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Jurisprudência

Equiparação salarial
As diferenças também devem ser apuradas quanto ao salário in natura e parcelas variáveis, conforme pedido
exordial (itens 3, 4 e 5, fís. 6/8), tudo a ser apurado em liquidação por artigos.
Evidente que a apuração não foi feita por artigos, como declara o juízo da execução, mas sim por simples
cálculos, sem a necessária dilação probatória, destinada a avaliar os valores de salário in natura, conforme alegações
do exequente.
“devem ser apuradas quanto ao salário in natura e parcelas variáveis, conforme pedido exordial (itens 3, 4 e 5,
fís. 6/8), tudo a ser apurado em liquidação por artigos”
Não cabe a esta Corte superior reinterpretar o título executivo que já foi objeto de exame exaustivo pelas
instâncias ordinárias, pois a atuação do TST se limita aos casos em que se constata violação direta dos termos da
decisão exequenda, o que não se verifica no caso dos autos.
Aluguel de casa e carro são considerados para equiparação salarial de diretor com colega argentino
As diferenças salariais devem abranger o chamado salário-utilidade
A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou o exame do recurso da BT Latam Brasil Ltda. contra
decisão que determinou a equiparação salarial de um diretor executivo de vendas com um colega argentino “pela
globalidade salarial”. Com isso, serão incluídos no cálculo das diferenças o aluguel de uma casa, carro e empregados
que eram pagos pela empresa ao argentino. Segundo o colegiado, não cabe ao TST reinterpretar, na fase de execução,
temas já examinados na sentença definitiva.
Isonomia
Ao requerer a isonomia, o diretor disse que fora contratado em 1998 pela Comsat Brasil Ltda., vendida para o
grupo BT em 2007. Segundo ele, o diretor argentino, que exercia a mesma função, recebia um valor fixo no mínimo
três vezes maior e, ainda, salário indireto (também chamado de salário “in natura” ou salário-utilidade): o aluguel da
casa em Alphaville (SP), de cerca de R$12 mil mensais, carro com motorista da empresa e, pelo menos, três
empregados domésticos, que recebiam R$ 2,5 mil cada.
Globalidade salarial
A equiparação foi deferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) abrangendo o salário in natura.
Contudo, na fase de execução, após vários recursos, o TRT decidiu que a apuração deve ser feita “pela globalidade
salarial, não apenas pelo salário básico”. Assim, entrariam na conta todas as verbas de natureza salarial, entre elas o
valor destinado ao pagamento de aluguel de casa, carro e empregados.
“Exame exaustivo”
O relator do agravo pelo qual a BT Latam pretendia rediscutir o caso no TST, ministro José Roberto Pimenta,
assinalou que a decisão definitiva previa as diferenças salariais propriamente ditas e, também, o salário-utilidade e
as parcelas variáveis. “O entendimento adotado pelo TRT decorre de interpretação da decisão a ser executada no
que diz respeito ao seu sentido e alcance”, frisou.
Na avaliação do relator, não cabe ao TST reinterpretar o título executivo que já foi exaustivamente examinado
pelas instâncias ordinárias. “A atuação do TST se limita aos casos em que se constata violação direta dos termos da
decisão exequenda, o que não se verifica no caso”, concluiu.
A decisão foi unânime.

Honorários sucumbenciais.
A compensação de créditos não é mais possível se a parte sucumbente for beneficiária da justiça gratuita.
Honorários só serão cobrados quando empregada que perdeu ação tiver condições financeiras.

