OLIVEIRA, José Carlos de. D. João VI – Adorador do deus das Ciências? p. 263

37
5 O primeiro regulamento
hospitalar do Brasil

O governador e capitão-general da Capitania de São Paulo Antônio José de Franca e Horta,


enviou ao secretário de Estado da Marinha e Ultramar da Coroa portuguesa a proposta
de Regulamento do Real Hospital Militar de São Paulo, elaborado pelo físico-mor Mariano
José do Amaral, o que segundo JORGE, constitui em 14 de janeiro de 1803 o primeiro regula-
mento de hospitais que se têm notícias no Brasil.

No Regulamento transcrito a seguir,25 merece destaque em seu 19º parágrafo, que descreve a
principal característica do seu administrador. Este documento foi elaborado com a premissa
de garantir a qualidade do serviço de saúde prestado pela instituição e maior transparência nas
prestações de contas para a Fazenda Real da Capitania de São Paulo.

TRANSCRIÇÃO DO PLANO DE REGULAMENTO


DO REAL HOSPITAL MILITAR DE SÃO PAULO

P lano de Regulamento do Real Hospital de São Paulo, de que por ordem do Ilmo. Sr. Antô-
nio José da Franca e Horta, Governador e Capitão General desta Capitania foi incumbido
Mariano José do Amaral, bacharel formado em Filosofia e Medicina pela Universidade de
Coimbra, e físico-mor da mesma Capitania, por Sua Alteza Real.

25.
Realizada correção ortográfica, mantendo o teor original do Regulamento. Todas as notas de rodapé foram escritas por Mariano José do
Amaral

38
§1

Sendo essa constante o quanto interessa ao bem público a instituição de um Hospital bem
conduzido, regulado, por que têm por fim o melhoramento da mais triste situação do gênero
humano, aqui se constitui os primeiros mananciais da formação de um sistema nacional para
o progresso da ciência médica cirúrgica. Aqui se estuda a economia animal desordenada por
qualquer causa externa, aqui enfim, o influxo sobre a moralidade resplandece ao mesmo tem-
po que se promove a conservação da saúde e vida de inumeráveis membros da sociedade hu-
mana, está claro qual deverá ser o primeiro ou principal golpe de vista em um tão humilhante
atilo da humanidade sofredora.

§2

Nem se poderá satisfazer a pia intenção ou conseguir-se o frutuoso fim do estabelecimento


deste nosso Hospital Militar, - se não “bulir” a bondade de um discreto, zeloso e prudente
regimento de unânime concurso das vigilâncias das pessoas empregadas no serviço interno e
externo, da conduta dos subalternos e da fiel e zelosa execução do que se lhes prescreve, resulta
o bom sucesso e proveito de nossa instituição, assim se compõem fatos decisivos atrairão para
aqui homens de diferentes classes, não sem pequeno interesse do Estado, sepultarão afinal as
preocupações que unicamente resultam da má administração dos Hospitais.

§3

Tendo de determinar número suficiente das pessoas que se devem empregar para exercerem os
seus empregos, aqui deve ser relativo a grandeza e extensão do instituto, a quantidade, e quali-
dade dos enfermos, todavia, atento o estado atual do Hospital e a circunstâncias da Capitania,
se poderão reduzir um Inspetor, um Administrador, um ajudante deste, um Escrivão, Enfer-
meiros, Serventes, Cozinheiros. Nos resta agora entrar no detalhe das obrigações respectivas
de cada um deles.

§4

Primeiro que tudo para se prevenir o abuso de uma licença ilimitada, não se admitirá pessoa
alguma a visitar os enfermos no Hospital, sem ordem expressa do Professor respectivo ou em
geral do Físico,26 não por quê se entende vedar acesso a quem por obrigação ou amizade aí for a
esse fim, mas porque deve haver maior vigilância, em que os doentes não receberão dos amigos
que os visitam coisa alguma, tampouco deles saibam notícia que lhes possam ser nocivas e por
26.
Este preceito interessa muito, e por isso as Guardas terão nele um especial pente de Vista, para não acontecer o mesmo que até aqui, que os
Soldados não só facultarão a quem queiram; mais eles mesmos pelas Enfermarias vagaram, essa para vir ver o Professor na entrada da visita
acompanhadas de uma grande comitiva quando em tais casos só deve existir com ele a gente precisa, para que se tirem bem as indicações,
tenha lugar alguma reflexão não ruírem por fora notícias vagas, e enfim os de fora não saibam das queixas dos Enfermos, quando nenhuma
precisão há. O Comandante da Guarda terá nisto suma vigilância; sobre que também deve referir o Oficial de Inspeção, pois, que dá falta
deste preceito é; que procede tanta desordem, como vê. que certas visitas que aí se fazem as horas de Comidas, havendo então nos doentes um
sintoma quase constante de comer tudo, quanto lhes devam, e ainda mais, a ponto de que se queixarão de fome ao Oficial de Inspeção, este
tinha o é de/não sei porquê direito/de mandar acrescentar o que eles queriam; e nos Serventes existia fome canina, tudo lhes em pouco: o mais
é contra as vizitas não se encontravam só da gente plateia... deixo de falar de certas visitas, que pertencia o mito.

39
isso esperaram a hora de visita do médico ou do cirurgião, segundo enfermo estiver naquela
ou nesta Enfermaria.

§5

A hora de visita de manhã será certa e determinada, porém desencontrada da de cirurgia, para
que os praticantes da mesma se aproveitem de uma e outra lição, entretanto que as visitas do
resto do dia não se podem, nem se devem restringir a horas certas, porque a frequência do
Professor é muitas vezes tão benéfica, como sua esperada repetição, e haverá casos em que elas
sejam urgentes ainda mesmo de noite.

§6

Qualquer doente ou convalescente não sairá do Hospital, nem ainda de uma casa27 para outra
sem licença do professor respectivo que lhe proporá o regime, que constantemente deve seguir,
sem que já não fique ao seu arbítrio a quantidade e qualidade do alimento: desinteirando-se
por este modo além da falta de economia; para que tanto se deve atender, certas bebidas, que
o voraz apetite; mas enganador deseja; alimentos frios, carnes salgadas, defumadas, queijos,
coisas estas que nunca pertencerão à dieta dos doentes, nem de convalescentes.

§7

Como nos Hospitais não é possível prescrever a cada doente, em particular a sua dieta, é esses
convenientes que entre no Regulamento deste Hospital preceitos que circunstancialmente ex-
pliquem o sentido de certos termos dietéticos gerais, e breves; e por isso admitirão três quali-
dades de dietas larga, estreita e estreitíssima.

§8

Por dieta larga entende-se ao jantar uma libra de carne fresca cozida, um quarto de arroz, havia
tigela de caldo, um pratinho de farinha, e para a ceia meia libra de carne, meia quarta de arroz,
um pratinho de farinha, e para almoço o mesmo que a ceia, menos arroz, e menos quantidade
de carne, que será uma quarta. Poderá se alternar esta dieta, segundo intenção do Professor,
declarando, por exemplo, em lugar da carne a ceia ou almoço, canjica, a sorda, ou arroz com
açúcar, ou mesmo carne assada, segundo bem lhe parecer, em atenção ao estado do doente; o
mesmo acontecerá com a mudança de farinha em pão, quatro onças para a ceia, e o mesmo
para o almoço, que vem a corresponder os três pães de Hospital, podendo se indicar por este
modo - Dieta larga com pão, e querendo o Professor dar mais ou menos pão, dará expressa
menção.

27. Para eles até aqui não se precisava de ordem alguma de Professor para saírem das Enfermarias; antes pelo contrário, com toda a sua liber-
dade, correndo por todo o Hospital indo à cozinha acompanhando a visita faziam então o que queriam, de maneira que até por negócio se
podia ir ao Hospital.

40
§9

Por dieta estreita entende-se para o jantar de galinha cozida um quarto, uma tigela de caldo,
e um prato de farinha, o mesmo para a ceia, e almoço; está sujeita assim mas alterações que a
dieta larga, de que há modificação.

§ 10

Dieta estreitíssima consiste de caldos simplesmente, quatro ao menos por dia, a não haver nova
declaração, que aumente o número, ou mande em frutas secas cozidas, ou caldos de arroz, ce-
vadinha, panadas, tapiocas, etc.

§ 11

Tal deve ser a base de todo o Regulamento dietético sempre inalterável, à exceção se o Pro-
fessor declarar, como se disse nos parágrafos 8º, 9º e 10º, com relação ao modo de viver das
pessoas, hábitos inveterados, temperamento, estado de doença e etc., evitando-se por este meio
os inumeráveis a respeito da escolha do alimento dos doentes, o objeto este dos principais, de
que depende a sua melhora.

§ 12

Além disso, os doentes devem ter regularmente as horas certas de almoço, jantar, ceia, sendo
às sete da manhã o almoço, às onze o jantar, às sete da tarde a ceia nos dias grandes, ou as seis
nos dias pequenos.

§ 13

Os praticantes de cirurgia terão todos a obrigação de assistirem de manhã tanto a visita de


medicina como a de cirurgia, pois que os hospitais devem ser contemplados como uma escolta
da arte da cura, onde se deve praticar tudo o que lhes pode dar alguma instituição para futura
utilidade pública, e por isso, a hora delas é desencontradas, como se disse no parágrafo 5º, certa
e determinada pelo mesmo motivo e pelo exposto no parágrafo 4º.

§ 14

Dos mesmos em cada semana entrarão Dons no Hospital onde efetivamente residirão28 servin-
do um na enfermaria de medicina, outro na de cirurgia, estes são os que realmente merecem
o nome de Enfermeiros, a cujo cargo está de tratarem os doentes com todo o zelo e caridade.
Subministrarão lhes os remédios nas horas determinadas, assistindo a hora de se dar o alimen-
to, o qual se não comerem, ou lhes sobrar, terão tido cuidado em que se recolha o dito alimento

28. Aqueles que aí residem, são a quem o Hospital tem a obrigação de dar a noção, e o mais preciso, como se diz no parágrafo 27, o Livro das
Despesas diárias donde surge que disto ficam excluídos os Praticantes do Mapa, cuja fatura deve ser feita por oficio.

41
ou resto para dentro do Hospital.29 Observarão as novidades para comunicar ao professor de
quem receberão com atenção o que devem praticar a respeito dos mesmos enfermos que lhes
estão incumbidos sendo enfim “exatíssimos” executores as ordens do Professor respectivo.

§ 15

É supérfluo dizer-te, o quanto devem cuidar no asseio dos Enfermos os quais apenas foram
admitidos para dentro, segundo a sua doença pertencer a Medicina ou Cirurgia, assim o En-
fermeiro respectivo depois de os fazer lavar pelos Serventes os pés ao menos, tendo visto feito,
vestir roupa lavada, estarão a cama com os pertences todos feita, e preparada de lençóis lava-
dos, se com todo o cuidado, e desvelo no asseio deles, e de toda a Enfermaria, que será corrida
todas as manhãs pelos mesmos Serventes, a quem o Hospitaleiro determinar tendo escrito um
papel na parede à cabeceira do doente, o dia de entrada, o nome, onde depois da primeira visita
se por a também a dieta e os remédios.
§ 16

E assim como estará obrigado a dar roupas, trastes, e mais móveis que forem precisos para os
asseios, trato e cura dos doentes, aos Enfermeiros, assim estes ficam responsáveis por tudo de
quanto recebem, ou darem conta do consumo que levaram; e terminada a sua semana, darão o
rol do recibo existente e consumido ao caixa; que tomará conta para entregar aos novos, coisas
que não levem descaminho, e ao Administrador nas suas contas não alegue pretextos privados,
de nenhum momento.

§ 17

Os dois praticantes que na semana do Hospital são os verdadeiros enfermeiros pelo parágrafo
14º terão obrigação de fazerem as sangrias, que aí se oferecem, o mesmo se entende a respeito
da assistência aos partos, da extração de dentes e outras quaisquer operações de cirurgia, para
alguma das quais, sentindo se eles pouco aptos, darão parte ao cirurgião-mor do mês do Hos-
pital para dirigir, enquanto esses precisem da assistência do Físico, ele não se poupará.30

29. Para não acontecer o que se tem observado guardando os doentes a comida para darem, e metendo a farinha, ou pão debaixo dos lençóis
ou travesseiros para comerem, quando lhes parecer, ou por fim dispunham ao seu arbítrio.
30. É para notar que sendo os Hospitais umas escolas de onde se deve banir todo, e qualquer abuso, neste se conservem ainda não poucos,
como por exemplo, pagar o Hospital nos partos a uma mulher sem princípios, sem nada saber daquilo mesmo, a quem a lei expressamente
proíbe, em muitas vezes só porque. tem visto muitos daqueles atos, se persuade ela que é muito entendida, como lhe chama o vulgo por outra
parte o amor de ganho, ou a sua Fantasia de mente nessa parte a arrasta ou para nada fazer, o que é comum a outra qualquer, ou para fazer
mal a Parturiente, apressando o parto antes do tempo, ou com certos remédios particulares, ou com movimentos violentos, e desordenados,
ou enfim com certos cortes, como mesmo tendo sido espectador: evitem-se pois estes abusos, atenda-se economia; os Praticantes apliquem-se
este ramo de Cirurgia tão importante, e tão pouco conhecido neste País, qualquer mulher mesma das diferentes do Hospital que se tenham
visto nestes atos, é bastante para pegar no feto, e fazer aquilo que lhe mandar. O que direi eu, de pagam o Hospital aos Praticantes quando
há precisão de se tirar dentes, se os miseráveis enfermos porém não a admita, quando mesmo o Hospital até chega a pagar a fatura da barba
dos doentes, e o mais é, havendo dentro um barbeiro servente, ele escravo. Tem-se enfim provido a má administração, e a desordem que até
aqui reinava, entretanto que os gastos continuam crescendo só servirão de haver o Real Erário sem que redundassem a menos em proveito
dos miseráveis enfermos; e por menos entender mais, simplesmente deve perguntar, que motivo há, ou qual a razão particular, porque qual o
Professor, que tem de obrigação curar no Hospital Real aos que aí forem admitidos, precedo as ordens necessárias; qual a razão digo porque
este deve demais a mais tomassem partido a parte para a cura dos escravos de Sua Alteza partindo que até aqui se fazia um cirurgião-mor
para este curar os escravos dos ex-jezuítas da Fazenda de Santana, hoje pertencente à Real Coroa, advertindo porém que era preciso a ordem
dos escravos entrassem para dentro dos Hospitais. Por ventura não só igualam é de Sua Alteza. Estes bens que quer que fosse a sua origem,
não pertencem atuados a um mesmo senhor, tal uma falta da lei econômica. Destes e outros gastos supérfluos não faltavam e se tivessem
antes empregados em outras coisas precisas, de onde resultasse para os enfermos utilidade, honra aos Professores, é vantagem para o Estado.

42
§ 18

Terminada a semana, o enfermeiro da cirurgia passará para a enfermaria da Medicina, entre-


tanto que virá outro para a de cirurgia, tendo o enfermeiro que acabou de medicina a obriga-
ção de fazer o Mapa que todos os dias deve ir a presença do Ilmo. Exmo. General remetido pelo
oficial de Inspeção.31 Mapa que inclui o número dos doentes do Hospital, os nomes, entradas,
saídas, moléstias, remédios, dietas, sucedendo-se por este modo mutuamente os praticantes
uns aos outros.

§ 19

Enquanto o Administrador ou Hospitaleiro deverá ser um homem de boa fé, conhecida probi-
dade para desempenhar o seu emprego, em que tem de despender dinheiro a bem do Hospital,
onde se deve olhar para toda economia que não é outra coisa mais que a compra dos objetos
necessários com a mínima despesa possível, de maneira que todos os gastos supérfluos devem
ser evitados; porém os trastes absolutamente precisos não devem faltar: por exemplo, neste
nosso Hospital pode-se prescindir de Comprador; porque há Serventes bastantes, e Cativos
de Sua Alteza, que podem trazer o que o Administrador comprar; e o mesmo se estende de
Lavadeiras alugadas, Cozinheiras, etc.

§ 20

Será portanto muito conveniente haverem ajustes com os Vendedores do preciso para o Hos-
pital, dando por exemplo a carne, que o Hospitaleiro pedisse para cada dia deverá ser feito, e
assinado por si, e pelo Escrivão do mesmo Hospital, que no parágrafo 22 se dirá, e rubricado
pelo mesmo Inspetor, no qual o documento o vendedor da carne, ou pão fará menção da re-
messa, e do importe, assinando-se, e remeterá pelo servente, acompanhado de um soldado,
na forma do costume para o Escrivão lançar no livro da descarga diária, que abaixo se dirá,
apresentando depois ao Inspetor tudo para conferir; consignar; e poderá fazendo-o assinar no
mesmo Livro de Descarga.

§ 21

Enquanto aquelas coisas, que não se compram diariamente; mas que se devem comprar por
junto, ajustará o Administrador mesmo, pagando logo à vista e por isso deverá ser o mais cô-
modo e recebendo o recibo o Escrivão lançará no Livro competente, levando depois ao Inspe-
tor para conferir e assinar.

31. São todos os dias eleitos um Oficial de Patente como seu Inferior, estes chamados de Oficiais de Inspeção, que terem preciso ao corte das
lições, e fazer observar constantemente o que os Professores respectivos determinam a respeito dos doentes, e o que em geral no Hospital
demanda a observar. O Oficial Superior deve mandar ao Inspetor todos os dias o Mapa de que se trata.
32. A guia do Comandante deve declarar o dia, uma se por a nota de entrar para o Hospital o Soldado para se carregar no Livro de Matrícula
onde feito o assunto, de para o doente de vencer soldo nunciamento.

43
§22

O Hospitaleiro vigiará com desvelo sobre todos os serventes do Hospital, assistirá ao repar-
timento as rações, a que será justo também assista o oficial da Inspeção, será debaixo do seu
mando a um ajudante que será o Escrivão do Hospital.

§ 23

O mesmo não poderá fazer gasto algum extraordinário, ainda que relativo ao bom trato e
asseio dos Enfermos, além ao diário, sem que primeiro participe ao Inspetor para aprovar e
assinar, aliás senão lhe levará em conta será obrigado a dar conta dos trastes, roupas, e mais
móveis do Hospital; e por isso antes de entrar a servir o seu lugar o Ajudante, que é segundo
se disse no parágrafo 22, o Escrivão do Hospital, fará inventário de tudo na presença dele, e do
Inspetor, que todos assinando no Livro competente.

§ 24

O mesmo (Hospitaleiro) deverá receber imediatamente para dentro do Hospital qualquer en-
fermo militar que for conduzido por um oficial inferior apresentando certidão do cirurgião-
mor do regimento, uma guia do seu Comandante32 assim como quando sair por ordem do
Professor respectivo do Hospital que assinará os dias de convalescência, que deve ter fora do
Hospital, isento do Real serviço, o dito Hospitaleiro dando outra guia.33

§ 25

O mesmo pagará exatamente em cada mês aos Serventes Assalariados, que devem ser os me-
nos possíveis pela razão exposta no parágrafo 19, e a soma desta em toda a mais despesa diária
apresentar ao Inspetor para conferir, e assinar: deste modo dará contas a Real Junta todos os
meses sem falta, bem como para a cobrança do seu ordenado levará uma atestação do mesmo
Inspetor, de que têm servido com zelo e caridade, não faltando a alguma das obrigações im-
postas.

§ 26

Daqui deve, qual deverá ser o caráter e obrigação do Inspetor; ele será usado pela Real Junta;
deve ser um homem hábil, cheio de toda a satisfação, zelo e caridade, que se interesse quanto
for possível no bem do seu semelhante que exige sobre a conduta dos seus súditos, olhando
sempre para o governo econômico; que faça visitas inesperadas no Hospital, indagando sobre
as faltas que houveram, exatíssimo em tomar as contas do Administrador, alguém dará todas
as providências precisas para o bem do Hospital, a cujo fim a Real Junta dará dinheiro preciso
ao Administrador, que pedirá com consentimento do Inspetor passando recibo assinado por

33. A guia do Administrador deve declarar o dia da saída do Hospital para se dar alta no Regimento ficando esta lançada no mesmo Livro de
Matrícula para certas confrontações se forem precisas.

44
si, e pelo mesmo Inspetor.

§ 27

Finalmente falta examinar quais Livros serão precisos para a Escrituração do Hospital.

1º Será o Livro de Receita e Despesa dos móveis, que servirá não só para se carregarem roupa
que houver precisamente no Hospital, e que para o futuro houver, para o Serviço do mesmo;
mas também para se lançar o que se tiver legalmente consumido; o qual Livro rubricado pela
Real Junta, bem como todos os mais, será assinado pelo Escrivão, Administrador e Inspetor
para ter todo Crédito por responda o Hospitaleiro.

2º Será o Livro das despesas diárias, que devem encerrar todas as despesas feitas já com os do-
entes, já com os Enfermeiros, Serventes, e mais pessoas empregadas no Hospital, e que aí resi-
dem quem o mesmo Hospital deve se dar preciso, entrando na obrigação do Inspetor, o Orde-
nador ao Administrador o que, quando, e quanto devem ter de noção cada um será igualmente
assinado pelos três referidos para merecer todo o crédito, que se disse a respeito do primeiro.

3º Será o Livro da Matrícula em que se carregarão todos os enfermos Militares que entrarem
com as Certidões dos cirurgiões-mores dos respectivos Regimentos, e com as guias dos seus
Comandantes, declarando-se o nome dos Soldados, o seu Regimento, a Companhia, e o dia de
entrada assim como na saída do Hospital o dia com a guia, que dará o Administrador; e os dias
de convalescença doados pelo Professor competente: será também o livro em que se matricule
todo o enfermo paisano, lançando-se pelo mesmo teor o nome do doente, a sua naturalidade e
ocupação, a ordem porque entrou, o dia da entrada, da saída, e os da convalescença.

4º e 5º Serão os Livros dos Receituários, um de Medicina, outro de Cirurgia; em que se lance


todas as Receitas diárias, que serão assinadas pelo Professor respectivo, os quais além de darem
a saber o gasto dos medicamentos do Hospital, servirão também para que em confrontação
com os Livros dos Receituários da Botica, que também serão assinados pelos Professores res-
pectivos, como se dirá, tratando do Plano da Botica, fique o Boticário livre de qualquer sus-
peita de dolo.

MARIANO JOSÉ DO AMARAL


Físico-Mor da Capitania de São Paulo

Conforme o Original
Luiz Antônio Neves de Carvalho
14 de janeiro de 1803

45
6 O primeiro curso de cirurgia
do Brasil

A inda durante o governo de Antônio José de Franca e Horta, foi instituída uma “Aula de
Cirurgia”, tendo como professor o físico-mor Mariano José do Amaral. Em 1803, seis
estudantes realizariam este curso no Real Hospital Militar.

Em 11 de maio de 1804, o governador Franca e Horta participava ao Visconde de Anadia o


sucesso dos exames realizados no Palácio do Governo:
“Com a maior satisfação, ponho na presente de V. Exª. o resultado das minhas
diligências em promover conhecimentos úteis nesta Capitania. Pelo documento
nº 1 verá V. Exª. que seis alunos que frequentaram o ano pretérito (1803) a
Aula de Cirurgia instituída por mim no Hospital Militar desta cidade de que
foi e continua a ser Lente o físico-mor Mariano José do Amaral, todos eles
aproveitados pelos examinadores, com gosto geral dos que assistiram a este
celebrado, como todos os mais, em uma das salas deste Palácio, o que muito me
lisonjeou porque não existindo nesta Capitania mais do que só um Cirurgião
aprovado, havendo duas Aulas como pretendo, conseguirei deixar na Capita-
nia pessoas com todos os conhecimentos da arte que possam socorrer as molés-
tias da humanidade destituída até aqui de uma tal providência.”
O corpo médico que frequentou o curso de cirurgia impressionou o doutor em medicina pela
Universidade de Lund, Gustavo Meyer - antigo físico-mor da marinha de guerra sueca.

Segundo CAMPOS, este pode ter sido o primeiro curso médico oficial instituído no Brasil,
apesar de sua curta duração e de possuir apenas um mestre.34 O curso de cirurgia, conforme
pode se depreender do Regulamento do Hospital, não se diferenciava muito dos ensinamen-
tos da Escola de Medicina que seria instalada mais tarde, em 1808, na Bahia por D. João VI.
TAUNAY, FARINA e SADI & FREITAS consideram este feito o primeiro curso de medicina

34. CAMPOS, Ernesto de Souza. História da Universidade de São Paulo.. p.65

46
brasileiro. HERSON, citando Divaldo Gaspar de Freitas, também relembra sobre os exames da
Aula de Cirurgia realizados no Palácio do Governo, na presença do governador da capitania.

Ainda segundo SANTOS FILHO, esses hospitais apresentavam as mesmas dificuldades que as
Santas Casas. O cirurgião-mor do Real Hospital Militar de São Paulo possuía em 1804 para
amputações uma única serra de carpinteiro. E os outros “ferros”, além de mal conservados,
eram guardados sem os devidos cuidados.

Aluno ilustre

E ntre os discípulos do físico-mor do Real Hospital


Militar, podemos destacar o político Francisco
Álvares Machado de Vasconcelos (1791-1846). Fi-
lho do cirurgião-mor Joaquim Teobaldo Machado
de Vasconcelos e de Maria Álvares da Silva Bueno,
nasceu na cidade de São Paulo em 21 de dezembro de
1791. De origem pobre, foi entregue pelo pai ao físi-
co-mor Mariano José do Amaral, ainda na infância.

Aos doze anos de idade, Álvares Machado começou


a frequentar as aulas de Anatomia (lecionadas pelo
físico-mor) e as aulas de cirurgia realizadas pelo ci-
rurgião-mor João Leite do Amaral, no Real Hospital
Militar de São Paulo. Machado atuou como médico e
cirurgião, tornando-se um dos pioneiros na realiza-
ção das cirurgias de catarata, utilizando instrumen- Francisco Alvares Machado de Vasconcelos (1791-1846)
fotografado pelo seu genro Hércules Florence. Foi médico
tos que ele mesmo fabricava. Exerceu a medicina na e exerceu a carreira pelo Partido Liberal. Governou a pro-
Corte e nas cidades de Itu, Porto Feliz e Campinas. víncia do Rio Grande do Sul, nomeado pelo Imperador
Dom Pedro II.

Enveredou para a política. Foi deputado da Assembleia de São Paulo por três legislaturas e elei-
to deputado da Assembleia Geral (do Império) em 1833. Foi nomeado presidente da província
do Rio Grande do Sul, por Carta Imperial, onde governou no período de 30 de novembro de
1840 a 17 de abril 1841. Mesmo sem atuar no jornalismo, é considerado o pai da imprensa
campineira, por levar à cidade a primeira máquina de tipos móveis.

Faleceu na cidade de Niterói em 04 de julho 1846, aos 54 anos de idade. Seu nome foi dado
ao município paulista de Álvares Machado (localidade antes denominada de Brejão), em sua
homenagem.35

35. Com informações do jornal Correio Paulistano, edição nº1.723 – 31/01/1862. Álvares Machado é um município paulista localizado na
microrregião de Presidente Prudente, no oeste do estado.

47
7 A estrutura do
Real Hospital Militar

O Real Hospital Militar possuía em seu


quintal um canteiro de ervas medi-
cinais. Havia uma enfermaria masculina
e uma “das Mulheres” com dez camas. A
situação dos doentes e convalescentes era
segundo alguns relatos a pior possível. Em
1811, hospital era dirigido pelo físico-mor
das tropas da capitania João Álvares Fra-
goso. Segundo NUTO SANT’ANNA, ele
produziu um polêmico e explosivo rela-
tório que foi enviado ao Conde de Linha-
Ao centro, o edifício que abrigou o Real Hospital Militar (1887).
Foto: Militão Augusto de Azevedo.
res onde “reduziu a pobre instituição aos
Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo escombros”, descrevendo as instalações e
BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE (São Paulo)
utensílios como precários e insalubres.
Faltavam roupas para os doentes. Quando era necessário lavar as roupas dos pacientes, eles
permaneciam nus nas enfermarias. Também não haviam apisteiros (pequenos vasos com bico
que serviam para os doentes mais graves beber água), nem seringas para clisteres, nem coma-
dres, nem urinóis de vidro (os existentes eram de barro e absorviam a urina, fazendo com que a
enfermaria ficasse com mau cheiro. Não era realizada nenhuma separação ou isolamento entre
os doentes (inclusive entre galático, sarna e febre) e o serviço religioso era precário por não
haver capelão fixo. Apenas dois médicos realizavam o atendimento: o físico-mor e o cirurgião-
mor. Para realização das cirurgias, havia apenas três bisturis, uma ou outra lanceta, agulha, faca
e torquinete. Apenas as cirurgias mais básicas eram realizadas, devido a falta de instrumentos.
A farmácia também se encontrava precária.

O almoxarife do Real Hospital Militar era pessoa protegida do governador e este funcionário
não se preocupava com as péssimas condições da instituição. Até as condições de higiene do
prédio estavam prejudicadas e faltavam vidros nas janelas. Não havia quem realizasse a desin-

48
fecção das roupas dos pacientes. Motivos estes que ocasionaram grandes desentendimentos
entre o governador e o físico-mor neste período.

Tomando ciência do relatório, o governador e capitão-general Antônio José da Franca e Horta


sai em defesa da instituição, considerando a melhor de suas realizações na Capitania, contradi-
zendo o relatório e ordenando providências. Sobre a falta dos vidros, o governador informou
que não havia na cidade de São Paulo disponibilidade do material e que mandou buscar placas
de malacacheta em Goiás, mas a pessoa que realizaria esta compra faleceu durante a viagem.
Rebateu ainda sobre o número de camas disponíveis no hospital, que não seriam apenas dez,
mas cem leitos disponíveis para os pacientes.

Os doentes atendidos no Real Hospital Militar nada pagavam, exceto aqueles enviados pela
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, que contribuía com 160 réis diários pelo tratamento
de cada paciente.

A crise entre o físico-mor e o governador da capitania foram superadas após o relatório ter
sido entregue ao físico-mor do Exército de Portugal, que enviou seu parecer em 11 de outubro
de 1811: “dirimidor da áspera contenta”. Posteriormente, Franca e Horta deixa o governo da
Capitania e o físico-mor João Álvares Fragoso permanece à frente do Real Hospital Militar.

Em 1814 um novo regulamento foi escrito. TAUNAY ao analisar o documento concluiu que
o Dr. Fragoso “era homem de inteligência aberta aos progressos e conquistas da ciência e da
higiene”. Este regulamento preconizava que somente urinóis de vidro poderiam ser utilizados,
uma farta quantia de roupas brancas para os pacientes e roupas de cama deveriam ser disponi-
bilizadas, as seringas de clisteres deveriam ser fabricadas de estanho ou de borracha (diferente
daquelas encontradas no hospital que eram de couro costurado), deveriam utilizar vasilhames
especiais para a alimentação dos pacientes, para as bebidas e para o recolhimento dos dejetos.
Todas as enfermarias deveriam ter candeeiros com um tubo que conduziria a fumaça para fora
do hospital. Também incluía a adoção de relógio, barômetro e termômetro, que seriam utili-
zados para dar maior precisão nas anotações sobre a evolução dos pacientes. A enfermarias
seriam separadas para evitar o contágio e a distância dos leitos dos doentes que não poderiam
ir às latrinas, deveriam ser de quatro pés para garantir um maior asseio.

As enfermarias e as latrinas seriam caiadas duas vezes por ano com cal virgem e água. Os pavi-
mentos deveriam ser lavados com “água de cal” para desinfetar o ambiente. As tinas de banho
seriam armazenadas em carretas limpas e não poderiam ser utilizadas em outras enfermarias
- senão aquela de origem. A água do banho dos pacientes seria despejada nas latrinas. Os
ambientes receberiam vapores de ácidos acético, muriático e nítrico para a purificação do ar,
sendo proibido o uso de alfazema ou qualquer outro perfume. As roupas dos doentes seriam
desinfetadas com vapores de enxofre e ácidos minerais. As enfermarias seriam arejadas antes e
após as visitas. A enfermaria das febres e sarnas, varridas antes da visita dos médicos. Os cura-
tivos, deveriam ser realizados duas vezes por dia.

49
As panelas utilizadas para o preparo dos alimentos, deveriam ser de ferro ou de barro. Proibin-
do o uso das panelas de cobre, que além de caro, poderia trazer risco à vida dos pacientes por
causa da oxidação.

Segundo TAUNAY, estas observações eram importantes “em dotar os hospitais da capitania
de legislação capaz de competir com a dos centros mais adiantados do Universo.” Em 1824,
SAINT-HILAIRE que esteve na cidade de São Paulo, teve no entanto, uma boa impressão sobre
o Hospital:
“(...) uma escadaria dava acesso a ele, havendo no centro do prédio um pátio
quadrado. Na farmácia, cuja porta dava para a rua, vendiam-se remédios ao
público, em benefício do hospital. A farmácia era grande, muito limpa, organi-
zada, encontrando-se nela um sortimento completo de medicamentos”.
Ainda segundo TAUNAY, durante a visita o naturalista francês pode observar que “a Santa
Casa tinha insuficiente renda e o Militar lhe levava a vantagem pela excelente botica fornida de
quase tudo quanto a farmacopeia coletânea podia dispor”.

A existência de uma enfermaria feminina no Real Hospital Militar é explicada pelo naturalista
francês Sant-Hilaire: a Santa Casa de Misericórdia, na época, não estava internando os pacien-
tes, encaminhando-os para o hospital militar e “ficando a diária por conta da confraria”.

Carta do Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo


ao físico-mor do Real Hospital Militar, de 09 de junho de 1828,
solicitando vaga para transferência de um paciente psiquiátrico.
ACERVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

50
Reorganização do Serviço de
Saúde no Império: fim do
Real Hospital Militar
8

O Real Hospital Militar permaneceu no Vale do Anhangabaú até 1830, e a sua sede passou a
ser ocupada pelo 7º Batalhão de Caçadores por três anos. A Botica permaneceu no local,
fornecendo medicamentos para a Santa Casa de Misericórdia.

O Seminário das Educandas da Glória36 - orfanato criado pelo Ministério da Guerra em 08


de janeiro de 1825, funcionou nos anos iniciais na Chácara da Glória,37 foi transferido para o
antigo prédio do Real Hospital Militar em 1833 onde permaneceu até 1886, quando foi trans-
ferido para a Rua da Consolação,
já sob a administração do gover-
no da província de São Paulo. O
seminário possuía cem alunas,
filhas de militares do Exército, al-
gumas órfãs dos heróis da Guerra
do Paraguai, que podiam perma-
necer em regime de internato até
os dezoito anos de idade. Era di-
rigido pela Irmã Superiora Luiza
Antônia Janin, da Congregação
de São José (ordem que passou
a cuidar do estabelecimento a
partir de 28 de julho de 1870), e
contava com o apoio de seis frei- Seminário das Educandas da Glória. Foto tirada no jardim da instituição.
ras que ministravam as aulas. O Ao fundo, o prédio que pertenceu ao Real Hospital Militar. 1885.
Foto: Militão Augusto de Azevedo.
serviço médico era prestado pelo
36. MARTINS, op. cit., p 36
37. A Chácara da Glória começava onde atualmente é a Rua Domingos de Morais e terminavas nas imediações do Rio Tamanduateí, próxi-
mo ao largo do rio Cambuci (atual Largo do Cambuci).

51
Dr. Jayme Serva e o padre Júlio Marcondes de Araújo e Silva era o responsável pela capelania.
Após a desativação do seminário no prédio do Real Hospital Militar, a edificação permaneceu
abandonada e foi demolida em 1920, dando espaço para o Palácio dos Correios e Telégrafos,
projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, existente até hoje no Centro da capital paulista.

Em 1830, o atendimento médico das tropas passou a ser realizado numa chácara no Alto de
Santana, um convento em ruínas que pertencia aos jesuítas. Neste local, abrigava todo o con-
tingente do Exército na cidade de São Paulo no final do século XVIII.38

Em 30 de agosto de 1828, o Imperador D. Pedro II extinguiu os cargos de Físico-Mor e de


Cirurgião-Mor, transferindo a responsabilidade do atendimento em saúde pública para as Câ-
maras Municipais. Desde o início do Real Hospital Militar, o físico-mor era responsável pelo
atendimento médico de toda população e do atendimento às tropas.

No Decreto de 17 de fevereiro de 1832, que determinou a extinção dos Reais Hospitais Mi-
litares e a criação dos Hospitais Regimentais, foi estabelecido que estes hospitais deveriam
atender o mais próximo possível dos quartéis. Deveriam ser compostos por pelo menos duas
enfermarias para o atendimento dos militares - sendo limitado o número de pacientes assistido
entre 25 a 30 pacientes em cada uma delas. O Hospital Regimental deveria ter um depósito
de aparelhos e instrumentos para as grandes cirurgias. A partir deste decreto, a subordinação
do diretor do hospital passa a ser ao Comandante das Armas. Desde a sua criação em 1766,
o hospital militar esteve subordinado diretamente ao governador da Capitania de São Paulo.

No final do Império, o serviço de saúde do Exército na cidade de São Paulo se resumia a um


claro de quatro militares: o primeiro-cirurgião João Thomaz Carvalhal39 e os segundos-ci-
rurgiões Daniel Frederico Júlio da Silva,40 Flávio Augusto Falcão41 e Felizardo de Assumpção
Cavalheiro.42 A capital paulista possuía apenas duas companhias militares: uma de infantaria e
outra de cavalaria. Posteriormente, a companhia de Cavalaria seria transformada no 8º Regi-
mento de Cavalaria. No ano de 1885, o efetivo total entre infantes e cavalarianos na província
de São Paulo era de mil militares.43

Os hospitais militares tiveram grande importância e relevância por ocasião da Guerra do Para-
guai (1861-1867), no cuidado aos convalescentes e feridos de guerra, entrando em decadência
nos anos seguintes. Em relação à cirurgia, a medicina praticada pelos militares segundo SAN-
TOS FILHO, estava limitada quase que exclusivamente às amputações, entre os casos opera-
tórios.

38. Refere-se ao Centro Preparatório de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR-SP), quartel inaugurado em 1917, situado a rua Alfredo
Pujol.
39. Ocupava a 13ª posição de antiguidade na patente de Primeiro-Cirurgião. Pela hierarquia, se reportava ao General de Brigada Médico João
Severiano da Fonseca.
40. Ocupava a 13ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
41. Ocupava a 14ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
42. Ocupava a 92ª posição de antiguidade na patente de Segundo-Cirurgião.
43. Revista do Exército Brasileiro, 1885.

52
O Corpo de Saúde do Exército
no fim do Império
9

N os últimos anos do regime imperial de D. Pedro II, com o Exército sob o comando do
Marechal Conde d’Eu, a hierarquia do Corpo de Saúde possuía uma dinâmica diferente
da contemporânea. No ano de 1883, a constituição do Corpo de Saúde do Exército era a se-
guinte:44
1) Cirurgião-Mor do Exército: Conselheiro Barão de Souza Fontes – che-
fe do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro no período Imperial;

2) Cirurgiões-Mores de Divisão: composto por quatro oficiais-generais


- Teodoro Rodrigues de Moraes (Goiás), Policarpo Cesário de Barros (Rio
Grande do Sul), Cyrillo José Pereira de Albuquerque (Bahia) e Manoel José
de Oliveira (Corte - Repartições Militares);

3) Cirurgiões-Mores de Brigada: composto por oito oficiais-generais


- Bernardo José de Figueiredo (Corte – Repartições Militares), José Joa-
quim dos Santos Correia (Rio Grande do Sul), José Zacharias de Carvalho
(Amazonas), Cesario Eugenio Gomes de Araújo (Corte), Aires de Oliveira
Ramos (Rio Grande do Sul), Constantino Teixeira Machado (Bahia), An-
tônio de Souza Dantas (Bahia) e João Severiano da Fonseca45 (Corte – Re-
partições Militares);

4) Primeiros-Cirurgiões: composto por 42 militares da ativa e um extra-


numerário;

44. Almanaque da Revista do Exército Brasileiro, 1883.


45. Em 1882, João Severiano da Fonseca servia no Hospital Militar da Corte (atual Hospital Central do Exército) como Primeiro-Cirurgião.
Na época o Hospital era dirigido interinamente pelo Coronel José Cardoso Junior. A direção clínica era realizada pelo 1º Médico (Cirur-
gião-Mor de Divisão Manoel José de Oliveira, sendo Severiano seu subalterno, liderando seis militares na função de Segundo-Cirurgião, um
capelão e dois farmacêuticos – um militar alferes e um civil contratado) Houve o falecimento de quatro cirurgiões-mores de brigada neste
ano, ocasionando a promoção do patrono.

53
5) Segundos-Cirurgiões: composto por 94 militares da ativa;

6) Farmacêuticos-Capitães: três militares, sendo dois na Corte e um em Per-


nambuco;

7) Farmacêuticos-Tenentes: quatro militares, sendo um no Mato Grosso e


três na Corte; e

8) Farmacêuticos-Alferes: doze militares, sendo sete na corte e os demais nas


províncias do Espírito Santo, Pará, Mato Grosso, Bahia e Paraná.

postos e graduações do exército imperial


DAS ARMAS CORPO DE SAÚDE SERVIÇO RELIGIOSO
OFICIAIS GENERAIS
Marechal de Exército
Tenente-General Cirurgião-Mor de Exército
Marechal de Campo Cirurgião-Mor de Divisão
Brigadeiro Cirurgião-Mor de Brigada
OFICIAIS SUPERIORES
Coronel Primeiro-Cirurgião
Tenente-Coronel Segundo-Cirurgião
Major Capelão-Mor
OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS
Capitão Farmacêutico Capitão Capelão-Capitão
OFICIAIS SUBALTERNOS
Tenente (ou 1º Tenente) Farmacêutico Tenente Capelão-Tenente
Alferes (ou 2º Tenente) Farmacêutico Alferes
Alferes Aluno
PRAÇAS
Sargento Ajudante
Sargento Quartel Mestre
1º Sargento
Furriel
Cabo
Anspeçada
Soldado

54
O Hospital Militar de 3ª Classe
10

O País começa a se organizar na recém proclamada República, em 15 de novembro de 1889.


O Exército Brasileiro também passaria por uma reformulação dos seus quartéis, da dis-
tribuição do seu efetivo, e do Serviço de Saúde. Em 22 de março de 1890, o Inspetor de Saúde
General de Brigada Médico Antônio de Souza Dantas cria uma nova hierarquia para os hos-
pitais militares. Esta regulamentação foi publicada no Diário Oficial da União,46 a partir do
Decreto nº 277, sancionado pelo presidente provisório Marechal Manoel Deodoro da Fonseca
e criado pelo Ministro da Guerra Benjamin Constant Botelho de Magalhães.

Neste período, São Paulo contava apenas com uma guarnição de infantaria e um regimento de
cavalaria e por possuir um pequeno contingente, o então Hospital Regimental (que funcionava
de forma precária, assimilando a uma simples enfermaria) foi classificado e denominado como
Hospital Militar de 3ª Classe, dentro do organograma das organizações de saúde do Exército,
atrelando ao tamanho do efetivo em cada localidade. O antigo Hospital Real Militar e Ultra-
mar, situado na capital do país, foi classificado como o único Hospital Militar de 1ª Classe, de-
nominado Hospital Central do Exército, se tornando a principal instituição de saúde da Força
até os dias de hoje. A distribuição geral foi a seguinte:
a) 01 hospital de 1ª classe: Hospital Central do Exército;
b) 12 hospitais de 2ª classe, nas localidades onde haviam mais de um corpo
ou regimento; e
c) 26 hospitais de 3ª classe, onde havia apenas uma guarnição.
O Corpo de Médicos do Exército, nesta ocasião, possuía o seguinte efetivo:
a) 01 Inspetor Geral do serviço sanitário (General-de-Brigada);
b) 03 Médicos de 1ª Classe (Coronéis);
c) 09 Médicos de 2ª Classe (Tenentes-Coronéis);
d) 27 Médicos de 3ª Classe (Majores);
e) 85 Médicos de 4ª Classe (Capitães); e
f) 74 Médicos Adjuntos (Civis com honras de Tenentes).

46. D.O.U. nº 81, de 25 de março de 1890

55
O Corpo de Enfermeiros era constituído por:
a) 14 Enfermeiros-Mores (Sargentos);
b) 104 Enfermeiros (Cabos); e
c) 114 Ajudantes de Enfermeiros (Soldados).
Ainda contavam com 87 farmacêuticos, sendo:
a) 01 Tenente-Coronel;
b) 02 Majores;
c) 08 Capitães;
d) 32 Tenentes; e
e) 44 Adjuntos (com honra de Alferes).
O Inspetor de Saúde (cargo correspondente ao Diretor de Saúde do Exército nos tempos atu-
ais) General Dantas deixa o cargo repentinamente, assumindo por antiguidade esta função o
General de Brigada Médico João Severiano da Fonseca. Segundo SILVA,47 o patrono do Ser-
viço de Saúde em sua primeira Ordem do Dia, relembra a importância desta reestruturação:
“Nesta data assumo esta Direção. Tem sido ela até hoje tarefa bem difícil
por ver-se a cada passo contrariada pelo egoísmo, comodismo e empenho.
Na reorganização do Serviço Sanitário buscou-se obviar completamente essa
dificuldade a maior de todas que infelizmente ultimamente reapareceu. En-
tretanto não me pouparei esforços para bem servir; e se for eficazmente coad-
juvado pelos chefes de serviços e mais companheiros de classe, no exato cum-
primento das leis, fio que o serviço se fará com interesse, justiça, moralidade
e suavidade. A dificuldade hoje mais séria para mim é adquirir competência
para preencher a falta imensa que à nossa corporação vai fazer o chefe ilus-
trado, zeloso, enérgico e integérrimo que em tão má hora nos deixou.”
Dessa forma, General Severiano da Fonseca reconhece a sensibilidade que era este momento
de reestruturação do Serviço de Saúde, marcada também por grandes transformações estrutu-
rais do Exército no início da República.

