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A posigao original [Neste capitulo, isuto interpreta ilosica mas fiz situgao ini, Refirome a ess interpretagio como a posicio ‘orginal. Ineo fizendo um esbogo da natureza da demonstag30 das concepedes da justia, expicando como as alteatvas se apresentam de modo que as partes devar escolher a partir de ma lista definida de concepges radicionas. Part eno para Aescrigdo das condigbes que caracterizam a situa ical sob ‘ros aspetos ax circunstncis da justiga, a esis formas do conceto de justo, o véu de ignorincia ea racionalidade des partes contratantes. Em cada caso, tento indica por que as arac- Tersticasadotas pare a interpreta preferia io razeves de ‘um ponto de Vista Flos. Em seguida, so examinadas as li- ‘has naturis de rciocinio que conduzem aos dos principios da {justia e o principio da utlidade mia, para que depois fag ‘uma considera das vantagensrelatvas dessus duasconcepyBes dd justiga,Sustnto que os dois princpios seriam admiidos © Tango alguns dos rincipaisfindamentos para sustentar ess afi ago, A fim deexlarcer a dfrengas etre a vrias concep ‘828 da jutica,o capitulo termina com outro exame do principio ‘lssico da ilidade 20, A natureza do argumento a favor das concepies da justia ‘Aida intuition da justiga como eguidade & considera que 0s prncipios primordiais da justiga consttuem, ees pro Dros, o objeto de um acordo original em uma situagSo inicial 18 UMa TmOR DasESTICS aadequadament definida, Estes principios lo aqueles que pes- Seas racionas interessaas em promover seus inleesse accita- iam nessa posigdo de igualdade, para determinar os termos bisicos de sua associagio, Deve-ce demonstrar, portant, que ‘os dos prinipios da justia so a solugdo para o problema de ‘escolhaspresentado pela posigbo original. Com esse objetivo, mente hes ocora. Algumas slupdes par problema da escolha ‘podem fcar bastante clras se fizermos uma reflex cuidado- Sa; mas descrever as partes de modo que suas deliberages ge- rem esas alternativas jé 6 outa questi. Assim, emboraos dois ‘rinipios dajustga possam ser superiores is eoncepges que nos fo conhecidas avez algum conjunto de prinpios, ainda no formalados até momento, sea ainda melo. ‘A fim de lidar com ese problems, recorerei&seguinte es- a, Simplesmente tomarei como dada uma pequena lista de concepsies tradicionais da justiga, por exemplo, aquelas diseuidas no primeiro capituo, juntamente com algumas ‘outras possibildades sugeridas pelos dois prinipis da justia Suponho entdo que ess lisa €apresentada ds partes, das quis se pede que elejam unanimemente, como a mer, uma nica ‘concep denze as entmeradas.Podemos supor que se chega ‘essa deciso através de uma série de comparagdes em pares. Assim, demonstrar-se-i que os dois prinepios io preferves, jfique todos concordam que eles devem ser escohidas em rl (0 a cada uma das alterativas. Na maior parte deste capitulo, ‘onsiderare a escotha entre os dois prinepios da justia e duas formas do principio da utlidade (0 principio clissico © 0 da utidade média), Mais tarde, serio discuidas comparagdes com o perfecionismo e com as teoras mistas. Desse modo, tento demonstar que, pari dss list, os principios da just: catseriam os escohidos. “Adiite que esse & um modo de proce insatisfatirio.Se- ria melhor se pudéssemos definir as condigbes necesséras © mw08 13 sufieientes para uma inca concep da justiga que fosseame- Thor, ¢entio expor um conceito que stisfizesseessas eoadi- Bes, Talvez possamos chepara fazer isso. No momento, enre= tanto, nfo vejo como eit métodosincompletosefrigis. Por ‘outro lado, disso, tlzago desesprocedimentos pode indicar uma solugogeral para nosso problema. Assim, pode viraacon- tecer que, & medida que fizermos essa comparagdes, 0 ravo ini das parts selecione como desojives certs caractrst ‘as da estruturahlsica,e que essascaractristcastenbam pro- Pricdadesnaturais maxima minimas, Syponbanos, por exem- Plo, ue sejaracional qu as pessoas na posigdo original prefi- Tam uma sociedade com a maior liberdade igual possvel. E suponhamos também que, emboraprefiram que a vaniagens econdmias esociais promovam o bem comum, essas pessoas insistam que tis vantages devem mitigar os mods pelos quis. ‘0s homens sio benefeiados ou prejudicados peas eoningén- ‘las natura esocais. Se esas duas so as tnieas caractersi- cas pertinentes, seo principio da iberdae igual € maisalto rau natural da primeita dels, o principio da diferena (limi- tado pea eqitativa jguldade de opertunidades) éo da segun- a, ento, deixando de lado o problema da prordade, os dois rineipios so a solugdo dtima. Nao apreseniaobsticulo para essa conclusio fat de que nio possamos earacterizar ou ent smerar, de forma conclsiva, todas as possiveis concepgdes da justia, ou mesmo descrever a partes de modo que pensem ne- ‘cestriamente nesta eoncepgBes. 