O valor não poderá ser exigido apenas com base na obtenção de créditos na própria reclamação ou em outras
A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que uma auxiliar de cozinha deverá pagar os
honorários devidos por ter perdido uma ação trabalhista contra uma microempresa de Joinville (SC) se a credora
demonstrar que ela tem condições de cumprir a obrigação. Segundo o colegiado, o valor não poderá ser exigido com
base na mera obtenção de outros créditos na própria reclamação trabalhista ou em outras ações.
Honorários
O artigo 791-A da CLT, introduzido pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), prevê que a parte que perder
a ação deve pagar os chamados honorários de sucumbência de 5% a 15% sobre o valor em discussão. Caso a parte
vencida seja beneficiária da justiça gratuita, a obrigação fica suspensa e somente poderá ser executada se, nos dois
anos seguintes, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou o
benefício, “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa”.
Acesso à Justiça
Na reclamação trabalhista, a auxiliar de cozinha obteve a gratuidade da justiça, mas apenas parte de seu seu
pedido de horas extras e parcelas relativas ao aviso-prévio e às verbas rescisórias foi deferido. Com isso, foi
condenada a pagar honorários de 5% sobre o valor dos pedidos indeferidos. No recurso de revista, ela sustentou que
os dispositivos da CLT que tratam dos honorários sucumbenciais impõem restrições inconstitucionais à garantia da
gratuidade judiciária plena aos que comprovem insuficiência de recursos na Justiça do Trabalho.
Inconstitucionalidade parcial
O relator, ministro Alberto Balazeiro, assinalou que o entendimento majoritário do TST era de que os
dispositivos relativos à cobrança de honorários de beneficiários da justiça gratuita eram inteiramente
inconstitucionais. Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5766,
invalidou apenas trechos da norma. “O que o STF julgou inconstitucional foi a presunção legal de que a obtenção de
créditos na mesma ou em outra ação, por si só, exclua a condição de insuficiência de recursos do devedor”, explicou.
Com isso, não é possível excluir a possibilidade de que o beneficiário da justiça gratuita tenha obrigações
caso perca a ação. O que é vedado é a compensação automática. “Assim, os honorários sucumbenciais ficam sob
condição suspensiva e somente poderão ser executados se, nos dois anos seguintes à decisão definitiva, o credor
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos do devedor. Passado esse prazo, extingue-
se essa obrigação”, concluiu.
A decisão foi unânime.
Assim, deve ser mantida a decisão regional em que determinada a suspensão do pagamento dos honorários
de sucumbência. O Plenário assentou, também por maioria, a constitucionalidade do art. 844, § 2º, da CLT (ADI 5.766,
Rel. Min. Roberto Barroso, Redator para o acórdão Min. Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, Sessão de 20.10.2021,
acórdão pendente de publicação).
Desse modo, a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais cabe à parte sucumbente, sendo
referidas despesas suportadas pela União se a parte for beneficiária da justiça gratuita.
Já no que diz com os honorários de sucumbência, restou mantida a suspensão da exigibilidade do pagamento
da verba pelo prazo de dois anos, afastada a possibilidade de utilização de créditos obtidos em juízo, em processo
diverso, capazes de suportar a despesa.
Essa decisão não descumpre aquela proferida pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de
Inconstitucionalidade n. 5.766/DF, pois não se tem a presunção da perda da condição de hipossuficiência econômica,
mas a comprovação da modificação da capacidade econômica do beneficiário da gratuidade de justiça.

Direito possessório
O direito possessório pode se dar a partir de inventário extra-juducial.

