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TATERAL= DiRerro o 7AG0ERO 7ACuERO Fee eo Precis saa ais ENN URN guano We pane RCCL aam ac ast Y as (0a UE aa Olea ae RLU sy a ce Ue) Wee) Oa CU Or alan OSes wl aur D iO} bee ec any novo com os contetidos mais interessantes de um jeito que s6.a SUPER sabe explicar. ee tra Be eee Para assistir Eee Met eee CRIT IS ETAT seu celular para Poort) CCE Ce _ESPECI __. INDICE concer A Abril VICTOR CIVITA ROBERTO CIVITA (1907-1980) (1936-2013) Pblsher Fabio Canalo Diretor de Reda: Mauricio Lima vencendo os ingleses do Exeter City por2 a, no Estadio das Laraneiras,no Rio OS MELHORES DAHISTORIA, POSICAO A POSICAO 4 Arsene 52 Teinatnres 6 Alin rare dtd os tempos 54 Aso todos temps OnTiULaR OBANCDDELUXO 8 Cokios 56 Votoavio i2 Lateas-dos 6 A seleobrsla detox os tos ai OTERCEROTINE 16 Zaucos 26 Later esqueros Sphere a cxuro I’ Abrit 28 Weiaseatocantes apie mowTaceM CoM FOTODESHUTTERSTOCK net PRE! 3 ANATA DANATA Eleicao da selecao brasileira de todos os tempos feita por PLACAR celebra os craques do passado, por mais que 0 pais continue produzindo (e exportando) grandes jogadores Gabriel Pillar Grossi 4 pouco mais de 25 anos, ‘em 1995, PLACAR convi- dou 64 personalidades do mundo do futebol (jorna- listas, ex-jogadores estrangeiros, ex-téenicos do Brasil em Copas do Mundo etc) e montou pela primei- ra vez.a selecio brasileira de todos 6s tempos. Apenas um ano depois da conquista do tetra, os onze elei- tos ja estavam todos aposentados — eram craques dos Mundiais de 1958, 1962 e 1970. Agora, convida- mos 170 jornalistas do Brasil intei- ro para, mais uma vez, eleger os maiores craques que jé vestiram a camisa canarinho. Em vez. de um time com os onze melhores, vocé vai encontrar nesta edi cionador uma equipe titular, os n servas e também os terceiros mais votados em cada posigao, bem co- mo um técnico para cada um d ses esquadrdes. A divulgacao da lista dos 33 vencedores chega em ‘um momento especial para o fute- bol brasileiro. Por mais que a sele- ao nao nos dé grandes alegrias ja ha algum tempo, pela terceira vez na historia dois times brasileiros chegaram 4 final da Libertadores (antes, havia ocorrido em 2005 4 IRM 2006). Em jogo tinico, no Maracana, o Palmeiras venceu o Santos com um gol nos acréscimos do segundo tempo e sagrou-se bicampeao da América — indicio de sermos, ai da,¢ talvez para sempre, arsenal de craques para as futuras geracies. Na votagiio dos melhores de todos 0s tempos, 69 atletas e vito treinado- res foram lembrados, ao menos uma vez (nenhum dos eleitores cravou os onze titulares). Um nico nome apa- rece nas duas listas: Zagallo, ponta- esquerda bicampeao na Suécia e no Chile e comandante do supertime do tri, no México. Muitos jogadores foram escalados em diferentes posi- gdes. Falcao e Toninho Cerezo apa: receram como zagueiros ¢ também, como meias. Carlos Alberto, na late ral ena zaga. Junior, como lateral di- reito também como esquerdo. E, a exemplo do que aconteceu na vito: riosa campanha de 1970, varios cra- ques aparecem na lista tanto no meio de campo quanto no ataque (Conhega todos os votos a partir da pag. 56). critério adotado por PLACAR foi simples e direto: somar todos os votos, independentemente da posi- gio em que cada um foi escalado. Em seguida, montou-se o time, no classico 4-3-3: além do goleiro, qua- tro na zaga, trés no meio e trés na pac eer frente (conheca as selecdes formadas nos quadros acima, d dir). ‘Como costuma ocorrer nesse tipo de votagao, ha espaco para polémi- cas e surpresas. Como em 1995, ne- nhum jogador em atividade ficou entre os mais votados (apenas qua- tro receberam mengdes dos eleito- res). Talvez porque pensar numa es colha histérica exija olhar apenas para aqueles que ja se consagraram no os que ainda estao sendo jul- gados pelo que fazem dentro e fora do campo. “O humorista Marcelo Madureira faz. um outro corte: “Fui até a Copa de 2006, quando, na mi: nha modesta opiniao, a selecao mor- reu, junto com o Bussunda” O vete- rano narrador Silvio Luiz disse que é muito dificil comparar diferentes épocas. “Tudo ¢ diferente, a qualida: de do material, a bola... 86 quem nao pode ficar de fora é 0 Pelé”, apostou. Mas houve sim quem tenha deixado Rei de lado, Exatos cinco votantes optaram por nao escaléclo, com uma motivagio compreensivel: “S6 os que vi jogar”, resumiu a jornalista Renata de Medeiros. Diante da profusao de craques que ja atuaram pela seleco, muitos lamentaram ter de escolher apenas onze. Varios mandaram também uma lista com os reservas de luxo, 0 segundo time, 0s injusticados, aque- les que fazem 0 coragiio sangrar a0 s fora do time. “Na minha lista, ha reconhecimento biografico, ob- servacao de velhas imagens, um ‘TIMETITULAR Taffaret Carlos Alberto, Adair Belinie Nitton ‘Santos; Dil Faleso ‘Pelé; Gartincha, Ronaldo e Romito. “een Zagat ‘SEGUNDO TIME Gylmar; Cafu, Mauro, Domingos dda Guia e Roberto Carlos; Gerson, Zico e Rivaldo; Ronaldinho Gaucho, Sécrates e Rivlin, “een “el Sntana ‘TERCEIRO TIME Dida; Dialma Santos, Oscar Luis Pererae ‘unio, Clodoaldo, Dunga e Zt; Zisinho, Tostio.e Lebiidas da Siva “een: Carlos Albert Parra Pelée Ademirda Guia, pelo Santose Palmeiras, no inicio dosanos!970: afinalbrasiera daLibertadores de2020 ¢inlcio dequeoBrasi ainda é(esempre seré}celero decraques “is fenomenais pouco do que pude vere, claro, aque- la pitada de gosto pessoal”, resumiu © comentarista Carlos Eduardo Li no, Jé 0 narrador Galvao Bueno ex- plicou cada um dos seus votos € acrescentou: “E preciso pensar em jogadores das Copas que o Brasil ga: hou (1958, 1962, 1970, 1994, 2002), mas também do time de 1982, que nao ganhou, mas foi genial Orresultado detalhado dessa di- vertida aventura vocé acompanha nas proximas paginas. PAE S GOLEIROS “SAI QUE E SUA, TAFFAREL” O bordao, criado para criticar o arqueiro que nao “atacava’ as bolas alcadas na érea, virou @ sinOnimo das incriveis defesas de pénaltis em mais de onze anos com a camisa da selegaio urante onze anos, Taffarel viveu (auitos) altos e (alguns) baixos coma camisa da selegao brasileira. Depois de ganhar o Pan-Americano de 1987, em Indianapolis, comecou a cons- MLL ua At truir a fama de grande pegador de pénal- tis na semifinal da Olimpiada de Seul, em 85 1988, quando catou trés cobrangas contra a Alemanha Ocidental (um ano antes, ja havia defendido duas num Gre-Nal, para delirio da torcida do Internacional, seu primeiro clube TITULAR como profissional). =, Passou a ser titular do time principal do NASCIMENTO a demaiade 1986, ern Santa Rosa (9) JOGOU POR Brasil e foi um dos poucos a sair ilesos da pre- coce eliminago na Copa do Mundo da Itilia, em 1990, Ainda assim, por causa das regras Internacional Parma campo, deixou de ser titular absoluto do Par- __Galaisarsy Tua) mnag entre 1991¢ 193, também folcolocado (eae a ianectiicar hen icieciase or Em julhode 1993, Taffarelfalhoufeiono2a0 -lewada aston em para a Bolivia, em La Paz, que marcou a primei- methor goleiro do Inderrotada seleglo em partdasclimisattrias aia au para a Copa do Mundo. E 0 narrador Galv. ee ae Bueno cunhou o bordao que acabaria con: grando 0 goleiro: “Sai que é sua, poca, muitos criticavam o fato de ele gost (nos dot anos, fot 7 ‘Ganhou duss Copas. raffarel” (na da alae uma Recopa europea peg Para, de ESmpeonsto Mineo de ficar perto do gol, sem “atacar” abolaalgadana —_4YSpaa Copa Conmebol area). A gangorra voltouasorrirparaclenoano 428 Campeonsics, seguinte. No Mundial dos Estados Unidos, 0 Turguayuma ga Europa Brasil conquistou o tetra sofrendo apenas trés yet lMSEREEIPS ry gols —o mesmo niimero de pénaltis perdidos —perq-serecho — Pela Italia nadecisio, um deles defendido pelo fauna Gopes de, arqueiro (leia mais na entrevista na pig. ao lado). 