No primeiro grupo, os uniformes do Corpo de Saúde do Exército em 1894. Em seguida, o uniforme dos farmacêuticos no mesmo período.
Ilustrações de José Wasth Rodrigues. Extraída do livro “Uniformes do Exército Brasileiro - 1730-1922 - Publicação oficial do Ministério da
Guerra comemorativa do centenário da Independência do Brasil”, de Gustavo Barroso. Editora A. Ferroud-F. Ferroud. Paris, 1922.

47. SILVA. Alberto Martins da. General João Severiano da Fonseca: uma vida dedicada ao Serviço de Saúde do Exército e ao Brasil. p. 87.

56
DISTRIBUIÇÃO DOS HOSPITAIS MILITARES POR GUARNIÇÃO EM 1890
HOSPITAL MILITAR DE 1ª CLASSE
1. Hospital Central do Exército
Rio de Janeiro, Distrito Federal
(atual estado do Rio de Janeiro)

HOSPITAL MILITAR DE 2ª CLASSE


1. Belém 8. Curitiba
Estado do Pará Estado do Paraná

2. Bahia 9. Porto Alegre


Estado da Bahia
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Salvador, BA)

3. Cidade do Rio Grande 10. Bagé


Estado do Rio Grande do Sul
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Rio Grande, RS)

4. Jaguarão 11. São Gabriel


Estado do Amazonas
Estado do Rio Grande do Sul
(atual São Gabriel da Cachoeira, AM)

5. Uruguaiana 12. Cuiabá


Estado do Rio Grande do Sul Estado do Mato Grosso

6. Corumbá 13. Andaraí (provisoriamente)


Estado do Mato Grosso Estado do Rio de Janeiro
(atual Estado do Mato Grosso do Sul) (cidade do Rio de Janeiro, RJ)

7. Recife -
Estado do Pernambuco

HOSPITAL MILITAR DE 3ª CLASSE


1. Manaus 14. São Luís
Estado do Amazonas Estado do Maranhão

2. Teresina 15. Fortaleza


Estado do Piauí Estado do Ceará

16. Paraíba
3. Natal Estado da Paraíba
Estado do Rio Grande do Norte
(atual João Pessoa, PB)

4. Maceió 17. Aracaju


Estado das Alagoas Estado de Sergipe

5. Vitória 18. São Paulo


Estado do Espírito Santo Estado de São Paulo

6. Desterro 19. Ouro Preto


Estado de Santa Catarina
Estado das Minas Gerais
(atual Florianópolis, SC)

7. Realengo 20. Pelotas


Estado do Rio de Janeiro
Estado do Rio Grande do Sul
(cidade do Rio de Janeiro, RJ)

21. Livramento
8. Rio Pardo Estado do Rio Grande do Sul
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Santana do Livramento, RS)

9. Alegrete 22. Quaraí


Estado do Rio Grande do Sul
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Três de Maio, RS)

10. Cachoeira 23. Chuí


Estado do Rio Grande do Sul
Estado do Rio Grande do Sul
(atual Cachoeira do Sul, RS)

11. São Borja 24. Saican


Estado do Rio Grande do Sul Estado do Rio Grande do Sul

25. Nioaque
12. Cáceres Estado do Mato Grosso
Estado do Mato Grosso
(atual Estado do Mato Grosso do Sul)

13. Provisória de bebericos


26. Goiás
do Rio Grande Estado de Goiás
Estado do Rio Grande do Sul

57
Transcrição parcial do Decreto Nº 307,
de 07 de abril de 1890

CAPÍTULO V
HOSPITALIZAÇÃO – LABORATÓRIO DE DEPÓSITO DE MATERIAL SANITÁRIO –
FARMÁCIAS – AMBULÂNCIAS 48
Art. 54. Haverá na Capital Federal um hospital de 1ª Classe, sob a denominação de Hospital
Central do Exército; e nas diferentes guarnições hospitais de 2ª e 3ª classes, conforme o numé-
rico das forças nelas estacionadas.

Art. 55. O diretor do Hospital Central será um médico de 1ª ou de 2ª classe e de inferior ca-
tegoria o seu vice-diretor. Suas funções serão, mutatis mutandis, as dos comandantes e fiscais
dos corpos do Exército.

Art.57. A escrituração a cargo do atual escrivão passará a ser feita na secretaria; sendo que
aquele serventuário, mudando apenas de qualificação, não sofre alteração nos encargos, direi-
tos e deveres que lhe cabem.

Art. 58. A seção técnica compreenderá o serviço essencialmente profissional: enfermarias,


posto médico, farmácia, depósito de medicamentos, biblioteca e arsenal cirúrgico; e será ime-
diatamente dirigida pelo vice-diretor do hospital central e de outros diretores dos outros hos-
pitais.

Parágrafo único. Os hospitais de 2ª e 3ª classe não terão vice-diretor.

Art. 59. Haverá nos hospitais um posto médico, onde diariamente se darão consultas e remé-
dios gratuitos aos militares, com parte de doente, cujas enfermarias não os eximam de sair à
rua, aqueles que tenham permissão para tratar-se em domicílio e às pessoas de suas famílias
legítimas.

Art. 60. Para autenticar a identidade legal das pessoas e poder-se cumprir as ordens estabeleci-
das, o interessado apresentará a ordem de socorro passada pela autoridade de quem depender.

Art. 61. O diretor designará o médico ou os médicos efetivos para o serviço do posto médico.
As horas de consultas serão das 8 às 12 da manhã.

Art. 62. Quando por seu estado de saúde o enfermo não possa vir à consulta, o encarregado do
posto dará parte ao diretor, que designará um médico para ir vê-lo e tratá-lo.

Art. 63. Na forma das leis militares, será responsabilizado o oficial de saúde que, por desídia ou
negligência, deixar de cumprir os seus deveres, e por maior razão se dessa negligência resultar
prejuízo à Fazenda Nacional.

48. Fonte: Senado Federal. Transcrição realizada com atualização das normas ortográficas, sem prejuízo do teor original.

58
Art. 64. O médico e o farmacêutico de dia ao hospital serão socorridos com alimentos aí pre-
parados e correspondentes em preço à dieta mais forte em gêneros, de conformidade com a
tabela que o diretor organizar.

Art. 65. Do mesmo modo poderá ser socorrida a guarda do estabelecimento; tendo o coman-
dante, se for oficial, alimentação igual à dos oficiais de saúde, descontando-se todos a respecti-
va etapa e aos adjuntos a quantia correspondente.

Art. 66. Nos hospitais onde houver irmãs de caridade o serviço será feito conforme as cláusu-
las do seu contrato.

Art. 67. O diretor do hospital poderá, em casos de urgência, ordenar incontinente a compra de
qualquer medicamento não prescrito no formulário militar, ou meio de curativo não existente
no laboratório, e cuja necessidade seja reconhecida.

Art. 68. Todas as manhãs, terminas as visitas, o vice-diretor ou quem suas vezes fizer reunirá
os facultativos e o encarregado da farmácia; tomará conhecimento das ocorrências havidas,
relativas ao serviço clínico, e determinará o que for necessário.

Art. 69. O serviço diário do hospital começará às 08 horas da manhã, de 1º de abril a 30 de


setembro, e às 07, de 1º de outubro a 31 de março, horas em que começarão as visitas.

Art. 70. Todas as outras repartições do hospital estarão abertas a essa hora, para atender-se a
qualquer urgência do serviço clínico, que não pode sofrer demora. Esse trabalho durará até 1
hora no verão, e 2 horas no inverno, salvo urgências do serviço.

Art. 71. Haverá efetivamente no hospital um médico e um farmacêutico de serviço, insepará-


veis do estabelecimento e de dia no posto médico, um médico que depois das horas de consulta
poderá recolher-se à sua casa, mas pronto para acudir a qualquer chamado.

Art. 72. O vice-diretor do hospital central, os diretores dos outros e do depósito de material e
laboratório químico-farmacêutico deverão morar nos respectivos estabelecimentos ou em casa
próxima a eles.

Art. 73. São suprimidas as enfermarias e farmácias dos estabelecimentos militares cuja proxi-
midade dos hospitais permita, sem grave transtorno, dificuldade ou perda de tempo, o trans-
porte dos enfermos.

Art. 74. Em ocasião de epidemias criarão hospitais de convalescentes, além dos especiais para
o tratamento da moléstia, com o fim de evitar que os dela curados vão convalescer nos quartéis
ou hospitais gerais, onde poderão por essa forma ser transmissores de contágio.

Art. 75. Os diretores mandarão semestralmente à repartição sanitária um mapa instrumental


cirúrgico existente, com declaração do seu estado de conservação, e das operações cirúrgicas
feitas nesse período; e serão responsáveis pela perda ou deterioramento dos que se inutilizarem

59
fora do serviço.

Art. 76. Todos os estabelecimentos da repartição sanitária serão convenientemente inspecio-


nados, todos os anos, ou sempre que o Governo determinar.

Art. 77. Ao depósito de material sanitário será recolhido todo o material cirúrgico existente
em demasia nos hospitais e enfermarias e portanto aí desnecessário

Art. 78. A repartição sanitária estabelecerá padrões para as diferentes caixas do instrumental
cirúrgico, cuja aquisição será feita nessa conformidade; devendo as caixas, e se possível for,
cada instrumento trazer como marca o emblema da repartição.

Art. 79. Sempre que na Comissão de Melhoramentos do Material de Guerra tratar-se de assun-
to que interesse a higiene do soldado, como barracas, fardamento, certas peças de equipamen-
to, etc., deve ter audiência o inspetor geral de saúde, ou um médico por ele designado.

Art. 80. Sendo muito comuns os causas criminais que entendem com a medicina legal, e que
somente o médico poderá elucidar em proveito da justiça, o inspetor sanitário terá assento no
Conselho Supremo Militar.

Art. 81. Se o Governo encontrar mais fácil e vantajosa a hospitalização civil, em alguma guar-
nição, contractal-a-há; mas sempre sob a inspeção e fiscalização das autoridades militares res-
pectivas.

Art. 82. Haverá na farmácia do hospital central e na do laboratório, se necessário for, quatro
oficiais de farmácia, farmacêuticos ou praticantes, que serão ajudantes dos farmacêuticos do
estabelecimento; tendo um deles a seu cargo a escrituração da farmácia.

Art. 83. O Governo conservará ou criará ambulâncias nos estabelecimentos cujas enfermarias
são suprimidas

Art. 84. Sendo as gratificações de exercício inerentes aos postos, suprimem-se as atribuídas aos
diversos empregos no serviço sanitário, para exercício, casa ou especiais.

Art. 85. O serviço sanitário dos estabelecimentos militares nas guarnições ou localidades onde
haja delegado ou chefe superior daquele serviço, será considerado simplesmente anexo a esses
estabelecimentos na mesma razão dos hospitais para as guarnições; e como os dos hospitais e
seu pessoal sob as ordens imediatas das autoridades sanitárias; cumprindo, tanto aos médicos
como aos chefes daqueles estabelecimentos, auxiliem-se mútua e eficazmente, no interesse do
serviço.

Art. 86. Enquanto não for reformado o regulamento dos hospitais, ficarão em vigor as dispo-
sições não alteradas na presente lei.

60
Distribuição do serviço

Pessoal:

Um general de brigada: inspetor geral.

Um coronel: vice-chefe e chefe do pessoal.

Dois coronéis e nove tenentes-coronéis: dos quais um será inspetor do material, um diretor
e um vice-diretor do hospital central, seis delegados do inspetor geral nas grandes guarnições,
dois inspetores de serviço sanitário nos Estados.

27 majores: 13 delegados nos Estados de pequenas guarnições, 13 diretores de hospitais de 2ª


classe, e alternando com os tenentes-coronéis, um diretor do depósito de material e um vice-
diretor do hospital central.

85 capitães: 26 diretores e 26 coadjuvantes dos hospitais de 3ª classe, quatro coadjuvantes no


hospital central e 26 nos hospitais de 2ª classe, três assistentes do inspetor geral, do chefe do
pessoal e do chefe de serviço do Rio Grande do Sul, e o secretário da repartição, os quais tam-
bém podem ser majores.

74 adjuntos: quatro no hospital central, 12 na guarnição do Rio de Janeiro, 24 nos hospitais de


2ª classe, sendo dois em cada um exceto o de Andaraí, 22 nas pequenas guarnições, nas capitais
de Estado, 12 onde o Governo melhor entender.

Um tenente-coronel farmacêutico: inspetor de farmácia.

Oito capitães e 32 tenentes: um coadjuvante no laboratório e os mais nas 39 farmácias dos


hospitais de 2ª e 3ª classes.

44 adjuntos: coadjuvantes nos hospitais, sendo dois no hospital central e três no laboratório.
Em cada hospital uma seção de enfermeiros.

61
Diário Oficial da União, 25 de março de 1890.
Acervo: IMPRENSA NACIONAL (Brasília)

62
A Missão Médica Brasileira
na Primeira Guerra Mundial
11

Foto oficial da Missão Médica Brasileira com o Presidente Wenceslau Brás (ao centro). 1918.

A Primeira Guerra Mundial foi iniciada em 26 de julho de 1914, no final do mandato do


presidente da República Marechal Hermes da Fonseca e terminou em 11 de novembro
de 1918, pouco antes do término do mandato de seu sucessor Wenceslau Brás. A guerra se
arrastava por mais de dois anos, desgastando os países envolvidos. De um lado, havia a Trí-
plice Aliança composta por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, do outro a Tríplice Entente,
formada pela França, Grã Bretanha e Rússia. Na América Latina até o ano de 1917 permanecia
o “consenso neutralista”, que segundo COMPAGNON (2009) Brasil e Argentina assumiram
este posicionamento sobre o conflito por interesses econômicos. Segundo COZZA o Brasil foi
o único país neutro que protestou sobre a invasão alemã na Bélgica.

O posicionamento do Brasil começa a mudar após o bloqueio da Alemanha, que decidiu tor-
pedear qualquer navio que entrasse na zona de bloqueio, independente que fosse oriundo
de um país neutro. No dia 05 de abril de 1917 o navio Paraná – um dos maiores da marinha
mercante brasileira, carregado de café, que era o principal produto de exportação, afundou
nas proximidades do Cabo Barfleur, na França. Três marinheiros brasileiros morreram neste
ataque. Em maio, foram torpedeados os navios Tijuca e Lapa e no mês de outubro os navios
Acari e Guaíba.

63
Os movimentos formados por intelectuais e políticos que se identificavam com a causa dos
Aliados da Entente (como a Liga Brasileira dos Aliados) e a comoção popular gerada pelo ata-
que aos navios mercantes brasileiros, pressionavam o governo brasileiro a tomar um posicio-
namento do país diante do conflito. As relações comerciais com a Alemanha foram interrom-
pidas em fevereiro de 1917 e em abril do mesmo ano o Brasil rompe as relações diplomáticas
com a Alemanha. Em 26 de outubro de 1917 foi declarado o Estado de Guerra, iniciado pelo
Império Alemão contra o Brasil. O Estado de Guerra entre o Brasil e a Alemanha reforçou a
necessidade de posicionamento do governo brasileiro, colaborando com os Aliados da Entente.
Assim, foram assumidos os compromissos de enviar a Divisão Naval em Operações de Guerra
(DNOG) para incorporar-se à esquadra britânica em Gilbraltar; o envio de aviadores da Ma-
rinha e do Exército para serem treinados pela Real Força Britânica; e o envio de uma Missão
Médica Militar composta por militares e médicos civis comissionados em patentes militares
para atuar em um hospital de campanha na Primeira Guerra. Conforme HOCKMAN (2006)
e OLIVEIRA (1990), levar médicos para o conflito bélico significava que o Brasil possuía uma
ciência capacitada, sobretudo construindo um hospital no país da medicina e se inserindo na
modernidade internacional pela Saúde.

O chefe da legação da República Francesa no Brasil, Ministro Paul Claudel, formalizou em


nota o pedido de Missão Médica ao Ministro das Relações Exteriores, Dr. Nilo Peçanha. A
partir do Decreto nº 13.902, de 10 de julho de 1918, foi criado a Missão Médica Especial em
caráter militar.

Reprodução da Revista da Semana, 17/08/1918. Acervo BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

Para a composição do efetivo de militares que participaram da Missão Médica, o Exército


nomeou os capitães médicos Dr. Pedro de Alcântara Pessoa de Mello (do Hospital Central do
Exército – Rio de Janeiro), Dr. Cincinato Telles Guariba (do 43º Batalhão de Caçadores – Be-
lém-PA) e Dr. Júlio Mário da Costa Pinto (Rio de Janeiro); os primeiros tenentes médicos Dr.

64
Henrique Ferreira Chaves (subordinado à antiga 6ª Região Militar – hoje 2ª Região Militar,
que atendia na Fábrica de Pólvora sem Fumaça em Piquete-SP), Dr. Galdino Ferreira Martins
(lotado em São João Del Rey-MG) e Dr. Alberto de Sousa (lotado na cidade do Rio de Janeiro).
Também foram nomeados os farmacêuticos: primeiro tenente Antônio Joaquim Damásio e o
segundo tenente Manuel Vieira da Fonseca Júnior (ambos do Hospital Central do Exército –
Rio de Janeiro); os intendentes: primeiro tenente João Ferreira Filho (lotado no Rio de Janeiro)
e o primeiro sargento Paulo de Mello Andrade (amanuense da 3ª Seção do Estado-Maior do
Exército no Rio de Janeiro).

A escolha dos médicos civis ficou a cargo do deputado federal, cirurgião, professor de Gineco-
logia e diretor do Hospital da Gamboa, Dr. Nabuco de Gouvêa. O jornal Correio da Manhã do
dia 18/04/1919 (p. 3), relata o critério das escolhas dos médicos a compor a missão brasileira
na Primeira Guerra Mundial:
“O ministro da Guerra exigiu apenas uma pequeníssima representação de
médicos do Exército e da Marinha, limitando-se sabiamente a nomear a
grande maioria dos membros de acordo com as indicações do chefe escolhido.
Com essa liberdade de ação, a responsabilidade deste crescia sobremodo, mas
em compensação, o êxito era mais certo dado o bom conhecimento que este
tinha da classe médica brasileira, entre a qual poderia fazer uma escolha
inteligente.”
Os médicos civis paulistas que foram indicados pelo diretor da Faculdade de Medicina e Ci-
rurgia, Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho foram os doutores Benedicto Montenegro (lente de
Anatomia da Faculdade de Medicina), comissionado ao posto de tenente coronel; Rafael Pen-
teado de Barros (professor substituto de Física), Adolpho Corrêa Filho (professor de Anatomia
Cirúrgica) e Christiano de Souza (assistente de cirurgia) comissionados ao posto de capitão; e
Raul Vieira de Carvalho, comissionado ao posto de primeiro tenente.

Dos trinta soldados destinados para realizar a guarda do hospital brasileiro na França, seis
eram do 43º Batalhão de Caçadores, Organização Militar sediada em São Paulo-SP, vinculada
à 6ª Região Militar. São os soldados Antônio Machado Florence, Francisco Ribeiro do Valle,
Paulo Ribeiro Villela, Mário Paes de Barros Filho, Fausto Ferraz de Camargo e Álvaro Novaes
Filho.

Contingente de praças responsáveis pela Guarda ao Hospital Franco Brasileiro.


Reprodução da Revista da Semana, 17/08/1918. Acervo BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

65
Entre militares do Exército, da Marinha e médicos civis comissionados em postos militares,
foram enviados 112 componentes para a Missão Médica Brasileira na França. O embarque
ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, a bordo no navio francês Plata, em 18 de agosto de 1918.

Segundo KROEFF, o navio que seguiu rumo à França deveria atracar em Dacar, no Senegal,
mas após o risco de ataque dos alemães teve que seguir para o porto da colônia inglesa de Free-
town, para abastecer de carvão a embarcação. Com dois dias de atraso, chegaram na cidade
de Dacar, onde foram recebidos com festa em comemoração à entrada do Brasil na Primeira
Guerra Mundial. A chegada dos militares brasileiros à França ocorreu em 24 de setembro de
1918, no porto de Marselha.

O deputado federal Dr. Nabuco Gouvêa, comissionado ao posto de coronel, chegou a Paris
no dia 27 de setembro de 1918, acompanhado por uma pequena comitiva, incumbido de es-
tabelecer um plano prático de apoio de saúde. Este plano incluía um serviço de Ambulâncias
Cirúrgicas Autopropulsadas (Auto-chir) para evacuar os feridos no front e evacuar para um
hospital central com 500 leitos de capacidade. Esta ambulância era equipada com uma sala
cirúrgica móvel, com recurso de aquecimento, iluminada e limpa. A área preparatória possuía
autoclave, lavatórios com água fervida, aquecimento, eletricidade, salas de radiografia e uma
área de internação para cem feridos.

Hospital Franco Brasileiro em Paris, em 1919.


Outros países que se mantiveram neutros perante a Primeira Guerra, como Espanha, Dina-
marca, Holanda, Argentina, Chile e Uruguai, abriram hospitais para o atendimento aos feridos
na guerra. A sociedade brasileira motivou-se a constuir um hospital, realizando doações em
um festival beneficente realizado no Rio de Janeiro, promovido pela condessa Carolina da
Silva Ramos. As obras do Hospital Franco Brasileiro foram custeadas pelo governo brasileiro,
assumida administrativamente pelo governo francês e supervisionada pela Direção de Enge-
nharia Militar francesa. O acolhimento aos feridos da guerra e a epidemia de gripe espanhola
que assolava a Europa, não impediram que o hospital fosse erguido ainda durante o governo

66
de Wenceslau Brás. Finalizado, o hospital era composto por salas de operações, enfermarias,
salas de curativo, salas de radiologia, fisioterapia, rouparia, refeitório, biblioteca e vestiário. Nos
anexos possuía a sala de banho, cozinha a vapor e sala de hidroterapia.

O médico Dr. Paulo da Silva Paranhos e


seu auxiliar, no interior do Hospital Franco
Brasileiro, em Paris.

Na concepção do hospital a direção do hospital foi designada ao Dr. Paulo da Silva Paranhos
(filho do Barão do Rio Branco), que era cidadão franco-brasileiro, nascido e criado em Paris.

Na data oficial do término da Missão Médica


Especial em caráter militar, em 19 de feverei-
ro de 1919, o hospital era dirigido pelo tenente
coronel médico Dr. Rodrigo de Araújo Aragão
Bulcão, que futuramente se tornaria diretor do
Hospital Militar de São Paulo em 12 de abril de
1921, no bairro do Cambuci, em São Paulo-SP.
Naquela ocasião, o Hospital Franco Brasileiro
possuía 360 pacientes baixados.

O governo brasileiro iniciou o processo de do-


ação das instalações do Hospital Franco Bra-
sileiro para as Vítimas da Guerra e todo o seu
material para a Faculdade de Medicina de Pa-
ris, conforme publicado no jornal O Paiz, de 11
de outubro de 1919. Apenas em 16 de julho de
1920 a Comissão de Finanças do senado fran-
cês aprovou a doação, transformando a insti-
tuição no Serviço de Cirurgia da Universidade
de Paris. Curiosamente, os equipamentos e os
materiais da Lavanderia do Hospital Militar de O tenente-coronel médico Dr. Rodrigo de Araújo
Bulcão, futuro diretor do Hospital Militar de São Paulo,
São Paulo, em sua inauguração no ano de 1920, que serviu na Primeira Guerra Mundial e dirigiu
o Hospital Franco Brasileiro.
eram provenientes do Hospital Franco Brasi-
leiro.

67
12 A Necessidade de um Hospital

Antigo Quartel de Santana em 1915, que abrigava a sede da então 6ª Região Militar e onde o
Hospital Militar de 3ª Classe realizava os atendimentos aos soldados.

P ara compreender as motivações para a construção do hospital no Morro da Pólvora, é


preciso contextualizar a situação das tropas na cidade de São Paulo. Em 1901, o Exército
contava com o Quartel da Companhia de Infantaria com a Casa da Pólvora – instituição que
ficava no bairro do Morro da Pólvora49 e a Invernada dos Cavalos (pertencente ao Regimento
de Cavalaria).50

Gradativamente o efetivo militar começava a crescer e novas organizações militares eram cria-
das. Entre elas, destacamos a 2ª Região Militar. Criada em 04 de janeiro de 1908 como Região
de Inspeção, posteriormente seria transformada em I Região de Inspeção (em 06 de agosto de
1908); em 6ª Região Militar (em 23 de fevereiro de 1915) e finalmente em 18 de julho de 1919
no Quartel General da 2ª Região Militar.

A Casa da Pólvora foi instalada no terreno cedido pelo Ministério da Fazenda ao Ministério
da Guerra no ano de 1884. Posteriormente esta localidade seria destinada para a construção
do hospital militar.

O General de Divisão Luiz Barbedo percebeu que as condições do então Hospital Militar de
3ª Classe eram péssimas. O atendimento médico aos soldados era resumido a uma instalação
sem condições de higiene e conforto e que não daria conta de atender o efetivo que começava
a crescer desde 1916. General Barbedo logo consegiu uma autorização do Ministro da Guerra
Marechal José Caetano de Faria para construir o hospital.51
49. O bairro passou a se chamar Cambuci no ano de 1906.
50. Relatório do Ministério da Guerra (1902).
51. General Barbedo assumiu a então 6ª Região Militar em 11/10/1916.

68
A pedra fundamental do novo hospital foi lançada em 28 de junho de 1918. No dia ante-
rior, General Barbedo publicava no Boletim Regional nº 144 o segunte texto: “convido todos
os oficiais da Guarnição nesta Capital, para assistirem amanhã, às 10:00 horas, em uniforme de
flanela caqui, a cerimônia do lançamento da pedra fundamental do Novo Hospital Regional, no
alto do Cambuci, junto ao Stand de Tiro nº 3”. O projeto foi realizado pelo Major Antônio José
da Fonseca que participou “em todos os seus trabalhos técnicos desde o lançamento da pedra
fundamental até a finalização”.

Para amenizar o impacto do atraso da inauguração do Hospital Militar, previsto para meados
de 1919, uma enfermaria foi montada na Rua Marechal Hermes, em Santana, o tenente-co-
ronel médico Dr. Sylvio Pellico Portella chefiava o Serviço de Saúde da 6ª Região Militar. No
município paulista de Lavrinhas, no Vale do Paraíba, as tropas contava com o atendimento
médico realizado pelo Sanatório Militar, dirigido pelo major médico Dr. Manoel Marcillac
Motta. No Estado de São Paulo estavam instalados os quartéis 6º Regimento de Infantaria (Itu),
43º Batalhão de Caçadores (São Paulo), 53º Batalhão de Caçadores (Lorena), 6ª Companhia
de Metralhadoras (Rio Claro), 10ª Companhia de Metralhadoras (Piquete), 4º Corpo de Trem
(Pindamonhangaba), 7º Regimento de Artilharia Montada (São Paulo), 4º Grupo de Obuzes
(São Paulo), 4º Batalhão de Engenharia (Fazenda Amarela, em Lorena) e a 3ª Bateria de Arti-
lharia de Costa (Santos).

Com o atraso para a entrega da obra, General Barbedo participa de uma reunião no Rio de
Janeiro com o General Cândido Rondon (diretor dos
Serviços de Engenharia) e o Ministro da Guerra Mare-
chal José Caetano, antes de deixar a pasta em outubro de
1919. A liberação da verba da construção do hospital foi
formalizada pelo Decreto nº 13.655, sancionado no dia
18 de novembro daquele ano. Este decreto cria oficial-
mente o Hospital Militar de São Paulo.

Finalizado de forma rápida, em 31 de dezembro de 1919


(apesar dos seis meses de atraso, se considerada a pre-
visão inicial), o hospital custou 396.465$000 (trezentos
e noventa e seis mil contos e quatro centos e sessenta
e cinco mil) réis - valor considerado muito baixo para
uma obra daquele porte. O local escolhido para a ins-
talação do Hospital Militar possui uma grande impor-
tância cultural por estar ao lado do marco da Indepen-
dência do Brasil: o “Monumento do Ipiranga” ou “Altar
da Pátria” – monumento este que seria inaugurado em
1922 e concluído em 1926.52 Nota sobre a inauguração do Hospital Militar
publicada no jornal Correio Paulistano de 28/04/1920.
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

52. Monumento do Ipiranga foi projetado pelos arquitetos Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi, inaugurado parcialmente em 1922 em
ocasião ao centenário da Independência. A obra foi finalizada em 1926. O valor da construção equivale a 12.682,35 dólares americanos ou
48.772,63 reais (cálculo de conversão réis/dólar, inflação dólar e câmbio para real realizado em 27/06/2019). O valor em 1919 correspondia
a 900,90 dólares.

69
Vista aérea do Hospital Militar de São Paulo e vista parcial da Vila Monumento, c. 1940.
1920: Inauguração do
Hospital Militar da 2ª Região
no bairro do Cambuci
13 Um novo Hospital se instala
no Alto do Morro da Pólvora

U m hospital moderno, construído com madeiras importadas dos Estados Unidos e que
contava com sofisticados equipamentos vindos da Europa. Sua fachada simples e sóbria
como o seu interior, resplandecia de beleza. Na entrada principal, a porta entalhada a canive-
te revelava riquíssimos detalhes, dando acesso a um belo saguão com piso de mármore. Nos
muros próximos à antiga Estrada do Ypiranga, se tornaram um grande mural pintado pelo
modernista italiano Alfredo Volpi, trabalho feito no começo da sua carreira ao lado do mestre
Orlando Quartínio. O hospital encantava os visitantes que passavam pelo bairro do Cambuci
para acompanhar os eventos de comemoração ao centenário da Independência.

A previsão inicial era de ter inaugurado entre o começo de maio ou o final de junho de 1919. O
Diretor de Saúde havia sugerido o nome do tenente coronel médico Dr. Breno Bráulio Muniz
para ser o primeiro diretor e o major médico Dr. José Afonso de Souza Figueredo para a sub-
direção. No dia 03 de maio de 1920, o Hospital Militar da 2ª Região foi finalmente inaugurado.
A lavanderia do hospital ainda estava em processo de licitação para a sua montagem. Alguns
equipamentos hospitalares não haviam chegado da Europa. A Rua da Independência53 ainda
estava em obras e seria inaugurada pela prefeitura posteriormente.

Sua sede era composta por um edifício principal de dois andares, de janelas altas e estreitas,
assoalho de madeira e corredores largos, que abrigava no térreo a administração e os laborató-

72
rios. No andar superior, ficavam as enfermarias dos oficiais de alta patente - com a capacidade
de trinta leitos em quartos isolados. Um outro pavilhão abrigava uma enfermaria coletiva para
os praças, a enfermaria de isolamento, o centro cirúrgico, o gabinete bacteriológico e farmaco-
lógico. A instituição também dotava de uma sala de radiologia – que foi organizada pelo capi-
tão médico Dr. Pedro de Alcântara Pessoa de Melo, que chegaria do Rio às vésperas da inau-
guração. Os anexos abrigavam o Corpo da Guarda, o rancho, o necrotério, a sala de necrópsia,
duas salas mortuárias, o alojamento e o almoxarifado. Contabilizando o prédio principal e seus
anexos, o hospital possuía a capacidade para 150 leitos.

Para as enfermarias, camas metálicas foram compradas. Colchões, travesseiros, mesas de ca-
beceira, mesas para os doentes e operados graves, enfim tudo fornacido por empresas paulis-
tas - os melhores fabricantes da época. A notícia sobre a inauguração do novo hospital militar
rapidamente ocupou as páginas dos jornais e revistas, com merecido destaque.

A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente do Estado de São Paulo -


Dr. Washington Luís; do comandante da 2ª Região Militar - General de Divisão Luiz Barbedo;
do General de Brigada Médico Antônio Ferreira do Amaral – chefe do Serviço de Saúde do
Exército; do General Eduardo Sócrates – Inspetor da 4ª Brigada; dos generais Bento Bicudo,
Francisco Nascimento Pinto e do coronel Luiz Americano (estes veteranos da Guerra do Pa-
raguai); do coronel Odilon Barcelos – comandante do 4º Batalhão de Caçadores; do coronel
Christiano Klingelhoefer; do capitão Espíndola de Castro – assistente da 2ª Região Militar; do
monsenhor Emílio Teixeira em representação ao arcebispo metropolitano de São Paulo; dos
médicos: Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho – diretor da Faculdade de Medicina e diretor do cor-
po clínico da Santa Casa de Misericórdia; Dra. Maria Rennotte – diretora do Hospital Infantil
da Cruz Vermelha; Dra. Antonia de Souza Queiroz – presidente da Cruz Vermelha Brasileira
de São Paulo; Dr. Marcello Biffano – diretor do Hospital Humberto Primo; Dr. Marcelo Ribei-
ro – secretário de Justiça e Segurança Pública; entre outras autoridades, personalidades da alta
sociedade paulista e da imprensa.

73
14 A solenidade de inauguração
do Hospital Militar da 2ª Região

Major Ferreira - primeiro diretor do Hospital Militar da 2ª Região; Dr. Washington Luís - presidente do estado de São Paulo e General
Barbedo - Comandante da 2ª Região Militar. 03 de maio de 1920. Reprodução: Revista A Cigarra/DA Press

O nze da manhã do dia 03 de maio de 1920. O toque da corneta ecoa no alto do Cambuci
em continência ao senhor presidente do Estado de São Paulo Dr. Washington Luís Perei-
ra de Souza. O automóvel do chefe do Estado entra nas dependências do Hospital Militar. A
banda do 4º Batalhão de Caçadores abrilhanta o evento. O General de Divisão Luiz Barbedo
recebe o governador acompanhado das demais autoridades militares do Exército Brasileiro. A
comitiva entra no hospital e segue para a sala da Direção. Dr. Washington Luís comenta com o
comandante da Região que deseja percorrer as instalações do novo hospital. General Barbedo
prontamente guia o ilustre visitante.

Percorrem as salas do estabelecimento: a farmácia, o laboratório, o consultório geral, a sala


de curativos, a sala de esterilização, o gabinete odontológico, a sala de oftalmologia e a sala de

53. Na lista telefônica da Companhia Telephonica do Estado de São Paulo de junho de 1918, consta como “ Hospital Militar da 6ª Região -
Estrada Ypiranga”, O número de telefone possuía apenas três dígitos: era o 117.
54. O jornal impresso “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro foi o primeiro a noticiar o fato, em 27 de abril de 1920. Posteriormente os jornais “A
Platea”, “Correio Paulistano”, “O Estado de São Paulo” e a revista “A Cigarra” publicaram matérias sobre a inauguração.
55. Adaptação da narrativa publicada no jornal Correio Paulistano, de 04/05/1920, p.3, reproduzindo com fidelidade a solenidade e os dis-
cursos.

74
otorrinolaringologia. Adentram a secretaria, que por sua vez possui na parede um retrato do
General Luiz Antônio Cardoso, em seguida visitam a sala anexa à Direção, onde há um retrato
da D. Ana Nery com uma placa metálica com os dizeres “Homenagem da Região Militar à D.
Anna Nery (Mão dos Brasileiros). 1920.” e um retrato do capitão Antônio Fonseca, autor da
planta e construtor do hospital.

Seguem para a primeira enfermaria e os gabinetes anexos. Percorrem a sala inferior, nas tercei-
ras e quartas enfermarias - a cargo do médico Dr. Alfredo Jesuíno Maciel e Dr. Luiz de Lima
Bittencourt. A terceira enfermaria com doze enfermos, a quarta com dezessete. Visitam a sala
de operações, o xadrez, o refeitório, a copa, a cozinha, o serviço de limpeza e outros serviços
da unidade.

Na parte superior do edifício, visitam as enfermarias para os oficiais, a sala de refeições, a sala
de palestras e os demais ambientes. Todos estavam no mais absoluto asseio, equipados com o
que havia de melhor para a época. Apenas a enfermaria coletiva encontrava-se incompleta. Os
equipamentos que viriam da Europa, encomendados pelo chefe do Serviço de Saúde do Exér-
cito, não chegaram a tempo da inauguração.

Retorna a comitiva ao gabinete do Diretor. Diante das mais altas autoridades do Ministério da
Guerra, o excelentíssimo senhor General de Divisão Luiz Barbedo é o primeiro a discursar:
“Suas excelências, disso que via finalmente, com a cerimônia a que então
procedia, atingindo um velho desideratum pelo qual se batera de há tanto
tempo. Achava excusado referir-se de novo as necessidades de que o Hospital
vinha atender, acolhendo em suas enfermarias os soldados de toda a Região.
A homenagem que com a colocação do retrato de Dona Anna Nery na sala
da diretoria do estabelecimento prestava o comando da Região a respeitável
matrona patriota, desejava vê-la generalizada em todo o hospital, isto é, que
o nome da heroína brasileira que morrera com o peito coberto de medalhas,
figurasse em cada sala, como um exemplo de vida, de civismo e de acondrado
amor à Pátria.”

General Barbedo profere seu dis-


curso na sala da direção do Hospi-
tal Militar. Ao centro: Washington
Luís - presidente do Estado de São
Paulo, à direita Dr. Cardoso Ribei-
ro - secretário da Justiça e da Segu-
rança Pública e major Ferreira ao
lado do comandante da 2ª Região
Militar. À esquerda: deputado Pal-
meira Ripper, Dr. Washington de
Oliveira - juiz federal e o represen-
tante do Arcebispo Metropolitano
de São Paulo. Reprodução do Jor-
nal Correio Paulistano.
BIBLIOTECA NACIONAL
(Rio de Janeiro)

75
Após o discurso, o General Barbedo agradeceu às autoridades presentes e deu por inaugurado
o Hospital Militar da 2ª Região. Uma salva de palmas acolheu calorosamente vossas palavras.

Em seguida, o excelentíssimo senhor General de Brigada Médico Antônio Ferreira do Amaral,


chefe do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, fez o uso da palavra:
“Com natural acolhimento dirijo-me ao seleto auditório que avante a esta so-
lenidade, em virtude do cargo de que me investiu a bondade do Governo da
República.

A Criação do Hospital de São Paulo impunha-se desde que aqui se instalou o


comando de uma Divisão de Exército, pois era um atentado aos mais comosi-
nhos princípios de higiene hospitalar a antiga enfermaria militar, incapaz dos
requisitos de conforto ao nosso soldado doente. E como havia dito em relatos
memoriais e verbalmente aos senhores, dirigentes da pasta de Guerra, é dever
sagrado do Governo, recebendo os filhos de família válidos, entregá-los aos seus
lares, em condições físicas de saúde, melhor ou mais fortes ainda, maior é o
dever do médico militar, que tem a obrigação de zelar pela saúde dos soldados.
Isto quer dizer que hoje, mais do que nunca, deve o Governo dotar nas guar-
nições militares de ótimos quartéis, hospitais e enfermarias, de acordo com a
importância das guarnições.

Nesse sentido ainda preciso, se torna que a nação de quem tem responsabili-
dades do estado sanitário das tropas seja mais extensa, de modo a influir na
prática e duração dos exercícios militares, estabelecendo o treinamento calcula-
damente gradual e progressivo, afim de evitar o estafe dos soldados.

Preciso ainda dizer-vos, repetindo a frase do praticado professor Miguel Perei-


ra, que o ‘Brasil é um grande hospital’, com a segurança de quem cuida com
carinho e há longos anos da saúde do nosso soldado, pois, a estatística demo-
gráfica, que venho criando na Diretoria Geral de Saúde de Guerra, demonstra
claramente esta verdade paradoxal, dando-nos uma porcentagem de vermino-
ses assombrosa ao lado do impaludismo, da sífilis, etc., basta dizer que em três
trimestres, com um efetivo de 33 mil e tantos homens, tivemos mais de 35 mil
homens baixados aos hospitais e enfermarias militares.

É assombroso, mas é verdade!

Nos exames corpológicos sistemáticos, de unidades aquarteladas na capital da


República, que solicitei dos respectivos médicos, verificamos uma porcentagem
de 50 a 99% de verminoses.

Mas, senhores, esta verdade, despida de exagero do aforismo do professor Mi-


guel Pereira, é sanável desde que o Governo dê os elementos necessários ao seu

76
combate; é preciso que os orçamentos satisfaçam às necessidades da grande
causa que é o progresso do Brasil, que precisa de homens fortes e sadios, para
desbravar as suas enormes e infinitas riquezas, podendo assim ser em breve
o celeiro do mundo.

No meio civil, está criado o serviço de profilaxia rural, que tão bons resulta-
dos vêm produzindo, com o apoio da população.

Precisamos ser principalmente ‘higienistas’.

O belo hospital moderno, em que a engenharia sanitária se houve com perí-


cia, apesar do aperto orçamentário é mais um dos grandes serviços presta-
dos ao Brasil, particularmente ao Exército, pelo chefe que se impõe, aos seus
subordinados e ao governo, por qualidades tão distintas quanto apreciáveis,
que o fazem o ídolo entre todos que têm a ventura de servir com ele e da so-
ciedade em que vive.

É obra do senhor general Luiz Barbedo, comandante da 2ª Divisão do Exér-


cito, com sede em São Paulo.

Não posso, nem devo calar o nome do major de Engenharia Antônio José da
Fonseca, autor e executor do projeto, em que foram mútiplas as manifesta-
ções do seu talento e dedicação, vencendo dificuldades mil, para apresentar
este belo hospital que custou ao governo 360 contos de réis.

General, eis-nos chegados ao fim da jornada com a inauguração solene de


um estabelecimento sanitário, que, sendo uma necessidade premente para
esta Divisão, não envergonha a grande e progressista Paulicéia, soberba pelo
seu solo, seus filhos ilustres, nas ciências, nas artes, na indústria e pelo seu
grandioso futuro.

Parabéns ao fecundo governo do Dr. Epitácio Pessoa, parabéns ao Dr. Wen-


ceslau Braz e marechal Faria, que acudiram ao apelo do general Barbedo,
parabéns ao Sr. Dr. Pandiá Calógeras, atual Ministro da Guerra, parabéns
ao Exército, por mais esta conquista, e a vós – general – glória de haverdes
concluído o vosso plano, vencendo obstáculos de toda ordem, com a sereni-
dade do justo.”

Após o discurso do general Ferreira do Amaral, faz o uso da palavra o senhor Major Médico
Dr. João Afonso de Souza Ferreira, diretor do Hospital Militar:

“Havia há muito, no solo do Exército nacional, a ardente inspiração de ver


dotada a tropa aquartelada na Região Militar que constituía o glorioso Es-
tado de São Paulo, de um hospital militar modelo, que honrasse as gloriosas

77
tradições do Exército, oferecendo condigno agasalho e assistência médico-ci-
rúrgica aos militares quando combalidos pela doença ou varados pela metra-
lha, no campo da honra, em defesa da Pátria. Tal anseio, porém, fez-se tardar
demasiadamente, e, sem querer aprofundar as suas causas determinantes, che-
gamos a uma era mais promissora, que coincide com a frase de modelação do
Exército nos últimos anos, mercê dos ensinamentos colhidos na Grande Guerra
e da nossa situação de beligorantes. O senhor general Luiz Barbedo, ao assumir
o comando da então 6ª Região Militar, encontrou a guarnição carecendo de vá-
rios desideratos um dos que mais me impressionaram foi a má hospitalização
de seus comandados, num velho pardieiro, desprovido de higiene e de conforto,
sem meios materiais que permiti-lhes pudessem tratar ou sarar convenente-
mente seus males.

Para, logo a excelência, inscreveu instantemente no seu programa de comando


prover a sua região de um hospital consentâneo com o Exército novo, que sur-
gia, e na sua civilização do grande Estado que dava a sua mocidade pujante ao
serviço da nação. Ainda bem que ressurgiu a sábia lei do sorteio militar, que
veio tornar o seu veemente anseio, cada vez mais premente e oportuno, povo-
ando as casernas, que se multiplicam em todo o Estado, de uma multidão de
rapazes vigorosos, inteligentes e exuberantes de vida, que era justo conservar
sãos de corpo e de espírito, e então os seus contínuos esforços, a sua infalível
pertinência no patrocínio de tão nobre causa, foram coroados de êxito com a
concessão, pelo Ministro da Guerra, senhor Marechal Graduado José Caetano
de Faria, dos necessários créditos, que ascendiam a 369:465$, para a constru-
ção do hospital, consoante o orçamento e o projeto do proveito engenheiro mili-
tar, Major Dr. Antônio José da Fonseca, que com a mais absoluta competência,
dirigiu a admirável construção que aí está patente. Era de ver o interesse e o
carinho que tomava o Sr. General Barbedo pela sua obra, visitando-a amiúde,
cercando o seu arquiteto de todo o prestígio e de todo o apoio que defluia seu
alto cargo. Ainda agora, durante o trabalho da organização técnica hospitalar,
que me foi imensamente confiado pelo Sr. Diretor da Saúde de Guerra, General
Dr. Antônio Ferreira do Amaral, bem avaliei do enorme desvelo por tudo que se
relacionava ao hospital revelado por sua excelência, que jamais recusou o que
estivesse na sua alçada para aprotechar devidamente o hospital que hoje se ins-
tala. Eis aí, pois, a razão de ser da inauguração do retrato de vossa excelência,
senhor general Luiz Barbedo, no salão de honra do Hospital Militar da 2ª Re-
gião. Não veja vossa excelência a menor sombra de lisonja no ato que pratica,
refletivamente, e pessoal desta casa, senão a mais justa homenagem que rende
ao seu criador, no seu devotado patrono.

