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um urbano generalizado e yur SeM limites variagoes sobre 0 caos . O paradoxo do urbano generalizado Um espago ilimitado que possibilita praticas limitadas e segmentadas As consequencias da terce a globalizacio sobre o futuro urbano sio concretas e, portanto, muito visiveis. Nao repre entando mais um lugar de acolhida e de libertagao, © urbano se confunde com espacos que obedecem a exigencias extern s ¢ sc inscrevem nos fluxos. Desde entio, o destino de algumas cidades é o de se transformar em “lugar de meméria”: “E paradoxal”, escreve Frangoise Choay, “que, ao mesmo tempo em que os estudos urbanos foram admitidos nas universidades e ourbano se tornou um substantivo, nés sistimos ao desaparecimento do tipo de aglomeragao que © Ocidente denominou cidade edo qual a despeito de seus subtirbios, a metrépole da segunda metade do século xix foi o tiltimo avatar, e, ainda que frequentemente ameagada (ver as capt: is hi . ee em cel {ses atrasados.” ‘ais hispano-americanas), assim permanece em certos paises au a ; ido a cidade AE hé pouco, ao se levar em conta a cidade, ¢ nesse senti : : va mais em cena Curopeia permanece uma figura exemplar, colocava -" cconexoes. No passado, lugares e espacos “abertos” do que redes ¢ inter vinha de foras ‘cidade tinha por vocagao integrar por dentro ° que *cidade libertava, emancipava, a despeito dos wants imedia, ela Apresentando uma relagao privilegiada com sew ambi es que suscitava. J: Crois- nce urbaine,t. Vi CP ———_ ine de ta Fr 2, Francoise Choay, in Georges Duby (Org este : ‘ance urbaine et crise du citadin, Paris: Seuil, 198% Digitalizado com CamScanner A CONDICKG 4 ay de “conter = i z, esse mesmo lugar deve as de fora. Hoje, © 8At deve se rey ¢ dominar participando de uma rede de cide, propria hierarquizada. Levar em cop, ” os fluxos que a atravessavam e de al ” ‘ol sinha a obrigact® as populagoes vind fruxos que 96 conseet al nidiais, ela sgionais ou mu! . 7 © as lioace, oy ia “pos-cidade™ convida a nos perguntar sobre as ligaraes.y, cenredos da -tamorfoses do urbano € 0 destino da condiglo democritie,» asmtamorfosss 00 ajustes semanticos so indispensiveis: dopa pee gunérica, a nio cidade indissoctivel da prea, res, depois de ter admitido a detain, 6 re ter evocado a cick cia dos fluxos sobre 0s luga de historica da cidade curopeia, uma distingao entre a megacidad. hi a cida (a cidade-mundo em extens ; Gade global (a cidade conectada aos fluxos globalizados) ea mer. pole (a cidade fragmentada ¢ multipolar) se impse. Mas, para alén da escolha semantica ¢ da diversidade das hipdteses, a representagiy do urbano em termos de continuidade, € nfo mais de descontini- dade, é uma inflexdo importante. Se os fluxos sto hegeménicos, es 0 espacial e em expansio demogrifica, alimentam igualmente a ideia de que o mundo se oferece ao vivo een tempo real, 0 que esta de acordo com o carter ilimitado do urbane Es 0 urbano estd por toda parte, tem como corolrio o desaparecimento di “continuidade” espacial, territorial, geografica, segundo a qual diferenciagéo entre o urbano ¢ o nao urbano, por muito tempo erronc mente simbolizado pelo campo. Consequentemente as representacies da cidade oscilam entre essas versoes do ilimitado ¢ do informe que tém como ponto em comum empurrar os limites e quebrar a relagio com o ambiente préximo. Acxpressio “urbano generalizado” nao designa uma rede de cidades que cocxistem, mas uma rede urbana res que devem se adequi dessa