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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL FEC/ITEC/UFPa
GRUPO DE ANÁLISE EXPERIMENTAL DE ESTRUTURAS E MATERIAIS

Prof. Dr. Alcebíades Negrão Macêdo


DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS: FLEXÃO COMPOSTA
Solicitação comum situações estruturais como, por exemplo, pilares
submetidos à compressão e à ação do vento atuando perpendicularmente ao
seu eixo, a pilares com cargas excêntricas e a vigas submetidas à ação
combinada de compressão/tração axial e carregamentos de flexão.
1 Estados Limites Últimos
a) Flexo-tração
• Nas barras submetidas à flexo-tração oblíqua, a segurança deve ser
verificada por meio de duas condições de resistência aplicadas ao ponto
mais solicitado da borda mais tracionada:
- Nt,d é a tensão normal de cálculo à tração.
 Nt,d σ Mx ,d σ My,d
  kM  1 - ft0,d é a resistência de cálculo à tração paralela.
ft0,d ft0,d ft0,d
- Mx,d e My,d são as tensões máximas de flexão
σ Nt,d  Mx ,d  My ,d
 kM    1 atuantes segundo as direções principais.
ft0, d ft0,d ft0,d
- kM é o fator de forma da seção.
b) Flexo-compressão
Para os elementos estruturais de madeira solicitados a flexo-compressão
devem ser verificadas as condições de resistência e as condições de
estabilidade.
b.1) Condições de resistência
• A segurança dos elementos estruturais submetidos à flexo-compressão
oblíqua é garantida pelo atendimento de duas condições de resistências,
aplicadas ao ponto mais solicitado da borda mais comprimida:

 My ,d
2
  Nc ,d   Mx ,d - Nc,d é a tensão normal de cálculo à
    kM  1
 f  fc0,d fc0,d
 c0,d  compressao

 Mx ,d  My ,d
2
  Nc ,d  - ft0,d é a resistência de cálculo à tração paralela.
   kM   1
 f  fc0,d fc0,d - Mx,d e My,d são as tensões máximas de flexão
 c0,d 
atuantes segundo as direções principais.
- kM é o fator de forma da seção.
b.2) Condições de estabilidade
• Além das condições de resistências estabelecidas acima, as barras
submetidas à flexão composta oblíqua devem atender duas condições de
estabilidade:
 Nc,d  Mx,d  My,d
  kM  1 - Com Mx,d e My,d amplificadas pelo efeitos de 2a
fc0,d fc0,d fco,d
ordem correspondentes as peças esbeltas e semi-
 Nc,d  Mx,d  My,d
 kM   1 esbeltas (compressão).
fc0,d fc0,d fc0,d
Nota: apenas a parcela não minorada
e1 = ei + ea (para peças semi-esbeltas)
pelo fator kM deve ser amplificada pelo
e1,ef = ei + ea + ec (para peças esbeltas)
efeito de 2a ordem.
Msd L
ei  ; ea  f
Nsd 300
   Ngk   1   2 Nqk    M gd
ec  ( eig  ea )  exp    1 eig 
  NE  Ngk   1   2 Nqk  
N gd
2) Estados Limites de Utilização
- Resume-se nas limitações de deslocamentos, tal como visto no capítulo de
flexão.
Ex.1) Dimensione as barras do pórtico da figura considerando :
• Dicotiledônea C60, classe 4, de 2a categoria;
• Seção retangular de madeira serrada com h = 4b;
• G = 2 kN =permanente de grande variabilidade;
• Q = 4 kN = sobrecarga;
• Comprimento de contenção lateral Lb = 4m.

G,Q
Qd

VC

HA

VA
Solução:
Qd  1,4  G  1,4  Q  1,4  ( 2  4H) A 8 ,4
HA = Qd VA = VC
V
Qd  4 ,0  VC  4 ,0  0
A
VC = Qd => VA = Qd

Qd 4Qd Qd

4Qd

4Qd

Qd Qd
Nsd=Qd=8,4 kN Msd=4Qd=4x8,4=33,60 kN.m Vsd=Qd=8,4 kN

- Resistência e rigidez de cálculo.