O hospital que tudo deve a vossa excelência, a sua existência, que começa sob
tão vibrantes auspícios, a figura-se me, decorrerá brilhante, e não deixará mais
de perpetuar a lembrança da ação vigorosa e humanitária do seu grande e

78
excelso benfeitor.

Mas, ainda não está paga a dívida de gratidão do hospital para com os seus
benfeitores. Falta ainda realçar a diligente atuação do senhor Diretor de Saú-
de da Guerra, General Dr. Ferreira do Amaral, no ponto de vista técnico mé-
dico-cirúrgico, secundando a iniciativa e os esforços do senhor General Bar-
bedo, junto ao poder competente, para a realização deste empreendimento.
Tive a honra de ser de sua excelência um dos reais atentos discípulos, com o
meu querido mestre, insigne cirurgião, refiz toda a minha educação cirúrgica
durante a sua fulgurante passagem no Hospital Central do Exército. Não era
pois, de estranhar que o seu discípulo buscasse inspirar-se nas luzes, na expe-
riência e no exemplo tão emérito mestre e comprovado administrador. Assim
fiz os seus bons conselhos muito me valeram o facilitaram a organização des-
te estabelecimento. Deve ainda o hospital ao Sr. Dr. Amaral todo o moderno
aparelhamento que possui e vai possuir encomendado na Europa, e do que só
parte agora chegou, de toda a magnífica rouparia, louças e bateria de cozinha
(grande parte em níquel puro) vindos do ‘Au Bon Marché de Paris’. A efígie
de vossa excelência Sr. Dr. Amaral, que terei lá, diante dos meus olhos, servirá
de preciso estímulo, numa constante evocação de exemplo da administração
modelar de vossa excelência no Hospital Central do Exército, para bem me
desempenhar do árduo cargo que começa já a pesar-me nos ombros.

O Hospital Militar da 2ª Região vai receber da hora em diante todos os doen-


tes e feridos da 2ª Divisão do Exército, distribuída em todo o Estado.

Como vedes, é limitado o seu destino; não representa um grande hospital


policlínico, mas um centro hospitalar para onde convergirão os homens que
por mais enfermados não convém permanecer nas sedes das guarnições, nas
enfermarias regimentares; prestando, também, eventualmente, assistência
médico-cirúrgica às suas famílias. Assim compreendido não é exagerado con-
siderá-lo completo e eficiente. Constituído de amplas salas de enfermarias e
quartos para oficiais, tem a capacidade para 150 leitos e dispõe de modernos
gabinetes dentário, de oftalmologia e otorrinolaringologia, de urologia cirúr-
gica, de radiologia, cujo material – o mais recente – todo encomendado pelo
Sr. Dr. Amaral na Europa, aqui está na vigência deste mês, bem como cons-
tituinte do laboratório bacteriológico. A radiologia e a bacteriologia prestam
hoje – evoque-se a experiência de guerra – os mais assinalados serviços no
guiar a ação do médico e do cirurgião e não se compreenderia que elas fossem
esquecidas pelo Sr. Dr. Amaral.

Alivia a alegria que sentimos, a mágoa que temos por não estar todo conclu-
ído o hospital.

79
O isolamento das moléstias infectocontagiosas e a lavanderia, esta com todo
o material aqui já depositado, procedente do Hospital Militar Brasileiro, em
Paris, não foram encetados; mas, resta-nos o consolo de podermos inaugurar
essas duas seções ainda este ano, portanto atualmente correm editais de con-
corrência para a sua construção.

Recebendo das mãos de Vossa Excelência, Senhor General, as rédeas do go-


verno desta casa, se algum encômio ou mérito, achou vossa excelência com
nítida magnaminidade, na minha pálida obra, é justo que delas compartilhem
os meus dedicados auxiliares, e escaldo Corpo Sanitário do Exército, outros
mesmo que asseguram comigo se desvelarem em merecer sempre a confiança
de vossa excelência, trabalhando afincadamente, animados de vívido fogo sa-
grado, para tornar o Hospital Militar da 2ª Região um dos primeiros estabele-
cimentos entre os seus congêneres.”
Terminado o discurso do Diretor do Hospital Militar e inaugurado o retrato do comandante da
2ª Região Militar, General Barbedo agradece a homenagem e as palavras proferidas pelo major
Ferreira. O general Luiz Barbedo comenta com primeiro diretor sobre a possibilidade de falar
com o representante do Ministério da Guerra, presente naquela ocasião, para que ele pudesse
utilizar de sua influência para equiparar o novo hospital em uma instituição de 1ª classe, po-
dendo ainda contar com o apoio do presidente do Estado de São Paulo Dr. Washington Luís.56

Na sequência, discursa brevemente o presidente do Estado de São Paulo Dr. Washington Luís:
“Não podia deixar que terminasse a cerimônia sem que agradecesse ao senhor
General Barbedo o convite com que havia distinguido para assistir aquela so-
lenidade. Andará bem o senhor general convidando-o e a todas as autorida-
des médicas, profissionais que se interessavam pelo acontecimento. Com efeito,
como acabara de dizer o General Barbedo, todos os que tivessem de entregar,
doravante, os seus filhos ao Exército o fariam confiantemente. Certos de que ali
seriam tratados, em caso de uma adversidade, com o mesmo carinho com que
deles cuidariam o lar paterno.”
Com grande entusiasmo, o novo presidente do Estado saúda o general Luiz Barbedo, a quem
sempre admirava pelo civismo, pela competência e pelo zelo que o comandante da 2ª Região
Militar tinha com os seus subordinados. Relembra o ainda sobre sua amizade com o general
desde os tempos que ocupava o cargo de prefeito da cidade de São Paulo:
“Foi um dos melhores dias da minha vida aquele que, em nome da cidade que
governava, oferecera a bandeira ao bravo pugilo de moços que constituem o
43º Batalhão de Caçadores, que uma bela tradição de civismo e de disciplina
ajuntará aos foros do patriotismo de São Paulo. Nunca poderia esquecer aquela
solenidade, que tão fundo calará na alma de patriota e amigo do Exército.

56. A partir de 1930 já constaria nos relatórios do Ministério da Guerra como Hospital Militar de 1ª Classe.

80
Dessa amizade aliás, dera somente sua excelência, as melhores provas já ma-
nifestadas mais de uma vez em várias ocasiões, em conversa com o chefe da
Região, e já comprovadas em atos públicos, dentre as quais poderia citar, com
júbilo, o fato de haver fornecido ao Exército o edifício da Câmara Municipal
para nele verificar o sorteio militar.

Que era aliás, o Exército, senão um punhado de brasileiros, dispostos a mor-


rer pela Pátria e se sacrificar por ela no momento necessário? Ao entregar
a bandeira ao 43, levará sua excelência a certeza de que aquele batalhão
saberia honrá-la em todo o tempo, garantindo os foros de bravura da raça e
perpetuando as tradições do Exército nacional.”

Finalizando, Washington Luís brada um enérgico viva, percebendo que suas palavras foram
recebidas de forma calorosa e foram bem aceiras pelas personalidades presentes. O coman-
dante da 2ª Região Militar dá novamente o uso da palavra ao major Ferreira, para a leitura da
Ata inaugural:

“Aos três dias do mês de maio de mil novecentos e vinte, nesta cidade de
São Paulo, com a presença dos excelentíssimos senhores presidente do Estado,
general de divisão Luiz Barbedo, comandante da 2ª Região Militar, ou 2ª
Divisão de Exército, o representado o senhor ministro da Guerra, o general
médico, Dr. Antônio Ferreira do Amaral, Diretor de Saúde da Guerra, co-
ronel médico Dr. Virgílio Tourinho Bittencourt, diretor do Hospital Central
do Exército, de chefes do Serviço do Quartel General, de altas autoridades
federais e estaduais, representando os poderes executivo, legislativo, judici-
ário e municipal, do coronel comandante da Força Pública, do tenente-co-
ronel médico diretor do Hospital Militar da Força Pública, de autoridades
superiores sanitárias, da diretoria da Cruz Vermelha de São Paulo, diretores
de faculdades superiores do ensino de São Paulo, de diretores de repartições
públicas federais e estaduais, dos médicos militares e demais pessoas, declara
o excelentíssimo senhor general comandante da 2ª Região Militar, solene-
mente instalado o Hospital Militar da 2ª Região, no bairro do Cambuci, des-
ta cidade. Foi autorizada a sua construção e concedido o respectivo crédito
pelo excelentíssimo senhor general graduado José Caetano de Faria, então
ministro da Guerra, por iniciativa e esforços do comandante da outrora 6ª
Região Militar, sendo o projeto e a construção do senhor major engenheiro
militar Antônio José da Fonseca, que lhe lançou a pedra fundamental a 28 de
junho de 1918, e dirigiu todos os trabalhos técnicos até seu final acabamento,
em 31 de dezembro de 1919, com a mais absoluta solidez e perfeição, aliada
à maior economia, resultando serem as despesas da construção no total de
trezentos e sessenta e nove contos e quatrocentos e sessenta e cinco mil réis
(369.465$000).

81
E para constar, de ordem do excelentíssimo senhor general Barbedo, mandei la-
vrar, eu, major médico Dr. João Afonso de Souza Ferreira, que recebo o Hospi-
tal como seu primeiro diretor interino, esta ata, que foi escrita por mim, sargen-
to ajudante João Francisco Osório, no impedimento do primeiro escriturário, e
vai assinada pelas pessoas citadas e por outras presentes.

Hospital Militar da 2ª Região Militar, na cidade de São Paulo, três de maio de


1920.”

Após a leitura do documento, assinaram os senhores: Dr. Washington Luís – presidente do Es-
tado; Dr. Francisco Cardoso Ribeiro – secretário de Justiça e da Segurança Pública; monsenhor
Dr. Emílio Teixeira – vigário geral, representante do Arcebispo Metropolitano; Dr. Arnaldo
Vieira de Carvalho; general Bento Bicudo; Dr. Washington de Oliveira; Dr. Luciano Gualberto
Arruda Sampaio; coronel Manuel Soares Neiva – comandante geral da Força Pública; coronel
Odilon Bacellar; e demais presentes.

Nesta ocasião, o major médico João Afonso de Souza Ferreira assumiu interinamente a direção
do Hospital Militar da 2ª Região; os capitães médicos Bruno Bráulio Muniz, Leopoldo Félix
de Sousa, Luiz de Lima Bittencourt, Alfredo Jesuíno Maciel e Pedro Pessoa de Mello assumi-
ram a chefia das enfermarias; e o primeiro tenente Celestino de Oliveira assumiu a chefia da
farmácia, tendo como adjunto o primeiro tenente Gaspar da Fonseca. O primeiro diretor do
Hospital Militar retornaria a esta função em 13 de novembro de 1924, ocupando o posto de
tenente-coronel.

Ao centro: general Sócrates. Na imagem: coronel Odilon Barcellos - comandante do 4º Batalhão de Caçadores, coronel
Christiano Klingelhoefer, capitão Espíndola de Castro - assistente da 2ª Região, monsenhor Emílio Teixeira - representante do
Arcebispo Metropolitano e outras autoridades militares. 03 de maio de 1920. Reprodução Revista A Cigarra/DA Press

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1. VistaPanorâmica. 2. Frente do Hospital Militar da 2ª Região. 3. Enfermaria de Oficiais. 4. Enfermaria dos Praças. 5. Sala de Cirurgia.
Reprodução - 1. Eu Sei Tudo (09/1922) / 2 a 5. Correio Paulistano de 03/05/1920. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

87
15 O primeiro Boletim Interno

O papel do Boletim Interno nas organizações milita-


res é de divulgar as instruções, escalas de serviços,
assuntos administrativos ou de disciplinas que são im-
portantes para o funcionamento da instituição.

O primeiro Boletim Interno marca o início das atividades


do Hospital Militar, com os cumprimentos do Diretor
aos servidores e a primeira escala de serviço para Médico
de Dia (escalado o capitão Alfredo Jesuíno Maciel), para
Enfermeiro de Dia (escalado o ajudante Severino Manoel
de Sant’Anna) e para Servente de Dia (escalado o senhor Genésio Pereira). Major Ferreira re-
gistrava sua satisfação pelo início das atividades neste documento:
“Congratulo-me jubiloso com o corpo clínico e farmacêutico, funcionários, en-
fermeiros e ajudantes pela instalação solene do Hospital Militar de acordo com
a Ata Inaugural, no seu novo edifício em Cambuci, esperando que todos estes
meus dedicados auxiliares se compenetrem dos seus deveres e me coadjuvem
a torná-lo um estabelecimento sanitário militar digno de ombrear com os que
melhores o sejam.” 57
A unidade foi inaugurada na categoria de “Hospital Militar de 2ª Classe”, possibilitando que
houvesse em seu claro vaga de subdiretor, ocupada ineditamente pelo capitão médico Leopol-
do Félix de Souza. Em 1921 torna-se Hospital Militar de 1ª Classe.

No Boletim Interno nº 10, de 12 de maio de 1920, analisamos a seguinte nomeação: “tem


permissão para seguir as clínicas e praticar no Gabinete Bacteriológico deste Hospital, o ter-
ceiro-anista de medicina Alípio Corrêa Neto”. Curiosamente, este estudante de medicina que
conduziu o sistema de residência médica no início do Hospital, se tornaria 25 anos mais tarde,
em professor catedrático de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
e chefe do 32º Hospital de Campo, em Valdibura, na Itália, atuando na Força Expedicionária
Brasileira.

57. Boletim Interno nº 1 – Hospital Militar da 2ª Região, de 03/05/1920.

88
A visita do presidente da República

No dia 07 de setembro de 1920, o presidente da República Epitácio Lin-


dolfo da Silva Pessoa visitou as instalações do Hospital Militar, tendo na-
quela ocasião uma boa impressão do estabelecimento, cumprimentando o
diretor pelas condições observadas. A visita ocorreu em um feriado, o que
pode ser considerado um evento atípico, possivelmente em razão do acom-
panhamento das obras do “Altar da Pátria” e do Arco da Luz, que seriam
inauguradas em 1922, nas festividades do centenário da Independência.58
Presidente da República
Epitácio Pessoa

Justa Homenagem

E m 14 de julho de 1937, o tenente-coronel Carlos Eugênio Guimarães, diretor do Hospital


Militar, realizou uma solenidade de inauguração do retrato do Marechal Antônio Ferreira
do Amaral,59 já falecido, que esteve à frente do Serviço de Saúde da Guerra de 1914 a 1924,
acompanhou os empenhos do General Luiz Barbedo para a construção e presenciou a inau-
guração do hospital. Estiveram presentes o Comandante da 2ª Região Militar; chefes e coman-
dantes de organizações militares do Exército; autoridades do estado paulista; e o major Edgard
Amaral - filho do homenageado. A solenidade relembrou os grandes feitos do militar ao longo
de sua carreira, que era amigo do então diretor. O major Edgar agradeceu a homenagem:

“Não me surpreendeu, absolutamente, este gesto da direção do Hospital Militar


Divisionário, homenageando a memória do meu pai, com a inauguração do
seu retrato no gabinete de trabalhos do atual diretor. (...) Em nome da famí-
lia Ferreira do Amaral, agradeço penhorado a sincera homenagem prestada a
seu saudoso chefe, assegurando-lhes o nosso imorredouro reconhecimento por
mais esta prova de apreço e amizade à sua memória, por nós sempre venerada.
General Ferreira do
Grato. Muito Grato.”
Amaral
Com a impossibilidade da viúva do Marechal Amaral comparecer ao evento, um telegrama foi
enviado:60
“Viúva Marechal Amaral.
Rio.

Comemorando data hoje, inauguramos neste hospital retrato preclaro ‘saudo-


sissimo’ chefe e amigo marechal Amaral presença do general comandante da
Região, médicos, oficiais, guarnição. – Ten Cel Edgard Amaral – singela home-
nagem a quem tantos valiosos serviços prestou ao Corpo de Saúde e ao Exér-
cito. Queiram v. exc., exma. Família aceitar as expressões da nossa admiração
e respeito.

Dr. Carlos Guimarães, diretor e oficiais do H.M.D. – 4ª Circunscrição do Re-


crutamento.”

89
Inauguração de retratos

E ra muito comum a realização de solenidade de inauguração de retrato das autoridades que


ficavam expostos no Hospital Militar. Em 04 de outubro de 1928, ocorreu uma simples
cerimônia inaugurando o retrato do presidente da república Dr. Washington Luís;61 do general
Nestor Sezefredo dos Passos – ministro da Guerra; e do general Hastimphilo de Moura – co-
mandante da 2ª Região Militar, ficaram expostos no parlatório recém inaugurado. A foto do
general Ivo Soares – diretor de Saúde do Exército, foi fixada na sala do diretor.

A cerimônia foi aberta pelo major médico Dr. Ezequiel Antunes de Oliveira, que dirigia o
hospital naquela data. O general Hastimphilo de Moura esteve presente e discursou no singelo
evento. Treze alunos médicos do Curso de Aplicação do Serviço de Saúde do Exército e os
majores médicos Jeanneat (da Missão Militar Francesa e instrutor de “Serviço de Saúde Mi-
litar em Campanha), Mário Bittencourt (catedrático de “Higiene Militar) e o tenente-coronel
médico Alarico Damásio (professor de “Espidermiologia Militar”) e demais autoridades civis
e militares, acompanhavam a solenidade. A secretaria da presidência da república enviou um
telegrama ao diretor agradecendo a homenagem:

“O secretário da presidência da República atenciosamente cumprimenta o sr.


major diretor do Hospital Militar Divisionário da 2ª Região Militar e acusando
a atenciosa comunicação de haver o conselho deliberativo do mesmo estabele-
cimento resolvido inaugurar proximamente, na sala do Parlatório, o retrato
do sr. presidente da República, transmite os agradecimentos sinceros de sua
excelência por esta homenagem.

Rio, 28 de setembro de 1928.”

Raro registro fotográfico dos participantes da solenidade de inauguração dos quadros em 1928.
Reprodução do jornal Correio Paulistano. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

58. Boletim Interno nº 136 – Hospital Militar da 2ª Região, de 08/09/1920.


59. General Amaral nasceu em 14 de julho de 1865 na cidade de Campos, no Rio de Janeiro. Se formou pela Faculdade de Medicina do Rio em
1888. Foi nomeado 1º Tenente do Exército em 1889 pelo então Ministro da Guerra Thomaz Coelho de Almeida. Dirigiu o Hospital Central do
Exército no período de 04 de fevereiro de 1909 a 31 de dezembro de 1914. Chegou ao generalato em 1914, assumindo a Diretoria de Saúde da
Guerra no período de 1914 a 1924, quando foi reformado. Faleceu em 18 de fevereiro de 1929 aos 64 anos de idade.
60. O telegrama foi encaminhado a uma seção dos jornais chamada de Correio Militar, onde o veículo de cada praça publicava os atos do
Ministério e as correspondências sociais.
61. Washington Luís foi prefeito da cidade de São Paulo no período de 15 de janeiro de 1917 a 15 de agosto de 1919 (período em que o Hospital
Militar estava em construção), presidente do estado de São Paulo de 1º de maio de 1920 a 1º de maio de 1924 e presidente da República de 15
de novembro de 1926 a 24 de outubro de 1930.

90
Marechal Luiz Barbedo
(1857-1929)
16

M arechal Luiz Barbedo nasceu em 02 de abril de 1857, no estado de Santa Catarina. Filho
de Basílio Siqueira Barbedo e Guilhermina Wildt Barbedo, assentou praça em 11 de
janeiro de 1875, aos 21 anos de idade. Militar de Artilharia, também cursou engenharia geo-
gráfica na Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Foi promovido ao posto de segundo tenente em 25 de maio de 1878; primeiro tenente em 11


de abril de 1888; e ao posto de capitão em 11 de abril de 1887. Foi promovido por merecimento
aos postos de major – em 31 de julho de 1891; tenente-coronel – em 15 de novembro de 1897;
e ao posto de coronel em 05 de agosto de 1908.

Chegou ao posto de General de Brigada em 07 de dezembro de 1912. Foi promovido ao posto


de General de Divisão, em fevereiro de 1919.

Barbedo foi um dos mais conceituados artilheiros da antiga Comissão Técnica Militar Con-
secutiva. Foi instrutor da Escola Prática do Exército, cargo que conquistou por concurso. Foi
nomeado pelo presidente da república Marechal Floriano Peixoto para comandar a Força Po-
licial do Estado do Rio de Janeiro em 1893. Foi diretor da Fábrica de Cartuchos e ajudante
do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro. No posto de major, comandou o 5º Regimento de
Artilharia, quando em 1897 participou da última expedição na Guerra de Canudos, onde foi
ferido gravemente no morteiro assalto, no fatídico dia 28 de junho, na cidadela de Antônio

91
Conselheiro. Sua bravura resultou na promoção ao posto de tenente-coronel.

Comandou a Fortaleza de Santa Cruz e o 3º Regimento de Artilharia no Rio Grande do Sul.


Foi subdiretor da Escola Militar da Praia Vermelha 62 por três anos. Chefiou o Departamento
do Pessoal de Guerra organizando a remodelação do Exército, sendo um dos signatários da
Lei do Sorteio Militar. Como coronel, foi chefe da Casa Militar - cargo de confiança da presi-
dência da República, acompanhando o Marechal Hermes da Fonseca nos eventos oficiais63 e
o representando nas ocasiões em que não podia comparecer.64 Comandou a 2ª Expedição do
Mato Grosso, sendo nomeado para o comando da então 6ª Região Militar (posteriormente
denominado de Quartel General da 2ª Região Militar) e da 4ª Divisão do Exército65 em 11 de
outubro de 1916.

Marechal Luiz Barbedo foi precursor da instalação do Hospital Militar da 2ª Região no


Cambuci, instituição inaugurada em 03 de maio de 1920. Em 29 de maio do mesmo ano foi
nomeado comandante da 1ª Região Militar, cargo em que permaneceu até o ano seguinte.66
Neste período, organizou a tropa para a recepção do rei belga Alberto I67 e as instruções para a
recepção dos restos mortais do Imperador D. Pedro II e sua esposa Tereza Christina.68 Barbedo
foi reformado em 1926 no posto de Marechal.

Faleceu em sua residência69 às 21 horas do dia 04 de novembro de 1929, na cidade do Rio de


Janeiro, aos 72 anos de idade. Foi sepultado no cemitério São Francisco Xavier, na antiga ca-
pital federal.

Marechal Luiz Barbedo era casado com a Sra. Mathilde Shimidt Coutinho Barbedo, com quem
teve cinco filhos: Alberto Barbedo (capitão do Exército), Edgard Barbedo (cônsul do Brasil no
Paraguai), Guilherme Barbedo (dentista); Maria Barbedo (casada com o major Genserico de
Vasconcelos) e Mário Barbedo (aviador do Exército, morto em serviço).70

62. Posteriormente denominada de Escola Militar do Brasil, uma das instituições antecessoras à Academia Militar das Agulhas Negras.
63. Um dos fatos marcantes neste período foi o acompanhamento do presidente Hermes no funeral do Barão do Rio Branco (em Itatiaia-RJ)
e a recepção do então novo embaixador americano Edwin Morgan no Palácio do Catete, ambos em 1912. Amigo de Hermes da Fonseca,
também o acompanhava nas inúmeras visitas ao túmulo de sua esposa.
64. Representou o Brasil como Embaixador no funeral do presidente argentino Roque Saenz Peña, morto a 09 de agosto de 1914 em Buenos
Aires.
65. A 4ª Divisão de Exército correspondia às tropas do estado do Mato Grosso (atuais estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul). A sede
deste comando ficava na cidade de São Paulo-SP.
66. Permaneceu no cargo até 23 de abril de 1921, quando pediu demissão ao ministro da Guerra Pandiá Calógeras.
67. A visita do rei belga Alberto I e de sua esposa Isabel da Baviera ao Brasil ocorreu entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920.
68. A imperatriz Tereza Christina faleceu em 28 de dezembro de 1889 na cidade do Porto (Portugal). O Imperador D. Pedro II faleceu num
quarto de hotel em Paris (França), em 05 de dezembro de 1891. Suas últimas palavras foram “Que Deus conceda-me estes últimos desejos
– paz e prosperidade para o Brasil.” Os despojos dos imperadores chegaram ao Rio de Janeiro em 08 de janeiro de 1921, que repousam no
Mausoléu Imperial, na Catedral de Petrópolis.
69. Marechal Luiz Barbedo faleceu em sua residência na Rua Conde de Bonfim, 46 – Tijuca - Rio de Janeiro-RJ.
70. Detalhamento sobre a constituição familiar do marechal Barbedo no momento do seu falecimento. Naquela ocasião, a esposa Mathilde
encontrava-se em Paris acompanhando a filha Maria e seu genro Genserico.

92
Curiosidades do Hospital Militar
no início do Século XX
17
S ão inúmeros os casos de atendimentos médicos realizados pelo Hospital Militar no início
do Século XX. Essa assistência não se limitava apenas às verminoses ou outras doenças que
afetavam aos soldados naquele período. O Hospital Militar também prestava apoio às outras
instituições públicas. Neste capítulo, estão presentes os fatos e curiosidades relacionados ao
Hospital Militar, que tiveram destaque nos jornais durante os primeiros anos de funcionamen-
to no bairro do Cambuci.

Dentadura Entalada
Em 1922, um soldado de Caçapava, do 6º Regimento de Infantaria deu entrada no Hospital
Militar da 2ª Região por um motivo pouco convencional: ele havia se engasgado com a própria
dentadura. Ele foi atendido pelo otorrinolaringologista Dr. Oswaldo Puissegur, que o encami-
nhou prontamente para a radiologia. Constatado o local do corpo estranho, o médico iniciou
a extração da prótese dentária, abrindo mão da esofagoscopia e utilizando os “modernos apa-
relhos de Bariage”.

A cautelosa intervenção foi acompanhada por todo o corpo clínico do Hospital Militar, que se
surpreendeu pela rápida resolução. Em dez minutos, o Dr. Puissegur retirou a dentadura que
estava alojada na garganta do soldado. Todos felicitaram o médico pela “complexa cirurgia” e
pela agilidade do profissional.

Inspeções de Saúde
O Hospital Militar realizava inspeções de saúde dos militares do Exército que serviam em
São Paulo, e também realizava exames para a admissão de funcionários de outras instituições,
como por exemplo, os Correios – que encaminhava os candidatos no final dos anos 1920.

Epidemia de Febre Tifóide


Em novembro de 1925 ocorreu uma epidemia de febre dos grupos tifos A e B, acometendo 16
soldados do 4º Regimento de Infantaria de Quitaúna (Osasco-SP). Os pacientes foram trata-
dos pelo primeiro tenente médico Dr. José Monteiro Sampaio, chefe do Serviço de Isolamento,
com vacina anti-tífica, a pedido do Dr. Parreiras Horta, enviadas pelo chefe do Serviço de Saú-
de Interino do Exército, coronel médico Dr. Artur Lobo. O médico Dr. José Monteiro Sampaio
aplicou injeções de leite proteinoterapia como processo de controle de temperatura.

Nesta época, a cidade de São Paulo registrou 396 óbitos motivados pelo grupo tifo paratifo A
e B. No ano de 1925, 279 pacientes baixaram ao Hospital Militar, acometidas de paludismo.

93
Soldado brigão
Em 1935, o soldado Marcelino Romão, da 2ª Formação de Intendência, abordou um desco-
nhecido na esquina da Rua dos Gusmões com a Rua dos Protestantes, afirmando que este era
amante de sua esposa. Assustado, o transeunte chamado José Avelino Rosa, tentou fugir, mas
logo foi alcançado e entrou em luta corporal. Rosa retirou uma faca da cintura e feriu o solda-
do. Na delegacia, ambos foram retidos e o militar, após atendimento no posto médico daquele
local, foi encaminhado para o Hospital Militar no Cambuci.71

Detefonização
Em 1946, o Hospital Militar realizou
a “detefonização” de suas instala-
ções. O estranho nome, nada mais é
que a detetização dos ambientes. Ta-
manha novidade, tornou o simples
ato em um evento grandioso, com
direito à presença de autoridades e
da imprensa. O jornal carioca Diá-
rio da Noite, de Assis Chateaubriand,
elogiou a ação: “essa desinfecção no
Hospital Militar no Cambuci prova o
carinho e zelo que a 2ª Região Militar
toma pela saúde de nossos soldados. Militar,
O tenente coronel médico João Nominando de Arruda- diretor do Hospital
acompanha o trabalho de desinfecção realizado por uma prestadora de
Com a ‘detefonização’ no Hospital serviços, na enfermaria dos praças. Reprodução: Diário da Noite/DA Press

Militar do Cambuci, está lançado o exemplo que deve ser seguido por todas as organizações”.
Irmãs de Caridade
Em 1933 o major médico Dr. José Valente Ribeiro, diretor do Hospital Militar Divisionário,
encaminhou um ofício solicitando a autorização para a contratação de religiosas, para auxiliar
no atendimento nas enfermarias. A autorização se deu 25 de março daquele ano, pelo Ministro
da Guerra General de Brigada Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso. A casa das irmãs de
caridade, seria construída nos fundos do hospital no ano de 1935.72 Cinco religiosas da Ordem
de São Vicente foram nomeadas para trabalhar a partir do dia 1º de junho de 1941. Cada reli-
giosa recebia o salário mensal de 500$000 réis e foram destinadas para trabalhar nos serviços
de Lavanderia, Cozinha, Rouparia, na Sala de Operações e nas Enfermarias.

Em entrevista ao jornal Correio Paulistano, de 09/12/1941, o comandante da 2ª Região Mili-


tar General Maurício Cardoso, destacou que “a admissão das Irmãs de Caridade para atender
aos enfermos vem produzindo os melhores resultados. Essas abnegadas religiosas modificaram
completamente a fisionomia interior do Hospital e concorrem ainda com os seus conhecimentos
técnicos e delicadeza de sentimentos para minorar o padecimento dos enfermos, mantendo em
nível sempre elevado o seu estado moral”.
71. Caso ocorreu no dia 04 de novembro de 1935.
72. A residência construída em 1935, foi utilizada como alojamento de Subtenentes e Sargentos na década de 1990 e abrigou o Hotel de
Trânsito do HMASP, inaugurado como Casa de Hóspedes de São Paulo no ano de 1997. Esta edificação passou por leves modificações e é
considerada a mais antiga do Forte Cambuci.

94
Tragédia no Campo de Marte

Era comum os militares da aviação do Exér-


cito utilizarem os aviões da Força Pública
para os exercícios de voo. No dia 05 de de-
zembro de 1930, o tenente Armando Per-
digão, de 24 anos, convidou o terceiro sar-
gento do Exército Jayme da Costa Miranda,
da mesma idade, para um desses exercícios,
realizando um voo panorâmico pela cidade
de São Paulo. Naquela manhã, retiraram do
hangar do aeroporto de Campo de Marte
um avião Aircraft, prefixo C-362-K, batiza-
do de “Capitão Rubens”, pertencente à Força
Pública do estado de São Paulo. Registro do acidente no Campo de Marte, em 05/12/1930.
Reprodução A Gazeta. Gazeta Press.

No retorno ao Campo de Marte, às 16 horas, o avião começou a perder força. O piloto tentava
fazer uma nova volta para efetuar o pouso, quando o equipamento se chocou contra o solo.
Os oficiais do Exército presentes no momento, rapidamente realizaram o socorro do tenente
Perdigão, que foi encaminhado ao Hospital Militar, no Cambuci, com múltiplas fraturas e em
estado de coma. A equipe de salvamento constatou a morte do sargento Rubens no local, que
foi encaminhado ao necrotério do mesmo hospital. Este foi o primeiro registro de atendimento
a um ferido por um desastre aéreo realizado na instituição.74

Outro acidente
Em 04 de setembro de 1936, um avião Waco C.T.O.
prefixo 1-1-04, utilizado para o transporte de corres-
pondências com destino à Curitiba, caiu no Campo de
Marte por volta das 13:15 horas, vitimando os tenentes
Octávio de Alencastro Guimarães, 23 anos, e Affonso
Fernandes de Araújo, da mesma idade, ambos do 5º
Regimento de Aviação do Exército. Os corpos foram
encaminhados ao Hospital Militar Divisionário, de
onde saiu rumo ao Rio de Janeiro, transportados em
Destroços do Waco CTO 1-1-04, em 04/09/1936.
Reprodução Correio Paulistano.
um vagão especial de trem. O acontecimento gerou
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro) uma grande comoção local, aglomerando centenas de
curiosos nos portões do Hospital Militar, no Cambuci, em busca de informações.

74. Jornal A Gazeta – 2ª Edição, 05/12/1930

95
18
A Revolta Paulista de 1924

Igreja de Nossa Senhora da Glória, na Rua do Lavapés, no Cambuci,


bombardeada pelo Exército Legalista de Arthur Bernardes. 1924.

A Revolução de 1924 (ou Revolta Paulista de 1924) foi o maior conflito bélico de São Paulo.
Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, teve a participação de vários te-
nentes com o objetivo de depor o presidente Arthur Bernardes. Esta segunda revolta tenentista
reivindicava o voto secreto, a instauração do ensino público e o acesso gratuito à justiça.

A Revolta foi deflagrada na madrugada de 05 de julho e terminada em 28 de julho. A Igreja de


Nossa Senhora da Glória, no Cambuci, foi ocupada pelas forças rebeldes. Isso fez com que a
região fosse uma das mais afetadas durante o conflito. Um dos motivos para a explosão desse
movimento foi o descontentamento dos militares com a crise econômica (ocasionada pelas
Cartas Falsas de Arthur Bernardes) e pela concentração de poder nas mãos dos políticos de
Minas Gerais e de São Paulo. O Exército Legalista de Arthur Bernardes venceu os revoltosos,
mas não estancou a crise do Estado Oligárquico, que culminou nas revoltas tenentistas e mais
tarde desembocaria na Revolução de 1930, ocasionando na destituição de Washington Luís da
presidência do Brasil, colocando um fim na República Velha.

O Hospital Militar manteve-se ao lado dos legalistas, prestando atendimento aos feridos da
Revolta Paulista de 1924. Durante os bombardeios, o hospital sofreu detrimentos nos telhados,
vidros e pequenas avarias. Durante a revolta, os pacientes que faleceram no Hospital Militar
eram enterrados provisoriamente no terreno da instituição. Em 02 de agosto de 1924, o servi-
ço funerário da cidade de São Paulo recolheu sete corpos, transferindo-os para os cemitérios
municipais.

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Sequência de fotos da Revolução de 1924:
1. Incêndio provocado após bombardeamento pela tropa legalista.
2. Confronto na cidade de São Paulo.
3. Trincheira na Rua Conselheiro Cispriano com a Avenida São João.

97
19 A Revolução
Constitucionalista de 1932

A Revolução de 1930 culminou na


queda do presidente da República
Washington Luís, no fechamento do Con-
gresso Nacional, das Assembleias Legisla-
tivas Estaduais, das Câmaras Municipais
e na cassação da Constituição de 1891.
Getúlio Vargas, um dos líderes da Revo-
lução de 1930, assumiu o governo provi-
sório, sob a promessa de convocar novas
eleições e uma nova Assembleia Nacional
Constituinte. Com o amplo poder dado a
Getúlio, que governava por base de decretos, os estados perderam a autonomia. Isso aumentou
o sentimento de frustração da população, que desejava maior participação democrática.

Em 23 de maio de 1932, um protesto na cidade de São Paulo terminou na morte de quatro es-
tudantes: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza
e Antônio Américo Camargo de Andrade, baleados pelas tropas federais. Após este episódio,
foi criado o grupo MMDC (com as iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo), que
começou a conspirar contra o governo, articulando com outros grupos políticos o início de
uma revolta. Um quinto estudante baleado naquele protesto – Orlando de Oliveira Alvarenga,
morreu em 12 de agosto.

98
O levante de 09 de julho marcou o início da Revolução
que durou até 02 de outubro de 1932. O movimento foi
liderado por Pedro de Toledo (governador do Estado de
São Paulo); Vespasiano Martins (governador do Estado
de Maracaju – unidade federativa criada no período re-
volucionário, que reclamava o território do Mato Grosso
do Sul); Borges de Medeiros (ex-presidente do Estado do
Rio Grande do Sul); pelos generais Bertoldo Klinger, Isi-
doro Dias Lopes (que havia liderado a Revolução de 1924
e neste período comandava a 2ª Região Militar), Euclides
Figueiredo (pai do ex-presidente João Batista de Oliveira
Figueiredo) e Basílio Taborda; pelo major Ivo Borges (da
Força Aérea Brasileira); e pelos coronéis Herculano de
Carvalho e Silva e Júlio Marcondes César Salgado (ambos
da Força Pública de São Paulo).

Por determinação do General Isidoro, o coronel Euclides Figueiredo assume a 2ª Região Mili-
tar no dia do levante. No Boletim do Exército nº 161, de 09 de julho de 1932 (republicado no
Boletim Interno do HMD nº 160, de 11 de julho de 1932, consta o seguinte registro:

“I – Comando da 2ª Região Militar – Assumo nesta Data,


o comando da 2ª Região Militar, apoiado, integralmente,
pelas forças que a constituem, pelas forças estaduais e pelos
contingentes civis, a fim de acorrendo aos anseios gerais do
País, integrá-lo no regime constitucional.

II – Ao povo paulista – Neste momento, assumimos as su-


premas responsabilidades do comando das Forças Revolu-
cionárias, empenhadas na luta pela imediata constitucio-
nalização do País. Para que nos seja dado desempenhar,
com eficiência, a delicada missão de que nos investiu o ilus-
tre governo paulista, lançamos um veemente apelo ao povo
de São Paulo, para que nos secunde na ação primarcial de
manter a mais perfeita ordem e disciplina em todo o Esta-
do, abstendo-se e impedindo a prática de qualquer ato aten-
tatório aos direitos dos cidadãos, seja dela qual for o credo
político que professarem. No decurso dos acontecimentos
que seguirão, não encontrará a população melhor manei-
ra de colaborar para a grande causa que nos congrega, de
que dando, na delicada hora que o país atravessa, mais um
exemplo de ordem, serenidade e disciplina, características
fundamentais da nobre gente de São Paulo. (a) GENERAL
1. General Isidoro Dias Lopes.
2. General Bertoldo Klinger. ISIDORO DIAS LOPES, Coronel Euclides de Figueiredo.”

99
Essa mudança no comando também foi noticiada pela Rádio Record, que leu a seguinte nota
dos revolucionários:

“De acordo com a Frente Única Paulista e com a unânime aspiração do povo
de São Paulo e por determinação do General Isidoro Dias Lopes, o coronel
Euclides Figueiredo acaba de assumir o comando da 2ª Região Militar, tendo
como chefe do Estado Maior o coronel Polinécio de Rezende.” 75

O Hospital Militar Divisionário teve uma forte atuação diante da Revolução Constitucionalista
de 1932. No dia 09 de julho, dois militares da instituição foram designados para atuar para a
causa constitucionalista: o 1º Tenente João Vicente Pereira, contador do hospital e o 1º Sargen-
to Manoel Marques da Rocha, almoxarife-pagador, destinados para o Serviço de Intendência
organizado na cidade de Mogi das Cruzes.76

Soldados paulistas e voluntárias da Cruz Vermelha que prestavam apoio aos feridos da Revolução.
A imagem foi utilizada em propaganda para convocação dos adeptos à Revolução de 1932.

Os feridos da revolução foram atendidos no Hospital Militar, sem distinção se esses eram da
causa constitucionalista ou das tropas do governo. No dia 22 de julho, o Diretor do Hospital
Militar Divisionário solicitou à 2ª Região providências a respeito do pagamento do tratamen-
to realizado aos revolucionários baixados, visto que naquele momento faltavam relações da
remessa das unidades, o que poderia dificultar no âmbito administrativo o controle desses
gastos. Em resposta, General Isidoro remete uma mensagem do comandante das tropas re-
volucionárias General Klinger: “Requisitar à Delegacia Fiscal o pagamento, independente de
relação dos Corpos”.77

A Superintendência dos Serviços Auxiliares de Saúde foi criada, com sede no Grupo Escolar
Maria José no bairro da Bela Vista, para dar conta do atendimento aos feridos no combate.
75. Diário de São Paulo, 10 de julho de 1932.
76. Bol Reg nº 161, de 09 de julho de 1932 e Boletim Interno HMD nº 160, de 11 de julho de 1932.
77. Mensagem enviada em 28 de julho de 1932 pelo General Klinger, publicada no Boletim Interno HMD nº 179, de 1º de agosto do mesmo
ano.

100
Esta repartição era responsável por receber os profissionais de saúde voluntários para o atendi-
mento. Diariamente, inúmeros médicos, enfermeiros, dentistas e farmacêuticos se alistavam e
eram encaminhados ao Hospital Militar Divisionário. Entre esses profissionais, podemos citar
os estudantes de medicina Sérgio Aranha Pereira e Plínio Bove e o massagista Paulo Todal,
que foram destinados para trabalhar no Serviço de Ortopedia. A população também enviava
à Superintendência material hospitalar que seria repassado ao Hospital Militar no Cambuci.

Propaganda convocando voluntários


para a Revolução de 1932.

O jornal A Gazeta realizou a campanha “Fones e Fios”, recebendo doação de rádios pela po-
pulação e entregando-os aos revolucionários internados no Hospital Militar. O jornal também
era responsável pela divulgação da lista dos feridos em parceria com as rádios que abrangiam
os locais tomados pela revolução, formando uma rede de notícias revolucionária.

Campanha Fones e Fios realizada pelo jornal


A Gazeta em parceria com o Hospital Militar
Divisionário da 2ª Região.
Reprodução A Gazeta. 1932. - Gazeta Press.

101
A revolução terminou em 02 de outubro de 1932, com a vitória do governo provisório, mas in-
fluiu na convocação da Assembleia Nacional Constituinte realizada em 1933 e na promulgação
da nova Constituição no ano de 1934. O major médico Oscar Pinto de Carvalho, no dia 07 de
outubro de 1932, publicou no Boletim Interno a seguinte mensagem:

“Terminada a luta, que por quase três meses derramou o sangue generoso e
bravo da gente brasileira, semeando dor, luto e sofrimento no solo da Pátria
comum, faz-se mister que todos os brasileiros, esquecendo ódios, ressentimen-
tos e outros sentimentos subalternos, acorram com os melhores de seus esforços,
com a máxima dedicação e sacrifício, a fim de que o Brasil possa restaurar-se
do grande abalo sofrido.

O momento é de reconstrução e, assim, a todos que servem no Hospital, sem


distinção de credo partidário, peço que se abstenham de considerações inú-
teis, contraproducentes, impatrióticas, sobre a luta extinta e que, no trabalho
metódico de cada dia, no cumprimento escrupuloso dos seus deveres e na fiel
observância dos princípios disciplinares do nosso Exército, contribuam com pa-
triótica lealdade, e na medida de seus esforços, para o bem estar e felicidade de
que a Pátria tanto carece.”

Em agosto de 1967 o hospital foi agraciado com medalha e diploma pela Sociedade dos Vete-
ranos de 32 MMDC. O tenente-coronel médico Dr. José Antônio Cajazeiras, diretor da insti-
tuição no período da Revolução, recebeu homenagem póstuma.

Telégrafo de 02 de outubro de 1932, do


General Kinger ao presidente Getúlio Vargas
informando sobre a rendição das
tropas paulistas.
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

102
GRATIDÃO DO INTERVENTOR

C om a criação do Estado Novo por Getúlio Vargas, o Dr. Adhemar Pereira de Barros foi
nomeado interventor federal do estado de São Paulo, assumindo o cargo em 27 de abril
de 1938.

Em 24 de maio daquele ano, o Hospital Militar Divisionário realizou um almoço com os seus
oficiais em homenagem ao interventor, reunindo importantes autoridades do Exército e do
governo paulista. Estiveram presentes o chefe da Casa Militar do estado de São Paulo major
Menna Barreto; o comandante da 2ª Região Militar general Silva Júnior; o chefe do Estado
Maior da Região coronel Dermeval Peixoto; o auditor de Guerra Dr. Garcia Pires; e o Dr. Isidro
Gonçalves diretor do departamento de municipalidades em representação ao prefeito da cida-
de de São Paulo Prestes Maia. O capitão médico Antônio Muniz de Aragão, no impedimento
do diretor (coronel médico Oscar de Castro Loureiro), realizou um breve discurso em nome
dos oficiais presentes saudando o comandante da 2ª Região e o interventor federal. Em segui-
da, o comandante da 2ª Região Militar fez o seu discurso.

Em 21 de julho de 1939, Adhemar de Barros


faz uma visita de boas vindas ao novo coman-
dante da 2ª Região Militar - general Maurício
José Cardoso, no Quartel General do Exérci-
to. Acompanhado das autoridades estaduais
- major Teófilo Ferraz Filho, chefe militar da
interventoria; Dr. Carneiro da Fonte, chefe de
polícia; Dr. Miguel Coutinho, diretor de assis-
tência pública; Dr. Nelson da Veiga do Serviço
de Trânsito; e do capitão Aquino de Oliveira
– assistente do Chefe de Polícia, presenteou o
novo comandante com uma ambulância para o
Hospital Militar da 2ª Região.

