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Da Ação de Consignação em Pagamento. Art. 539 a 549, CPC.

 DO PAGAMENTO INDIRETO

O pagamento indireto se refere a outras circunstâncias diferentes do pagamento, em sentido


técnico, que representam extinção da obrigação. Possuem, também, em regra, efeito
liberatório do devedor, assim como o pagamento direto, que representa o cumprimento da
obrigação da maneira que foi constituída. O pagamento é o modo de extinção satisfatório
direto por excelência (GOMES, 2007).

 PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO

O pagamento em consignação é um depósito bancário ou judicial, feito como forma de


pagamento indireto para ter efeito liberatório do credor. Tal depósito pode ser feito
judicialmente ou por meio de via bancária, se a prestação devida consistir em valor pecuniário.
Conforme o art. 334 do Código Civil, considera- -se pagamento e extingue a obrigação o
depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e nas formas
legais (BRASIL, 2002). O pagamento em consignação, regra especial de pagamento, pode ser
conceituado como o depósito feito pelo devedor, da coisa devida, para se liberar de uma
obrigação assumida em face de um credor determinado. Tal depósito pode ocorrer, conforme
prevê o art. 334 do Código Civil, na esfera judicial ou extrajudicial (em estabelecimento
bancário oficial, conforme já constava no art. 890 do Código de Processo Civil [CPC] de 1973,
repetido pelo art. 539 do CPC de 2015). Desse modo: [...] trata-se a consignação em
pagamento, portanto, do instituto jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o
obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas
do pagamento, exerça, por depósito da coisa, o direito de adimplir a prestação, liberando-se
do liame obrigacional (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2011, p. 148).

A consignação libera o devedor do vínculo obrigacional, isentando-o dos riscos, de eventual


obrigação de pagar os juros moratórios e da cláusula penal (ou multa contratual). Em suma,
esse depósito afasta a eventual aplicação das regras do inadimplemento, seja ele absoluto ou
relativo. A consignação, por uma questão lógica, não pode ser relacionada com obrigação de
fazer ou de não fazer (TARTUCE, 2018). Assim, torna-se um meio liberatório do devedor, que
não pode cumprir a obrigação de forma direta, mas, também, não pretende ficar inadimplente
com a sua obrigação.

O art. 335 do Código Civil traz um rol taxativo de razões que autorizam a consignação do
pagamento. Os incisos I a IV podem ser classificados como razões subjetivas: Art. 335 [...] I —
se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na
devida forma; II — se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição devidos; III — se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV — se ocorrer dúvida
sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento (BRASIL, 2002, documento
on-line).

Todas as hipóteses previstas no art. 335 do Código Civil impedem o devedor de efetuar o
pagamento direto. Assim, se o solvens (devedor) tem o dever de cumprir a obrigação, precisa
ter à sua disposição os meios que facultem o pagamento, sempre que existir recusa do credor
ou dúvida em torno da figura do accipiens (credor). A consignação terá lugar nas obrigações de
dar, pois envolvem um objeto a ser depositado. Na grande maioria das vezes, trata-se de
obrigação pecuniária, mas não é uma modalidade exclusiva desse tipo de obrigação. Por lógica,
não seria possível a consignação de uma obrigação de fazer que estabelece uma prestação de
serviço ou de não fazer, a qual determina inércia por parte do devedor.

O CPC de 2015 determina os ritos distintos para a consignação do pagamento bancário e para
pagamento via judicial. A matéria se encontra disciplinada nos arts. 539 a 549 do CPC de 2015.
Na consignação judicial, o depósito do bem é feito em juízo; já a consignação extrajudicial é
precedida do depósito da quantia em estabelecimento bancário, nos moldes do CPC de 2015,
art. 539, §§ 1º a 4º. Dispõe o art. 338 do Código Civil: Art. 338 Enquanto o credor não declarar
que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento,
pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de
direito (BRASIL, 2002, documento on-line).