É admissível a partilha de direitos possessórios sobre imóveis que não estão devidamente escriturados
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, consolidou o entendimento de
que é admissível, em ação de inventário, a partilha de direitos possessórios sobre bens imóveis alegadamente
pertencentes à pessoa falecida e que não se encontram devidamente escriturados.
Para o colegiado, o acervo partilhável em razão do falecimento do autor da herança não é composto
somente de propriedades formalmente constituídas. Os ministros afirmaram que existem bens e direitos com
indiscutível expressão econômica que, por vícios de diferentes naturezas, não se encontram legalmente
regularizados ou formalmente constituídos sob a titularidade do falecido.
Com base nesse entendimento, a turma reformou acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)
que negou o pedido de uma viúva e de suas filhas para incluir, no inventário, uma motocicleta e os direitos
possessórios sobre 92 hectares de terras no município de Teófilo Otoni (MG) – alegadamente herdados dos
ascendentes do falecido.
Segundo o TJMG, a prévia regularização dos bens por vias ordinárias seria imprescindível para que eles
fossem inventariados e, por isso, não seria admitida a partilha de direitos possessórios.
Existe autonomia entre o direito de posse e o direito de propriedade
A relatora do recurso, ministra Nancy Andrighi, ressaltou que a questão em debate no caso não diz respeito
à partilha dos direitos de propriedade dos bens do falecido, mas à possibilidade de serem partilhados apenas os
direitos possessórios que supostamente eram de titularidade do autor da herança.
A magistrada afirmou que o rol de bens adquiridos pelo autor da herança em vida era composto por
propriedades formalmente constituídas e por bens que não estavam devidamente regularizados.
Para a relatora, se a ausência de escrituração e de regularização do imóvel que se pretende partilhar não
decorre de má-fé dos possuidores – como sonegação de tributos e ocultação de bens –, mas, sim, de causas
distintas – como a hipossuficiência econômica ou jurídica das partes para dar continuidade aos trâmites legais –, os
titulares dos direitos possessórios devem receber a tutela jurisdicional.
Segundo a ministra, “reconhece-se, pois, a autonomia existente entre o direito de propriedade e o direito
de posse, bem como a expressão econômica do direito possessório como objeto lícito de possível partilha pelos
herdeiros, sem que haja reflexo direto nas eventuais discussões relacionadas à propriedade formal do bem”.
TJMG não examinou legalidade do direito possessório e qualidade da posse
De acordo com Nancy Andrighi, ao admitir apenas a partilha de bens escriturados, e não de direitos
possessórios sobre imóveis, o acórdão do TJMG violou o artigo 1.206 do Código Civil e o artigo 620, inciso IV, alínea
“g”, do Código de Processo Civil – dispositivos que reconhecem a existência de direitos possessórios e,
consequentemente, a possibilidade de eles serem objeto de partilha no inventário.
A relatora apontou que o tribunal de origem não examinou aspectos como a existência efetiva dos direitos
possessórios e a qualidade da posse alegadamente exercida pelo autor da herança, indispensáveis para a
configuração de um direito possessório suscetível de partilha.
Além disso, a ministra afirmou que deve ser resolvida, em caráter particular e imediato, a questão que diz
respeito somente à sucessão, adiando a um segundo e oportuno momento as eventuais discussões acerca da
regularidade e da formalização da propriedade sobre o imóvel.
Ao dar provimento ao recurso especial, Nancy Andrighi determinou que fosse dado regular prosseguimento
à ação de inventário e que fosse apurada a existência dos requisitos configuradores do alegado direito possessório
suscetível de partilha entre os herdeiros.

Usucapião
Para Terceira Turma, aquisição de metade do imóvel não impede reconhecimento da usucapião
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, decidiu que a aquisição de metade
do imóvel não impede o reconhecimento da usucapião especial urbana. Segundo o colegiado, o fato de os moradores,
autores do pedido, já terem a metade da propriedade não atrai a vedação do artigo 1.240 do Código Civil (CC), que
impõe como condição não possuir outro imóvel urbano ou rural.
Com base nesse entendimento, a turma deu provimento ao recurso especial de um casal que ajuizou ação
de usucapião urbana, alegando estar há mais de cinco anos na posse mansa e pacífica de um apartamento situado
no Rio de Janeiro, além de preencher todos os outros requisitos do artigo 1.240 do CC.
Julgada improcedente a ação, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou provimento à apelação do
casal, sob o entendimento de que os recorrentes não cumpriram um dos requisitos para a aquisição da propriedade
com fundamento na usucapião constitucional, qual seja, não possuir outro imóvel urbano, uma vez que eles seriam
proprietários da outra metade do imóvel que pretendiam usucapir.
Ao STJ, o casal alegou que reside no apartamento, como se fosse dono, desde 1984, após a falência da
imobiliária responsável pelo aluguel. Os recorrentes sustentaram, ainda, que arremataram a metade do imóvel há
mais de 35 anos e, desde então, exercem com exclusividade a posse para fins de moradia.
Os moradores não possuíam moradia própria
O relator do recurso, ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, observou que, de acordo com a doutrina, os
constituintes instituíram a usucapião especial urbana para contemplar as pessoas sem moradia própria, daí a
exigência de que o autor do pedido não seja proprietário de outro imóvel.
“Sob essa perspectiva, o fato de os recorrentes serem proprietários da metade ideal do imóvel que
pretendem usucapir não parece constituir o impedimento de que trata o artigo 1.240 do Código Civil, pois não
possuem moradia própria, já que, eventualmente, teriam que remunerar o coproprietário para usufruir com
exclusividade do bem”, afirmou.
O magistrado destacou que a jurisprudência do STJ admite a usucapião de bem em condomínio, desde que
o condômino exerça a posse com exclusividade. Esse entendimento – acrescentou – pode ser aplicado ao caso dos
autos, pois os recorrentes agiram como donos exclusivos: adquiriram metade do imóvel e pagaram todas as taxas e
tributos incidentes sobre ele, além de realizarem benfeitorias.
“Tendo os recorrentes (i) permanecido no imóvel durante ao menos 30 anos, de 1984 até 2003, data da
propositura da ação, sem contrato de locação regular, (ii) sem ter pagado alugueres, (iii) tendo realizado benfeitorias,
(iv) tendo se tornado proprietários da metade do apartamento, (v) adimplido com todas as taxas e tributos, inclusive
taxas extraordinárias de condomínio, não há como afastar a hipótese de transmudação da posse, que passou a ser
exercida com animus domini“, concluiu o magistrado ao dar provimento ao recurso especial.

