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Copyright © 2015 0 organizador Copyright © 2015 uténtica Eitora ‘Todos os direitos reservados pela AutEntia Eltora. Nenhuma parte desta publiacéo poder ser reproduzida, seja por melas mectnico, elewOnicos au em eépia reprogréfica, sem & autorizagio previa da Editora COoRDAUGOR 9 COLAO STUDS FOUCALIANDS. _EOTORAASTEE ‘edo Vege Neto Gea Martins tonoe cous rior rerio rmcatneos Danie Oia Ate vigaNeto (UFRGS: Water Omar Ld Asumeso Kohan (UR: Dural Auquerue fe Psa sna (UFR); Guilherme Castelo Branco (UFR: cum ‘Stkio Gadetha (UFQ; Jorge Larrosa (Uni. ‘Alberto Bittencourt Barcelona): Mergareth Rago (Unicampl: (Sobre imagem de Helio de Lima, Vera Portocarero (JER) da stie de desenhos “ara com asroNsveL oxcnaagho ejane Das Jairo Alvarenge Fonseca ‘Acedigio deste ro contou com o apoio da Pid-Retora de Pesquisa © Pés-Graduacio PROPP da Universidade Federal de Ubelandia, «to (CP) (CmaraBrasra do Livro, SP. Bras) gan ‘Michel Foucault: © govern da infra 7 Waldo de Resende (Ors zade®). ~ Belo Hotnonte : Autintka Fatora, 2015. ~ (Colpo Estudos Fourautanes) Valo autores. Blog, ISON 978-85-8217-284-1 1. Flosfa francesa 2. Foucat, Michel, 1926-1984 - Cite e nterpretar ol. Resende, Harodo de. I. Sve. toss 00-194 Incas para eatlogosstanaio: 1. Flsofia frances 194 @cwroavrenniea Belo Horizonte ‘So Paulo ua Aimorés, $81, 8° andar ‘Pauls, 2073, Conjunto Nadonal, Hora = Funcionaros ~ defo Horizonte - MG 23" onder con, 2301 30140-071 CCerquera César -01311-940 - Sto Paulo - SP Tels (65 31) 3214 5700 Televendas: 0800 283 13 22 wea autenticzeditora.com.be Tel: (55 11)3034 4468 _ 3th Coriruto B A infancia sob o olhar da Pedagogia: tragos da escolarizagio na Modernidade' Haroldo de Resende Para comegar: 0 espago ocupado pela infancia na Modernidade Fazendo uma descrigio bastante suuméria de As palavmas eas coiss, Pode-se dizer que se trata da obra basilar da arqueologia de Michel Foucault, na qual traga um percurso histérico que recobre o periodo que vai do fim do Renascimento, passando pela Idade Clissiea até desembocar na Modernidade, abordando em cada um desses momentos histricos a emergéncia de saberes, de modo a descrever, nos séculos XIX XX, o aparecimento das Ciéncias Humanat. O primeizo'eapi. tulo de As palavras ¢ as sas é ilustrado com 0 quadro Las meninas, de Velisquez, trazendo uma descrigo empicica dessa obra de arte, Permnitindo o estabelecimento, no capftulo IX, de determinadas com. aragdes com a Modernidade, Realizando uma interpretagio, a partir de alguns ingulos, da obra de Velisques no interior da obra de Foucault, Muchail (2002) propoe tum deslocamento da percep¢io imediatamente empirica para regidcs em que os nomes se ligam as coisas, o que possbilta outra descr, ‘Um dos angulos escolhidos pela autora & aquele em que se situam af ersonagens ¢ os centros do quadro, de modo que scu argumento & © de ue dois pontos centrais comandam a posi¢io do quadro, quais sejam, © espelho ¢ o olhar da princesa que se apresenta no primeizo plano da cena, No entanto, segundo essa interpretario, ees dois pontos parccem, se direcionar para convergéncia de um tinico ponto: "te texto € uma ves ‘modificada eampliads, em alguns sapectos, do artigo "Notas sobre imodesniade,pedsgops © infncia a pride Michel Foucault ciginsiments puicals ns Revita Educ Temdtca Dg dy Fuculdade de Bducagto da Unive Benda do (Campinas. 