Se o objeto do depósito for um bem imóvel ou corpo certo, o devedor poderá, ainda assim,
realizar o pagamento em consignação, citando o credor, para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada, conforme disciplina o art. 341 do Código Civil. Para Pereira (2018, p.
202): Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo, ou porque era o único originariamente
devido, ou por ter o credor perdido o direito de escolha, o devedor antes de consignar fará
citar o credor para que venha recebê-la no local em que se encontrar ou naquele que seja o
lugar de pagamento, conforme disponha o instrumento (Código Civil de 2002, art. 341). Não
comparecendo o credor, pessoalmente ou por preposto, será consignada a coisa em mãos do
depositário público ou de quem suas vezes faça. A consignação de corpo certo, ao contrário do
que entende Von Tuhr, não exclui os imóveis, que podem dela ser objeto, fazendo o devedor
citar o credor para vir recebê-los ou imitir-se na sua posse, ad instar do que prescreve o art.
1.216 do Código Civil italiano de 1942, ou para que venha receber a escritura respectiva, como
para o caso dos terrenos loteados prescrevia o art. 17 do Decreto-Lei nº 58, de 10 de
dezembro de 1937. Neste sentido, acompanhando o entendimento consolidado da doutrina e
da jurisprudência, o Código Civil de 2002 também os incluiu.

Nas obrigações de dar coisa incerta ou alternativas, cabendo a escolha ao credor, ele será
citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o
devedor escolher, conforme art. 342 do Código Civil. Portanto, após a escolha pelo devedor, a
coisa escolhida será depositada. Se houver custos com o depósito, por exemplo, para
conservação de alimentos, as custas correrão por conta do credor se a ação for julgada
procedente e pelo devedor se for improcedente, de acordo com o disposto no art. 343 do
Código Civil:

 CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO NA LEI Nº. 8.245/1991 – LEI DO INQUILINATO

A ação de consignação em pagamento prevista no CPC de 2015 é diferente da prevista na Lei


nº. 8.245, de 18 de outubro de 1991. A Lei do Inquilinato traz as regras especiais a serem
seguidas. Nessa hipótese, o locatário indicará na inicial a falta de pagamento das verbas
locatícias e os seus acessórios, indicando os valores. Após o despacho que ordenar a citação do
réu, o locatário tem 24 horas para efetuar o depósito do valor indicado na inicial, caso
contrário, o processo será extinto sem julgamento do mérito. O locatário, ainda, é obrigado a
depositar os valores referentes aos aluguéis vincendos.

Se o locador, ora réu, não contestar ou levantar os valores depositados, o juiz acolherá o
pedido do autor, declarando quitadas as obrigações e condenando o réu ao pagamento de
custas e honorários de 20% sobre o valor dos depósitos. Em contrapartida, o réu poderá
contestar, alegando:  não ter havido recusa ou mora em receber a quantia devida;  ter sido
justa a causa da recusa;  não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do
pagamento;  não ter sido efetuado o depósito integral. Assim, o réu apontará o valor de
diferença para o locatário complementar, conforme o disposto no art. 67, VII, da Lei do
Inquilinato.

Da Ação de Exigir Contas. Art. 550 a 553, CPC

 GENERALIDADES DO DIREITO MATERIAL

Sempre que a administração de bens/valores sejam administrados por terceiros, haverá o


dever de prestar contas.

Prestar contas consiste em pormenorizar as despesas e receitas no desenvolvimento da Adm.


Do bens/valores.

A discussão das contas é incidental, de forma a permitir uma condenação do dever de pagar o
saldo apurado.

 NATUREZA DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS É CONDENATÓRIA (EM DUAS FASES):

- Condena no dever de prestar contas;

- Condena ao pagamento do saldo residual (para o autor ou réu, pois a ação tem natureza
dúplice);

- Não se admite cumulação de ações de exigir contas com revisar de cláusula contratual (Rec.
Repetitivo Tema 908 STJ).

 PRESTAÇÃO DE CONTAS DEVER LEGAL

Regime Jurídico das Prestações de Contas PODE SER LEGAL:

a) Dever legal de administrar (Incidente Processual - art. 553, CPC)

- A prestação de contas é feita nos próprios autos em que foi feita a nomeação do tutor,
curador, inventariante, administrador judicial, etc.

- Juiz pode determinar de ofício.

Art. 553: As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro


administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.

Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o
fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o
prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à
recomposição do prejuízo.

 PRESTAÇÃO DE CONTAS DEVER CONTRATUAL

b) Dever contratual de administrar (ação autônoma pelo rito do 550)

Jurisdição é inerte, devendo haver ajuizamento de ação pelo legitimado.

- Juiz não determinar de ofício


- Ação de exigir contas do CPC se limita ao dever contratual de administrar bens e direitos de
terceiros.

Art. 550: Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu
para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 1° Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as


contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem.

§ 2° Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguin-do-se o


processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro.

§ 3° A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e especi fica,
com referência expressa ao lançamento questionado.