kmod = kmod1.kmod2.kmod3=0,7.0,8.0,8 = 0,448
fc 0 ,k 60
ft 0 ,d  k mod   0 ,448   19 ,2 MPa
1,4 1,4
Ec0,ef = kmod.Eco,m = 0,448.24500 = 10976 MPa
- Pré-dimensionamento.
Nsd N Nsd 8,4
 c ,d   ft 0 ,d  Aw  sd  b    1,05 cm  bmin  5 cm
Aw ft0,d 4  ft0,d 4 1,92
L 400
L  50 b  b    8 cm
50 50
M sd M sd bh 2 M sd b  (4  b)2 M sd
 M ,d   fc 0 ,d  W     
W ft0,d 6 ft0,d 6 ft0,d
3  Msd 3  3360
b3 3  8,69 cm Seção adotada : 10x40
8  ft0,d 8 1,92
- Estabilidade Lateral
Lb 400
b    40
b 10
Ec0,ef = kmod.Eco,m = 0,448.24500 = 10976 MPa
h/b=4 =>  M  15,9

E 10976 Ec0,ef 10976


0  c0.ef   35,95 b  0  fc0,* d    17,25 MPa
 M  fc0,d 15,9 19,2  M  b 15,9  40
Msd 3360  6 kN
 M ,d    1,26  12,6 MPa  fc0,* d
W 10  40 2
cm 2
Condição de resistência na flexo-tração:
0
 N,d  Mx,d  My,d
  kM 1
ft0,d ft0,d ft0,d
0
 N,d  Mx,d  My,d
 kM  1
ft0,d ft0,d ft0,d

 M,d   Mx ,d
 N,d  M,d
 1
ft0,d ft0,d
Nsd 8,4 kN
 N,d    0,021 2
 0,21 MPa
Aw 400 cm

0,21 12,6
  0,67  1 Ok!
19,2 19,2
2) Verificar se o pilar de Madeira Laminada Colada de Conífera, Classe C30, seção retangular, bi-
articulado e submetido aos esforços conforme representado na figura atende os requisitos da
NBR7190/97, considerando:
- A estrutura está abrigada do intemperismo;
- A excentricidade dos esforços normais eix = 7,0cm e eiy = 4cm;
- Lfx e Lfy = 550cm;
-NG1 = 3.200daN (ação permanente da estrutura de cobertura);
-NG2 = 12.000daN (ação permanente das telhas);
-Nv = 3.500daN (ação do veno);
-NS = 3.000daN (sobrecarga);
-QV = 180daN/m (vento).

QV
- Propriedades da seção
A  45  20  900 cm 2
I x  45  20 3 / 12  30.000 cm 4
I y  20  45 3 / 12  151.875 cm 4
QV
W x  45  20 2 / 6  3.000 cm 4
Wy  20  45 2 / 6  6.750 cm 4
Ix 30.000
rx    5 ,77 cm
A 900
I 151.875
ry  y   12 ,99cm
- Solução A 900

- Resistência e rigidez de cálculo

kmod = kmod1.kmod2.kmod3=0,7.1,0.1,0 = 0,7

fc 0 ,k 30 daN
ft 0 ,d  fc 0 ,d  k mod   0 ,7   15 MPa  150
 wc 1,4 cm2
daN
Ec 0 ,ef  k mod  Ec 0 ,m  0 ,7 14.500  10.150 MPa  101.500
cm2
M x ,G1  NG1  eiy  3.200  4  12.800 daN .cm
M y ,G1  NG1  eix  3.200  7  22.400 daN .cm
M x ,G 2  NG 2  eiy  12.000  4  48.000 daN .cm
M y ,G 2  NG 2  eix  12.000  7  84.000 daN .cm
QV