Barros se dizia satisfeito em oferecer à Força


aquela viatura, mas desejava que nunca pre-
cisasse utilizá-la, pois preferia o bem de todos
que compunham tal divisão do Exército. O
gesto de Adhemar de Barros é compreensível
quando relembramos sua participação no mo-
vimento constitucionalista de 1932 como mé-
dico combatente (capitão da reserva lotado na
2ª Divisão de Infantaria) nas cidades de Lorena 1. Adhemar de Barros no almoço de oficiais do HMD em
24/05/1938. 2. Adhemar de Barros entrega uma ambulância ao
e Aparecida e pelo importante trabalho desen- Hospital Militar, em 21/07/1939.
volvido pelo Hospital Militar durante a Revo- Reprodução. Jornal Correio Paulistano.
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
lução.

103
20 1942: O Hospital Militar promove
seus primeiros cursos na área de Saúde

N os anos 1940, o Hospital Militar Divisionário ainda não possuía seu Centro de Estudos.
O primeiro Curso de Medicina Militar foi desenvolvido sob as diretrizes da Diretoria de
Saúde, em conjunto com a 2ª Região Militar e a Direção de Saúde Regional. Também foram
realizados cursos voltados para a Farmácia, Odontologia e para o atendimento ao ferido em
combate, com o apoio da 2ª Formação Sanitária Regional, que ministrava as aulas práticas de
saúde em campanha, primeiros socorros, imobilização e transporte dos pacientes para as vo-
luntárias da Cruz Vermelha. O ano de 1942 foi um marco para as primeiras realizações na área
de Ensino e Pesquisa realizado pela instiuição.

Curso de Medicina Militar


A exemplo do que foi realizado no Rio de Janeiro, o coronel médico Dr. Oscar de Sampaio Via-
na, chefe do Serviço de Saúde Militar da 2ª Região Militar com a General Maurício Cardoso,
comandante da 2ª RM, iniciou o Curso de Medicina Militar para os médicos civis na cidade de
São Paulo, em 30 de junho de 1942.

Sobre a realização deste curso, o coronel Sampaio Viana relatou à Agência Nacional:
“Preliminarmente, convoquei uma reunião dos diretores das Faculdades Mé-
dicas e presidentes das sociedades científicas desta capital, tendo compareci-
do os professores Benedito Montenegro, diretor da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo; Rubião Meira, presidente da Associação Paulista
de Medicina; José Afonso de Mesquita Sampaio, presidente da Sociedade de
Medicina e Cirurgia de São Paulo; e Álvaro Guimarães Filho, diretor da Escola
Paulista de Medicina, aos quais espus a necessidade de organização, nesta ca-
pital, do “Curso de Medicina Militar para médicos civis” e pedia colaboração
das entidades que representavam. Todos hipotecaram a sua adesão e a formal
promessa de cooperação integral.

Ainda em prosseguimento às providências preliminares, designei para dirigir

104
o curso o tenente-coronel Luiz César de Andrade, atual diretor do Hospital
Militar de São Paulo, tendo designado, também, para secretário-geral o pro-
fessor Ciro de Barros Rezende docente da Faculdade de Medicina e oficial
médico da reserva e o senhor Plínio de Toledo Piza para secretário auxiliar.

O programa enviado pela Diretoria de Saúde do Exército e a que oportuna-


mente daremos publicidade, consta, em linhas gerais, de duas partes princi-
pais a saber: 1º - Epidemiologia e Cirurgia de Guerra, que será ministrada
uma série de conferências, para as quais foram convidados professores da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e outros ilustres médi-
cos civis, aqui domiciliados, que aqui aceitaram prazeirosamente; 2º - Parte
mais condizente com o Serviço de Saúde em Campanha, aplicação do médico
junto às tropas, etc., que fica a cargo dos oficiais do Corpo de Saúde do Exér-
cito, junto à 2ª Região. Oportunamente daremos publicidade do programa
integral a ser ministrado, assim como o nome dos demais conferencistas.”

O curso foi realizado na sede da Associação Paulista de Medicina, de forma gratuita aos médi-
cos paulistas e teve a duração de dois meses, com três sessões semanais e duas conferências por
sessão. O curso contou com a inscrição de 390 médicos e teve sua abertura realizada no Teatro
Municipal de São Paulo, em uma solenidade que também homenageou o Diretor de Saúde do
Exército, General João Affonso de Souza Ferreira (médico que inaugurou o Hospital Militar
em 1920).

Chegada do Diretor de Saúde, General Souza Ferreira e sua comitiva à cidade de São Paulo, em 29
de outubro de 1942, para participação na abertura do Curso de Medicina Militar.
Reprodução jornal Correio Paulistano. BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

A cerimônia de encerramento ocorreu em 26 de setembro de 1942, na Biblioteca Municipal


Mário de Andrade, com a participação do comandante da 2ª Região Militar General Maurício
Cardoso, do coronel médico Oscar Sampaio Viana, médico do Serviço de Saúde Regional e do
tenente-coronel médico Luiz César de Andrade, diretor do Hospital Militar. Este foi o primei-
ro grande curso de medicina militar realizado em São Paulo. Devido ao sucesso, a 2ª Região
Militar criou o Curso de Emergência de Medicina Militar voltado para a primeira turma de
doutorandos em Medicina, que iniciou suas inscrições em outubro de 1942.

105
Programa do Curso de Medicina Militar
I - HIGIENE MILITAR (03 conferências)
1) Higiene militar e midicina militar
- Importância do decurso da história militar.
Cap Med Nelson Soares Pires
- Dever profissional e dever militar.
- Contribuição científica dos médicos militares.
2) Seleção dos contingentes
- Dados biométricos.
- Escolha dos soldados para as diferentes armas.
Ten Med Elias Farah
- Inspeção de saúde: sua contribuição ao aperfeiçoamento da
raça e à saúde pública.
- Destino dos incapazes.
3) Higiene dos acampamentos, acantonamentos, bivaques e
trincheiras. Cap Med Benjamim Rodrigues
- Higiene do campo de batalha.
II - Organização e funcionamento
do Serviço de Saúde em Campanha (09 conferências)
1) Introdução ao estudo do Serviço de Saúde em Campanha.
- Organização geral dos exércitos.
- Grandes unidades. Ten Cel Med Romeiro da Rosa
- Grandes situações táticas.
- Características e desenvolvimentos.
2) Fins do Serviço de Saúde em Campanha.
- Conjunção de elementos táticos e princípios técnicos. Ten Med Abelardo Lobo
- Diretrizes.
3) Princípios Gerais de organização dos serviços de Saúde
Militares. Cap Med Arnaldo Massilac
- Seu dispositivo geral no terreno.
4) Organização em material do Serviço de Saúde Brasileiro
Cel Med Florêncio de Abreu
em Campanha.
5) Organização em pessoal do Serviço de Saúde em
Campanha.
Ten Med Camilo Borges de Castro
- Mobilização do Pessoal de Saúde.
- Subordinação Militar e dependência técnica.
6) Funcionamento do Serviço de Saúde nas fases preliminares
Cap Med José Pio da Rocha
do combate e na ofensiva.
7) Funcionamento do Serviço de Saúde na defensiva e na
Ten Med Abelardo Lobo
manobra em retirada.
8) Articulação do Serviço de Saúde com a defesa passiva das
Cap Med Osvaldo Luiz Rosário
populações civis.
9) Demonstrações de resolução de temas do Serviço de Saúde Cap Med Benedito Mota Mercier
III - PROGRAMA COMPLEMENTAR
1) Agressivos químicos de guerra. Cap Med José de Oliveira Ramos
2) Visitas aos estabelecimentos do Serviço de Saúde Militar e estabelecimentos de saúde civis.

106
3) Demonstrações e trabalhos práticos. Com a colaboração da 2ª
Formação Sanitária Regional
(2ª FSR)
4) Instrução especial constante da leitura e comentário de
tópicos importantes das seguintes obras: RISG (Regulamento
Interno dos Serviços Gerais); RDE (Regulamento Disciplinar do Cap Med Paulo Chaves
Exército); RCont (Regulamento de Continência); e RSS (Regula-
mento do Serviço de Saúde) em tempo de paz.
5) Psicoses de Guerra. Prof. Antônio Carlos Pacheco e
Silva
6) Serviço de Saúde da Força Policial A cargo da Força Pública
7) Serviço de Saúde da Guarda Civil A cargo da Guarda Civil
IV - EPIDEMIOLOGIA MILITAR (07 conferências)
1) Infecções disentericas. Prof. José Afonso de Mesquita
Sampaio
2) Grupo coli-tífico. Prof. Rubião Meira
3) Malária. Prof. Almeida Prado
4) Meningocócias. Prof. Ovídio Pires de Campos
5) Febre Amarela. Prof. Oscar Monteiro de Barros
6) Peste. Prof. Celestino Bourroul
7) Doenças examtemáticas. Maj Med Augusto Marques
Torres
V - CIRURGIA DE GUERRA (teórica e prática)
1) Introdução ao estudo da Cirurgia de Guerra.
- Características e dificuldades.
Prof. Benedito Montenegro
- Agentes vulnerantes bélicos.
- Classificação das feridas de guerra)
2) Organização e repartição do trabalho cirúrgico na Guerra.
Prof. Benedito Montenegro
- Constituição das equipes cirúrgicas
- Casos sobre as suturas e material correspondente
3) Biologia da ferida de guerra. Cap Med Guilherme Hautz
4) Anestesia da ferida de guerra. Dr. Pedro Aires Neto
5) Complicações da ferida de guerra.
Prof. Alípio Correia Neto
(Choque, Tétano e Infecções.)
6) As feridas das partes moles e seu tratamento.
- Condições de realização da sutura primitica.
Prof. Bernardes Oliveira
- Indicações e contra-indicações de ordem técnica e de ordem
militar.
7) Feridas ósseas e articulares.
- Desdobramento do tratamento cirúrgico dentro do dispositivo
Ten Cel Med Marques Porto
geral do Serviço de Saúde
- Tratamento provisório ou aparelhamento de transporte
8) Tratamento ortopédico definitivo das fraturas de guerra. Prof. Godoy Moreira

107
9) O problema da amputação imediata. / Amputações tardias.
- Métodos. Prof. Edmundo Vasconcelos
- Reeducação funcional dos mutilados.
10) Feridos vasculares.
Prof. Sebastião Hermeto Júnior
- Aneurismas arteriais e artério-venosos.
11) Transfusão de sangue em Cirurgia de Guerra.
Ten Med Rui Barbosa de Faria
- Organização e funcionamento de um Serviço Nacional.
12) Tratamento das lesões de tórax. Ten Cel Med Gilberto Fontes
Peixoto
13) Tratamento das lesões traumátivas do abdômen. Prof. Benedito Montenegro
14) Lesões do crânio, ráquis e medula em cirurgia de guerra. Prof. Carlos Gama
15) Queimaduras de guerra. Prof. José Maria de Freitas
16) Tratamento de urgência dos ferimentos órbito-oculares de
Prof. Ciro de Rezende
guerra.
17) Cirurgia plástica aplicada às feridas de Guerra.
- Conceito geral Prof. Antônio Prudente
- Fundamentos
18) Prótese maxilo-facial. Prof. Souza Cunha
19) Localização de corpos estranhos em Cirurgia de Guerra. Prof. Rafael de Barros
A parte prática do módulo de Cirurgia de Guerra, foi realizada com demonstrações em cadáver,
na realização de vias largas de acesso para ligaduras dos troncos vasculares e
de vias de acesso às cavidades, além da demonstração das vísceras principais.

Curso de Farmácia Militar


O segundo curso promovido pela instituição foi o de
Farmácia Militar, em parceria com o Laboratório Pau-
lista de Biologia, no dia 02 de setembro de 1942.

O tenente farmacêutico Rogério Magalhães realizou


a primeira etapa do curso nas instalações do Hospi-
tal Militar com aulas práticas sobre determinação de
reservas alcalinas no sangue, sobre o funcionamento
do equipamento ‘Van Slyke’ para dosagem do fósforo e
do cálcio no sangue e sobre índice clorêmico (relativo
sobre o cloro plasmático e o cloro globular).

A segunda etapa do curso foi realizada no Laboratório


Reportagem destacando a abertura dos cursos de
Medicina e de Farmácia Militar no Teatro Paulista de Biologia, com aulas ministradas pelo pro-
Municipal de São Paulo, com a presença do
Diretor de Saúde. 15 de julho de 1942. fessor Raul Votta, que realizou uma projeção de farma-
Reprodução Jornal Correio Paulistano cotécnica de comprimidos e os problemas para obten-
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)
ção das fórmulas e sua aplicação na medicina militar.

108
Curso de Saúde em Campanha para as
Voluntárias da Cruz Vermelha

Em 13 de dezembro de 1942, as voluntárias socorristas da Cruz Vermelha Brasileira (filial de


Santos) participaram de uma aula do Serviço de Saúde em Campanha promovido pelo Hos-
pital Militar Divisionário e pela 2ª Formação Sanitária Regional. A instrução foi coordenada
pelo capitão Paulo Chaves e ministrada pelos tenentes Elias Farah e Camilo Borfes de Castro.

O coronel Sampaio Viana, chefe do Serviço de Saúde da 2ª Região Militar, falou à reportagem
da Agência Nacional sobre a participação das voluntárias: “O preparo e dedicação demonstra-
do muito me orgulharam, pois vejo que essas jovens estão cabalmente compenetradas de suas
obrigações e do seu dever para com a pátria”.

Voluntárias da Cruz Vermelha acompanham a instrução de Saúde Militar em Campanha realizado do Hospital Militar. 1942.
Reprodução. Fotos pulicadas no jornal A Manhã (RJ): 1. Em 15/12/1942 / 2. Em 04/10/1942 / 3. Em 19/02/1942.
BIBLIOTECA NACIONAL (Rio de Janeiro)

109
21 A 2ª Formação Sanitária Regional

A 2ª Formação Sanitária Regional (2ª FSR) foi inaugurada em 23 de janeiro de 1935, em


uma cerimônia que contou com a presença do General Almerio de Moura, comandante
da 2ª Região Militar. Esta unidade ficava localizada próxima à Casa das Irmãs de Caridade, nos
fundos do Hospital Militar, construída com recursos do próprio hospital. A 2ª FSR era respon-
sável pela guarda, pela formação militar dos praças e realizava diversas atividades relacionadas
à Saúde Militar. Em 1939, passou a promover cursos de alfabetização para os soldados. As
aulas eram ministradas pelo professor Clóvis Correia Monteiro, nomeado pela Secretaria da
Educação e Saúde Pública de São Paulo. Em maio de 1952, passa a contar com uma pista de
evacuação dos feridos – usada nos treinamentos militares de saúde em campanha, o Corpo da
Guarda e o alojamento dos praças, inaugurados durante a visita do Diretor de Saúde, General
Marques Porto.

A Formação Sanitária realizava treinamento às voluntárias socorristas da Cruz Vermelha sobre


a imobilização, o levantamento e transporte de feridos, além do curso de Primeiros Socorros.
Elas recebiam as aulas teóricas na Escola Normal Caetano de Campos e as aulas práticas no
Hospital Militar e nas instalações da 2ª FSR.

A Formação foi extinta em 1970. Em seu curto período de existência, mudou de denominação
duas vezes: na década de 1940 passou a se chamar 2º Batalhão de Saúde e em 1956 - 2ª Com-
panhia de Intendência de Saúde. O local passou a abrigar a 3ª Companhia do 2º Batalhão de
Guardas (2º BG) que permaneceu até o final dos anos 1980. O local foi cedido para a Compa-
nhia de Guarda da Base Administrativa e Apoio da 2ª Região Militar (Ba Adm Ap/2ªRM) onde
permaneceu até 2005, quando as antigas instalações foram desativadas e demolidas. No local
foram construídos o Hotel de Trânsito do Cambuci e os edifícios residenciais General Meira
Mattos e Tenente Amaro.

110
2ª Formação Sanitária Regional em 1941.

111
112
Turma de médicos e samaritanas da 2ª Formação Sanitária Regional. 1941. 113
O 1º Tenente Médico Rui Barbosa de Faria organiza a ficha biométrica de um soldado
da 2ª Formação Regional, no gabinete de biometria Gen Dr. Álvaro Tourinho.

114
Demonstração de resgate ao militar ferido em campanha. 1941. 115
116
Demonstração de montagem do carrinho padiola. 1941.

117
Gabinete odontológico da 2ª SFR. 1941.

Refeitório de praças da 2ª SFR. 1941.

118
Almoxarifado da 2ª SFR. 1941.

Armaria da 2ª SFR. 1941. 119


120
Competição de cabo de guerra em comemoração ao aniversário da
2ª Formação Sanitária Regional, em 17 de agosto de 1941.
121
122 Solenidade de Compromisso do Recruta da 2ª Formação Sanitária Regional, em 11 de junho de 1941.
123
Desfile de 07 de setembro. Em destaque, o capitão médico Renato Varandas de Azevedo (comandante da 2ª SFR),
124 ao centro o 1º tenente médico Rui Camargo e à esquerda o 2º tenente farmacêutico Waldomiro de Araújo (Estado Maior da 2ª SFR). 1941
125
126 Bandeira e parte do grupamento de padioleiros da 2ª SFR no desfile de 07 de setembro de 1941.
127
22 O 2º Batalhão de Saúde
e a 2ª Guerra Mundial

E m 2010, nos trabalhos de resgate da his-


tória do Hospital Militar de Área de São
Paulo, fomos honrados com o depoimento
de um ex-combatente da Força Expedicio-
nária Brasileira (FEB): o 1º Tenente Júlio do
Valle (1920-2019). No auge dos seus noventa
anos de idade, lúcido e extremamente bem
humorado, contava como foi a participação
dos soldados de Saúde do Exército que saí-
ram de São Paulo, oriundos do 2º Batalhão
de Saúde, para incorporarem ao 1º Batalhão
de Saúde no Rio de Janeiro, de onde toma-
ram destino à Itália para o front.

Segundo Júlio do Valle, a missão dos solda-


dos de Saúde naquele momento era de paz.
Não havia um treinamento específico para
ação em um momento de guerra e todo esse
contexto era inédito na vida dos febianos.
“Os soldados brasileiros aprenderam a guer-
rear na guerra”, recordava o ex-combatente.
Militares de Saúde na Itália. Foto publicada no Jornal
As características dos soldados brasileiro é A Gazeta em outubro de 1944.
Acervo Pessoal Júlio do Valle.
de grande espírito de corpo, vontade, dedi-
cação e coragem. Sabiam que naquele momento em que era necessário neutralizar as tropas
inimigas, deveriam se dedicar intensamente à missão da FEB. Esse diferencial foi um fator
importante para que a vitória surgisse.

Júlio se recordava que enviou duas fotos (acima) para o seu pai. Uma foi enviada ao jornal A
Gazeta, que publicou o registro do breve momento de descontração dos soldados de Saúde na
2ª Guerra em outubro de 1944. A outra, ficou guardada por longos anos e cedidas especialmen-
te para o trabalho de resgate histórico do HMASP.

O pelotão formado pelos militares de Saúde era responsável pelo resgate dos soldados feridos
no combate, caso houvesse a necessidade de resgatar um corpo, existia o “Pelotão de Sepulta-

128
mento” formado pelos militares da arma de Infantaria.

Júlio contou que quando chegaram na Itália, ainda a caminho da tomada de Monte Castelo,
a população local estava traumatizada pela presença dos alemães. Ao ouvirem os ruídos do
carros e das tropas avançando eles gritavam;

- “È tedesco! È tedesco!” - referindo-se aos alemães em seu idioma.

Logo, um dos italianos reconhece as tropas italianas e responde:

- “Non è tedesco, è brasiliano!”

Este fato o marcou por entender que os italianos também perceberam que a FEB estava presen-
te para devolver a paz naquele momento.

À direita, o soldado Sebastião Cerrato - morto em combate em 1944. Acima, a descrição “lembrança de Porreta Terme”,
comuna italiana da região de Emilia-Romagna, província de Bolonha. Acervo Pessoal Júlio do Valle.

Sebastião Cerrato foi o único soldado do Corpo de Saúde a morrer em combate. Natural de
Espírito Santo do Pinhal-ES, serviu no mesmo batalhão que Júlio do Valle, em São Paulo, e foi
um dos últimos a incorporar na FEB, pelo 1º Batalhão de Saúde. Cerrato foi designado para
completar a equipe de apoio de saúde, juntamente com o 2º Sargento Francisco Firmino Pi-
nho e os soldados Antônio Durval de Moraes e José Higashino, quando se envolveram em um
acidente automobilístico no Monte della Casellina, na missão de tomada do Monte Castelo.
Sebastião Cerrato morreu em 03 de dezembro de 1944. Seu corpo encontra-se sepultado no
cemitério de Pistoia. O herói tombado foi condecorado com as medalhas Sangue do Brasil,
Cruz de Combatente de 2ª Classe e Medalha de Campanha. Em 15 de março de 1945, foram
concedidos títulos de pensão às irmãs solteiras e maiores de idade de Sebastião Cerrato - Maria

129
e Filomena Cerrato, pagos pelo Estabelecimento de Fundos da 2ª RM.

Nas comemorações do Dia do Soldado do ano de 1948, o 2º Batalhão de Saúde realizou uma
homenagem especial ao pracinha, com a presença do seu pai Carmino Cerrato. O Pavilhão de
Transporte foi batizado com o nome deste soldado de Saúde que morreu nas operações bélicas
de Monte Castelo. No mesmo dia, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Sr.
Mariano Ferraz, realizou uma sessão solene no Salão Roberto Simonsen, em homenagem ao
Dia do Soldado, ao patrono do Exército - Duque de Caxias e em memória ao Soldado Cerrato.
O General de Divisão Renato Paquet, comandante da 2ª Região Militar, compareceu ao evento.

A conquista de Monte Castelo ocorreu em 21 de fevereiro de 1945. Marco histórico da opera-


ção da FEB, a data é comemorada pelo Exército Brasileiro e também pelos cidadãos italianos.

O Hospital Militar organizou uma Junta de Inspeção e de seleção para os convocados à FEB em
1944. Em 1945 construiu pavilhões de atendimento aos militares feridos na 2ª Guerra Mundial.
Em depoimento registrado no livro “História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial -
Tomo 3”, oranizado por Ariclides de Moraes Motta, o ex-combatente Júlio do Valle enfatiza a
coragem do soldado brasileiro na guerra:
“Jamais vi um brasileiro covarde, nunca vi um soldado se recusar a qual-
quer coisa, a ir para uma patrulha, ir para um ataque, ou o que for, pe-
gávamos os feridos onde estivessem. Nunca senti medo em meus compa-
nheiros, porque, às vezes, a gente trocava de padiola, eu nunca ouvi eles
dizerem não, eu não vou, estou com medo, nada disso.”

Durante a Segunda Guerra Mundial, a FEB contabilizou 11.617 baixas na campanha da Itália,
sendo 448 por morte em combate, 8.480 por doenças e os demais feridos em ação ou em aci-
dentes. Oito praças de Saúde faleceram. Cerrato foi o único Soldado de Saúde de São Paulo
morto em campanha.

Símbolo da Força
Expedicionária Brasileira.

Identidade de Guerra do soldado Júlio do Valle, expedido peo Soldado de Saúde presta atendimento
1º Batalhão de Saúde. ao ferido na 2ª Guerra Mundial.
Acervo Pessoal Júlio do Vale.

130
Emocionante reencontro dos soldados do 1º Batalhão de Saúde da Força Expedicionária Brasileira
com os familiares no Rio de Janeiro. 1945.

O trem dos febianos


Um trem com mil ex-combatentes da FEB, da
E. F. Central do Brasil deixou a estação Dom
Pedro II78 às 19 horas do dia 20 de julho de
1945, rumo à cidade de São Paulo. Os febia-
nos estavam retornando da guerra e deveriam
reencontrar seus familiares.

De madrugada, chegando em São José dos


Campos, às 04:30 da madrugada, entre as
estações Eugênio de Mello e Martins Guima-
rães,79 a locomotiva colidiu com três vagões de carga que estavam estacionados. Havia muita
neblina e o maquinista não conseguiu evitar o acidente.

Dois soldados que viajavam no vagão de segunda classe ficaram feridos e foram encaminhados
à enfermaria do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava. No vagão correio, o soldado Mário
Ovídio Ramos da Silva ficou gravemente ferido e foi encaminhado para o Hospital Militar no
Cambuci. Este é o primeiro registro de um ex-combatente da FEB atendido pelo hospital após
a guerra. Outro soldado que estava no mesmo vagão – José Francisco de Melo, que morava em
Mogi das Cruzes, faleceu no local.80
78.A estação D. Pedro II (RJ) mudou seu nome para Central do Brasil em 1998.
79. As estações Eugênio de Mello e Martins Guimarães ficam no município de São José dos Campos, próximo à estrada velha Rio-SP.
80. Jornal O Dia (PR), edição 6.724, de 26 de julho de 1945.

131
Corpo Clínico do Hospital Militar em 1941.

132 Desfile nas dependências do Hospital Militar. Destaque para o Estado Maior do Hospital. 1956
Parada diária em frente à Casa das Irmãs de Caridade. 1956

Parada diária em frente às 8ª e 10ª Enfermarias. 1956 133


Hospital Geral de São Paulo
1955-2009

H Ge S. Paulo
23 O surgimento de
novas especialidades e serviços

G radativamente, o Hospital Militar começou a oferecer novos serviços aos pacientes. A


partir de 1941, novos pavilhões começam a ser erguidos. Em 1942, durante a direção do
tenente-coronel médico Dr. Luiz César de Andrade, inicia o serviço de Fisioterapia e a Enfer-
maria de Traumatologia começa a ser instalada. O serviço de transfusão de sangue começa
a ser realizado no hospital. No ano seguinte, são criadas as enfermarias de Oftalmologia (1ª
Enfermaria) e a enfermaria de Otorrinolaringologia (2ª Enfermaria).

A partir do Aviso nº 1.523, de 10 de dezembro de 1946, os hospitais militares ficaram autoriza-


dos, a critério dos seus diretores, de atender os familiares dos militares nas mesmas condições
que o HCE realizava.

Em 1950, na direção do tenente-coronel médico Dr. Generoso de Oliveira Ponce, o Hospital


Militar passa a contar com uma Maternidade integrada de sala de parto, sala de operações, sala
de esterilização e apartamentos para internação das gestantes. Em maio de 1952 o serviço de
Ortopedia é inaugurado em ocasião da visita do Diretor de Saúde General Marques Porto. A
partir do Decreto nº 32.090, de 14 de janeiro de 1953, a instituição recebe a denominação de
Hospital Geral da 2ª Região Militar. Em 1954, durante a direção do tenente-coronel médico Dr.
Meneleu de Paiva Alves da Cunha, o berçário foi inaugurado.

Em 08 de julho de 1955, o Hospital Militar têm a sua denominação alterada para Hospital Ge-
ral de São Paulo, a partir da Portaria nº 284. É a mais longeva fase desde a sua implantação no
bairro do Cambuci. O primeiro diretor da instituição com esta nomenclatura é o tenente co-
ronel médico Dr. Hermes Santos Pimentel, em sua gestão foi criado o serviço de Cardiologia.

Durante a direção do coronel médico Dr. Tito Ascoli de Oliva Maya, foi criado o Centro So-
cial do Hospital Geral de São Paulo (CESO), em 1962; no ano seguinte um novo pavilhão foi
inaugurado, composto pela Clínica Médica, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Ginecologia,
Urologia e Farmácia do ARSE (Anexo Reembolsável de Saúde do Exército). Em 1965 o Serviço
de Arquivo Médico e Estatística (SAME) foi criado.

Ao longo da história, apenas três ex-diretores do Hospital se tornaram Diretor de Saúde, são
eles: General de Brigada Médico Dr. João Affonso de Souza Ferreira (dirigiu o HMSP entre
1920/1921 e 1924/1925 - 16º Diretor de Saúde); General de Divisão Médico Dr. José Vieira Pei-
xoto (dirigiu o HMSP entre 1941/1942 - 19º Diretor de Saúde); e o General de Divisão Médico
Dr. Achiles Paulo Galloti (dirigiu o HMSP entre 1943-1944 - 20º Diretor de Saúde).

136
Hospital Geral de São Paulo nas instalações originais. 1970. 137
24 1956 – Primeira intervenção cirúrgica
de defeito vascular

N o dia 27 de setembro de 1956, o


Hospital Geral de São Paulo rea-
lizou a primeira intervenção cirúrgica
para correção de defeito vascular, na
época denominada “operação de persis-
tência do canal arterial”.

A inédita cirurgia realizada no Brasil


teve a equipe composta pelos tenentes-
coronéis médicos Dr. Edgard Moutinho
dos Reis (diretor interino do HGeSP) e
Dr. Armando Cordeiro, auxiliado pe-
los capitães médicos Dr. Paulo Bulhões
Maciel e Dr. Benedicto Homero Aquino
Marques. Contando ainda com o apoio
do médico Dr. Celso de Godoy e das en-
fermeiras Izolina e Edith.

Esta cirurgia provocou um grande impacto no meio científico e na imprensa, pelo arrojo e pe-
rícia da equipe médica do HGeSP. O paciente, uma criança de quatro anos (filho do 1º sargento
Antônio Geraldo, do Serviço Militar Regional), era portadora de persistência do canal arterial.
A cirurgia correu dentro dos preceitos técnicos, o canal arterial muito curto, apresentava um
centímetro de diâmetro por um centímetro e meio de cumprimento, o que permitia a passa-
gem de grande quantidade de sangue venoso da artéria pulmonar para a aorta e vice-versa,
criando grande débito na nutrição do paciente, acarretando assim atraso acentuado no seu de-
senvolvimento. Não foi possível selecionar o canal arterial, mas foi feita a sua ligadura com três
fios de seda preta nº 1. O paciente apresentou uma boa recuperação. Este tipo de procedimento
foi realizado por mais seis vezes pela mesma equipe, em crianças e adultos portadores de lesões
cardíacas graves, resultando sempre em um grande sucesso.

138
O procedimento foi transmitido ao vivo pela RecordTV. Era a primeira vez na América Latina
que uma cirurgia foi transmitida pela televisão. A emissora utilizou um transmissor reserva,
que do alto do Morro da Pólvora, onde se encontra o hospital, colocou o canal no ar - época em
que não existia tecnologia para os links de reportagem. A narração ficou por conta do principal
apresentador da emissora – Dr. Paulo Planet Buarque, que relembrou o fato:
“Estou honrado com o significativo convite, mas começo por dizer que,
mesmo depondo creio que não lembraria com exatidão todos os detalhes
concernentes àquela que foi, sem dúvida, a primeira transmissão ao vivo,
de uma cirurgia através da televisão, à então Televisão Record, onde eu
trabalhava em transmissões especiais como aquela, além de ser apresenta-
dor de programas de auditório e, ainda, comentarista de futebol da mesma
emissora.

Lembro, contudo que, de fato, a primeira transmissão que se fazia através


da televisão de uma intervenção cirúrgica! Mas lembro também que dando
início à transmissão e vendo, portanto, o cirurgião simplesmente cortar o
ventre do paciente desmaiei... Sendo a cirurgia interrompida por alguns
minutos para que eu me recuperasse e pudesse, em seguida, dar curso à
transmissão da mesma que, lembro bem, foi um enorme sucesso, pois a
primeira que se realizava em nosso País!

Equipe de reportagem da RecordTV realiza a transmissão ao vivo da cirurgia em 1956.

Sei também que a cirurgia foi coroada de sucesso, que o paciente se recu-
perou e que os médicos cirurgiões ficaram, além do mais, particularmente
felizes no saber que, por sua vez era também para eles a primeira oportuni-
dade que podiam mostrar suas habilidades através das imagens! Sei, repito,
que se tratou de um momento muito especial para o jovem, que começava a
sua carreira de homem de televisão, hoje já com oitenta e quatro anos, que
se iniciaram no último dia oito de outubro!

139
Sem dúvida, uma conquista épica, pois nunca, antes, se apresentara através do
vídeo algo semelhante, que fica portanto com o Exército essa glória imensa e,
mais que isso, os meus agradecimentos, claro, que pela oportunidade que me
foi dada pois marco na história da televisão do nosso País! Mais detalhes não
poderia dar senão agradecer, efusivamente, ser lembrado de tantos anos de
algo, que, claro, sempre muito me orgulhou!” 81

81. Depoimento concedido em 05 de outubro de 2010 para o livro “244 anos de Medicina Militar / Hospital Militar de Área de São Paulo 90
anos de história”. Paulo Planet Buarque, advogado e jornalista, atualmente está com 93 anos de idade.

140
No Hospital Geral de São Paulo
o milagre aconteceu
25

O ano era 1961. A data precisa da-


quela cirurgia se perdeu no tempo,
mas a história permanece inesquecível.
Em janeiro daquele ano o Hospital Ge-
ral de São Paulo havia fundado o Banco
de Olhos para transplante de córnea. O
primeiro de São Paulo.
Os médicos Cel José Bresser de Oliveira (centro), Ten José Furman e Otaviano
Uma menina de dez anos foi encami-
Dias Lopes. Reprodução: Diário da Noite/DA Press

nhada para o Serviço de Oftalmologia. Ela ficou cega aos dois anos de idade, após um jato de
areia tê-la deixada cega, com as córneas danificadas entre 60 a 80%. Ela estudava no Instituto
de Cegos Padre Chico e a esperança para recuperar a sua visão estava diante do Hospital do
Exército, devido aos trabalhos iniciados naquele ano do Banco de Olhos.

O coronel médico Dr. José Bresser da Silveira, chefe do Serviço de Oftalmologia, foi o respon-
sável por acompanhar o caso clínico da paciente e por realizar o procedimento cirúrgico. No
centro cirúrgico, além do coronel Silveira, a equipe era formada pelo tenente Dr. José Furman,
também oftalmologista e pelo médico Dr. Otaviano Dias Lopes - médico civil anestesista. As
enfermeiras que cuidaram da paciente foram as religiosas Irmã Inês e Irmã Maria José.

Seis dias após a cirurgia, os médicos acompanhavam atentamente a evolução da menina, que
fluía dentro da normalidade. Passaram-se vinte e cinco dias do procedimento e era chegada a
hora de retirar os pontos. A visão começava a melhorar. A menina que antes estava cega rece-
bia aquele que foi o seu maior presente: enxergar o rosto dos seus pais, o médico que a assistia
atento a cada detalhe, a forma e as cores que antes estavam apenas em sua imaginação.

Este acontecimento se tornou um documentário realizado pela TV Cultura dos Diários Asso-

141
ciados82 transmitido em setembro de 1961. São Paulo acom-
panhava a história como se fosse um capítulo de novela.
Muitas pessoas rezaram para que a menina voltasse a en-
xergar e pela mão do homem, o milagre aconteceu. Emocio-
nados, muitos empresários fizeram doações para a família
daquela menina e para o Instituto Padre Chico.

O êxito desta cirurgia surpreendeu o Conde Hermenegil-


do Arruga Liró (1886-1972), catedrático da Universidade
de Barcelona e premiado oftalmologista, que junto com o
professor Hilton Rocha83 (1911-1993) - catedrático da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais, do professor Henrique
Mélega (1915-1971) presidente da Associação Paulista de
Medicina e um colégio de cirurgiões, visitaram o Hospital
Geral de São Paulo, em 05 de setembro de 1964, para conhe-
cer sobre o trabalho realizado pela equipe do coronel José Cel José Bresser de Oliveira examina a paciente.
Reprodução: Diário da Noite/DA Press
Bresser da Silveira.

Anúncios publicados no jornal Correio Braziliense


de 22 de setembro de 1961. Reprodução/DA Press

Manchete publicada no jornal Diário da Noite


de 06 de outubro de 1961. Reprodução/DA Press

82. O documentário foi exibido em setembro de 1961 pelas emissoras Cultura 2, TV Itacolomi, TV Tupi Rio e TV Brasíla (todas dos Diários
Associados) e reexibida em outubro daquele ano na Cultura 2, devido à solicitação do público que desejava rever a história, após a grande
repercussão do caso.
83. O oftalmologista Hilton Rocha realizou o primeiro transplante de córnea do Brasil, em 1954, no Hospital São Geraldo do Hospital das
Clínicas da UFMG.

142
Serviço de Olhos
escrito pelo Dr. José Furman
texto extraído da revista “Hospital Geral de São Paulo - Jubileu de Ouro 50º Aniversário”, de 1970.

A ssim que assumi a Chefia da 1ª Enfermaria “Serviço de Olhos”, o Hospital do Exército


pôs à minha disposição o material necessário para este tipo de intervenção. Fundamos o
Primeiro Banco de Olhos em São Paulo, conseguimos várias doações e iniciamos as operações.

O enxerto da córnea é uma das maiores conquistas da Cirurgia Oftalmológica. A ideia surgiu
no Século XVIII, não tendo conseguido êxito na época. Somente em 1877, quando Von Hippel
fez trabalhos com córneas de olhos enucleados, alcançou-se o sucesso esperado. Anterior-
mente era usado enxerto heterólogo ou de outras substâncias. Depois dos estudos de Filatow,
em 1922, recomeçou-se a ceratoplastia, devido à possibilidade de uso de córnea de cadáver.
Usamos muito a ceratoplastia em ceratocone, leucomas grandes de córnea, tipos de úlceras,
ou melhor, afecções que comprometam a córnea prejudicando ou impossibilitando a visão do
paciente.

Representando nosso Hospital, apresentei no Congresso Hispano-Americano um trabalho


com o título “Ceratoplastia em Ceratocone” que foi publicado posteriormente na revista “Ar-
chivos de La Sociedad Oftalmológica Hispano-Americana”, Tomo XXII, nº 10, Madrid – 1963.
Depois de concluído o trabalho publiquei a estatística na época.

Em dois anos e meio fiz dezenove casos, todos de oito milímetros perfurantes, em ceratocones
com baixa visão (percepção de vultos) sem correlação, pacientes entre 16 e 31 anos, todos com
bons resultados estético e funcional. As intervenções foram realizadas no Hospital do Exército
em São Paulo, Brasil.

Apresento fotografias de um dos casos mais antigos, M.H.S., 20 anos, sexo feminino, cerato-
cone com percepção de vultos em ambos os olhos. Operada Transplante perfurante de oito
meses, mantendo-se até hoje perfeita transparência dando visão de unidade.

Tive vários outros casos em outras afecções da córnea, também publicados, sendo que em um
dos casos foi feito um vídeo tape diretamente do Hospital do Exército, com consentimento do
Diretor do Hospital e Comandante, da época, do II Exército. A operação, e o resultado, foram
divulgados em todo o Brasil pelas Emissoras de Televisão.

Além dos transplantes de córneas, o Dr. José Furman realizou no Hospital Geral de São Paulo
outros importantes trabalhos no campo da Oftalmologia como o desenvolvimento de uma nova
técnica do cristalino (operação de catarata com gelo selo), estudos sobre glaucoma, estrabismo
e assuntos sobre a crio-extração, publicada em congresso sobre “Epicanto com Ptose Palpebral”.

143
26 Acontecimentos do
Hospital Geral de São Paulo

A despedida ao Herói Mário Kozel Filho


Com apenas seis meses de quartel, Mário Kozel Filho estava de
serviço de guarda no dia 26 de junho de 1968, quando um veícu-
lo roubado pelo grupo Vanguarda Popular Revolucionária (VPR),
carregado com vinte quilos de dinamite, foi lançado contra o
Quartel General do II Exército, no Ibirapuera, tirando a sua vida
e ferindo outros seis militares. O grupo de extrema-esquerda era
liderado por Carlos Lamarca, que havia roubado nove fuzis auto-
máticos (FAL) do Hospital Geral de São Paulo no dia 22 de junho
daquele ano. Posteriormente, um novo roubo de fuzis ocorreu no
4º Batalhão de Infantaria de Quitaúna.

O corpo de Kozel Filho foi velado no Hospital Geral de São Paulo


e sepultado com honras militares no Cemitério do Araçá. O presidente da República Marechal
Artur da Costa e Silva o incluiu na Ordem do Mérito Militar no grau de cavalheiro e o promo-
veu a terceiro sargento post mortem, por decreto assinado em 15 de julho de 1968.
O Cinema Broadway
O extinto cinema Broadway foi construído pela fa-
mília portuguesa Guimarães dos Reis que faleceu
em maio de 1937 no famoso crime do Castelinho da
Rua Apa, sem deixar herdeiros. O patrimônio ficou
a cargo da União que destinou o imóvel para o Exér-
cito em 1959. Em 1964, após um longo período de
negociação entre o governo e a classe artística - que
pleiteava o imóvel para fins culturais a partir de uma
transferência para o Ministério da Educação, um
acordo foi celebrado permitindo a posse do imóvel
ao Exército. O intuito era instalar no terreno do antigo cinema, que ficava na Avenida São João,
uma farmácia e uma maternidade sob administração do extinto “Centro Social do Hospital
Geral de São Paulo” e nos andares superiores apartamentos para a residência de oficiais e sar-
gentos. O cinema foi demolido em 1970 dando lugar ao Edifício Duque de Caxias (EDC) - um
Próprio Nacional Residencial (PNR) destinado aos oficiais do Exército.

144
Uma onça no porão
Um fato extremamente inusitado tomou conta das rodas de con-
versa e das páginas dos jornais no ano de 1957. Um filhote de onça
resolveu se instalar no porão do Hospital Geral de São Paulo. Nes-
te tempo, havia uma grande concentração de mata, que tornava o
local mais agradável para o felino que rondava a área externa do
HGeSP durante a noite, caçando cães e gatos que encontrava pelo
caminho.

Os soldados construíram uma armadilha de madeira e na noite de


02 de maio de 1957 conseguiram capturar o animal que tinha se
tornado famoso no bairro do Cambuci.

Adeus ao Marechal Albuquerque Lima


O Marechal Stênio Caio de Albuquerque Lima nasceu em 11 de maio de 1897, no estado do
Ceará. Sentou praça em 1916, no 1º Regimento de Artilharia Montada. Assumiu o comando
da 2ª Região Militar em 1955, na época do movimento militar liderado pelo General Henrique
Teixeira Lott para assegurar a posse do presidente da República Juscelino Kubsticheck. Foi co-
mandante do II Exército no período de 1958 a 1961. Em outubro de 1961, tornou-se ministro
do Superior Tribunal Militar (STM). Também era considerado um dos pioneiros da Petrobras,
onde atuou como presidente da refinaria de Cubatão em 1950.

Marechal Albuquerque Lima foi responsável pela construção da atual sede do Círculo Militar
de São Paulo, onde era presidente de honra. Faleceu em 17 de janeiro de 1968 no Hospital
Geral de São Paulo. Seu corpo foi velado na Biblioteca Científica do Pavilhão Cultural da ins-
tituição e sepultado no cemitério São João Batista (Rio de Janeiro-RJ).

Inaugurações Especiais
Durante as comemorações do Dia do Exército
em 1975, o Hospital Geral de São Paulo inaugu-
rou uma série de obras importantes: o Bloco Ci-
rúrgico “Cel Med Dr. José de Oliveira Ramos”
onde ficava a enfermaria de oficiais e depen-
dentes, as novas instalações do pavilhão “Ma-
rechal Dr. Emmanuel Marques Porto” destina-
da aos ex-combatentes da Força Expedicionária
Brasileira, e a casa de força com a iluminação
externa a mercúrio.

145
27
Casa das Irmãs
2º Batalhão de Caridade
de Saúde

Seção de Manutenção
e Transporte
10ª Enfermaria
Isolamento
8ª Enfermaria
Venéreos
Ambulatório

Sala de recuperação
dos Sargentos

6ª Enfermaria
Clínica Geral
Farmácia
Alojamento do ARSE
Rouparia Oficiais e Sgt
Almoxarifado
Prótese
Pavilhão de Contingente Sanitários Dentária
Neuropsiquiatria

5ª Enfermaria 12ª Enfermaria


Sargentos Veteranos da FEB

Junta Militar
de Saúde

Entrada
Ari Cajado

Granja Ten Veiga


Necrotério

146
O Hospital Geral de São Paulo
no seu cinquentenário

Pátio Interno /
Heliponto
Lavanderia

Cantina

Laboratório de
Gabinete de Análises Clínicas
Raio X
3ª Enfermaria
Cirurgia

Aprovisionamento /
4ª Enfermaria Refeitórios
Ortopedia

1ª e 2ª Enfermarias
Otorrinolaringologia

SAME
Enf. de Oficiais (Sup.)
Centro de Estudos (Inf.)
Maternidade (Sup.) Portaria Geral
Administração (Inf.)

Dependências do Hospital Geral de São Paulo em 1970. Fonte: Revista “Jubileu de Ouro - 50º Aniversário” 147
Clínica Cirúrgica

Centro Cirúrgico do
Hospital Geral de São
Paulo em 1970.

H á 50 anos, a Clínica Cirúrgica funcionava segmentada nos pavilhões de internação dis-


tribuídos no Hospital Geral de São Paulo. Este panorama foi publicado na revista co-
memorativa, época em que a clínica era chefiada pelo tenente-coronel médico Dr. Benedicto
Homero Aquino Marques.

1ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OFTALMOLOGIA
Funcionava sob a supervisão dos oftalmologistas Dr. José Furman e sua equipe composta pelos
médicos Constantino Szymanski, José Francisco Gomes Ribeiro e Jorge Prado Homsi. Esta
equipe realizava técnicas avançadas em córnea, crio extração do cristalino, transplantes de
córnea e pesquisas relacionadas à inclusão da dentina em córnea de coelho, crio-ciclo-coagu-
lação, etc.

2ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA
Era chefiada pelo capitão médico Dr. Marcílio da Silva Prôa. No ano de 1968, iniciou a realiza-
ção da cirurgia da stapedectomia para tratamento da surdez. A equipe contava com a contri-
buição do médico Dr. Arno Ruy Fisher.

3ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DOS PRAÇAS INTERNOS
Era chefiada pelo capitão médico Dr. José Justo Lanna de Souza, auxiliado pela equipe do mé-
dico Dr. Akiyhiro Tukiama. Era o pavilhão com a maior concentração de cirurgias do hospital.

148
4ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
O serviço era supervisionado pelos capitães médicos Dr. José Ribeiro Farias de Albuquerque
e Dr. Manoel Francisto Martis, a equipe contava ainda com o primeiro sargento massagista
Bruno Fraçon, o segundo sargento auxiliar de cirurgia Laert Gonçanves Barbosa, a enfermeira
civil Maria de Lourdes Feijó e as serventes Elvira Miguel e Herondina.

9ª ENFERMARIA
SERVIÇO DESTINADO AOS OFICIAIS E DEPENDENTES
Era chefiado pelo major médico Dr. Aubri João Batista Amprino. Era uma clínica cirúrgica
voltada para diversas especialidades, com exceção da otorrinolaringologia e da oftalmologia,
que atendiam exclusivamente em suas respectivas enfermarias.

11ª ENFERMARIA
SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA
Era chefiado pelo major médico Dr. Justo Claret Nogueira. Prestava assistência às parturentes
e às pacientes portadoras de afecções ginecológicas atendidas pelo Serviço de Ambulatório.

SERVIÇO DE UROLOGIA E PROCTOLOGIA


Era chefiado pelo Dr. Paulo de Bulhões Marcial Filho. O serviço foi inaugurado em 31 de mar-
ço de 1967 e realizava atendimento aos pacientes que eram tratados nos blocos cirúrgicos da
3ª ou da 9ª enfermaria.

SERVIÇO DE ANESTESIA, GASOTERAPIA E BANCO DE SANGUE


Era chefiado pelo capitão médico Dr. Ilzon Martins Xavier, com o apoio da equipe liderada
pelo segundo tenente médico Dr. José Lins Martins e Silva Ferreira. O Banco de Sangue apenas
estocava as bolsas recebidas pela Colsan - entidade sem fins lucrativos que realiza a coleta de
sangue e distribui para os principais hospitais paulistanos.

Cirurgias que marcaram a história


Em 1929, o Hospital Militar realizou a primeira simpatectomia para alivio da dor. Procedi-
mento inédito entre os hospitais militares brasileiros, realizado pelo major médico Dr. Ezequiel
Nunes de Oliveira e pelo primeiro tenente médico Dr. Aristóteles Cavalcanti de Albuquerque.

Em 1967 foi realizada a primeira aplicação de enxerto autógeno-autoplástico pelo capitão mé-
dico Dr. José Justo Lanna de Souza e também foi realizada uma estapedectomia e timpanoplas-
tia pelo capitão médico Dr. Marcílio Silva Proa, procedimentos inéditos na medicina militar
brasileira, por ocasião de um grave acidente de instrução envolvendo alunos do Centro de
Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR-SP).

149
Centro de Estudos

P arte do sucesso do Hospital Geral de São Paulo diante das cirurgias realizadas, pode estar
relacionado com a inauguração do Centro de Estudos, ocorrido em 15 de março de 1958,
que possibilitou à instituição discutir os casos e buscar soluções a partir da pesquisa científica,
proporcionando uma maior eficácia do atendimento médico.

A sessão inaugural do Centro de Estudos contou com a presença do Diretor - coronel médico
Dr. José de Oliveira Ramos, do chefe de Saúde Regional da 2ª Região Militar coronel médico
Dr. Carlos de Paula Chaves, do Prof. Dr. Edgard Braga e de todos os oficiais médicos, dentistas
e farmacêuticos do Hospital Geral de São Paulo. O primeiro debate ocorrido naquela ocasião
foi apresentado pelo chefe dos serviços de Ginecologia e Obstetrícia – capitão médico Bene-
dito Homero Aquino Marques, relatando o seguinte caso: “prenhez tópico com abortamento
incompleto acompanhado de prenhez tubária rota com processo inflamatório de falópio direi-
ta, ovário direito e extremidade livre do apêndice vermiforme” – amplamente discutido pelos
oficiais médicos Edgard Braga Filho, Homero Camargo e Carlos Cozzupollite.

O Centro de Estudos foi criado com o intuito de promover o desenvolvimento científico e cul-
tural dos oficiais. Atualmente é responsável pela organização de cursos de aprimoramento das
áreas técnicas e dos serviços de atendimento aos usuários do HMASP.

Em 31 de março de 1967, foi criado o Pavilhão Cultural do Hospital Geral de São Paulo, com
o objetivo de desenvolvimento da ciência médica. O pavilhão era dotado por uma biblioteca
científica e foi batizada com o nome do General de Divisão Médico Dr. Olívio Vieira Filho,
Diretor de Saúde na época. Também era composto por um auditório com capacidade para 130
ouvintes.

Em 05 de julho de 1968, foi criado o Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental. A data foi
escolhida por ocasião do aniversário de 50 anos da inauguração da pedra fundamental do
Hospital Militar no Cambuci.

General Oscar Lopes da Silva, comandante da 2ª O coronel médico Aquino Marques, diretor do HGeSP, discursa durante
Região Militar, assina o pergaminho de inauguração o evento de inauguração do Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental.
do Centro de Pesquisa e Cirurgia Experimental. 1968.
1968.

150
Como funcionavam as Enfermarias
do HGeSP até 1982

A s enfermarias do Hospital Geral de São Paulo eram segmentadas por especialidade ou


por complexidade de procedimento cirúrgico qual o paciente era submetido. A partir do
final da década de 1970 até o ano de 1982, a distribuição das enfermarias era a seguinte:

1ª e 2ª Enfermaria
Cabos e Soldados com problemas oftalmológicos e otorrinolaringológicos - atendimento tam-
bém aos dependentes de militares e pensionistas, possuindo um pequeno Centro Cirúrgico
destinado aos casos de Otorrinolaringologia.

3ª Enfermaria
Cabos e Soldados baixados para casos cirúrgicos - possuía também um pequeno Centro Ci-
rúrgico. Caso houvesse a necessidade de realizar uma cirurgia de porte maior, o paciente era
destinado à 11ª Enfermaria que possuía mais recursos.

4ª Enfermaria
Cabos e Soldados baixados com problemas ortopédicos e traumatológicos. Os casos mais gra-
ves eram encaminhados para a 11ª Enfermaria.

5ª Enfermaria
Subtenentes e Sargentos internados em observação pela Clínica Médica ou para tratamento.

6ª Enfermaria
Cabos e Soldados internados em observação pela Clínica Médica ou para tratamento.

7ª Enfermaria
Funcionava o xadrez do HGeSP, que foi desativado durante a direção do coronel médico Dr.
Aroldo Taranto Reis.

8ª e 10ª Enfermaria
Cabos e Soldados internados com doença infecto-contagiosa.

9ª e 11ª Enfermaria
Maternidade e Centro Cirúrgico principal. Também possuía salas para exames, apartamentos
individuais e uma enfermaria masculina para recuperação pós-cirúrgica.

12ª Enfermaria
Destinada aos ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) portadores de enfer-
midades e destinada como asilo para os desagregados da família.

13ª Enfermaria
Destinada para os casos psiquiátricos ou neurológicos. Nos casos mais graves, os pacientes
eram transferidos para o PNP do Hospital Central do Exército (Rio de Janeiro-RJ) ou para
outro hospital conveniado ao Exército.

151
Maternidade
Dona Laura do Amaral Lott

A ntigamente, apenas os militares da ativa tinham


acesso ao atendimento no Hospital Militar. A
partir da reformulação do Serviço Social do Exército,
os dependentes passaram a ter o mesmo direito de se
beneficiar da mais alta estrutura e tecnologia disponi-
bilizada para o atendimento. Essa nova demanda, fez
com que o General de Divisão Henrique Batista Dufles
Teixeira Lott, comandante da 2ª Região Militar e o te-
nente-coronel médico Dr. Generoso de Oliveira Ponce
idealizassem o Serviço de Maternidade no Hospital Mi-
Parto realizado no HGeSP em 1970. litar.

Com o apoio do Comando da 2ª Região Militar, a execução deste empreendimento foi reali-
zado pelo Serviço de Obras Regional, sendo inaugurado em 11 de dezembro de 1950, sobre a
ala direira do Pavilhão A. A Maternidade passou a se chamar “Dona Laura do Amaral Lott”,
em reconhecimento ao apoio do então comandante da 2ª RM. O primeiro chefe a assumir o
serviço foi o capitão médico Dr. João Fernandes Batista Lannes.

A Maternidade Dona Laura do Amaral Lott era compos-


ta pela sala de partos equipada com uma moderna mesa
para partos com gaveta, em aço inoxidável e movimentos
variados; lâmpada Scialytica e ressuscitador acoplado com
tubo de oxigênio; sala de cirurgia ampla e equipada; sala
de esterilização; berçário com sete berços, três encubadei-
ras de regulação automática de temperatura e um aparelho
de fototerapia com seis lâmpadas fluorescentes de 20 watts;
quatro apartamentos mobiliados com um quarto, uma en- Berçário do HGeSP em 1970.
fermaria com quatro leitos e uma varanda de circulação totalizando nove leitos. O serviço era
composto por um médico em regime de sobreaviso, quatro parteiras auxiliares em escala de 12
horas e duas enfermeiras berçaristas, além de contar com o atendimento de pré-natal realizado
pelo Ambulatório.

A Maternidade Dona Laura do Amaral Lott funcionou nestas instalações até a segunda metade
da década de 1970.

152
Centro Social do Hospital Geral de São Paulo
(CESO)

O Centro Social do Hospital Geral de São Paulo (CESO) foi uma entidade criada em 1962
na direção do coronel médico Dr. Tito Ascoli de Oliveira Maya. Tinha como objetivo
prestar apoio aos colaboradores e pacientes a partir da gestão de uma série de serviços na ins-
tituição. Seu portfólio era composto por:

GRANJA TENENTE VEIGA


A Granja Tenente Veiga utilizava uma área verde do terreno do hospital, nas proximidades da
Rua Ouvidor Portugal, para o plantio de hortaliças que eram aproveitadas prioritariamente
para compor a dieta dos pacientes. Nos casos de sobra destes gêneros, eram vendidos para os
servidores. A Granja foi criada em 1954 e desativada em 1978, dando espaço para o módulo
ambulatorial da nova construção do Hospital Geral de São Paulo.

SEÇÃO DE MANUTENÇÃO E TRANSPORTE


A Seção de Manutenção e Transporte era administrada pelo CESO, responsável pelo transpor-
te de pacientes, pela manutenção das ambulâncias e das viaturas administrativas. O combustí-
vel era fornecido pela Petrobras, que instalou uma bomba no local. O CESO permitia ainda a
venda do combustível para os militares. Desta forma, angariava recursos para manutenção das
viaturas e outras melhorias necessárias para o Hospital.

FARMÁCIA DO ARSE
A Farmácia do ARSE (Anexo Reembolsável de Saúde do Exército) realizava a venda de medi-
camentos produzidos pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) para os
pacientes e servidores a baixo custo, tornando mais acessível o tratamento.

CANTINA
No início dos anos 1970, a cantina deixou de ser arrendada e passou a ser administrada pelo
CESO, responsável pela sua reforma naquela época. O lucro obtido era revertido para o hos-
pital.

LAVANDERIA
A Lavanderia atendia às demandas do Hospital e também prestava apoio às outras Organi-
zações Militares, com o repasse de recurso dessas unidades. Em outubro de 1967, alcançou a
marca de 7.700 peças lavadas.

153
Imagens do aniversário do HGeSP
há 50 anos

Inauguração do retrato
do Diretor de Saúde.
1970.

General Olívio Vieira Filho (Diretor de Saúde) e General Solenidade de aniversário dos 50 anos do
Oscar Lopes da Silva (Comandante da 2ª Região Militar). Hospital Geral de São Paulo. 1970.
1970.

Cerimônia realizada no Centro de Estudos. 1970. Almoço realizado no Cassino dos Oficiais. 1970.

Confraternização de Natal. 1969. Serviço de Aprovisionamento. 1970.

154
Interior da Farmácia Hospitalar. 1970.

Laboratório de Análises Clínicas. 1970.

Sala de Oftalmológia. 1970. Gabinete Odontológico. 1970.

Lavanderia Hospitalar 1970.

155
28 Incêndio do Edifício Joelma:
a operação de resgate do HGeSP

N a manhã chuvosa do dia 1º de fevereiro de


1974, São Paulo acompanhava atônita ao in-
cêndio do Edifício Joelma (atual Edifício Praça das
Bandeiras), nas confluências da Rua Santo Antônio
com a Avenida Nove de Julho, onde funcionava a
sede do Banco Crefisul de Investimentos. O incêndio
iniciou às 08:45 da manhã, devido a um curto-cir-
cuito em um aparelho de ar condicionado instalado
no 12º andar. O edifício possuía salas separadas por
divisórias, móveis de madeira, pisos acarpetados,
cortinas de tecido e forros de fibra sintética - o que
facilitou a combustão. Em pouco minutos, o prédio já havia sido tomado pelas chamas. As ce-
nas dramáticas daquele episódio, das vítimas desesperadas que se jogavam do edifício, perma-
necem vivas na memória da população. Esse fato é considerado o terceiro maior incêncio em
arranha-céu do mundo, superado apenas pelos casos do Edifício Andraus (São Paulo - 1972) e
da queda das torres gêmeas do World Trade Center (Nova Iorque - 2001).
O Hospital Geral de São Paulo elaborou rapida-
mente um plano de ação e às 10 horas da manhã
entrou em rigorosa prontidão, atendendo aos arti-
gos 499, 500 e 501 do RISG (Regulamento Interno
e dos Serviços Gerais), considerando esta medida
necessária pela urgência e pela calamidade públi-
ca. Na sequência enviou um radiograma à 2ª Re-
gião Militar informando sobre a operação.
Uma equipe médica acompanhava o helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB), prefixo SHID
8537, comandado pelo major aviador Sergio Pradatzki. Este helicóptero chegou ao local 50 mi-
nutos após o início do incêndio e foi a única equipe aérea a se aproximar das vítimas naquela

156
manhã. Os resgatados eram levados para o heliponto da Câmara Municipal de São Paulo, que
foi utilizado como base, onde outros dois helicópteros disponibilizados pelas empresas Pirelli
- comandado pelo piloto Carlos Alberto Alves, e pela Indústria de Papel Simão (atual Votoran-
tim Celulose e Papel) - comandado pelo coronel R1 Telmo, com uma equipe médica do HGeSP
em cada um dos aparelhos, realizava o translado das vítimas até o Cambuci.

No Hospital, duas salas de operações


do Bloco Cirúrgico foram disponibi-
lizadas. Equipes de padioleiros foram
montadas para auxiliar no transpor-
te dos feridos para as enfermarias.
No Bloco Cirúrgico da 3ª Enferma-
ria, foi montada uma equipe de aten-
dimento emergencial formada por
cirurgiões, anestesistas, cardiologis-
tas, neurologistas, ortopedistas, clí-
nicos gerais, radiologista, cirurgiões
plásticos, dermatologistas e apoio ao
diagnóstico feito pelo Laboratório
de Análises Clínicas. Ambulâncias
foram prontamente disponibilizadas para a evacuação das vítimas que necessitavam de atendi-
mento especializado ou de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para os outros
hospitais. Nesta época, o HGeSP não tinha suporte para medicina intensiva.

A farmácia ficou responsável pelo controle dos medicamentos utilizados durante a operação. A
equipe da portaria era responsável pela identificação das vítimas que foram atendidas e inter-
nadas no HGeSP. A equipe da secretaria era responsável pelo suporte documental em caráter
de urgência. As Irmãs de Caridade, liderada pela Irmã Superior Mafalda Prestes, realizava o
serviço religioso e uma equipe foi montada para receber as bolsas de sangue fornecidas pela
Colsan.

Neste 1º de fevereiro, a Operação Joelma contou com uma equipe formada por 118 pessoas -
civis e militares, composta pelo corpo clínico,
pelo serviço de aprovisionamento (responsá-
vel pelo preparo da dieta prescrita às vítimas
internadas) e pelo pessoal administrativo; por
cirurgiões plásticos do Hospital dos Defeitos
da Face (atual Hospital da Cruz Vermelha Bra-
sileira), por enfermeiros voluntários que traba-
lhavam no Hospital Cruz Azul e no Hospital
do Servidor Público, pelas Irmãs de Caridade e
por militares do 2º Batalhão de Guardas e do 2º
Batalhão de Polícia do Exército, que realizavam

157
o apoio de segurança naquela ocasião.

O presidente da República, General de Exér-


cito Emílio Garrastazu Médici, visitou rapi-
damente e em caráter extra-oficial o Hospital
para acompanhar o atendimento às vítimas.
Entrou em cada um dos quartos, verificou a
estrutura de atendimento aos feridos e con-
versou com o coronel Aquino (Diretor do
HGeSP), preocupado se havia alguma neces-
sidade de material naquele momento crítico.
O Hospital Geral de São Paulo também recebeu a visita do General de Exército Ednardo D’Ávi-
la Mello, comandante do II Exército; do General R1 Servulo da Motta Lima, secretário de
segurança pública do Estado de São Paulo; do tenente-coronel médico Dr. Américo Crispim,
chefe do Serviço de Saúde da 2ª Região Militar; e do Dr. Ary do Carmo Russo, diretor do De-
partamento de Higiene e Saúde da Prefeitura de São Paulo.

Dezenove vítimas do Joelma foram transportadas por helicóptero e atendidas pelo HGeSP.
O soldado Cid Dias Vieira, do 2º Grupamento de Artilharia Anti Aérea, sofreu queimaduras
de primeiro grau na região dorsal e na planta dos pés, além de algumas escoriações durante a
operação de resgate do Joelma e foi transportado por ambulância. Este é o único registro de um
militar do Exército ferido naquela ocasião.

Marilúcia Moreira da Silva e Marta Aparecida Siqueira Souza, ambas de 19 anos, chegaram
de helicóptero ao hospital e se encontravam em parada cardiorrespiratória. A equipe médica
tentou ressuscitá-las por mais de 45 minutos, sem sucesso. Seus corpos foram encaminhados
para o Instituto Médico Legal. As demais vítimas permaneceram internadas no Hospital Geral
de São Paulo até o restabelecimento de sua saúde. O incêndio do Joelma provocou a morte de
187 pessoas e deixou 300 feridos.

VÍTIMAS DO INCÊNDIO DO EDIFÍCIO JOELMA


RESGATADAS PELO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO EM 1º DE FEVEREIRO DE 1974
Carlos Alberto da Silva Maria Aparecida Rodrigues
Dirceu Rodrigues de Barros Maria Fernandes Ricardo Braquesi
Elisabete Assali Marilucia Moreira da Silva
Elizeu de Souza Marta Aparecida Siqueira Souza
Evaldo Bezerra do Amaral Osvaldo Sensi Filho
Everaldo Jorge Lins Paulo Berenice Filho
Ilda Yoko Kunituka Sidney Birman
Jean Paulo Gregório Sueli Versegnassi de Carvalho
José Antônio Vieira Vanilda Aparecida Barbosa
José Virgínio Gomes Rezende

158
EQUIPE DE PRONTIDÃO NA “OPERAÇÃO JOELMA” - 01/02/1974
MÉDICOS DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
Coronel Médico Major Médico
Dr. Benedito Homero Aquino Dr. Gilvan de Moraes Pessoa
Marques Clínico Geral
Cirurgião e Diretor do HGeSP
Major Médico Major Médico
Dr. Remígio Loureiro da Silva Dr. Ronald Martins
Cardiologista Tisiologista e Dermatologista
Capitão Médico Capitão Médico
Dr. José Justo Lanna de Souza Dr. Argos Aécio Procopiak
Cirurgião Anestesiologista
Primeiro Tenente Primeiro Tenente
Dr. Luiz Carlos Viola da Silveira Dr. Emmanuel Antunes de Almeida
Urologista Mendes
Cirurgião
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. José Henrique Scabello Dr. Luiz Carlos Criado
Anestesiologista Oftalmologista
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. Alexandre Adauto Saqui Arndt Dr. Plínio Pereira Marques Garcia
Radiologista Neurologista
Segundo Tenente Segundo Tenente
Dr. Marcelo Zugaib Dr. Octavio Rizzi Coelho
Clínico Geral e Ginecologista Cardiologista
Apirante a Oficial Médico Civil
Dr. lapércio Gomes de Matos Dr. Sergio Mauro Sana
Anestesiologista Cirurgião Ortopedista
CIRURGIÕES PLÁSTICOS DO
HOSPITAL DOS DEFEITOS DA FACE
Dr. José Antônio Veloso Bastos Dr. Francisco Chagas Ley
Dra. Maria Aparecida Carminha e
Costa
ENFERMEIRAS VOLUNTÁRIAS
Eliza Bela de Jesus Gildávia Maria dos Santos
Hospital Cruz Azul Hospital Cruz Azul
Maria Isabel Nogueira
Hospital do Servidor Público
SUBTENENTES E SARGENTOS DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
Subtenente 1º Sargento
Antônio Heleno Bruno Fraçon
1º Sargento 2º Sargento
Gil Fagundes Laert Gonçalves Barbosa
2º Sargento 2º Sargento
Adhemar José do Valle Merildo Pereira de Farias
2º Sargento 2º Sargento
Romeu Gibson de Mendonça Adilson de Oliveira Pinheiro

159
3º Sargento 3º Sargento
Orozimbo de Oliveira Ivo dos Santos Souza
3º Sargento 3º Sargento
Gladstone de Lucena Tavares Antônio Luiz Soares
3º Sargento
Hélio Lopes da Silva
FUNCIONÁRIOS CIVIS DO SERVIÇO DE APROVISIONAMENTO
QUE AUXILIARAM NA PARTE DIETÉTICA PRESCRITA ÀS VÍTIMAS INTERNADAS
Ary Ubaldo da Costa Antônio Carlos de Oliveira
Sebastião Ferreira da Silva Paulo Músico
Jovelino Gonçalves Henrique Firmino Campos
João Sabino da Silva José dos Santos Cardoso
João Batista Ferreira Arlindo Alves da Costa
SECRETARIA DO HOSPITAL GERAL DE SÃO PAULO
2º Tenente QOE 2º Sargento
José Wellington Freire Neme de Oliveira Sardim
2º Sargento 3º Sargento
Galdino Rodrigues de Araújo Abdo Jorge Hatene
Cabo Servidor Civil
Antônio Tadeu Vasconcelos Campos Antônio Branko Troja
Servidora Civil
Sebastiana da Paz
MILITARES DO 2º BATALHÃO DE GUARDAS
QUE REALIZARAM A SEGURANÇA
Capitão Subtenente
Aroldo Benedicto de Faria Cursino Heitor Marques Fontes
1º Sargento 2º Sargento
Narley de Almeida Alfaro Gilberto de Oliveira Lima
2º Sargento 2º Sargento
Gilberto de Oliveira Lima Jicto Bezerra dos Santos
2º Sargento 3º Sargento
Gumercindo Ferreira Galvão José Roberto Pereira da Silva
3º Sargento 3º Sargento
José Guilherme Colombo José Osvaldo Trindade
3º Sargento 3º Sargento
Albino Rocha Martins Filho Leovaldo Luiz da Costa e Silva
Cabo Cabo
Francisco Santos Nascimento Jair Moreira
Cabo Cabo
Claudionor Alves Izidoro Alsergio Forner
Cabo Cabo
Joaquim Agnelo Cordeiro Alair Fernandes
Cabo Cabo
José Gonçalves Filho Almírio Goedert
Cabo Cabo
Carlos Antônio Pádua Geraldo Pedro Silva Filho

160
Cabo Cabo
José Roberto Cavalcante Euclydes Dyna Filho
Soldado Soldado
José Pedro Pedace Belmar Valério da Silva
Soldado Soldado
Benedito José Rocha Santos Fernando Ferreira Leite
Soldado Soldado
Clóvis Lopes da Silva Gérson Lobo da Silva
Soldado Soldado
Jorge Henrique da Silva Brito Rafael Sans Veiga
Soldado Soldado
Reginaldo Garcez Novaes Bastos Roberto Diniz
Soldado Soldado
Rubens Frank Negri Waldir Machado
Soldado Soldado
José Anastácio Ferreira Roberto Januário
Soldado Soldado
Adauto Gonçalves Clóvis Maria Amélia
Soldado
Seimo Constantino Walcow
MILITARES DO 2º BATALHÃO DE POLÍCIA DO EXÉRCITO
QUE REALIZARAM A SEGURANÇA
Cabo Cabo
Geraldo Pedro dos Santos Filho Gilberto Vestino
Cabo Soldado
Einstein de Jesus Teixeira da Costa Carlos Tadeu de Campos
Soldado Soldado
Zilton Jacinto Gomes Epifanio de Moura Castro
Soldado Soldado
Mario Luiz Garcia Messias Roberto Magno Forlan
Soldado
Reinaldo Garcez Novaes Bastos
FUNCIONÁRIAS CIVIS QUE PERMANECERAM DE PLANTÃO
EM 1º DE FEVEREIRO DE 1974
Ruth Magalhães Nicolina Ferrete
Carmen Gutierre Cleusa Ytuko Amamura
Dorotéa de Andrade Maria dos Anjos
Isabel Candido da Silva Carolina M. Catardo
IRMÃS DE CARIDADE QUE REALIZARAM ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
ÀS VÍTIMAS DO EDIFÍCIO JOELMA
Irmã Mafalda Prestes Irmã Joaquina Santiago
Irmã Superiora
Irmã Francisca Martins Irmã Maria Socorro Sampaio
Irmã Francisca da Costa Contigo Irmã Anes de Bertolli
Irmã Maria Augusta Irmã de Angeli (Irmã Gabriela)

161
162
163
164
165
166
Último registro da antiga frente do HGeSP antes da demolição. Registro de 1986. 167
168 Sala da Chefia da Enfermagem em 1986.
Corredor da enfermaria da Pediatria e da enfermaria dos homens em 1986. Esta construção ganhou o apelido de “Hospital de Madeira” 169
devido ao assoalho e os seus estalos característicos ouvidos por quem caminhava sobre ele.
Enfermaria dos Oficiais e Dependentes.
Bloco Cirúrgico “Cel Med Dr. José de Oliveira Ramos”. 1986.

170 Enfermaria de Cabos e Soldados. 1986.


Sala de visitas e recreação da Enfermaria dos ex-combatentes da FEB
(12ª Enfermaria). 1986.

Enfermaria dos ex-combatentes da FEB (12ª Enfermaria) - Pavilhão “Marechal Dr. Emmanuel Marques Porto”. 1986. 171
Antigo Contingente antes da demolição. 1984.

172 O início da construção do novo hospital. As instalações originais foram


preservadas neste período para não interromper as atividades.
Construção do novo hospital visto pela entrada da Rua Ari Cajado.

O novo hospital e o trabalho de terraplanagem 173


após a demolição do “Hospital de Madeira”.
29 A construção do novo
Hospital Geral de São Paulo

D esde 1944, os diretores do Hospital Militar planejavam a construção de um novo pré-


dio que fosse mais moderno e eficiente para melhor atender à família militar. No ano
de 1978, o ministro do Exército General Fernando Belfort Berthlem mudou os planos para a
construção de um novo edifício para o Hospital Central do Exército (HCE), no Rio de Janeiro.
A partir dos estudos realizados pelo Departamento Geral de Serviços e pela Diretoria de Saú-
de, o recurso que seria destinado para esta obra foi desmembrado, beneficiando outras Orga-
nizações Militares de Saúde como a Policlínica Militar do Rio de Janeiro, a Policlínica da Vila
Militar (Rio de Janeiro), o Hospital Geral de Curitiba e o Hospital Geral de São Paulo.

Para o HCE, o recurso foi alocado para a construção do laboratório e para a reforma dos
pavilhões, da cozinha e dos refeitórios. Para o Hospital Geral de São Paulo, foi possibilitada
a construção do Ambulatório, além da construção do prédio do Aprovisionamento, que foi
inaugurado em 21 de fevereiro de 1981. Essa mudança de planos culminou na implantação da
primeira fase da construção do novo hospital.

174
O ambulatório, com entrada pela Rua Ouvidor
Portugal, ocuparia uma região do Hospital que
era uma área verde preservada desde 1920, desti-
nada para o plantio de hortaliças nos anos 1950,
denominada de Granja Tenente Veiga. A orga-
nização do projeto de implantação por módulos
facilitou para que a conclusão do novo hospital
fosse mais célere.

A obra do prédio ambulatorial iniciou em setem-


bro de 1979 e foi finalizada em dezembro de 1981.
O edifício possui uma área de oito mil metros
quadrados, com quatro pavimentos. Formado por
uma arquitetura moderna, no estilo monobloco.
Sua inauguração ocorreu em em 08 de dezembro
de 1982 (um ano após a conclusão) e contou com
a presença do General de Exército Walter Pires de
Carvalho e Albuquerque - Ministro do Exército.

Para a implantação das demais fases de implan-


tação do novo hospital, um plano foi elaborado
para que as atividades hospitalares não fossem
interrompidas, favorecendo uma desativação gra-
dativa das enfermarias e o cronograma para a de-
molição e construção dos módulos de internação
e industrial.

175
Anteprojeto do Hospital Geral de São Paulo inaugurado em sessão solene em 1978.

O anteprojeto assinado pelos arquitetos Antônio José Monteiro Filho e Antônio Camionotto,
foi inaugurado em 1978 em sessão solene presidida pelo diretor do Hospital Geral de São Pau-
lo, coronel médico Dr. Benedito Homero Aquino Marques. Este ousado projeto esbarrou na
necessidade de desativar o hospital por um longo período. A construção se concentraria no
espaço onde atualmente abriga o pavilhão de internação e industrial, a entrada principal ficaria
voltada para a Rua Ouvidor Portugal.

Enfim, o projeto assinado pelos arquitetos João Carlos Bross, Altino Mário dos Santos, Ricardo
Júlio Leitner e Arnaldo Villares de Oliveira foi o mais adequado, por possibilitar uma execu-
ção gradativa, provocando um menor impacto sobre a desativação dos pavilhões do Hospital.
Neste projeto, as salas do Centro Cirúrgico possui uma disposição circular similar ao modelo
construído no hospital militar americano Walter Reed Army Medical Center (Washington D.C.).

O documento datado de 1986, detalha as características sobre a arquitetura e a distribuição dos


serviços na nova instalação do Hospital Geral de São Paulo:
“Partido arquitetônico: Os edifícios que complementarão o Hospital abrigam
a Internação, atividades de tratamento e Bloco Industrial. O Bloco de Inter-
nação está situado sobre o eixo prolongado do Ambulatório e forma nos pavi-
mentos superiores um setor central de circulação vertical e administrações bio-
médicas e três pavilhões de internação com cerca de 40 leitos cada. Atendendo
a fatores ecológicos como ventilação e insolação, os andares de internação têm
um vazio central com cobertura translúcida, promovendo assim uma aeração
natural dos alojamentos de pacientes, paralelamente ao estabelecimento de no-
vos padrões de psicologia ambiental. No pavimento térreo situam-se as áreas de
Direção, Administração e Conforto do Pessoal e Auditório. No subsolo que terá
a mesma cota que o último nível do ambulatório será composta pela Emergên-
cia e Repouso, pela Unidade de Terapia Intensiva, pela Agência Transfusional
e pelo Centro Cirúrgico e Obstétrico.

176
Conta ainda o Bloco de Internação com um andar mecânico onde se loca-
lizam a Hotelaria, a Central Telefônica e o Setor de Pessoal. Este andar é
também o meio de circulação de material entre o Bloco Industrial e o Ambu-
latório/Internação. Assim toda a movimentação de materiais são realizadas
por este pavimento, sem cruzar com os pacientes ou os visitantes. Para a cir-
culação vertical existem duas prumadas distintas, ou seja, para pacientes e
visitantes e para o pessoal e material.

O Bloco Industrial situa-se também como corredor de circulação entre o


Aprovisionamento e a Internação. Tendo esse edifício características cons-
trutivas industriais engloba as quatro áreas de processamento que permitem
que os carros sejam expurgados e lavados, sendo agrupados numa área de
montagem e programação de transporte para onde convergem as quatro che-
fias de setores. Com este sistema resultará em uma maior racionalização dos
transportes e na armazenagem dos itens de consumo.

No Bloco Industrial está localizado o Setor de Patologia e Medicina Legal.


Completam o conjunto os velórios com acesso externo independente, através
de pátio privativo.

Construção do Bloco de Internação do HGeSP. c. 1985.

“Fase de implantação imediata: Nesta primeira fase foram construídos os


Blocos de Internação com 192 leitos, Emergência, Centro Cirúrgico, Unida-
de de Tratamento Intensivo, Administração, Bloco Industrial (Almoxarifado,
Farmácia, Lavanderia, Esterilização e oficinas, além de Velório e vestiário).

177
O Hospital foi construído em três blocos unidos por corredores centrais:

Bloco de Internação: englobando as alas de internação, Direção, Administração,


o Conforto Pessoal, Salão Nobre, UTI, Banco de Sangue, Centro Cirúrgico e Obs-
tétrico, Setor de Pessoal Civil, Central Telefônica, Setor de Cópias Reprográficas e
o Centro de Processamento de Dados.

Bloco Industrial: compõe-se toda sorte de complementação de serviços gerais


como: Almoxarifado, Farmácia, Lavanderia, Esterilização, Oficinas de Manuten-
ção, Velórios e Medicina Legal. No piso superior o vestiário para o pessoal militar.

Bloco Ambulatorial: onde se encontram a Odontologia, a Clínica Médica com


todas as especialidades, o Centro de Estudos, a Bliblioteca, o SAMMED, a Alfaia-
taria, Ótica, Farmácia, Revistaria e a Cantina.”
E assim, o sonho se tornou realidade. Cumprida a missão, foi inaugurado o novo Hospital Ge-
ral de São Paulo, em 09 de dezembro de 1986, seguido da demolição do antigo hospital.

Visto externamente é um prédio convencional. Transporta a porta principal, a sensação de


entrar em um moderno centro de saúde. Do hall ao último andar, jardins verticais dominam o
saguão central. Plantas variadas espalham-se por toda área e podem ser vistas de vários ângu-
los e de qualquer espaço interno. Dentro desse ambiente agradável, os vários setores médicos
vão se harmonizando e humanizando o atendimento.

Em 1986, a área externa do HGeSP era composto por um amplo estacionamento, heliponto,
garagem, Contingente, Corpo da Guarda, barbearia, ponto de táxi, rancho, reserva de arma-
mento, playground, subtenência, gruta e pela Casa de Hóspedes.

Vista aérea do Hospital Geral de


São Paulo, década de 1990.

178
Servidoras civis caminham pela alameda próxima à pérgola. Detalhe para a sede original antes da demolição (à direita). 1986. 179
180 Revista a tropa durante a cerimônia de passagem de Direção do HGeSP, do General Fayad ao Coronel Ubiratan. 1994.
181
182
Cerimônia de passagem de Direção. 1991. 183
184
Heliponto do Hospital. Na ocasião, ocorria uma obra de perfuração de um poço artesiano. 1992. 185
186
Corpo Clínico do Hospital Geral de São Paulo. 2000. 187
Acervo pessoal: 1º Ten R/2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski
30 A evolução do
Hospital Geral de São Paulo

O Hospital Geral de São Paulo


(HGeSP) passou por grandes
transformações após a inauguração da
sua nova sede no Cambuci no final de
1986. Durante a administração do co-
ronel médico Dr. Cleber Neves (1986-
1989), a cobrança dos tratamentos
odontológicos foi incorporado ao siste-
ma FuSEx. Anteriormente, os tratamen-
tos eram cobrados de forma avulsa.

Nas comemorações ao Dia do Soldado


Casa do Soldado. 1990.
(25 de agosto) de 1990, o tenente coro-
nel médico Dr. Marcos André Monteiro
Guimarães inaugura a Casa do Soldado,
alojamento destinado aos praças gradu-
ados, no local onde funcionava a antiga
Casa das Irmãs de Caridade.

Em março de 1992, na administração


do coronel médico QEMA (Quadro
do Estado-Maior da Ativa) Dr. Ricardo
Agnese Fayad, foi instalado o Centro de
Processamento de Dados. A chegada da
Informatização do HGeSP. 1992. informática revolucionou os processos
administrativos e gradativamente estaria presente no cotidiano de todo o hospital, propor-
cionando maior agilidade no atendimento aos beneficiários do sistema FuSex e otimizando a
emissão de laudos e exames. No mesmo ano, o hospital recebe os primeiros oficiais enfermei-
ros de carreira.

188
Em 31 de março de 1994, o diretor do HGeSP Dr. Ricardo Agnese Fayad alcança o posto de ge-
neral de brigada médico, tornando-se o primeiro a oficial general a dirigir o hospital (por um
curto período), passando a direção para o coronel médico Ubiratan da Rocha Freitas, no dia
27 de abril daquele ano. No último mês de sua administração, homenageia a família Mofarrej,
batizando o Centro de Estudos com o nome do empresário libanês Nassib Mofarrej e de sua
esposa Helena Sayeg Mofarrej.

Cesárea realizada na maternidade do Hospital Geral de São Paulo. À esquerda Ten Denise e à direita Ten Leryane. 2001.
Acervo pessoal: 1º Ten R/2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski

Em 1996, o hospital incorpora os primeiros Oficiais


Técnicos Temporários (OTT) femininos formados
pelo Centro de Preparação de Oficiais da Reserva
de São Paulo (CPOR-SP). Em 22 de maio do mes-
mo ano, durante a gestão do coronel médico QEMA
Dr. Emílio José de Almeida da Silva, foi inaugurada
a maternidade do Hospital Geral de São Paulo, ocu-
pando o quinto pavimento das Unidades de Interna-
Ten Leryane e o pequeno Pedro Henrique, filho do capitão
farmacêutico Mario Sérgio Olyntho, do HGeSP. 1997. ção. Esta maternidade estava preparada para os par-
Acervo pessoal: 1º Ten R/2 Leryane Marques de Araújo
Blaszkowski
tos de baixo risco e normalmente os partos ocorriam
de forma programada. Nos casos de gravidez de maior complexidade, as gestantes eram enca-
minhadas para o Hospital Leão XIII (atual Hospital São Camilo), no Ipiranga, que possuía UTI
Neonatal. Este serviço ficou disponível até 24 de janeiro de 2003, quando o hospital passou
apenas a atender o pré-natal e encaminhar as gestantes para realizar o parto nas instituições
médicas credenciadas pelo sistema FuSEx.

189
Em 1997, o HGeSP realiza em caráter iné-
dito no âmbito do Exército Brasileiro a ci-
rurgia de videolaparoscopia, pelo major
médico Marcelo Paiva de Oliveira. Poste-
riormente este procedimento cirúrgico co-
meça a ser realizado no Hospital Central do
Exército (HCE), no Rio de Janeiro.

No mesmo ano, foi inaugurado a Casa de


Hóspedes do Hospital Geral de São Paulo,
Quarto da Casa de Hóspedes em 1997. nas instalações anteriormente ocupada pela
Casa do Soldado.

Em 1998 por iniciativa do diretor do


HGeSP, coronel médico QEMA Dr. Grimá-
rio Nobre de Oliveira e de sua esposa Sra.
Leila Oliveira, foi criado o grupo de con-
vivência social da terceira idade Pioneiros
da Colina, importante elo entre a sociedade
civil, com a realização de atividades recre-
ativas e culturais. A iniciativa foi elogiada
Primeira formação do Grupo Pioneiros da Colina. pelo Comandante do Exército – General de
Exército Gleuber Vieira, que encaminhou
uma mensagem especial em 18 de janeiro
de 2001: “conhecedor da brilhante iniciativa,
tenho acompanhado o seu êxito, bem como
afirmo ter ciência do esforço despendido pelo
Coronel Grimário e pela Senhora Leila no
apoio à consecução dos objetivos da entida-
de”.

No mesmo ano, o hospital recebeu o pri-


meiro efetivo de sargento temporário e o
Instrução de resgate à vítima de acidente, em frente à Unidade de
Pronto Atendimento e Triagem do HGeSP. Junho de 1999. primeiro efetivo de sargentos (também
temporários) do sexo feminino. O ano de 1999 foi repleto de atividades sociais, educativas e
desportivas. Foram realizadas a primeira Jornada Médica do HGeSP, com o tema “Medicina
do Esporte: da criança ao idoso”, a primeira Jornada de Enfermagem, a primeira Jornada
Odontológica e o primeiro Seminário de Informática em Saúde, eventos realizados pela Seção
de Planejamento e Extensão de Ensino, no Centro de Estudos do HGeSP. Em parceria com o
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, foi realizado o I Seminário de
Atualização em Suporte Básico de Vida, com abordagens sobre os primeiros socorros, imobili-
zação e transporte à vitima de acidente. No ano 2000, militares de saúde do HGeSP participam
da missão de paz UNTAET – Administração de Transição das Nações Unidas no Timor Leste.

190
Na gestão do tenente coronel médico
Dr. Antônio Júlio Soares da Costa foi
criado o Posto de Vacinação do Hos-
pital Geral de São Paulo, em parceria
com a Secretaria de Saúde da Prefeitura
de São Paulo. Este posto possui gran-
de relevância por realizar a imunização
dos militares de São Paulo que são des-
tinados para missões no Exterior além
de atender a população civil que reside
próximo ao hospital. As doses são for-
necidas pela Prefeitura de São Paulo e o
posto é administrado pelo HGeSP.
Campanha de vacinação.

No ano de 2003, durante a administração do coronel médico QEMA Dr. Adamastor Dias Ma-
tos, o hospital começa a participar do programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar
(CQH) da Associação Paulista de Medicina (APM), possibilitando comparar seus resultados
com os principais hospitais paulistas, a partir da estatística hospitalar. Este período também
é marcado pela implementação do Programa de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro
(PEG-EB) e pela retomada das grandes cirurgias cardíacas, iniciadas em maio 2004. Foram
realizadas 36 cirurgias cardíacas (entre revascularização do miocárdio e cirurgias para corre-
ção de valvopatia), além de quarenta implantes de marcapasso. As cirurgias eram coordenadas
pelo chefe do Serviço de Cardiologia, tenente coronel médico Dr. Fernando Moreira Mesquita
e foram realizadas pelo médico civil convidado Dr. Luiz Boro Puig, doutor em Cirurgia Cardí-
aca pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (como cirurgião responsável),
contando com os trabalhos dos médicos Dr. Carlos Eduardo Tossunian e Dr. Fábio Antônio
Gaiotto em sua equipe. Esses procedimentos cirúrgicos foram realizados até janeiro de 2006.

Em 2005, durante a gestão do coronel médico Dr. Sidney Gomes, o Hospital Geral de São Pau-
lo consolida o PEG-EB a partir dos trabalhos realizados pelo Núcleo de Excelência Gerencial
(coordenado pelo tenente coronel farmacêutico Jorge Luiz Barbosa da Silva), da mensuração
dos resultados administrativos a partir do Escritório de Projetos (liderado pela servidora civil
Solange Gomes dos Santos) e dos resultados técnicos a partir do Setor de Estatísticas (chefiado
pela capitão QCO veterinária Liliana Elias Cardoso. O serviço de Aprovisionamento passa por
uma reestruturação técnica e administrativa com a chegada do capitão intendente Luiz Carlos
de Souza Fonseca Filho, introduzindo métodos eficazes de segurança alimentar, incluindo a
capacitação profissional dos servidores civis e militares lotados no setor. O setor de Almoxa-
rifado, sob a administração do mesmo capitão intendente, aprimora seus padrões logísticos e
de catalogação, tornando-se mais eficaz no atendimento às demandas hospitalares e cirúrgicas.
As melhorias do hospital catalogadas entre os anos de 2003 a 2006, apresentadas à equipe do
Instituto Instituto Paulista de Excelência da Gestão (IPEG) foram: a adesão e criação do Con-
trole de Qualidade Hospitalar (CQH), criação do Setor de Controle Estatístico, parcerias com
a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), criação da intranet do HGeSP, mudança
de localização da Ouvidoria, da Clínica Cardíaca, do Grupo Obesidade, da Cantina do Am-

191
bulatório, da Central de Entrega de Exames, da Central de Impressão e o Credenciamento do
Laboratório de Análises Clínicas (LAC) no sistema de Controle de Qualidade - CNPQ, com o
grau “Excelente”.

O IPEG conferiu o Prêmio Paulista da Qualidade da Gestão (PPQG) Categoria Bronze, referen-
te aos ciclos 2005/2006 ao HGeSP, adotando os seguintes quesitos como critério de avaliação:
Liderança; Estratégias e Planos; Ciências; Sociedade; Informações e Conhecimento; Pessoas;
Processos; e Resultados. Este período também é marcado pelo hospital ter se tornado referên-
cia em cirurgias traumato-ortopédicas e pela disponibilidade de realizar cirurgias de mão.

