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casado_ Ri concurseiro Historia As InstituigSes Eclesidsticas Professor Cassio Albernaz © wrewacasadoconcurseiv.combr Historia AS INSTITUIGGES ECLESIASTICAS As instituigées eclesiasticas e a sociedade colonial; (Convento de Sio Francisco, convento franciscano mais antigo do Brasil, localizado em Olinda.) O catolicismo foi trazido por missionérios que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses. Na época, 0 estado controlava a atividade eclesiéstica. Sustentava a igreja, nome- ava bispos e parocos e concedis licencas. "A prépria chegada dos portugueses é uma chegada acompanhada de um evento religioso. Os portugueses que vém pra ca, eles nao vém apenas com interesse politico, interesse econémico, ha 0 interesse de evangelizar, expandir a fé catdlica, Nao é & toa que uma das imagens mais importantes na esquadra de Cabral, logo quando Cabral vem aqui ao Brasil é 2 celebragdo da nossa primeira missa”. (Lula Couto, professor de histéria do Brasil). Estado portugués promoveu a vinda de ordens religiosas para tomar a seu cargo a “converséo” dos indigenas e sua integraco na formaco social senhorial, assim como dar assisténcia religiosa aos colonos. As quatro ordens religiosas (clero regular) que formam a “coluna vertebral” do apa- relho eclesiastico brasileiro colonial eram jesuitas, beneditinos, franciscanos e carmelitas. Essas ordens fundam conventos, de onde saem seus membros para catequizar indigenas, assis- tir aos colonos, etc, Também criam e mantém Seminérios, importantes centros de formacio do clero, destacando-se os colégios dos jesuitas. Os primeiros jesuitas chegam ao Brasil em 1549, junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza. Em Pernambuco, assim como em outras regides, fundardo colégios, pois o governo metropolitano a eles confiara 0 ensino ptiblico na coldnia. Serio expulsos do Brasil em meados do século XVII, por ordem do Marques de Pombal. © wwewacasadoconcurseire.com.br 3 as, concurseiro ‘Ao contrério do clero secular, dependente do estado, o clero regular (ordens) possuiam dotacdo orcamentéria propria, e, com isso, grande autonomia, Pela proximidade com a populagdo, era comum herangas e doa¢Bes perticulares aos conventos, o que concorreu para a formacdo de grandes patriménios. Em fins do século XVI (1593-1595), O Tribunal do santo Oficio (Inquisicao) visita Pernambuco. bttp://2.bp.blogspot.com/-5U23FWDLselJ/UFAD2K2UiVI/AAAAAAAAIA8/yYOir4ye2nA/s1600/imager-4.ps A diocese de Pernambuco sé serd fundada em 1676 (até entéo, sé existia a diocese da Bahia), vinculando as riquezas dos dizimos @ jurisdico da Coroa, Isso se justificava pelo crescimento tanto populacional quanto econémico da Capitania. Por disputas entre a Coroa e Roma, 2 Diocese de Olinda ficou vaga por 10 anos no inicio do século XVIII. Além disso, uma importante recomendacao da Igreja de Roma demorou a ser cumprida em Pernambuco: a cada diocese criada, um seminario para a formacdo de sacerdotes deveria ser imediatamente criado. Na Capitania, 36 em meados d século XVIII isso ocorreu. A construgSo do famoso Seminario de Olinda, teve a intenc&o de promover, além da formac&o téo-filoséfica, a “regeneragao moral e alevantamento espiritual do clero”, o que parece nao ter surtido resultados ao nivel da Capitania de Pernambuco, o que evidencia a falta de interesse por parte do Estado e da classe senhorial local, em promover as reformas necessérias @ uma melhor organizagao do aparelho eclesidstico, garantindo-se que a populacdo respeitasse o discurso da Igreja, de reforco ao cédigo moral tradicional, a religido do estado e suas autoridades, no havia porque reformar este aparelho, A sociedade da regio acucareira dos séculos XVI e XVI era composta, basicamente, por dois grupos. O dos proprietérios de escravos e de terras compreendia os senhores de engenho € 0 plantadores independentes de cana. Estes ndo possuiam recursos para montar um engenho para moer a sua cana e, para tal, usavam os dos senhores de engenho. O outro grupo era formado pelos escravos, numericamente muito maior, porém quase sem direito algum. Entre esses dois grupos existia uma faixa intermediéria: pessoas que serviam aos interesses dos senhores como os trabalhadores assalariados (feitores, mestres-de-aciicar, arteséos) e os ‘agregados (moradores do engenho que prestavam servicos em troca de proteco e auxilio). Ao lado desses colonos e colonizados situavam-se os colonizadores: religiosos, funciondrios e comerciantes. 