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RESENHA BIBLIOGRAFICA (1). GALLUS (Alexander). — Ueber die Grundlagen der argeschicht- ficken Methodit. Tn “Anales de Arqueologia y Btno- logia. ‘Ato 1947, Tomo VIII (Mendoza, 1949), és. 127-175. ste trabalho € dlvidido em trés partes, tratando, respectivamente da. “pai- sesem historca", dos conceitos “eultura”,”“fipo", paver, e.trtbo"” eda questi da continuidade étnica (volticke Kontinuitdt). Sob tals tépicas, 0 A. expe 0 que considera de importante para uma metodologiapré-histérica Valendo-se do. método bistrico-cultural da etnologia, oA. splica 0. con- ‘xito “cielo cultural” a0 estudo pré-histérico, resalvande porém, que 36 pode ser compremdido e aplicado como conceito”“paleo-ctnolbgice”.” A “paiagem histéviea” seria a Tigagdo. intima entre paisagom e cido cultural, 0 que simak ‘earia, “que qualquer, modificagéo (tipolégica ou perceptivel de forma. dife- rente), dentro do cielo, &sintoma’e sinal de acontecimentos histrices” (pe. 131) "Ainda seguindo a escola hstrco-cultural oA, clasfica cs “grupos de achados” (Fundgrupper), caracterizados por Wentidade de forma quase com- pleta, como corespondentes Ae sregiGee colturais” (Kulturgebiete), ae quais tam- em demonstram esta identidade ¢ tem um certo nimero de elementos em comum com tédas as ‘outras regi6es culturais do mesmo elo (ertirio de ‘quantidade). Para evitar a5 Trequentes confusses terminoldgicas recomenda abo- lie'o térmo’ “cultura” (por exemple Bilcker Kultur) para “grupo de achados” ou "tipo" Como’ ot achados arqueoligios se caracteriam quase exclusivamente pela tipologia (“valores tipoldgicos da forma exterior"), © A. se encontrou em fa ce do problema da Klenificagio de tals achados com o respectivo elemento bus fuano, ‘tentando estarerélo, em primeiro Iugar, pela defingio exata dos. tér- oes “ovo” e “tribo. Uma “tbo”, a unidade menor, por acontecimentos Inytérios, pode evoluir em “povo". Um “povo” se define por identidade das imagens fundamentals da religivo © concepeio de vida, dos ideas de dca, do centrelaamento. dos costumes sociais, das institugées, das tradiqées” (pg. 136). ‘Uma ientificagio de achados arqueoligins apenas seria possivel, “quando material € examinado ¢ determinado como estético mim corte momentinco dos Scontedimentas. histicos” (pas. 159-140). ‘A continuidade étnica, por outro lado, néo deve ser posta em divida por ‘causa de modifeagies nos achados, pois estas nfo dependem de outros aspectos ‘ultoras, por exemplo do psiquico’ © do econémlco. "Tragando em poucss linhas a base toérica do’ trabalho de Alexander Gal- Jus, “atualmente professor da Universidade de Graz (Austria), io foi pas- civel evtar uma fragmentagio potsvelmente perigosa do. seu pensamento, pe ~ para a "competente ceitcn bbilogrtice “ar ‘suns publicagses —12— igo ste que se acentua, querendo submeter A consideragio critica alguns de seus pontes de vist, tirindo-oF do conjunto. Nao podemos portm deixar de Derguntar, qual teria’ sido o Intuito do A., escrevendo frases como as sequine tes! "Um dco ciltural nfo deve também incondicionalmente ser confundido fom um organism politico de forma qualquer, sem negar que a possibildade ‘de tal interpretagao deve ser estudada em certos casos, Nem se pode tomar ome certo que todos os povor ¢ tribor mantivesem seu intereimbio incon- ‘cionalmente e em qualquer época de forma pacific” (pg. 129). O que se fir aqui com Desitacto, 40 nosso vel, melbor se diz de forma definitiva, pols ‘nio hi nenham motivo de confundit cielo cultural e organismo politico. — E pensar em intercimbio “em qualquer época” pacifico, onde hd organismos po- Iiiens, povos ¢ trios diferentes, seria quase um absurdo, Nao nos compete aqui uma’ critica geral do método ao qual o A. se fila, fe pelo qual, ale, conseguiu levantar problemas inteessantes, como o da. im- pportincia de ter uma vista em conjunto e nko sé de “publicar material”. Ou- {ros consslhoe do Prof. Gallus, mais Daseados na sua experitacia de “homem ‘de museu" do que mas teorias expastas Zo constituem a parte menos atraente ide trabalbo, ‘Uma palavra ainda sdbre a publicagio em que aparece 0 artigo resenhado. ‘Trata-se da continuagio, sob outro titilo, dos *Anales del Instituto de Etno- login Americana”, reunindo neste ndmero, sob a orientacéo do Prof. Miuel de Ferdinandy, diversas outras colaboragées de alte nivel cienttio J. PHILIPSON FERNANDES (Florestan). — A Organitogio Sociol dos Tupinambé. Pref, do Prof. Herbert Baldus. Tastituto Progresso Editorial (Colegio Trépico 1). Sto Paulo (1949) In 82 (O16 x 022), 325 pp, 20 grificos e estampas €'1 Tabela fora do’ texto, Séo tio raros entre nés os trabalhos de pesquisa pura e cxaustiva, tio compreensivel 0. nosso interésse por les, que’ s6 a publicagio desta obra, & rmargem de qualquer possivel observacio critica, deve ser reeebida com os mais entusisticos aplausos. De fato, com excegio de umas povcas mono- agrafias sobre a etnologia. brasileira, realmente de valor, tudo o mais de que ‘dipomos, em portugues, provam de fonter eetrangeres’ ow no’ vai além dos suits limites de trabathos de dlvusasio fragment, em eral de mA gut OA, no estudo da organizaglo socal dos tupinambés, segue a mesma linha de” orlentagio clentifiea que Tevow Métraux i excelentes monoprafias sire a vida materiale relgiosa disses mesmos emerindios. Ambos eviden- dam a mesma preocupacio de delimitar com todo 0 rigor o assunla, no. tempo fe no espago; de langar mio de todos os recursos da pesquisa e' da. critica ‘por mais insgnificante que porsa parecer. Claro esti que empreendimentos ‘deca natoresa exigem de quem a Hes se dedique: cultura eral ampla como base de especializagio restrtiva; acuidade mental extraordiniamente apu- ada; senso eritico, que decorra do. perfeito conbecimento desapaizonado dos componentes temperals e humanos das fontes consultaas, e determinacio inaba- livel de ser apenas juir na causa que deve julgar, sem idéias preconcebidas fe sem simpatiae pesos

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