1996 (vice) Atuou etn Mais um ano se passou...e mais uma fa i@Bparis comet Iha. Na final da Copa América, um golpe de _ apenas 13 ders ssofrew 72 gole Venceu ai, também 9 Munchat vista malfeito e o gol de empate do Urug que acabaria vencendo 0 torneio. No Mun-_partmaraasgs $a: 9 a anttarven TH Folmedsina dep dial da Franga, em 1998, mais uma vez Taf Paleo farel fez a alegria do torcedot. Na semifinal, 1988 ecampstodia contraa Holanda, ele pegouduas cobrancas _9857-Hoje eo teinador de pénaltis e se consagrou definitivamente _S290es 40 Brash como um dos maiores de todos os tempos CLAUDIO. nessa especialidade. Faltou, porém, derrotar ANDRE MERGEN Zidane e companhia na final. ‘TAFFAREL 8 Ma eT Coe tS Cee cu Cee eau ones Deer 1 UM CARA FRIO, MAL QUERIA APARECER” Qual éa sensacode fazer parte da selec3o brasileira de todos estempos?£ um orgulho muito grande. E muito craque, muita gente boa. Estar no meio desses caras — e ao lado do Pelé — é grandioso mesmo. Mesmo que seja 6 num time de sonhos, agradeco a todos que votaram em mim. Dé paraimaginar esse time jogando? Acho que nessa dete- sano ia passar nada. Eu ia trabalhar menos do que em 1994 (o Parreira sempre me provoca dizendo que eu nio fiz nada naquela Copa). Do meio para a frente, falta po- sigo para tanto craque. Esse time seria muito ofensivo, com classe, técnica e fome de gol. Joguei com Falcao na despedida do Zico, fico imaginando ele e Pelé juntos. E oataque éa nata da nata. Os dribles do Garrincha eram lindos de ver, Romario sempre chamando a responsabi- lidade e Ronaldo ¢ 0 Fenémeno, com aquele arranque. Como treinadorde goleiros da sele¢ao, quem foiomelhor na sua opinio? Acho que eu marquei os anos 1990, as trés Copas. Mas eu escolheria o Gylmar dos Santos Neves. Qual sua methor lembranca como goleiro do Brasil? Seria até uma ingratidao nao falar do tetra, em 1994. A semi final contra a Holanda, em 1998, foi incrivel, mas a fi nal contra a Italia foi o pice, o jogo que mais me mar cou. Joguei varios anos pela selegao e sempre busquei transmitir seguranga para os companheiros. Queria ser calmo em campo, tinha confianga porque trabalha- va muito, Era um cara frio, nao saltava muito na bola, pouco queria aparecer. Esuamelhor atuagio? Sem diivida, foi na semifinal da Olimpiada de Seul, em 1988, quando peguei um pénalti falando sete minutos para o fim do jogo e depois, na de- cisio por pénaltis, defendi mais dois. Como vocs se sentia quando falhava? Reconheco que falhei algumas vezes. As mais marcantes foram nas eliminato- rias, em 1993, contra a Bolivia, e na Copa América de 1995, no Uruguai. Masisso nunca me colocou pra baixo. Hé poucos jogadores ematividade entre todos os querecebe- ramvotos. Por qué? logico valorizar menos o presente. ‘Quem joga hoje ainda esta sob julgamento. Quem passou jf foi julgado. E a imagem que vem primeiro é la de tras, Acscolha é saudosista mesmo, todos querem uma sele a0 de futebol marcante, vitorioso, alegre, de referencia, Gabriel Pillar Grossi aaa 9 MURALHA TRANQUILA Raro caso de jogador identificado com dois grandes times de So Paulo —o Corinthians e o Santos —, ele foi a garantia de uma defesa segura e pouco Vazada no bicampeonato mundial de 1958 e 1962, na Suécia e no Chile Nos idos de 1958 e 1962, anos do bicam- peonato mundial, os estrangeiros costum: vam dizer que uma das razbes para o Brasil produzir poucos goleiros de renome era 0 fato de os meninos brasileiros sempre so nharem ser atacantes como o iniciante Pe 1é. Era uma avaliacao injusta. Na Suécia e no Chile, quando deixamos de ser vira-la tas com afeicao a derrota, havia debaixo das traves 0 calmo, sensato, afivel e agil Gylmar dos Santos Neves. Seu sucesso in fluenciou a carreira de muitos arqueiros — inclusive, éclaro, de Taffarel,o titular desta selecaio de PLACAR. Nao seria exagero di zer que, sem Gylmar, o Brasil talvez nunca saisse da fila — em decorréncia das grandes defesas, sem diivida, mas também por cau sa de sua personalidade protetora, uma montanha de 1,81 metro feita de delicadeza 10 i NASCIMENTO. 22 de agosto de1930, ‘em Santos SP) ‘MORTE 25 de agosto de 2013, 7250 POR eter acre ‘em 1951 19526 1954 aoe 5 ieee triacs PELA SELECAO ogee Se mera GYLMAR DOS SANTOS NEVES Sindnimo de segurana debaixo dos trés aus: ele judau a desfazer aimagem de que Brasil nao produzia bons arqueiros Numa das mais conhecidas fotografias da vitdria em 1958, ele aparece ao lado de Didi e Pelé, em prantos, depois da conquista. “Eu tinha apenas 17 anos e ele me deu varias orientagoes’, diria 0 rei. Gylmar tinha 27. Logo antes de levar a canarinho ao bi, ele deixaria o Corinthians, onde permaneceu por dez anos, a caminho do Santos. No time da Baixada Santista, conquistou tudo mais, ‘um pouco: foi cinco vezes camped paulista, cinco vezes campeao brasileiro, duas vezes campeao da Libertadores e duas vezes cam- pedo mundial interclubes. E um raro caso de jogador que, entre os times, éidentificado com duas camisas de um mesmo estado —a do Santos, evidentemente, mas também do Corinthians, coma qual levou o alvinegro paulistano ao titulo de 1954, 0 tiltimo antes dda seca de 23 anos. Gylmar morreu em 2013, de infarto, Desde 2000 tinha o lado direito do ‘corpo paralisado, em decorréncia de um aci dente vascular cerebral. Mal falava, nao an dava. A bordo de uma cadeira de rodas, nas poucas vezes em que apareceu em piiblico, era louvado e festejado pelo que representou para o futebol brasileiro, Se Pelé sempre foi ‘codinome de meia atacante goleador, Gylmar cera sindnimo de garantia com asluvas. @ GIGANTE FEITO DE GELO Dono de rarafrieza,o golero baiano destruiu preconceitos e se tornou {dolo de grandes clubes, no Brasil e 1na Europa, com sua marca registrada: a tranquilidade traduzida em seguranga Assim como Taffarel e Gilmar, Dida é mais um a contrariar a tese de que o bom goleiro precisa ser meio maluco, espalha- fatoso. O baiano de 1,96 metro de altura era sério, quase impassivel, e de poucas palavras — seu tom de voz manso rara- mente era ouvido em entrevistas, mas ex- companheiros garantem que Nelson, seu nome de batismo e como era chamado na intimidade, tinha um lado extrovertido. Ainda como uma revelagio do Vitéria, ajudou a quebrar preconceitos, como a desconfianga contra goleiros negros — tese racista originada com a perseguicao a Moacyr Barbosa, titular da selecdo na Co- pa de 1950, que até hoje ainda encontra eco, Pelo clube rubro-negro, foi vice-cam- peiio do Brasileirdo de 1993 com apenas 20 anos, e chamou a atengio do Cruzei- 10, pelo qual fez historia ao conquis- tar quatro mineiros, uma Copa do Brasil dores de 1997 —com direito a uma defesa historica na fi- nal contra