§ 4° Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355.

§ 5° A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de
15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as


receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.

§ 1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo


razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos
individualmente impugnados.

§ 2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º , serão apresentadas na forma adequada,
já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das
despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.

Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.

Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro


administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.

Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o
fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o
prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à
recomposição do prejuízo.

Das Ações Possessórias

As ações possessórias, também denominadas interditos possessórios são as que têm


por objetivo a defesa da posse, com fundamento na posse, em face da prática de três
diferentes graus de gravidade de ofensa a ela cometida: esbulho, turbação ou ameaça,
assunto que veremos mais adiante.

Com a finalidade de tutelar a proteção da posse, as ações possessórias exigem a prova


dessa posse. 
Esta comprovação é necessária, pois nosso ordenamento é claro na distinção entre
propriedade e posse, apresentando ações diferentes para cada caso.

São três as ações possessórias existentes em nosso ordenamento, conforme Artigo 554
e seguintes do Código de Processo Civil de 2015: INTERDITO PROIBITÓRIO,
MANUTENÇÃO DA POSSE e REINTEGRAÇÃO DA POSSE. 

Cada uma delas tem como objetivo a proteção possessória e são identificadas pelo ato
que coloca em risco a posse. 

Antes de adentrarmos efetivamente nas Ações possessórias, cabe salientar sobre o


conceito de “posse”. Há duas principais teorias sobre a posse: a Subjetiva de Savigny e
a Objetiva de Ihering. 

Para Savigny, a posse é o poder físico sobre a coisa (corpus) com a intenção de ter a
coisa como sua (animus). Para Ihering, a posse é o poder de fato sobre a coisa
(corpus). 

Tanto o Código Civil de 1916 quanto o Código Civil de 2002 adotaram a teoria Objetiva.
Desse modo, verifica-se que a posse é o poder de fato sobre a coisa exercida em nome
próprio (autonomia).

Eis que quem exerce a posse em nome alheio é mero detentor e não possuidor, além
de que garante ao possuidor que sofre qualquer espécie de agressão, a manutenção
da posse ou sua recuperação.

Agora, as ações possessórias, também denominadas interditos possessórios seguindo a


tradição do Direito Romano, são as que têm por objetivo a defesa da posse, com
fundamento na posse, em face da prática de três diferentes graus de gravidade de
ofensa a ela cometida: esbulho, turbação ou ameaça, assunto que veremos mais
adiante.

Neste contexto, aquele que mantém algum dos atributos inerentes ao direito de
propriedade é o possuidor da coisa e a ele é dado o direito de intentar com as Ações
possessórias. 

Portanto a posse não se confunde com propriedade, porém é protegida como uma
exteriorização dela, o que deixa evidente o acolhimento da teoria objetiva da posse,
desenvolvida por Ihering.

 POSSE X PROPRIEDADE

Diante do conceito trazido acima, é importante ressaltar a diferença entre posse e


propriedade.
De acordo com o artigo 1228 do Código Civil, “o proprietário tem a faculdade de usar,
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha”.

Desta forma, tem-se que a propriedade é um direito real concedido ao proprietário de


bem, o qual é composto pelas faculdades de uso, gozo, disposição e direito de reaver.

A posse, por sua vez, consiste no exercício, pelo possuidor, de um dos atributos da
propriedade (uso, gozo, disposição, reaver) sobre o bem.

A posse deve existir no mundo fático, ou seja, ele deve estar utilizando o bem, gozando
dele, dispondo dele ou usufruindo seu direito de reavê-lo. Seja qual dos atributos da
propriedade o possuidor esteja exercendo, ele deve agir como se fosse dono da coisa.

 O QUE O NOVO CPC (CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL) DIZ SOBRE AS AÇÕES


POSSESSÓRIAS?

O Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015 – no que diz respeito às ações
possessórias, Arts. 554 a 565, dispõe três ações distintas para proteger o legítimo
possuidor e a sua posse: a ação de reintegração de posse, a ação de manutenção de
posse, e o interdito proibitório.

Praticamente não altera as regras existentes acerca das ações possessórias, mas
acrescenta alguns dispositivos, regulamentando, em especial, a legitimidade coletiva e
a possibilidade de mediação em conflitos derivados da posse de bens. 

Neste caso, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez e os que
não forem identificados serão citados por edital.

Nesse sentido o NCPC trouxe às ações possessórias a garantia constitucional disposta


no Art. 5º, LXXVIII referente a celeridade na tramitação do processo. 