Teses previdenciárias
As questões das atividades concomitantes que alguns profissionais (professor, profissionais da saúde) podem
fazer e, que são descontados acima do teto do INSS no somatório de todas as atividades, mas o INSS só considera a
contribuição do salário principal para calcular o benefício previdenciário. É possível entrar com ação judicial para
requerer os valores descontados e não computados dos últimos 5 anos. Também é possível pedir a revisão dos
benefícios a partir do mesmo entendimento.

Tópicos de penal

*A prova será por consulta ao material. Pontos importantes:*


1- Diferença entre sequestro e subtração de incapazes. Sequestro = sujeito tem dolo de
impedir a liberdade de ir e vir. Subtração = subtrai-se o menor, sem impedir a liberdade de ir
e vir. Como no caso de Pedrinho, que foi criado como se filho de Vilma fosse.

2- Subtração de incapazes como crime permanente (art.111, III CP). Prescrição só começa
a correr quando cessa a permanência - quando menor é devolvido à familia. Como
aconteceu com Pedrinho.
3 - Crime do artigo 249 (o segundo crime que Vilma foi condenada) - “dar parto alheio como
próprio e registrar como seu filho de outrem” - como crime misto cumulativo (e não misto
alternativo), ou seja as duas condutas serão somadas, como se fossem dois crimes
diferentes, por força do artigo 69 do CP (concurso material).

4- Crimes permanentes (a prescrição começa a correr quando cessada a permanência), art.


111, III do CP.
TÓPICOS DE DIREITO PENAL
PROF. LUCIANA CHERNICHARO

Caso Pedrinho – discussão dos crimes previstos na sentença

CRIME DE SEQUESTRO

CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere
privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou
maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela
Lei nº 11.106, de 2005)
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de
2005)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

BEM JURÍDICO: liberdade individual, liberdade de locomoção,


SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa – sem qualidade especial do sujeito
SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA: crime comum – crime bicomum
CONDUTA: privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.
Alguns entendem que os termos sequestro e cárcere privado são sinônimos. Rogerio
Sanches Cunha discorda. Nas duas modalidades o agente priva a vítima de locomoção,
porém no sequestro, não há confinamento, isto é, há privação de liberdade, mas sem
confinamento da vítima. No cárcere privado, há confinamento. Para este autor, um
exemplo destas diferentes condutas seria a de manter a vítima numa casa (sequestro)
ou manter a vítima trancada em um quarto, dentro de uma casa (cárcere privado). Neste

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caso, no cárcere privado, haveria uma forma mais drástica de cometer o crime do artigo
148, o que deve refletir na pena.
EXECUÇÃO: crime de execução livre. a privação da liberdade pode ser antecedida de
violência, grave ameaça ou fraude, pode ser praticada por ação ou omissão. Pode ser
praticada por ação, por exemplo, afastar a vítima do local que vive para outro, ou por
omissão, quando o sujeito ativo deixa de agir, por exemplo: médico que não concede
alta para paciente já curado (não existe afastamento da vítima de um lugar para outro).
TIPICIDADE SUBJETIVA: DOLO - não se exige fim especial, se agente priva vítima
buscando vantagem econômica é artigo 159 (extorsão mediante sequestro)
CONSUMAÇÃO: com a privação da liberdade da vítima, sendo crime PERMANENTE.
CRIME PERMANENTE: 1- admite flagrante a qualquer tempo (art. 303 CPP), a prescrição
só começa a correr depois de cessada a permanência (artigo 111, III CP), se durante a
permanência lei nova, aplico-a, mesmo que seja mais grave.
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou,
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro
civil, da data em que o fato se tornou conhecido
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste
Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos,
salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal

LEMBRANDO...
CRIME PERMAMENTE
CRIME CONTINUADO

CRIME PERMANENTE X CRIME CONTINUADO - No crime continuado, há diversas


condutas que, separadas, constituem crimes autônomos, mas que são reunidas por uma
ficção jurídica dentro dos parâmetros do art. 71 do Código Penal. No
crime permanente há apenas uma conduta, que se prolonga no tempo

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PRIVAÇÃO DE LIBERDADE: TEMPO JURIDICAMENTE RELEVANTE? Alguns autores vão
afirmar que é preciso que haja um tempo juridicamente relevante para que o crime se
configure. No entanto, a noção de “tempo relevante” é de difícil configuração. Para
Rogério Sanches Cunha, este fator não deve ser levado em conta e o inciso III (III - se a
privação da liberdade dura mais de quinze dias) é a prova disto.

PARÁGRAFOS: QUALIFICADORAS
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou
maior de 60 (sessenta) anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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LEMBRANDO...
DOSIMETRIA DA PENA

Extorsão mediante seqüestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si
ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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CRIME DE SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA

CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
Subtração de incapazes
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem
sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de
outro crime.
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o
exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela,
curatela ou guarda.
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-
tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.

BEM JURÍDICO: guarda de menor ou interditado


SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, inclusive pai, mãe, tutores, curadores, se destituídos
do poder familiar, tutela ou curatela.
SUJEITO PASSIVO: pais, tutor, curador, menor de 18 anos (documento provando),
interdito (decisão judicial reconhecendo esta interdição).
SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA: se o fato não constitui elemento de outro crime, prevista
no preceito secundário.

**Princípio da consunção ou da absorção, a norma definidora de um crime constitui


meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, ou seja,
há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendido em
outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
TIPO OBJETIVO: subtrair, retirar – menor de 18 anos ou interdito.
CONSUMAÇÃO: quando esta subtração acontece. É crime PERMANENTE.
MEIO DE EXECUÇÃO: livre, em geral com ameaça, violência ou até mesmo fraude.
TIPICIDADE SUBJETIVA: dolo – com animo definitivo, é preciso que haja a intenção de
NÃO devolver mais.
TENTATIVA: possível
Se menor solicita para ir com aquela pessoa, o crime se dá? Sim, pois menor ou interdito
não tem capacidade para decidir isto. O crime continua a existir. Também há este crime
quando a intenção é dar um lar a este menor.

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Se for maior de 18 anos, só há este crime se houver interdição.
Artigo 237 ECA - Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. TIPO PENAL ESPECIAL EM RELAÇÃO AO
249. EXISTE UMA FINALIDADE ESPECÍFICA.
PARÁGRAFO SEGUNDO – PERDÃO JUDICIAL
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos
ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
O perdão judicial é uma causa de extinção de punibilidade. Lembrando, um crime é um
fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável. Art 107, inc
Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

LEMBRANDO...
TEORIA TIPARTITE DO
CRIME

Fato típico – conduta ligada ao resultado pelo nexo causal que se amolda ao modelo
legal incriminador (Nucci). Elementos: conduta (ação ou omissão), resultado
naturalístico (crimes materiais), relação de causalidade (crimes materiais) e tipicidade.
Erro de tipo essencial (exclui o dolo) ou acidental – erro sobre um dos elementos do
tipo.

Antijuridicidade (ilicitude) – contrariedade de uma conduta com o direito causando


efetiva lesão a um bem jurídico protegido (Nucci). Contrariedade ao direito, tipicidade.
Excludentes de ilicitude: legítima defesa, estado de necessidade, estrito dever legal,
exercício regular do direito e livre e eficaz consentimento do ofendido. Quando não há
fato ilícito, não há crime.

