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Arevoiugao nos Paises-Baixos e sua preponderancia As causas da revolucao O rei ¢ a nobreza da Espanha viviam as expensas do trabalho dos camponeses e dos paises ricos que haviam submetido. Mais contribuigdes do que de nenhum outro jugar recebia 0 tesouro espanioi do mais rico désses dominios: os Paises-Baixos. Os mercadores dos Paises Baixos ¢ seus industriais comegaram a temer que, a continuar tal situagdo, ficariam tio arruinados como os mercadores e industriais da Espana. Esse perigo aumentou particularmente depois que Felipe Hf ocupou 0 trono espanhol. Felipe ii decidiu dominar definitivamente os Paises-Baixos e converté-ios numa simpies provincia da Espania, para obter dela os impostos que reclamava. Falharam, porém, os célculos do rei: a burguesia holandesa ¢ todo 0 povo subievaram-se contra o absolutismo espanhol. Essa sublevacio foi a primeira revoiugdio burguesa na Europa coroada de éxito e libertou os Paises-Baixos do jugo da nobreza espanhoia. Os Paises-Baixos no século XVI Compunham os Paises Baixos, no século XVI, dezessete provincias, que compreendiam o territ6rio da Bélgica atual, parte da Franga, Luxemburgo e Holanda, Estavam situados nas desembocaduras dos grandes rios Reno, Mosela e Escalda, que uniam entre si os Paises Baixos com a Franca Alemanha. Uma laboriosa populacio industrial habitava densamente 0 pequeno pais, que contava aproximadamente trés miiindes de habitantes, duzentas cidades, cento ¢ cingiienta povoagdes industriais e seis mil aldeias. © centro econdmico dessas provincias era a rica cidade comercial de Anvers, na desembocadura do Escaida, sobre uma c6moda rota, que ligava os Paises-Baixos a Alemanha ¢ Franga, por meio dos rios, ¢ a Inglaterra, pelo mar. Comegou a enriquecer ripidamente, depois dos portugueses terem descoberto a rota maritima para a india. Segundo diziam os ingieses, Anvers “havia tirado todo 0 comércio aos mercadores dos outros povos". No século XVI, transformou-se numa das mais importantes cidades de toda a Europa. Os Paises~Baixos ja eram, no século XVi, um pais economicamente desenvolvido. Simultaneamente com a nobreza feudal, existia uma burguesia tica ¢ forte por sua influéneia, ¢ comegou a desenvolver-se uma importante indastria capitalista, que explorava operirios assalariados ¢ artesdos, pagos por tarefa, nas aldeias. Fazia-se sentir cada vez mais fortemente a contradig&o entre a progressista burguesia holandesa e 2 atrasada monarquia feudal espanhola, que pretendia viver 2 custa dos ricos Paises-Baixos. Cada uma das dezessete provincias era governada a seu modo. Em cada uma existia seu préprio Estado provincial e as grandes cidades tinham governo proprio. Para resoiver os problemas comuns, representantes das diferentes provincias acorriam aos Estados Gerais. A frente do governo geral encontrava-se 0 vice-rei. - 0 Stadthalter -, assistido pelo Conseiho de Estado. A politica de Felipe II nos Paises-Baixos Felipe fi resoiveu acabar com a autonomia dos Paises-Baixos, para poder explorar livremente essas ricas provincias em proveito de seu tesouro, Para isto tentou aplicar 0 remédio que havia sido experimentado na Espanha: a inquisigdo e a feroz. perseguicao aos hereges. De ha bastante tempo, nos Paises-Baixos tinham comecado a difundir-se as doutrinas protestantes. A rica burguesia das cidades se convertia faciimente ao calvinismo. Criava consistérios, maneira dos genebrinos. Eram seus superiores. As personagens mais ricas e influentes, mercadores e contratistas, eclesidsticos, e desta forma se transformava numa arma do senhorio burgués. Entre os artesdios, os aprendizes e os operirios estava difundindo-se a doutrina dos anabatistas. Para extirpar a heresia, Felipe comeyou a nomear espanhéis para os cargos cclesidsticos mais clevados, enquanto se preparava para introduzir a inquisigio nos Paises-Baixos. Os juizes eclesidsticos empreenderam viagens pelo pais, prendendo todos os que nfo desejavam reconhecer-se catélicos ou freqiientar os templos catélicos. Comegaram as perseguigdes em massa, as execugdes ¢ as foguciras. Os caivinistas ¢ os