'Nio sera provetoso nos alongarmos nesas especulagdes. Por enquanto, nenhuma tentativa seri Tita para lidar com © ‘problema gral da melhor solug3o. Limitae a damonstragdo& firmagio menos incsiva de qu os dois principos seam es- ‘olhidos dente as concepts da justia que constam na lista seguir: ‘A. Os dos Pincipios da Justia (em ordem serial) 1. O principio da maior iberdade igual 2 (8) Oprineipio da Gusta) igualdade de oportunidades () O principio da diferenga hse ‘uMareoRu DaJUSTICS B, Conceppies Mists, Substituir A2 por uma das sequintes alteroativas 1. Opvincipio da widade méia; ou 2, Oprincipio da uilidade mia, submetido «ume da se pulses restrigdes: (4) Queum certo minimo social seja mantido, ob () Quea distrbuigio total ndo seja muito ampls; 08 3. O principio da tlidade media sjeta uma das duas res ‘rgdes em Be também &resrigio da igualdadeeqita- tiva de oportunidades . Concepgdes Teleoligicas Classics 1. Oprincipio clissic dautilidade 2, Oprinciio da utlidade média 43, Oprincpio da pereigio . ConcepodesInuicionisas 1 Equilbrar a ulidade total com o principio de dstrbui- 30 igual : 2, Equilbrar a wtlidade méia com o principio da repa- ragio 3, Eauilibrar uma lista de principios prima facie eonforme or adequado) Via laldaldet , Concepgdes Egoistias (Ver § 23, onde se explica por que, cstitamentefalando, as concepedes egotsticas nio so al= temativa) 1 Ditadura da primeira pessoa: Todos devem servir aos 2. Cliusula de liberdade: Todos devem cexeeto cu, seassim oescolher 5. Geral: A todos 6 permitido que promovam seus interes- ses como desejaem de forms justa, ( méritodesssteoris tradicional com certeza basta para jjusificaro esforgo de classifies. E, de qualquer mancira, 0 ‘estudo dessa classificagio € um modo il de intro caminho (que cond & questo maior. Cada uma dessasconcepedes tem ‘ertamente suas vantagens €rscos; qualquer alteratva sele- ‘Cionada fer seus prs contra. Ofato de uma concepeao estar eon bs shertaacritcas no ¢ necessariament sficiente par limind- Ja, Do mesmo modo, certs caractristcasdesejaveis nem sem- pre sio conclusivas a seu favor. A decisio das pessoas na pos 60 original depende, como veremes, de um equilibrie de vi Fas coasideragdes. Nesse sentido, hi um apelo a ituigSo na base da tora da justiga. No entanto, tudo somado, ode fcar perfeitamente claro onde reside o equilbrio lipo. Os fatres relevantes podem tr sido decompostos eanalisadas através da Aeserigio da posto original de tal maneira que €possiveldis- tinguir uma concepgo da justia como preferivel em relagho ds otras. A demonsingio a seu favor nio é, esritamentefa- Tando, uma prova pelomenosnio por enquanto; mas, nas pala- ‘ras de Mil, pode apresentar motives eapazes e persuair@ A lista das concepgSes 6, em grande medida, auto-expli- ‘atva,Entretano, uns poucos ebreves comentiris podem ser leis, Cada concepedo express de um modo razoavelmente simples, ecada uma se aplicaincondicionalmente, ou ej, quai ‘quer que sefam as circunstincas ouo estado da Sociedade. Ne ‘hum dos principio depende de deteminadascondigdes sociis ‘ou de ura natureza, Uma razio paraiso ¢ manter a simplici- ‘ade, Seria fil elaborar um grupo de concepees em que ‘cada uma fosse dstinads a se aplicar apenas se ceria cicuns- ‘tncias se veriicasem,sendoessas condghes exaustvas emu ‘uamenteexclusivas. Por exemplo, una concepeo podeiaapli- arse a um estgio de uma cultura, uma conceppio diferente a ‘um our. Esse grupo de coneepgespoderia ser considerado, em si mesma, como uma concepo da justiga; seria um conjunto ‘de patesordenados, endo cal par uma concepo da justigs acompanhada das circunstincias em que ela se aplic. Mas, se concepges deste tipo fossem acrescentaas lista, nosso pro blema se tornaria por demais complicado, ou