O HGeSP, recebe o Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão - categoria bronze 2005/2006, em 2006. (Da esquerda para direita) Coronel
Médico Dr. Sidney Gomes, diretor do HGeSP; Servidora Civil Solange Gomes dos Santos, do Escritório de Projetos do HGeSP; e General de
Divisão Sérgio Luiz Vaz da Silva, comandante da 2ª Região Militar. Acervo: IPEG - Instituto Paulista de Excelência da Gestão

No ano de 2009 o HGeSP aprimora os meios digitais e cria a equipe de desenvolvimento de


software, realiza a implantação do sistema de gerenciamento da Odontologia, do sistema de
notas fiscais e do sistema de geração de ordem de serviço on line - nesta primeira fase, inter-
ligando o setor de Manutenção Geral. O sistema de senha eletrônica do FuSEx Atendimento
entra em operação. Este também é o ano que o hospital inaugura a sua página na internet.

Este período da última direção da fase HGeSP, administrado pelo coronel médico Dr. Fernan-
do Storte, foi marcado pelo compromisso com o meio ambiente - a área verde do Complexo
Cambuci foi recuperada, com o plantio de três mil mudas de árvores de espécie nativas (2008).
Um minucioso trabalho de mapeamento das espécies de aves e das árvores e plantas existen-
tes na área verde do HGeSP foi realizado pelo coronel farmacêutico Mário Sérgio Olyntho.
As instalações do hospital se tornavam mais agradáveis aos usuários, dentro da política de
humanização do atendimento. As Juntas de Inspeção de Saúde, a Odontoclínica, o Serviço de

192
Diagnóstico por Imagem, o consultório de Ginecologia e os apartamentos da Unidade de In-
ternação foram modernizados, proporcionando maior conforto para os pacientes.

O Hospital Geral de São Paulo gradativamente se preparava para um novo desafio que se inicia
a partir de 1º de janeiro de 2010 - quando se torna o Hospital Militar de Área de São Paulo
(HMASP).

Incorporação de Soldados

A primeira incorporação de soldados ocorreu no ano de 1949, para a composição do servi-


ço de Motorista de Dia, composto apenas por três militares. O primeiro grupamento in-
corporou em 1953, com dezesseis soldados que permaneciam adidos ao 2º Batalhão de Saúde
e vinculados ao Contingente do Hospital Militar. Desde 1935, o efetivo de soldados era com-
posto pelos militares da 2ª Formação Sanitária Regional (posteriormente transformada em
2º Batalhão de Saúde), que disponibilizava os militares para apoio nas atividades do hospital.
De 1949 a 2009 (ano da última incorporação de soldado do efetivo variável), incorporaram às
fileiras do Exército Brasileiro para servir no Hospital Geral de São Paulo 3.028 soldados.

As incorporações anuais não ultrapassavam a


quantidade de vinte militares por ano. Apenas
na década de 1980, após a inauguração da nova
sede do Hospital Geral de São Paulo, a institui-
ção passa a receber grupamentos com efetivos
maiores, para suprir a demanda das atividades
de apoio. Este primeiro grande grupamento,
incorporado em 26 de janeiro de 1987, contou
com 98 soldados. Parte da instrução básica
era realizada na 3ª companhia do 2º Batalhão
Primeiro grupamento de Soldado EV da
nova fase do HGeSP. 1987. de Guardas, no Cambuci, Organização Militar
Acervo Pessoal : 2º Sgt/R1 Adilson José Antônio que sucedeu o 2º Batalhão de Saúde.

Grupamento de Cabos e Soldados do HGeSP. 1992.

193
Em 02 de agosto de 2004 o Hospi-
tal Geral de São Paulo teve a incor-
poração de um grupamento espe-
cial, do Programa Soldado Cidadão.
Além dos 34 soldados incorporados
tradicionalmente para o efetivo do
grupamento B, mais 50 militares
integraram o grupamento C. Nesta
época, parte da instrução era reali-
zada na Base Administrativa e Apoio
da 2ª RM, que ocupava as instala-
Grupamento B e C/2004 no período de instrução básica. Setembro/2004.
ções construídas na década de 1930,
localizada aos fundos do HGeSP. O
último grupamento a frequentar este
local foi o B/2005. Posteriormente
essas edificações foram demolidas,
dando espaço conjunto de torres re-
sidenciais (PNR) e ao Hotel de Trân-
sito do Forte Cambuci.

O soldado que no seu período inicial


do serviço militar se destacava pelo
comportamento, obtendo o melhor
Antiga Base de Administração e Apoio da 2ª RM, no Cambuci. 2005.
desempenho no período de instru-
ção e boa avaliação pelo seu superior imediato no exercício de suas funções na organização
militar passou a ser condecorado com a Medalha de Praça Mais Distinta. O primeiro militar
a receber esta honraria foi o soldado Marcos Paulo de Lima Lunaro, do grupamento A/1996.
A partir de 2002, o Hospital Geral de São Paulo passa a conceder regularmente esta honraria,
escolhendo o destaque entre as duas incorporações do ano. A partir do ano de 2007, o HGeSP
passou a conceder a medalha por grupamento incorporado.
ANO PRAÇA MAIS DISTINTA - SOLDADOS GRUPAMENTO
1996 Marcos Paulo de Lima Lunaro A/1996
2002 Rodrigo de Sousa A/2002
2003 Ricardo Afonso Pereira B/2003
2004 Peterson Vale Rodas Caballero B/2004
2005 Adilson Fabio Gomes Ferreira A/2005
2006 Luigi Moreno Segatto A/2006
Marcel Falopa A/2007
2007
Wildmark Daniel do Carmo Queiroz B/2007
Richard Kikuchi Regonati A/2008
2008
Maurício Almeida Duarte B/2008
Lucas Firmiano dos Santos A/2009
2009
Danillo Pedroso Barranco B/2009

194
A missão de paz da ONU no Haiti
31

Foto: Centro de Comunicação Social do Exército

A Missão de Paz da ONU no Haiti teve por finalidade restabelecer a ordem naquele país,
que passava por uma grave crise institucional, de segurança e alta condição de vulnerabi-
lidade social. O presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide havia sido deposto em 29 de agosto
de 2004 e exilado na República Centro-Africana. No dia 10 de setembro, o Conselho de Segu-
rança das Nações Unidas (CSONU) a partir da resolução nº 1542, cria a MINUSTAH (sigla
em francês para Mission des Nations Unies pour La Stabilisation en Haïti – Missão das Nações
Unidas para a Estabilização do Haiti), com a finalidade de estabilizar e pacificar o país, desar-
mando os grupos guerrilheiros e rebeldes, além de fornecer alimento à população, formar o
desenvolvimento institucional e econômico e finalmente restaurar a democracia.

A primeira participação do Hospital Geral de São Paulo (HGeSP) na Missão de Paz ocorre no
segundo semestre de 2004, quando foi iniciado o processo seletivo para composição da Briga-
da Haiti que substituiria o primeiro contingente formado por militares do Rio Grande do Sul.
O segundo contingente era composto por militares do estado de São Paulo, organizado pela
12ª Brigada de Infantaria Leve – Aeromóvel.

195
Os voluntários de Saúde oriundos do HGeSP que participaram do segundo contingente da
Força de Paz foram: o major médico Carlos Eduardo Parra (cirurgião vascular, que participou
da Missão de Paz no Timor Leste em 2000); os capitães Dr. Daniel Gustavo Souza Barreto
(dentista), Odorico José Nogueira (bioquímico farmacêutico) e Dr. Luiz Carlos Burgarelli (mé-
dico especialista em Medicina Esportiva); o primeiro tenente médico temporário Dr. Marcelo
Tinliong Chen (ortopedista); os segundos tenentes médicos temporários Dr. Marcelo Talasso
Salim (cirurgião geral), Dr. Ricardo Del Manto (cirurgião geral) e Dr. Iversen Ferrante Boscoli
(cirurgião geral); e o segundo sargento de Saúde e Apoio Fernando José Berteles (técnico em
radiologia). Em outubro daquele ano, o efetivo iniciou os treinamentos no 6º Batalhão de In-
fantaria Leve, em Caçapava-SP.

Esta também é a primeira vez que o HGeSP realizou uma grande campanha de imunização do
efetivo para a missão de paz da ONU no Haiti. Foram aplicadas 8.210 vacinas, imunizando 980
militares contra o tétano, difteria, sarampo, caxumba, rubéola, hepatite tipo A e B, febre tifoide,
febre amarela, meningite A-C e sabin. A ação foi coordenada pelo capitão QCO enfermeiro
Maximiliano Seragioli Maimoni.

A tropa embarcou em um avião cargueiro rumo ao Haiti no dia 1º de dezembro de 2004. A


aeronave teve escala em Boa Vista-RR e desembarcou em Porto Príncipe, onde houve uma
solenidade militar. Foi um momento
marcado pela emoção da chegada dos
militares paulistas e da despedida dos
militares gaúchos que retornavam ao
Brasil. A Missão de Paz era comandada
pelo então General de Divisão Augusto
Heleno Ribeiro Pereira, atual ministro-
chefe do Gabinete de Segurança Institu-
cional da Presidência da República.

O efetivo do HGeSP era responsável


pelo atendimento médico de urgência
e emergência e o atendimento ambula-
torial dos militares das diversas nacio-
nalidades participantes da missão, que
estavam susceptíveis a se ferir em con-
flito nas ações pacificadoras. A Argen-
tina possuía um hospital de campanha
instalado e o Chile fornecia o apoio de
resgate com helicópteros. Além disso,
o efetivo realizou ações cívico-sociais
(ACISO), expandindo o atendimento
médico aos haitianos. Esses militares
permaneceram por seis meses no Haiti, Fotos: Centro de Comunicação Social do Exército./Sgt Mache

196
sendo substituídos pelos militares do Rio de Janeiro posteriormente (3º Contingente).

O hospital marcou presença na MINUSTAH em outras ocasiões. Seja no preparo da tropa, re-
alizando inspeção de saúde - incluindo exames laboratoriais, de imagem, avaliação psicológica
e imunização dos militares. O militar com maior número de participação na Missão de Paz no
Haiti é o coronel médico Carlos Eduardo Parra, que além da participação no ano de 2004 como
chefe do Destacamento de Saúde da 12ª Brigada Aeromóvel, ainda como major; no ano de
2007 como médico de combate do Destacamento de Forças Especiais e Comandos do Exército
Brasileiro no Haiti; e entre 2010 e 2011 como chefe do Destacamento de Saúde do Batalhão de
Força de Paz, do Comando Militar do Oeste. Suas ações foram louvadas pelo Comandante da
Brigada Brasileira de Força de Paz no Haiti, o General de Brigada João Carlos Vilela Morgero,
que destacava em seu texto:
“Com criatividade e capacidade de pronta resposta, esteve sempre à frente
dos incidentes que envolviam militares da Brigada e até mesmo civis hai-
tianos, vítimas de disparos de mulheres grávidas, crianças e idosos. (...)
A redução do nível de malária, com quase total erradicação, a completa
recuperação de todas as baixas ocorridas na Brigada, o entendimento com
o Hospital argentino foi, também, fato revelador do esmero com que o este
oficial desempenhou suas atividades rotineiras e extraordinárias. Auxiliou
o Hospital argentino, na cirurgia de um soldado do Nepal, que sofreu um
tiro na perna, demonstrando qualidades de um excelente profissional (...)“84

Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de sete graus de magnitude na Escala de Richter, com


epicentro na parte oriental da península de Tiburon, há 25 quilômetros de distância da capital
haitiana Porto Príncipe devastou o país. Segundo afirma Heine e Thompson (2011, p. 78) este
terremoto é considerado o mais agressivo da história do Haiti, ultrapassando os danos do in-
cidente de 1842.85

O capitão capelão Pe. Lázaro Mendes


Teodoro (vinculado à 2ª Região Militar
e à disposição do HGeSP – em transi-
ção para HMASP), participou do 11º
Contingente da Missão de Paz no Haiti
no segundo semestre de 2009. Poucos
dias antes do término da sua participa-
ção na missão, vivenciou os horrores
causados pelo terremoto. Curiosamen-
te, escapou da morte por duas vezes. A
Capitão capelão Lázaro Mendes no Haiti. 2010.
primeira por ter sido dispensado pelo Acervo pessoal: Maj R1 Lázaro Mendes Teodoro.
comandante de acompanhar a pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns Neumann até uma igreja
em Porto Príncipe, onde realizava uma palestra para cerca de 150 pessoas sobre o trabalho da

84. Referência Elogiosa publicada no Boletim Interno nº 42, de 04 de março de 2009.


85. HEINE, Jorge; THOMPSON, Andrew Stuart. Fixing Haiti: MINUSTAH and beyond. 2011, p.78

197
Pastoral da Criança. A segunda, por não ter se dirigido para o “Ponto Forte 22”, base militar
de três andares que ficou completamente destruída. O capitão Lázaro Mendes permaneceu no
Haiti até fevereiro, apoiando nas ações de resgate.

Outro militar na época vinculado ao Hospital Geral de Curitiba (HGeC), que também teste-
munhou este momento crítico da história, foi o coronel médico Dr. Roberto Bentes Batista
– atual subdiretor do Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP). Médico cardiologista,
serviu na Missão de Paz como major, na função de chefe do posto médico.

Equipe de resgate após o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti. 2010.


Foto: Centro de Comunicação Social do Exército.

Os serviços de saúde no Haiti eram precários, mesmo com o apoio da Cruz Vermelha Inter-
nacional e dos Médicos Sem Fronteiras. Após o terremoto, as dificuldades de atendimento à
população aumentaram. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha estimava que cerca de três
milhões de pessoas foram afetadas. O Ministro do Interior haitiano Paul Antoine Bien-Aimé
afirmava que o terremoto provocou entre cem a duzentas mil mortes. Coronel Roberto sinte-
tiza que vivenciou com a sua equipe os “horrores da guerra sem combate”. Havia dificuldade
para evacuação dos pacientes que necessitavam de tratamentos especializados, a equipe trei-
nada em Campinas-SP para ações de saúde operacional estava muito preparada para grandes
adversidades, mesmo surpreendida diante de um evento de tamanha proporção, manteve a
coragem e o profissionalismo para minimizar o sofrimento da população haitiana. A solida-

198
riedade dos militares brasileiros reforçou o espírito de corpo, fazendo-os ultrapassar todas as
barreiras, mesmo diante do desalento da população haitiana e da mínima estrutura remanes-
cente após o trágico evento.

O emocionante reencontro do cabo Carlos Pimentel com seu pai, no desembarque dos militares feridos pelo terremoto do Haiti
no aeroporto de Cumbica (Guarulhos-SP). 15/01/2010. Acervo pessoal: Carlos Michael Pimentel de Almeida

Dezessete militares do Exército faleceram por ocasião do terremoto, sendo dez do estado de
São Paulo. Os dezesseis militares feridos desembarcaram por volta das 12h30min do dia 15 de
janeiro de 2010 no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, onde foram recepcionados pelos
familiares e encaminhados para o HMASP, que esteve de prontidão para o atendimento. O
cabo Carlos Michael Pimentel de Almeida, do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena-SP, foi
um dos pacientes. No momento do terremoto estava em uma beliche no terceiro andar base
militar em Porto Príncipe, conhecida como “Casa Azul”. Conseguiu escapar dos escombros em
busca de ajuda. Das dezesseis pessoas que estavam no local, dez faleceram. Carlos permaneceu
internado no HMASP, cumprindo quarentena por três dias – para acompanhamento médico,
inspeção de saúde e realização de exames. Ele se recorda do bom atendimento realizado na-
quele momento e da dedicação de toda equipe de saúde.

O HMASP esteve presente ainda no 19º Contingente da Missão de Paz, em 2013, com a par-
ticipação do capitão QCO psicólogo André Gonçalves Mellagi; do 21º Contingente, em 2014,
com a participação da terceiro sargento Auxiliar de Saúde Roberta Daniele Franciscon Faria;
e no 26º Contingente, em 2017, com a participação do tenente coronel de Cavalaria Marcos
Aurélio Myrrha, do capitão farmacêutico Silvio Yoshio Tanaka, da segundo tenente temporária
(fisioterapeura) Renata Pereira Assad Salam e da terceiro sargento Marinalda das Chagas de
Souza (técnica em Enfermagem) para a desmobilização das tropas, no final da missão.

199
Foto: 2º Ten OTT Marcelo de Melo Marcon
Hospital Militar de Área
de São Paulo
A ciência a serviço da Família Militar
32 A transformação em
Hospital Militar de Área

E m 2009, a Diretoria de Saúde reorganiza a logística de evacuação médica do Exército Bra-


sileiro, criando os Hospitais Militares de Área, atrelados à abrangência geográfica dos Co-
mandos Militares de Área. Essa expansão proporcionaria uma maior estrutura no atendimen-
to médico nessas regiões. Desde 1890, A estrutura era constituída pelo Hospital Central do
Exército, no Rio de Janeiro, como o elo mais alto da evacuação médica e os demais hospitais
militares possuíam uma estrutura inferior, sendo alguns transformados em hospitais gerais e
hospitais de guarnição ao longo do Século XX. Com a nova logística, os Hospitais Militares de
Área se tornaram os hospitais de referência para a evacuação médica dentro dos respectivos
Comandos Militares de Área.

Na prática, o então Hospital Geral de São Paulo (HGeSP) não teve impacto na relação logística
na abrangência do Comando Militar do Sudeste e da 2ª Região Militar - que territorialmente
estão delimitados no estado de São Paulo. Sua classificação em Hospital Militar de Área refor-
çou a sua importância por ser um hospital preparado para o atendimento de alta complexidade
instalado na cidade de São Paulo (localidade referência em Medicina na América Latina), com
uma demanda significativa de atendimento - referência em diversas especialidades, recebendo
pacientes de todo o País. A partir desta nova estrutura logística, os Hospitais Militares de Área
tiveram a seguinte distribuição:
COMANDO MILITAR DO LESTE (CML)
Sede: Rio de Janeiro-RJ
Criação: 1946
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
1ª REGIÃO MILITAR Hospital Central do Exército Hospital Militar de Resende
Região Marechal Hermes da (HCE) (HMR)
Fonseca (1891) Subordinação: 1ª RM Hospital de Campanha
Sede: Rio de Janeiro-RJ (HCmp)
Jurisdição: Rio de Janeiro e Hospital Geral do
Espírito Santo Rio de Janeiro
(HGeRJ)
4ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Juiz de Fora
Região das Minas do Ouro (HGeJF)
(1891)
Sede: Belo Horizonte-MG
Jurisdição: Minas Gerais
(exceto Triângulo Mineiro)

202
COMANDO MILITAR DO SUDESTE (CMSE)
Sede: São Paulo-SP
Criação: 1946
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
2ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área -
Região das Bandeiras (1908) de São Paulo
Sede: São Paulo-SP (HMASP)
Jurisdição: São Paulo Subordinação: 2ª RM

COMANDO MILITAR DO SUL (CMS)


Sede: Porto Alegre-RS
Criação: 1953
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
3ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área de Hospital Geral de Santa Maria
Região Dom Diogo de Souza Porto Alegre (HGeSM)
(1919) (HMAPA) Hospital de Guarnição
Sede: Porto Alegre-RS Subordinação: 3ª RM de Alegrete
Jurisdição: Rio Grande do Sul (HGuA)
Hospital de Guarnição de Bagé
(HGuBa)
Hospital de Guarnição
de Santiago
(HGuSt)
5ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Curitiba
Região Heróis da Lapa (1891) (HGeC)
Sede: Curitiba-PR Hospital de Guarnição
Jurisdição: Paraná e de Florianópolis
Santa Catarina (HGuFl)

COMANDO MILITAR DO OESTE (CMO)


Sede: Campo Grande-MS
Criação: 1934
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
9ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área -
Região Mello e Cáceres (1821) de Campo Grande
Sede: Campo Grande-MS (HMACG)
Subordinação: 9ª RM
Jurisdição: Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Aragarças-GO

203
COMANDO MILITAR DO PLANALTO (CMP)
Sede: Brasília-DF
Criação: 1960
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
11ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área -
Região Tenente Coronel Luiz de Brasília
Cruls (1960) (HMAB)
Sede: Brasília-DF Subordinação: 11ª RM

Jurisdição: Distrito Federal,


Goiás (exceto Aragarças),
Tocantins e Triângulo Mineiro

COMANDO MILITAR DO NORDESTE (CMNE)


Sede: Recife-PE
Criação: 1946
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
6ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Salvador
Região Marechal Cantuária (HGeS)
(1923)
Sede: Salvador-BA
Jurisdição: Bahia e Sergipe
7ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área Hospital de Guarnição
Região Matias de Albuquerque de Recife de João Pessoa
(1945) (HMAR) (HGuJP)
Sede: Recife-PE Subordinação: 7ª RM Hospital de Guarnição de Natal
Jurisdição: Alagoas, (HGuN)
Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte
10ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Fortaleza
Região Martim Soares Moreno (HGeF)
(1942)
Sede: Fortaleza-CE
Jurisdição: Ceará e Piauí

COMANDO MILITAR DO NORTE (CMN)


Sede: Belém-PA
Criação: 2013
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
8ª REGIÃO MILITAR Hospital Geral de Belém Hospital de Guarnição
Sede: Belém-PA (HGeBe) de Marabá
Subordinação: 8ª RM (HGuMba)
Jurisdição: Pará, Amapá
e Maranhão

204
COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA (CMA)
Sede: Manaus-AM
Criação: 1956
PRINCIPAL DEMAIS
REGIÃO MILITAR
HOSPITAL MILITAR HOSPITAIS MILITARES
12ª REGIÃO MILITAR Hospital Militar de Área Hospital de Guarnição
Região Mendonça Furtado de Manaus de Tabatinga
(1948) (HMAM) (HGuT)
Sede: Manaus-AM Subordinação: 12ª RM Hospital de Guarnição
Jurisdição: Amazonas, Acre, de Porto Velho
Roraima e Rondônia (HGuPV)
Hospital de Guarnição
de São Gabriel da Cachoeira
(HGuSGC)

Abrangência territorial dos Comandos Militares de Área. Abrangência territorial das Regiões Militares.
Fonte: Exército Brasileiro Fonte: Exército Brasileiro

A Portaria nº 098-EME/1ª SCh, de 16 de outubro de 200986 atribuiu o código de organização


militar ao HMASP, sob o número 06031-9. E a partir da Portaria nº 033-SEF, de 09 de dezem-
bro de 2009,87 a Secretaria de Economia e Finanças do Exército extingue o Hospital Geral de
São Paulo (HGeSP) a partir de 31 de dezembro daquele ano e concede autonomia administra-
tiva ao Hospital Militar de Área de São Paulo a partir de 1º de janeiro de 2010.

86. Boletim Ostensivo do Exército nº 43, de 30 de outubro de 2009.


87. Boletim Ostensivo do Exército nº 50, de 18 de dezembro de 2009.

205
33 A evolução do HMASP
na última década

O primeiro diretor a assumir a administração do Hospital Militar de Área de São Paulo foi o
coronel médico Dr. Fernando Storte, que esteve a frente do antigo HGeSP desde 1º de no-
vembro de 2007. Esta fase é marcada pela melhoria das instalações das Unidades de Internação
(7º andar), reforma do Centro Cirúrgico, da sala de Fisioterapia, da recuperação dos elevado-
res e da Casa das Máquinas, da reforma da fachada do hospital e de outras obras de manuten-
ção do hospital. Também é marcada pela chegada de um moderno tomógrafo comprado pela
Diretoria de Saúde. O HMASP deixa de incorporar os Soldados do Efetivo Variável, recebendo
militares que serviram o ano obrigatório em outras organizações militares da guarnição de São
Paulo e que passariam a compor o efetivo do hospital a partir do primeiro engajamento.

A partir de 20 de janeiro de 2011, o coronel


médico Dr. Marcelo Paiva de Oliveira assu-
me a direção do HMASP. Sua administração
foi marcada pela parceria com importantes
universidades paulistas, na busca de profis-
sionais médicos qualificados para o serviço
médico temporário, além de melhorias na
área técnica. Em 13 de abril de 2011, o Di-
retor de Saúde da Marinha do Brasil, Vice
Almirante Celso Barbosa Montenegro e o
comandante do 8º Distrito Naval, Vice Al-
mirante Luiz Guilherme de Sá Gusmão vi- Diretor de Saúde da Marinha e o comandante
sitam o hospital e celebram um acordo de do 8º Distrito Naval visitam o HMASP. 2011
aprimoramento do atendimento aos pacientes da Marinha, que passou a colaborar com o
HMASP, enviando militares profissionais de saúde da Força Marítima.

206
Em 13 de agosto de 2011 foi inaugura-
da a Capela Nossa Senhora Desatadora
dos Nós, instalada no 3º pavimento do
HMASP, onde se localiza a administração.
A instalação da capela foi possível gra-
ças aos esforços do grupo de convivência
social Pioneiros da Colina, dirigido pela
servidora civil Vera Lúcia Vieira. A missa
inaugural foi presidida pelo tenente coro-
nel capelão Pe. Hércules Antônio de Lima
e contou com a presença do comandante
da 2ª Região Militar, General de Divisão
Missa de inauguração da Capela Nossa Senhora Sebastião Peternelli Júnior, e do capitão
Desatadora dos Nós. 2011 capelão Pe. Lázaro Teodoro Mendes.

Em 1º de agosto de 2011, o
HMASP recebe a visita especial
do Comandante do Exército, o
General de Exército Enzo Mar-
tins Peri, em caráter extra-ofi-
cial. General Enzo foi acompa-
nhado por sua comitiva, pelo
comandante militar do Sudeste,
General de Exército Adhemar
da Costa Machado Filho e pelo
comandante da 2ª Região Mili-
tar, General de Divisão Sebas-
tião Peternelli Júnior. Esta foi a
primeira visita do Comandante
do Exército ao hospital desde a
sua reclassificação. Visita do Comandante do Exército General Enzo ao HMASP. 2011

Coronel Marcelo foi o último diretor com


grande tempo de vivência no próprio hos-
pital, finalizando um período de uma trí-
plice direção de oficiais superiores médi-
cos oriundos do antigo HGeSP (coronéis
Sidney, Storte e Marcelo).

Em 1º de fevereiro de 2013 o coronel mé-


dico QEMA (Quadro do Estado-Maior
da Ativa) Dr. Arno Ribeiro Jardim Júnior
(atual Subdiretor de Saúde, no posto de
General de Brigada Médico) assume a di-
Cel Jardim discursa na solenidade de aniversário do HMASP. 2013 reção do HMASP. Durante a sua adminis-

207
tração, as Unidades de Internação iniciam um amplo processo de recuperação. As instalações
elétricas do 7º Andar da Unidade de Internação foram atualizadas para atender a demanda
atual de equipamentos e os apartamentos passaram por uma ampla reforma, proporcionando
maior conforto ao paciente. Durante a sua administração, foi iniciado o processo de criação da
residência médica de Neurocirurgia com o apoio do alto escalão do Exército.

Em 08 de janeiro de 2015 o coronel médico QEMA Dr. Sergio dos Santos Szelbracikowski
assume a direção do HMASP, com a missão de dar continuidade no processo de implantação
das residências médicas. A residência médica de Neurocirurgia é oficializada pelo Ministério
da Educação em 2015, e as residências médicas em Anestesiologia, Clínica Médica e Urologia
em 2016. A especialização odontológica em Implantodontia é criada, a partir do Programa de
Capacitação e Atualização Profissional dos Militares do Serviço de Saúde (PROCAP/Sau). A
primeira turma da residência médica em Neurocirurgia iniciou em 22 de março de 2016 e as
turmas das demais especialidades médicas em 1º de março de 2017.

Ainda em 2015, foi inaugurada a Divisão de Ensino e Pesquisa com amplas e modernas insta-
lações para recepção e acolhimento dos novos médicos residentes, com conforto médico, au-
ditório, biblioteca e sala de videoconferência - com transmissão ao vivo de cirurgias do Centro
Cirúrgico para a sala da Divisão de Ensino e Pesquisa.

No dia 05 de setembro de 2016 a nova


Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foi
inaugurada. O espaço foi ampliado de
seis para dez leitos, contando ainda com
um leito de isolamento destinados para o
atendimento dos pacientes com doenças
contagiosas. A nova UTI recebeu equi-
pamentos de hemodiálise para cada leito,
uma farmácia exclusiva, antecâmara no
leito de isolamento e uma recepção para
os familiares. O evento de inauguração
Nova Unidade de Terapia Intensiva do HMASP. 2016 contou com a presença do Ministro Che-
fe do Gabinete de Segurança Institucional, General de Exército Sergio W. Etchegoyen; do Che-
fe do Departamento-Geral do Pessoal, Gen de Exército Manoel Luiz Narvaz Pafiadache; do
Comandante do 8º Distrito Naval, Almirante Glauco Castilho dall’Antonia; do Comandante
da 2º Divisão de Exército, General de Divisão Décio Luís Schons; do Comandante da 2ª Região
Militar, General de Divisão Antonino dos Santos Guerra Neto; do Diretor de Saúde, General
de Divisão Túlio Fonseca Chebli; do Inspetor de Saúde do Exército do Comando Militar do
Leste, General de Divisão Gilberto Franco Pontes Neto; e do Subdiretor Técnico de Saúde, Ge-
neral de Brigada Paulo Sadasuskas.

Ainda em setembro de 2016, o HMASP recebeu a Dra. Cécile Mathieu Mezzorana, osteopata
posturóloga do CIES France (sigla em francês para Collège Internattional d’Étude de La Sta-
tique, em português Faculdade Internacional de Estudos da Postura – de Bandol, França), que
realizou uma palestra sobre “Posturologia e Reflexos Primitivos”. A Profª Vilma Bouratroff,

208
fisioterapeuta e posturóloga da mesma instituição realizou a tradução simultânea.

Ainda no ano de 2016, foram iniciadas as obras para a instalação do Serviço de Oncologia, no
1º andar das Unidades Hospitalares.

Em janeiro de 2017 terminam as obras de recuperação dos esgotamentos e banheiros do 7º


Andar e é reinaugurado o 6º Andar da Unidade de Internação. Totalmente modernizado, au-
mentando a capacidade hospitalar de 38 para 120 leitos (78 apartamentos).

Em 03 de fevereiro de 2017 o coronel médico Dr. Mário Rosas Filho assume a direção do
HMASP. No dia 30 de maio, foi realizada a primeira Corrida e Caminhada HMASP, no Parque
da Independência.

Em agosto de 2017, foi inaugurado o Serviço de Oncologia - obra iniciada no ano de 2016,
na administração anterior. Além das consultas ambulatoriais em Oncologia, o serviço presta
atendimento aos pacientes seguindo os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT)
e as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) de padrão internacional. Na Sala de Terapia
Antineoplásica é realizado os procedimentos de quimioterapia, hormonioterapia e imunotera-
pia, além de ministrar as medicações suplementares ao tratamento.

Sala de Terapia Anineoplásica


do Serviço de Oncologia do HMASP. 2016
Em 23 de setembro de 2017, o hospital recebe parte do último contingente de desmobilização
da Missão de Paz no Haiti. Duzentos e quatro militares realizaram exames laboratoriais e de
imagem e passaram por uma perícia médica.

Em 11 de abril de 2018, o HMASP recebe seu primeiro diretor Oficial General. O Dr. Sergio
dos Santos Szelbracikowski retorna ao HMASP 432 dias após o fim de sua primeira adminis-
tração, iniciando um novo período, ocupando o posto de General de Brigada, nomeado pela
Reunião do Alto Comando do Exército (RACE) em 23 de fevereiro do mesmo ano, deixando o

209
210 General Szelbracikowski revista a tropa durante a cerimônia de passagem de Direção do HMASP. 2018.
211
seu primeiro cargo como Oficial General, o de Inspetor de Saúde do Comando Militar do Nor-
deste (CMNE). General Szelbracikowski também é o primeiro médico urologista a alcançar o
generalato. Apenas em 19 de julho de 2019, a partir do Decreto nº 9.925, assinado pelo senhor
Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, o cargo de Diretor do HMASP passa a ser ex-
clusivo de Oficial General Médico da ativa. Esta mudança se fez necessária após o HMASP ter
se tornado um hospital quartenário (ver capítulo 34).

General Szelbracikowski, primeiro oficial general nomeado diretor do HMASP.


Registro realizado na solenidade especial em comemoração ao seu aniversário em 2019.

Em outubro de 2018, a Sala de Endoscopia é modernizada e ao longo do ano de 2019 diversas


obras importantes foram realizadas no HMASP. O quinto pavimento de internação foi rees-
truturado e modernizado, mantendo a mesma qualidade dos demais pavimentos, sob a coor-
denação da CRO/2. Fazendo com que a capacidade de internação do HMASP passe para 120
apartamentos e 180 leitos.

Toda a Unidade de Paciente Externos (consultórios e ambulatórios) foi modernizada. Foi inau-
gurada a Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF).

O alojamento dos Oficiais e dos Subtenentes e Sargentos, o Centro de Material e Esterilização e


o túnel técnico são reformados. Também foi iniciada a obra da Sala de Ressonância Magnética,
que propiciará ao paciente a praticidade de realizar o exame no próprio hospital, projetando
o Serviço de Diagnóstico por Imagem como um dos centros de diagnósticos mais modernos
entre os hospitais militares brasileiros.

212
No âmbito da cultura militar, o HMASP re-
cebeu o seu primeiro Adjunto de Comando
em 16 de outubro de 2018. - o então primei-
ro sargento Ricardo Leal Nunes, militar que
chefiou o Tiro de Guerra de São Caetano do
Sul (TG-02-069). Este cargo é uma distinção
entre o subtenente ou o primeiro sargento, em
reconhecimento à sua carreira, pela compe-
tência profissional e ilibada conduta pessoal.
O Adjunto de Comando é responsável pelo
General Szelbracikowsi e Sargento Leal, na solenidade de assunção ao fortalecimento da disciplina militar, dos va-
cargo de Adjunto de Comando. 2018. lores éticos, pela motivação e fortalecimento
do espírito de corpo das praças diante da instituição, tornando-se um elo entre esses militares
e o comando. Em especial no Hospital Militar de Área de São Paulo, também é responsável por
estimular a importância do atendimento humanizado à família militar, destacando a missão
da promoção da Saúde.

A partir da iniciativa do primeiro Adjunto de Comando do HMASP, foi criado o quadro de


destaque do trimestre, homenageando os militares dos círculos de cabos e soldados e de sub-
tenentes e sargentos que melhor desempenharam suas funções, mantendo o comportamento
exemplar.
Em 2019 o Subtenente Leal, Ad-
junto de Comando, idealizou a
partir das pesquisas sobre a histó-
ria do Hospital Militar de Área de
São Paulo a composição do pro-
jeto de denominação histórica, a
“Marcha Rumo ao Centenário”,
alusivo à importante data come-
morada em 03 de maio de 2020.

Participaram do evento o coman-


dante da 2ª Região Militar - Ge-
neral de Divisão João Chalella
Júnior, o diretor do HMASP - Ge-
General Chalella (Comandante da 2ª Região Militar), General Szelbracikowski
(Diretor do HMASP) e o Subtenente Leal (Adjunto de Comando)
neral de Brigada Médico Sergio
se reúnem nos preparativos para a marcha. 2019. dos Santos Szelbracikowski, mili-
tares do Contingente, da área administrativa, integrantes da equipe de Enfermagem, Fisiotera-
pia, da Farmácia e médicos do hospital.

A marcha percorreu a Estrada Velha de Santos, iniciando do Parque Caminhos do Mar, em São
Bernardo do Campo até o município de Cubatão. O evento teve como destino final o Forte dos
Andradas, local onde está instalada a 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, no Guarujá.

213
214
215
Major Alexandre Fraga recebe medalha em reconhecimento
aos trabalhos desenvolvidos pelo Serviço de Aprovisionamento. 2019.

Em fevereiro de 2019 o Serviço de Aprovisionamento se destaca entre as Organizações Mili-


tares do Exército Brasileiro, alcançando o primeiro lugar no âmbito do Comando Militar do
Sudeste e o segundo lugar no âmbito da Força Terrestre, obtendo a nota de 96,98% de confor-
midade no Programa de Auditoria de Segurança Alimentar (PASA), ficando atrás apenas do
gabinete do Comando do Exército. Esse resultado coroa os trabalhos desenvolvidos com os
servidores militares e civis sobre os protocolos em segurança alimentar, iniciados no período
em que o atual Fiscal Administrativo, coronel intendente Luiz Carlos de Souza Fonseca Filho
chefiava o Serviço, e do atual Aprovisionador, major intendente Alexandre Vieira de Fraga,
que deu prosseguimento aos trabalhos de capacitação continuada da equipe e na adequação
das instalações do Aprovisionamento, atendendo aos preceitos mais modernos da segurança
alimentar.

O Serviço de Aprovisionamento produz cerca de 1.500 refeições diárias, que atendem aos pa-
cientes, acompanhantes, servidores militares e civis da instituição e às demais Organizações
Militares pertencentes ao Forte Cambuci. Para os pacientes, são produzidos oito tipos de dieta,
entre diabética, hipossódica, pastosa, liquidificada, leve, entre outras, condiderando os precei-
tos da dietoterapia, onde o alimento se torna elemento importante para a recuperação da saúde
do paciente. A importância da alimentação como apoio terapêutico já era apontada desde o
primeiro regulamento hospitalar brasileiro, redigido pelo físico mor Mariano José do Amaral,
no início do Século XIX, responsável pelo Real Hospital Militar - instituição originária do
HMASP. Todas as refeições produzidas, sejam elas destinadas aos pacientes ou ao efetivo, pos-
sui acompanhamento nutricional.

No início de 2019, o HMASP participou da Operação Acolhida, organizada pelo Ministério da


Defesa, que prestou atendimento aos refugiados da crise humanitária da Venezuela. A 1º Te-
nente Médica Melissa Villardo participou deste momento, em Pacaraima-RR, prestando aten-
dimento em pediatria às crianças. A missão é composta por militares da Marinha, do Exército
e da Força Aérea, que permaneceram por trinta dias em Boa Vista e Pacaraima, prestando
apoio de saúde e auxiliando na regularização documental aos refugiados.
216
Fotos da Operação Acolhida, realizada em Pacaraima-RR. 2019.

Em 28 de agosto de 2019, o Hospital


Militar de Área de São Paulo inaugura
o seu pórtico na entrada Ari Cajado.
A obra realizada pelo sargento Pedro,
reforçou a identidade institucional do
HMASP no Forte Cambuci, tornando-
se um cartão de boas vindas aos usuá-
rios e colaboradores.

Sargento Pedro na inauguração


do pórtico do HMASP. 2019.

217
A primeira experiência em Telemedicina
no âmbito do Exército Brasileiro

Monitoramento multiparamétrico do paciente, realizado na OPAN, com o apoio do HMASP no telemonitoramento. 2019.

No final de novembro de 2019, o Hospital Militar de Área de São Paulo inovou nos trabalhos
de assistência à saúde em campanha. Nas Operações Agulhas Negras (OPAN), realizada em
São João da Boa Vista, em São Paulo, o HMASP realizou a primeira experiência em telemedi-
cina no âmbito do Exército Brasileiro.

Foi montado no local das operações um computador equipado com uma câmera de alta defi-
nição com controle PTZ remoto (que possibilita ao médico operador do sistema no hospital a
conduzir a câmera para obter melhor visualização do caso abordado), dermatoscópio e micro-
fone para interação à distância. No mesmo sistema, um módulo de prontuário eletrônico foi
utilzado para que o médico de apoio remoto pudesse acompanhar em tempo real as evoluções
do paciente, os exames e os laudos disponibilizados no sistema.

Todo sistema de telemedicina foi integrado à rede EBNet, garantindo a segurança da infor-
mação, além da criptografia em cada terminal de acesso. No terreno de operações, o médico
generalista teve o apoio dos médicos especialistas do HMASP para solucionar cada caso clí-
nico, independente do grau de complexidade, seja no direcionamento da conduta médica, na
solicitação de exames complementares ou na orientação para a evacuação médica, garantindo
maior agilidade no atendimento médico e proporcionando maior segurança ao paciente, seja o
militar ferido em uma operação, independente da localidade onde se encontra.

218
Durante as Operações Agulhas Negras, o HMASP demonstrou os trabalhos de telemedicina
com o suporte de médicos nas especialidades de Cardiologia, Medicina Intensiva e Clínico
Geral.

Evacuação aeromédica de paciente para o Hospital de Campanha, com monitoramento


em tempo real pelo HMASP a partir da telemedicina. 2019.

Houve ainda uma simulação de evacuação aero-


médica de um paciente contaminado por antrax,
que foi retirado da tropa, encaminhado ao posto
de atendimento avançado e destinado para uma
unidade semi-intensiva do Hospital de Campa-
nha. Os trabalhos de telemedicina apoiaram no
telemonitoramento, com monitor multiparamé-
trico (com a aferição dos sinais vitais do paciente),
onde o médico intensivista do HMASP, direto da
UTI do hospital, pode acompanhar a evolução do
paciente.

O benefício da telemedicina também pode se es-


tender ao atendimento dos pacientes em Orga-
nizações Militares de Saúde do Exército que não
possui disponibilidade de atendimento a uma de-
terminada especialidade médica, diminuindo os
custos de locomoção do paciente para os hospitais General Szelbracikowski concede entrevista ao Centro de
militares com maiores estruturas. Comunicação Social do Exército durante a OPAN. 2019.

219
34 Nasce um Hospital Quartenário:
a implantação das Residências Médicas

General Etchegoyen, Chefe do Estado-Maior do Exército, inaugura a Divisão de Ensino e Pesquisa do HMASP. 2016.

E m muitos momentos da história desta instituição, a busca pelo conhecimento científico se


perpetuou. Outrora pelo pioneirismo ocorrido no Século XIX, com a realização do pri-
meiro curso de cirurgia do Brasil, ou em 1920, quando organiza o primeiro trabalho com os
médicos residentes. Ao longo do Século XX, o HMASP trouxe ao centro da cultura organiza-
cional o desenvolvimento científico, criando o Centro de Estudos, realizando cursos e debates
técnicos, simpósios e workshops. Durante a administração do coronel médico Dr. Ricardo
Agnese Fayad (entre os anos de 1991 e 1994) houve uma primeira tentativa de realização de
residência médica, algo que se concretizaria mais de duas décadas depois. Ao longo de sua
história, o Hospital sempre buscou profissionais médicos altamente capacitados, formados por
grandes universidades, com o intuito de promover à família militar a mais alta qualidade téc-
nica e eficiência no serviço de saúde.

Ao longo da história, com a introdução de novas especialidades médicas ao seu portfólio, o


HMASP transformou-se em um hospital terciário, ou seja, preparado para o atendimento de
alta complexidade, extremamente necessário para uma instituição instalada na cidade de São
Paulo (considerada polo da medicina na América Latina). Englobar o ensino médico seria
apenas reconhecer a sua verdadeira vocação, alcançando um papel de destaque na medicina
brasileira e no próprio Serviço de Saúde do Exército Brasileiro.

220
A implantação de um programa de residência médica transcendeu diversas administrações.
Durante a gestão do coronel médico QEMA Dr. Arno Ribeiro Jardim Júnior (entre os anos de
2013 a 2015), foi iniciado os processo de criação da residência médica em Neurocirurgia do
Hospital Militar de Área de São Paulo, que foi a primeira especialidade a se organizar para este
trabalho, sob a coordenação do capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo. O apoio do
General de Divisão Claudio Coscia Moura, comandante da 2ª Região Militar; do General de
Exército João Camilo Pires de Campos, comandante militar do Sudeste; e do General de Exér-
cito Sergio W. Etchegoyen, chefe do Departamento-Geral de Pessoal (DGP) e posteriormente
chefe do Estado-Maior do Exército (EME) foi fundamental para que o programa ganhasse for-
ça, até o credenciamento das especialidades no Ministério da Educação. Na sequência, foram
iniciados o processo das especialidades de Anestesiologia (coordenado pelo capitão médico
Dr. Antonedson Pinto França), Urologia (coordenado pelo primeiro tenente médico Ricardo
Luís Vita Nunes) e Clínica Médica (coordenado pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes). O cre-
denciamento pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Edu-
cação foi durante a gestão do coronel médico QEMA Dr. Sergio dos Santos Szelbracikowski,
sendo o de Neurocirurgia em 2015 e as demais especialidades no ano seguinte.

Além do credenciamento, o Hospital teve que adequar as suas instalações para atender à nova
demanda. Uma ampla reforma nas Unidades de Internação e na Unidade de Terapia Inten-
siva foi realizada. Equipamentos de última geração e instrumentais cirúrgicos dos melhores
fabricantes internacionais foram adquiridos para proporcionar maior segurança e eficácia nos
procedimentos. Em 22 de março de 2016 foi criada a Divisão de Ensino e Pesquisa do HMASP,
atualmente chefiada pelo coronel PTTC Amaro Juvenal Rainho Ramos e coordenada pelo co-
ronel PTTC Luiz Eduardo Mendes de Oliveira e pelo tenente coronel médico Dr. Sávio Reder
de Souza. O setor é responsável por toda conformidade administrativa dos programas de pós-
graduação realizados na instituição, atendendo aos conceitos técnicos e legais de cada especia-
lização, sejam no âmbito civil ou militar.

