PONTO 138/C/6 Pags. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDARIO 122 Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.° 286/89, de 29 de Agosto) Curso Geral — Agrupamento 4 Duragio da prova: 120 minutos 2 FASE 1999 PROVA ESCRITA DE PORTUGUES A EXPLICITAGAO DOS CRITERIOS DE CLASSIFICACAO E RESPECTIVAS COTAGOES GRUPO I - Gomentirio escrito de um texto literério . 100 pontos ‘A ~ Desenvolvimento dos topicos ~ aspectos de contetido .. 60 pontos ‘* Compreenséo do enunciado, demonstrada pelo tratamento adequado dos t6picos enunciados (8 pontos) + Interpretagao fundamentada no texto, bem como em pressupostos do conhecimento metaliterério € do conhecimento da historia da literetura (4 13 pontos) B — Elaborag&io do comentario — aspectos de organizagSo e de forma 40 pontos * Coeréncia na articulacao das ideias, na relagao dos argumentos, na construgso de um sentido global (12 pontos) * Dominio da construgo do texto, revelado numa exposicdo estruturada, com intradugo, desenvolvimento ¢ conclus’o (8 pontos) + Correcgio linguistica = léxico (variedade e adequacso) (4 pontos) ~ sintaxe e morfologia (ordem de palavras, concordancia, regéncia,flexéio) (8 pontos) ~ pontuago (observancia de regras gerais) (4 pontos) ~ ortografia e usos convencionais da letra maidscule (4 pontos) (Vide Factores de desvalorizag&o no dominio da correc¢ao linguistica — pagina C/2) GRUPO Produgao de um texto expositivo-argumentativo.. 50 pontos ‘A ~ Aspectos de contetda .. * Compreensao do enunciado, visivel na identificagso do tépico e da perspective segundo a qual este @ apresentado (9 pontos) * Qualidade da argumentagao apresentada = discurso coerente e pessoal (8 pontos) ~ relevancia dos conhecimentos literérios convocados (8 pontos) VSR: . 25 pontos 138/0/1B— Aspectos de organizacao e de forma ‘+ Dominio da construggo do texto, revelade numa exposigo estruturada com marcagao de nexos légicos. (10 pontos) * Comecgio linguistica ~ (15 pontos) (Vide Factores de desvalorizagao no dominio da correcgao lingufstica) Nota ~ 0s factores especiices de desvalorzagdo deste grupo enconttam-e definidos na pégina CIS. 1 25 pontos GRUPO III — Resumo de um texto informativo-expositivo... .. §0 pontos 1.— Estrutura informacional (nivel do conteédo) ... . 20 pontos 2-— Estratégias discursivas e lingulsticas + Organizagao da informagao . 15 pontos + Comrecgao linguistica .» 18 pontos (Vide Factores de desvalorizagSo no dominio da correcgéo linguistica) Nota ~ Os factores especiices de desvalorizagto desta grupo encontramse defnidos na pagina CIS. COTAGAO TOTAL DA PROVA. 200 pontos GRUPO I, GRUPO Ile GRUPO TI ctores de desvalorizagéo no dominio da correccdo linguistica: = por catia erro de sintaxe ou de impropriedade lexical, sero descontados dois (2) pontos; — por cada erro inequivoco de pontuagéo ou por cada erro de ortografia, seré descontado um (1) Ponto; = por cada erro de acentuagéo ou de ma utilizaglio da maidscula, sero descontades cinco décimas (0,5) de ponto. Se um erro de ortografia (incluindo acentuagao ou ma utilizaglo da maitiscula) for repetido, ‘apenas serd penalizada uma ocorréncia. Os descantos serdo efectuados até 0 limite da pontuagao indicada no pardmetro da correcsao linguistica. GRUPO O comentério de um texto lteréro, orientado por t6picos de andlise, visa avaliar as competéncias de leitura e de expressao escrita. ‘Ao classificar 0 comentario elaborado pelo examinando, o professor devera observar o dominio das seguintes capacidades: — compreensao do sentido global do texto; — interpretagao do texto através da identificagéio e da relacionagdo dos elementos textuais produtores de sentido, na base de informago explicita e de inferéncias; ~ selecgéio diversificada de elementos toxtuais pertinentes @ adequadas ao desenvolvimento dos topicos enunciados; ~ Identificagae de processos retoricos/estilsticas e avaliago dos efeitos de sentido produzidos; = relacionagao do abjecto em andlise com o seu contexto: = construgdio de um texto estruturado, a partir da articulagdo dos varios aspectos analisados; — produgéo de um discurso correcto nos planos lexical, morfolégico, sintactico e ortografico. 