M x ,Nv  NV  eiy  3.500  4  14.000 daN .cm


M y ,Nv  NV  eix  3.500  7  24.500 daN .cm
M x ,Ns  NS  eiy  3.000  4  12.000 daN .cm
- Esforçoes de cálculo M y ,Ns  NS  eix  3.000  7  21.000 daN .cm
Fd    G FG ,i  Q FQ ,1   0 , j FQ , j 
n m
QV  L2 1,8  550 2
i 1  j 2  M y ,Qv    68.062 ,5 daN .cm
8 8
 Nsd   G ( NG1  NG 2 )   Q ( 0 ,75  NV   0 ,s NS )
Nsd  1,4  ( 3.200  12.000 )  1,4( 0 ,75  3.500  0 ,4  3.000 )  26.635 daN
 Nsd   G ( NG1  NG 2 )   Q ( NS   0 ,v NV )
Nsd  1,4  ( 3.200  12.000 )  1,4( 3.000  0 ,5  3.500 )  27.930daN
x-x
 M x ,d   G ( M x ,G1  M x ,G 2 )   Q ( 0 ,75  M x ,Nv   0 ,s M x ,Ns )
M x ,d  1,4  (12.800  48.000 )  1,4( 0 ,75 14.000  0 ,4 12.000 )  106.540daN .cm
 M x ,d   G ( M x ,G1  M x ,G 2 )   Q ( M x ,Ns   0 ,v M x ,Nv )
M x ,d  1,4  (12.800  48.000 )  1,4(12.000  0 ,5 14.000 )  111.720daN .cm
M x ,G1  NG1  eiy  3.200  4  12.800 daN .cm
M y ,G1  NG1  eix  3.200  7  22.400 daN .cm
M x ,G 2  NG 2  eiy  12.000  4  48.000 daN .cm
QV
M y ,G 2  NG 2  eix  12.000  7  84.000 daN .cm
M x ,Nv  NV  eiy  3.500  4  14.000 daN .cm
M y ,Nv  NV  eix  3.500  7  24.500 daN .cm
M x ,Ns  NS  eiy  3.000  4  12.000 daN .cm
- Esforçoes de cálculo M y ,Ns  NS  eix  3.000  7  21.000 daN .cm

Fd    G FG ,i  Q FQ ,1   0 , j FQ , j  QV  L2 1,8  550 2
n m

i 1  j 2  M y ,Qv    68.062 ,5 daN .cm


8 8
y-y
 M y ,d   G ( M y ,G1  M y ,G 2 )   Q [ 0 ,75  ( M y ,Nv  M y ,Qv )   0 ,s M y ,Ns )]
M y ,d  1,4  ( 22.400  84.000 )  1,4 [ 0 ,75  ( 24.500  68.062 ,5 )  0 ,4  21.000 ]
M y ,d  257.910 ,63 daN .cm

 M y ,d   G ( M y ,G1  M y ,G 2 )   Q [ M y ,Ns   0 ,v ( M y ,Nv  M y ,Qv )]


M y ,d  1,4  ( 22.400  84.000 )  1,4 [ 21.000  0 ,5  ( 24.500  68.062 ,5 )]
M y ,d  243.153 ,75 daN .cm
- Condição de resistência
Nsd 27.930 daN
 N ,d    31,03
 My,d
2
  N,d   Mx,d A 900 cm2
    kM 1
f  fc0,d fc0,d M x ,d 111.720 daN
 c0,d   Mx ,d    37 ,24
wx 3.000 cm2

2
  N,d  
   k M Mx,d  My,d  1
f  fc0,d fc0,d  My ,d 
M y ,d 257.910 ,63
  38 ,21
daN
 c0,d 
wy 6.750 cm2
2
 31,03  37 ,24 38 ,21
    0 ,5   0 ,418  1
 150  150 150 OK!
2
 31,03  37 ,24 38 ,21
   0 ,5    0 ,422  1
 150  150 150