eupeura leva pré-existente que pesa sobre lug ar & sua velocidade e A sua escala, A constatasi? «uma dupla direcio. Ou entio aplaudimos 0 «it? ilizadoy ¢ este se acompanha de uma apologia 40. tinuidade castica’. No escritos de Rem Koolhaaso¥ Ourbano generalizado” é a oportunidade para 0 ate” do urbano gener urbano eda eon Jean Ateali 3. CE Fe pypise Duteau ex fernationale, P iso abl “t (Org.), Métropoles en mouvement. Une corp Jitu Ag emia = IRD, 2001, € 0 dossié Gérer da wiles entre ® *Ausrepart, n. 2), 2002, wis: Econ local dat ll Digitalizado com CamScanner POS-CIDADE OU AS METAMORFOsES axon eante~ A ANE OU AS MITANOKTOSIS DO URANO 163 rhanista trapac yy parao w eM CoM 0 cadticn ed ut ‘ lar mosteas de ws vidade qualificada como furt ms mt. Mas, nos. escritos dos Outros, egativamente, jade do pas s anticidade do urbanismo invent a wre “urbanismo do 40s", apreciado n cxacetba parad fea nan "4 parado- Sjmente o imaginairio negro da ci alo, aquela que “regular cidade-massa metia medo, e, com ela, a cidade o urbano generalizado inquieta, uma vee que dacidade quando ela nao é submetida alimen- lor”, Ontem, a revolucionatia; hoje, rouas estrard exaspera 0 caréter cadtico Adisciplina dos urbanistas, Mas os flusos técnicos sobrepdem-se a um urbanismo que deve obedecer 4, suas exgincias. O caos ea tensio ni sio mais, portamto, a condigio tornaram sua norma. Os fluxos urbanos constroem um mundo que pode oscilar entre minima da experiencia urbana; eles se extremos; en- a propésito das grandes megacidades — ou casos de hipertensio. Entre a perda de tensio ¢ a sobretensio, a cidade, “um ambiente sob tensio” segundo Gracq, volta-se contra si mesma, e, portanto, contra a experincia urbana, Com 0 urbano generalizado impée-se uma representagio do caos que suscita interpretagdes contrapostas, em termos de bom ou mau caos, Entre o ceticismo apocaliptico de Paul Vitilio, o caos da cidade informe, ¢ 0 otimismo de Rem Koolhaas ao falar da “cidade genérica’, 9 urbano “generalizado” ¢ “ao vivo” hesita entre a queda de tensio ea trea total perda de tensio — nés o veremos cobretensao, 0 que alimenta um imagindtio esquecidigo da experiéncia bana e de suas liga es com a condigio democratica. Valorizado (0 : i ente, 0 ca0s ‘205 de Koolhaas) ou desvalorizado (o cxos da cidade oe i i f imaginario da cidade), 0 4h cidade desastre, 0 caos que alimenta o imagindrio da cida : 2-0 imaginiio ¢ a realidade 05 favorece uma dupla abordagem em que o imag 'm se confundir. A eidad genérica e a apolagia do caos Rem k ” Koolhaas) : { muito rempo orquestram 2 lingua one Man conocer gel sa evolugoes tectolOgi do urt, ; coe . ‘hana, Mas, como a terceira globalizag sin eegimne 40, nds vivemos em U Digitalizado com CamScanner eC A Conp, CA 164 inwidale € nso’ mais pela descontinuidadg, cade pela contin arcado P ; ay ea ideologia conrempe ernista seq e moder : ra Carta de Atenas como motores rinea do caos se distingue d, idcol, isso que Se os fluxos ja cram consideradgs be cientilicis ; 2 heirs urbanist , engenl n impedir 0 caos, privilegiando 4 ,, es construidos deviam " isciplina pelo vies do “zoncamento”, os lugar Cidade Radi, arizagio ca dl : lariza i fim de erradicar todas as espécies de caos, ya fluxos vontade de compor com 0 Caos urbano adota tendéne canaliz Hoje, iferentes. Podem-se considerar trés desses enredos: eforn PCat culturalista ¢ patrimonial, a escolha da participagio democtitica d habitantes, ¢ uma estética urbana nao funcional qualificada de con ceitual. Enquanto