138/C/2EXPLICITAGAO DE CENARIOS DE RESPOSTA As sugesttes que a seguir se apresentam consideram-se orlentagSes gerals, tendo em vista uma indispensdvel aferiggo de critérios. N4o deve, por Isso, ser desvalorizada qualquer interpretagao que, no colncidindo exactamente com as linhas de leltura apresentadas, seja Julgada valida pelo professor. Diviséo do texto nas suas partes Iégicas © texto pode dividir-se em trés partes: — a primeira (do inicio a «nos seus anos») corresponde & descricgo dos novos habitos de Simo («maraviihosa mudanga») e a explicitagdo das razées que determinaram uma to profunda ‘ransformago - 0 amor sério existente entre ele e cuma sua vizinha, menina de quinze anos»; — 2 segunda (de «Os poetas cansamrnos» a avoar para longe») & um excurso do narrador, no ‘qual este, rebalendo a opinido consensual de «poetas» e de «Alguns prosadores de romances» sobre 0 cardcter absoluto «do amor da mulher aos quinze anos», defende que nesta idade tal sentimento nfo passa de uma tentative de autonor a, ainda, sob a protecgso matern — aterceira (de «Teresa de Albuquerque» a «era verdadeiro e forte») consiste no reconhecimento, pelo narrador, da ndo verificagao da sua tese no que se refere a0 caso particular de Teresa, salientando, deste modo, a excepcionalidade da personagem, Nota - E admissivel uma outra divisdo do texto desde que devidamente fundamentada, Caracterlzag&o do protagonista Simo 6 caracterizado do seguinte modo: — teve um passado de marginal, como se infere da alusdo & sua anterior predileceo por «com- Panhias da ralén; = sofreu uma alterago sibita e radical de comportamento, motivada pela forga transfiguradora do amor, sentimenta que & vivido de modo absoluto («para ama-la sempre»), ~ afastou-se quase totalmente dos ritmos do quotidiano familiar («Em casa encerrava-se no seu quarto, e sala quando 0 chamavam para a mesa.»); passou a revelar gosto pelos estados de isolamento, solidao e melancolia («ar cismador») preferindo a noite enquanto tempo de vigilia («Nas doces noites de Estio demorava-se por fora até ao repontar da alva.») e os lugares da natureza andlogos 20 seu estado de alma («0s sitios mais sombrios e ermos eram o seu recreion); Recursos estilisticos relevantes Destacam-se, no texto, os seguintes recursos estlisticos: = 0 hipérbato, enfatizando o(s) sentido(s) presente(s) nos primeiros elementos das frases («AS companhias da ralé desprezou-as.»; «Amava Sim&o>); — a enumerag8o, que ocorre ao longo de todo 0 texto, intensificando por amplifcagao paratactica a informacdo dada (por exemplo: «O campo, as arvores, e 0s sitios mais sombriosa; «Amava Simao uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem nascida.»); ves 138/C/3,— a adjectivacdo, imprimindo 2o discurso um tom emotivo, utllzada com profusdo e variedade de processes - simples, recorrendo a anteposigo do adjectivo («maravilhosa mudencar; «doces noites»; «absurda reforman; «rica herdsira), dupla («sombrios @ ermos»; «verdadeiro e forte») e tripta («paix perigosa, nica e inflexivel»); — a metéfora - «ferida que fizera no coragao. do vizinho» — salientando a nogo do sofrimento amoroso, @ as imagens - «avezinhay, «voo fora do ninhor, «ave-mao», «fronder — simbolizando a fragilidade e a inocéncia proprias da experimentagao adolescente, em busca da autonomia; Importancia do excerto na novela Situado no inicio da acgdo central, 0 excerto transcrito enuncia as linhas de forga da intriga da novela. A saber: a amaravilhosa mudanca» operada em Siméo, relativamente aos seus comportamentos anti- -sociais anteriores; ~a tenséio existente entre o protagonista e o pai; ~0 6dio entre as familias, que se desenvolverd na oposiglo feroz de ambas ao amor de Teresa @ de Simao; a determinago de Teresa em viver a sua paix8o, mesmo conhecendo a oposigo do pai. Neste texto estao igualmente enunciados os temas fulcrais da novela. Nomeadamente: amor, valor supremo, capaz de operar uma metamorfose no individuo: ~ insubmissao dos apaixonados perante os valores sociais e familiare ~ édios entre familias @ autoritarismo paterno, fundadores do conflito e da incompatiblidade radical entre pais e filhos. GRUPO ‘A produgao de um texto expositivo-argumentativo visa avaliar as competéncias de leltura critica de textos literdrios e de expresséo escrita, ‘Ao classificar a resposta do examinando, o professor deverd observar o dominio das seguintes capacidades: = formulago de julzos fundamentados em conhecimentos literarios e em experiéncias de leitura; — estruturagao de um texto com recurso a estratégias discursives adequadas & defesa de um onto de vista; ~ produgo de um discurso correcto nos planos lexical, morfolégico, sintaclico e ortogréfico. EXPLICITAGAO DE CENARIOS DE RESPOSTA ‘As perspectivas de abordagem, a seguir enunciadas, consideram-se orlentagdes gerais. Nao dovem, por isso, ser desvalorizadas as opinides criticas que, no coincidindo com as linhas