o Sporting Cristal. Defender pénaltis foi sua especialidade. Em agosto de 1999, apés brilhar na conquis- tada Copa América pela selecio brasileira, pegando penalidades contra Chile e Argen- tina, foi capa da PLACAR com o titulo "Sao Dida’. “Ele leva uma grande vantagem em relagao aos goleiros altos de antigamente: como faz parte de uma geracao que convi- veu com treinamento especifico desde a c tegoria de base, chegou ao profissional com mesma agilidade de um jogador mais bai- x0", disse, & época, Valdir de Morais (1931- 2020), ex-arqueito e um dos primeiros trei nadores de guarda-metas, Meses depois daquela publicagao, Dida se tornaria idolo no Corinthians ao con- quistar o Brasileiro —na semifinal, pegou dois pénaltis do idolo tricolor Rai, no Mo- NasciMENTO 7 de outabre de 1973, ‘em rar (BA) JOGO POR Vest Crue, Maan (ao), Conntnions Portugies, Grame'e Inter, Congulstou 24 ules, com destaque paraa oertadores de 1997 (Cruzetro), 0 Brasterso de 1999 60 ‘Muda de Cubes Se 2000 (Connthians) 2g gas dos Campedes de 2003 © 2007 (hlan) 63 Copa do Mundo de 2602 pela selecto brostra Pea ieGHo eee faaltas NELSON DE JESUS DA SILVA alma: um dos poucos ogadoresaganhara Libertadores, aLigados ampedesea Copa doMundo, eleatuouS vezespelaselegao = rumbi. Também foi responsavel por decretar fim do estigma contra goleiros brasileiros ropa. Nao foi o primeiro a jogar por li, mas certamente foi o mais bem-sucedido. Pelo Milan (Italia), conquistou oito titulos, sendo duas Ligas dos Campedes — integra, por sinal, o seleto grupo de campedes da América, da Europa e do mundo, ao lado de ‘eraques como Cafu e Ronaldinho Gaticho. Em Copas, foi reserva de Taffarel no vice- campeonato de 1998, suplente de Marcos no penta, em 2002, e titular em 2006. Dida voltou ao Brasil no fim da carreira e ainda teve bons momentos na Portuguesa, no Grémio e no Inter, até encerrar a carreira a0 41 anos, em 2015. Hoje é preparador de goleiros do Milan, Com 91 jogos oficiais entre 1995 e 2006, € 0 terceiro que mais vestiu a camisa do Brasil, atrs apenas de ‘Taffarel (101) e Gilmar (94). PAF LATERAIS-DIREITOS HAJAPERSONALIDADE Ele sempre esteve no lugar certo e na hora certa, Brihou em varios times brasileiros, na sele¢ao e no Cosmos. Foi um treinador de sucesso —e marreu muito cedo a Copa do Mundo de 1970, 0 técnico Za- gallo escolheu Carlos Alberto (entao la teral-direito do Santos) para ser 0 capi tao da selegao. Era mais jovem que ou- tros seis titulares, mas desempenhou tio bem a fungao que ela se tornou o apelido (Capita, o Capitao do Tri) que o acompanha até hoje, mesmo depois de sua morte por infarto, aos 72 anos, em 2016. A imagem que muitos gostam de lembrar é a do jogo contra a Inglaterra, na primeira fase. A partida era enca- rada como uma final antecipada. Numa disputa de bola na 4rea brasileira, o ponta Francis Lee chutou o rosto do goleiro Félix. Logo em segui- da, Carlos Alberto saiu da lateral e, préximo ao centro do gramado, deu uma entrada dura no adversirio — que “sumiu” em campo. O Brasil veneeu por 1a 0, Capita brilhou em trés dos quatro grandes Foi revelado pelo Fluminense, jogou com Jairzinho e Paulo Cezar Caju no Botafogo, voltou para o Flu para compor a Maquina Trico- lor (ao lado de Rivellino, Caju, Doval, Marco Anténio e tantos outros) e brilhou no Flamengo ao lado de Zico. Além disso, entre 1965 e 1971 fez parte do multicampeao time do Santos, jun- to com Clodoaldo e Pelé. Transferiu-se em 1977 para o Cosmos, de Nova York, pelo qu: quistou quatro campeonatos norte-americanos. Como se nao bastasse a gloria de ter sido 0 capitdo do tri, atuou em 69 partidas pela selegao ¢ fez nove gols — marca surpreendente para um defensor. Aposentou-se, pelo Cosmos, em 1982, ¢ imediatamente passou a trabalhar como trei- nador. Em sua primeira experiencia no banco, ganhou 0 Brasileiro com o Flamengo de Zico, Junior, Leandro e Adilio. Nos anos 1980 ¢ 1990, intercalava 0 trabalho como téenico com o de comentarista esportivo. Em 2016, estava no SporTV. No dia 23 de outu bro, participou normalmente do programa Troca de Passes e, mesmo sem ter historico de proble- mas cardiacos, sofreu uma parada fulminante apenas dois dias mais tarde, quando jogava pa lavras cruzadas em casa, no Rio de Janeiro. O fu tebol mundial ficou menor desde entao. 12 ie Cee Tau ter) Te er Bend Fee Cee Ct) sigantescojogador) 112 241s-oetT0s SINONIMO DE RECORDES Depois de superar inicio dificil na carreira, ele enfileirou uma série de marcas histéricas — é 0 unico futebolista a disputar tr finais de Copa seguidas 100% Jardim Irene: como capitao do penta, em 2002, exibiu com orgulho a origem humilde ‘em um bairro simples da Grande Sao Paulo 14 Leos aye ana Prayer Cafu jamais se envergonhou do inicio de sua trajetéria como jogador. Reprova- do em nove peneiras, algumas delas no préprio Sao Paulo, onde faria historia en- tre 1989 e 1994, sempre responde com ‘uma frase em forma de mantra: “Para ca- da nao que recebo vou atras de um sim’, Eleito em dezembro de 2020 pela revista France Football para a selecao Bola de Ouro de todos os tempos, Cafu foi molda- do pela perseveranga e, claro, pelos ines- queciveis berros de Telé Santana, O téc- nico era incansavel em suas orientagoes para consertar a imperfeicao nos passes e ruzamentos, além da mania que o jovem tinha de raramente levantar a cabega pa- ra finalizar uma jogada. “Ele nao perdoa- vanenhum lance’, contou Cafu. Segundo suas prdprias palavras, 0 treinador dizia que ele era um caso classico de jogador que desperdicava 0 proprio talento. Asbroncas valeram. Cafu deixou o Sao Paulo com 38 gols e dez titulos, entre eles o bicampeonato da Libertadores e do Mundial, em 1992.e 1993, Tornou-se, ao lado de Roberto Carlos, responsavel por consolidar a boa imagem dos laterais brasileiros na Europa, que persiste até hoje. Em todos os ‘outros clubes por que passou — Zaragoza, Juventude, Palmeiras, Roma e Milan — ga- nhou titulos e uma legiao de fas, Na sele- fo, foi além e se transformou em um co- lecionador de marcas, varias delas ainda intactas, apesar de ter atuado pela iltima vvez.com a amarelinha em 2006. Fez. 149 partidas (Roberto Carlos, o segundo colo- cado nesse ranking, tem 132 participa- des). E 0 tinico atleta a chegar a trés fi- nais de Copas do Mundo. Também ostenta ‘o recorde de maior niimero de jogos (vin- te) e maior niimero de vitorias (dezesseis) com o Brasil em Mundiais. Ronaldo en- trou em campo dezenove vezes e Dunga e Taffarel vem logo atris, com dezoito jogos. Ao lado de Castilho, Nilton Santos, Djal- ma Santos, Mauro, Pelé, Leao e Ronaldo, esteve em quatro Copas do Mundo — ou- tra marca a ser batida. Por fim, foi o capi- tao brasileiro em onze partidas de Copa — Go lider dessa estatistica ao lado de Dun- ga. Obrigado, Cafu. E, no caso de um nao, continue a buscar o sim. Ele vira.. CLASSE E VITALIDADE Sem jamais ter sido expulso, marcava com firmeza e esbanjava qualidade para atacar, sempre muito répido, Idolo de Lusae Palmeiras, tornou-se também uma lenda pelo lado direito da selegzio. Na adolescéncia, o paulistano Djalma Santos sonhava em ser piloto da Forca Aérea. Um acidente quando trabalhava numa fibrica de calgados, no entanto, ar- rebentow-lhe