O resultado da implantação dos programas de pós-graduação no HMASP foi a sua transfor-


mação em hospital quartenário, ou seja, além de ser preparado para o atendimento de alta
complexidade, engloba os trabalhos de ensino e pesquisa. Até então apenas o Hospital Central
do Exército (HCE), no Rio de Janeiro-RJ, possuía esta categoria. Além destes, nenhum outro
hospital do Exército Brasileiro alcançou esta distinção.

A partir de 19 de julho de 2019 o HMASP passa a ser dirigido exclusivamente por oficiais ge-
nerais médicos da ativa – posto exclusivo para diretores de hospital quartenário no âmbito do
Exército. O HMASP passa a ter um posicionamento compatível com os grandes centros mé-
dicos paulistanos, aliando a ciência no aprimoramento do seu atendimento. Um sonho antigo,
que começa a ser realizado.

O próximo passo é a criação da ICT (Instituição de Ciência e Tecnologia). A conclusão desta


etapa propiciará a realização das pesquisas científicas, atendendo a todos os requisitos estabe-
lecidos por esta área – introduzindo na literatura médica os avanços realizados pela medicina
militar brasileira.

221
Residência em Neurocirurgia

O Serviço de Neurocirurgia, composto


pelo capitão médico Dr. Paulo Macio Por-
to de Melo, e pelos primeiros tenentes mé-
dicos Dr. Rafael Duarte de Souza Loduca
e Dr. Rômulo Almino de Alencar Arrais
Mota, apresentou diversos trabalhos reali-
zados no hospital no Congresso Brasileiro
de Neurocirurgia, em 2014. A qualidade
desses trabalhos foram atrativos à Socie-
dade Brasileira de Neurcirurgia (SBN), que
estimulou a criação da residência médica.
Na ocasião do congresso, esteve presente o
comandante militar do Sudeste – General
de Exército João Camilo Pires de Campos,
que acompanhou o sucesso dos trabalhos
realizados pelo HMASP naquela ocasião.
O pedido da SBN para a criação da residên-
cia médica foi formalizado ao Exército, se
tornando o ponto de partida para o trâmite
administrativo.

O comprometimento do General Campos


naquela ocasião foi fundamental para que Capitão P. Porto (à esquerda), responsável pela
residência em Neurocirurgia do HMASP. 2019.
o projeto fosse adiante, contando com o
apoio do chefe do Departamento-Geral de
Pessoal (DGP), General de Exército Sergio
W. Etchegoyen. Uma portaria do DGP foi
editada, direcionando os casos de neuro-
cirurgia no âmbito do Exército ao Hospi-
tal Militar de Área de São Paulo, fazendo
que desta forma, a instituição cumprisse
um dos requisitos necessários para o esta-
belecimento da residência: a realização de
trezentas cirurgias anuais. Anteriormente
o hospital realizava entre oitenta e cem ci- O microscópio cirúrgico Leica OH6, único na América Latina. 2018.

rurgias por ano. O DGP também realizou investimentos em equipamentos de última geração,
qual se destaca o microscópio cirúrgico Leica OH6, único na América Latina; e em instrumen-
tais cirúrgicos dos mais renomados fabricantes internacionais.

Posteriormente o General Etchegoyen assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército, exercen-


do um papel de maior relevância na consolidação da residência médica, que foi credenciada
junto ao Ministério da Educação.

222
Em 2015, uma visita técnica foi realizada pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN),
que credenciou a especialização, sem a necessidade de ajustes. O Programa de Residência Mé-
dica em Neurocirurgia do HMASP tornou-se referência para a própria SBN. Na última edição
da prova nacional dos residentes obteve alta pontuação, ficando meio ponto de distância do
programa do Hospital das Clínicas (da Faculdade de Medicina da USP) e um ponto da UNI-
FESP, programas tradicionais e de referência no Brasil. A alta qualidade da formação dos resi-
dentes pelo programa do HMASP, proporcionou a eles as melhores colocações nas provas para
obtenção de título, além da premiação dos seus trabalhos científicos.

No final de 2018 houve uma reestruturação do serviço de neurocirurgia no Estado de São


Paulo, ocasionando a descontinuidade do serviço no hospital Beneficência Portuguesa. Os dois
residentes desta instituição foram incluídos no programa de residência do HMASP.

A residência médica em Neurocirurgia é coordenada pelo capitão médico Dr. Paulo Macio
Porto de Melo. Formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
em 1998, realizou a residência em Neurocirurgia na mesma instituição em 2002, onde atuou
como assistente até 2006. Oficial médico formado pela Escola de Saúde do Exército, possui
mestrado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (2015). É membro
do Comitê Executivo de Neurocirurgia Militar da World Federation of Neurosurgical Societes.
Participou da Scholar in Surgical Leadership pela Havard Medical School em 2019. É Presidente
do Departamento de Neurocirurgia Vascular e Presidente do Departamento de Defesa Pro-
fissional da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). No HMASP, é Chefe do Serviço de
Neurocirurgia, Presidente da Comissão de Residência Médica (COREME), fundador e super-
visor da residência médica de Neurocirurgia.

Residência em Clínica Médica


A partir de 09 de dezembro de 2016,
o Hospital Militar de Área de São
Paulo firmou acordo de coopera-
ção técnica com a Escola Paulista de
Ciências Médicas (EPCM), transfor-
mando o HMASP em uma institui-
ção com característica acadêmica,
com ensino em Clínica Médica, com
toda estrutura curricular aprovada
pelo Ministério da Educação. Com o
apoio do Comandante da 2ª Região
Militar, General de Divisão Antoni-
no dos Santos Guerra Neto, inicia-se
HMASP renova o Acordo de Cooperação Técnica com a EPCM, com a presença
os trabalhos de criação da residência do General de Divisão Adalmir Manoel Domingos, comandante da 2ª RM. 2018.
em Clínica Médica, coordenada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes, profissional de referência
nesta especialidade.

Em 25 de março de 2017, iniciaram as primeiras aulas práticas do Curso de Fisiopatologia

223
Aplicada na Clínica Médica, onde os alunos da EPCM realizam a etapa prática no HMASP,
com abrangência nas grandes áreas da Clínica Médica: Cardiologia, Neurologia, Geriatria,
Reumatologia, Pneumologia, Urgência e Emergência, Gastroenterologia, Endocrinologia, In-
fectologia, Imagem, Ciências do Esporte, Nefrologia e Hematologia.

Primeira turma de residentes em Clínica Médica formados no HMASP. 2018.

No ano de 2018, a primeira turma a se forma na Residência em Clínica Médica, especialização


lato sensu, desenvolvida no HMASP. A cooperação técnica com a EPCM favoreceu ainda a
realização do Estágio Extracurricular (em 2018), credenciando alunos de diversas universi-
dades para aprendizagem no Hospital Militar de Área de São Paulo, do desenvolvimento do I
Simpósio de Enfermagem em Clínica Médica (em 2019), voltado para o aprimoramento téc-
nico, valorizando o atendimento humanizado dos profissionais de Enfermagem - militares do
HMASP, além da criação do Departamento de Pesquisa e da Comissão Científica.

A residência em Clínica Médica é coordenada pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes - professor
titular do Departamento de Medicina da EPM-Unifesp, na disciplina de Clínica Médica; pre-
sidente fundador da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM); presidente fundador do
Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (BRCI), criador da Escola Paulista de Clínica Médica
(EPCM) e integrante da Comissão Julgadora do Prêmio CNMP do Ministério Público.

O Prof. Antonio Carlos Lopes foi listado na pesquisa do Datafolha como um dos melhores
médicos de São Paulo no ano de 2018. É ex-presidente do American College of Physicians –
maior entidade de clínicos gerais do mundo. Também é professor filiado ao Setor de Ensino e
Pesquisa do HMASP desde 2016.

224
Residência em Anestesiologia
No final da direção do Coronel Jardim (atualmente Ge-
neral de Brigada e Subdiretor de Saúde), o capitão médi-
co Antonedson Pinto França foi convidado para iniciar
os trabalhos de residência em Anestesiologia no Hospi-
tal Central do Exército, no Rio de Janeiro. Concumina-
temente o processo de credenciamento da residência em
Neurocirurgia do HMASP junto ao Ministério da Edu-
cação estava em trâmite, favorecendo a possibilidade de
iniciar a residência em Anestesiologia em São Paulo, au-
mentando o portfólio de especialidades médicas no âm-
bito acadêmico. A consolidação ocorreria na adminis-
tração subsequente - do então Coronel Szelbracikowski.

A residência médica em Anestesiologia possui a duração


de três anos. O residente precisa cumprir 440 cirurgias
por ano, ou a carga horária de 900 horas de cirurgias por
ano, de acordo com as normas do Ministério da Educa- Capitão Antonedson orienta os residentes
em Anestesiologia. 2019.
ção. A primeira residente concluirá o curso de pós gra-
duação lato sensu em março de 2020. Durante o período de formação, pode contar com a mais
alta tecnologia e o acesso às cirurgias de alta complexidade realizadas no HMASP.

O curso é coordenado pelo capitão médico Dr. Antonedson Pinto França. Formado em medi-
cina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizou a residência médica em Anestesio-
logia nas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), na cidade de Salvador-BA. Médico de carreira, for-
mado pela Escola de Saúde do Exército (EsSEx). Serviu no Hospital de Guarnição de Tabatinga
(HGuT), no município de Tabatinga-AM, na fronteira entre os países Colômbia e Bolívia.

Residência em Urologia
Em 2016, a convite do então Coronel Szelbracikowski, diretor
do HMASP, foi iniciado os trabalhos para a instalação do cur-
so de residência médica em Urologia, organizado inicialmente
pelos tenentes Perrela, Vita e Manzano. Organizado em tempo
recorde, no ano de 2016 o programa de residência foi aprova-
do pelo Ministério da Educação e pela Comissão Nacional de
Residência Médica. O curso abrange toda especialiade de Uro-
logia, com exceção do transplante renal e Urologia Pediátrica.
Em 2020, está previsto o credenciamento pela Sociedade Bra-
sileira de Urologia. Para ingressarem na residência em Urolo-
gia, os alunos devem ter realizado anteriormente a residência
em Cirurgia Geral. O tempo de formação é de três anos.
Tenente Vita acompanha o residente
em Urologia. 2019.

225
O Serviço de Urologia do HMASP é referência no âmbito do Exército Brasileiro, recebendo
pacientes de todo o país para atendimento, inclusive em cirurgias de alta complexidade. Este
diferencial, proporciona ao residente uma melhor formação, com acesso à mais alta tecnologia
e com o acompanhamento de profissionais altamente qualificados.

A residência médica em Urologia é coordenada pelo primeiro tenente médico temporário Dr.
Ricardo Luís Vita Nunes. Formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Urologia/UNIFESP
e realizou residência médica em Cirurgia Geral e em Urologia na mesma instituição. Realizou
especialização em Disfunção Miccional pela Diviso di Disfunzione Minzionale del Policlinico
Borgo Roma dell’Università dI Verona (Itália), possui título de Especialista pela Sociedade Bra-
sileira de Urologia, é Doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo e Chefe do Departamento de Hiperplasia Prostática Benigna da Sociedade Brasileira de
Urologia.
Especialização Odontológica
em Implantodontia
O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
nível de Especialização Odontológica em
Implantodontia, pertence ao Programa de
Capacitação e Atualização dos Militares do
Serviço de Saúde (PROCAP/Sau), a estrutura
curricular foi elaborada pelo Hospital Militar
de Área de São Paulo e credenciada pela Di-
retoria de Saúde (D Sau) do Exército Brasilei-
ro e Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DCEx).

O curso é destinado aos oficiais dentistas de


carreira (tenentes ou capitães) e o processo
seletivo é realizado pela D Sau e possui a du-
ração de dois anos. A primeira turma, com-
posta por dois alunos (Capitão Felipe Mon-
teiro da Silva e 1º Tenente Renato Ferraço),
iniciou o curso no ano de 2017 e obteve o re-
conhecimento de sua formação pelo Conse-
lho Federal de Odontologia. O diferencial do
Curso de Especialização em Implantodontia
do HMASP é a estrutura curricular comple- Concludentes da primeira turma do curso de
Especialização em Implantodontia. 2019.
ta no âmbito técnico e administrativo (com
abrangência às portarias e legislações específicas para a estruturação do serviço de Implanto-
dontia no meio militar), a carga horária e o maior comprometimento do discente com os casos
e perante à equipe.

226
As Cirurgias que marcaram a história
do HMASP no Século XXI
35
Primeira cirurgia com Laser
para tratamento da Hiperplasia
Benigna da Próstata

E m 09 de janeiro de 2018, a Clínica de Urolo-


gia do Hospital Militar de Área de São Pau-
lo realizou a primeira cirurgia com laser para
tratamento da Hiperplasia Benigna da Próstata
(HBP), utilizando o equipamento GreenLight
Laser XPS (sigla em inglês para “sistema de alta
performance”), com o laser de comprimento de
onda de 180 Watts e 532 nanômetros.

O procedimento foi conduzido pelo primeiro


tenente temporário Dr. João Pádua Manzano
- adjunto da Clínica de Urologia do HMASP,
acompanhado pelo primeiro tenente médico
temporário Dr. Rodrigo Perrela e pelo segundo
tenente médico temporário Dr. Vinícius Mene-
guette Gomes de Souza.

Esta técnica proporciona menores riscos de Tenente Manzano realiza a primeira cirurgia com laser
sangramentos e outras complicações cirúrgi- para tratamento da HBP. 2018.

cas ao paciente, além de uma recuperação mais


ágil. A HBP é uma doença comum da próstata,
onde o seu crescimento comprime a bexiga e
obstrui parcial ou totalmente a uretra, prejudi-
cando o fluxo da urina. A falta do tratamento
pode levar à obstrução total do canal da uretra
e às infecções urinárias.

Tenente Manzano é Doutor em Urologia pela


Escola Paulista de Medicina, com especiali-
zação em cirurgia da próstata com laser pelo
Kempten Hospital (Alemanha). Os tenentes médicos Manzano, Perrela e Meneguete. 2018.

227
Cirurgia de Artrodese
Em 2010, a equipe de Neurocirurgia do HMASP, a partir do capitão médico Dr. Paulo Macio
Porto de Melo realizou a primeira cirurgia de Artrodese no âmbito do Exército Brasileiro. A
técnica é minimamente invasiva e consiste na fusão de vértebras adjacentes, realizando furos
invés de cortes. Esta cirurgia de coluna promove menos sangramento, preserva a musculatu-
ra e propicia uma recuperação mais rápida, sendo indicada para os pacientes idosos, ou que
possuam doenças graves associadas devido à maior comodidade para o paciente por este pro-
cedimento.
Cirurgia de Anastomose Cerebral “by pass”
Em 2016, a equipe de Neurocirurgia do HMASP realizou a primeira cirurgia de Anastomose
Cerebral, também conhecida como “By Pass”. Este procedimento é a ligação da artéria carótida
à artéria cerebral média. A Anastamose (ligação similar à ponte de safena - cirurgia cardíaca)
é realizada utilizando o fio cirúrgico 10.0 (dez vezes mais fino que um fio de cabelo). O pro-
cedimento foi realizado pelo capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo, com o apoio do
neurocirurgião Dr. Sérgio Tadeu Fernandes. Esta foi a primeira cirurgia “By Pass” realizada no
âmbito do Exército Brasileiro, procedimento restrito a poucos hospitais Brasil e no mundo.

Cirurgia para tratamento de Tumor Cerebral e para


tratamento de Cavernoma
Em 2018, duas cirurgias realizadas pela equipe de Neurocirurgia do HMASP em caráter pio-
neiro no âmbito do Exército Brasileiro marcaram a história: uma para o tratamento de tumor
cerebral e outra para o tratamento de cavernoma - lesão venosa interior do cérebro, na região
da fala, que pode provocar hemorragias ou epilepsia. O procedimento foi realizado com o
paciente acordado, a partir de uma técnica especial de anestesia, possibilitando a melhor deli-
mitação da àrea a ser manipulada pelo cirurgião. Esta cirurgia é realizada por poucos hospitais
no Brasil e no mundo.

Primeiro Implante de Cage Tlif expansível realizado


no Brasil
Em 22 de março de 2019, o HMASP rea-
lizou a primeira cirurgia de correção de
instabilidade da coluna com o implante
de Cage Tlif Expansível do Brasil. O pro-
cedimento foi realizado pelo médico por-
tuguês Dr. Óscar Alves (chefe da Neuro-
cirurgia do Hospital Lusíadas, do Porto),
com o auxílio do primeiro tenente médi-
co Dr. Rafael de Souza Duarte Loduca e
foi transmitido em tempo real pela inter-
net.

A implantação de Cage Tlif é comum nos


Primeiro implante de Cage Tlif Expansível realizado no Brasil. 2019.

228
casos de artrodeses de coluna, para prover
o apoio da vértebra anterior e auxiliar no
processo de fusão com a vértebra subse-
quente. Geralmente são implantados ca-
ges no tamanho do espaçamento entre as
vértebras (ou maior), gerando uma maior
trauma cirúrgico. A partir do uso do cage
expansível, é possível realizar a cirurgia
com maior comodidade ao paciente, devi-
do a possibilidade de ajustar o implante de
acordo com o espaçamento entre as vérte-
bras após a sua inserção. O tamanho uti-
lizado na primeira cirurgia foi de 7 mm. Dr. Óscar Alves explica por videoconferência o procedimento
de implantação do Cage Tlif Expansível. 2019.
O segundo procedimento realizado no HMASP foi coordenado pelo médico italiano Prof. Dr.
Massimo Balsano, cirurgião ortopédico especialista em coluna vertebral e Diretor do Departa-
mento Ortopédico do Hospital Universitário Integrado Verona (Azienda Ospedaliera Univer-
sitaria Integrata Verona - AOUI) e do Hospital Borgo Trento (Itália), com o acompanhamento
do capitão médico Dr. Paulo Macio Porto de Melo.

Primeira Microcirurgia Vascular Intracraniana por


Via Endonasal para fechamento de Aneurisma Cerebral
da América Latina
Em julho de 2019 foi realizada pela equipe
de Neurocirurgia do HMASP, a primeira
microcirurgia vascular intracraniana por
via endonasal para fechamento de aneu-
risma cerebral da América Latina. O pro-
cedimento foi realizado pelo capitão mé-
dico Dr. Paulo Macio Porto de Melo, com
o apoio dos médicos civis Dr. Leonardo
Balsalobre, Dr. Aldo Cassol Stamm (am-
bos do Centro de Otorrino e Fonoaudio-
logia de São Paulo, vinculado ao Hospital
Edmundo Vasconcelos), acompanhado
pelo primeiro tenente médico Dr. Rô- Cap P Porto durante a cirurgia para tratamento de aneurisma. 2019.
mulo Almino de Alencar Arrais Mota e
pelo aspirante a oficial médico Dr. Douglas Gonzales (ambos da equipe de Neurocirurgia do
HMASP).

O aneurisma cerebral é uma dilatação da parede de uma artérea cerebral, que quando rompida
causa a morte de cerca de 30% dos pacientes. Também pode provocar sequelas, além de atingir
a alta taxa de mortalidade (70%) dos pacientes após trinta dias da ruptura. Tradicionalmente o
aneurisma é tratado através da cranitomia (abertura feita no crânio) ou por cateterismo. Além

229
da baixa eficácia do tratamento por cateterismo (que pode necessitar do procedimento de cra-
nitomia, dependendo da localização do aneurisma), o tratamento tradicional é muito agressi-
vo ao paciente. No procedimento de cranitomia é necessário a remoção de uma parte da órbita
e de uma parte da face - o arco zigomático. Além disso, é frequente a necessidade de remover
o osso clinoide. Este procedimento necessita utilizar uma broca a 70 mil rotações por minuto,
em uma área que fica muito próxima da artéria carótida, do nervo ótico, do cérebro e do pró-
prio aneurisma. Além da alta precisão do cirurgião, existe um risco considerável ao paciente.

A partir da microcirurgia endonasal, o paciente não sofre nenhuma incisão na pele. O acesso é
feito por um pequeno corte dentro do nariz, na base do crânio e com o auxílio de uma câmera
o aneurisma é clipado. No mundo, existe o relato de trinta casos resolvidos por este método,
ainda restrito a poucos centros médicos. No ano de 2019, o Hospital Militar de Área de São
Paulo realizou três cirurgias, sendo o único hospital da América Latina a adotar o procedi-
mento.

A paciente submetida ao primeiro procedimento realizado realizou exames neurológicos e não


apresentou nenhum déficit, reforçando o sucesso da cirurgia pioneira. O serviço de Neuroci-
rurgia do HMASP é considerado um centro de referência pela Federação Latinoamericana de
Neurocirurgia (FLANC).
230
231
232 Oficiais e praças de Saúde do Hospital Militar de Área de São Paulo. 2019.
233
234 Contingente do Hospital Militar de Área de São Paulo e seu respectivo comandante - Ten Ferreira. 2020.
235
236 Subdivisão de Odontologia do Hospital Militar de Área de São Paulo. 2019.
237
238 Tenente Carlos Menossi, chefe do Serviço de Mastologia, emitindo laudo de mamografia
no SDI (Serviço de Diagnóstico por Imagem). 2019.
239
240 Laboratório de Análises Clínicas do HMASP. 2019.
241
General Amaro, Comandante Militar do Sudeste, é atendido pela equipe de saúde
242 do HMASP na Ação Cívico-Social (ACISO). 2019.
243
Seção de Perícias Médicas. 2019.

244
Serviço de Fisioterapia. 2019.
Coleta de Material - LAC. 2019.

245
Sala de Vacinação. 2019.
3º Sgt Lidiane Helena Fonseca, da Central de Material e Esterilização. 2020.

246 Equipe da Central de Material e Esterilização. Da esquerda para direita: SC Sergio e os terceiros sargentos Divino, Helena e Michael. 2020.
Gen Szelbracikowski (Diretor), Cel Roberto (Subdiretor), STen Leal (Adjunto de Comando),
Sgt Roma (Aux EMP) e equipe de apoio aos gabitenes da Direção e Subdireção. 2020.

TC Reder e equipe da Divisão de Medicina. 2020. 247


Cel Fonseca Filho (Fiscal Administrativo) e equipe da Fiscalização Administrativa. 2020.

248 Tenente Felipe e equipe da Seção de Manutenção e Transporte. 2020


Maj Marília e equipe da Comunicação Social. 2020

Cel Araújo Monti e equipe do Centro de Estudos. 2020 249


250
251
252 Corridão do HMASP no Parque da Independência. 2019
253
Pista de Treinamento em Circuiuto (PTC). 2019

254
255
256
Semana de Valorização dos Praças. 2018 257
36 A importância do Serviço Religioso
na promoção da Saúde

D esde os primórdios do Hospital Militar, o papel do religioso no apoio à saúde dos enfer-
mos sempre se fez importante. É citado por Mariano José do Amaral, no parágrafo 14
do primeiro regulamento hospitalar brasileiro, de 1803, como “os que realmente merecem ser
chamados de Enfermeiros, a cujo cargo está de tratarem os doentes com todo o zelo e carida-
de.” A assistência religiosa nas Forças Armadas surgiu oficialmente no tempo do Império de
Dom Pedro II, a partir do Decreto nº 747, de 24 de dezembro de 1850. E em meados da década
de 1930, o HMASP passou a contar com os trabalhos das Irmãs de Caridade da Ordem de São
Vicente de Paulo.

O atual Serviço de Assistência Religiosa nas Forças Armadas foi criado pela Lei nº 6.923, de 29
de junho de 1981. Diferente do período mais antigo, em que os religiosos realizavam os traba-
lhos que hoje estão a cargo do serviço de Enfermagem, é responsável por um papel de grande
importância dentro dos hospitais: o acolhimento da Família Militar, transmitindo mensagem
de esperança, dando o conforto necessário para os pacientes e seus acompanhantes nos mo-
mentos necessários.

O tenente coronel Reni Nogueira dos Santos, padre capelão do Comando Militar do Sudeste
(CMSE), é o responsável pelo Serviço de Assistência Religiosa do Exército (SAREx) no âmbito
do CMSE e presta todo o apoio religioso ao HMASP. Além dos aconselhamentos aos familia-
res e de ministrar os sacramentos aos enfermos, celebra missas semanais e em datas especiais.
Além do serviço religioso católico, o SAREx dispõe de capelão militar evangélico para atendi-
mento quando solicitado pelo paciente.

É notório por parte da ciência que a fé é uma grande aliada para o tratamento de saúde, agindo
na melhora da imunidade do paciente, na melhora aos processos de tratamentos contra o cân-
cer, auxilia no combate à ansiedade, depressão e distúrbios do sono e promove um bem estar
psicológico.. A assistência religiosa neste aspecto, torna-se uma importante aliada na promo-
ção da saúde, contribuindo com o cumprimento da missão do HMASP.

258
259
Coronel Médico
Roberto Bentes Batista
Subdiretor do HMASP

E m 2011 conheci o Hospital Militar de Área de São Paulo, na época não tive a oportunidade
de me aprofundar sobre a sua importância.

Já em 2018, fui surpreendido com o honroso convite do General de Brigada Médico Sergio dos
Santos Szelbracikowski, primeiro Oficial General Diretor do HMASP, para assumir a Subdire-
ção. Desde então constatei que entre as Organizações Militares de Saúde do Exército Brasileiro,
este foi um dos poucos Hospitais construídos para ser um ícone, com planta própria de hospital,
diferindo de muitas outras OMS do nosso Serviço de Saúde - algumas são sofríveis adaptações
dos quartéis das armas.

O HMASP além de sua sede arrojada, é uma Unidade que nasceu para ser grandiosa, com uma
enorme possibilidade de crescimento. Atualmente classificado como OMS Quartenária, por
agregar a atividade de Ensino e Pesquisa. Hoje desenvolve programas de residência médica nas
áreas de Clínica Médica, Urologia, Neurocirurgia e Anestesiologia; além da disponibilidade de
pós-graduação em Implantodontia e o projeto em andamento para a especialização em Masto-
logia - tudo a partir do Programa de Capacitação e Atualização dos Militares do Serviço de Saú-
de (PROCAP/Sau) - coordenado pela Diretoria de Saúde, lembrando que na área de pesquisa já
estamos nas adequações finais para que o HMASP seja considerado ICT (Instituto de Ciência
e Tecnologia), o que trará recurso e ampliará as fronteiras da missão quartenária do Hospital,
rumo ao seu futuro promissor e grandioso.

Estou certo de que o trabalho que é realizado aqui é motivo de orgulho para o Exército Brasilei-
ro. Marcamos a história da medicina em São Paulo, como a primeira Organização de Saúde no
Estado, e porquê não dizer - no Brasil, mantendo o padrão de nossos antepassados, trabalhando
hoje com excelência nas áreas de Urologia, Neurocirurgia e Cirurgia Toráxica, com reconheci-
mentos da sociedade médica paulista, trazendo grandes benefícios para os nossos usuários do
Fundo de Saúde do Exército (FuSEx).
pOSFÁCIO

Além dos projetos na área de Ensino e Pesquisa, o Hospital se prepara para implantar o serviço
de Cirurgia Cardiovascular, Hemodinâmica, Anatomopatologia, implementação da Quimiote-
paria - com adequação da manipulação de quimioterápicos, entre outros.

260
Ao longo de sua história, o HMASP sempre se colocou à frente do seu tempo, contribuindo
para o avanço da medicina brasileira e para o desenvolvimento do Brasil. É notório que per-
manecem presentes até os dias atuais suas características iniciais de um hospital de vanguarda.

Não podemos esquecer de recordar que além de sua missão assistencial à família militar, tam-
bém trata-se de uma OMS que integra o 4º Escalão de Saúde, com missão primeira de dar
todo apoio ao combatente, necessitando que se mantenha viva esta característica - lembrando
que atuou na campanha da Itália durante a Segunda Grande Guerra. Por esta razão recordo
ainda que no destaque nesta obra sobre o primeiro curso de Saúde em Campanha oferecido
por esta OMS em 1942 aos médicos civis, que foi um grande sucesso, assim como o trabalho
desenvolvido pela 2ª Formação Sanitária Regional, quando do treinamento às voluntárias da
Cruz Vermelha Brasileira. Em tempos de paz o HMASP deve sempre estar preparado para o
cumprimento de sua principal missão - que é o apoio ao combatente.

Carrego comigo o grande orgulho de estar participando como Subdiretor de parte impor-
tante da história deste Hospital. É uma pequena participação diante da grandiosidade de sua
História, que acumula duzentos e cinquenta e quatro anos, desde os primórdios no Pátio do
Colégio, na sede do governo da Capitania de São Paulo, e de seu primeiro centenário de esta-
bilização no Forte Cambuci.

As comemorações do centenário de sua estabilização neste Forte é um momento muito espe-


cial, em que o HMASP resgata a sua história e seus valores, e que ao mesmo tempo, se prepara
para continuar escrevendo a sua magnífica história para os próximos cem anos. Não menos
importante foi, é e será o seu valoroso trabalho realizado por todos os seus integrantes, milita-
res, civis e colaboradores, no engrandecimento desta Organização Militar de Saúde, alinhado
ao proposito maior de sempre apoiar esta memorável Nação.

261
Jornalista
Fagner Moura
Autor

q uando recebi o convite do General Szelbracikowski - diretor do HMASP, para


escrever este livro, me senti extremamente honrado em poder contar a história
de um dos maiores hospitais militares brasileiros. Servi nesta Organização Militar de
Saúde do Exército Brasileiro no período de 2004 a 2011, como Soldado do Efetivo Pro-
fissional, e tive a oportunidade de contar sua história no livro “244 Anos de Medicina
Militar/Hospital Militar de Área de São Paulo 90 Anos de História”, obra publicada em
janeiro de 2011, qual dividi a autoria com o Dr. Ivomar Gomes Duarte – 1º Tenente
Médico R2 que serviu na mesma instituição em meados dos anos 1970. Daquele pri-
meiro trabalho, pude reservar um rico material de pesquisa que me possibilitaram
discorrer uma narrativa mais detalhada desde a fundação em 1766, o longo caminho
percorrido para a construção da primeira sede no Vale do Anhangabaú no Século XIX,
até a fase atual (últimos cem anos).

Foi com imensa satisfação que aprofundei a história para um momento tão especial: o
primeiro centenário da sua estabilização no atual Forte Cambuci. Esta fase é um marco
por se tratar da inauguração de um hospital de alto padrão para o atendimento aos
militares, naquele três de maio de 1920. O General Luiz Barbedo, comandante da 2ª
Região Militar, teve a concepção de construir este hospital no alto do Morro da Pólvo-
ra. Este foi o primeiro militar apaixonado por esta instituição, que acompanhava cada
evolução da sua obra. Ao longo do trabalho de campo, pude encontrar outros tantos
apaixonados por este hospital. Servidores Militares e Civis que dedicaram longos anos
de suas vidas no cumprimento da missão do HMASP.

Meu intuito principal foi propiciar ao leitor uma maior compreensão do Serviço de
Saúde do Exército desenvolvido a partir do HMASP, mas não poderia deixar de lado as
suas origens, desde a instalação do Hospital Militar na sede do governo da Capitania
de São Paulo em sete de abril de 1766. Na totalidade são 254 anos de história, que con-
tribuiu para os avanços da medicina no Brasil. Intuitivamente o hospital sempre reen-
EPÍLOGO

controu as suas origens, realizando inúmeras tentativas de afirmação dos trabalhos em


Ensino e Pesquisa. Tornar-se um hospital quartenário é simplesmente coroar o traba-
lho de longuíssimos anos - que se iniciou em 1803, com a instalação do primeiro curso
de cirurgia do Brasil, com a formação dos alunos no ano seguinte, na sede do governo
da Capitania de São Paulo. Este hospital dota da rara condição de possuir uma história
rica, surpreendente e envolvente, que não poderia se limitar apenas a um produto de
comunicação institucional, mas um livro de história.

262
Para contar esta história me debrucei sobre documentos (manuscritos e documentos
oficiais), publicações (livros, jornais e revistas) e realizei inúmeras entrevistas. Busquei
cada detalhe que pudesse enriquecer e principalmente registrar de forma definitiva a
trajetória daquele que é o primeiro estabelecimento médico em São Paulo, que sofrera
modernizações ao longo dos séculos sem abrir mão da sua missão: servir ao Brasil e
cuidar do próximo. A missão de um hospital é bela por natureza e os valores militares
apenas engrandecem a sua existência.

Este livro mantém uma estrutura bem definida sobre a contribuição do HMASP para
a medicina brasileira, os seus valores institucionais e a presença do Exército Brasileiro
em diversos momentos da história.

As boas histórias apaixonam a nós jornalistas e esta é uma das mais belas histórias que
eu poderia contar na minha carreira. Agradeço pela oportunidade de documentar esta
trajetória. Sempre serei o soldado “filho” desta instituição, onde aprendi a amar incon-
dicionalmente o meu País e ao próximo. Aos meus irmãos de arma, desejo sucesso na
missão e que se sintam honrados em fazer parte do Hospital Militar de Área de São
Paulo, como um dia tive a oportunidade. Aproveito para cumprimentar a cada um dos
servidores do HMASP (civis e militares), que sempre se dedicaram de forma extraordi-
nária para o cumprimento da missão desta instituição. A história do HMASP é escrita
no dia-a-dia por essas pessoas que não medem esforços para prestar um atendimento
humanizado e restabelecer a saúde da Família Militar, sem abrir mão dos valores pa-
trióticos, militares, da hierarquia e da disciplina. Como cidadão, me orgulho do nosso
glorioso Exército Brasileiro.

Desejo ao Hospital Militar de Área de São Paulo uma longa vida de sucesso e de con-
tribuição para a medicina brasileira. Que a sua história continue a resplandecer sob o
céu do Cruzeiro do Sul.

HMASP!
Saúde!
Brasil!

263
Professor Doutor
Antonio Carlos Lopes
Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

O Serviço de Saúde do Exército Brasileiro ao longo da história, contou com a colaboração


de grandes nomes da medicina do meio civil. Relembramos essa cooperação na ocasião da
Missão Médica Brasileira, durante a Primeira Guerra Mundial em 1918; na organização
do trabalho dos médicos residentes no Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP – na
época Hospital Militar da 2ª Região) em 1920; na participação em cirurgias que marcaram
a história; e no período recente, nos trabalhos das residências médicas, que transformou
esta Organização Militar de Saúde do Exército Brasileiro em hospital quartenário.

Agradecemos ao Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de


Clínica Médica, que contribui com o HMASP nos trabalhos da Residência em Clínica
Médica, além dos trabalhos realizados pela Escola Paulista de Ciências Médicas (EPCM),
em acordo de cooperação técnica firmado com esta instituição em 2016, promovendo
aGRADECIMENTOs

cursos, estágios e simpósios que tanto agregam aos profissionais de saúde desta OMS.

O apoio do Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes foi fundamental para a publicação do resgate
da história do HMASP, a partir do Instituto Professor Antonio Carlos Lopes, que realizou
a produção executiva deste livro, favorecendo o resgate dos valores e tradições deste que é o
estabelecimento médico mais antigo de São Paulo, com 254 anos de história e que
comemora seu primeiro centenário de instalação
no Morro da Pólvora, atual Forte Cambuci.

264
Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica
Thomaz de Carvalho

No Século XIX, quando o Real Hospital Militar foi instalado no Vale do Anhangabaú,
era responsável pela fabricação dos medicamentos oferecidos aos pacientes, além de
vendê-los à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Mesmo após a sua desativação,
sendo transferido para a Fazenda Santana, a Botica do Hospital Militar permaneceu
por mais algum tempo para fornecer os medicamentos à Santa Casa.

A farmacologia é um recurso importante para a vida de um Hospital.


É a partir dela que os pacientes alcançam a sua cura.

Temos a honra de relembrar o nome de um importante farmacêutico brasileiro: Thomaz


de Carvalho. Paulista de Monte Alto, fundou uma farmácia na década de 1940 na Vila
Maria, em São Paulo, que posteriormente viria a se tornar a famosa rede Drogaria São
Paulo, hoje controlado pelo Grupo DPSP, o segundo maior de farmácias varejistas do
Brasil. Seu compromisso com a saúde e o bem estar permanece vivo até os dias atuais.

No ano em que o Hospital Militar de Área de São Paulo comemora seu primeiro
centenário no Forte Cambuci, história esta que se iniciou em um tempo muito mais
remoto, em 1766, aproveitamos para agradecer ao senhor Ronaldo de Carvalho, filho do
Sr. Thomaz de Carvalho, que pode generosamente contribuir com a história da
medicina brasileira viabilizando a publicação desta obra, através do Instituto Brasileiro
de Pesquisa Clínica Thomaz de Carvalho.

265
Hospital Militar da Capitania de São Paulo
(07 de abril de 1766 a 31 de dezembro de 1801)

Real Hospital Militar


(1º de janeiro de 1802 a 16 de fevereiro de 1832)

Hospital Regimental de São Paulo


(17 de fevereiro de 1832 a 21 de Março de 1890)
criado pelo decreto --- de 17/02/1832

Hospital Militar de 3ª Classe - São Paulo


(22 de março de 1890 A 17 de junho de 1919)
criado pelo decreto nº 307 de 03/04/1890
extinto pelo decreto nº 13.601 de 18/06/1919

Hospital Militar de São Paulo


Hospital Militar da 2ª Região
(02 de maio de 1920 a 31 de dezembro de 1925)
criado pelo decreto nº 13.655 de 18/11/1919

Hospital Militar Divisionário da 2ª Região


(1º de janeiro de 1926 a 20 de maio de 1938)

Hospital Militar de São Paulo


(21 de maio de 1938 a 20 de janeiro de 1953)

Hospital Geral da 2ª Região Militar - São Paulo


(14 de janeiro de 1953 a 07 de julho de 1955)
decreto nº 32.090 de 14/01/1953

Hospital Geral de São Paulo


(08 de julho de 1955 a 31 de dezembro de 2009)
portaria nº 284 de 08/07/1955

Hospital Militar de Área de São Paulo


(1º de janeiro de 2010 - atual)
criado pela portaria nº 098-EME/1ªSCh, de 16/10/2009

266
267
DENOMINAÇÕES
Hospital Militar da 2 Região
GALERIA DOS DIRETORES

Hospital Militar de São Paulo


(1920-1926)

major médico
1º Diretor
Dr. João Afonso
de Souza Ferreira
(03 Mai 1920-12 Abr 1921)

tenente-coronel médico
2º Diretor Dr. Rodrigo de Araújo Bulcão
(12 Abr 1921-07 Jul 1923)

tenente-coronel médico
3º Diretor Dr. Antônio Ribeiro Couto
(19 Ago 1923-15 Fev 1924)

tenente-coronel médico
4º Diretor
Dr. João Afonso
de Souza Ferreira
(13 Nov 1924-02 Jan 1925)

tenente-coronel médico
5º Diretor
Dr. Hermógenes Pereira
de QueirÓz e Silva
(26 Set 1925-06 Fev 1926)

268
Hospital Militar DivisionÁrio
(1926-1938)

6º Diretor tenente-coronel médico


1º Diretor Dr. Alberto Guimarães
HMD (26 Abr 1926-04 Abr 1927)

7º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Sebastião de Alencastro
2º Diretor Guimarães
HMD
(04 Fev 1931-15 Ago 1931)

8º Diretor tenente-coronel médico


3º Diretor Dr. José Antônio Cajazeiras
HMD (15 Ago 1931-07 Out 1932)

9º Diretor major médico


4º Diretor Dr. José Valente Ribeiro
HMD (26 Nov 1932-11 Jul 1933)

10º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Hermógenes Pereira de
5º Diretor QueirÓz e Silva
HMD
(13 Abr 1935-27 Jul 1935)

269
Hospital Militar Divisionário
GALERIA DOS DIRETORES

(1926-1938)

11º Diretor tenente-coronel médico


6º Diretor Dr. Carlos Eugênio Guimarães
HMD (13 Abr 1937-11 Set 1937)

12º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Jesuíno Carlos
7º Diretor de Albuquerque
HMD
(19 Out 1937-21 Fev 1938)

Hospital Militar de São Paulo


(1938-1953)

tenente-coronel médico
13º Diretor Dr. Oscar de Castro Louveiro
(21 Fev 1938-17 Mar 1940)

tenente-coronel médico
14º Diretor Dr. José Vieira Peixoto
(17 Mar 1941-02 Jan 1942)

tenente-coronel médico
15º Diretor Dr. Luiz César de Andrade
(03 Mar 1942-04 Fev 1943)

270
Hospital Militar de São Paulo
(1938-1953)

tenente-coronel médico
16º Diretor Dr. Achiles Paulo Galotti
(12 Fev 1943-06 Mar 1944)

tenente-coronel médico
17º Diretor Dr. Arnaldo Nunes Cerqueira
(02 Mai 1944-02 Mai 1945)

tenente-coronel médico
18º Diretor Dr. João Nominando de Arruda
(02 Mai 1945-18 Mar 1947)

tenente-coronel médico
19º Diretor Dr. Arlindo Ramos Brandão
(10 Mar 1947-10 Out 1949)

tenente-coronel médico
20º Diretor Dr. Generoso de Oliveira Ponce
(02 Dez 1950-19 Mar 1951)

271
Hospital Militar de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES

(1938-1953)

tenente-coronel médico
21º Diretor Dr. Renato Varandas de Azevedo
(19 Mar 1951-03 Dez 1951)

tenente-coronel médico
22º Diretor Dr. Benedito Mota Mercier
(03 Dez 1951-15 Ago 1952)

tenente-coronel médico
23º Diretor
Dr. Meneleu de Paiva
Alves da Cunha
(1º Dez 1952-20 Jan 1953)

Hospital Geral da 2ª Região Militar


São Paulo
(1953-1955)

23º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Meneleu de Paiva
1º Diretor Alves da Cunha
HGe 2ªRM
(21 Jan 1953-17 Jun 1955)

272
Hospital Geral de São Paulo
(1955-2009)

24º Diretor tenente-coronel médico


1º Diretor Dr. Hermes Santos Pimentel
HGeSP (17 Ago 1955-1º Set 1955)

25º Diretor tenente-coronel médico


2º Diretor Dr. Renato Varandas de Azevedo
HGeSP (23 Ago 1955-16 Jun 1956)

26º Diretor coronel médico


3º Diretor Dr. José de Oliveira Ramos
HGeSP (14 Jun 1960-22 Ago 1961)

27º Diretor coronel médico


4º Diretor Dr. Tito Ascoli de Oliva Maya
HGeSP (25 Set 1961-19 Set 1966)

28º Diretor coronel médico


5º Diretor Dr. Caio Tavares Iracema
HGeSP (11 Abr 1967-28 Fev 1973)

273
Hospital Geral de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES

(1955-2009)

29º Diretor coronel médico


Dr. Benedito Homero
6º Diretor Aquino Marques
HGeSP
(28 Fev 1973-05 Set 1978)

30º Diretor coronel médico


7º Diretor Dr. Aroldo Taranto Reis
HGeSP (05 Set 1978-17 Dez 1982)

31º Diretor coronel médico


8º Diretor Dr. Rubens de Souza Manino
HGeSP (17 Dez 1982-24 Fev 1986)

32º Diretor coronel médico


9º Diretor Dr. Cleber Neves
HGeSP (24 Fev 1986-04 Mai 1989)

33º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Marcos André
10º Diretor Monteiro Guimarães
HGeSP
(04 Mai 1989-30 Jan 1991)

274
Hospital Geral de São Paulo
(1955-2009)

34º Diretor general de brigada médico


11º Diretor Dr. Ricardo Agnese Fayad
HGeSP (30 Jan 1991-27 Abr 1994)

35º Diretor coronel médico


12º Diretor Dr. Ubiratan da Rocha Freitas
HGeSP (27 Abr 1994-05 Abr 1995)

36º Diretor coronel médico


13º Diretor Dr. Antenio Bonilha
HGeSP (15 Abr 1995-26 Fev 1996)

37º Diretor coronel médico qema


14º Diretor Dr. Emílio José Almeida da Silva
HGeSP (26 Fev 1996-26 Fev 1999)

38º Diretor coronel médico qema


15º Diretor Dr. Grimário Nobre de Oliveira
HGeSP (26 Fev 1999 a 31 Jan 2001)

275
Hospital Geral de São Paulo
GALERIA DOS DIRETORES

(1955-2009)

39º Diretor tenente-coronel médico


Dr. Antônio Júlio
16º Diretor Soares da Costa
HGeSP
(31 Jan 2001 a 22 Jan 2003)

40º Diretor coronel médico qema


17º Diretor Dr. Adamastor Dias Matos
HGeSP (22 Jan 2003 a 26 Jan 2005)

41º Diretor coronel médico


18º Diretor Dr. Sidney Gomes
HGeSP (26 Jan 2005 a 1º Nov 2007)

42º Diretor coronel médico


19º Diretor Dr. Fernando Storte
HGeSP (1º Nov 2007 a 31 Dez 2009)

276
Hospital Militar de Área de São Paulo
(2010-atual)

42º Diretor coronel médico


1º Diretor Dr. Fernando Storte
HMASP (1º Jan 2010 a 20 Jan 2011)

43º Diretor coronel médico


2º Diretor Dr. Marcelo Paiva de Oliveira
HMASP (20 Jan 2011 a 1º Fev 2013)

44º Diretor coronel médico qema


3º Diretor Dr. Arno Ribeiro Jardim Júnior
HMASP (1º Fev 2013 a 08 Jan 2015)

45º Diretor coronel médico qema


Dr. Sergio dos Santos
4º Diretor Szelbracikowski
HMASP
(08 Jan 2015 a 03 Fev 2017)

46º Diretor coronel médico


5º Diretor Dr. Mário Rosas Filho
HMASP (03 Fev 2017 a 28 Mar 2018)

47º Diretor general de brigada médico


Dr. Sergio dos Santos
6º Diretor Szelbracikowski
HMASP
(11 Abr 2018 - atual)

277
04 de abril - O Governador e Capitão General da
Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, escreve
ao Rei de Portugal (D. José I), relatando sobre a refor-
ma do Colégio dos Jesuítas para que abrigasse o Pa-
lácio do Governo e que mandou criar o “hospital dos
soldados” dentro do palácio.