a arquitetura culturalista, de que A arquitetura de dade de Aldo Rossi (1966) é uma das obras de referencia, reinscrer © espaco urbano em sua historia, a arquitetura politica tem como desejo alardeado impor a participags 10 democratica dos habitante responder a exigéncias coletivas. A distancia de sas duas respostas resposta pattimonial, da qual a reurbanizagio de Bolonha é 0 exein plo, co enredo democritico e participative do “direito § cidade” —+ 0 “moderno-ludismo” representa a tendéncia que acompanhi 0 mundo chamado “p s-moderno” porque “pés-politico”. Essa cortente arquitetonica é “ivida de Conccitos, de imagens ¢ de sensagdes nov Para consumo imediato.” Dinamizada pe ja tematica da sociedade do espeticulo e pelos grandes projetos de urbanismo, ela é sustentadt Por petsonalidades como Norman Foster, Richard Rogers, Bernat ses ou Hans Kollhoft: Enquanto os CIAM valorizaram as mid as celibatarias Fechadas em si mesmas como navios~ e sacra / : do objeto arquitetural, estes arquiteros defendem Ss celibat as cidade: izaram 0 culto ctiacao de “maquina tno , sic ias” em um espago circundante aot M. Henri Lefebvee esetitos, lo ps tendéncia politica, Cf, entre seus numee tine. Paris: Gallimard, 197 Dantec, “vi : vee nig Wwe le Baroquisme! Cours erate déetinant bs 2 ‘lepuis 1968", in Laxmiees de ba Ville. 1s Banke Digitalizado com CamScanner a ps-cIDADE OU AS METAMORFOSES DO URBANO 165 a 65 ov att 0, ¢ preciso desafiar 0 ca0s inicial,tapar as brechas r pyc ‘| pe fase ‘os elem ie HES jet e di soca com uum projeto de , rer pe no a obraaequiTcronic Ml é preciso “edificar miquinas celibatérias duzit 04 ban! | entos que produzem descontinuidade sem jamais conjunto. A estética aqui é conceitual e nao 10 é concebida “em fungio” de uma circunscrita, gnoma & acional, mas conceitual: depois encerri-las em is fui ait fogica 40 é.ma i Sn envorcario Cut virtude »36 [sso pode dar o pior ate de Millau concebid Villette concebidas por Tschumi e6ricos querem impor sua ma cando com os baldios ¢ os vazios Insituindo o processo da cidade densa europeia, cles adoram “os vazios, os quarteirbes abandonados ¢ os terrenos Vagos”. Seus advers por brincar com um espago urbano carente de utbanizagio sfiguram um pouco mais. E esse 0 defeito do arquiteto- nao tendo mais a intengao de respeitar wm equilibrio 10 a0 caos, trapaceia com as imagens ¢ multiplica os espeticulo entao se torna to incontrolavel quanto os politicos”, diz por exemplo Hans Kollhoff, cles deveriam agit de modo fazer uma agéo para attair g Kong, fazer de 37 Entre primeira & a de causar impressio fim de ser iiatatvel (0 imbroglio arquitetural de Euralille) eomelhor (a po! ja por Norman Foster, as abstragées do parque de La ices criadores € « arbanos trapaceando ¢ briny rca no mundo dos fluxo: reprovam, eque eles de designers ques urbano consagrad simulacros. A cidade~ oflaxo das imagens. “S uisesem que Berlim fosse alguma coise, ontecimento, como em Hons . Isso seria fancdstico.” Jaridade a ser yalorizad: ividuos a este andonadas, ados nao diferente, transformé-la em ac pessoas a Berlim, suprimir os im Berlim um tipo de Hong Kong europeia.