os ossos da mao direita e 0 impediu de tirar a licenga para voar. Curiosamente, a forca manual seria uma de suas marcas registradas ao se lancar num esporte essencialmente jogado com 0s pés: foi um dos primeiros atletas ac: brar laterais diretamente na grande area dos adversarios, recurso que voltou a ser explorado nos tiltimos anos. “Djalma ‘0 Homem de Ago: um dos rimeirosacobrar arremessos laterais detamentena grande rea adverséria, recursohoje mais comum Santos pde, em seu arremesso lateral, to- daa paixao de um Cristo Negro”, definiu o poeta e dramaturgo Nelson Rodrigues. ‘O Homem de Aco aliava forga fisica e legincia para jogar na lateral — come- ‘goua carreira como meia, mas acabou vi rando craque na defesa. Dividia firme, de forma eal, tanto que jamais foi expulso de campo, ¢ tinha boa técnica para sair jogando. Sua serenidade contrastava com a descompostura de Mané Garrineha, seu eterno companheiro pelo lado direito da selegio brasileira. Por serem tao diferen- tes, criavam uma mistura perfeita. Juntos, ganharam duas finais de Copa do Mundo. Em 1958, na Suécia, Djalma participou apenas da decisio contra os anfitrides, na vvaga do lesionado De Sordi. Bastaram no- * venta minutos para que fosse coroado com o prémio da Fifa de melhor da posicdo no torneio. “Dei sorte”, cost mava dizer, sempre com muita humil- dade. Em 1962, no Chile, titular abso- luto, voltou a festejar o titulo, Partici pou também das Copas de 1954 ¢ 1966 e encerrou sua trajetoria internacional co- mo um dos maiores de todos os tempos. Foio tinico brasileiro a atuar pela sele- da Fifa no duelo que marcou o cente- nario da Federagao Inglesa, em 1963, em Wembley, ao lado de lendas como Lev Yashin, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskas e Eusébio. Pelé foi chamado, mas estava contundido e ficou de fora. Djalma Santos ¢ também um idolo his- torico da Portuguesa, clube pelo qual atuou de 1949 a 1958, a melhor fase da hi toria da Lusa, e do Palmeiras, onde tam- bém ajudou a compor um time glorioso, entre 1959 e 1968. Encerrou a carreira no Athletico (PR), aos 42 anos, idade incri- velmente avangada para a época, mais uma prova de seu vigor fisico. A carreira de treinador nao decolou e Djalma viveu seus tiltimos anos como dono de uma es- cola de futebol em Uberaba, no interior de Minas Gerais. Morreu aos 84 anos, em de- corréncia de uma pneumonia seguida por parada cardiorrespiratéria. « PASE IS ATACADO MUNDO E DELE 0 fenomenal defensor do Vasco e do Sao Paulo ajudou a tirar 0 Brasil da mania de perder com um gesto definitivo, reverenciado até por reis, O primeiro titulo mundial tem a cara de um jogador elegante e reservado ara muito além do futebol, 0 gesto Orei Gustavo, da do zagueiro Hilderaldo Luis Bellini Suéciapassaa ules de erguer a Jules Rimet acima da Rimetaseunovodono: cabeca, em 1958, tem um aspecto aghriano Estadio histérico com H maitisculo, uma conota- Rasunda, depois do «fo socioldgica que ajuda a entender o Bra- tiuloem1958 sil. Até entao, na definicao arguta do dra- maturgo e cronista Nelson Rodrigues, éra- mos um pais de vira-latas, incapazes de vencer — no gramado ou fora dele. Entio veio o primeiro titulo mundial ea taca. “Na verdade niio sabia o que fazer com ela quando a recebi do rei Gustavo", dizia Bel- lini, sempre que levado a relembrar daque- Je momento, "Na ceriménia de entreg: confusao era grande, havia muitos fo- t6grafos procurando uma melhor po- sigao. Foi entao que alguns deles, os mais baixinhos, comecaram a gritar, pedindo que eu erguesse a taca. Ea ergui utra imagem, talvez, menos conhecida, mas bonita, é a traduco mais adequada daquela transigaio — da ice” para 0 pedigree de classe. Nela, o rei delicada mente transfere a posse da peca de ouro a0 Hees capitao, como quem diz: “E de vocés, dei- IUCR xem de sempre lamentarasderrotas’.AJu- [metic les Rimet, depois do tri, seria roubada,em — [JEBpepsaibenyy muitos momentos a selecao brasileira vol- emstoPa tou a se sentir como quem anda pelas ruas ces sem dono, mas o elegante e magistral be- JAMMIE eer: que do Vasco, do Sao Paulo e do Athletico eel (PR) virou simbolo do que sempre desej- Beas ‘vamos ser — e, nos campos, chegamos real- Car mente a ser. Bellini foi tao grande que, Gib eee mesmo depois de morto, continuaa fazero ies tah i bem. Seu cérebro foi doado pela familia pa- raajudar em minuciosas pesquisas em tor- [sO no dos efeitos das cabecadasnabolacentre [Pad tie) jogadores. A taca é de Bellini. w Ay nT 16 ie ae 17 Peete a 24cucR0s COLECIONADOR DE TROFEUS Emjunho de 1962, ele levantou a Jules Rimet apés 0 Brasil conquistar obi, no Chile. Menos de quatro meses depos, repetiua dose com o Santos, campeao do mundo, Eis uma amostra, apenas Imagine jogar sete temporadas num ti- me e ganhar dezessete titulos (mais de dois por ano), com direito a Mundial de Clubes, Libertadores e cinco Brasileiros consecutivos. E ainda jogar pela selecao brasileira, se tornar 0 capita e levantar a taca Jules Rimet aps conquistar o bicam- peonato. Pos este & um pequeno resumo do que foi a carreira do zagueiro Mauro Ramos de Oliveira, idolo do Sao Paulo e do Santos. Como se niio bastasse, atuava com tanta classe e elegancia (e ves- tia-se com garbo fora do campo) que ganhou o apelido de Marta Rocha, ‘em homenagem a baiana que venceu © concurso de Miss Brasil em 1954. Mauro estreou pelo Sio Paulo em 1948 e foi campedo paulista quatro vezes (1948, 1949, 1953 e 1957). Foi convocado paraa sele- cao em trés Copas seguidas (1950, 1954 1958), mas permaneceu na reserva, o que muitos consideram uma tremenda injusti- ga. Depois de quase doze anos e 492 parti- das pelo Tricolor, transferiu-se para o San- tos, no inicio de 1960, e passou a colecionar troféus. Com sua saida de jogo segura e a forte lideranga sobre todo o sistema defenst- vo daquele inesquecivel esquadrao, logo se tormou o capitio do time. No dia 17 de junho de 1962, quando 0 Brasil derrotou a Checoslovaquia por 3 a1, na final, e conquistou a Copa do Mundo pela segunda vez.consecutiva, Mauro esta- va pela quarta vez no torneio, era final- mente titular e também o capitao da sele- cao — e repetiu o gesto de usar as duas mios para levantar a Jules Rimet sobre a cabeca, eriado e imortalizado por Bellini ‘quatro anos antes. Em 11 de outubro, me- nos de quatro meses depois, recebeu outro troféu de campedio mundial, apds 0 5 a2.do Santos sobre o Benfica em pleno Estdio da Luz, em Lisboa, capital de Portugal Com 1,81 metro de altura e 75 quilos, era conhecido pelo porte atléticoe pela técnica requintada, mas nunca teve medo de cara 18 i Ocapitao brasileiro fezamesmo gesto de Bellinina festa do bicampeonato, no Chile: mais de vinte titulosnacarreira ey ae be eerie! MAURO RAMOS. Paema7N za na decisdo do Mundial Interclubes de 1963, contra o Milan, da tilia. Se todos lem- bram que aquele Santos tinha Zito, Dorval, ‘Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe do meio para a frente, 0 que dizer da defesa, com Gylmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo? Em 1967, foi para o Toluca, do México, on- de jogou por duas temporadas. Pendurou as chuteirase trabalhou como téenico até 1974 (comandou o Santos em 78 partidas entre 1971 € 