até mesmo im- possvel de administrar. Alem disso, i um motivo para exclu alternatvas desse tipo pois € natural perguntar qual €0 prin Pio subjacente que determina os pares ordenados. Supono agi que algumaconcepsdoreconhacdamente ca especie os prin- ‘ipios apropriados,dadas cada ua das condigies. Na verdade, 136 ‘ume TORE Da JUSTIA ‘esse principio incondicional que define a coneepgoexpressa pelo conjunto de pares ordenados, Dessa forma, permit que ‘esses grupos entrem na lista € inci alternativas que dissimu= Jam ses proprios finéamentes,Portanto também por est mo- tivo, vou exclula, Além do mas, pode ser desejvel earacte- rica a posi orginal de modo que as pares devam escolher Drincipios que se apliguem incondicionalmente, no importan- ‘do quai sejam as circunstincias. Esse fato esti igado& inter pretagio kantana da justia como equidade. Mas deixar esse assunto para mais tare ($40), Finalmente, um ponto dbvio, Um argumento a favor dos ois princpios, ou, na verdade, 2 favor de qualquer eoncepso, ‘sempre relaivowalguma lista de alteratvas, Se alteramosa lst, o argument teri, em geral, dese diferente. Um tipo de ‘observa semelhante se aplica a todas as earacteritcas da posigdo original. Hi infinitas variants da situagio ical, e portant, ertamente, infinite teoremas de geometia moral. ‘Apenas ins poucos ifm algum interesse filosfico, j que @ Imaiora das variantes nfo tem relevincia de um ponto de Vista ‘moral, Devernos tragar nossa rola evitando questdeslatrais, , 0 mesmo tempo, sem perder de visa as hipétsesespecificas do argument, 22, As circunstinelas da justiga As creunstincias da justiga podem ser defini como as ‘ondigdes norms sob as quai & coopeagdo € tanto possivel ‘quanto necessri’, Assim, como aotel no inicio, embora uma Sociedade seja um empreeadimento cooperative para avant ‘gem mitua, ela €tpicamente marcada por um confito ¢ 20 ‘mesmo tempo por uma identidade de interesses. Huma iden- tidade de intereses, uma vez que a cooperaso social posibili 1 para todos uma vida melhor do que qualquer um teria se ten= tasseviver apenas por seus propriosesforgs. Hé ao mesmo tempo um conflito de inteesses, uma vez que os homens n30 so inieentes em relagdo a como 0s mores beneficios pro- eon ir uzidos pela sua colaborago slo distrbuidos, pois, a fim de perseguir seus objetivos, cada um prfere uma parte maior a ‘uma parte menor. Assim, pinepios so necessrios pars que se escolha entre as varias ordenagdessocsis que determina, ss dvisto de vanagens para que se firme um acordo quan- to is pares distributivas adequadas, Eas exigincias definem ‘papel da justi. As condigdes bsicas que dio orgem a esis necessidades so a cicunstincasdajustiga, Essas condigbes podem ser divididas em dois tipos, Pri meio, existem as circunstinciasobjetvas que tomam a coope- ‘ago humana simultaeamentepostvel e necessria, Assim, mutes individuos coexstom 20 mesmo tempo em um teri rio googritico definido, Esses inividuos st, grosso modo, Semelhantes em suas capacidades fsicas e ments; 08, pelo ‘menos, suas eapacidades slo compariveis no sentido de que nenfum deles pode domina os outros. Eles sio vulneriveis a atagues,e esto todos sueitos a ter os seus planos frustrados pela unio de forgas dos outros. Em segundo lugar, hi uma condigio de escassez moderada implicit, para atender# uma ampla gama de situagSes. Os recursos naturas ov deouto tipo ndo s2o abundantes a ponto de tomarem supérluos 0 esque- mas de cooperasio, enemas cndiges Hot diffe a ponta de condenarem empreendiments fut fros a0 insucess ‘ora as ordenacdes mutuamente vantajsas sejam fective, oS ‘benficos gerados por elas fim aquém das exigéncias apre- ‘sentadas pelos homens. As cieunstineas subjetivas sio os aspectos relevanes es sujeitos da cooperagio, das pessoas que tabalhim juntas, [Assim emboraas partes tenham nteresses enecessidadesapro- ‘ximadamente semelhanes, ov necessidades inteesses que ‘lo de muitas formas complementares, que torna possvel 8 su cooperag0 muruamentevaniajos, esses partes tim no en- tanto seus prOprios planos de vida. Eses plano, ou concep” ‘58es do bem, as levam ater objetivos propesits diferentes, 4 fazer reivindicagdesconfitants em relagio a recursos a= turais esoviaisdisponiveis. Além diss, embora nlo se supo- ‘que os interesses promovidos por