anabatistas (isto €, principaimente a burguesia, os artesios ¢ os operirios) tornaram-se, por essa razio, os defensores mais ardentes da liberdade nal. Para cles, o catolicismo significava a inquisigo espanhoia, o militarismo grosseiro espanhoi, o saque dos Paises-Baixos peia monarquia feudai espanhoia. Com sua politica fandtica, o rei da Espanha forgou a tomar o lado da revolugao até os nobres holandeses, que em sua maioria estavam prontos a servir ao rei ¢ a reiigido catdiica. O rei afastou de si a nobreza hoiandesa ijustre, porque a foi excluindo da administragdo, e a nobreza de menor hierarquia, porque deixou de admiti-ia em scu exército como oficialidade. E até o proprio clero catdlico dos Pafses- Baixos se aiarmou, temeroso com a nomeacdo de novos bispos estrangeiros ¢ a concessiio de contribuighes provenientes dos conventos, holandeses, privando o clero iocai de suas rendas e enriquecendo os espanhéis. O comego da revolugio Os aristocratas descontentes enviaram ao rei, em Madri, uma embaixada encarregada de convencé-lo que a introdugdio da Inquisigao nos Paises- Baixos poderia desencadear um motim geral. Essa embeixada nfo obteve qualquer resultado, A pequena nobreza atuou mais decididamente. Nos fins de 1565 formou uma organizagao secreta e jurou defender seu pais da inquisi¢ao c dos estrangeiros. isto é, dos espanhdis. Esse ano ¢ considerado como o ponto de partida da revolugio nos Paises-Baixos. Ievante dos nobres encontrou eco em todo o pais. No outono de 1566, nas grandes cidades industriais, desenvoiveu-se um amplo movimento popular, dirigido contra 0 catolicismo e o dominio espanhol. Muitiddes excitadas pelos pregadores calvinistas irrompiam nas igrejas, destruiam seus adornos, quebravam as imagens sagradas e as estétuas. O movimento das classes baixas atemorizou porém os nobres holandeses. Os espanhéis, que estavam no poder, aproveitaram esse medo da nobreza diante da ado das massas ¢ atrafram para seu lado uma parte dela, ¢ juntos esmagaram 0 movimento popuiar. terror do duque de Alba Felipe Ii resolveu acabar com os insubordinados de um 8 golpe, Em 1567, foi enviado aos Paises-Baixos 0 austero ¢ cruel duque de Alba, que considcrava, esses paises como uma coldnia © estava pronto para tratar seus habitantes como tratava os indios na América. imediatamente apés sua chegada, 0 duque de Alba institu‘a um conselho sobre as questdes dos motins, isto é, um tribunal extraordinario para os assuntos das heresias ¢ da aita traicdo, apelidado, por sua crueidade, de Conselho Sangrento. O nimero de vitimas desse tribunal, durante a permanéncia do duque de Alba no poder, excedeu a oito mil pessoas. O terror ievado aos Paises-Baixos pelo duque de Aiba tinha como finalidade do somente a extirpagao da heresia, mas também o saque direto da nobreza holandesa e da burguesia, para tomar a encher 0 tesouro espanhol € pagar o salério das tropas ¢ dos funciondrios espanhéis. “Atualmente, detenho criminosos riquissimos ¢ terriveis, ¢ os submeto a multas em dinheiro; em seguida me ocuparei das cidades criminosas. Desse modo, as arcas de Vossa Majestade, afluirdo somas considerdveis" - escrevia Aiba ao rei. Entéo, comegou a fuga em massa para o estrangeiro. Salvando-se do terror, escapou para a Alemanha um dos maiores ¢ mais influentes latifundiarios, Guilherme de Orange, que estava a frente da nobreza holandesa, descontente com a dominagao espanhoia. A gente mais pobre, levada ao desespero, organizou pequenos destacamentos ¢, escondendo-se nos bosques, assestava golpes contra os espanhéis Esses guésen silvesires' foram depressa aniquilados pelas tropas do duque de Aiba . O duque de Aiba introduziu nos Paises-Baixos o sistema de impostos chamado Alcabala, Queria que cada habitante, ao vender sua terra ou sua casa, pagasse cinco por cento de seu valor, e a0 vender suas mercadorias, dez por cento, em forma de imposto. Esse imposto constituia uma verdadeira ruina para 0 pais. A fuga para o estrangeiro se tomou ainda maior, 0 comércio ¢ a indistria foram enfraquecendo, comecou o desemprego ¢ a fome. Ao norte, muita gente trabalhadora servia como marinheiros na