1972, com 39 vitorias, 24 empates € 15 derrotas). Aposentado, voltou a morar em Pocos de Caldas, sua cidade natal. Lutava contra um cancer de estomago quando morreu, em setembro de 2002. m feia — os santistas nio esquecem sua firme- ! ARRANCADAS ESPETACULARES Elenunca se conformou em ser 6 um beque. Dono de arrancadas inesquectveis, foi apontado por Pelé como. melhor central do mundo Ovvelho cliché de que “zagueiro é para zagueirar” jamais funcionou para Luis Pereira. O baiano de Juazeiro marcou época nas décadas de 70 e 80 com um es- tilo tao arrojado quanto incomum para um defensor. Tornaram-se inesqueciveis suas arrancadas rapidas com a bola nos és, habilidoso, sempre em disparada ru- mo ao campo de ataque. Aos berros, treinadores como Oswal- do Brandao, que o dirigia no Palmeiras, ameagavam tirar 0 atleta do jogo caso passasse do meio de campo. Por vezes, Luisdo chegava até a linha do circulo central, entregava a bola a um compa- nheiro ¢ olhava sorrindo para o banco de reservas. A ousadia veloz Ihe rendeu apelido de Chevrolet no inicio de car- reira, mas o elogio de que mais se orgu- Iha foi dado por Pelé, anos depois, quan- do 0 Rei o classificou como “o melhor zagueiro do mundo”. Luis Pereira comegou a carreira no Sao Bento, de Sorocaba, e chegou ao Palmei- ras aos 19 anos. Foi protagonista na con- quista de trés Campeonatos Brasileiros pelo clube. Disputou 568 jogos e marcou 35 gols, até hoje a maior marca de um de- fensor pelo time alviverde. O segundo co- locado na lista é Salvador Loschiavo, que fez 31 atuando pelo antigo Palestra Itilia nas décadas de 20 e 3 Ele chegou a selecio brasileira em 1973 e disputou como titular a Copa da Ale- manha no ano seguinte, ao lado dos tam- bém palmeirenses Ledo, Leivinha, Ade- mir da Guia e César. Em 35 partidas com a amarelinha, conquistou 21 vi- torias, onze empates e sofreu somen- te trés derrotas, a mais dolorida delas para a Holanda do génio Johan Cruyff, na fase semifinal daquele Mundial, quando foi expulso de campo. Conquis tou sé um titulo com a canarinho, 0 Mundialito de Cali, em 1977. Depois da passagem vitoriosa pelo Pal- meiras, foi vendido para o Atlético de Ma- drid, em 1975. Ali ganhou os apelidos de “EI Mago” e “Zagueiro Espetaculo”. Virou idolo na capital espanhola, mas decidiu voltar ao Brasil em 1979 para jogar por Flamengo, Palmeiras novamente, Portu- guesa, Santo André, Corinthians, Central de Cotia, S40 Caetano ¢ Sao Bernardo. Continuow a driblar atacantes com suas arrancadas até 1997. Isso mesmo. O Che- vrolet tinha inacreditaveis 47 anos quando ‘inal e infelizmente se aposentou. Cinco ‘anos depois, retornou 4 Espanha para ser treinador das categorias de base do Atl co, para ensinar aos meninos que um za- gueiro nao precisa apenas zagueirar. © PMSF IID Ne SPEC O DESTINO BATEUAPORTA Ele estava fora do grupo que se preparava para a Copa de 1994, mas cortes e lesdes na equipe o transformaram em titular — nos sete jogos do torneio nos Estados. Unidos, brithou com um futebol seguro e firme Gh BR 22 fic zaguciro mais hail Emcampo pela doso que jé enfrentei, era um selegao:encaie fendmeno.” A frase de Ronaldo perfeitocomo resume a classe do futebol de companheiro de zaga, Aldair Nascimento dos Santos. Titular da Marci Santos selegio na Copa de 1994, teve uma atuagio perfeita no torneio, o do tetra. Mas ele nem sempre foi unanimidade entre treinadores, torcedores e jornalistas. Revelado pelo Fla. ‘mengo, destacou-se entre 1985 e 1989, foi a0 Mundial de 1990, na Italia, como reserva, € passou a construir uma sélida carreira no futebol europeu. Em sua primeira tempora- da pelo Benfica, de Portugal, conquistou 0 titulo nacional e foi vice na Liga dos Cam- pedes da Europa, perdendo a final para 0 Milan de Rijkaard, Van Basten e Gullit Para a Copa dos Estados Unidos, alimen- tava poucas esperangas de ser chamado. Ti- nha 28 anos €, um ano antes, havia sido submetido a uma cirurgia para reconst 20 dos ligamentos do joelho direito, que o afastou por sete meses dos gra- mados. A sorte, o destino, os deuses do futebol — ou como quiser chamar — bateram a sua porta, Mozer, com hepatite, foi cortado, Aldair foi chamado, mas sabia que dificilmente teria espaco. A zaga titular a era Ricardo Gomese Ricardo Rocha. “Mar- [RECAST cio Santos ¢ eu treinavamos no time reser- rere va", lembrou 0 zagueiro em entrevista a [UM AOueRy ey e coer PLACAR (leia mais no quadro da pag. ao lado) Eateries Gomes acabou cortado na fase de prepara- |UMaiet eMaS 30, Rocha se machucou naestreia, contraa | er=rersraoy Rassia, eo caminho estava aberto para Al. RBeSsyensiahiien dair e Marcio Santos brilharem. Pec Nessa época, Aldair jé era titular da Ro- ma, clube pelo qual jogou durante treze anos. Ganhou o apelido de Pluto, por uma suposta semelhanga com o personagem dos desenhos da Disney. Quando partiu para 0 pequeno Genoa, em 2003, o clube da capital italiana aposentou a camisa 6 (36 voltaria a usécla em 2014, depois que o zagueiro con- sentiu).Jogou muito, enfim. 201i? “A COPA AMERICA DE 1989 PREMIOU UMA GERACAO™ Carlos Alberto, Bellini, vocé e Nilton Santos. Que tal? E como um sonho. Desde que comecei a jogar futebol, escu- tava sempre cada um desses nomes. Depois, vrei profissio- nal e criei enorme admiragio por todos eles. E muita preten- ssio imaginar como seria atuar em conjunto, mas certamen- tea experiencia seria inerivel para mim. ‘Sente falta de alguém na selec titular de todos os tempos esco- thida pelos jurados de PLACAR? Sempre vai faltar alguém, por mais que a qualidade mude pouco nesse nivel de exceléncia. O Roberto Carlos, por exemplo, poderia estar. Dos que vi jogar, ae ey se deuodomde jogar futebol. Entao, vocé tema Oi eDE DT GUETUIE IED) DOE ica TN ec — MICHELANGELO, ae Se a Pd ..@ele, o maionda historia, inigualavel, o Stee A TT Oy Tu Our Cire Em1963, j6 bicampeao do ‘mundo, na Inglaterra, antes deumamistoso emWembley: aslentesdos fotdgrafosnunca deixaramde acompanha-lo SEIT NASCIMENTO DA PARA UM aL COUTINHO2?” rr Cue PUL CLL ter Didi ao lado de Falcéo CCL a cect ments aston a zer, foram dois excelentes jogadores de meio, mas com caracteristicas com- Peers RUE Re tec Lem P etd Pease en ete Peete omc ks ne Oen nit) Preece a peered ene ee ruc Perret rsd Cry pects tent cas ee ears ene ire Ot Poca tg Ure emo nnd onrut eterna ros natos. Quem sabe oe y att reaver aes) ree Cn nt Perera Sente falta de alguémnes- red ere ae ce cao ria citar varios nomes mas como esquecer Cou- peur) oy Senor neers one cont ay reer hy, VEWSEATACANTES SEMPRE SENSACIONAL 0 pernambucano quieto e desconfiado foi o camisa 10 do Brasil na Copa de 2002, fez cinco gols e serviu Ronaldo em outros cinco, garantindo lugar de destaque na conquista invicta do pentacampeonato ay Nos gramados do Japiio e da Coreia do Sul, em 2002, quando o Brasil ganhou o pentacampeonato, Rivaldo comeu a bola. Com a camisa 10 canarinho, fez um gol «em cada um dos trés jogos da fase de grupos, mais um nas oitavas e outro nas quartas — e foi o vice-artilheiro do torneio, Como se nao bastasse, deu o passe para cinco dos vito gols de NASCIMENTO agdesbrigde 1372, em Pauilsts (PE) 30GOU POR Santé Crus, Moot Mie, Eorinhian Palmeiras, Crurero, S40 Pavio ‘Sto