- trim ¢ Hong Kong, nao hé diferenga ¢ sine oiflazos desinados a conectat os Iugares ence Si © O° indi eles preexistem. Baldios, 20"2S ab vidos, espagos abandonads ¢ reser rem outra sai - 8 uitra saida a nao ser se conectar nos fluxos. postos C iquele lugar ja estao li, spac: pacos industriais desert: des Aflaires iss Minist 997. tecture en France, 5 vs, Paris: Felin, U Hid C$. também, do mesmo autor Are 2 Chroniqi fog ADPE, 1999; ¢ Fewillets diarchitect! Jans Kollhoff, apud Jean-Pi o Paisagista Gilles Clément distingues Jos": *O abanconado proveds nrado, Sua origem é tniilripla: agrice jerre Le Dantec, ap. € vps abandonados” © & erreno antiga entretantor do abandon la, industrial, Digitalizado com CamScanner * CONDICRO Uppy 166 Rem Koolhaas exacerba esse desejo de produzir “maquinas celiba. frias won cituais” em um context urbano duplamente ee) rl eontinuidade e pelo caos. E um pa adoxo esse “caos continug?, a uma coisa nao caminha sem a oucra: c por isso a se apresenta ao vivo ¢ num modo cadtico que nao possui mais distinggy de natureza, 0 somente diferengas de grau no espago urbano, Esse “ao vivo cadtico” nao é separavel de um mundo urbano que oscila ‘a0 vivo ca fio és entre a auséncia de tensio ¢ a sobretensdo, Mas d Je que o urbano é a, a toralidade da paisagem ur- bana que interessa,”” No entanto, Rem Koolhaas, arquiteto-designer holandés que tem o habito das palavras provocadoras, néo renuncia generalizado ea continuidade, caéti ao termo “cidade”. Ele evoca a “cidade genérica” para designar a falta de singularidade de cada cidade, a indefinida e sempre tensio de espacos parecidos, porque cnxertados nos fluxos, ¢ a evacuacaio do dominio piblico, "A cidade genética alcanga a serenidade gracas 4 uagio do dominio publico, como quando de um exercicio de e alerta de incéndio. Doravante, a trama urbana é reservada aos des- locamentos indispensaveis, ou seja, essencialmente As rodovias, versio superior dos bulev: cada vez mais espago, seu desenho, que v automével, é de fato es; mundo da fides.” a0 automével. ares © das pragas, ocupam tsa aparentemente a eficacia antosamente sensual +0 utilitério entra no De Roterda a Haia, passando zona do notte da Europa particul ‘por todo lado” e se car aqucles dos nés urb utilitério e Por Amsterda © Utrecht, uma armente densa, o edificado esta acteriza por elementos estrutur: anos dos centros comerc fuidez. Nao ha mais de descontinuidade, ‘ais idénticos: is que combinam o margem, fraturas, marcas mas o urb ‘ periferia, de fronteira, aN em continuo, um An subonade © baldio sia sindiumon, A \ tered & Urn Nupar nag ts & devils a0 acaso ou emete 4 diffculdade on accwo que ernie: Sut ex ire ll ats Lis aparece por subteasao do terse 8 40°84 a explorario sete * ntropizado,” thon cheb. ru Bardeus: ACAI AC ca Revert snte d'Architecture, 2000, Digitalizado com CamScanner — , pOS-CIDADE OU AS METAMORFOSES DO URBANO 167 nro sem falhas do urbano. Fora ¢ dentro sao categor Is que ' d Sao categorias que nara” insignificantes i 0 continuo e generalizado se diferencia apenas em o de seu afastamento ou de sua proximidade com os nés urba- enquanto permutadores, s4o os melhores vetores dos fluxos. 0s, au . . *Hlojes @ cidade € muito mais diferenciada pelas escavagées da cidade, FoF cia de cidade, do que pela presenga de cidade." E esa a mensagem: criat cidade, criar urbano — esses termos finalmente nao possuer mais muito sentido! — 14 onde eles ainda faltam, onde cles ainda nao sao muito vistveis dentro de um contexto global que é 0 do arbano generalizado. Nesse contexto, 0 urbano se caracteriza por “elementos” que tém 2” e substituir a pedestrizacéo como papel ativar a “continuidade caé por ua mobilidade ampliada gragas 20 aucomével. Se a mis os eos supermercados sio as marcas do urbano generalizado, servigos a junkspace dois termos angl e fuck context. O primeiro, sués