esses panos seam inte 138 ua reon Da sustice ressesassociados ao “eu”, eles slo interesses de uma pessoa ‘cancreta que considera ass concepgao do bem como digna de reconhecimento e que faz em seu nome exigéniasigualmente rerecedoras de sitisfarao, Também suponho que os homens softam de viris deficineias de conhecimento, pensamento © julgamento. Seu conhecimento¢ necesariamenteincompleto, us poderes de raciocini, meméra eatengio so sempre li- ‘mitados,e sou julgamento tend a ser distocido pela ansieda- reir liga, que 0 candidatohipottico nao tenha cerieza do papel que seus talents Ihe possibilitaro desempenkarnessas ‘ras sciedades, Se poser que as suas referencias So iguais 4s de todos os outros, ele pode decidir tentando maximizar a eon ” sua expectatva de bem-esar Ele calcula sua perspetiva para uma dada sociedade tomando, come utilidades slterativas, aquclas dos membros representatives daquela sociedade,e, ‘como as probabilidades para cada poscio, a sua estimativa de ‘suas chanoes de aleangi-la. Sua expectativa se define, port to, por uma soma ponderada das uilidades dos individu re- presentatves, ou sea, pea expresso pu, onde pa proba bilidade de ele ating a posigdo, eu, utilidade do homem representative correspondente, Pade enti escolher a socieda- de que oferece aexpectatva mais alta Virias outras modificapSes aproximam a stuago aquela 4a posigo orignal. Supoahamos que o candidat hipottico no sabe nada sobre as suas hablidades ou sobre o lugar que provavelmente ocupard em cada sociedade. Ainda se supe, Porm, que as suas preferéncas so igus is dos membros des- sa sociedades. Suponhamos agora que ele continua &racioci- rar em termos probabilisics, acredtando que tem possibil- dads iguais dese qualquer individvo (ou ej, que a sua chan- ‘ce de corresponder a qualquer homem representativo éa fragio da sociedade que esse bomem representa). Ness e480, sins perspectvas ainda séo idémticas & utlidade media para cada Sociedade. Essas mosifcagdes acabaram por alinhar os seus, ‘anos esperados para cada sociedade com o bem-estar médio espectiv. [Até este pont, supusemos que todos os individuos tém referencias semelhantes,independentemente de pertencerem, ‘unio & mesma socedade. As suas concepgdes do bem s30, em termos gerais, as mesmas. Uma vez que se descate ess st Posigdoaltamenterestritiva,damos 0 paso final echegamos a uma variate da stugio inci, Nada se sabe, digames, sobre as prefertncias partculares dos membros dessas sociedades, ‘ou da pessoa que esti em posicdo de deci, Esses fatos, como ‘também um conbecimento da estruura dessas sociedades, eS to excludos. Ovéu de ignorincia€ agora completo, Mas ainda podemos imaginar que 0 candidato hipotético raciocina da ‘mesma forma que antes. Supe que existe uma probabilidade qual de ele vira serum qualquer dos membros de ums socie~ 118 una re0RI Da susTICA ade, posouindo exatamente as mesmas preferncis,habilida- ‘dese posiio social dese memo. Mais uma vez, su expecta ‘vaé mais alta na soiedade que apresenta maior utidade mé tia, Podemes obserar iss do seguinte modo: Seja mo nner ‘de pessoas em uma sociedade.Sejam seus niveis de bem-estr 1 Un ty, Eno, autlidade ttl € Eu, ea utilidade media & ‘Zum Supondo que alguém tem uma chance igual de ser qua ‘quer pessoa sua perspectva€: Lin w+ ins +. 1 dy ou Shu/n O valor da expectaiva idéatico a tlidade média, “Assim, se dexstmos de lado o problema das comparagdes imerpesoais de utilidade,e se as partes so consideradas co- ‘mo indviduosracionais que nio tém avesio a isco e que se- _guem o principio da azo insufiiente no culo das probabi- Tidades (0 principio subjacente aos cileulos probebilisticos precedents), nto a idsia da situaBo inicial conduz natural- ‘mente ao principio da uilidade média. Ao escolhé-o, as partes ‘manimizam o seu ber-estar esperado, vito segundo ess pers- pectiva,Portanto, uma forma de tori contratualistafornece tim modo de agumentar@ favor do principio ds wilidade mé- dia emdetimento do entendimentocissico. Caso contiio, mente no caso da estrutirabisica®. Basta formalar tis supos- ‘es para ver com elas so poucos plausives. Nios deveros Supor que os efeitos das decisis que constrdem 0 process po- Iitco sio relavamente independents, mas que sto também,

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