Propostas, sejam devidamente fundamentadas. (© texto produzido pelo examinando deve ravelar um conhecimento auténtico, @ ndo felto de lugares-comuns, da obra lida. 138/014A opiniéo critica do examinando pode ser fundada nos seguintes argumentos: ‘+ © mundo externo captado pelos sentidos é fonte primordial de motivos poéticos em Cesario: nos ‘seus poemas esta representada a realidade, fisica e social, quer da cidade quer do campo. © O real na poesia de Cesério nao 6, porém, uma cépia desse mundo extemo: resulta de um trabalho de construgao postica e de inesperadas inlervengdes de uma imaginag&o transfiguradora, ‘manifesta numa linquagem figurativa de imagens surpreendentes e em esiranhas metamorfoses da realidade exterior, esubitamente» reveladas pela «visio de artista» do sujet lirica. ‘+ Appoesia de Cesério dé-nos, assim, a ver a impressio que 0 real objectivo deixa no poeta, o sentido («um certo espirito secreto») captado na aparéncia das coisas. Em suma, a poesia de Cesétio, partindo do concreto, cria uma outra realidade, ou mesmo uma «super-realidade». Factores especificos de desvalorizagao ‘+ 0 afastamento integral do tema proposto implica uma desvalorizacéo total da resposta. + S20 texto produzido apresentar um ndmero de palavras inferior ou superior aos limites de extens£io enunciados na prova, © professor deverd descontar 10% da cotagao global atribuida ao item {8 pontos). GRUPO II © resumo de um texto nao Iiterério visa avaliar as competéncias de leitura @ de produgo escrita, Ao classificar o resumo elaborado pelo examinando, 0 professor deverd observar o- dominio das seguintes capacidades: = compreenséo da estrutura global do texto a resumir, manifestada numa selecro de tépicos convenientemente relacionados, que apresente o elenco de todas as ideias fundamentais; ~ contrac¢éo da informag&o, traduzida numa extensdo adequada aos requisitos enunciados na prova; — produgdo de um discurso correcto nos planos lexical, morfologico, sintactico @ ortografica.. EXPLICITAGAO DE CENARIOS DE RESPOSTA Devem considerar-se os seguintes aspectos: 1. Estrutura informacional (nivel do conteiido) * PreservagSo da informagao nuclear do texto, através de: a) manutengo dos tépicos: =movimento modemista e langamento de Orpheu em 1815; poelas colaboradores, representantes da modemidade: Pessoa, S4-Cameiro e Aimat ~ a revista Portugal Futursta, em 191 Pintor, representantes da Vanguarda: — manifestagbes do projecto futurista em Portugal: a divulgagso do manifesto de Marinetti © do idesrio at promulgado; — correspondéncia entre Sé-Cameiro © Pessoa como fonte de informagao sobre 2s Teacgbes a0 projecto futurista. @ a divulgago dos pintores Amadeo e Santa-Rita V.S.FF. 138/0/5) manutenglio da rede seméntica relativa ao tema, no todo ou em parte, a qual deverd integrar vocdbulos @ expressdes constantes do texto ou seus equivalentes, tais como: revista, movimento, modernismo, Orpheu, heterénimos, Pessoa, gerago, Sé-Cameiro, Almada, vanguarda, Portugal Futurista, pintores, Amadeo, obra, projecto, futurismo, manifesto, Marinett, escritores, testemunho, Paris, correspondéncia. 2. Estratégias discursivas ¢ linguisticas © Organizacéo da informacao: ~ discurso conciso; opgao por construgSes mais econémicas: supressao de estruturas sintécticas ou lexicais repetitivas; uso de um vocabulério genérico que substitua expressbes nominais mals especificas (hiperénimos @ expressbes englobantes com valor anaférico); uso de frases complexas; — manutengo do regi produtor do resum discursive do texto-fonte, isento de marcas de enunciago do sujeito = utilizago de articuladores discursivos que déem coesio ao texto e evidenciem nexos logics; ~ controlo de mecanismos de coesdo: ~ temporal: 1915, 1917, 1909, 1912; ~ referencial: ~ movimento modemista, projecto futurista, Orpheu, Portugal Futurista; ~ Pessoa, Sé-Cameiro, Almada, Amadeo, Santa-Rita, Marinetti. Globalmente, 0 padrac do bom resumo serd o texto de chegada que, em relagdo ao Texto-Fonte (TF): — exiba um conteddo informative que preserve a macroestrutura do TF; — seja coerente (a0 nivel da articulago das ideias) e coeso (a0 nivel dos meca- rnismos linguisticos usados). Factores especificos de desvalorizagao Se 0 texto produzide pelo examinando apresentar um desvio superior a quinze palavras, relativamente ao requisito indicado no enunciado da prova, ou seja, se apresentar um numero da alavras inferior a setenta e cinco ou superior a cento e trinta, o professor deverd descontar 30% da cotagéo global atribuida ao item (15 pontos) 138/076