fatores de continuidade: a transparéncia, sr condicionado — outros rantos elementos que fazem do shopping citero simbolo de um espaco pablico onde a civilidade éarrefecida a0 extremo, 0 & na medidas 4, verb idade ds cidade?” e do “espirito earls ue “am suas atribuigées nas cidades hansedticas ou nas cidades italianas ° Renas- cimento? Ou entao ele se espalha, como esse urbano generalizado, tal como um rastro de pd, que se impée de Lagos a Kuala Lumpur. Paul Bairoch jé ressaltava, em De Jéricho a Mexico, que “a inflacao urbana [...] nao levou a fazer da cidade do Terceiro Mundo um fator de desenvolvimento econdmico.”” A destituigéo do politico, em escala nacional, regional e mundial, acompanha, portanto, evolucées demo- grificas consideradas inelutéveis. As cifras so cloquentes, implacaveis: abanalizagio do fato urbano, 0 urbano gencralizado esta na origem de tuma multiplicagao de cidades muito grandes, que chamamos gigantes juntamente com Paul Bairoch, cidades tenracullares, megacidades ou megépoles... A Europa at margem 7 ; , a _ Mas, para além do aspecto demogritica ¢ quantitativo, o fendmeno decisivo reside na def; assem geogrifica, no fosso mental ¢ cultural ‘ue se cava entre os dois mundos, euro, da urbanizacao, os contras} escreve Paul Bairoch, “que O niimero de cidadaos 2000 © por ser Latina que ess Paul Bairach, De fericha 4 Matis: Arcade. can Mesica Villes er eeonomie dans Ubivgping des grandes sftp Sociore yh 228 P. 655. CE. também Guy Jalabes, 84: corrigida, Lesimieade adams tern, Tolenne teat (Org ee ieee: Hai tia ene gaas Batelona, Bethin, Bree iS ts Mina 2001 fo Chie, mya MY Beambul, Los Angeles, Mea tS? Caito, Citgo? onto, Kanga nesles, Montreal lade do scout, Sang, Digitalizado com CamScanner _ , pOS-CIDADE OU AS METAMORFOSES DO URBANO 173 naa Aare Misétia, o Urbanos, abai Hbanos, qui indono que destrdi a cidade. Os espacos AM, esto urba isquer que ; mes, disformes, Monstrugs sabmetidos a uma pressao técnica que dé tanto men a nto mais as induistrias de armamento desemipenia eae ham seu 10 das cidades, “Tetminais de avia-s : Papel na Tem © portos da condenados a se tornar inform ¢ porque que mnilicarizags anticidade que se abrem sobre a nulidade de um ido, lugares de eje¢ao do qual nos Servimos para fech, deuma perambulagdo acelerada, *Specto terminal, espectrosedpi © qual desfilam sombras populares, migrantes, fantasmas na i | spe da iltima revolusao, a revolucio geogrifia. Leng ‘at 0 circulo vazio aes i a estra- eit anricidade,aquela em que o sequestro se produr no confun i 1 das massas, aquela onde o rapto se torna a esséncia de jogo politico tansnacional, além das cidades habituadas com o sequestto, com 5 gueto ¢ com o enclausuramento nacional.” A estratégia anticidade contribu‘ assim para volrar a cidade e seus valores contra ela prépria __ Enéo ¢ por acaso que a figura do terrorista acompanha as metamor- foses do imagindrio da cidade. Essas interpretagdes colocam em cena uma cidade tornada in- forme de tanto ser a presa de um urbano generalizado mais ou menos anirquico, Se os termos escolhidos sio particularmente evocativos 10 —, eles designam um espaco urbano ~ detritos, devastacao, dej acudido entre a perda de tensées, a indiferenga ea sobretensio. Um “pico urbano que se confunde com uma priséo a beira da violéncia Paroxistica.” Por contraste, eles mostram em que se transforma o utbano quando nao ha mais “colocasio em tensoes" € que «relagio ‘cum dentro com um fora perde seu sentido. Esse ae “wicia