Caetano, mass Gontou es campeonatos Pemamgueano, ras, Expsnol faslero, Espanol grapes Usteque sem ipercope er faa tpa dys cor has eres dole de Prata de PLACAR, "em 139561984 ELA SELECKO ssivice na Copa de, Sonn egos eve coma cama do Bras, “nire 1998 6 2008 ‘sotando 38 got (Setesem particas Se Copas do Mundo) RIVALDO VITOR Fok Ocraquesem apelda: passadas largas, jogadas acrobéticasegols antoligicos, ummaislindo queo outro 3Bliat Ronaldo, inclusive o primeiro na final contra a Alemanha (como classificar 0 genial corta-luz no segundo, uma bola (que estava perfeita para dominar, invadir a drea e fuzilar Oliver Kahn?). ‘Ao longo de 25 anos, Rivaldo fez a ale- gria das torcidas no Brasil, na Espanha, na Itilia, na Grécia, no Usbequistao e em Angola. Também brilhou na campanha de 1998, quando o Brasil s6 perdeu a final para a Franga, dona da casa, Era uma épo- ‘ca em que imprensa e torcida disputavam para saber como por em campo os 4R (Romario, Ronaldo, Ronaldinho Gaticho ¢ ele) Foi o iltimo grande ci- clo vencedor da selegao. Eleito pela Fifa como 0 melhor jogador do mundo em 1999 (atuava pelo Barcelo- na), mereceu um rasgado elogio de Johan Cruyff. Segundo ele, Rivaldo era um dos poucos que Ihe davam prazer de ver jogar. “Tem o talento sul-americano e o profis- sionalismo europeu’, definiu o génio ho- landés. Nas quartas de final de 2002, con- traa Inglaterra, convenceu o técnico Luiz Felipe Scolari a nao substitui-lo apés a cexpulsdo de Ronaldinho Gaticho. Recuou para ajudar na marcagao e ajudou a ga- rantir a vitoria de virada, Atuou 78 vezes coma ci do Brasil, marcou 38 gols e conquistou a Copa Umbro, de 1995, a Co- as Confederagdes de 1997 e a Copa lém do Mundial de teve um apelido ou um diminutivo, mas foi gigante. Driblava qualquer um, com diferentes recursos, corria 0 campo todo com suas passadas largas, era especialista em cobrangas de falta, encantava com jogadas plasticas (como bicicletas e voleios) e, principal- mente, marcava gols antolégicos, um mais lindo que o outro. Em 2008, Rivaldo foi eleito presidente do Mogi Mirim, seu segundo e também 0 timo clube em que atuou como profis- sional. Apés anunciar a aposentadoria, em 2014, decidiu voltar a jogar pelo pré- prio Mogi, numa tentativa de lutar contra a ma fase na Série B do Brasileirao de 2015. O retorno durou apenas dois meses. No ano seguinte, passou a integrar 0 FCB Legends, time de veteranos do Barcelona (que faz partidas de exibigao pelo mundo. a NOSANTOSE NOBRASIL até hoje em todo o mundo, declamada co- 7 mo poesia: Dorval, Mengilvio, Coutinho, UM GRANDE LIDER Pelé e Pepe, Marcou $7 gols pelo Santos, niimero alto para um centromédio de meados do século XX, e um (muito espe- Ele no poupava ninguém (nem cial) pela selecao brasileira. mesmo Pelé) de seus xingamentos Foi na final de 1962, contra a Checoslo- afeitos a organizar as equipes. vaquia. Quando o placar ainda mar- Além de eximio marcador, tinha muita técnica e esteve coma cava La 1, recebeu um cruzamento selegao em trés Copas seguidas perfeito de Amarildo ¢ abriu cami- nho para a vit6ria por 3 a 1. “Foi o gol do bicampeonato”, gostava de dizer. Com a Os berros de José Ely de Miranda, 0 Zi- amarelinha, Zito esteve em trés Copas do to, sempre recheados de palavrdes, ecoa- scabs Mundo: 1958, 1962 € 1966. Nunca é demais vam coma poténcia de um alto-falante na 8d8agestee4332.—_lembrar que foi destaque nas duas prime: Vila Belmiro nas décadas de 50 e 60. “Pelé, ras, vencidas pelo Brasil. vai a m.., solta logo essa bola.” “Pepe, c. ade pAReTE 2015, Pelé sempre o tratou como um pai, o cha- abre na ponta.” Quem acompanhou lem- emSantos{SP) mava de mentor e de grande amigo. O espi- bra que eles tinham o efeito de acionar 30G0UPOR rito de lideranga se estendeu dos gramados : ts Soubstée Santos, : um espécie de combustao no time do San- Conquistoudiversos -_- para os bastidores, como dirigente do San- tos. Sim, aquele Santos brilhante que fi- “wlpgpeie fers como tgs, com o mesmo jeitio linha dura de sem- cou para a historia Mundiasde 13626 pre, Na Vila Belmiro, Zito se orgulhava de " sel ence basics : Eimpossivel pensar naquele time sem _(Ge1961313¢5)e0% ter ajudado a formar (com direito a peque- Pelé, mas é igualmente dificil imaginé-lo 448959195299 nas e grandes broncas) jovens promessas sem os gritos do “Gerente’, apelido que 0 1967), como Robinho, Neymar e Gabigol. camisa 5 ganhou da imprensa da época _ PELASELEGAO Décadas depois de ter se aposentado, chou as Cones de i gracas a incontestivel lideranga, exercida 1888 Se2etamoem eta comum nos corredores do estidio ou- de forma brilhante em 733 partidas pelo utpousaCopace vir um respeitoso “capitao” quando Zito clube, entre 1952 e 1967 (quando foi substi- mareou 3.901 passava. Logo apés sua morte, em 2015, 0 tuido por um certo Clodoaldo). JOSE ELY DE antos mandou instalar uma estétua em ‘A cara de brabo, as olheiras profundas MIRANDA tamanho real na Vila. Mas essa é s6 uma a garganta potente eram s6 casca. Além homenagem. Talvez a mais significativa de eximio marcador, Zito sabia como tr: seja outra. Desde entao, a bragadeira de ca- tar a bola. E muitas vezes citado como 0 pitdo do clube deixou de ter o tra sexto homem de uma “linha” admirada °C” epassou a ostentara letra “Z”. ‘Amarrandoas chuteiras com ouniformeda selec: destaqueno bicampeonatomundial,- em1958 1962 MEIAS EATACANTES Dr Cer Ce Deer at 40? — TITULAR oS NASCIMENTO 28 de outubro de 1933, fem Mage FU) WORTE 20 de janeiro de 1983, no Rio de Janeiro JOGOU POR Botafogo, Corinthians, Portuguesa Santista, Fortaleza, Junior arrangula (Colembia} Flamengo, Nove Hamburgo, Rio Grandens Cordeiros « Olana,Pelo Fogio, ex 614 partiaas 1¢246 gols eganhou "abs ttos carioeas ‘¢ dois tomeios Filo-Sa Paulo ELA SELEGAO arbejpou ds res ‘cBpas (£938, 1962 ¢ 1866) efor beampeso ‘mundial (nas duas primevras) Bisputou [Opariidese nargou 37 gols MANOEL. FRANCISCO DOS SANTOS ETERNO PASSARINHO Para muitos, mais decisivo até do que Pelé, o Anjo das Pernas Tortas, o camisa 7 do Botafogo segue sendo lembrado como o genial craque que ganhou “sozinho" a Copa de 1962, depois que o Rei se machucou Alegria do Povo, o Anjo das Per- nas Tortas. Manoel Francisco dos Santos, o Garrincha, de apelido do passarinho que gostava de ca- ar, craque do Botafogo nos anos 1950 e 1960, é mundialmente reconhecido como uma das figuras lendirias do futebol. Para muitos, foi mais decisivo até do que Pelé. Dentro de campo, era iinico, com seus dri bles desconcertantes, tantas vezes fingin- do esquecer a bola, sé tranando as pernas sobre ela para desespero dos marcadores. Fora dele, um histérico de pequenos € grandes problemas (era estrabico ti: nha uma perna 6 centimetros mais curta do que a outra, com o joelho di- reito voltado para dentro eo esquer- do, para fora) e uma rotina boémia, sobre- tudo depois que parou de jogar, que Ihe custou a vida, com apenas 49 anos, sem dinheiro e derrotado pelo alcoolismo. Comegou a carreira pelo time carioca em 1953, Em seu primeiro teste, o lateral- esquerdo Nilton Santos exigiu que o téc nico Gentil Cardoso o contratasse, afir- mando: “Nao quero ter de enfrentar esse cara de jeito nenhum’. Garrincha chegou 4 Copa de 1958 na reserva, mas durante 