- Condição de estabilidade

 N,d  Mx,d  My,d Eixo x, majorando Mx,d p/ o efeito de 2a ordem


  kM 1
fc0,d fc0,d fc0,d
 N,d  Mx,d  My,d
 kM  1 Eixo y, majorando My,d p/ o efeito de 2a ordem
fc0,d fc0,d fc0,d
x-x
Nsd 27.930 daN
 N,d  Mx,d  My,d  N ,d    31,03
  kM 1 A 900 cm2
fc0,d fc0,d fc0,d M y ,d 257.910 ,63 daN
 My ,d    38 ,21
wy 6.750 cm2
Lfx 550
x    95 ,26 (   80 - Esbelta)
rmin 5 ,77
 2  Ec 0 ,ef  I x  2 101.500  30.000
NEx  2
 2
 99.348 ,6 daN
Lfx 550
M x,d 111.720 L 550
e1 ,efy  eiy  eay  ecy eiy    4 ,0 cm eay  fx   1,833 cm
Nsd 27.930 300 300
M gd ,x  G ( M x ,G1  M x ,G 2 ) 1,4  (12.800  48.000 )
eigy     4 ,0 cm
Ngd  G ( NG1  NG 2 ) 1,4  ( 3.200  12.000 )
 [ Ngk  Nqk ( 1   2 )]
ecy  ( eigy  eay )  ( e  1 )  
NEx  [ Ngk  Nqk ( 1   2 )]
  0 ,8  1   2  0 ,2  0  0 ,2( vento )  1   2  0 ,3  0 ,2  0 ,5( sob.)
Ngk  NG1  NG 2  3.200  12.000  15.200
Nqk  NV  NS  3.500  3.000  6.500
 [ Ngk  Nqk ( 1   2 )] 0 ,8  [ 15.200  6.500.( 0 ,5 )]
   0 ,18
NEx  [ Ngk  Nqk ( 1   2 )] 99.348 ,58  [ 15.200  6.500.( 0 ,5 )]
ecy  ( eigy  eay )  ( e  1 )  (1,833  4 )  ( e 0 ,18  1 )  1,15 cm
e1 ,efy  eiy  eay  ecy  4  1,833  1,15  6 ,983 cm
NEx 99.348 ,58
ed  e1 ,ef   6 ,983   9 ,71cm
NEx  Nsd 99.348 ,58  27.930
M x ,d  Nsd  ed  27.930  9 ,71  271.200 ,3 daN .cm
M x ,d 271.200 ,3 daN
 Mx ,d    90 ,4
Wx 3.000 cm2
 N,d  Mx,d  My,d 31,03 90 ,4 38 ,21
  kM 1   0 ,5  0 ,94  1 OK!
fc0,d fc0,d fc0,d 150 150 150

y-y
Nsd 27.930 daN
 N,d  Mx,d  My,d  N ,d    31,03
 kM  1 A 900 cm2
fc0,d fc0,d fc0,d M x ,d 111.720 daN
 Mx ,d    37 ,24
wx 3.000 cm2
Lfy 550
y    42 ,33 (40    80 - Semi - esbelta)
ry 12 ,99
 2  Ec 0 ,ef  I y  2 101.500 151.875
NEy  2
 2
 502.952 ,2 daN
Lfy 550
M y,d 257.910 ,63 L 550
e1 x  eix  eax ; eix    9 ,23 cm; eax  fy   1,833 cm
Nsd 27.930 300 300
e1 x  9 ,23  1,833  11,063 cm
NEy 502.952 ,2
edx  e1 x   11,063   11,71cm
NEy  Nsd 502.952 ,2  27.930
M y ,d  Nsd  ed  27.930 11,71  327.060 ,3 daN .cm
M y ,d 327.060 ,3 daN
 My ,d    48 ,45
Wy 6750 cm2
 N,d  Mx,d  My,d 31,03 37 ,24 48 ,45
 kM  1  0 ,5   0 ,65  1 OK!
fc0,d fc0,d fc0,d 150 150 150
Exercícios propostos
1. Dimensionar um pilar de madeira, seção quadrada, bi-articulado e
submetido aos esforços conforme representado nas Figuras para que o
mesmo seja classificado como uma peça medianamente esbelta (max = 80).
Considere:
- As condições de vinculação são as mesmas nas direções x e y Lf = 420 cm.
- Classe de umidade 1, madeira é classificada visual e mecanicamente;
- Dicotiledônea Classe C60;
- Excentricidade do esforço normal eix=2,5cm
- NG = 5.000daN, Nv = 2.500daN, Qvx = Qvy = Qv = 60 daN/m.
- Adotar para a valores a múltiplos de 5cm. NG e N V

eix
Qvx x
a

QV = 60 daN/m

Lf
Qvy
a
Exercícios propostos
2. Dimensionar um pilar de madeira laminada colada, seção quadrada,
engastado e articulado e submetido aos esforços conforme representado nas
Figuras para que o mesmo seja classificado como uma peça medianamente
esbelta em seu limite (max = 80). Considere:
- As condições de vinculação são as mesmas nas direções x e y;
- Classe de umidade 2 e Dicotiledônea Classe C40;
- Excentricidade do esforço normal eix= eiy = 2,0cm;
NG e NV
- NG = 6.000daN, Nv = 4.000daN, Qvx = Qvy = Qv = 100 daN/m.
- Adotar para a valores a múltiplos de 5cm.
y
NG (Ação permanente) e
Nv, Qvx e Qvy (Vento)

QV = 100 daN/m

L = 450cm
Qvx
eiy x
NG,NV
eix

Qvy

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