4 © worwacasadoconcurseire.com.br Historia — As Instituigées Eclesidstica ~ Prof. Céssio Allbernaz A sociedade acucareira era patriarcal. A maior parte dos poderes se concentrava nas méos do senhor de engenho, Com autoridade absolute, submetia todos ao seu poder: mulher, filhos, agregados e qualquer um que habitasse seus dominios. Cabia-lhe dar proteso & familia, recebendo, em troca, lealdade e deferéncia. Essa familia podia incluir parentes distantes, de status social inferior, filhos adotivos e filhos ilegitimos reconhecidos. Seu poder extrapolava os limites de suas terras, expandindo-se pelas vilas, dominando as Camaras Municipais e a vida colonial. A casa grande foi o simbolo desse tipo de organizacao familiar implantado na sociedade colonial. Para o nticleo doméstico convergia a vida econémica, social e politica da época. J. Baptiste Debret, Una senhora brasiera Bim sou lar Viagem Pioresca e Hitrica 20 Brest Sma iat A posse de escravos e de terras determinava o lugar ocupado na sociedade do acticar. Os se- nhores de engenho detinham posi¢ao mais vantajosa. Possuiam, além de escravos e terras, 0 engenho. Abaixo deles situavam-se os agricultores que possuiam a terra em que trabalhavam, adquirida por concessio ou compra. Em termos sociais podiam ser identificados como senho- res de engenho em potencial, possuindo terra, escravos, bois e outros bens, menos 0 engenho. Compartilhavam com eles as mesmas origens sociais e as mesmas aspiragées. O fato de serem proprietérios independentes permitia-Ihes considerdvel flexibilidade nas negocia- Ses da moagem da cana com os senhores de engenho. Eram uma espécie de elite entre os agricul- tores, apesar de haver entre eles um grupo que tinha condiges e recursos bem mais modestos. Se J. Baptiste Debret, Regresso de um Propietério, Viagem Pitoresca e Historica ao Brasil, 1634-1839 Esses dois grupos - senhores de engenho e agricultores -, unidos pelo dependéncia em relacao ao mercado internacional, formaram o setor acucareiro, Os interesses comuns, porém, n&o asseguravam a auséncia de conflitos no relacionamento. Os senhores de engenho consideravam os agricultores seus subalternos, que Ihes deviam no 6 cana - de - acticar, mas também respeito ¢ lealdade, As esposas dos senhores de engenho seguiam © wwrwacasadoconcurseire.combr 5 sau, concurseiro © exemplo, tratando como criadas as esposas dos agricultores. Com 0 tempo, esse grupo de plantadores independentes de cana foi desaparecendo, devido 8 dependéncia em relacdo aos senhores de engenho e as dividas acumuladas. Essa situac&o provocou a concentracao da propriedade ea diminuigo do numero de agricultores. Existiam também os lavradores, que nao possufam terras, somente escravos. Recorriam a algume forma de arrendamento de terras dos engenhos para plantar a cana. Esse contrato impunha-Ihes um pesado énus, pois em cada safra cabia-lhes, apenas, uma pequena parcela do asticar produzido. Esses homens tornaram-se fundamentais & produco do acticar. O senhor de engenho deixava em suas maos toda a responsabilidade pelo cultivo da cana, assumindo somente a parte do beneficiamento do acuicar, muito mais lucrativa. Nesta época, o termo “lavrador de cana” designava qualquer pessoa que praticasse a agricultura, podendo ser usado tanto para o mais humilde dos lavradores como para um grande senhor de ‘engenho, conforme explica o historiador americano Stuart Schwartz, 6 © worwacasadoconcurseire.com.br

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