0 torneio se firmou como titular ao lado de um imberbe Pelé. Com os dois juntos em campo a selecao nunca perdeu um jogo. Mas, mesmo quando se viu privado do maior parceiro, Garrincha nao se intimi- dou. No Chile, em 1962, 0 Rei sofreu uma contusio muscular na segunda partida e Mané chamou para sia responsabilidade. ‘Terminou a Copa como o melhor jogador, oartilheiro (com direito a gol de falta, de perna esquerda e de cabeca) e com 0 bi- ‘campeonato. Numa época em que os alvi negros Santos e Botafogo tinham os me- Ihores times do pais, ele ajudou a cons- truir a imagem do Brasil no exterior, com seu futebol exuberante e vencedor. Ainda hoje Garrincha emociona. = PASSE Al Dinesquecivel gol contraa Se ute Ee ey DRIBLES GENIAIS, marcou 0 seu (naquela inesqueecvel co- branga de falta que enganou o goleiro GINGADE MOLEQUE Seaman) e acabou expulso por uma entra- x4 da de sola no adversario Danny Mills, para 4 desespero do Brasil todo. Na Copa América de 1999, 0 J Era s6 0 comeco do show. Transferiu-se cartao devistas fl um golago & para o Barcelona, em 2003, ¢ foi eleito 0 com direito a chapéu dentro da melhor do mundo nas duas tempora- area, Sua alegria reverberou pelos Ne TUE tis seguintes,Combinando tcenieae campos do mundo, deixando a ° é alta intensidade, brilhou no topo. torcida encantada e embasbacada ‘Quem viu lembra com saudade. Chegou a ser tratado como o novo Pelé. Em 19 de no- vembro de 2005, no co contra o Real Em 1998, aos 18 anos, Ronaldinho Gai- cho comegota ganhar as primeiras oportu- >, NASCIMENTO, Madrid, lideroua vitoria do Barga por 3a0¢ ides no time profissional do Grémio, No em Porto Agee fez dois gols. Apés 0 segundo (com direito a no seguinte, jéestavana selecio brasileira JOGQUPOR __passar por varios adversarios e finalizar campea da Copa América ao lado de cra- Game. ese rane) —_comprecisio), os torcedores madrilenhos se ques como Cafu, Roberto Carlos, Vampeta, alana Famengo, —renderama seu talento e o Estadio Santiago Amoroso, Alex, Ronaldo (na época maisco- “Maseetamaense’ Benabéu oaplaudiu de pé. Na mesma €po- nhecido como Fenémeno) e Rivaldo. Seu tiulos: doccampeso. itegrou o famoso Quadrado Magico da cartio de visitas foi o gol sobrea Venezuela, UEh@. 8899688, —_selec3o, ao lado de Ronaldo, Adriano e Ka- comdireitoachapéuno zagueiroe aexalta- CampetesdsEveps Ka, Juntos, ganharam a Copa das Confede- i do narrador Luciano do Valle,na Band: —_campeanstosEspuehol__ragOes, mas nao conseguiram repetr o bom ‘Esse Ronaldinho vai longe, vai longe.... uneaiane. 3m ce... _ desempenho na Copa de 2006, caindo para Foi mesmo, Sempre com um sorrisoes- _ ,4320338aRiecopa ° a Franca nas quartas tampado no rosto, espalhava alegriacom = "=== Jogou ainda no Milan, Flamengo, Atkéti- seus dribles geniais, golacos e “moleca- fez 101 partidas,com Co (MG), Querétaro (México) e Fluminense. gens” em campo. Durou menos do que po- Coote seas elo Galo, venceu a Libertadores de 2013. deria, é fato. Mas nao se pode negar que Pa periscampeds) No ano passado, foi preso junto com o ir- ele foi fundamental para a conquista do ghshauaGapadss mio, Assis, ao tentar entrar no Paraguai pentacampeonato (novamente aoladode —_3g¢"S62859%59%., com um passaporte falsificado. Ninguém Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo e Rivaldo), 64898,9Mundal’ tem diividas de que, dentro do campo, con- na Copa do Mundo de 2002, disputadana __otae ne Olmpiada tudo, Ronaldinho Gaticho brilhou como Coreia do Sule no Japao. Contra aIngla- Ce Peaumeem2008_— a uicos. O que muitos lamentam é que nao terra, nas quartas de final, foi o protago- RONALDO DE _tenha conseguido manter-se no topo por nista: deu a ass AIRE téncia ao gol de Rivaldo, ASSISMOREIRA — mais tempo. Uma pena.« AS ARTES DEUM HOMEM SIMPLES — Eis o que Nelson Rodrigues escreveu numa crénica sobre o fenomenal meia: “Abola tem um instinto claividente e infalivel que a faz encontrare acompanhar o verdadeiro craque™ Em texto para PLACAR, o jomalista Da- gomir Marquezi titular da coluna Mortos Vivos, que ocupoua iltima pagina da revi ta durante anos, lembrou do seguinte c ‘mento de Pelé sobre o Mestre Ziza: “Ziti ho era completo. Tanto jogava no meio co- ‘mo no ataque. Era ofensivo e sabia marcar. Endo tinha medo de cara feia”. Nelson Ro- drigues, numa de suas erénicas,tinha ido ainda mais longe: A bola tem um instinto larividente infalivel que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. Foi o que aconteceu: a pelota nao largou Zizinho, a pelotao farejava e seguia com uma fidelida- de de cadelinha ao seu dono. No fim de cer- to tempo, tinhamos a ilusio de que s6 Zizi- nho jogava’, Seu sonho era jogar pelo time da infancia, o América, Mas foi dispensan- do pelos dirigentes de Campos Sales porque nio precisavam de um meia, ¢ ainda por ci- «Z ZIZINHO NASCIMENTO. Lede satemore ‘oei521 em SSto‘Gonesio Rd) MORTE Bde fevereia de 2002, vem Nite (Rd) JOGOU POR. Flamengo, Sangu, aA PRASaTO, ie ieee a ara Soca, eae esa TOMAS SOARES DASILVA ma baixinho (1,69 metro) Foi levado para o Flamengo, onde brilhou de 1939 a 1950, Jo- go 318 vezes pelo rubro-negro, venceu 187 dos jogos e marcou 146 gols. Depois joga~ ria pelo Bangu, clube pelo qual seria vice- ‘campedio carioca em 1951, Na seleciio, marcou 31 gols em 54 partidas. Foi uma das grandes estre- Jas da Copa de 1950, Um reporter da Gazzetta dello Sport comparou-o a Leonardo da Vinei,“eriando obras de arte com seus pés na imensa tela do Mara- cana”. Contudo, nao passou impune pela derrota para o Uruguai. “Acabada a parti- da, pensei em parar com o futebol. Ainda bem que ja tinha contrato assinado com 0 Bangu, o que me fez desistir da ideia.” Jo- g0u pelo Sao Paulo, em 1957, que o home- nageou com uma placa no Morumbi pelo titulo de campeao daquele ano. Encerrou acarreira no Audax Italiano, do Chile, em 1962, Nao vingou como treinador e virou fiscal de renda. Instado a dizer como gos- taria de ser lembrado, resumiu: “Um ho- mem simples, morador de Niteréi, que precisa s6 de uma bermuda, um chinelo, uma camisa, s6 para descer e ir lé na pa- daria do portugués”. = Umdos grandes names da Copade 1950, eletambém fol marcado pela derata parao Uruguai:“Pensei em parar com ofutebol” PAE MEIAS EATACANTES FENOMENAL ERA POUCO O camisa 9, talvez o mais decisivo de todos os tempos, pode ser medido pelas improvaveis ressurreigdes, depois de lesbes que o tiraram de campo durante meses, mas nao apagaram a velocidade de um craque inigualavel espetacular carreira de Ronaldo— —_NaCopado Mundode que em 1994, na Copa do Mundo, 2002:citogolseo virou Ronaldinho para que fos: pentacampeonato diferenciado do zagueiro Ronaldo para Brasil ¢ depois seria “o Fendmeno” — poderia ser luzida como a trajetéria do menino de milia pobre de Bento Ribeiro, bairro do Rio de Janeiro, que ganhou o mundo. Nao seria errado medi-la pelos gols: 414, sendo 67 pela selegao, com dois titulos mundiais — o dos Estados Unidos, em 1994, sentado no banco, e como artilheiro do torneio do Japio e Coreia, em 2002 (cito bolas na rede’. Poucas carreiras, enfim, foram mais bonitas e vencedoras do que a do ca- misa 9, sindnimo de centroavante Mas ha outra maneira de enxergi-lo — por meio dos sucessivos renascimentos. O