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Culpabilidade – juízo de reprovação social, incidente sobre o fato e seu autor, devendo
o agente ser imputável, atuar com consciência potencial de ilicitude, bem como ter a
possibilidade e a exigibilidade de atuar de outro modo (Nucci).
Excludentes de culpabilidade: inimputabilidade, erro de proibição (direto ou indireto) e
inexigibilidade de conduta diversa (coação moral irresistível e a obediência hierárquica)
e potencial consciência sobre a ilicitude do fato.

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PARTO SUPOSTO. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE DIREITO INERENTE AO ESTADO CIVIL
DE RECÉM-NASCIDO

TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO

Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-


nascido
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem;
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida
nobreza: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a
pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)

CONDUTAS
1-Dar parto alheio como próprio: a mulher atribui a si, a maternidade de filho de
outrem, seja simulando gravidez e parto, seja (na hipótese de gravidez real) substituindo
o natimorto por filho de outrem. A mulher deve apresentar a criança, apenas a gravidez
não configura crime.
*Dar parto próprio como alheio não configura este crime, mas pode configurar o crime
do artigo 299 do CP (falsidade). Apenas mulher pode ser sujeito ativo.
2-Registrar como seu o filho de outrem – embora existente, a criança é registrada com
a filiação não corresponde à declarada. Exemplo muito comum: adoção à brasileira.
3- Ocultar recém-nascido suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: o
sujeito ativo sonega, esconde a existência do recém-nascido com o escopo de suprimir
direito relativo ao estado civil.
*Por exemplo: não se faz a declaração de nascimento de mãe que morreu no parto e
esta criança não configura no inventario como herdeira. Especial fim de agir.
4- Substituir recém-nascido suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
troca de recém-nascidos, na qual decorra a supressão ou alteração de direito inerente
ao Estado Civil. Especial fim de agir.

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SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, exceto na modalidade “dar parto alheio como
próprio”. Neste, apenas a mulher pode ser sujeito passivo – crime próprio.
SUJEITO PASSIVO: Estado e demais prejudicados
TIPO SUBJETIVO: DOLO
CONSUMAÇÃO: Na primeira figura, verifica-se criada a situação duradoura que
realmente implique alteração do status familiae da criança; na segunda, com efetivo
registro de filho alheio como próprio; na terceira e quarta, com a supressão ou alteração
de direito inerente ao estado civil. Todas as modalidades admitem tentativa.
FORMA PRIVILEGIADA E PERDAO JUDICIAL
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: (Redação
dada pela Lei nº 6.898, de 1981) Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz
deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981) à extinção de
punibilidade pelo perdão judicial – art. 107, IX, CP
Exemplo: adoção à brasileira – melhor interesse da criança. Mas, o que é reconhecida
nobreza? É aquele ato que exprime qualidades de virtude, bondade, generosidade; é o
mérito de quem busca em primeiro lugar o benefício de outros. É altruísmo, caridade.
TIPO CUMULATIVO MISTO: pluralidade de condutas não fungíveis, a realização de mais
de uma conduta compromete a unidade delitiva. Concurso de crimes – artigo 69CP. BEM
JURÍDICO: tutela-se o estado de filiação, em particular dos recém-nascidos, na segunda
modalidade (registrar como seu o filho de outrem), também tutela-se a fé pública.

LEMBRANDO SENTENÇA
Quanto ao segundo delito consistente em parto suposto; supressão ou alteração de
direito inerente ao Estado Civil de recém-nascido, praticado em concurso material ao
primeiro (subtração de incapaz) ficou comprovada a autoria.
A Lei nº: 6898, de 30/03/1981, portanto anterior aos crimes praticados pela a acusada
deu nova redação ao art. 242 do Código Penal, estabelecendo que: " Art. 242: Dar parto
alheio como próprio; registrar com seu filho de outrem. Ocultar recém-nascido ou
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena de Reclusão
de 02 a 06 seis anos.
Com a nova redação imprimida pela referida Lei passou-se a prever quatro modalidades
de condutas típicas: a) parto suposto; b) registro de filho alheio; c) supressão de direito
inerente ao estado civil de recém-nascido; e) alteração de direito inerente ao estado
civil do recém-nascido.
Ressai do conjunto probatório que as condutas da acusada se subsumiram nas duas
primeiras configurações típicas do referido artigo "parto suposto e registro de filho