de uma cidade “energimena” que empurrow seus in trbano que rompeu as amarras com “a cuple cuinss eOt ah ‘de proximidade” que encarna a cultura urbana na a ee "“ersio faz do fora um prolongamento do dentro, 4m: eu d’gjection”, in Travers Félection au li ou du liew Paul Virilio, “Eat danger 7 “ile Pantque, n. 9, Paris: Minuit, 1977 ‘cbte a cidade como prisio, ef 0 livro-eule “lurido para o francés com o titulo L-Odew incon River Rising. s de Tom Willocs. Grew Rise de ba hate (Pacis: ° Digitalizado com CamScanner * CONDICAg @ Ura, 1 - OG urbicida ‘ m habitados nos te . destruidores de cidades era 2 SSMPOS antigo, edo’, urn medo rgulado refteado, hoje se trata sper, medo”, es sem freio do habitus mental © mais baixo. © ug ca Enquanto 0s por um “santo Seen alma em pnico dos destruidores de cidades uma rg vanca feror contra tudo 0 que é urbano, ou seja, contra uma conse ceminica completa, composts pelo esprit, pela moral, pes angi flr, plo gost, plo estilo... eu lembro que o term utbanidade design até hoje nas linguas da Europa o refinamento, a articulacao, a concordin, cia entre ideia e palavra, entre palavra e sentimento, entre sentimento ¢ gesto, etc.” “Bogdan Bogdanovie, “LUrbicide riwalise", in Véronique Nahoum-Grappe (Org) Vukovar, Sarajvo..., Paris: Esprit, 1993, p. 36. Cf. também Christian Ruby, “Viley assiggées, villes décruites”, in Thierty Paquot (Org), Le Monde des villes: Panoramg | urbain de la planite, Bruxelas: Complexe, 1996, p. 419-432. ignora a dialécica antiga de um dentro que atraia o fora, de uma ex periéncia de libertagéo que articulava falta de tertitério ¢ oferta de territério, possibilidade de acolhida, ‘Tanto na realidade quanto na fic ‘Posto a perder”, violentado de fora (0 urbicida) ou por dentro (ae plosio, a bomba). O urbano faz mal. Por um lado, uma ampla fragio das imagens americanas, a partir de New York 1997 de John Carpentet (1983), narra a historia de cidades que, desertad: 'm ao estado de natur em cena como o lugar da by destrui-ta’ ‘G40, 0 urbano € hoje brutalizado, las ¢ transformadas em €2a, Quando a cidade nao é colocad arbarie, claéa Presa do barbaro que procut ©: a realidade esta ai, violenta, impiedos Prisao, voltara s Por outro lad Imes violentos americanos, ef Olivier Mors * ¥en débaraiser? (Paris: Seuil, 1995). Fs Imes consagrados a Beirute antes ¢ dor “La ville pris : les cingmas de Be ut rou Digitalizado com CamScanner apa PARTE = A POS-CIDADE OV) as, METAMORFoses FS DO Ugg BANG, wos falam por si mesmos desde s fare Gémeas foram destruidas por forcoso & lembrar que o urbicida —_ uM termo pogdanovic, UM arquiteto que foi Prefeito gia a lei no mundo do urbang gel joctta de Beirute, cujo desencade fosse preciso por tudo a perder, atrasar as cidades., Destruida de fora ou por den kjegio,favela, devastacao, ela esté eg vocabulério, muito contestavel, lembra, cnttetanto, que a cidade desc san masse, distendida a0 infinite, poss sera 7s ostiranos continuarem a colocar as cidades & morte ¢ abaixo, Oo tranos deontem, mas também os terroristas de hoje, esses individuos nomades edesterritorializados. Ontem a cidade aspirava ao dentro, ela se queria integtadora das gentes de fora; hoje sao os agentes do terror que, vindos de fora, querem matar 0 espirito da cidade Por dentro. Tudo isso nao é recente, mas da Biblia, de Babel, de Sodoma; apenas a atualidade dos valores urbanos é mais intensa. arajevo, Gtoznj ‘neralizad, Digitalizado com CamScanner

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