grande frota da Holanda e da Zeléndia. Quando o comércio cessou, apoderaram-se das naves e comegaram uma guerra maritima contra a Espanha, atacando as naves espanhoias. Esses guerritheiros do mar denominavam-se a si proprios guésen marinheiros. Em 1572, apoderaram-se da cidade de Bril , numa das iinas da Zelandia, ‘“Andrajosos”, apelido dos revoluciondrios dos Paises-Baixos. A sublevacio do Norte Bril converteu-se na base da subievagdo do Norte que abarcou as provincias da Holanda e Zelfndia. Para ai comegaram a afluir os nativos que haviam. fagido antes para a Inglaterra, a Franga ¢ a Alemanha. Vinham também todos aqueles que odiavam os espanhdis, que estavam prontos a sacrificar a vida pela libertagao da patria. Voltou também Guilherme de Orange. Foi reconhecido como Stadthalter da Holanda ¢ da Zelandia, equipou destacamentos de tropas mercenérias, enviando-os para Iutar contra os espanhdis. ‘Numerosos artesfios, operirios e marinheiros juntaram-se aos "andrajosos do mar". O duque de Aiba viu-se em situagao dificil. A manutengao do exército custava caro, as riquezas confiscadas tinham sido totalmente gastas e, entretanto, a resisténcia do pais crescia dia a dia. O sitio de Harlem proiongou-se por oito meses e custou a0 duque doze mil homens, entre mortos ¢ feridos. Duas vezes os exércitos espaniois sitiaram a estratégica cidade de Leyden. Os alimentos comegaram a escassear; 0s Estados da Holanda deram ordem de romper os diques e abrir as eclusas que defendiam o pais das inundages. A frota dos “andrajosos" trouxe produtos alimenticios para os sitiados. As tropas espanholas se viam forcadas, para salvar-se, a fugir da inundago. Irritado com os desastres, 0 rei retirou o duque de Alba dos Paises-Baixos (1573). A devastagio de Anvers Os vice-reis sucessores do duque de Aiba mostraram a Felipe Il a necessidade de fazer concessdes, porém o rei se manteve obstinado pouco faltou para que perdesse todo o pais. O tesouro estava exausto, as tropas deixaram de receber seus soidos. Os soidados espanhois comegaram a saquear 0 pais. No ano de 1576, atacaram a opulenta cidade de Anvers, degoiaram quase sete mil de seus habitantes ¢ a devastaram de tal modo que nunca mais voitou a recuperar-se. O Acordo de Genta A vioiéncia os saques da soldadesca espanhoia provocaram indignagdo nos Paises-Baixos. As provincias meridionais devastadas pelos espanhéis decidiram unir-se as setentrionais. Os representantes de umas ¢ outras reuniram-se em Genta e formavam a Alianga de Todos os Paises-Baixos (1576) . No Acordo de Genta, entio subscrito, exigia-se a aboligao dos éditos contra os hereges, o direito das provincias setentrionais de conservarem 0 proiestantismo, a anistia gerai para todos os insurretos, a retirada das topas espanhoias dos Paises Baixos, a convocagio regular dos Estados Gerais. A Unido de Utrecht A alianga de Genta no foi porém de longa duragdo. Nas provincias do norte era forte o clero catélico (nobre por sua procedéncia), e os nobres temiam que, com a difusto do calvinismo, pudessem perder suas terras ¢ seus privilégios. Ao mesmo tempo, desde 0 ano de 1577, nas cidades meridionais dos Paises-Baixos comegou um movimento democritico: em Bruxelas, Genta, Arras ¢ outras localidades, os artesfios e os operirios apossaram-se do poder, colocaram no govemno das cidades seus comités ¢ exigiram da burguesia rica impostos elevados para custear a guerra e outras necessidades. "A classe eclesidstica - escreve um ‘contemporaneo - tinha sido levada ao desespero, os nobres tremiam de medo e os idadaos ricos sentiam-se inseguros em suas proprias casas”. Atemorizada com 0 movimento popular, a burguesia rica das cidades meridionais aliou-se ao clero ¢ a nobreza. As milicias fidalgas comegaram a expulsar os comités democraticos ¢ restaurar nas cidades 0 poder dos nobres mercadores. O clero, a nobreza ¢ a burguesia holandesa das provincias meridionais demonstraram sua boa disposigio de se submeterem ao rei da Espanha, como meio de livrar-se de uma revolugo popular. Em resposta, no ano de 1579, sete provincias setentrionais selaram uma alianga ¢ firmaram a Unido de Utrecht. Prometeram “unirem-se para sempre, como se formassem uma s6 provincia, e lutarem juntas contra os espanhéis. Pouco tempo depois declararam a destituic&o de Felipe II. "Deus nio criou os siditos para 0 soberano - dizia o documento em questo porém, ao contrario, 0 soberano no interesse dos siiditos. Desde que o rei despreza os interesses de seus stditos, niio é mais um governante, é um tirano, a0 qual no se deve obedecer". A opulenta burguesia do Norte nada tinha contra a presenga de outro rei A frente do novo Estado, ¢ acreditava que 0 candidato mais indicado era Guilherme de Orange. Em 1584, porém, Guilherme pereceu em mios de um assassino alugado. A frente do governo foi colocado o Conselho Nacional, composto de representantes da burguesia rica e da nobreza. A luta ulterior com a Espanha © novo Estado denominou-se Provincias Unidas ou simplesmente Repiiblica Holandesa, por causa do nome da mais povoada e rica das sete provincias que constituiam a Unido. A Repablica teve que lutar com a Espanha durante muito tempo ainda, a fim de assegurar sua independéncia . No ano de 1581, a Espanha anexou Portugal com todas as suas colénias. Foram parar as maos do rei da Espanha no s6 as possesses americanas mas também fas que Portugal tinha nas indias. A Inglaterra, inquieta com o poderio espankol, ‘comegou a ajudar abertamente as Provincias Unidas. Felipe II decidiu entéo arruinar seu principal inimigo, que saqueava suas colénias e seus navios. Com 0 objetivo de atacar a Inglaterra, foi equipada, em Cadiz, uma enorme frota, conhecida como a Invencivel Armada. Era constituida por cento ¢ trinta grandes navios, grosseira ¢ pesadamente armados, e por trinta embarcagdes de transporte. Uma tempestade destruiu a. frota espanhoia, parte da quai havia sido aniquilada pelas naves ingiesas: somente restos insignificantes da Invencivei Armada regressaram a Espana. Felipe II foi obrigado a renunciar a seus orgulhosos objetivos. No ano de 1609, foi firmado entre a Espanha ¢ as Provincias Unidas um acordo de armisticio, pelo qual a Espanha reconheceu a independéncia do novo Estado. ‘Assim terminou a revolugiio nos Paises-Baixos, a primeira revolugéo burguesa na Europa coroada de éxito. Acabou com a derrota do absolutismo feudal da Espanha e com a vitéria da burguesia holandesa. Nisso reside 0 importante significado progressista desse acontecimento. A burguesia péde vencer gragas unicamente & participagdo ativa das massas na revolugdo, porém essas nao receberam os frutos da vitéria, A Holanda no século XVII O florescimento econdmico A revolugio do século XVI converteu a Holanda num dos Estados comerciais e maritimos mais fortes da Europa. Segundo assinala Marx. em pleno século XVII a Holanda transformou-se num Estado capitalista modelo. ‘Comegaram a ser construidas no pais grandes embarcagdes que deslocavam mais de 1 000 toneladas, destinadas 4 navegagdio ocednica. Pela primeira vez, tiveram uso geral os reldgios exatos (crondmetros), 0 telescépio, 0 sextante (instrumento astronémico que serve para determinar a situagio da embarcagiio em alto mar) ¢ os mapas aperfeigoados, munidos de paralelos e meridianos. As colénias No ano de 1615, os holandeses derrotaram a frota espanhola nas costas da Malaca e se apossaram de uma série de pontos do litoral da {ndia. Entraram em relagées comerciais com a China e o Japao. Mais firmemente que em qualquer outra parte, os holandeses se estabeleceram nas ilhas Molucas ¢ no arquipélago de Sonda. ‘As suas mios foram parar as mais importantes regides produtoras de especiarias: pimenta, cravo, canela, noz moscada. Na ilha de Java organizararm grandes plantagbes de café, Foram os primeiros a importar para a Europa 0 ché, da China, que teve logo ampla difusio . Usurparam também colénias no Ocidente, na América. Apoderaram-se de varias ilhas das Antilhas, nas quais organizaram enormes plantagdes de cana-de-agéicar . © coméreio colonial achava-se em maos de grandes companhias comerciais. A mais notavel de todas foi a Companhia das indias Orientais, fundada em 1602, e que concentrou em suas méos 0 monopélio do coméreio com a india. A Companhia gozava