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alheio". Doutrina Damásio E. de Jesus, que "caso o agente realize mais de uma conduta
típica dentre as previstas responde por todas elas em concurso material."
O art. 69 do Código Penal normativa as situações configuradoras de concurso material.
Vejamos:
"Art. 69: Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão pratica dois ou mais
crimes idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela."
Vê-se que a lei, doutrina e jurisprudência pátrios são uníssonas quanto a confirmação
da caracterização do concurso material quando ocorrendo duas ou mais condutas e dois
ou mais resultado, causados pelo mesmo autor, conforme sói acontecer nos presentes
autos, quanto às condutas, levadas a efeito pela acusada Vilma Martins Costa. Vejamos:
1ª Conduta- Em Brasília subtraiu o menor (art. 249) do Código Penal;
2ª Conduta- Em Goiânia se fez passar por parturiente dando parto alheio como se seu
fosse (art. 242, 1ª figura);
3ª Conduta- Registrar com seu o filho de outrem (art. 242, segunda figura).
O Juízo de censura estatal quanto ás penas impostas para as referidas condutas típicas
previstas nos preceitos secundários das normas referenciadas é para a primeira de 02
meses a 02 anos de detenção, se o fato não constituiu elemento de outro crime, não
sendo este o caso dos autos;
Para a segunda e terceira condutas, impõe-se pena de dois a seis anos de reclusão para
cada uma delas, por força do implemento do concurso material que ora reconheço como
presente e sobejamente comprovado nos autos, impõe-se, portanto a aplicação da
acumulação material da reprimenda a ser dosimetricamente fundamentada,
considerando que entre as condutas se afigura nítida situação de conexão embora o
concurso material se caracterize como sendo heterogêneo, não importando se os fatos
ocorreram na mesma ocasião ou em dias diferentes, nada impedindo o concurso
material entre delito apenado com detenção e o outro apenado com reclusão.
Os tipos penais podem ser classificados em simples ou mistos, em relação a
pluralidade de condutas.

Simples -> descrevem uma única forma de conduta punível. Por exemplo, o homicídio,
cujo tipo descreve “matar alguém” (art. 121 do CP). Uma conduta, um crime.

Mistos -> descrevem mais de uma conduta. Admitem, assim, que o fato criminoso seja
realizado por uma ou outra das condutas previstas.
Exemplo: art. 333 do CP, da corrupção ativa, em que são descritas duas condutas,
oferecer ou prometer vantagem indevida ao funcionário público, podendo, pois, o
agente, cometê-lo mediante o oferecimento de dinheiro ou a promessa de um

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emprego para a filha do servidor corrompido. Um só crime, mas mais de uma conduta
típica.

Os tipos mistos podem ser alternativos e cumulativos.

Nos alternativos -> condutas previstas são fungíveis, tanto faz o cometimento de uma
ou de outra, porque afetam o mesmo bem jurídico, havendo único delito, inclusive se
o agente realiza mais de uma.

Neles, o cometimento de mais de uma não resulta em mais de uma incriminação. Caso
contrário haveria violação ao princípio do “non bis in idem”.

EXEMPLO: art. 122 do CP, da participação em suicídio, que o agente poderá praticá-lo
através de três maneiras - induzindo, instigando ou auxiliando alguém a suicidar-se.

Se induzir, instigar e também auxiliar, embora três ações distintas, cometerá um único
crime, um único bem jurídico atingido, a vida humana do suicida. Isso não quer dizer,
porém, que se o sujeito induz, instiga e auxilia, que as duas ações excedentes à
tipicidade do fato (instigação e auxílio) não devam ser sopesadas na dosimetria do
apenamento. Evidente que sua penalidade deverá ser mais rigorosa do que se tivesse
cometido uma só das três condutas típicas.

Nos tipos cumulativos, ao contrário, as condutas não são fungíveis porque atingem
bens jurídicos distintos em suas titularidades. Poderiam estar descritas em tipos
diversos, compondo cada qual um delito, mas, por critério legislativo, são reunidas em
um único tipo, pelo que haverá tantos crimes quantas forem as condutas realizadas.

Um clássico exemplo: art. 135 do CP, crime de omissão de socorro: “Deixar de prestar
assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. Reúne fatos
distintos e com distintas afetações em termos de titularidade do bem jurídico. (Fonte:
Carlos Otaviano Brenner de Moraes).

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