primeiro se deu logo depois do piripaque jé lendario, e ainda hoje inexplicavel, antes da final contra a Franga, em 1998. Ronaldo —entdo Ronaldinho, insista-se — ergueua cabega e, na Internazionale, continuou de- NASCIMENTO, cisivo como sempre fi sBdesetambrode Em novembro de 1999, porém, numa 1976 no Rode Janeiro partida contra o Lecce, ele foi ao gramado, ,, JOGOUROR depois de sentir uma contusio na patela “Barcelona e Real do joelho direito — ficou cinco meses no padi (Espanta). estaleiro, Voltaria em abril de 2000, em —__{tala) Corinthians partida diante da Lazio. Seis minutos d ELA SELECAO eee sna Sar ak pois de entrar em campo, o horror: ele te tou driblar um marcador, mas voltou a sentir a lesdo, em cena terrivel, transmiti- ONALDO da para todo o mundo. Mas entio vitia URS NAZARIO segundo renascimento: voltou a jogar, le DELIMA vou o Brasil ao penta, em 2002, e Ronaldo, mais do que nunca, justificou a alcunha fenomenal que recebera na Italia. Houve ainda uma outra ressurreicdo, no Corin thians, em 2009, transformado em idolo da torcida alvinegra. Ja em fim de carreira acima do peso, mais lento, mostrou ser ini gualavel em lances que provocavam excla: mages de espanto diante de um dos maio- res de todos os tempos. AAR FILHOS: Vocé e Romério fizeram durante breve tempo dobradinha na sele¢éo; infelizmente Romario no foi a Franga, em 1998. Como seria fazer dupla mais tempo com ele? E impossivel pre~ ver desempenho. A gente sabe que, no fu- tebol, tudo pode acon- tecer. O que eu posso afirmar é que a nossa dupla deu muito certo. Como seria ter Pelé ar- ‘mando jogadas para vo- cécomGarrinchadolado direito? Ahhh... Nos entenderiamos muito bem (risos) E claro que seria um sonho, para mim e para qualquer jogador, tocar bola ‘com aqueles que inspi- raram o nosso futebol ‘Sevocé pudesse chamar umdécimo segundojoga- dor nessa seleco, quem seria? Sem duivida, 0 meu maior idolo: Zico. Detodos os seusgolsna selecdo, qual o mais marcante? Sempre di- {go que gols so como filhos: impossivel es colher um. Mas os dois na final da Copa de 2002, por tudo o que representaram para mim e para o Brasil, tém um lugar especial no meu coracao. Fabio Altman » DSTO ls) DOUTORE REBELDE Com sua voz politica, seu caleanhar e sua cervejinha, foi um e fora de campo, uma pet singular e inigualavel, muito além de um imenso craque da bola Ele jogava melhor de costas do que a maioria de frente. Eis Sécrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, cujo toque de caleanhar, sua marca registrada deixava marcadores embasbacados e os companheiros livres para empurrar a bo laa caminho do gol. O uso do caleanhar. recurso inusitado, ajuda a entender uma das figuras mais extraordinarias do fute bol. Rebelde, culto, consciente das maze las do pais, magricelo... e muito, muito craque. Nascido em Belém, batizado em homenagem ao filésofo grego por seu pai amante da literatura, mudou-se ainda crianga para Ribeiro Preto, no interior 46| Uma figura OT oman Std PLACAR em 1986 Josou POR Corinthians, Horehting tala) Flamengo © santos. Conquistou es vos paulstas pelo PELA SELECAO 3 jogos, nchundo SOCRATES BRASILEIRO SAMPAIO DE SOUZA VIEIRA DE OLIVEIRA paulista, onde fincou raizes. 0 termo Doutor nao era s6 apelido: formou-se em medicina na mesma época em que ja se destacava pelo Botafogo local. Treinar pouco era a tinica forma de conciliar o fu tebol com os estudos — e, claro, com as festas universitarias. “Bebo, fumo e pen so”, cravou a PLACAR em 1986. “Minha imagem de homem piblico é a de um au téntico, nao sou de falso moralismo. De fato, Sécrates era distinto. Fez his toria no Corinthians, mas nao foi uma paixao a primeira vista. A fiel torcida de moroua se acostumar com sua frieza, por vezes confundida com displicéncia, mas descobriu em Sécrates um lider popular fundamental. Foi o expoente maximo da Democracia Corintiana, periodo em que os atletas alvinegros reivindicavam maior poder de decisao — e, de quebra, conquistavam titulos. Também subiu em palanques em defesa das Diretas Ja e se firmou como uma das vozes politicas mais ativas do pais durante o fim da ditadura. Nada que o impedisse de esbanjar elegancia nos gramados. Desfilou seu talento em duas Copas Na primeira, em 1982, foi peca fun damental de um esquadrao historico e marcou dois golacos, contra Uniao Sovié tica e Itdlia, Na segunda, em 1986, é mais lembrado pelas faixas brancas que usou na testa, com mensagens antivioléncia, e por errar um pénalti na eliminagao para a Franca, Nao brilhou na Fiorentina, da Ita lia, nem no Flamengo e no Santos, seu ti me de infancia, até encerrar a carreira de volta no Botafogo de Ribeirao Preto. A boemia talvez.o tenha impedido de ser ainda maior e encurtou sua vida. Sé crates cunhou uma frase premonitéria em 1983: “Quero morrer em um domingo com o Corinthians campeao". E assim foi Aos 57 anos, ele foi vitima de infeccao ge neralizada depois de sofrer uma hemor ragia digestiva provocada por cirrose he patica. Horas depois, o Corinthians se consagrou campeao brasileiro de 2011 com um empate sem gols diante do Pal meiras. Os atletas alvinegros repetiram racteristicos: 0 pu- nho cerrado com o qual ¢ gols e clamava por justiga soci CRAQUE DA INTELIGENCIA Aimprensa e os técnicos acreditavam que ele era o reserva de Pelé; mas a brilhantismo Ihe permitiu mudar de posi¢ao e construir um time inesquecivel O Mineirinho de Ouro, camisa 10 do Cru- zeiro, era considerado o reserva de Pelé em 1970, ou seja, em tese ambos disputavam po- sig. Até Jodo Saldanha assumir a equipe em 1969, eescalar os dois juntos. A combina- a0 deu certo, o Brasil passeou nas Elimina- trias e Tosti marcou dez gols em seis parti- das no caminho ao México. No entanto, dew quase tudo errado. Ele teve de correr contra o tempo para se recuperar de um descolamen- to de retina, que aconteceu num amistoso pela selecao e agravado por uma bolada so- frida num jogo pelo Cruzeiro. Zagallo, que assumiu como treinador no lugar de Salda- nha is vésperas do Mundial, teve paciéncia paraaguardaro retorno do craque. OMineirino de Ouro: na selegaode 1970, movimentagao para abrir espacos e deixar 0s. companheirosdefrente para gol Ele experimentou o Roberto ¢ o Dario, mas logo percebeu que o time era de mui- ta troca de passes e nao dava para ter um homem fixo na frente”, explicou Tostao em entrevista a PLACAR em maio de 2020, O técnico precisava de alguém para abrir espagos e ajudar a criar as jogadas, nao de um atacante clissico, disposto so- mentea sero artilheiro. Tostéo cumpriu 0 papel com maestria e foi pega fundamen tal para o tri. Gols? Nao era a hora. Fez apenas dois na Copa, contra o Peru (res- salve-se que ele € 0 maior artilheiro da historia do Cruzeiro, com 249 gols). Médico de formacao, é hoje o melhor comentarista de futebol do pais. Convida- doa votar nesta selegdo de PLACAR, es: calou Garrincha, Pelé e Ronaldo em seu ataque ideal — mostrou, mais uma ve7, estar certo, ja que os trés entraram no ti- me titular. [gnorou a si proprio, elegante mente. Mas outros 13 votantes incluiram © craque inteligente na lista. Ao lado de Junior, aparece como eleitor e votado. m PASAEIAT

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