Além dessas alterações, o NCPC inova ao estabelecer um procedimento diferenciado e


adaptado para litígios decorrentes de movimentos sociais. 

Nesses litígios, será obrigatória a atuação do Ministério Público (Art. 178, III, NCPC) e
da Defensoria Pública, caso seja necessária a proteção da parte hipossuficiente
financeiramente.

Assim, sendo as ações possessórias uma tutela provisória de urgência, requer urgência
do pedido, o juiz poderá conceder liminar visando intenção de proteger o legítimo
possuidor e a sua posse, através das ações de reintegração, manutenção e interdito
proibitório. 
Mas, devemos atentar que, há restrições à tutela provisória, conforme dispõe o Art.
1.059 do NCPC. O NCPC agora deixa clara a possibilidade de concessão de tutela de
urgência e de tutela de evidência.

Considerou-se conveniente que a resposta do Poder Judiciário deve ser rápida não só
em situações em que a urgência decorre do risco de eficácia do processo e do eventual
perecimento do próprio direito. 

Mas há de se reconhecer que no NCPC muitas das disposições do CPC/73 não foram
alteradas.

Uma das grandes novidades trazidas pelo NCPC 2015 é o artigo 311 sem
correspondente perante o seu antecessor, CPC/1973. 

Este artigo dispõe o Art. 311 que a tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil
do processo, isso quando:

a) Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito


protelatório da parte; 

b) As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver


tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

c) Se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do


contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa.

d) A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.

O NCPC também prevê a participação nas ações possessórias coletivas, ou seja, que é
uma das inovações trazidas e que se encontra prevista nos parágrafos do artigo 554.

Conforme o novo dispositivo, no caso de ação possessória em que figure no pólo


passivo grande número de pessoas, será feita a citação pessoal dos ocupantes que
forem encontrados no local e a citação por edital dos demais; será ainda determinada
a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 

Neste caso, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez e os que
não forem identificados serão citados por edital.

 AÇÃO POSSESSÓRIA IMOBILIÁRIA X MOBILIÁRIA


Vale destacar que as ações possessórias podem ser divididas em imobiliárias e
mobiliárias. Embora sejam mais conhecidas as ações imobiliárias, a diferença entre os
dois tipos recai no objeto da ação.

Nas ações possessórias mobiliárias, o objeto da discussão será um bem móvel ou,
ainda, direitos que assegurem obrigações relacionadas a ele.

Já as ações possessórias imobiliárias, o objeto do processo será um bem imóvel ou


direitos que assegurem direitos reais sobre imóveis, inclusive o penhor agrícola.

A partir dessa diferenciação, nota-se que cada uma das ações possessórias terá suas
próprias regras de competência para julgamento do processo.

Enquanto as ações possessórias mobiliárias devem ser propostas no foro geral, as


imobiliárias devem ser propostas no foro da situação da coisa, ou seja, onde o bem
imóvel está localizado.

 PARA QUE SERVEM AS AÇÕES POSSESSÓRIAS?

Ameaça
A ameaça se caracteriza quando há receio sério (fundado) de que a posse venha a
sofrer alguma ameaça, seja turbação, seja esbulho. Assim, ocorrerá ameaça se,
embora nenhum ato de afronta à posse ainda tenha sido praticado, houver indícios
concretos de que poderá ocorrer a moléstia à posse.

No direito civil, ameaça, significa coação ou ato pelo qual alguém exerce uma pressão
física ou moral sobre outra pessoa, sua família, seus bens ou sua honra, para obrigá-la
a realizar certo negócio. 

Portanto, a ameaça contra a posse, a violência iminente citada pela lei, é remediada
pelo interdito proibitório. É utilizada na situação de agressão iminente ou receio
justificável de perturbação da posse. 

Neste seguimento, a ameaça pode ser requerida na tutela de urgência, pois os seus
pressupostos subordinam-se aos requisitos da probabilidade do direito e do perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo (Art. 300, caput do CPC 2015). 

Tradicionalmente esses dois pressupostos são designados pela doutrina por


expressões latinas: fumus boni iuris (aparência do bom direito) e periculum in
mora (perigo da demora), respectivamente. 

Portanto, no tocante à ameaça da posse sobre a coisa, esta pode ser caracterizada pela
violência ou tão somente pela sua iminência. 
Diante desse exposto, a ameaça é causa justificadora do pedido de interdito
proibitório, pois este só é cabível na hipótese de haver ameaça de turbação ou de
esbulho da posse.