de uma grande independéncia: cunhava moeda, tinha seu proprio exército, construia cidades e fortalezas, nomeava funciondrios e juizes e até tinha o direito de declarar guerra ¢ firmar acordos de paz. Essa companhia consolidou 0 colossal poderio da Holanda, Tinha grande importincia © comércio da Holanda no Baltico ¢ com o Estado russo. Os mercadores da Holanda gozavam de toda espécie de privilégios na Russia e importavam dali, para a Europa ocidental, cereais, cfnhamo, peixe, madeira para mastros, peles ¢ outras mercadorias. centro da vida econémica da Holanda era a cidade de Amsterdam, que em prineipios do século XVII tinha cerca de cem mil habitantes. Sua importincia no residia somente no comércio ¢ na indistria: nela estavam também as casas bancéirias maiores e mais ricas da Europa, as de maiores giros mercantis. O regime politico da Holanda Em nenhum outro lugar, a burguesia gozava de tanto poder como nas Provincias Unidas . Toda a vida politica concentrava-se nas cidades. ‘A frente do governo de cada cidade estava um conselho, formado pelos representantes das mais ricas famflias de mereadores. Os deputados das cidades reuniam-se em Estados Provinciais, os quais mandavam seus representantes aos Estados Gerais, que tinham sede em Haia. Os Estados Gerais ocupavam-se da politica exterior, dos assuntos militares, maritimos ¢ financeiros e nomeavam os mais altos funcionérios. O 6rgfio executivo dos Estados Gerais era 0 Conselho do Estado, a cuja frente estava 0 Stadthalter, que comandava as forgas militares. Ocupava quase sempre 0 cargo de Stadthalter algum membro da casa dos Orange. Eram considerados como presidentes hereditarios. As contradigdes de classes na Holanda eram mais vivas que em todos os outros Estados europeus. Em nenhuma regiio havia tio grande mimero de proletérios. O dia de trabalho era longo ¢ os salérios miseriveis. Nas manufaturas, 0 trabalho feminino e das eriangas era amplamente explorado, o que reduzia ainda mais 0 salario percebido. ‘A situago dos camponeses também piorou. Apesar da revolucdo, restos da dependéncia de servidéo continuavam existindo em muitos lugares, sobretudo na parte oriental da Holanda. A burguesia de linhagem conservava esses restos do feudalismo porque ela propria comegou a comprar as terras dos nobres ¢ estava interessada na situago de dependéncia dos camponeses. "Ja no ano de 1648, as ‘massas populares na Holanda sofriam mais por causa do trabalho excessivo, eram mais pobres e suportavam um jugo mais cruento, do que as massas populares do resto da Europa" - disse Marx”, A cultura burguesa Nas Provincias Unidas dominava o regime _burgués aristocratico. Para as burguesias dos outros paises, que se achavam sob 0 jugo das monarquias feudais, a Holanda aparecia, no entanto, como o pais-modelo da liberdade. Os Paises-Baixos setentrionais converteram-se no centro da impressao e do comércio de livros, o qual estava concentrado nas cidades de Leyden e Amsterdam. ? Marx e Engelsm- Obras, XVI, pig. 824 Entre os pintores holandeses havia também outra corrente. Alguns conservavam o Animo guerreiro da burguesia dos Paises Baixos do periodo revoluciondrio. Em seu meio ambiente, muito acima de scus contemporineos, sobressai Rembrandt (1606/1669), 0 mais eminente pintor gravador, filho de um moleiro de Leyden, que havia passado a maior parte de sua vida em Amsterdam. Os quadros de Rembrandt transbordam de profundos pensamentos e dramaticidade. Com uma maestria sutil, representava todos os ricos matizes das emogdes humanas: a ira, a alegria, a tristeza, o sofrimento. Sdo particularmente bons os seus retratos. principal recurso de Rembrandt é 0 jogo de luz e sombra. Por meio da luz, dava 4s fisionomias uma notavel sensagao de relevo. Somente durante a primeira parte de sua vida é que Rembrandt teve éxito entre seus contemporiineos. A medida que sua arte se tornava mais séria e profunda, agradava cada vez menos aos burgueses holandeses. Rembrandt morreu solitario ¢ esquecido . KOSMINSKY, E.A. Histéria da Idade Media. Lisboa:Centro do Livro Brasileiro, s/d. pp. 192-201.

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