12, 1, 2010), ‘Mas esses dois pontos parecem estar ambos ditecionados para um pponto convergente: trata-se do espago claro frente do quadro, a demarcaro limite impreciso entre o seu interior co seu exterior. Ho espelho olhado pelo pintor eas pesonagens. Exparo ocupado e vario 20 mesmo rempo, 20 mesmo tempo sujito ¢ objeto do clhar ausente € presente, & ele o centro principal do quadro. Um centro soberano, e duplamente soberano: porque comanda a composigio de todo o quadro e porque supostamente ocupado por soberanos (0 rei e 2 rainha) (Mucizan., 2004, p. 3). ‘Tal percepgio aponta que, da perspectiva interior ao quadro o espago vazio & 0 lugar do modelo (soberano), mas da perspectiva exterior 20 quadro, como que numa projecao, esse lugar € 0 espaco ocupado pelo espectador que vé a cena; mas é, a0 mesmo tempo, visto. Esse lugar é também do visitante que espia a cena, sendo o espectador de dentro dela; além do que & 0 espaco do préprio pintor real que se olha como modelo de si mesmo para representar-se. O vazio que se pe e se interpde opera no quadro, como um todo, o mesmo que o espelho acaba por repre~ sentar na ordem da cena, ou seja, o rei ausente da cena se faz presente pelo reflexo no espelho, da mesma forma que 0 quadro, por aquilo que seria o reflexo, traz a presenga do modelo, do espectador e do pintor, na dimensio da realidade, Nese esparo, o lngar do sujeito se dé no plano da representagio e 6 desse espago que os saberes irfo emergir na Idade Clissica. A ocupagio desse espago pelo homem concreto, sujeito existente, real, empitico & ‘que possbilitard o aparecimento das Ciéneias Humanas na Modernidade. O lugar do rei, afinal, seri ocupado pelo homem que antes do fisn do século XVIII nio existia. — ‘A.cena € empiricamente preenchida pela personagem representada no quadro, Na condigao de individuo que vive, fala e trabalha, o homem entra na cena dcupando o espago vacante, antes ocupado pela auséncia que, de modo algum, é uma lacuna, pois que nio cessa de ser preen- chido, Um novo espago epistemol6gico é deflagrado, possibilitando a emergéncia da Biologia, da Filologia e da Economia, Sera também nesse espago que as filosofias do homem e as Ciéneias Humanas emergirio. # nessa modificagio arqueolégica que o homem surge com sua posi cio ambigua de sujeito e objeto, 0 mesmo tempo, ou seja, sujeito que conhece e objeto para um saber. ‘Ao mesmo tempo objeto — por ser o que o artista representado esti em via de recopiar sobre a tela —e sujeito —, visto que o que o pintor tinha diante dos olhos 20 se representar no seu trabalho era ele proprio, visto que os olhares figurados no quadro estio dirigidos para esse lugar ficticio da personagem régia que & 0 lugar real do pintor, visto finalmente que o héspede desse lugar ambiguo, onde se alternam, como que nium pestanejar sem limite, © pintor ¢ 0 soberano, & o espectador cujo olhar transforma o quadro num objeto, pura representagio dessa auséncia essencial (Poucautr, 1995, p. 324) Pois bem, na ambiguidade dessa posigio ocupada pelo homem como sujeito ¢ objeto que se instauram as Cigncias Humanas, requerendo a atribuigio de cientificidade a0 homem real. (Ora, acontece também que, por outto lado e 20 mesmo tempo, uma ver que a racionalidade do saber cientifico € erigida como

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