Turbação
A turbação é o esbulho parcial, ou seja, é a perda de algum dos poderes fáticos sobre a
coisa, mas não a totalidade da posse. O possuidor continua possuindo, mas não mais
pode exercer, em sua plenitude, a posse. 

Por exemplo, ocorre turbação quando alguém adentra no imóvel e passa a cortar
árvores, seguidamente, mas não impede o acesso do possuidor à área. 

Nesse sentido, a turbação, derivada do latim “turba”, significa multidão em desordem,


muitas pessoas reunidas, como o exemplo acima, invadir um imóvel, desordem. 

É o ato que embaraça o livre e normal exercício da posse, haja ou não dano, tenha ou
não o turbador direito sobre a coisa. 

É ato ilegítimo que estorva o exercício da posse e dá o direito ao possuidor turbado de


propor a ação de manutenção de posse, isto é, a via adequada para manter a tutela da
posse contra a turbação. 

Em outras palavras, turbação é a perda parcial da posse. O possuidor pode ser mantido
na posse, por ter sido impedido de exercê-la. 

A turbação pode se manifestar por meio de diversos atos abusivos, tais como a
derrubada de uma cerca limítrofe, o trânsito de pessoas ou máquinas em propriedade
alheia, o uso indevido de calçada ou estacionamento privativo. 

Deste modo, nos termos do Art. 560 do CPC/20015, se houver turbação, o possuidor
tem direito de ser mantido na ação de manutenção de posse, enquanto que, se houver
esbulho, o possuidor tem direito de ser reintegrado ação de reintegração de posse.
Além disso, se houver ameaça, o possuidor poderá fazer uso do interdito proibitório. 

Portanto, a turbação ocorre quando um terceiro impede o livre exercício da posse sem
que o legítimo possuidor a perca integralmente. 

Portanto, a turbação se traduz em um incômodo no exercício da posse. Um outro


exemplo muito comum de turbação é elucidado pelas hipóteses em que vizinho de
propriedade rural se utiliza, sem autorização do proprietário, de passagem da
propriedade para fazer transitar maquinário agrícola e pessoal. 

Veja que, nesse caso, o uso da mencionada passagem pelo proprietário, a princípio,
não estará obstado, havendo, tão somente, incômodo em razão do trânsito de pessoal
estranho e equipamentos no interior de sua propriedade.
Esbulho
No direito civil, o esbulho é o ato pelo qual o possuidor se vê despojado da posse,
injustamente, por violência, por clandestinidade e por abuso de confiança, ou seja, é a
situação na qual a coisa sai integralmente da esfera de disponibilidade do possuidor,
quando ele deixa de ter contato com ela, por ato injusto do molestador. 

Por exemplo, se alguém invade uma propriedade rural, cercando-a e impedindo que o
possuidor nela adentre, cometeu esbulho, isto é, a privação, subtração. 

O possuidor esbulhado se vê privado do bem possuído, este lhe é subtraído. É o caso


de um fazendeiro que arreda a cerca, invadindo o imóvel do vizinho, subtraindo parte
do seu terreno. 

É também o caso do posseiro, do ladrão. O atentado pode, no entanto, não se


consumar, ficando apenas na mera ameaça. No Direito Processual Civil, o instituto do
esbulho está disposto nos Arts. 560 a 566 do CPC de 2015.

O esbulhado, para recuperar a posse perdida, pode mover ação de reintegração de


posse. Neste caso, deverá provar a sua posse conforme dispõe o Art. 561 do CPC de
2015. 

Dentro deste contexto, o possuidor tem o direito de ser restituído, pois o esbulho é a
perda total da posse. 

É o caso da posse injusta, ou seja, posse obtida por violência, que se inclui na categoria
de vícios possessórios que são três: a clandestinidade, a violência e a precariedade. 

Neste segmento o possuidor esbulhado pode recuperar a coisa pela força (esforço
incontinenti), nos termos do que dispõe o Art. 1.210, § 1º do CC de 2002. 

Se tenta fazê-lo e não consegue, considera-se perdida a posse. Perdida será se, não
estando presente ao esbulho, abstém-se de retomar a coisa.

 QUAIS SÃO OS TIPOS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS?

Interdito proibitório
Interdito proibitório é uma ação preventiva e cabível quando o legítimo possuidor do
bem sofrer uma ameaça de turbação ou de esbulho. 