07 de abril - Inaugura o palácio do Governo da Ca-


pitania de São Paulo e o Hospital Militar (hospital dos
soldados). O bacharel em medicina José Joaquim Frei-
re da Silva chega de Santos, acompanhando o gover-
nador, para atender aos militares da vila de São Paulo.
O Hospital Militar se torna o primeiro estabelecimento
de saúde a possuir atendimento médico em São Paulo
e considerávelmente o primeiro hospital militar brasi-
leiro.

30 de outubro - O Provedor da Fazenda Real da


Capitania de São Paulo solicita ao rei o pagamento
do ordenado ao bacharel de medicina Joaquim José
Freire da Silva, com o soldo de 200 mil réis.

1766 1775

O Governador e Capitão General da


Capitania de São Paulo, Martim Lopes
Lobo de Saldanha aluga quatro casas
contíguas à Igreja da Misericórdia, na
Rua da Quintanda, para servir de nova
instalação do Hospital Militar, sendo
uma das casas destinadas para o aten-
dimento da população civil.

278
04 de novembro - O príncipe re-
gente D. João, cria o Aviso (carta régia)
que autoriza o governo da Capitania
de São Paulo a construir o Hospital Mi-
litar e o Jardim Botânico, e a receber
doações para as obras.

1792 1799 1801

O engenheiro militar, coronel João da


Costa Ferreira, cria a planta do Hospi-
tal Militar da Capitania de São Paulo
que seria construído nas proximidades
do Parque da Luz, com o estilo renas-
centista. A obra foi iniciada, mas não
chegou a ser finalizada.

13 de maio - O governador Castro e Men-


donça solicita ao rei de Portugal a promoção
dos militares que realizaram doações para a
construção do Hospital Militar.

15 de dezembro - O físico mor Mariano


José do Amaral é nomeado para atender no
Hospital Militar, dar aula aos ajudantes de ci-
rurgia e atender à população paulista.

279
11 de outubro - O bacharel Francis-
co Vieira Goulart é indicado para com-
prar as drogas da Botica e as ferragens
para a construção do Hospital Militar.

14 de janeiro - O Real Hospital Militar


e o Jardim Botânico de São Paulo é ofi-
cialmente inaugurado no Vale do Anhan-
gabaú. O primeiro regulamento hospi-
talar do Brasil é editado pelo físico mor
Mariano José do Amaral.

1802 1803 1804 1808

Os alunos do primeiro curso de cirurgia


do Brasil são formados em solenidade
no palácio do governo.

22 de janeiro - Chegada da
Família Real ao Brasil.

280
O Real Hospital Militar é transferido para a
Fazenda Santana, onde atualmente está loca-
lizado o Centro de Preparação de Oficiais da
Reserva de São Paulo (CPOR/SP).

Extinção dos Reais Hospitais Militares e


criação dos Hospitais Regimentais.

15 de novembro - Proclamação
da República.

1822 1830 1832 1836 1889 1890

27 de maio - Nasce o patrono


do Serviço de Saúde do Exército
Brasileiro, General João Seve-
riano da Fonseca, na cidade de
Alagoas (atual Marechal Deo-
doro-AL).

07 de setembro - Pro-
clamada a Independência
do Brasil por Dom Pedro I. 22 de março - Regulamentação
do Serviço de Saúde do Exército
no período republicano. Criado o
Hospital Militar de 3ª Classe - São
Paulo.

281
General Barbedo assume o
comando da então 6ª Região
Militar.

28 de junho - Inaugurada a
pedra fundamental do Hospi-
tal Militar da 6ª Região.

1916 1918 1920 1924

03 de maio - Inaugurado o Hospi-


tal Militar da 2ª Região, no Morro da
Pólvora, bairro do Cambuci.

05 a 18 de junho - O Hospital
Militar socorre aos feridos da Revolta
Paulista de 24.

setembro - O Hospital Militar re-


cebe sua primeira viatua - um Ford
Double Phaeton para uso exclusivo
da Direção.

282
O Hospital Militar inicia a contratação de servi-
dores civis.

O Hospital Militar atende a 16 soldados do 4º


Regimento de Infantaria vítimas da epidemia de
febre tifóide.

1º de janeiro - Muda sua denominação para


Hospital Militar Divisionário.

1925 1926 1929 1932

Realiza em caráter inédito nos hospitais militares


a cirurgia de simpatectomia para alívio da dor,
pela equipe do 1º Tenente Médico Dr. Aristóteles
Cavalcanti de Albuquerque, acompanhado pelo
Major Médico Dr. Ezequiel Nunes de Oliveira.

Atende aos feridos da Revolução


Constitucionalista de 1932.

283
Inauguração da 2ª Formação
Sanitária Regional e construção
da Casa das Irmãs de Caridade.

21 de maio - Retorna à deno-


minação anterior: Hospital Militar
de São Paulo.

Instituído o serviço de Médico de


Dia.

1935 1938 1941 1942 1943

Início dos serviços de Fisioterapia, organização


da Enfermaria de Traumatologia e criação do
Serviço de Transfusão de Sangue.

Realizado o plantio de 150 árvores ornamentais em frente ao hospital. Inau-


gurados os pavilhões A e B e foi criada as enfermarias de Oftalmologia (1ª
Enfermaria) e Otorrinolaringologia (2ª Enfermaria).

284
08 de julho - Recebe a denominação de Hospital
Geral de São Paulo, de acordo com o Decreto nº
284, de 08 de julho de 1955.

04 de agosto - Criado o Serviço de Cardiologia.

14 de janeiro - Recebe a denominação de


Hospital Geral da 2ª Região Militar, de acordo
com o Decreto nº 32.090, de 14 de janeiro de
1953.

21 de janeiro - Recebe a visita da imagem pe-


regrina de Nossa Senhora de Fátima, contando
com a presença de personalidades como a can-
tora Hebe Camargo, o primeiro ministro francês
Charles de Gaulle e diversas autoridades locais.

maio - Inauguração do
serviço de Ortopedia e
Traumatologia

1944 1951 1952 1953 1955

Inaugurado o elevador, a maternidade, a sala


de parto, a sala de operações, a sala de este-
rilização e novos apartamentos de internação.

O Hospital Militar de São Paulo institui uma jun-


ta de seleção para os convocados para servir
na Força Expedicionária Brasileira.

285
13 de março - Inauguração
do Centro de Estudos.

janeiro - Fundação do primeiro Bando de


Olhos de São Paulo para transplante de cór-
nea, sob os cuidados do 1º Tenente Médico
José Furlan. Realizada a primeira cirurgia de
transplante de córnea. O evento foi registra-
do pela TV Tupi de São Paulo (Diários Asso-
ciados).

Criação do Serviço Social.

1956 1958 1960 1961 1962 1963

Instalação de um novo pavilhão ex-


terno, ao lado do antigo Almoxari-
fado composto pelas especialidades
maio - Colabora com Clínica Médica, Oftalmologia,
a criação do Banco de Otorrinolaringologia, Ginecologia,
Sangue de São Paulo. Urologia e pela Farmácia do ARSE.

27 de setembro - 1ª intervenção cirúrgica para cor-


reção de defeito vascular, realizada pelo tenente-coro-
nel médico Edgard Moutinho dos Reis e equipe, se tor-
nando um marco para a cirurgia cardíaca no Brasil. A
RecordTV transmitiu o evento ao vivo, com a narração
do repórter Paulo Planet Buarque.

286
05 de setembro - Recebe a visita do Conde Herme-
negildo Arruga Liró, catedrático da Universidade de Bar-
celona (Espanha), do professor Hiton Rocha da Univer-
sidade de Minas Gerais, do professor Henrique Melega
presidente da Associação Paulista de Medicina e Colégio
de Cirurgiões.

Inaugurado o Serviço de Arquivo Médico e Estatística


(SAME).

A Academia Brasileira de Medicina Militar agracia o


estandarte do Hospital Geral de São Paulo com a sua
medalha.

Realizados os procedimentor cirúrgicos de aplicação de


enxerto autógeno-autoplástico, pelo capitão médico Dr.
José Justo Lanna de Souza; e uma estapedectomia e tim-
panoplastia pelo capitão médico Dr. Marcílio Silva Prôa.

Inauguração do Pavilhão Cultural (Biblioteca e Centro de


Estudos) e criação da Junta de Inspeção de Saúde da
Guarnição (JISG).

1964 1965 1967 1968 1974 1979

31 de março - Inaugurado o Centro de Pesquisa e


Cirurgia Experimental.

27 de junho - O HGeSP realiza o funeral do soldado


Mário Kozel Filho, morto em serviço na explosão do
Quartel General do Ibirapuera.

1º de fevereiro - O HGeSP entra


em prontidão e atende às vítimas do
incêndio do Edifício Joelma.

Início da construção dos prédios do


Aprovisionamento e do Ambulatório.

287
21 de fevereiro - Inauguração do
prédio novo do Aprovisionamento e
do Serviço de Nutrição e Dietética.

08 de dezembro - Inauguração
do prédio do Ambulatório.

Implantação do Serviço Social.

28 de janeiro - A equipe do 2º Tenente R/2


médico Dr. José Oswaldo de Oliveira Junior realiza
a primeira Laminectomia Torácica Descompressiva
a nível T6/T7 para retirada de Neurinoma extra e
intra dural (primeira neurocirurgia).

1981 1982 1983 1984 1986 1996 1997

06 de abril - As antigas instalações do HGeSP


são completamente desativadas, e iniciado o pro-
cesso de demolição.

09 de dezembro - Inauguração oficial do novo


Hospital Geral de São Paulo.

22 de maio - Inaugurado o Serviço de Mater-


nidade do Hospital Geral de São Paulo, que per-
maceceu ativo até o ano de 2003.

Realiza a primeira cirurgia de videolaparoscopia,


pelo major médico Dr. Marcelo Paiva de Oliveira.

288
Primeira participação do HGeSP na UNTAET -
Missão de Paz “Administração da Transição das
Nações Unidas no Timor Leste”.

Inicia a participação no programa Compromisso


com a Qualidade Hospitalar da Associação Pau-
lista de Medicina.

2000 2003 2004 2006 2008

Primeira participação do HGeSP na MINUSTAH


(Missão das Nações Unidas para Estabilização no
Haiti).

Recebe o Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão


- Bronze 2005/2006.

Realiza o plantio de 3.000 árvores de


espécies nativas.

289
Coronel Jardim assume a Direção
do HMASP e inicia os trabalhos
de modernização das Unidades
de Internação

Início da implementação
da residência médica em
Neurocirurgia.

2010 2011 2013 2014 2015

27 de maio - O Comando Militar


do Sudeste inaugura o Forte Cambuci,
complexo composto pelo HMASP, 2ª
ICFEx, 3º CTA, CRO/2, 4ª CSM e 3ª
Cia de Inteligência.

Oficialização da residência médica em


Neurocirurgia junto ao Ministério da
Educação.

13 de abril - Celebra acordo com


a Marinha do Brasil para atendimen-
to dos militares da força marítima em
São Paulo.

1º de janeiro - Transformado
no Hospital Militar de Área de São
Paulo, de acordo com a Portaria
098-EME/1ª SCh, de 16 de outubro
de 2009.

290
03 de maio - O Hospital Militar de
Área de São Paulo completa 100 anos
de instalação no Forte Cambuci.

09 de janeiro - Realiza a primeira cirurgia a


laser para tratamento da Hiperplasia Benigna da
Próstata.

11 de abril - O Hospital Militar de Área de São


Paulo é dirigido pelo primeiro Oficial General
Médico na história, o General de Brigada Sergio
dos Santos Szelbracikowski.

Primeira turma de residentes em Clínica Médica se


forma no HMASP.

2016 2018 2019 2020

19 de julho - O Hospital Militar de


Área de São Paulo passa a ser dirigi-
do exclusivamente por Oficial General
Médico da ativa, a partir do Decreto nº
9.925.

07 de abril - Comemora 250 anos de Medicina Militar em São Paulo, con-


tados a partir do período embrionário do HMASP.

09 de dezembro - Firma o acordo de cooperação técnica com a Escola


Paulista de Ciências Médicas (EPCM).

Oficialização das residências médicas em Anestesiologia, Clínica Médica e


Anestesiologia junto ao Ministério da Educação.

291
ORGANIZAÇÕES MILITARES DE SAÚDE
DO EXÉRCITO BRASILEIRO
Hospital Central do Exército
HCE
Rio de Janeiro, RJ
OMS ESPECIAIS
Hospital Militar de Resende Odontoclínica Central do Exército
HMR OCEx
Resende, RJ Rio de Janeiro, RJ
Hospital de Campanha
H Cmp Laboratório Químico
Rio de Janeiro, RJ Farmacêutico do Exército
Instituto de Biologia do Exército LQFEx
IBEx Rio de Janeiro, RJ
Rio de Janeiro, RJ
HOSPITAIS MILITARES DE ÁREA
Hospital Militar de Área de São Paulo Hospital Militar de Área
HMASP de Campo Grande - HMACG
São Paulo, SP Campo Grande, MS
Hospital Militar de Área Hospital Militar de Área de Brasília
de Porto Alegre - HMAPA HMAB
Porto Alegre, RS Brasília, DF
Hospital Militar de Área de Recife Hospital Militar de Área de Manaus
HMAR HMAM
Recife, PE Manaus, AM
HOSPITAIS GERAIS
Hospital Geral do Rio de Janeiro Hospital Geral de Belém
HGeRJ HGeBe
Rio de Janeiro, RJ Belém, PA
Hospital Geral de Juiz de Fora Hospital Geral de Fortaleza
HGeJF HGeF
Juiz de Fora, MG Fortaleza, CE
Hospital Geral de Curitiba Hospital Geral de Santa Maria
HGeC HGeSM
Curitiba, PR Santa Maria, RS
Hospital Geral de Salvador
HGeS
Salvador, BA
HOSPITAIS DE GUARNIÇÃO - TIPO I
Hospital de Guarnição de Alegrete Hospital de Guarnição de Santiago
HGuA HGuSt
Alegrete, RS Santiago, RS
Hospital de Guarnição de Bagé
HGuBa
Bagé, RS

HOSPITAIS DE GUARNIÇÃO - TIPO II


Hospital de Guarnição de Florianópolis Hospital de Guarnição de João Pessoa
HGuFl HGuJP
Florianópolis, SC João Pessoa, PB
HOSPITAIS DE GUARNIÇÃO - TIPO III
Hospital de Guarnição de Marabá Hospital de Guarnição de Tabatinga
HGuMba HGuT
Marabá, PA Tabatinga, AM
Hospital de Guarnição de
Hospital de Guarnição de Porto Velho
São Gabriel da Cachoeira
HGuPV
Porto Velho, RO
HGuSGC
São Gabriel da Cachoeira, AM
HOSPITAIS DE GUARNIÇÃO - TIPO IV
Hospital de Guarnição de Natal
HGuN
Natal, RN
292
POLICLÍNICAS MILITARES
Policlínica Militar de Niterói Policlínica Militar da Praia Vermelha
PMN PMPV
Niterói, RJ Rio de Janeiro, RJ

Policlínica Militar do Rio de Janeiro Policlínica Militar de Porto Alegre


PMRJ PMPA
Rio de Janeiro, RJ Porto Alegre, RS
POSTOS MÉDICOS DE GUARNIÇÃO - TIPO I
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Pouso Alegre de Cruzeiro do Sul
Pouso Alegre, MG Cruzeiro do Sul, AC
POSTOS MÉDICOS DE GUARNIÇÃO - TIPO II
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Ponta Grossa de São Gabriel
Ponta Grossa, PR São Gabriel, RS
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Dourados de Corumbá
Dourados, MS Corumbá, MS

Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição


de Barueri de Maceió
Barueri, SP Maceió, AL

Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição


de São Vicente de Aracajú
São Vicente, SP Aracajú, SE

Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição


de Taubaté de São Borja
Taubaté, SP São Borja, RS
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de São Luís de Santana do Livramento
São Luís, MA Santana do Livramento, RS
POSTOS MÉDICOS DE GUARNIÇÃO - TIPO III
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Campinas de Cascavel
Campinas, SP Cascavel, PR
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Cuiabá de Três Corações
Cuiabá, MT Três Corações, MG
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Tefé de Cruz Alta
Tefé, AM Cruz Alta, RS
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Rio Branco de Santo Ângelo
Rio Branco, AC Santo Ângelo, RS
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Vila Velha de Uruguaiana
Vila Velha, ES Uruguaiana, RS
Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Teresina de Pelotas
Teresina, PI Pelotas, RS

POSTOS MÉDICOS DE GUARNIÇÃO - TIPO IV


Posto Médico de Guarnição Posto Médico de Guarnição
de Belo Horizonte de Goiânia
Belo Horizonte, MG Goiânia, GO
Posto Médico de Guarnição
de Boa Vista
Boa Vista, RR

293
POSTOS E GRADUAÇÕES
DAS FORÇAS ARMADAS

MARINHA DO BRASIL EXÉRCITO BRASILEIRO FORÇA AÉREA BRASILEIRA


OFICIAIS GENERAIS

Almirante Marechal Marechal do Ar

Almirante de Esquadra General de Exército Tenente-Brigadeiro do Ar

Vice-Almirante General de Divisão Major-Brigadeiro do Ar

Contra-Almirante General de Brigada Brigadeiro


OFICIAIS SUPERIORES

Capitão de Mar e Guerra Coronel Coronel

Capitão de Fragata Tenente-Coronel Tenente-Coronel

Capitão de Corveta Major Major


OFICIAIS INTERMEDIÁRIOS

Capitão-Tenente Capitão Capitão


OFICIAIS SUBALTERNOS

1º Tenente 1º Tenente 1º Tenente

2º Tenente 2º Tenente 2º Tenente

Guarda-Marinha Aspirante a Oficial Aspirante

294
MARINHA DO BRASIL EXÉRCITO BRASILEIRO FORÇA AÉREA BRASILEIRA
GRADUADOS

Suboficial Subtenente Suboficial

1º Sargento 1º Sargento 1º Sargento

2º Sargento 2º Sargento 2º Sargento

3º Sargento 3º Sargento 3º Sargento

Taifeiro-Mor Cabo

Cabo Cabo Taifeiro-Mor

Taifeiro de 1ª Classe Soldado de 1ª Classe

Taifeiro de 2ª Classe Taifeiro de 1ª Classe

Marinheiro Soldado Soldado de 2ª Classe

Taifeiro de 2ª Classe
295
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298
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO - Lisboa, Portugal

DOCUMENTOS CONSULTADOS
Carta, São Paulo, 30 de outubro de 1766 (AHU-São Paulo, Caixa 5, doc. 17)
Do provedor da Fazenda Real da capitania de São Paulo, José Honório de Valadares e Aboim, ao
rei D. José I, sobre o ordenado do bacharel em medicina José Freire, que atende aos soldados e à
população em geral da cidade de São Paulo.

Ofício, São Paulo, 13 de maio de 1801 (AHU-São Paulo, Caixa 15, doc. 8)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio Manuel de Melo Castro e
Mendonça ao secretário de estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, sobre
a proposta de alguns oficiais que foram promovidos pelos donativos que fizeram para as obras do
Hospital Militar e Jardim Botânico da cidade de São Paulo na conformidade do aviso de 04 de
novembro de 1799.

Ofício, São Paulo, 15 de dezembro de 1801 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 8)
Do governador e capitão general Antônio Manuel de Melo Castro e Mendonça ao secretário de
estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, informando que o físico-mor da
capitania de São Paulo tem o dever de atender o Hospital Militar e o Hospital Público, assim como
dar aulas aos ajudantes de cirurgiões.

Ofício, São Paulo, 11 de outubro de 1802 (AHU-São Paulo, Caixa 17, doc. 12)
Do oficial da secretaria de governo da capitania de São Paulo Manoel Inocêncio de Vasconce los
ao secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e
Melo Meneses e Souto Maior, sobre a indicação do bacharel Francisco Vieira Goulart como pes-
soa preparada para comprar as drogas da Botica, também a compra das ferragens para o Hospital
Militar.

Ofício, São Paulo, 14 de janeiro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 2)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Meneses e Souto Maior, enviando, pela Secretaria de Estado, planos sobre a regulamentação do
Hospital Militar.

Ofício, São Paulo, 21 de fevereiro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 18, doc. 7)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário do reino D. Rodrigo de Sousa Coutinho, dando contas desde a sua posse, do estado das
finanças da capitania, detalhando tudo o relativo à arrecadação, à fiscalização e administração
das rendas reais, demorando-se nos gastos com os pagamentos com os diferentes professores das
várias cadeiras e aulas ministradas. Também informa sobre os pagamentos dos religiosos e suas
providências quanto ao estabelecimento dos Correios, do Hospital Militar, da Botica Real e do Jar-
dim Botânico. Dá contas também do estado dos gastos com o pessoal militar e com as munições.

Ofício, São Paulo, 03 de julho de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 19, doc. 9)
Do governador e capitão general da capitania da São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar D. Rodrigo de Sousa Coutinho, relatando suas ativi-
dades para com o aproveitamento do antigo colégio dos jesuítas de Santos para alojar a Alfândega,
os armazéns de sal e outras repartições; para com a melhoria da navegação e dos portos de Santos
e São Sebastião, para com a organização do Hospital Militar e da botica com a maior arrecadação
das rendas reais.

299
Despacho, Lisboa, 07 de novembro de 1803 (AHU-São Paulo, Caixa 20, doc. 16)
DOCUMENTOS CONSULTADOS
Do Conselho Ultramarino ordenando que passe portaria ao governador e capitão general da cap-
itania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta sobre o estado atual do Hospital Militar e do
Horto Botânico e declarando os meios utilizados para a construção daquelas obras.

Parecer, Lisboa, 16 de junho de 1804 (AHU-São Paulo, Caixa 13, doc. 14)
Do Conselho Ultramarino sobre o dinheiro para as drogas da botica e ferragens do Hospital Mil-
itar.

Ofício, São Paulo, 30 de março de 1805 (AHU-São Paulo, Caixa 24, doc. 9)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
sobre a devassa tirada pelo juiz ordinário desta capitania, o capitão João Gomes Guimarães, con-
tra o físico-mor da capitania, juiz Delegado da Real Junta do Pronto Medicato e encarregado da
Botica Real e Hospital Militar Mariano José do Amaral, que o mandara prender sem seguir as leis
determinadas pelo alvará de 22 de maio de 1648.

Ofício, Lisboa, 15 de abril de 1805 (AHU-São Paulo, Caixa 25, doc. 27)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Souto Maior, solicitando a confirmação das patentes das pessoas que contribuíram para os dona-
tivos na edificação do Hospital Militar e Jardim Botânico da capitania de São Paulo.

Ofício, São Paulo, 02 de junho de 1806 (AHU-São Paulo, Caixa 26, doc. 8)
Do governador e capitão general da capitania de São Paulo Antônio José da Franca e Horta ao
secretário de estado da Marinha e Ultramar Visconde de Anadia – João Rodrigues de Sá e Melo
Souto Maior sobre a criação de uma aula de cirurgia no Hospital Militar ministrada pelo físi-
co-mor e assistida obrigatoriamente pelos ajudantes dos regimentos no intuito de suprir a falta de
médicos nesta capitania; a dispensa do cirurgião-mor da Legião Manoel Meneses dos Santos Rego
e o concurso que se abriu para colocar outra pessoa neste posto.

BIBLIOTECA NACIONAL - Rio de Janeiro, Brasil

Memória relativa ao estabelecimento do Hospital Militar e Jardim Botânico da cidade de São


Paulo, 13 de janeiro de 1803.

ACERVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - São Paulo, Brasil

22 de março de 1766 – Lisboa - Carta do rei de Portugal ao governador da Capitania de São


Paulo solicitando um sargento-mor para disciplinar as tropas auxiliares da capitania, for-
mação de novos oficiais e define regras para uniformização e armamento para a defesa da
Capitania de São Paulo.

09 de julho de 1828 - Carta do Provedor da Santa Casa de Misericórdia ao físico-mor do Real


Hospital Militar solicitando vaga para transferência de paciente psiquiátrico.

ARCHIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO – Publicação Oficial de Documentos Interessantes


para a História e Costumes de São Paulo: Volumes 25-28. São Paulo: Typ. Aurora, 1898.

300
JORNAIS

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Diário Nacional (SP), edição nº 841, de 27 de março de 1930.
Diário Nacional (SP), edição nº 842, de 28 de março de 1930.
Diário Nacional (SP), edição nº 1.294, de 28 de outubro de 1931.
Diário Nacional (SP), edição nº 1.549, de 24 de agosto de 1932.
Diário Popular (SP), de 22 de julho de 1988.
Folha da Tarde (SP), de 03 de maio de 1957.
Jornal de Notícias (SP), edição nº 292, de 1º de abril de 1947.
Jornal de Notícias (SP), edição nº 721, de 26 de agosto de 1948.
Jornal de Notícias (SP), edição nº 1316, de 08 de agosto de 1950.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 117, de 27 de abril de 1920.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 106, de 03 de maio de 1966.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 245, de 18 de janeiro de 1968.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 65, de 23 de junho de 1968.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 99, de 03 de agosto de 1968.
Jornal do Brasil (RJ), edição nº 293, de 02 de fevereiro de 1974.
Jornal do Commercio (RJ), edição nº 92, de 29 de abril de 1830.
Jornal do Commercio (RJ), edição nº 282, de 05 de setembro de 1964.
Jornal do Commercio (RJ), edição nº 230, de 10 e 11 de julho de 1988.
O Apóstolo (SC), edição nº 265, de 1º de julho de 1941.
O Combate (CE), edição nº 2.245, de 20 de maio de 1933.
O Dia (PR), edição 6.724, de 26 de julho de 1945.
O Estado (SC), de 27 de maio de 1933.
O Estado (SC), edição nº 82.68, de 13 de junho de 1941.
O Jornal (RJ), edição nº 420, de 11 de agosto de 1920.
O Jornal (RJ), edição nº 14.339, de 27 de junho de 1968.
O Jornal (RJ), edição nº 14.357, de 18 de julho de 1968.
O Jornal (RJ), edição nº14.612, de 18 de maio de 1969.
O Jornal (RJ), edição nº 15.332, de 21 de setembro de 1971.
O Matto-Grosso (MT), edição nº 1.557, de 20 de março de 1919.
Sentinella da Monarchia (SP), edição 87, de 10 de outubro de 1889.
Tribuna da Imprensa (RJ), edição nº 2.586, de 1º de novembro de 1961.

REVISTAS

A Cigarra, edição nº 126, de 17 de maio de 1920.


A Cigarra, edição nº 137, de 01 de junho de 1920.

303
A Cigarra, edição nº 334, de outubro de 1928.
FONTES DE PESQUISA
A Rua Semmanario Illustrado, edição nº 29, de 30 de janeiro de 1919.
Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e Industrial, edição nº A 74, de 1918.
Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e Industrial, edição nº B 76, de 1919.
Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e Industrial, edição nº 1, de 1930.
Eu Sei Tudo – Magazine Mensal Illustrado, edição nº 64, de setembro de 1922.
Manchete, edição nº 936, de 28 de março de 1970.
Manchete, edição nº 2.142, de 24 de abril de 1993.
Revista da Semana, edição nº 28, de 17 de agosto de 1918.
Revista do Rádio, edição nº 372 , de 27 de outubro de 1956.

PUBLICAÇÕES OFICIAIS DO GOVERNO FEDERAL

Diário Oficial da União, edição 81, de 25 de março de 1890.


Diário Oficial da União, de 14 de março de 1919.
Relatório do Ministério da Guerra, 1935.

PERIÓDICOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Almanach da Revista do Exército Brasileiro para o anno de 1883 (com todas as alterações ocor-
ridas até dezembro de 1882), 1883.
Revista do Exército Brasileiro, 1885.
Revista Verde-Oliva, edição nº 214, primeiro trimestre de 2012.
Boletim do Exército nº 43, de 30 de outubro de 2009.
Boletim do Exército nº 50, de 18 de dezembro de 2009.

PERIÓDICOS DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO

Revista especial do Hospital Geral de São Paulo – 50º aniversário. 1970.


Saúde em Foco HGeSP – Edição Especial, fevereiro de 1999.
Informativo do Hospital Geral de São Paulo, edição nº 11, de novembro/dezembro de 2000.
Revista do HGeSP, edição nº 1, junho de 2009.
Jornal do HMASP, edição nº 1, junho de 2011.
Jornal do HMASP, edição nº 2, outubro de 2011.
Jornal do HMASP, edição nº 3. maio de 2012.
Jornal do HMASP, edição nº 4, julho de 2012.

DOCUMENTOS OFICIAIS DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO

Boletim Interno nº 01, de 03 de maio de 1920.


Boletim Interno nº 136, de 07 de setembro de 1920.
Boletim Interno nº 34, de 09 de fevereiro de 1924.
Boletim Interno nº 79, de 04 de abril de 1924.
Boletim Interno nº 162, de 17 de julho de 1924.
Boletim Interno nº 165, de 20 de julho de 1924.
Boletim Interno nº 169, de 24 de julho de 1924.
Boletim Interno nº 170, de 25 de julho de 1924.
Boletim Interno nº 178, de 02 de agosto de 1924.
Boletim Interno nº 160, de 11 de julho de 1932.

304
Boletim Interno nº 161, de 09 de julho de 1932.
Boletim Interno nº 230, de 07 de outubro de 1932.
Boletim Interno nº 222, de 06 de outubro de 1956.
Boletim Especial nº 03, de 29 de junho de 1968.
Boletim Especial nº 01, de 1º de fevereiro de 1974.
Boletim Interno nº 22, de 1º de fevereiro de 1974.
Boletim Interno nº 142, de 12 de agosto de 1982.
Boletim Interno nº 20, de 30 de janeiro de 1984.
Boletim Interno nº 144, de 03 de agosto de 2004.
Boletim Interno nº 162, de 30 de agosto de 2004.
Boletim Interno nº 164, de 1º de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 174, de 16 de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 184, de 30 de setembro de 2004.
Boletim Interno nº 196, de 10 de outubro de 2004.
Boletim Interno nº 208, de 08 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 217, de 23 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 219, de 25 de novembro de 2004.
Boletim Interno nº 21, de 1º de fevereiro de 2005.
Boletim Interno nº 84, de 08 de maio de 2005.
Boletim Interno nº 114, de 22 de junho de 2005.
Boletim Interno nº 146, de 08 de agosto de 2005.
Boletim Interno nº 156, de 05 de setembro de 2005.
Boletim Interno nº 190, de 14 de outubro de 2005.
Boletim Interno nº 41, de 02 de março de 2006.
Boletim Interno nº 69, de 13 de abril de 2007.
Boletim Interno nº 76, de 25 de abril de 2007.
Boletim Interno nº 103, de 05 de junho de 2007.
Boletim Interno nº 123, de 05 de julho de 2007.
Boletim Interno nº 209, de 08 de novembro de 2007.
Boletim Interno nº 05, de 08 de janeiro de 2008.
Boletim Interno nº 40, de 02 de março de 2009.
Boletim Interno nº 42, de 04 de março de 2009.
Boletim Interno nº 109, de 18 de junho de 2009.
Boletim Interno nº 116, de 29 de junho de 2009.
Boletim Interno n 10, de 15 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 10, de 15 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 14, de 21 de janeiro de 2010.
Aditamento ao Boletim Interno nº 18, de 28 de janeiro de 2010.
Boletim Interno nº 22, de 03 de fevereiro de 2010.
Boletim Interno nº 24, de 05 de fevereiro de 2010.
Boletim Interno nº 89, de 19 de maio de 2010.
Boletim Interno nº 156, de 30 de agosto de 2010.
Boletim Interno nº 181, de 06 de outubro de 2010.
Boletim Interno nº 68, de 11 de abril de 2012.
Boletim Interno nº 228, de 04 de dezembro de 2013.
Boletim Interno nº 246, de 31 de dezembro de 2013.
Boletim Interno nº 61, de 31 de março de 2015.
Boletim Interno nº 106, de 10 de junho de 2015.
Boletim Interno nº 111, de 19 de junho de 2017.

305
Boletim Interno nº 185, de 03 de outubro de 2017.
FONTES DE PESQUISA
Boletim Interno nº 52, de 20 de março de 2018.
Boletim Interno nº 153, de 20 de agosto de 2018.
Boletim Interno nº 131, de 18 de julho de 2019.
Boletim Interno nº 133, de 22 de julho de 2019.

ACERVO ICONOGRÁFICO

Acervo Histórico Ultramarino


Biblioteca Nacional
Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro
Comando Militar do Sudeste
DA Press (Diários Associados)
Diretoria de Saúde do Exército
Gazeta Press (Fundação Cásper Líbero)
University of Toronto Library

ACERVO ICONOGRÁFICO HMASP

Acervo fotográfico da 2ª Formação Sanitária de Saúde - 1941, 1952 e 1956. - HMASP


Situação Física – Visual Fotográfico. Período de julho/83 a abril/87 - Organizado por
Iolanda Rodrigues Belitardo
Comunicação Social do Hospital Militar de Área de São Paulo

ACERVOS DOCUMENTAIS

Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa, Portugal)


Arquivo Público do Estado de São Paulo (São Paulo, Brasil)
Biblioteca da Câmara dos Deputados (Brasília, Brasil)
Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro, Brasil)
Hospital Militar de Área de São Paulo (São Paulo, Brasil)
Imprensa Nacional (Brasília, Brasil)
Universidade Estadual Paulista (Bauru, São Paulo)
University of California (Los Angeles, Estados Unidos)

ENTREVISTADOS

Gen Bda Med Sergio dos Santos Szelbracikowski


Cel Int Luiz Carlos de Souza Fonseca Filho
Cel Med Roberto Bentes Batista
Cel R1 Cleber Neves
Cel R1 Antonio Julio Soares da Costa
Cel R1 Fernando Storte
Cel R1 Marcelo Paiva de Oliveira
Cel R1 César Augusto Veiga de Mello
Cel R1 Mario Sergio Olyntho
Cel R1 José de Rozário de Araújo Monti
Ten Cel Med Savio Reder de Souza
Ten Cel R1 Reni Nogueira dos Santos

306
Maj Int Alexandre Vieira de Fraga
Maj QCO Marília Santos Villas Bôas
Maj Dent Otávio Henrique Pinhata Baptista
Maj R1 Lázaro Teodoro Mendes
Cap Med Antonedson Pinto França
Cap Med Francyanne Campelo Vasconcelos
Cap Med Paulo Macio Porto de Melo
Cap Eng Deivson Fernando Soares Lima
Cap Med Renato Cunha Pena
Cap Med Ricardo del Manto
Cap QCO Sander Figueiredo Campos
Cap Farm Silvio Yoshio Tanaka
1º Ten QAO-Sau Antonio Cesar Pelegrine
1º Ten QAO-Sau Eloi dos Santos Cardoso
1º Ten SvTT Maurício Martins Martinez Segóbia
1º Ten Med Melissa Villardo
1º Ten Tmpr Reviane Westphal dos Reis
1º Ten Tmpr Ricardo Luis Vita Nunes
1º Ten R1 Júlio do Valle (in memorian)
1º Ten R1 Ivomar Gomes Duarte
2º Ten SvTT Marcelo de Melo Marcon
1º Ten R2 Leryane Marques de Araújo Blaszkowski
2º Ten SvTT Thaila Monique Machado de Paula Alves
S Ten Sau César Augusto de Lábio
S Ten Art Ricardo Leal Nunes
1º Sgt Com Eder Carlos Clemente
1º Sgt Sau Gabriel Roma
1º Sgt Sau Sidicley Hosken Leite
2º Sgt R1 Adilson José Antônio
Sd João Ricardo Pagano Pessanha
Ana Cannas
Ângela Maria dos Santos da Silva
Aparecida Manuli dos Reis
Ary Ubaldo da Costa (in memorian)
Carlos Michael Pimentel de Almeida
Cássia de Lourdes Gonçalves Pereira de Barros
Clóvis Costa
Cinthia Savino
Deise Moura Torres da Silva
Joel Monteiro
Jussara Izildinha da Paz
Maria das Graças Fontana
Nelson dos Santos Lutério
Dr. Paulo Planet Buarque
Vera Lúcia Vieira
William Mascarenhas Worth (in memorian)
Zelina Ramalho da Silva

307
General de Brigada Médico
Sergio dos Santos Szelbracikowski
Diretor do Hospital Militar de Área de São Paulo

COORDENADOR

General Szelbracikowski nasceu em Porto Alegre-RS, em 17 de outubro de 1961. Se formou em medi-


cina pela Universidade Federal de Santa Maria, onde se especializou em Cirurgia Geral e Urologia. In-
corporou às fileiras do Exército Brasileiro em 1989, realizando o Estágio de Adaptação e Serviço (EAS)
no 29º Batalhão de Infantaria e no Hospital de Guarnição de Santa Maria (HGuSM). No ano seguinte,
ingressou na Escola de Saúde do Exército. Foi o primeiro colocado no Curso de Aperfeiçoamento de
Oficiais (EsAO) no ano de 1999. Realizou o curso de Comando e Estado-Maior da ECEME em 2013 e
o Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército em 2014.

Atuou como chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa no Hospital das Forças Armadas (Brasília-
DF), foi adjunto da Seção de Perícias Médicas e da Seção de Assistência à Saúde na Diretoria de Saúde,
atuou como diretor do Hospital de Guarnição de Florianópolis (HGuFl) e chefe da Seção de Saúde
Preventiva e Assistencial da Diretoria de Saúde no mesmo ano. Foi comandante da Escola de Saúde do
Exército no período de 2010 a 2012, chefe do gabinete da Diretoria de Saúde e assistente-secretário do
Diretor de Saúde em 2012. Dirigiu o Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP) entre os anos de
2015 a 2017. No Exterior fez o Curso de Observador em Urologia no Walter Reed Army Medical Center,
em Washington D.C. (EUA), e o Curso de Doutrina do Corpo de Saúde das Forças de Defesa de Israel.

Como Oficial General, atuou como Inspetor de Saúde do Comando Militar do Nordeste (CMNE) entre
abril de 2017 a março de 2018, quando retornou à Direção do HMASP. General Szelbracikowski é o
primeiro Oficial General nomeado para a direção do HMASP, o primeiro médico urologista a chegar
ao generalato e o quarto diretor do HMASP a ocupar esta função por duas ocasiões em um século de
história. Também é o primeiro comandante do Forte Cambuci.

Fagner Rodrigo do Nascimento Moura

Autor

Fagner Moura nasceu em São Bernardo do Campo-SP, em 31 de dezembro de 1985. Se formou em


Comunicação Social (Jornalismo) pelo Centro Universitário Estácio Radial de São Paulo e possui ex-
tensão em Jornalismo e Políticas Públicas Sociais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade
de São Paulo. Em televisão, atuou no departamento de jornalismo da RecordTV. Também colaborou
com portais de notícias, sites de entretenimento e jornais impressos.

Serviu no Hospital Militar de Área de São Paulo no período de 2004 a 2011 como Soldado do Efetivo
Profissional. Realizou trabalhos em comunicação corporativa, entre os quais se destacam os projetos:
“Revista do HGeSP”, “Jornal do HMASP”, jornal “O Pioneiro” e o “Vídeo Institucional do HMASP”.
Atuou na campanha dos 90 anos do HMASP, resultando no livro “244 Anos de Medicina Militar/Hos-
pital Militar de Área de São Paulo - 90 Anos de História”, qual divide a autoria com o médico e pesqui-
sador Dr. Ivomar Gomes Duarte.
formato 20 cm x 27 cm
tipologia Trajan Pro (títulos)
Minion Pro (textos)
Castellar (capitulares)
papel miolo em couché fosco 115g/m2
capa capa dura
número de páginas 312
tiragem 1.000 exemplares

H Ge S P HMASP
HOSPITAL MILITAR
DA 2ª REGIÃO - SP

HMD HMSP H Ge S. Paulo


Hospital Militar de Área
de São Paulo
100 anos a serviço do Brasil

DIRETOR DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO


Gen Bda Med Sergio dos Santos Szelbracikowski

SUBDIRETOR DO HOSPITAL MILITAR DE ÁREA


DE SÃO PAULO
Cel Med Roberto Bentes Batista

COORDENADOR DO PROJETO HMASP 100 ANOS


S Ten Ricardo Leal Nunes

PESQUISA, TEXTOS E DIAGRAMAÇÃO


Fagner Rodrigo do Nascimento Moura
Jornalista MTb 61.319/SP

PESQUISADOR COLABORADOR
Dr. Ivomar Gomes Duarte

PRODUÇÃO EXECUTIVA
Instituto Professor Antonio Carlos Lopes

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Departamento-Geral de Pessoal - DGP
Diretoria de Saúde - DSau
Comando Militar do Sudeste - CMSE
Comando da 2ª Região Militar - 2ª RM
Comissão Regional de Obras/2 - CRO/2
Cap R1 Oscar Castello Branco de Luca
Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes
Ronaldo de Carvalho

AGRADECIMENTOS
Academia Brasileira de Medicina Militar
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - ALESP
Associação de Poupança e Emprestimo (POUPEX)
Associação dos Veteranos MMDC
Biblioteca da Presidência da República Federativa do Brasil
Câmara dos Deputados
Diários Associados
Fundação Biblioteca Nacional
Fundação Cásper Líbero
Fundação Habitacional do Exército (FHE)
Governo do Estado de São Paulo
Museu da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Instituto Paulista de Excelência da Gestão - IPEG
Instituto de Investigação Científica Tropical
(Arquivo Histórico Ultramarino)
Rádio e Televisão Record S/A
São Paulo Futebol Clube (Comunicação)
Sociedade Brasileira de Clínica Médica - SBCM
Senado Federal APOIO CULTURAL
The Church of Jesus Christ of Latter-Day-Saints
(Family History Center) Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica
Universidade Estadual Paulista - UNESP
University of California
Ana Cannas
Thomaz de Carvalho
Aparecida Manuli dos Reis
Cinthia Savino
Karina Karmaneiro Jorge
Maria Lúcia de Barros Mott (in memorian)
Nelson dos Santos Lutério
William Mascarenhas Worth (in memorian)
HMASP

anos
HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020

HMASP

REALIZAÇÃO

INSTITUTO PROFESSOR ANTONIO CARLOS LOPES - Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes / Rita Alves / Renata Beigler Ananias Fedeli -
COMUNICAÇÃO SOCIAL HMASP - Maj Marília Santos Villas Bôas / 1º Ten Luana Pinheiro Figueiredo Moreira / 2º Sgt Leandro
Melo de Lima / Sd Guilherme Chenedezzi Gonçalves / Ângela Maria dos Santos da Silva / Cássia de Lourdes Gonçalves Pereira
de Barros / Zelina Ramalho da Silva / HMASP 100 ANOS (Apoio) - Cap Deivson Fernando Soares Lima / 1º Ten Alexandre Pedro
da Silva Junior / 1º Ten Eloi dos Santos Cardoso / 1º Ten Felipe dos Santos Santana / 1º Ten Jorge Luís da Rocha Floret / 1º Ten
Maurício Martins Martinez Segóbia / 2º Ten David Ferreira de Andrade / 2º Ten Marcelo de Melo Marcon / S Ten Ricardo Leal
Nunes / 1º Sgt Gabriel Roma / 1º Sgt Sidiclay Hosken Leite / 2º Sgt R1 Everaldo Severino da Silva / 3º Sgt Gabriel Tadeu de
Oliveira Fontes / 3º Sgt Henrique Ladislao Marques Pinheiro / 3º Sgt Willian Roberto Nazareth Neves / Cb Bruno Rocha Santos /
Cb Elias da Silva Moreira / Cb Leonardo Ribeiro Santos / Cb Mateus de Almeida Ribeiro / Cb Rafael Fernandes Vieira Marques
/ Sd Andrey Andrade Ramos da Paz / Sd Caique Duarte Batista / Sd Daniel da Silva Bertelli Prado / Sd Daniel Souza Gomes / Sd
Diego de Souza Pinto de Almeida / Sd Hebert Pimentel dos Santos Silva / Sd Higor de Andrade Américo / Sd Italo Granh Silva
/ Sd Luccas Alves Thomaz / Sd Luiz Henrique Paes de Oliveira / Sd Marcos Paulo Gomes de Lemos Júnior / Sd Mateus da Costa
Sotana / Sd Mateus Xavier de Moraes / Sd Matheus Laudari Calascibetta Ferreira / Sd Robson Soares Siqueira / Sd Ronie Lucas
de Santana Faria / Sd Victor Moura Rosa / Sd Walid Costa Carvalho / Sd Welber Rodrigues da Silva
Impressão e acabamento

Janeiro de 2020
Impresso no Brasil
HMASP

anos
HMASP
no Forte Cambuci
HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO
1920-2020

REALIZAÇÃO APOIO CULTURAL


HMASP
Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica

Thomaz de Carvalho

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