Ou seja, tais ameaças apesar de não terem sido praticadas, o ofensor se encontra na
iminência de levá-los a efeitos, não bastando apenas à mera desconfiança do
possuidor e sim um “justo receio”, que nada mais é que a necessidade de o autor
demonstrar a probabilidade de iminente agressão à sua posse. 

A ação de interdito possessório não pode se basear em temor meramente subjetivo,


devendo ser caracterizado a partir de elementos objetivos, e embora tenha como
pressuposto o “justo receio” de moléstia na posse, o interdito possessório também
pode ser requerido para evitar a repetição de atos de agressão à posse.

Cabe ainda dizer que o possuidor, turbado ou esbulhado, ainda conta com a proteção
jurídica conforme o Artigo 1.210, § 1º do Código Civil.

Este parágrafo garante a manutenção ou a reintegração da posse efetuado em legítima


defesa pelo possuidor, desde que o faça logo e que os atos de defesa ora praticados
não vá além dos indispensáveis ao propósito estabelecido.

Manutenção de posse
A ação de manutenção na posse tem como objetivo a proteção do possuidor contra
atos materiais advindos do ofensor, denominados de atos de turbação. 

Neste caso, o possuidor não perde a disposição física que tem sobre bem. A turbação é
uma ofensa de menor intensidade em relação ao esbulho. 

No caso de turbação, não houve a perda da posse, apenas limitação de sua posse,
portanto a ação a manutenção de posse é cabível e encontra sua previsão legal no
artigo 560 do Código de Processo Civil.

Reintegração de posse
A ação de reintegração de posse é cabível quando o possuidor é privado do bem
possuído, ou seja, ele é completamente afastado do bem, denominado esbulho. 

Esta espécie de ação possessória é aquela adequada para a proteção da posse quando
está é molestada injustamente, esbulhada através de violência, clandestinidade ou
precariedade. 

Está prevista no artigo 560 do Código de Processo Civil e visa o restabelecimento da


posse pelo seu possuidor fazendo cessar o esbulho. 

Portanto, a intensidade da agressão à posse é que irá determinar se a ação será de


reintegração ou manutenção da posse.

 O QUE É NECESSÁRIO COMPROVAR PARA PROPOR AS AÇÕES POSSESSÓRIAS?


Em seu Art. 561, o Novo Código trouxe os requisitos que necessariamente devem ser
preenchidos pelo autor para que tenha condições de ingressar com qualquer uma
dessas demandas, são eles:
I-  A sua Posse;

II- A Turbação ou o Esbulho praticado pelo Réu;

III- A data da Turbação ou do Esbulho;

IV- A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção ou perda da posse na


ação de reintegração.
É importante especificar as datas, para saber se trata de posse velha ou nova.

Quanto ao procedimento das ações de manutenção e reintegração de posse variam de


rito conforme sejam intentadas dentro de ano e dia da turbação ou esbulho, ou depois
de ultrapassado certo tempo. 

No primeiro caso há a ação possessória de força nova e no segundo a de força velha. 

A de força nova é de procedimento especial, possuindo a possibilidade de liminar,


enquanto que a de força velha observa o rito ordinário, porém ambas continuam
sendo instrumentos de defesa à posse.

 O QUE É E COMO FUNCIONA A DUPLICIDADE DE AÇÕES POSSESSÓRIAS?

Princípio da fungibilidade
Segundo este princípio, “a propositura de uma ação possessória em vez de outra não
obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela, cujos requisitos estejam aprovados” (Art. 920 do CPC).

A conversibilidade prevista no referido artigo se restringe às possessórias, isto é, se o


caso for de ação petitória e o autor ajuizou ação possessória, não se admite a aplicação
do princípio.

Isso porque os pedidos e as causas de pedir das duas demandas são completamente
diversos e, sendo assim, a outorga de uma tutela em vez de outra implicaria
julgamento extra petita.

Cumulação de pedidos
O Art. 292 do CPC/73 autoriza, genericamente, a cumulação de pedidos, nos processos
em geral, desde que sejam compatíveis entre si, que o juízo tenha competência para
julgar todos e que os procedimentos sejam os mesmos.

Ainda quando haja diferenças de procedimento, admite-se a cumulação desde que o


autor observe, em relação a todos, o ordinário, quando possível.
Uma importante peculiaridade das ações possessórias é a que vem consignada no Art.
921 do CPC/73: É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 

I – condenação em perdas e danos; 

II – Cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; 

III – Desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento da sua posse.

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